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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Mecânica Raquel Miguez de Carvalho Análise óptica e térmica de um coletor solar parabólico com tubo evacuado para aplicação em sistemas de refrigeração por absorção CAMPINAS 2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Mecânica

Raquel Miguez de Carvalho

Análise óptica e térmica de um coletor solar

parabólico com tubo evacuado para aplicação

em sistemas de refrigeração por absorção

CAMPINAS

2018

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Raquel Miguez de Carvalho

Análise óptica e térmica de um coletor solar

parabólico com tubo evacuado para aplicação

em sistemas de refrigeração por absorção

Orientador: Prof. Dr. Kamal Abdel Radi Ismail

CAMPINAS

2018

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade

de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual

de Campinas como parte dos requisitos exigidos

para obtenção do título de Mestra em Engenharia

Mecânica, na Área de Térmica e Fluidos.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA

ALUNA RAQUEL MIGUEZ DE CARVALHO, E

ORIENTADA PELO PROF. DR. KAMAL ABDEL

RADI ISMAIL.

.......................................................................

ASSINATURA DO(A) ORIENTADOR(A)

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Agência(s) de fomento e n°(s) de processo(s): CNPq, 131765/2016-7

Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Optical and thermal analysis of a parabolic trough collector with

evacuated tube for application in absorption refrigeration system

Palavras-chave em inglês:

Solar energy

Solar concentrators

Numerical models

Cooling

Absorption refrigeration

Área de concentração: Térmica e Fluídos

Titulação: Mestra em Engenharia Mecânica

Banca examinadora:

Kamal Abdel Radi Ismail [Orientador]

Rogerio Gonçalves dos Santos

Luiz Machado

Data de defesa: 21-02-2018

Programa de Pós-Graduação: Engenharia Mecânica

Carvalho, Raquel Miguez de, 1990-

C253a Análise óptica e térmica de um coletor solar parabólico com tubo evacuado para aplicação em sistema de refrigeração por absorção / Raquel Miguez de

Carvalho. – Campinas, SP : [s.n.], 2018.

CarOrientador: Kamal Abdel Radi Ismail.

CarDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Engenharia Mecânica.

Car1. Energia solar. 2. Concentradores solares. 3. Modelos numéricos. 4.

Refrigeração. 5. Absorção. I. Ismail, Kamal Abdel Radi, 1940-. II. Universidade

Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Mecânica. III. Título.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

MECÂNICA

DEPARTAMENTO DE ENERGIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ACADÊMICO

Análise óptica e térmica de um coletor solar

parabólico com tubo evacuado para aplicação

em sistemas de refrigeração por absorção

Autor: Raquel Miguez de Carvalho

Orientador: Kamal Abdel Radi Ismail

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

Prof. Dr. Kamal Abdel Radi Ismail

Instituição UNICAMP / FEM

Prof. Dr. Rogério Gonçalves dos Santos

Instituição UNICAMP / FEM

Prof. Dr. Luiz Machado

Instituição UFMG / DEMEC

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de

vida acadêmica do aluno.

Campinas, 21 de fevereiro de 2018.

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Agradecimentos

Agradeço, em primeiro lugar, ao meu orientador, Prof. Kamal A. R. Ismail, que me

concedeu a oportunidade de fazer esse estudo, não só pela orientação, como também por toda

ajuda, confiança e conselhos.

Aos meus pais Paulo e Deolinda e a minha irmã Renata, que sempre apoiaram minhas

decisões, mesmo aquelas que me levaram a traçar um caminho longe deles, sempre se fazendo

presentes nos conselhos e nas conversas e sem medir esforços para me ajudar nas dificuldades.

Ao meu companheiro Henrique, que sempre me incentivou a correr atrás dos meus

sonhos, pela paciência, apoio e compreensão durante esses 2 anos de mestrado.

Aos meus outros familiares, em especial a minha tia Dina, que por morar mais perto

acaba se tornando mais presente, principalmente pelo apoio e ajuda durante esse período.

Aos professores, em especial ao Prof. Dr. Carlos A. C. Altemani e ao Prof. Dr. Rogério

G. dos Santos pelas contribuições à minha formação acadêmica, principalmente na área de

simulação numérica. Aos meus colegas da pós-graduação da UNICAMP, por todo o apoio e

cooperação tanto nas matérias quanto no andamento da dissertação e também pelos momentos

de amizade.

E por fim, agradeço ao CNPq pela ajuda financeira.

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Resumo

O aumento global das demandas de energia devido principalmente ao crescimento da

população mundial e à expansão das atividades industriais, associado ao aumento na emissão

dos gases de efeito estufa, alertou o mundo sobre os impactos ambientais. Isso contribuiu para

o aumento do interesse em pesquisa e desenvolvimento para complementar e substituir fontes

de energia fósseis por fontes renováveis e sustentáveis. A energia solar ocupa o topo da lista de

fontes mais viáveis com tecnologias relativamente bem dominadas e extenso campo de

aplicações, como a refrigeração. O resfriamento geralmente consome muita energia e representa

um campo essencial para a sociedade. A energia solar pode ser aproveitada usando coletores

solares especiais para fornecer eletricidade diretamente, como fotovoltaicos ou para fornecer

energia térmica a temperaturas relativamente altas, como sistemas de concentração parabólica.

Este trabalho analisou a influência da configuração do coletor parabólico e da condição de

operação no seu desempenho óptico e térmico para uso em sistema de refrigeração por absorção

para uma pequena instalação. A análise óptica inclui o estudo numérico da distribuição de

radiação ao redor do receptor (LCR) com base no método Monte Carlo Ray Tracing (MCRT)

e a determinação da concentração geométrica, do rendimento óptico e da inclinação e orientação

do sistema de rastreamento. A análise térmica consiste no cálculo da temperatura média de

saída e rendimento para diferentes vazões para coletores com diferentes ângulos de abertura,

larguras e receptores comerciais, por meio de simulação numérica bidimensional utilizando o

método de volumes finitos para discretizar as equações governantes (continuidade, quantidade

de movimento e energia) e algoritmo SIMPLE para calcular o campo de velocidades, pressão e

temperatura. O programa EES foi utilizado para calcular a quantidade de calor que um sistema

de refrigeração por absorção solar de simples estágio consegue retirar do ambiente e seu

rendimento. O sistema de refrigeração integrado com o arranjo de coletores resultou em um

rendimento global de 50,8%. O ângulo de abertura de 90° permitiu a maior concentração

geométrica, distribuição de radiação mais uniforme, maior rendimento térmico e temperaturas

de saída mais altas que os outros ângulos. Dobrar a largura do concentrador resultou em um

aumento de quase 2 vezes na variação de temperatura e um aumento de 25% na vazão resultou

em uma queda de quase 20% na variação de temperatura.

Palavras-chave: Energia solar, Concentrador parabólico, Tubo evacuado, Modelagem térmica,

Refrigeração, Sistema de absorção solar

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Abstract

The global increase in energy demands due mainly to growth of world population and

expansion of industrial activities associated with the increase in greenhouse gases emissions

has alerted the world about the environmental impacts. This has contributed to the increased of

interest in research and development to supplement and replace fossil energy sources with

renewable and sustainable sources. Solar energy occupies the top of the list of most viable

sources with relatively well-dominated technologies and extensive field of applications such as

refrigeration. Cooling usually consumes a lot of energy and represents an essential field for

society. Solar energy can be harnessed by using some special solar collectors to provide

electricity directly such as photovoltaic or to provide thermal energy at relatively high

temperatures such as parabolic-trough concentrating (PTC) systems. This work analyzed the

influence of the design configuration and operating condition on the optical and thermal

performance for PTC for use in absorption refrigeration system for a small installation. The

optical analysis includes a numerical study of the local concentration ratio (LCR) based on the

Monte Carlo Ray Tracing (MCRT) method and the determination of the geometric

concentration, optical performance and the slope and orientation of one-axis tracking system.

The thermal analysis consists of the calculation of the output temperature and performance for

different flow rates for collectors with different aperture angles, widths and commercial

receivers, through numerical simulation using the finite volume method to discretize the

governing equations (continuity, momentum and energy) and SIMPLE algorithm to calculate

the velocity, pressure and temperature field. The EES program was used to calculate the amount

of heat that a single-stage solar absorption refrigeration system can extract from the

environment and its efficiency. The integrated cooling system with the collector arrangement

resulted in an overall performance of 50.8%. The 90° rim angle allows higher geometric

concentration, more uniform radiation distribution, higher thermal performance and higher

outlet temperatures than the other angles. Doubling the width of the collector results in a double

temperature variation of the working fluid and an increase of 25% in the flow results in a

decrease of 20% in the temperature variation.

Keywords: Solar energy, Parabolic-trough concentrating, Evacuate tube, Thermal model,

Refrigeration, Solar absorption system

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Lista de Figuras

Figura 2.1 Radiação direta e difusa. ......................................................................................... 22

Figura 2.2 Ângulo de declinação do sol ................................................................................... 22

Figura 2.3 Coletor solar parabólico com tubo evacuado .......................................................... 23

Figura 2.4 Propriedade de uma parábola de concentrar raios coaxiais .................................... 23

Figura 2.5 Posição correta de um concentrador parabólico ...................................................... 24

Figura 2.6 Sistema de absorção solar ....................................................................................... 25

Figura 3.1 Seção de um concentrador parabólico mostrando suas dimensões ......................... 33

Figura 3.2 Sombra do coletor vizinho ...................................................................................... 36

Figura 3.3 Posição dos raios ..................................................................................................... 37

Figura 3.4 Diagrama do modelo numérico ............................................................................... 40

Figura 3.5 O efeito da variação do ângulo de abertura (a) no mínimo diâmetro e (b) na

concentração geométrica do coletor ................................................................................ 41

Figura 3.6 Rendimento óptico para diferentes ângulos de incidência ...................................... 42

Figura 3.7 Razão da área efetiva de abertura pela área total para diferentes ângulos de abertura

em diferentes ângulos de incidência ............................................................................... 43

Figura 3.8 Rendimento óptico total para diferentes ângulos de abertura em diferentes ângulos

de incidência.................................................................................................................... 44

Figura 3.9 Validação do numérico ........................................................................................... 44

Figura 3.10 LCR para diferentes ângulos de abertura .............................................................. 45

Figura 4.1 Secções transversal e meridiana do tubo evacuado ................................................ 46

Figura 4.2 Média de radiação direta por hora em uma superfície inclinada para o dia

representativo de cada mês para Campinas ..................................................................... 52

Figura 4.3 Média de radiação difusa por hora para o dia representativo de cada mês para

Campinas ......................................................................................................................... 52

Figura 4.4 Coeficiente convectivo médio por hora para setembro e março ............................. 55

Figura 4.5 Metade da secção meridiana do tubo evacuado com condições de contorno ......... 58

Figura 5.1 Volume de controle na direção axial ....................................................................... 62

Figura 5.2 Discretização bidimensional ................................................................................... 63

Figura 5.3 Malha deslocada (a) na direção x (b) na direção y ................................................. 65

Figura 5.4 Diagrama do algoritmo de solução ......................................................................... 66

Figura 5.5 Malha da simulação numérica para validação ........................................................ 69

Figura 5.6 Variação da temperatura em cada caso ................................................................... 70

Figura 5.7 Rendimento por temperatura de entrada ................................................................. 71

Figura 6.1 Temperatura de saída por hora para a primeira vazão para as duas larguras .......... 74

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Figura 6.2 Rendimento por hora para a primeira vazão para as duas larguras ......................... 74

Figura 6.3 Temperatura média de saída por hora para a primeira largura para as duas vazões75

Figura 6.4 Rendimento por hora para a primeira largura para as duas vazões ......................... 76

Figura 6.5 Temperatura média de saída por hora para a segunda largura para as duas vazões 76

Figura 6.6 Rendimento por hora para a segunda largura para as duas vazões ......................... 77

Figura 6.7 Temperatura média de saída por hora para a maior largura e menor vazão para os

diferentes ângulos de abertura ......................................................................................... 77

Figura 6.8 Rendimento por hora para a maior largura e menor vazão para os diferentes

ângulos de abertura ......................................................................................................... 78

Figura 6.9 Temperatura média de saída por hora para a menor largura e maior vazão para os

diferentes ângulos de abertura ......................................................................................... 78

Figura 6.10 Rendimento por hora para a menor largura e maior vazão para os diferentes

ângulos de abertura ......................................................................................................... 79

Figura 6.11 Temperatura média de saída por ângulo de abertura para as duas vazões e as duas

larguras para o intervalo de 10 as 11h ............................................................................. 79

Figura 6.12 Rendimento térmico por ângulo de abertura para as duas vazões e as duas larguras

para o intervalo de 10 as 11h........................................................................................... 80

Figura 6.13 Temperatura média de saída por hora para os dias representativos de cada mês

para a maior largura e menor vazão ................................................................................ 81

Figura 6.14 Rendimento por hora para os dias representativos de cada mês para a maior

largura e menor vazão ..................................................................................................... 81

Figura 6.15 Temperatura média de saída máxima e mínima para os dias representativos de

cada mês .......................................................................................................................... 82

Figura 6.16 Rendimento máximo e mínimo para os dias representativos de cada mês ........... 83

