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133 CAPÍTULO 7 O Espiritismo e o Budismo PERGUNTA: Há quem considere Buda superior a Jesus! Que dizeis? RAMATIS: — Jesus é o sintetizador de todos os credos, doutrinas e religiões do mundo porque é o Governador Espiritual da Terra. Jamais deveis preocupar-vos quanto à sua superioridade sobre determinado instrutor religioso que o tenha precedido. Os antecessores de Jesus aplaina- ram-lhe o caminho para o melhor entendimento iniciático de sua paixão e crucificação. No entanto, cada um desses instrutores trouxe mensagem adequada a certo tipo de raça ou povo, ensinando-lhes a imortalidade da alma e os deve- res do espírito encarnado em afinidade com os postulados evangélicos de Jesus. Confúcio aplainou o caminho na China, Crisna na Índia, Zoroastro na Pérsia, Hermes no Egito, Orfeu na Gré- cia e Buda na Ásia. Todos eles pregaram conceitos seme- lhantes aos que Jesus depois iria proclamar na Judéia, embora sob as características peculiares do seu povo. Eles foram a preliminar do Cristo Jesus, os niveladores do terre- no agreste e erosado para a compreensão futura do Cristia- nismo. Buda também transmitiu aos asiáticos mensagem renovadora em perfeita eletividade com a mensagem de Jesus, embora rescendendo ao perfume peculiar da filoso- fia oriental.

Ramatis - 07 - Espiritismo e Budismo

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CAPÍTULO 7

O Espiritismo e o Budismo

PERGUNTA: Há quem considere Buda superior a Jesus!Que dizeis?

RAMATIS: — Jesus é o sintetizador de todos os credos,doutrinas e religiões do mundo porque é o GovernadorEspiritual da Terra. Jamais deveis preocupar-vos quanto àsua superioridade sobre determinado instrutor religiosoque o tenha precedido. Os antecessores de Jesus aplaina-ram-lhe o caminho para o melhor entendimento iniciáticode sua paixão e crucificação. No entanto, cada um dessesinstrutores trouxe mensagem adequada a certo tipo de raçaou povo, ensinando-lhes a imortalidade da alma e os deve-res do espírito encarnado em afinidade com os postuladosevangélicos de Jesus.

Confúcio aplainou o caminho na China, Crisna naÍndia, Zoroastro na Pérsia, Hermes no Egito, Orfeu na Gré-cia e Buda na Ásia. Todos eles pregaram conceitos seme-lhantes aos que Jesus depois iria proclamar na Judéia,embora sob as características peculiares do seu povo. Elesforam a preliminar do Cristo Jesus, os niveladores do terre-no agreste e erosado para a compreensão futura do Cristia-nismo. Buda também transmitiu aos asiáticos mensagemrenovadora em perfeita eletividade com a mensagem deJesus, embora rescendendo ao perfume peculiar da filoso-fia oriental.

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Ramatís

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PERGUNTA: — Como se iniciou a missão de Buda?RAMATIS: — O príncipe Siddharta Sakya-muni Gauta-

ma, mais tarde conhecido por Buda, o “Senhor da Mente”,o “Esclarecido”, nasceu na Índia, nas fímbrias do Himalaiae cresceu entre os prazeres da corte real de Kapilavastu. Eraum jovem belo, disputado pelas jovens, mas se mostravainquieto mesmo entre a incalculável riqueza, glória e o con-forto principesco.

Certa vez, saindo do palácio às ocultas, encontrou emseu caminho mendigos, aleijados e enfermos, o que nuncalhe acontecia quando em viagem oficial, pois os infelizesestropiados e párias, sob pena de morte, eram proibidos dese mostrar na rua, para não constrangerem a visão do glo-rioso príncipe Sakya-muni. Profundamente impressionadopela desdita humana que ele não conhecia, sentiu-se infe-liz vendo os seus compatriotas desditosos. Certa noite emque se realizava esplêndida festa em seu palácio, ele desa-pareceu disposto a compartilhar da dor dos seus semelhan-tes e aliviar-lhes o fardo do sofrimento.

Era uma alma elevada e realmente missionária; e porisso feriram-lhe o coração as aflições dos infelizes domundo. O seu amor à natureza era inconcebível, poisdevotava carinho à mais singela flor. Muito sensível às ins-pirações do mundo espiritual, gostava de pensar em silen-cioso recolhimento, junto à natureza, meditando longashoras sobre o motivo da existência e do sofrimento huma-no. Em breve tempo percebeu quanto o homem ainda seescraviza às superstições, aos sacrifícios inúteis e repugnan-tes, aos fanatismos separativistas e odientos.

Pressentindo na própria alma a natureza ardente e glo-riosa do seu Criador, tentou transferir para os seus discípu-los a idéia e o sentimento que lhe dominavam o ser comrespeito à Divindade. Mas, em breve, verificou a impossibi-lidade de os homens compreenderem a existência de Deus,ou mesmo alguma idéia aproximada do Absoluto. Budaconfirmou a reencarnação admitida na Índia desde os

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A Missão do Espiritismo

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Vedas; e esclareceu os seus seguidores quanto à Lei doCarma, explicando que o espírito do homem deve libertar-se conscientemente do cárcere corporal para então alcan-çar o Nirvana ou a região da eterna bem-aventurança!

Ensinou que toda miséria e sofrimento humano é frutodas ambições desmedidas e egoístas, fruto do desejo incan-sável de posse e prazer sensual. O budista não devia rou-bar, mesmo para matar a fome; não mentir, nem se embria-gar; evitar os pecados do ódio, da ambição, da preguiça, daarrogância, da avareza e da impudicícia. Ensinava a paciên-cia, a humildade, e a ternura para vencer os duros de cora-ção. Enfim, o Budismo, hoje, ainda se consagra pelas máxi-mas ou oito conceitos seguintes: Ação reta, existência reta,linguagem reta, visão reta, vontade reta, aplicação reta,pensamento reto e meditação reta, equivalentes à boa regrade vida, bons sentimentos, boas idéias, boas palavras, boaconduta, bons esforços e boa meditação.

PERGUNTA: — Qual é a diferença mais generalizadaentre o Espiritismo e o Budismo?

RAMATIS: — Sem dúvida, é a grande diferença decompreensão e temperamento que existe entre o Oriente eo Ocidente. Enquanto os orientais, principalmente os hin-dus, são meditativos e buscam aprender a realidade imor-tal no silêncio da alma, os ocidentais são dinâmicos e pro-curam o conhecimento através das formas ou da manifes-tação fenomênica do mundo. (1)

1 — “O ocidental considera o Universo pelo lado de fora, por suas mani-festações externas, concretas, palpáveis, visíveis; o oriental nasce com a intuiçãointeriormente, considerando o aspecto externo efeitos de uma Causa invisível,mas não a Realidade. Por isto, não há no Oriente ateus nem materialistas; a suaconsciência habitual vive noutra dimensão, pois a realidade invisível é para ele oobjeto de intuição espiritual e lhe dá plena certeza. Para o oriental o visível é deri-vado do invisível; para o ocidental, o invisível é efeito do visível. Para o oriental,os ocidentais são caçadores de sombras — o Maya, a ilusão. O oriental vive muitoalheio às coisas da vida terrestre; o ocidental vive engolfado nas coisas terrenas;realiza mais coisas em redor de si do que o seu próprio eu interno.” (Trechoextraído da obra: “Espírito da Filosofia Oriental”, de Huberto Rohden.)