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Ramatis - 05 - Espiritismo e Protestantismo

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CAPÍTULO 5

O Espiritismo e o Protestantismo

PERGUNTA: — Poderíamos admitir que o Protestantis-mo está mais próximo do Espiritismo do que a religião Cató-lica Romana?

RAMATIS: — A nosso ver, diríamos melhor: se o Pro-testantismo estaria mais identificado com o Espiritismo.Alhures já dissemos que é bem mais fácil conduzir osbudistas, hinduístas e demais adeptos de doutrinas orienta-listas para aceitar os postulados da doutrina Espírita, doque conseguir o mesmo com católicos, protestantes ouadventistas. Isso porque os primeiros, embora asfixiados nasimplicidade original de suas crenças, são partidários da Leido Carma e da Reencarnação, não admitidas pelos católi-cos e reformistas.

Em conseqüência, os protestantes também serão maisadversos aos postulados do espiritismo codificado, porque,assim como os católicos, de onde provieram, não aceitama coerência da Lei de Causa e Efeito do Carma e das vidassucessivas. Quando Lutero empreendeu a reforma protes-tante, os mentores da Terra regozijaram-se pela nova men-sagem de simplicidade e libertação da suntuosidade doClero e das Igrejas, convictos de que o Protestantismo nãotardaria em assimilar as duas leis mais sensatas e lógicas davida espiritual: a Lei do Carma e a da Reencarnação.

Mas, se os reformistas luteranos fugiram do luxo e dapompa, aboliram a hierarquia faustosa e evitaram o exibi-

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cionismo das jóias e dos tesouros próprios do Vaticano,eles caíram noutro anacronismo fanático, elegendo a Bíbliae os seus profetas com as mesmas características da infali-bilidade papal. Houve mudança de trajes e de cenários,mas subordinaram a sua razão às mesmas crenças infantisde antanho, pregadas pela Igreja Católica, pontificando aslendas e histórias bíblicas insustentáveis em face da lógicado bom-senso.

A missa faustosa foi substituída pelo culto pessoal e osprotestantes a compensaram pelos cânticos religiosos nosaudosismo de rezas e ladainhas. Sumiram-se os santos,mas surgiram os profetas; eliminou-se o missal e pontifi-cou-se a Bíblia. O cidadão protestante, tal qual o católico,ainda é um fugitivo dos pecados do mundo, mas dificil-mente um dominador dos vícios e das paixões.

No entanto, a reforma protestante já foi um passo salu-tar em direção à simplicidade do Cristianismo do tempo deJesus e digna de sinceros louvores pelas suas obras de altafinalidade caritativa, seu programa de paz e amor ao próxi-mo. Seus adeptos embrenham-se pelas matas e regiõesinóspitas, levando o consolo, o socorro e medicamentosaos infelizes párias, que se encontram em zonas distantes esem quaisquer recursos de assistência médica. São discipli-nados, eficientes, ordeiros e até heróicos nos seus laboressocorristas.

Mas, lastimavelmente, ficaram nas adjacências da refor-ma de Lutero, ramificaram-se em dezenas de outras seitasprotestantes, com preferências por este ou aquele profeta,por esta ou aquela passagem do Velho e do Novo Testa-mento. A fonte pródiga da Bíblia abriu-se em minúsculosriachos, que depois ainda se subdividem em novas ramifi-cações atendendo os mais variados tipos psicológicos decriaturas ansiosas por novas revelações no campo da reli-giosidade fenomênica do mundo.

PERGUNTA: — Alegam muitos protestantes e católicos,

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que no seio espirítico também se produzem dissensões edepois surgem entidades e sistemas de trabalhos diferentes,por vezes até adversos entre si. Citam os kardecistas,umbandistas, neoespíritas, redentoristas e outros movimen-tos criados à sombra do Espiritismo de Kardec e depois cons-tituindo-se em outras tantas seitas desligadas da entidade“mater” federativa! Que dizeis?

RAMATIS: — De conformidade com os diversos tiposde psicologia, veleidades e personalismo humanos, cremosque ainda surgirão muitas seitas marginais derivadas dacodificação espírita, como alegam os católicos. Mas isso émuito natural em um mundo onde os homens devemdesenvolver o espírito através de sofrimentos, vicissitudes edesenganos, para cultuar as virtudes do amor, da união,tolerância e fraternidade.

O planeta Terra ainda não é mundo de graduaçãosuperior e por isso não dispensa a variedade de doutrinasderivadas das principais fontes religiosas compatíveis como entendimento e a capacidade dos seus novos adeptos. Noentanto, o acontecimento mais importante nessa proverbialmultiplicação de seitas, seja no Catolicismo, Protestantismoou Espiritismo, é verificar-se o comportamento futuro dafonte original de onde elas se derivaram. Não importa quesurjam mil regatos de coloridos diferentes, se a fonte origi-nal donde provieram mantém a sua limpidez e pureza ini-ciática. É evidente que os fundadores de novas seitas sub-sidiárias de certa doutrina ou religião assim o fazem impe-lidos por insatisfações, vaidades, desavenças ou contrarie-dades. Descontentes ou obstinados, esses adeptos rebeldesteimam em impor suas idéias; e, por isso, fundam movi-mentos sectaristas atendendo à sua personalidade egocên-trica.

No entanto, quando a fonte iniciática ou original man-tém-se incólume e pura na sua origem, em nada lhe afetamos movimentos bastardos, nascidos à sua sombra protetora.Ademais, os “inovadores” ou “reformistas” não apresentam

A Missão do Espiritismo

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novidades importantes em suas agremiações, seitas ou dou-trinas, porque jamais poderão extinguir as raízes da árvoreoriginal onde firmam os seus ramos rebeldes. Algumasvezes não vão além de modificações à superfície da doutri-na que hostilizam, com substituições por vezes ridículas ouadaptações primárias. Copiam, substituem ou deformampostulados consagrados anteriormente, elaboram novoscerimoniais sem a força da magia religiosa ou mudamvelhos ídolos por simpatias modernas. No entanto, jamaispoderão desvencilhar-se definitivamente da fonte original,assim como o filho rebelde não pode libertar-se do nomedo pai!

PERGUNTA: — Poderíeis dar-nos algum exemplo maisprático desse assunto?

RAMATIS: — No vosso país surgiram dois movimentosseparatistas da fonte original da Igreja Católica Romana, naformação de igrejas católicas brasileiras, com novo ritual ecerimonial em português, mas os novos reformistas nadapuderam acrescentar ao novo credo, limitando-se a imitarou substituir santos, cerimônias, paramentos e devoções,sem poderem fugir à hierarquia tradicional do Clero Roma-no. Tentou-se modificar ou simplificar o cerimonial dobatismo, casamento e a liturgia tradicional, mas o povo sen-tiu a debilidade dos renovadores e sua impotência em con-vencer os fiéis.

No intuito de atrair maior número de adeptos para anova Igreja, os seus responsáveis admitiram os postuladosda Lei do Carma e da Reencarnação, que são fundamentosprincipais do Espiritismo, da Umbanda e inúmeras filosofiase doutrinas espiritualistas do Oriente.

Mas o recurso, embora renovador e inteligente, nãoproduziu o efeito desejado, por dois motivos bastante sig-nificativos: os espíritas kardecistas não se inclinaram pelanova Igreja, malgrado sua admissão à Lei do Carma e Reen-carnação porque o Espiritismo é avesso a liturgias, dogmas,