Figura 6.17 Quantidade total de calor diária absorvida pelo coletor por mês .......................... 83

Figura 6.18 Rendimento diário por mês ................................................................................... 84

Figura 7.1 Sistema de refrigeração por absorção solar de simples estágio .............................. 85

Figura 7.2 Seis coletores arranjados em (a) paralelo, (b) série, (c) três filas em paralelo com

dois coletores em série e (d) duas filas em paralelo com três coletores em série ........... 87

Figura 7.3 Sistema de refrigeração por absorção de simples estágio ....................................... 93

Figura 7.4 Quantidade de calor por hora para o mês de dezembro .......................................... 95

Figura 7.5 Quantidade de calor por hora para um tanque de armazenamento com capacidade

de 70kWh para o mês de dezembro ................................................................................ 96

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Lista de Tabelas

Tabela 3.1 Parâmetros ópticos .................................................................................................. 35

Tabela 3.2 Inclinação e orientação para os dias representativos de cada mês .......................... 42

Tabela 4.1 Radiação global diária média mensal em uma superfície horizontal ..................... 49

Tabela 4.2 Intervalo de tempo de hora em hora ....................................................................... 49

Tabela 4.3 Velocidade do vento em km/h ................................................................................ 54

Tabela 4.4 Variação de temperatura no dia .............................................................................. 56

Tabela 4.5 Temperaturas máximas e mínimas por mês............................................................ 56

Tabela 5.1 Teste de malha ........................................................................................................ 68

Tabela 5.2 Parâmetros usados para a validação ....................................................................... 68

Tabela 5.3 Informações específicas de cada caso..................................................................... 69

Tabela 5.4 Comparação dos resultados da variação de temperatura ........................................ 70

Tabela 5.5 Comparação dos resultados do rendimento ............................................................ 71

Tabela 6.1 Receptores............................................................................................................... 73

Tabela 7.2 Comparação dos resultados .................................................................................... 93

Tabela 7.3 Vazões e quantidade de calor por intervalo de tempo ............................................ 94

Tabela 7.4 Dimensões dos arranjos dos coletores .................................................................... 94

Tabela 7.5 Dados de entrada..................................................................................................... 96

Tabela 7.6 Resultados ............................................................................................................... 97

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Lista de Abreviaturas e Siglas

Letras latinas

A [m²] Área do concentrador

Ab [m²] Área afetada pela sombra da antepara

Acoletores [m²] Área ocupada pelos coletores

Ae [m²] Área efetiva de abertura

Af [-] Razão entre a área efetiva de abertura e a área do concentrador

Ai [m²] Área afetada pelos efeitos de extremidade

As [m²] Área sombreada pelo coletor vizinho

C [-] Constante da equação de Nusselt

COP [-] Rendimento do sistema de refrigeração

cp [J/kgK] Calor específico a uma pressão constante

D [m] Diâmetro

f [m], [%] Distância do foco, porcentagem de temperatura mínima

Fa-env [-] Fator de forma entre o absorvedor e o envelope

G(t) [W/m²] Média de radiação por intervalo de tempo

GC [-] Concentração geométrica

GHI [kWh/m²] Radiação global diária média mensal em uma superfície horizontal

Gsc [W/m²] Constante solar

H [MJ/m²] Radiação global diária média mensal em uma superfície horizontal

h [W/m²K],

[kJ/kg] Coeficiente convectivo, entalpia

h [W/m²K] Coeficiente convectivo médio

hp [m] Altura da parábola

I(t) [MJ/m²] Fração de radiação global em um intervalo de uma hora

Ib(t) [MJ/m²] Fração de radiação direta em um intervalo de uma hora

Id(t) [MJ/m²] Fração de radiação difusa em um intervalo de uma hora

Io(t) [MJ/m²] Fração de radiação extraterrestre em uma superfície horizontal em

um intervalo de uma hora

k [W/mK] Condutividade térmica do absorvedor

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K(θ) [-] Modificador de ângulo de incidência

kT(t) [-] Índice de claridade por hora

L [m] Comprimento do coletor

m [-], [kg], [-] Mês do ano, massa, constante da equação de Nusselt

ṁ [kg/s] Vazão mássica

N [-] Número de raios gerados pelo computador

n [-], [-] Dia do ano, número de segmentos que o receptor é dividido

nparalelo [-] Número de filas de coletores em paralelo

nsérie [-] Número de coletores em série

DNu [-] Número de Nusselt médio

P [m], [-],

[kPa] Distância mínima entre os coletores, número de Peclet, pressão

pi [-] Matriz utilizada para contabilizar os raios

Pr [-] Número de Prandt

Q [W] Taxa de calor

q" [W/m²] Taxa de calor por área

qa↔env [W] Taxa líquida de transferência de calor entre o absorvedor e o

envelope

qi [-] Distribuição de fluxo de calor

qsol [W] Taxa de radiação direta vinda do sol

Qu [W] Energia útil coletada pelo coletor

R [m] Raio

r [m], [m] Raio do espelho local, raio

Rb(t) [-] Razão entre a incidência de radiação em uma superfície inclinada e

a horizontal

ReD [-] Número de Reynolds

rr [m] Máximo raio do concentrador

rt(t) [-] Razão entre a radiação média em uma hora e a radiação total diária

S [ ]* Termo fonte

S* [ ]* Termo fonte da temperatura da iteração anterior

Sc [ ]* Coeficiente linear do termo fonte

Si [m²] Área do segmento que contém pi

SMAX [kg/s] Valor máximo do termo fonte da vazão mássica

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Sp [ ]* Coeficiente angular do termo fonte

SSUM [kg/s] Soma dos termos fonte da vazão mássica

T [°C] Temperatura

t [h], [h] Hora, intervalo de tempo de hora em hora

T* [°C] Temperatura da iteração anterior

U [W/m²K] Coeficiente global de transferência de calor

u [m/s] Velocidade na direção x

U1 [m/s] Velocidade do vento na altura 1

U2 [m/s] Velocidade do vento na altura 2

V [m/s] Velocidade

v [m/s] Velocidade na direção r

Ẇ [W] Trabalho

x [-] Fração mássica do absorvente

Y [m] Largura do coletor

Ye [m] Largura da área efetiva do concentrador

y1 [-] Posição do raio de sol na direção y

y2 [-] Posição do raio de sol redirecionado na direção y

z1 [-], [m] Posição do raio de sol na direção z, altura 1

z2 [-], [m] Posição do raio de sol na direção z, altura 2

Letras gregas

α [-] Absortividade

β [°], [°], [°] Ângulo de inclinação do coletor, variável suporte na simulação de

LCR, ângulo do receptor

βc [°] Ângulo complementar do ângulo de inclinação do coletor

Γ [ ]* Coeficiente difusivo

γ [°], [-] Ângulo de azimute, fator de intercepção

δ [°] Declinação do sol

ε [-] Emitância

η [-] Rendimento

θ [°], [°] Ângulo de incidência, ângulo de entrada do raio do sol

θsol [°] Metade da abertura angular do cone óptico do sol

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μ [Pa.s] Viscosidade

ξ1 [-] Número aleatório entre 0 e 1

ξ2 [-] Número aleatório entre 0 e 1

ξ3 [-] Número aleatório entre 0 e 1

ρ [-], [kg/m³] Refletividade do concentrador, densidade

σ [W/m²K4] Constante de Stefan-Boltzmann

τ [-] Transmissividade

ν [m²/s] Viscosidade cinemática

φ [°] Ângulo formado entre os seguimentos AF e o entre os pontos

(y1,z1) e F

φr [°] Ângulo de abertura do concentrador

ω(t) [°] Ângulo do meio do intervalo de tempo

ωh(t) [°] Ângulo horário

ωs [°] Ângulo de pôr do sol

ϕ [°], [ ]* Latitude, variável da equação geral

є [-] Eficiência

Subscritos

1-18 Localização de pontos dentro do sistema de refrigeração por absorção solar

(Figura 7.1)

a Absorvedor (componente do coletor solar), absorvedor (componente do

sistema de refrigeração, apenas no capítulo 7)

amb Ambiente

b Radiação direta

b1 Bomba 1

b2 Bomba 2

c Concentrador, condensador

cond Condução

conv Convecção

conv Convecção

d Radiação difusa

e Externo, entrada, evaporador

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env Envelope

f Fluido de trabalho

g Gerador

i Interno

in Entrada

L Ponto a leste do ponto P

l Interface a leste do ponto P

max Máximo

min Mínimo

N Ponto a norte do ponto P

n Interface a norte do ponto P

O Ponto a oeste do ponto P

o Interface a oeste do ponto P

opt Óptico

P Ponto nodal

r Refrigerante

rad Radiação

S Ponto a sul do ponto P

s Saída, interface a sul do ponto P, coletor solar (capítulo 7)

t Térmico, tanque de armazenamento

TC Trocador de calor

θ=0° Ângulo de incidência igual a zero

θ≠0° Ângulo de incidência diferente de zero

Abreviaturas e siglas

Ab Absorvedor (componente do sistema de refrigeração)

Abr Abril

Ago Agosto

ANEEL Agencia nacional de energia elétrica

ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air-Condicioning Engineers

B Bomba

C Condensador

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CPC Concentrador parabólico composto (Compound Parabolic Concentrators)

CPEM Change Photon Energy Method

CS Coletor solar

Dez Dezembro

E Evaporador

EES Engineering Equation Solver

Fev Fevereiro

FVM Método de volumes finitos (Finite Volume Method)

G Gerador

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Jan Janeiro

Jul Julho

Jun Junho

LCR Razão de concentração local (Local Concentration Ratio)

Mai Maio

Mar Março

MCRT Monte Carlo Ray Tracing

Nov Novembro

Out Outubro

PTC Concentrador parabólico linear (Parabolic Trough Concentrator)

Set Setembro

SIMPLE Semi-Implicit Method for Pressure-Linked Equations

SIN Sistema Interligado Nacional

TA Tanque de armazenamento

TAl Tanque de armazenamento de calor latente

TAs Tanque de armazenamento de calor sensível

TC Trocador de calor

TDMA Método da matriz tridiagonal

v Válvula de três vias

VC Volume de controle

VE Válvula de expansão

* A unidade de medida depende da equação governante que está sendo discretizada

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Sumário

1 Introdução ............................................................................................................................ 19

1.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 20

1.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 21

2 Revisão de fundamentos e da literatura ............................................................................ 22

2.1 Revisão de fundamentos ................................................................................................. 22

2.2 Revisão da literatura ....................................................................................................... 26

2.2.1 Radiação .................................................................................................................. 26

2.2.2 Coletores solares ...................................................................................................... 27

2.2.3 Análise óptica .......................................................................................................... 28

2.2.4 Análise térmica ........................................................................................................ 29

2.2.5 Refrigeração............................................................................................................. 30

3 Análise óptica ....................................................................................................................... 32

3.1 Introdução ....................................................................................................................... 32

3.2 Geometria do concentrador ............................................................................................. 32

3.3 Sistema de rastreamento solar ......................................................................................... 34

3.4 Rendimento óptico e efeitos de geometria ...................................................................... 34

3.5 Distribuição do fluxo de radiação ao redor do absorvedor ............................................. 37

3.6 Resultados e discussões .................................................................................................. 41

4 Modelagem matemática ...................................................................................................... 46

4.1 Introdução ....................................................................................................................... 46

4.2 Balanço de energia .......................................................................................................... 47

4.2.1 Incidência de radiação solar .................................................................................... 48

4.2.2 Troca de calor por radiação entre superfícies .......................................................... 53

4.2.3 Convecção externa do ar ......................................................................................... 54

4.2.4 Rendimento térmico ................................................................................................ 56

4.3 Equações governantes e condições de contorno ............................................................. 57

5 Modelagem numérica .......................................................................................................... 62

5.1 Introdução ....................................................................................................................... 62

5.2 Equações discretizadas .................................................................................................... 62

5.3 Algoritmo de solução ...................................................................................................... 66

5.4 Teste de malha ................................................................................................................ 67

5.5 Validação ........................................................................................................................ 68

6 Resultados e discussões ....................................................................................................... 73

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6.1 Introdução ....................................................................................................................... 73

6.2 Resultados e discussões .................................................................................................. 73

7 Ciclo de refrigeração por absorção .................................................................................... 85

7.1 Introdução ....................................................................................................................... 85

7.2 Arranjo dos coletores ...................................................................................................... 86

7.3 Sistema de aquecimento solar ......................................................................................... 88

7.4 Sistema de absorção ........................................................................................................ 89

7.5 Ciclo de refrigeração ....................................................................................................... 91

7.6 Validação ........................................................................................................................ 92

7.7 Resultados e discussões .................................................................................................. 94

8 Conclusões ............................................................................................................................ 98

9 Publicações geradas deste trabalho ................................................................................. 100

Referências ............................................................................................................................ 101

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1 INTRODUÇÃO

A demanda de energia do mundo está sempre aumentando (ABDULATEEF et al., 2009)

devido ao crescimento industrial, aumento populacional, mudanças de estilo de vida e

mecanização do trabalho. Nos últimos anos, as consequências ambientais da utilização de

combustíveis fósseis têm contribuído para o aumento do interesse em energias renováveis.

Essas incluem energia eólica, solar, hídrica, biomassa e geotérmica.

No Brasil, 64,22% da capacidade de geração elétrica em operação é proveniente de

usinas e centrais hidroelétricas e 26,62% por usinas termoelétricas (ANEEL, 2017). O sistema

elétrico brasileiro está praticamente todo conectado por meio do Sistema Interligado Nacional

(SIN). O valor atual de perdas nesse sistema é de 15%, entre elas estão as perdas na transmissão

e distribuição causadas pela distância entre as grandes usinas e os centros de consumo (INPE,

2017). A micro geração de energia solar, seria uma das formas de descentralizar a geração de

energia, diminuindo assim parte das perdas de energia.

Apesar das usinas hidroelétricas poluírem muito menos o ar do que as termoelétricas,

suas construções causam um impacto ambiental muito grande, como o alagamento de grandes

áreas a montante da barragem, provocando destruição na vegetação, afetando animais, plantas

e, se houver, população ribeirinha, mudando a estrutura do ambiente aquático e a velocidade da

água do rio, podendo causar até extinção de espécies de peixes.

Atualmente, a energia solar representa a fonte de energia mais abundante, inesgotável,

não poluente e gratuita disponível em todas as partes do mundo (GHASEMI et al., 2013). Por

outro lado, é necessário um grande investimento em pesquisas e na instalação de mecanismos

para coletar a radiação. Existem diversas aplicações para essa fonte de energia, como

aquecimento de água, geração de energia elétrica e refrigeração. Essa radiação pode ser captada

tanto através de painéis fotovoltaicos quanto por coletores térmicos. A escolha do tipo de

captação irá depender da aplicação, eficiência e dos custos do investimento inicial.

Estudos mostram que grande parte da demanda de energia elétrica ocorre durante o

horário comercial, período em que há disponibilidade do recurso solar, parte disso pode ser

atribuído a necessidade de climatização de ambientes (TIEPOLO, 2015). Além disso, os picos

de demanda de energia são mais frequentes durante o verão devido ao uso mais frequente de

equipamentos de ar condicionado e refrigeração.

Em geral, sistemas de refrigeração de compressão de vapor convencionais operavam

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com os refrigerantes sintéticos CFCs, HCFCs e HFCs. Quando lançados na atmosfera, a maioria

desses refrigerantes contribuem para o efeito estufa. Além da emissão de gases nocivos, o ciclo

de refrigeração de vapor convencional consome uma grande quantidade de energia elétrica, por

isso, a demanda por refrigeração, aumenta o consumo de energias fósseis, reforçando a

importância do desenvolvimento de novas tecnologias alternativas que operem com substancias

menos nocivas ao meio ambiente.

O sistema de refrigeração solar é composto de 3 subsistemas: o sistema de captação de

energia solar, o sistema de refrigeração e a aplicação. O ciclo apropriado para cada tipo de

aplicação depende da demanda de resfriamento, da potência e dos níveis de temperatura do

objeto ou ambiente refrigerado.

Nos sistemas de energia solar fotovoltaicos, a energia é incialmente convertida para

energia elétrica e depois utilizada para produzir refrigeração, similar aos métodos

convencionais. Já os sistemas de energia solar térmicos usam a energia térmica para alimentar

ciclos de refrigeração de forma direta, o que torna esse segundo mais eficiente e vantajoso que

o fotovoltaico. Por isso, mais atenção está sendo dada para as tecnologias de refrigeração solar

térmica.

Os processos de refrigeração por sorção vêm sendo pesquisados e propostos como uma

alternativa ao sistema de refrigeração por compressão de vapor convencional, na tentativa de

preservar a produção e eficiência dos sistemas convencionais. O sistema de refrigeração por

sorção pode ser alimentado por diferentes fontes de calor, como queima de querosene, queima

de gás natural, vapor, energia elétrica e energia solar. Do ponto de vista econômico e sustentável

é o método mais promissor de refrigeração solar.

1.1 Objetivo geral

Esse trabalho tem como objetivo fazer uma análise óptica e térmica do coletor solar

parabólico com um receptor de tubo evacuado por meio de simulação computacional para

diversas configurações do coletor e condições de operação. Em seguida, projeta um sistema de

refrigeração por absorção, bem como o conjunto de coletores que fornece energia térmica para

esse sistema.

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1.2 Objetivos específicos

Alguns parâmetros do concentrador foram variados com o objetivo de verificar a

influência deles na eficiência óptica. Os objetivos específicos da análise óptica são:

• Calcular a concentração geométrica

• Calcular a inclinação e a orientação do concentrador para o sistema de

rastreamento solar

• Calcular a área efetiva de abertura do concentrador em função do ângulo de

incidência do sol

• Comparar o rendimento óptico total em diferentes ângulos de abertura do

concentrador

• Calcular uma aproximação numérica da distribuição de fluxo de radiação ao redor

do receptor

Os objetivos específicos da análise térmica são:

• Fazer um balanço de energia do coletor

• Calcular a incidência de radiação, a convecção natural do ar e a temperatura

ambiente por hora por mês

• Calcular o rendimento térmico do fluido

• Definir as equações governantes e condições de contorno do coletor

• Discretizar as equações governantes utilizando o método de volumes finitos e

implementar o algoritmo SIMPLE para resolver o sistema de equações

• Por meio de simulações numéricas comparar as variações de temperatura e os

rendimentos para variações de parâmetros

E os objetivos específicos do sistema de refrigeração por absorção são:

• Definir a quantidade de coletores que irá fornecer energia térmica para o ciclo de

refrigeração por absorção e o arranjo deles

• Calcular a quantidade de calor que o sistema de refrigeração por absorção

consegue retirar do ambiente para o mês que o coletor solar absorve menos calor

de radiação solar

• Calcular o rendimento do ciclo de refrigeração e o rendimento total do sistema,

levando em conta o rendimento térmico dos coletores

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2 REVISÃO DE FUNDAMENTOS E DA LITERATURA

2.1 Revisão de fundamentos

A fonte de energia estudada neste trabalho é a radiação solar. Após a radiação solar atingir

a atmosfera, ela é dividida em dois tipos de radiação, direta e difusa. A radiação direta é a

parcela de radiação solar que não foi espalhada pela atmosfera e a radiação difusa é a radiação

solar que teve sua direção alterada pela atmosfera. A soma das duas radiações em uma superfície

horizontal é conhecida como radiação solar global. A figura 2.1 ilustra a diferença entre a

radiação direta e a difusa.

Figura 2.1 Radiação direta e difusa. Fonte: Duffie e Beckman (2013) adaptado pela autora

O vetor da radiação direta e o vetor normal a uma superfície formam um ângulo

chamado de ângulo de incidência. Esse ângulo varia com a declinação do sol e a hora do dia. O

ângulo de declinação é a posição angular do sol ao meio dia em relação à linha do equador. Ela

varia de +23°27’ (trópico de câncer) a -23°27’ (trópico de capricórnio) ao longo do ano. Esse

ângulo está mostrado na Figura 2.2.

Figura 2.2 Ângulo de declinação do sol Fonte: INPE (2017) adaptado pela autora

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Uma forma de captar a radiação e transformar em energia térmica é utilizar diferentes

tipos de coletores solares. O coletor é composto por receptores e concentradores. O receptor é

onde a radiação é absorvida e convertida em energia térmica, enquanto o concentrador é um

sistema óptico que concentra a radiação incidete sobre uma área grande em uma área menor,

onde localiza-se o receptor, de forma que a radiação é aproveitada em uma superfície

absorvedora menor, produzindo menos perdas, resultando em temperaturas de operação mais

elevadas e uma melhor eficiência. A Figura 2.3 mostra os componentes de um coletor solar

parabólico com tubo evacuado.

Figura 2.3 Coletor solar parabólico com tubo evacuado

Concentradores parabólicos lineares são utilizados em aplicações que necessitam de

uma temperatura média (80ºC-170ºC). Esse sistema direciona a radiação que incide em sua área

de abertura, no interior do ângulo de abertura, para o receptor por meio de várias reflexões

internas.

Figura 2.4 Propriedade de uma parábola de concentrar raios coaxiais

Fonte: Rapp (1981)

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Concentradores parabólicos podem ser orientados com seu eixo longitudinal ao longo

da direção Norte-Sul ou na direção Leste-Oeste. Para que os raios do sol que incidem sobre a

superfície do concentrador sejam redirecionados para o absorvedor, é necessário que o vetor

normal ao plano de abertura do coletor, o vetor do sol e a linha focal do coletor estejam no

mesmo plano, como mostrado na Figura 2.5. Por isso, coletores com concentradores

parabólicos necessitam de sistemas de rastreamento solar. Quando estão orientados na direção

Norte-Sul, o sistema de rastreamento solar segue o sol durante o dia de leste a oeste. Caso esteja

orientado na direção Leste-Oeste, o sistema de rastreamento solar faz apenas um pequeno ajuste

no ângulo de inclinação do coletor por dia, podendo ser feito manualmente.

Figura 2.5 Posição correta de um concentrador parabólico Fonte: Zarza Moya e Ciemat (2012) adaptado pela autora

Os receptores de tubos evacuados simples são compostos de dois tubos concêntricos. O

tubo interno é chamado de absorvedor e normalmente é de aço inox com um revestimento

absorvente, dentro dele passa o fluido de trabalho. O tubo externo é chamado de envelope e é

de vidro. Entre os tubos há vácuo (<10-2 Pa) para diminuir as perdas convectivas e condutivas.

Esse tipo de receptor aumenta a eficiência do coletor, pois o vácuo possui uma propriedade de

isolamento excelente. Enquanto o tubo interno está a temperaturas acima de 100ºC, o tubo

externo está frio. Isto significa que os coletores de tubo de vácuo podem operar mesmo em

tempo frio, enquanto receptores sem o tubo externo e o vácuo entre eles perdem a eficiência

devido à perda de calor.

Uma das possíveis aplicações para o coletor parabólico com receptor de tubo evacuado

é a refrigeração por absorção. O ciclo de refrigeração por absorção é similar em alguns aspectos

ao ciclo de refrigeração por compressão. Um ciclo de refrigeração opera com um condensador,

um dispositivo de expansão e um evaporador. O vapor de baixa pressão que sai do evaporador

é transformado em vapor de alta pressão e entregue ao condensador. Em um sistema de

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compressão isso é feito por meio de um compressor, já em um sistema de absorção,

primeiramente o sistema absorve o vapor em um líquido absorvente e converte o vapor em

líquido (esse processo é similar ao de condensação). O próximo passo é elevar a pressão do

líquido com uma bomba e finalmente o vapor do refrigerante é liberado por adição de calor no

gerador (STOECKER; JONES, 1985). A Figura 2.6 mostra o diagrama esquemático do sistema

de absorção alimentado por energia solar.

Figura 2.6 Sistema de absorção solar Fonte: Sarbu (2015) adaptado pela autora

Os componentes básicos de um sistema de refrigeração por absorção em operação

contínua são: gerador (G), absorvedor (Ab), condensador (C), evaporador (E), válvula de

expansão (VE) e bomba (B) (SARBU; SEBARCHIEVICI, 2015). O coletor solar (CS) fornece

energia térmica para o gerador, no caso de um sistema de absorção solar, o evaporador retira

calor do ambiente que vai ser refrigerado e o condensador e o absorvedor rejeitam calor para a

atmosfera. Como a energia fornecida ao sistema é intermitente, só tem radiação solar em

algumas horas do dia, podendo haver também dias com baixa radiação (nublados), um tanque

de armazenamento (TA) pode ser utilizado.

Para melhorar a eficiência, pode-se adicionar outros componentes ao sistema, como um

trocador de calor e um pré-resfriador. Se o par de substâncias utilizado no sistema for amônia

(refrigerante) e água (absorvente), é necessário adicionar um retificador, que serve para remover

o máximo de vapor d’água possível da mistura, para que o refrigerante vá para com condensador

com a maior pureza possível.

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2.2 Revisão da literatura

2.2.1 Radiação

Liu e Jordan (1960) apresentam relações que permitem estimar a intensidade de radiação

difusa e a radiação total em algum determinado horário, dia e local (em algum dos 98 locais

nos Estados Unidos e Canadá), sabendo a radiação direta.

Jeter (1986) estabeleceu a primeira integral da equação diferencial de fluxo de energia

para concentradores em formato de calha, os resultados incluem um coletor parabólico ideal

com um absorvedor plano ou circular centrado no foco. Ele apresenta resultados analíticos para

a distribuição do fluxo de radiação em um absorvedor circular centrado no foco.

He et al. (2011) obteve resultados numéricos da distribuição do fluxo de calor não

uniforme ao longo do receptor utilizando o método de Monte Carlo Ray Tracing (MCRT)

combinado com o método de volumes finitos (FVM).

Liang et al. (2017) adotaram quatro modelos ópticos diferentes para calcular a

distribuição do fluxo de calor no receptor de coletores parabólicos. Os métodos MCRT e FVM

foram utilizados para iniciar a distribuição de fótons e para calcular os processos de radiação

solar de refletir, transmitir e absorver foram usados os métodos MCRT e Change Photon Energy

Method (CPEM). Os resultados das combinações foram comparados, chegando à conclusão que

CPEM foi mais eficiente no processo de radiação solar, e o MCRT é mais fácil de implementar

a distribuição de fótons, porém o FVM tem menos custo computacional.

Zou et al. (2017) analisaram opticamente um coletor parabólico com base no método

MCRT e análise teórica. Investigaram os efeitos de diferentes parâmetros geométricos,

incluindo largura, distância focal e diâmetro do absorvedor, na LCR e desempenho óptico. Eles

propuseram que, em algumas condições de parâmetros especiais, a distribuição do fluxo ao

redor do absorvente não pode ser dividida em quatro partes, como a maior parte da literatura

afirma.

O site Solar and Wind Energy Resource Assessment (SWERA) disponibiliza médias

mensais de radiação em qualquer ponto do mundo, voltado para modelos fotovoltaicos. Ele

divide os dados em radiação direta, para concentradores com rastreamento solar, radiação

global horizontal, para placas planas na horizontal e radiação com inclinação da latitude, para

coletores de placa plana com um ângulo de inclinação em relação a horizontal igual a latitude

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em que está localizado.

2.2.2 Coletores solares

Rapp (1981) aborda o design de coletores solares que operam em altas faixas de

temperatura, além de fornecer alguns conceitos termodinâmicos de alguns exemplos de

aplicações, como, por exemplo, ciclos de refrigeração e alguns algoritmos prontos.

Kalogirou (2004) apresenta vários tipos de coletores solares térmicos e aplicações,

incluindo refrigeração. Ele divide os coletores em estacionários (placa plana, parabólico

composto, tubo de vácuo) e com sistema de rastreamento solar (concentrador parabólico linear,

lente Fresnel, prato parabólico e campo de coletores heliostatos). Existem dois tipos de

rastreamento solar, o primeiro é o azimute que permite que o concentrador siga o sol

completamente. O Segundo é o de uma-direção em que ele segue o sol apenas em uma direção,

norte-sul ou Leste-Oeste. Kalogirou fez também análises óptica, térmica e com vista na segunda

lei da termodinâmica, além de fazer uma descrição dos métodos utilizados para avaliar seu

desempenho. Ele também comenta sobre os problemas ambientais relacionados com a

utilização de fontes de energia convencionais, apresenta os benefícios oferecidos pelos sistemas

de energias renováveis e faz uma introdução histórica sobre os usos da energia solar.

Alghoul et al. (2005) estudaram os materiais de coletores planos, com tubos evacuados

e tubos de calor, para encontrar o menor custo com a melhor eficiência. Preocupando-se ainda

com as propriedades de transferência de calor e desafios de fabricação. Eles concluíram que

para reduzir os custos com materiais e aumentar a eficiência, os materiais que deram melhores

resultados são vidro de baixo teor de ferro, como envelope, tubo evacuado, invés de tubo de

calor, absorvedor com película, que aumenta a absorção de radiação, e água como fluido de

trabalho.

Ismail et al. (2010) apresentaram de forma detalhada os diferentes métodos de capitação

de energia solar, abordando os materiais, suas propriedades e como cada propriedade influencia

no sistema.

Osório (2011) aplicou os métodos de ensaio estacionário e quase dinâmico, em dois

coletores planos, um coletor de tubos evacuados com refletor e circulação direta, um coletor de

tubos evacuados com tubos de calor e um coletor com um concentrador parabólico composto

(CPC). Também modelou os modificadores do ângulo de incidência e a capacidade térmica

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efetiva dos coletores.

Duffie e Beckman (2013) descrevem um coletor solar como um tipo especial de trocador

de calor que coleta o calor da radiação do sol e transforma em energia interna no fluido de

trabalho. Diferentes tipos de coletor solar obtêm faixas de temperaturas diferentes, o tipo de

coletor utilizado vai depender da aplicação. Os coletores têm diversas aplicações, como

aquecimento de água, geração de energia elétrica e refrigeração. O resfriamento normalmente

consome muita energia, uma forma de aumentar a quantidade de calor absorvida é reduzindo

as perdas do absorvedor através da diminuição da sua área mantendo o ganho de calor. Uma

maneira de obter isso é adicionando um dispositivo óptico entre a fonte de radiação e o

absorvedor, esse dispositivo óptico é um concentrador de calor, ele geralmente tem uma

superfície refletiva côncava que intercepta os raios solares e reflete para o absorvedor. Também

apresentam ferramentas para calcular a radiação incidente nas superfícies de várias orientações

levando em conta a natureza da radiação solar e os efeitos da atmosfera sob ela.

Ghasemi et al. (2013) investigaram numericamente o desempenho do coletor solar

parabólico com três anéis segmentares. Eles obtiveram como resultado que a implementação

dos anéis nos receptores solares aumenta o número de Nusselt do sistema e o desempenho. Já

diminuindo o diâmetro interno dos anéis, o número de Nusselt aumenta, mas considerando a

perda de pressão, o desempenho térmico diminui.

Mokheimer et al. (2014) desenvolveram um código para avaliar a eficiência óptica e

térmica de um coletor parabólico sob as condições climáticas de Dhahran usando o software

EES. Além disso, eles descreveram o custo de uma estrutura típica desse tipo de coletor e

forneceram análise de custos detalhada do campo de energia solar.

Tzivanidis et al. (2015) projetaram e simularam um pequeno modelo de coletor

parabólico usando o Solidworks para diferentes condições operacionais para prever a eficiência

deste modelo e analisar os fenômenos de transferência de calor. Apresentaram também o

modificador do ângulo incidente e seus efeitos na eficiência óptica e mostraram como o ângulo

de incidente afetou as reflexões dos raios.

2.2.3 Análise óptica

Para estimar a performance óptica, é importante levar em conta a geometria do coletor

e as possíveis sombras que podem cobri-lo durante o dia. Jeter et al. (1983) analisa as

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influências do efeito de extremidade, sombra causada pelas anteparas e sombra causadas pelos

coletores vizinhos na área de abertura efetiva do coletor.

Li et al. (2015) analisaram e discutiram os efeitos de extremidade em concentradores

parabólicos. Eles apresentaram alguns métodos de compensação para diminuir a área afetada

por esse tipo de efeito, como por exemplo aumentar o comprimento do absorvedor de calor,

acrescentar um espelho plano em uma das extremidades do concentrador e inclinar o

concentrador. Eles fizeram testes experimentais para verificar a viabilidade desses métodos. A

área afetada pelo efeito de extremidade e o aumento do rendimento óptico para as três soluções

propostas foram analisadas.

Zhang et al. (2016) investigaram as influências de três tipos de deformações geométricas

sobre o desempenho óptico do coletor parabólico, incluindo a deformação global, a deformação

de rotação local e a deformação linear local.

2.2.4 Análise térmica

Patankar (1980) utiliza o método de volumes finitos para discretizar equações

diferenciais aplicadas em transferência de calor e fluido dinâmica. Apresenta também diferentes

formas de linearizar o termo fonte, e como tratar as condições de contorno, além de descrever

a operação do algoritmo SIMPLE.

Dudley et al. (1994) testaram experimentalmente um coletor solar parabólico com

diferentes tipos de configuração de receptores: com e sem envelope de vidro e com e sem vácuo

entre o envelope e o absorvedor para verificar a influência do envelope e do vácuo na eficiência

térmica e nas perdas de calor do sistema. Além disso, utilizaram dois tipos de películas

absorvedoras no absorvedor e observaram uma degradação progressiva primeiro ao tirar o

vácuo do receptor e depois por tirar o envelope de vidro.

Kreith e Bohn (2003) apresentam conceitos básicos de radiação térmica e métodos para

calcular a troca de calor por radiação entre superfícies reais. Eles demonstram como é possível

calcular essa troca de calor entre superfícies em um envoltório utilizando o fator de forma,

também apresentam as equações de fatores de forma para diferentes relações geométricas.

García-Valladares e Velázquez (2009) apresentaram simulações numéricas de coletores

solares parabólicos com dois tipos de receptores. O primeiro receptor é de uma passagem,

receptor usual de tubo evacuado, e o segundo é de dupla passagem, o absorvedor possui dois

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cilindros concêntricos dentro do envelope, totalizando três cilindros concêntricos, com fluido

de trabalho em dois deles com escoamento cruzado. Para o segundo tipo de receptor, também

foram variadas as condições de operação. Eles obtiveram uma eficiência térmica maior para o

segundo receptor.

Sintali et al. (2014) apresentam o desenvolvimento de equações de energia para o

cálculo da eficiência de um coletor solar parabólico levando em conta os ganhos, as perdas e as

transferências de energia entre os componentes do coletor.

2.2.5 Refrigeração

Herold et al. (1996) descrevem as características de operação de ciclos de refrigeração

por absorção de simples e duplo estágio, para o par de substâncias brometo de lítio e água e

amônia e água, com exemplos resolvidos por modelos numéricos utilizando o programa EES.

Apresentam também uma introdução a esse software.

Abu-Zour e Riffat (2007) descrevem várias tecnologias de condicionamento de ar

alimentadas por energia solar e comparam com ciclos de refrigeração de compressão a vapor.

Eles sugerem que seja utilizado uma combinação de ciclos de refrigeração, para equilibrar o

custo inicial muito alto e COP baixo dos ciclos de refrigeração solar em comparação aos ciclos

de compressão a vapor, com a economia no consumo de energia e redução da emissão de CO2.

Kim e Ferreira (2008) apresentam uma comparação da eficiência energética e

viabilidade econômica de diferentes tecnologias que estão disponíveis para fornecer

refrigeração a partir da energia solar. O estudo abrange coletores térmicos e fotovoltaicos como

forma de capitação de energia solar, e eles fornecem energia para diferentes tipos de ciclo de

refrigeração, entre eles ciclos que necessitam de energia elétrica e ciclos que funcionam com

energia térmica.

Benedetti (2010) apresenta uma análise técnica e econômica de um sistema de absorção

água-amônia e sua integração energética com um abatedouro de aves para substituir

parcialmente um sistema de refrigeração por compressão de vapor. A análise econômica indicou

a possibilidade de retorno financeiro rápido se o custo da energia elétrica for consideravelmente

maior que o custo da energia térmica primária. A fonte de energia térmica sugerida por ele é

proveniente dos subprodutos do abate de aves, utilizados para obtenção de biogás.

Saudagar et al. (2013) fizeram uma revisão de diferentes técnicas de condicionamento

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de ar, como resfriador de absorção, resfriador de adsorção e sistema de resfriamento dessecante,

que funcionam com energia térmica e podem ser alimentados por coletores solares térmicos.

Marc et al. (2015) apresentam uma modelagem dinâmica baseada nos balanços de massa

e energia de cada componente, equações de estado e equações de transferências de calor de um

resfriador de absorção de simples estágio, que utiliza brometo de lítio e água (LiBr-H2O) como

par de substâncias de trabalho. Esse ciclo de absorção é alimentado apenas por coletor solar e

não possui nenhum sistema auxiliar. Além disso, apresentam também dados experimentais para

validação do modelo, obtendo boa concordância entre os resultados.

Sarbu e Sebarchievici (2015) apresentam uma revisão detalhada dos sistemas de

refrigeração por absorção e adsorção solar. Eles mostram como as tecnologias de refrigeração

por sorção podem ser interessantes e suas diversas aplicações. Eles explicam também os

princípios básicos operação, os componentes, a história do desenvolvimento e avanços recentes

na tecnologia desses sistemas. Além disso, eles revisam os pares de substância mais utilizados,

apresentando vantagens e desvantagens que devem ser levadas em conta na hora da escolha.

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3 ANÁLISE ÓPTICA

3.1 Introdução

Nesse capítulo foi feita uma análise óptica do concentrador, comparando as

concentrações geométricas, performances ópticas e área efetiva de abertura do concentrador

para algumas configurações diferentes do coletor, mantendo o mesmo comprimento e largura.

O ângulo de inclinação do coletor e a orientação do sistema de rastreamento solar para cara dia

representativo do mês para a latitude de Campinas também foram apresentados nesse capítulo.

Por fim, foi calculada uma aproximação numérica bidimensional da razão de concentração local

(LCR) para observar a distribuição do fluxo de calor não uniforme no receptor baseado no

método de Monte Carlo Ray Tracing (MCRT).

3.2 Geometria do concentrador

O concentrador parabólico linear serve para redirecionar os raios da radiação direta que

incidem na sua superfície para uma linha focal, aonde é localizado o receptor. A Figura 3.1

mostra uma seção transversal desse tipo de coletor com suas principais dimensões. Em ambas

Figuras 3.1(a) e 3.1(b), A é a linha central da parábola, B é o final do concentrador, F é a linha

focal da parábola e φr é o ângulo de abertura do concentrador. A Figura 3.1(b) mostra também

que a incidência de radiação direta forma um cone com abertura angular de 0.53°, esse ângulo

é usado para calcular o diâmetro mínimo do absorvedor, de forma que todos os raios vindos do

sol sejam redirecionados para o absorvedor. Neste capítulo foi adotado um concentrador com

medidas de comprimento e largura fixas e iguais a 6 m e 2 m respectivamente, apenas o ângulo

de abertura será variado. Os outros parâmetros são calculados utilizando conceitos de geometria

e trigonometria.

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33

Figura 3.1 Seção de um concentrador parabólico mostrando suas dimensões

Fonte: Duffie e Beckman (2013) adaptado pela autora

O maior raio de abertura é o raio correspondente ao ângulo de abertura, ele é a distância

entre o ponto F e o ponto B, mostrado na Figura 3.1 e é calculado pela Eq. (3.1),

(LOVEGROVE; PYE, 2012):

r

rsen

Yr

2 (3.1)

Onde Y é a largura do concentrador e φr é o ângulo de abertura.

O comprimento focal é a distância entre o foco (ponto F) e o centro da parábola (ponto

A), (DUFFIE; BECKMAN, 2013).

2

)cos(1 rrrf

(3.2)

O diâmetro mínimo é calculado em termos do máximo raio e do cone óptico formado

pela incidência de radiação, (DUFFIE; BECKMAN, 2013).

)(2min solr senrD (3.3)

Onde θsol é metade da abertura angular do cone óptico e igual a 0,267°.

A altura entre o final do concentrador e o centro da parábola é calculada por,

(LOVEGROVE; PYE, 2012):

f

rh r

p4

2

(3.4)

A concentração geométrica é calculada pela razão entre a área do absorvedor e a área

de abertura do concentrador, (DUFFIE; BECKMAN, 2013):

D

YGC

(3.5)

Onde D é o diâmetro do absorvedor.

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34

3.3 Sistema de rastreamento solar

O presente coletor tem um sistema de rastreamento de uma direção, ele gira em torno

do eixo Leste-Oeste e necessita de apenas um ajuste diário. Nesse caso, o raio de sol é normal

a superfície do coletor apenas meio dia em todos os dias.

O ângulo de declinação do sol é calculado em função do dia do ano, (DUFFIE;

BECKMAN, 2013).

365

28436045,23

nsen (3.6)

Onde n é o dia do ano.

Para esse tipo de sistema rastreamento solar, a inclinação do plano de abertura do coletor

é calculada em função do ângulo de declinação do sol e da latitude do local onde o coletor está

instalado, (DUFFIE; BECKMAN, 2013):

(3.7)

Onde ϕ é a latitude.

A orientação do coletor varia entre sul e norte dependendo do ângulo de azimute,

(DUFFIE; BECKMAN, 2013).

Norte

Sul

180

0

if

if

0

0

(3.8)

3.4 Rendimento óptico e efeitos de geometria

A eficiência óptica depende das propriedades ópticas dos materiais envolvidos, da

geometria do coletor e de várias imperfeições provenientes da fabricação do coletor. As perdas

estão associadas a quatro parâmetros: refletividade do concentrador, fator de interceptação

(erros na geometria do coletor e deformação mecânica da estrutura do suporte),

transmissividade do vidro e absortividade do absorvedor. Além disso, o ângulo de incidência

da radiação direta afeta esses parâmetros. Esse efeito pode ser quantificado pelo modificador

de ângulo de incidência. Os parâmetros ópticos do coletor utilizado estão detalhados na tabela

3.1.

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35

Tabela 3.1 Parâmetros ópticos

Caracterização Parâmetros do coletor

Material da superfície refletora Alumínio

Refletividade 0,95

Fator de interceptação 0,91

Transmissividade do vidro 0,92

Revestimento do tubo de cobre Cermet black chrome coating

Absortividade 0,95

O ângulo entre o feixe de luz do sol em uma superfície e o vetor normal a essa superfície

é chamado de ângulo de incidência, e pode ser calculado pela seguinte equação, (DUFFIE;

BECKMAN, 2013):

)(coscosarccos 22 tsen h (3.9)

Onde ωh o ângulo horário (15° por hora, negativo de manhã, 0° ao meio dia e positivo

a tarde).

O rendimento óptico ao meio dia é calculado pela Equação (3.10), (ZARZA MOYA;

CIEMAT, 2012):

00, opt (3.10)

Onde ρ é a refletividade do concentrador, γ é o fator de intercepção do coletor, τ é a

transmissividade do vidro e α é a absortividade do absorvedor.

O rendimento óptico para os outros horários é calculado em função do modificador do

ângulo de incidência (ZARZA MOYA; CIEMAT, 2012).

Koptopt 0,0, (3.11)

Onde K(θ) é o modificador do ângulo de incidência.

Por sua vez, o modificador do ângulo de incidência é calculado pelas Equações (3.12) e

(3.13) e depende do ângulo de incidência, (ZARZA MOYA; CIEMAT, 2012):

Para (0° < θ < 80°):

4 4 2 6 3 8 41 2.23073 10 1.1 10 3.18596 10 4.85509 10K (3.12)

Para (85° < θ < 90°):

0K (3.13)

Além dos parâmetros ópticos, existem também efeitos geométricos que influenciam no

rendimento total óptico. Há três fatores geométricos que diminuem a área efetiva do

concentrador que capta a radiação e afetam diretamente o rendimento óptico. Esses fatores são:

o efeito de extremidade (alguns dos raios que atingem as extremidades do concentrador não são

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redirecionados ao receptor), a sombra das anteparas do concentrador e a sombra dos coletores

vizinhos.

A área de sombra causada pelos coletores vizinhos é mostrada na Figura 3.2 e é

calculada pela equação (3.14), (JETER et al., 1983):

c

es senY

P

Y

Y

A

AA

(3.14)

Onde A é a área total de abertura, As é a área sombreada pelo coletor vizinho, Ye é a

largura da área efetiva do concentrador, P é a distância entre os coletores e βc é o complementar

do ângulo de inclinação do coletor.

Figura 3.2 Sombra do coletor vizinho Fonte: Jeter et al. (1983) adaptado pela autora

Para evitar que os coletores façam sombra nos vizinhos, a distância mínima que deve

existir entre os coletores é calculada pela Equação (3.15):

max

min90

sen

YP (3.15)

Onde βmax é o maior ângulo de inclinação do coletor.

Os outros dois efeitos dependem do ângulo de incidência e do ângulo de abertura e

devem ser calculados para poder determinar a área efetiva de abertura. As áreas afetadas pelos

efeitos de extremidade e sombra da antepara são, (JETER et al., 1983):

2

21

48i

YA fYtg

f

(3.16)

2 3b pA Yh tg (3.17)

A razão entre a área efetiva de abertura e a área total de abertura é:

A

AAAA

A

AA sbie

f

(3.18)

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37

Onde Af é a razão entre a área efetiva de abertura e a área total de abertura, A é a área

total de abertura, Ae é a área efetiva, Ai é a área afetada pelo efeito de extremidade, Ab é a área

de sombra causada pela antepara e As é a área de sombra causada pelos coletores vizinhos.

Finalmente, o rendimento óptico total é calculado em função do rendimento óptico e

dos efeitos de geometria, (JETER et al., 1983).

fopt AK (3.19)

3.5 Distribuição do fluxo de radiação ao redor do absorvedor

Para calcular a distribuição de fluxo de radiação ao redor do absorvedor, calcula-se o

Local Concentration Ratio (LCR), que é a razão do fluxo de radiação solar que incide na

superfície do absorvedor pela que incide na abertura do concentrador. Para analisar a influência

de algumas configurações de coletores na distribuição do fluxo de radiação foi escrito um

código bidimensional baseado no método de Monte Carlo Ray Tracing (MCRT) em Fortran 90.

O programa gera raios de sol aleatórios e o método MCRT é usado para contabilizar

estatisticamente a quantidade de raios de sol que são redirecionados ao redor do absorvedor.

Nesse caso, apenas meia parábola é calculada, pois a outra metade é simétrica.

Usando conhecimentos de geometria, as equações de He et al. (2011) são adaptadas para

um modelo bidimensional. O programa gera um total de 25.000.000 raios de sol aleatórios.

A Figura 3.3 mostra as posições do raio para duas situações, a primeira quando ele atinge

diretamente o absorvedor (raio vermelho) e a segunda quando ele atinge o concentrador e é

redirecionado para o absorvedor (raio amarelo).

Figura 3.3 Posição dos raios

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38

Primeiramente, a posição do raio na direção y é calculada:

211

Yy (3.20)

Onde ξ1 é um número aleatório entre 0 e 1, y1 varia entre 0 e meia largura do

concentrador. Se y1 for menor ou igual o raio do absorvedor, então z1 é calculado por:

2

1

2

1 yrz a (3.21)

Onde ra é o raio do absorvedor.

E o ângulo que é contabilizado é:

y

zarctg (3.22)

Se y1 for maior que o raio do absorvedor, ele vai incidir na superfície do concentrador

no ponto (y1, z1), onde z1 é calculado por:

ff

yz

4

2

11 (3.23)

O raio será redirecionado, se um segundo número aleatório, ξ2, entre 0 e 1, for menor

ou igual a refletividade do concentrador. Se for maior, o raio não será refletido, e não será

contabilizado, então, o próximo raio será gerado. Caso for menor ou igual, o raio será

redirecionado. É necessário calcular a deflexão da abertura angular do raio de sol, que varia

entre -θsol < θ < θsol:

solsol 32 (3.24)

Onde θsol é 0,267° e ξ3 é um número aleatório entre 0 e 1.

Então, o raio deve atingir o absorvedor, em um segundo ponto chamado de (y2, z2) que

deverá satisfazer o seguinte sistema de equações:

tg

yyzz

ryz

1212

22

2

2

2

(3.25)

Onde φ é o ângulo formado pelo segmento de reta entre o ponto (y1, z1) e o foco, e o

segmento de reta entre o foco e o centro da parábola. Esse sistema é resolvido usando o método

de Newton-Raphson. Se y2 for menor ou igual ao raio do absorvedor, então o ângulo é

contabilizado utilizando a Equação (3.22).

A relação entre a distribuição de fluxo de calor e LCR é calculada na Equação (3.26),

(HE et al., 2011):

soli qLCRq . (3.26)

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Onde qi é a distribuição do fluxo de radiação no absorvedor e qsol é a radiação direta

normal.

A distribuição de fluxo de calor é calculada pela Equação (3.27), (HE et al., 2011):

i

solii

NS

LYqpq (3.27)

Onde pi é um vetor utilizado para contar os raios que atingem o absorvedor, L é o

comprimento da parábola, N é o número de raios que são gerados pelo código e Si é a área do

segmento que contém pi, ela depende do número de segmentos em que o absorvedor é dividido

e é calculado por:

Ln

rSi

(3.28)

Onde n é o número de segmentos que o absorvedor foi dividido.

Substituindo as Equações (3.28) e (3.5) na Equação (3.27) e comparando com a Equação

(3.26), LCR pode ser calculado em termos de pi:

N

nGCpLCR i ..

(3.29)

Um diagrama do código numérico escrito em Fortran 90 com as equações mostradas

nessa seção é mostrado na Figura 3.4.

Antes de começar, o número de segmentos em que o absorvedor será dividido deve ser

escolhido, e o vetor que será utilizado para contar os raios que atingem o absorvedor deve ser

configurado em função do número de seguimentos. O programa gera números aleatórios, que

são utilizados para calcular 25.000.000 diferentes posições em y de raios de sol. Depois disso,

o programa verifica se o raio vai atingir diretamente o absorvedor, se sim, ele contabiliza a

posição em coordenadas polares, se não, quer dizer que esse raio atingirá o concentrador. O

programa gera outro número aleatório para verificar estatisticamente se o raio será refletido ou

não pelo concentrador, se o número aleatório for menor ou igual a refletividade do

concentrador, o próximo passo será redirecionar o raio considerando a deflexão do ângulo do

sol. Novamente, o programa checa se o raio vai atingir o absorvedor e se atingir, ele contabiliza

a posição em coordenadas polares. Finalmente, o programa converte o vetor que foi utilizado

para contabilizar as posições em LCR.

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Figura 3.4 Diagrama do modelo numérico

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3.6 Resultados e discussões

Para finalizar este capitulo, os resultados gerados pela aplicação das equações das

sessões anteriores serão mostrados nesta seção.

A variação do ângulo de abertura influencia em alguns parâmetros geométricos. Seu

efeito no diâmetro mínimo e na concentração geométrica está mostrado nas Figuras 3.5(a) e

3.5(b), respectivamente.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,00

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

Diâ

metr

o m

ínim

o (

m)

Ângulo de abertura (°)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

10

20

30

40

50

60

70

Co

nce

ntr

ação

geo

mét

rica

Ângulo de abertura (°)

Figura 3.5 O efeito da variação do ângulo de abertura (a) no mínimo diâmetro e

(b) na concentração geométrica do coletor

A concentração é inversamente proporcional ao diâmetro mínimo. O melhor ângulo de

abertura é 90°, pois é o que proporciona a maior concentração.

O sistema de rastreamento do coletor estudado é de uma direção, necessitando de um

ajuste diário apenas na inclinação do coletor. O cálculo da inclinação e orientação do sistema

de rastreamento solar foi feito para o dia representativo de cada mês para Campinas e os

resultados estão mostrados na Tabela 3.2.

Como Campinas (22° 54’ S) fica no hemisfério sul, e fica próximo ao trópico de

capricórnio (23° 27’ S), a maior parte do ano, a orientação do concentrador será norte. Apenas

quando a declinação do sol estiver entre a latitude de Campinas e o trópico de capricórnio, a

orientação do concentrador mudará para sul. Analisando os dias representativos do ano, essa

orientação atípica ocorre apenas no dia 10 de dezembro, tendo sua inclinação máxima para a

orientação sul no dia 21 de dezembro, quando o sol está no trópico de capricórnio, e máxima

para o norte dia 21 de junho, quando o sol está no trópico de câncer.

(a) (b)

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Tabela 3.2 Inclinação e orientação para os dias representativos de cada mês

Dia Inclinação Orientação

17 de janeiro 1,99° Norte

16 de fevereiro 9,95° Norte

16 de março 20,49° Norte

15 de abril 32,32° Norte

15 de maio 41,70° Norte

11 de junho 45,99° Norte

17 de julho 44,09° Norte

16 de agosto 36,36° Norte

15 de setembro 25,12° Norte

15 de outubro 13,31° Norte

14 de novembro 3,99° Norte

10 de dezembro 0,14° Sul

O rendimento óptico considerando apenas as perdas associadas aos parâmetros

reflexividade, fator de intercepção, transmissividade, absorção e o efeito do ângulo de

incidência nesses parâmetros em função do ângulo de incidência está mostrado pela Figura 3.6.

0 20 40 60 80 1000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

Ren

dim

ento

óp

tico

Ângulo de incidência (°)

Figura 3.6 Rendimento óptico para diferentes ângulos de incidência

O polinômio do modificador de ângulo de incidência age até 80°. Depois de 85°, o

rendimento cai para zero porque uma incidência maior que 85° ocorre quando o sol está

começando a nascer ou praticamente já se pôs, de modo que os raios não conseguem ser

redirecionados ao receptor com um ângulo tão grande. Até θ = 45°, o rendimento diminui 10%,

enquanto entre 60° e 45°, a queda chega a 15%. Portanto depois de 45° a redução no rendimento

é muito maior.

Considerando agora os efeitos de geometria do concentrador, primeiramente, é

calculada a menor distância em que deve ser posicionado os coletores para que cada coletor não

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faça sombra no seu vizinho. Em Campinas a inclinação máxima do coletor ocorre para a

declinação de 23.45° no dia 21 de junho, quando o sol está no trópico de câncer. Nesse caso, a

menor distância entre os coletores, para que não haja sombreamento, deve ser de 2,9 m, para o

comprimento de 6,0 m e a largura de 2,0 m e não depende do ângulo de abertura.

Os outros dois efeitos de geometria calculados são o efeito de extremidade e a sombra

devido as anteparas com vista no cálculo da área de abertura efetiva do concentrador. Essa área

depende do ângulo de abertura e do ângulo de incidência do sol. A razão entre a área efetiva de

abertura pela área total para diferentes ângulos de abertura em diferentes ângulos de incidência

está mostrada na Figura 3.7.

0 20 40 60 80 100

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Razão d

a á

rea e

feti

va d

e a

bert

ura

pela

áre

a t

ota

l

Ângulo de incidência (°)

Ângulo de abertura (°)

10

30

50

70

90

110

130

Figura 3.7 Razão da área efetiva de abertura pela área total para diferentes ângulos de abertura

em diferentes ângulos de incidência

As maiores áreas efetivas de abertura ocorrem para os ângulos de 110° e 130°, mas a

diferença entre esses e o ângulo de 90° não é muito significante até o ângulo de incidência de

65°. Pode-se observar também que para os ângulos de incidência maiores que 75°, não há mais

área efetiva de abertura para o ângulo de abertura de 30°.

Para achar o rendimento óptico total, os resultados mostrados na Figura 3.6 são

multiplicados pelos resultados mostrados na Figura 3.7 e esse resultado é mostrado na Figura

3.8.

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0 20 40 60 80 100

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

Ren

dim

ento

ópti

co t

ota

l

Ângulo de incidência (°)

Ângulo de abertura (°)

10

30

50

70

90

110

130

Figura 3.8 Rendimento óptico total para diferentes ângulos de abertura em diferentes ângulos

de incidência

O maior rendimento óptico total continua sendo para os ângulos de abertura de 110° e

de 130°, mas a diferença desses rendimentos para o rendimento do ângulo de abertura de 90° é

menor que o mostrado na Figura 3.7. Para os ângulos de incidência maiores que 80° não existe

mais rendimento óptico, logo, o óptico total também é nulo.

Uma aproximação numérica da distribuição do fluxo de radiação utilizando um método

estatístico foi determinada. Para verificar a precisão dessa aproximação, foi simulado um

coletor com concentrador parabólico ideal, com concentração geométrica igual a 20, ângulo de

abertura igual a 90° e θsol = 0.0075 rad, que foram os dados utilizados por Jeter (1986). O

resultado da simulação do presente modelo é comparado ao resultado analítico obtido por ele e

essa comparação é mostrada na Figura 3.9.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800

10

20

30

40

50

LC

R

Ângulo do receptor (°)

Presente (Numérico)

Jeter (Analítico)

Figura 3.9 Validação do numérico

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Comparando a aproximação numérica com o resultado analítico, as duas curvas seguem

a mesma tendência e os valores para ambas curvas são bem próximos, o que indica que o código

atual é confiável. Havendo apenas uma pequena divergência próximo ao ângulo de 0° no

receptor, devido a região ficar logo acima da região sombreada do concentrador pelo receptor.

A fim de comparar o LCR para diferentes ângulos de abertura, mantendo a concentração

geométrica igual a 20, com o mesmo comprimento de 6 m e largura de 2 m, as aproximações

numéricas são mostradas na Figura 3.10.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800

10

20

30

40

50

60

70

80

LC

R

Ângulo do receptor (°)

Ângulo de abertura (°)

15

30

45

60

75

90

Figura 3.10 LCR para diferentes ângulos de abertura

Para pequenos ângulos de abertura, o LCR atinge números maiores em áreas menores,

e para ângulos de abertura maiores, o LCR atinge uma área maior do absorvedor. Embora o

LCR total é praticamente o mesmo para todos os ângulos de abertura, porque foram calculados

com a mesma concentração geométrica, para o ângulo de 90°, a distribuição é mais uniforme

em comparação com os ângulos menores. A Figura 3.10 mostra também que todas as curvas

têm quatro partes significantes, na primeira a concentração não é muito grande, pois o receptor

faz sombra no concentrador. Na segunda a concentração cresce até um pico, que varia de ângulo

para ângulo, já na terceira, a concentração cai rapidamente e a última parte é a região onde o

concentrador não consegue redirecionar os raios, então ela recebe apenas a radiação diretamente

do sol e, portanto, o LCR é igual a 1 nessa região.

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46

4 MODELAGEM MATEMÁTICA

4.1 Introdução

A análise térmica foi dividida nos capítulos 4, 5 e 6. As equações governantes e

condições de contorno do sistema, bem como o balanço de energia, rendimento e trocas de calor

entre os componentes do coletor e o ambiente serão mostrados neste capítulo.

A Figura 4.1 mostra as secções transversal e meridiana do tubo evacuado e as medidas

dos seus componentes.

Figura 4.1 Secções transversal e meridiana do tubo evacuado

As simplificações assumidas nesse capitulo estão listadas abaixo.

• Fluxo de radiação é considerado uniforme na direção axial do receptor, para o

problema ser resolvido de forma bidimensional, desprezando variações em β,

mostrado na Figura 4.1. Como visto na seção 3.6, isso não ocorre, porém, o ângulo

de abertura do concentrador em que essa distribuição de fluxo é mais uniforme é o

de 90°. Devido a essa simplificação, a temperatura de saída deve ser calculada como

uma temperatura média de mistura.

• Perdas por condução e convecção nos finais dos coletores são desprezadas.

• O sistema entra em regime permanente a cada hora, a incidência de sol utilizada

como condição de contorno é a média em intervalos de uma hora.

• O receptor e o absorvedor são cilindros concêntricos e entre eles há vácuo, então as

perdas do absorvedor por condução e convecção para o ambiente são desprezadas.

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• O fluido de trabalho entra no coletor a uma temperatura constante. É uma

simplificação razoável, visto que, num sistema de energia solar, esse fluido vem de

um armazenador.

• As propriedades do fluido de trabalho variam apenas com a temperatura local.

• A radiação difusa do céu é isotrópica.

Outras considerações não citadas aqui serão comentadas quando forem usadas.

4.2 Balanço de energia

Para fazer o balanço de energia do coletor, é necessário levar em conta os ganhos, as

perdas e as transferências de energia entre os componentes do coletor. O balanço de energia do

envelope de vidro é dado pela Eq. (4.1), (SINTALI et al., 2014).

dt

dTcpmqqqAqAq env

envenvconvcéuradenvacradenvenvsolradenv ,,, "" (4.1)

Onde αenv é a absortividade do envelope, q”rad,sol é a taxa de radiação global que vem do

sol por área, Aenv é a área do envelope, ρ é a refletividade do concentrador, q”rad,c é a taxa de

radiação direta que foi redirecionada pelo concentrador por área, A é a área do concentrador,

qa↔env é taxa líquida de transferência de calor entre o absorvedor e o envelope, qrad,céu é a taxa

líquida de transferência de calor entre o envelope e o céu, qconv é a taxa de calor que o envelope

perde por convecção para o ar, menv é massa do envelope de vidro, cpenv é o calor específico do

vidro e dtdTenv é a taxa de variação de temperatura do vidro.

O balanço de energia do absorvedor é dado pela Eq. (4.2), (SINTALI et al., 2014).

dt

dTcpmqqAqAq a

aafluidoconvenvacradacasolradaenv ,,, "" (4.2)

Onde τenv é a transmitância do envelope de vidro, αɑ é a absortividade do absorvedor, Aɑ

é a área do absorvedor, qconv,fluido é a taxa de calor que o absorvedor perde por convecção para

o fluido de trabalho, mɑ é massa do absorvedor, cpɑ é o calor específico do absorvedor e dtdTa

é a taxa de variação de temperatura do absorvedor.

E finalmente, o balanço de energia do fluido de trabalho é dado por, (SINTALI et al.,

2014):

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48

dt

dTcpmqq

f

ffambconvcondfluidoconv ,/, (4.3)

Onde qcond/conv,amb é a taxa de calor que o fluido de trabalho perde por condução e

convecção para o ambiente, ṁf é a vazão mássica do fluido de trabalho, cpf é o calor específico

do fluido de trabalho e dtdT f é a taxa de variação de temperatura do fluido de trabalho.

A troca de energia entre o fluido de trabalho e o absorvedor e as perdas de energia do

fluido de trabalho para o ambiente são calculadas diretamente pelo código numérico detalhado

no próximo capitulo. As outras quantidades de calor serão detalhadas a seguir.

4.2.1 Incidência de radiação solar

A incidência de radiação solar chega ao envelope de forma direta e indireta. A radiação

que chega diretamente do sol é a radiação global, e a radiação indireta vem do concentrador,

que redireciona os raios apenas da radiação direta. Então temos que:

t

IRI

n

LCRq dbbsol

solrad

," (4.4)

Onde LCRsol é a distribuição do fluxo de radiação que vem diretamente do sol, n é o

número de segmentos que o absorvedor foi dividido, Ib é a fração de radiação direta em um

intervalo de tempo, Rb é a razão entre a incidência de radiação em uma superfície inclinada e

em uma superfície horizontal, Id é a fração de radiação difusa em um intervalo de tempo e Δt é

o intervalo de tempo.

t

RI

n

LCRq bbc

optcrad

," (4.5)

Onde ηopt é o rendimento óptico do concentrador e LCRc é a distribuição do fluxo de

radiação que vem do concentrador.

t

RII

n

LCR

t

RI

n

LCRq bbdsolbbc

opttotalrad

," (4.6)

Onde q”rad,total é soma da taxa de radiação que vem diretamente do sol e a taxa de

radiação que vem do concentrador.

Para calcular o fluxo de radiação que incide sob o concentrador e o fluxo que incide

diretamente no absorvedor, é utilizada a aproximação numérica da distribuição do fluxo de

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49

radiação (LCR) apresentada no capítulo anterior. A quantidade de fluxo de calor que incide em

todos os segmentos em que o receptor é dividido é somada e dividida pela quantidade de

segmentos, com o objetivo de obter uma média de fluxo de calor ao redor do receptor. Foram

utilizados dois vetores para contar os raios que atingem o absorvedor, um conta os que vieram

diretamente do sol e o outro os que foram redirecionados pelo concentrador.

Primeiramente, foi analisada a radiação que chega ao absorvedor pelo concentrador.

Para estimar a média de radiação direta por hora em uma superfície inclinada, é feita a

aproximação da radiação para intervalos de uma hora. Essa aproximação é feita a partir dos

valores da radiação global diária média mensal em uma superfície horizontal, GHI, obtidos no

site SWERA (INPE alta resolução, acesso em 15 de fevereiro de 2017) para Campinas. Os

valores da radiação retirados do site e sua conversão de unidade estão mostrados na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 Radiação global diária média mensal em uma superfície horizontal

Mês Radiação GHI (kWh/m²) H (MJ/m²)

Janeiro 6,728 24,2208

Fevereiro 6,454 23,2344

Março 5,495 19,7820

Abril 5,497 19,7892

Maio 4,493 16,1748

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

3,424

4,270

4,725

5,700

6,828

6,636

5,892

12,3264

15,3720

17,0100

20,5200

24,5808

23,8896

21,2112

Para dividir a radiação em intervalos de uma hora foi criada uma variável t, que varia

de 1 a 24. A Tabela 4.2 mostra os intervalos que t representa.

Tabela 4.2 Intervalo de tempo de hora em hora

Intervalo t Intervalo t Intervalo t Intervalo T

00-01h 1 06-07h 7 12-13h 13 18-19h 19

01-02h 2 07-08h 8 13-14h 14 19-20h 20

02-03h 3 08-09h 9 14-15h 15 20-21h 21

03-04h 4 09-10h 10 15-16h 16 21-22h 22

04-05h 5 10-11h 11 16-17h 17 22-23h 23

05-06h 6 11-12h 12 17-18h 18 23-00h 24

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50

O ângulo da hora, ωh(t), é o deslocamento angular do sol a leste ou a oeste do meridiano

local devido à rotação da terra em seu eixo. Esse ângulo varia em 15° por hora, pela manhã é

negativo, ao meio dia é 0° e pela tarde é positivo. A declinação do sol é calculada pela Eq. (3.6)

e a inclinação do sol pela Eq. (3.7) do capítulo anterior.

Foi calculada a razão entre a radiação média em uma hora e a radiação média diária.

Essa razão é utilizada para calcular a radiação incidente aproximada em um intervalo de hora.

Essa razão é calculada pela seguinte equação, (COLLARES-PEREIRA; RABL, 1979):

s

s

s

s

t

sen

ttbatr

cos180

cos)(cos)(cos

24

(4.7)

Onde ω(t) é o ângulo do meio do intervalo de t, ωs é o ângulo de pôr do sol e ɑ e b são

dados por:

0,409 0,5016 60sa sen (4.8)

0,6609 0,4767 60sb sen (4.9)

E o ângulo do pôr do sol é calculado por (DUFFIE; BECKMAN, 2013):

tgtgs cos (4.10)

Onde ϕ é a latitude e δ é o ângulo de declinação do sol.

E finalmente a aproximação da média de radiação global para o intervalo de t é calculada

por:

trHtI t. (4.11)

O concentrador só consegue redirecionar a radiação direta para o receptor, portanto, é

necessário separar a parcela de radiação direta da radiação global. Para isso, as seguintes

equações são necessárias:

)()()( tItItI db (4.12)

sensentt

tsentsen

nGtI

hh

hh

sco

.180

)()1()()1(coscos

365

360cos033,01

360012)(

(4.13)

Onde Io(t) é a radiação extraterrestre (radiação antes de atingir a atmosfera) em uma

superfície horizontal em um intervalo de uma hora, n é o dia do ano e Gsc é uma constante solar

extraterreste igual a 1367 W/m², (DUFFIE; BECKMAN, 2013).

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51

)(

)()(

tI

tItk

o

T (4.14)

Onde kT(t) é o índice de claridade por hora.

As correlações entre kT e Id/I são, (Erbs, 1982):

2 3 4

1 0,09( )

0,9511 0,1604 4,388 16,638 12,336( )

0,165

T

dT T T T

kI t

k k k kI t

Para

Para

Para

8,0

8,022,0

22,0

T

T

T

k

k

k

(4.15)

Finalmente, temos uma aproximação da radiação direta por hora em uma superfície

inclinada:

t

tRtItG bb

c

)()(

)( (4.16)

Onde a razão entre a incidência de radiação em uma superfície inclinada e em uma

superfície horizontal durante um intervalo de tempo pode ser aproximada por, (DUFFIE;

BECKMAN, 2013):

b

atRb )( (4.17)

Onde ɑ é:

)()1(coscoscoscoscos

)(cos)1(coscos

180

)()1(coscoscos

tsentsensensen

ttsensen

ttsensensensena

hh

hh

hh

(4.18)

Onde γ é o ângulo de azimute e β é o ângulo de inclinação do coletor.

E o valor de b é calculado por:

180

)()1()()1(coscos

ttsensentsentsenb hh

hh

(4.19)

A Figura 4.2 mostra a média de radiação direta por hora em uma superfície inclinada para

o dia representativo de cada mês para Campinas.

O mês de dezembro é o mês com a radiação direta mais baixa, porque o valor da radiação

média global retirado do site SWERA para esse mês é baixo comparado com a radiação

extraterrestre para esse mês, por ser um mês de transição entre a primavera e o verão no

hemisfério sul, o que significa que boa parte da radiação foi espalhada ao atingir a atmosfera

causando uma porcentagem de radiação direta mais baixa que os outros meses. A razão entre a

incidência de radiação direta em uma superfície inclinada e em um plano horizontal é maior

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52

nos meses de inverno, o que acaba aumentando a radiação para esses meses em relação a

radiação em uma superfície horizontal.

6 8 10 12 14 16 180

100

200

300

400

500

600

700

800

Méd

ia d

e r

ad

iaça

o d

ire

ta e

m u

ma

su

pe

rfic

ie inclin

ad

a (

W/m

²)

Hora

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Figura 4.2 Média de radiação direta por hora em uma superfície inclinada para o dia

representativo de cada mês para Campinas

Por fim, temos uma aproximação da radiação global por hora em uma superfície

inclinada:

t

tItRtItG dbb

sol

)()()()( (4.20)

A Figura 4.3 mostra a média de radiação difusa por hora para o dia representativo de cada

mês para Campinas.

6 8 10 12 14 16 18

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Méd

ia d

e r

adia

çao d

ifusa (

W/m

²)

Hora

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Figura 4.3 Média de radiação difusa por hora para o dia representativo de cada mês para

Campinas

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53

Como já comentado sobre a figura anterior, a radiação global do mês de dezembro foi

bem abaixo do que a radiação extraterrestre para esse mês, ocasionando em uma alta

porcentagem na radiação difusa, consequentemente, esse mês se destaca como a maior média

de radiação difusa, seguidos pelos meses de janeiro, fevereiro, março e novembro que têm

curvas bem parecidas e próximas entre si. Julho é o mês com a menor média radiação difusa.

4.2.2 Troca de calor por radiação entre superfícies

Além da incidência de radiação solar, temos também a troca de calor por radiação entre

o envelope e o céu, e entre o envelope e o absorvedor.

Para a troca de calor com o céu, é utilizada a Eq. (4.21), (SINTALI et al., 2014).

44

," céuenvenvcéurad TTq (4.21)

Onde εenv é a emissividade do envelope, σ é a constante de Stefan-Boltzzmann e é igual

a 5,6697.10-8 W/m²K4, Tenv é a temperatura do envelope e Tcéu é a temperatura do céu.

Onde a temperatura do céu é calculada por, (GARCÍA-VALLADARES; VELÁZQUEZ,

2009):

5.1.0552,0 ambcéu TT (4.22)

Onde Tɑmb é a temperatura ambiente.

Para a troca de calor entre o envelope e o absorvedor foram feitas algumas

considerações. Como o comprimento dos cilindros é muito maior que o espaçamento entre eles,

podemos tratar esse problema como cilindros infinitos, ou seja, toda a radiação líquida que

deixa uma superfície alcançará a outra e vice e versa. Considera-se também que a emissividade

das superfícies não varia com a temperatura. Também foi considerada uma troca de calor média

entre esses dois componentes, e que as temperaturas utilizadas para o cálculo são médias de

temperaturas da superfície do absorvedor e da superfície do envelope, calculadas pelo código

numérico detalhado no próximo capítulo a cada iteração.

Kreith e Bohn (2003) demonstram o cálculo do fator de forma e da taxa líquida de

transferência de calor entre dois cilindros concêntricos com superfícies cinzentas e

infinitamente longos.

envenvenvaaa

envaAA

F

111

1 (4.23)

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54

Onde Fa-env é o fator de forma entre o envelope e o absorvedor e εɑ é emissividade do

absorvedor.

44

envaenvaaenva TTFAq (4.24)

Onde aT é a temperatura média do absorvedor e envT é a temperatura média do

envelope.

4.2.3 Convecção externa do ar

Para finalizar o balanço de energia, a última quantidade de calor que será detalhada será

a convecção externa do ar que passa por fora do receptor, devido a uma velocidade do vento no

ambiente onde o coletor está instalado. A Eq. (4.25) mostra a quantidade de calor perdida pelo

envelope por convecção, (SINTALI et al., 2014):

ambenvarenvconv TThAq (4.25)

Para estimar o coeficiente de convecção médio, foi utilizado os valores de velocidade

de vento médios para 10 m de altura por hora retirados do site Weather Spark para os dias

representativos de cada mês em Campinas. A Tabela 4.3 mostra esses valores.

Tabela 4.3 Velocidade do vento em km/h

h Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

7 10,52 10,04 10,85 10,8 10,47 10,68 11,68 12,65 14,44 13,8 12,44 11,66

8 11,92 11,12 11,83 12,18 11,78 11,9 13,09 14,07 16,08 15 14,11 13,16

9 12,63 11,7 11,92 12,13 12,07 12,29 13,51 14,13 15,91 15,06 14,64 13,69

10 13,1 11,92 11,7 11,82 12,11 12,34 13,56 13,76 15,26 14,46 14,29 13,69

11 13,05 11,74 11,29 11,24 11,92 12,54 13,56 13,17 14,44 13,73 13,57 13,32

12 12,96 11,47 10,89 10,84 11,64 12,39 13,35 12,7 14,09 13,43 13,15 13,1

13 12,77 11,16 10,71 10,84 11,6 12,29 13,19 12,65 14,21 13,49 13,1 13,05

14 12,54 10,94 10,62 10,84 11,55 12,1 13,09 12,59 14,44 13,67 13,27 13,1

15 12,25 10,62 10,54 10,89 11,22 11,51 12,62 12,43 14,5 13,86 13,51 13,05

16 11,88 10,27 10,22 10,36 10,19 9,707 10,99 11,53 14,39 13,98 13,75 13,1

17 11,36 9,643 9,554 9,289 8,685 8,293 9,529 10,32 13,22 13,8 13,81 13,05

Para saber a velocidade correspondente a uma altura de 2 m, na qual seria instalado o

coletor, temos, (MUNHOZ; GARCIA, 2008):

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55

143,0

2

1

2

1

z

z

U

U (4.26)

Onde U1 é a velocidade na altura z1 e U2 é a velocidade na altura z2.

O número de Nusselt médio global para o caso de escoamento externo em um cilindro

pode ser calculado por, (INCROPERA et al., 2008):

31

PrRem

DD Ck

DhNu (4.27)

Onde h é o coeficiente convectivo médio, D é o diâmetro do envelope, k é o coeficiente

de condução, C e m são constantes iguais a 0,193 e 0,618, respectivamente, validas para

Reynolds de 4.000 a 40.000 (INCROPERA et al., 2008), ReD é o número de Reynolds e Pr é o

número de Prandt.

E Reynolds é:

VDD Re (4.28)

Onde V é a velocidade do ar e ν é a viscosidade cinemática.

Pela Tabela 4.3, podemos ver que o mês de setembro é aquele com a maior média de

velocidade de vento, e a menor média ocorre em março. A Figura 4.4 mostra os valores médios

do coeficiente de convecção para esses dois meses, em um tubo de diâmetro externo igual a

0,125 m e 0,115 m.

8 10 12 14 16

11,5

12,0

12,5

13,0

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

Co

eficie

nte

co

nvectivo

(W

/m²K

)

Hora

Mar, Dext = 0,125

Mar, Dext = 0,115

Set, Dext = 0,125

Set, Dext = 0,115

Figura 4.4 Coeficiente convectivo médio por hora para setembro e março

O aumento no diâmetro externo do tubo diminui o coeficiente convectivo, por outro

lado, aumenta a área exposta ao escoamento do ar. Como as maiores médias de velocidade

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56

foram para o mês de setembro e as menores para o mês de março, os coeficientes convectivos

dos outros meses estão entre os coeficientes convectivos desses meses.

Uma boa aproximação da temperatura ambiente por hora pode ser calculada com os

valores de temperatura máxima e mínima do dia, (HENRÍQUEZ, 2002).

minmaxmax100

TTf

TtTamb (4.29)

Onde f é a porcentagem de temperatura mínima e seus valores por hora estão mostrados

na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 Variação de temperatura no dia Fonte: ASHRAE (2001)

Hora f Hora F Hora f Hora f

1 87 7 93 13 11 19 34

2 92 8 84 14 3 20 47

3 96 9 71 15 0 21 58

4 99 10 56 16 3 22 68

5 100 11 39 17 10 23 76

6 98 12 23 18 21 24 82

Por fim, os valores de temperaturas máximas e mínimas de Campinas também foram

retirados do site Weather Spark, que fez uma análise estatística das temperaturas no período de

1980 a 2016, e estão mostrados na Tabela 4.5.

Tabela 4.5 Temperaturas máximas e mínimas por mês

Temperatura

(°C) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Max 29 29 29 27,5 25 24 24 26 27 28 28 28,5

Min 20 20 19 18 15 13 13 14 15,5 17 18 19

4.2.4 Rendimento térmico

Para calcular o rendimento do coletor, é necessário estimar as perdas totais térmicas do

coletor, que é a soma das perdas térmicas de cada parte para o ambiente (SINTALI et al., 2014).

aambconvcondenvconvenvcéuradperdas AqAqAqQ ,/, """ (4.30)

O rendimento pode ser calculado como (SINTALI et al., 2014):

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57

Aq

Q

totalrad

perdas

aliS

,

int"

1 (4.31)

Onde ηSintali é o rendimento térmico calculado por Sintali et al. (2014).

Dessa forma, todo o calor recebido pelo coletor é levado em consideração. Porém, para

fornecer energia para o sistema de refrigeração, o importante é o calor que o fluido ganhou

desde a entrada do coletor até o final dele.

Aq

TTcpm

totalrad

fefsff

t

,

,,

"

(4.32)

Onde ηt é o rendimento térmico utilizado nesse trabalho e Ts,f e Te,f são as temperaturas

de saída e entrada do fluido de trabalho respectivamente.

4.3 Equações governantes e condições de contorno

O sistema de equações do modelo foi resolvido de forma bidimensional, com variações

no raio e no comprimento do tubo, ou seja, as variações na direção axial serão desconsideradas.

Para poder fazer essa consideração, foi calculada uma média de fluxo de calor mostrada na

seção 4.2.1. Também será considerado que o sistema entra em regime permanente a cada hora

e não há geração interna de calor. Para o cálculo do escoamento do fluido de trabalho temos:

Equação de conservação de massa:

0

r

v

x

u (4.33)

Equação da quantidade de movimento em x:

x

p

r

ur

rrx

u

r

uv

x

uu

12

2

(4.34)

Equação da quantidade de movimento em r:

r

p

r

vr

rrr

v

x

v

r

vv

x

vu

122

2

(4.35)

Para o cálculo da transferência de calor:

Equação de energia:

r

T

c

kr

rrx

T

c

k

xr

Tv

x

Tu

pp

1 (4.36)

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58

Totalizando quatro equações governantes.

Por motivos de simetria, apenas metade da seção meridiana do tubo evacuado foi

considerada para a análise das condições de contorno. A Figura 4.5 mostra as condições de

contorno nos componentes do tubo evacuado.

Figura 4.5 Metade da secção meridiana do tubo evacuado com condições de contorno

As condições de contorno de transferência de calor apresentadas a seguir serão tratadas

como termo fonte do volume de controle interno mais próximo da interface. O vácuo é

considerado como meio não participante na troca de calor por radiação entre o envelope e o

absorvedor, também são desconsideradas as perdas de calor do absorvedor e do envelope por

condução e convecção na região de vácuo.

Condições de contorno do envelope:

Na fronteira norte, temos troca de calor por radiação com o céu, perda de calor por

convecção natural do vento e incidência de radiação solar. Na fronteira sul temos troca de calor

com o absorvedor. E nas fronteiras leste e oeste as laterais são consideradas adiabática.

Não existe escoamento ao longo da espessura do envelope, ou seja, para o raio no

intervalo de Renv,i ≤ r ≤ Renv,e, as velocidades tanto na direção x quanto na direção r são nulas,

para que isso aconteça, foi colocada uma viscosidade muito grande para o vidro no código

(1035).

u(x,r) = 0 e v(x,r) = 0 para Renv,i ≤ r ≤ Renv,e em todo o vidro.

Fronteira norte:

4

,

4

,,

,Re

,," céueenvenvambeenvtotalradenv

envr

TRxTTRxThqr

Tk

(4.37)

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59

Fronteira sul:

ienv

ea

env

env

a

envaa

invr

R

R

TTA

r

Tk

,

,

44

,Re 11

(4.38)

Fronteira oeste:

00

xx

T (4.39)

Fronteira leste:

0

Lxx

T (4.40)

Condições de contorno do absorvedor:

Na fronteira norte temos troca de calor com o envelope e a incidência de radiação solar

que foi transmitida através do vidro. Na fronteira sul está o escoamento do fluido, a interface

fluido e tubo do absorvedor é calculada pelo programa. E nas fronteiras leste e oeste as laterais

são consideradas adiabática. Assim como no envelope, não existe escoamento ao longo da

espessura do tubo, pois ele é de aço inox, ou seja, para Ra,i ≤ r ≤ Ra,e, as velocidades tanto na

direção x quanto na direção r são nulas, para que isso aconteça, foi colocada uma viscosidade

muito grande para o vidro no código (1035).

u(x,r) = 0 e v(x,r) = 0 para Ra,i ≤ r ≤ Ra,e, pois não há escoamento ao longo da espessura

do tubo.

Fronteira norte:

totalradaenv

ienv

ea

env

env

a

envaa

eRar

q

R

R

TTA

r

Tk ,

,

,

44

,

"11

(4.41)

Fronteira oeste:

00

xx

T (4.42)

Fronteira leste

0

Lxx

T (4.43)

Condições de contorno do fluido de trabalho:

Na fronteira norte está o tubo do absorvedor, a interface fluido e tubo do absorvedor é

calculada pelo programa. A fronteira sul é uma região de simetria e nas fronteiras leste e oeste

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60

as laterais do tubo são consideradas adiabática e a temperatura de entrada do fluido de trabalho

é constante. A velocidade de entrada na direção x do fluido de trabalho na fronteira oeste é

considerada uniforme e constante, por ser um cilindro longo na direção x em relação ao

diâmetro, o erro dessa consideração é pequeno, já na direção r é nula. Na saída do tubo, na

fronteira leste, considera-se que o escoamento está completamente desenvolvido, portanto não

haverá variação na componente de velocidade em x na direção x, a mesma consideração é feita

para a componente de velocidade em r. Na fronteira sul, há simetria para a velocidade na direção

x, e a componente de velocidade na direção r é nula.

Fronteira sul:

00

rr

Tk (4.44)

v(x,0) = 0 (4.45)

00

yx

u (4.46)

Fronteira oeste:

00

xx

T (4.47)

T(0,r) = Te para r ≤ Ra,i (4.48)

u(0,r) = ue e v(0,r) = 0 para r ≤ Ra,i (4.49)

Fronteira leste:

0

Lxx

T (4.50)

0

Lxx

u (4.51)

0

Lxr

v (4.52)

As condições de contorno de transferência de calor que foram apresentadas foram

tratadas como termo fonte no volume de controle interno mais próximo da interface. A condição

de contorno da fronteira norte do envelope tem um termo não linear, que é a troca de radiação

com o céu. Esse termo deve ser linearizado, para evitar que a variável que aparece no termo

fonte seja a própria variável que está sendo calculada.

Os termos fontes devem ser do tipo (MALISKA, 2004):

CPP STSS (4.53)

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61

Onde S é o termo fonte, SP é o coeficiente angular do termo fonte, SC é o coeficiente

linear e TP é a temperatura interna do volume de controle. Além disso, o coeficiente angular do

termo fonte deve ser negativo para garantir realismo físico.

O método de linearização recomendado pelo Patankar (1980) é:

TT

dT

dSSS (4.54)

Onde T* é a temperatura na iteração anterior e S* é o termo fonte em função da

temperatura da iteração anterior. Essa linearização tangencia S em T*.

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62

5 MODELAGEM NUMÉRICA

5.1 Introdução

Neste trabalho, o método de volumes finitos foi usado para discretizar as equações

governantes em uma malha bidimensional. Este capítulo apresenta a discretização das

equações, uma breve explicação do funcionamento do algoritmo de solução e a validação do

código com resultados numéricos e experimentais presentes na literatura.

5.2 Equações discretizadas

Todas as equações governantes do capítulo anterior são equações de transporte. Elas

podem ser escritas em um formato geral mostrado a seguir:

SVt

(5.1)

Onde ρ é densidade, ϕ é a variável da equação, Γ é o coeficiente difusivo, V é a

velocidade e S é o termo fonte.

A discretização das equações é feita para resolver em partes discretas algo contínuo. O

método de volumes de controle divide o domínio em vários volumes de controle, cada volume

tem um ponto nodal interno centralizado e os volumes das fronteiras do domínio também têm

pontos nodais nas fronteiras. Por ser uma malha bidimensional, ela só possui um volume na

direção axial, no caso do presente modelo, ele possui apenas 1 rad de comprimento, como

mostrada na Figura 5.1. Para os cálculos de rendimento, é necessário multiplicar a área por 2 π.

Figura 5.1 Volume de controle na direção axial

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63

Uma representação de um volume de controle e seus vizinhos dentro de uma malha

bidimensional nas outras duas direções está mostrada na Figura 5.2.

Figura 5.2 Discretização bidimensional Fonte: Paula (2017) adaptado pela autora

Para que as equações algébricas aproximadas relacionem uma variável dependente ϕ de

um ponto nodal com seus vizinhos essa equação será integrada em cada volume de controle

interno da malha. O problema desse trabalho será resolvido em regime permanente, portanto o

termo transitório será desconsiderado e os outros termos não serão integrados no tempo. Não

há também geração de energia interna. Cada termo é integrado separadamente.

VCVC

dVdVV

(5.2)

Separando o termo difusivo:

01

dV

rr

rrdV

xxVCVC

(5.3)

Onde o volume do volume de controle é:

1 rxV (5.4)

Integrando no volume de controle por um perfil linear por partes, temos a equação

discretizada do termo difusivo:

0

x

rr

rrr

xx s

SPss

n

PNnn

o

OPo

l

PLl

(5.5)

Essa equação pode ser escrita na forma:

SSNNOOLLPP DDDDD (5.6)

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64

Sendo os coeficientes difusivos da equação generalizada iguais a:

n

nnN

r

xrD

(5.7)

s

ssS

r

xrD

(5.8)

l

lL

r

rD

(5.9)

o

oO

r

rD

(5.10)

OLSNP DDDDD (5.11)

Separando o termo convectivo:

0

dV

r

vdV

x

u

VCVC

(5.12)

Adotando um perfil linear por partes para a variável ϕ e integrando no volume de

controle, temos a equação discretizada do termo convectivo:

0 xuuruu snol (5.13)

Essa equação pode ser escrita na forma:

0 ssnnooll FFFF (5.14)

Sendo os coeficientes convectivos da equação generalizada iguais a:

nn vF (5.15)

ss vF (5.16)

ll uF (5.17)

oo uF (5.18)

As velocidades u e v calculadas são correspondentes as das interfaces dos volumes de

controle. Isso ocorre porque a discretização do gradiente de pressão presente nas equações de

quantidade de movimento quando feita na malha principal, pode ocasionar uma estimativa que

não é real, então o campo de pressão é calculado nas interfaces. As malhas utilizadas para os

cálculos das velocidades na direção x, na direção r e o gradiente de pressão estão mostradas nas

Figuras 5.3(a) e 5.3(b) respectivamente. Nessas figuras, a área hachurada é o volume da malha

principal e os pontos é onde são armazenadas as velocidades.

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65

Figura 5.3 Malha deslocada (a) na direção x (b) na direção y Fonte: Patankar (1980) adaptado pela autora

Juntando novamente os dois termos, a formulação geral da equação discretizada é:

SSNNWWEEPP aaaaa (5.19)

A variável ϕ na Equação (5.13) é na interface do volume de controle, porém essa variável

é armazenada nos nós internos do volume, como é mostrado na Equação (5.19), por isso, é

necessário fazer uma interpolação para calcular qual seria o valor dela dentro do volume. Na

literatura existem diversos esquemas de solução numérica que podem ser utilizados para fazer

essa interpolação. Nesse trabalho, foi escolhido o esquema polinomial ou Power-Law, porque

ele permite uma boa aproximação da solução exata. Os coeficientes generalizados da equação

discretizada são:

0,nnnN FPADa (5.20)

0,sssS FPADa (5.21)

0,lllL FPADa (5.22)

0,oooO FPADa (5.23)

OLSNP aaaaa (5.24)

Onde P é o número de Peclet e é dado por:

D

FP (5.25)

Para o esquema polinomial temos que:

Para P ≥ 0:

51,01,0 PPA (5.26)

E para P < 0:

51,01, PPPA (5.27)

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66

5.3 Algoritmo de solução

Por se tratar de um escoamento incompressível, o Semi-Implicit Method for Pressure-

Linked Equations (SIMPLE) é o algoritmo usado nesse trabalho para calcular o campo de

velocidades e o campo de pressão. Esse algoritmo calcula o campo de velocidades utilizando

as equações de quantidade de movimento e equação da continuidade a partir de um campo de

pressão e de velocidades inicial qualquer. Um campo de correções de pressão é calculado a

partir da equação da continuidade, sendo esse utilizado para corrigir a pressão e o campo de

velocidades. Então o algoritmo calcula as outras variáveis se houver, nesse caso tem mais uma

variável que é a temperatura. Sua operação está detalhada em Patankar (1980). O sistema de

equações é resolvido utilizando o método de matriz tridiagonal, mais conhecido como TDMA.

A Figura 5.4 mostra o diagrama do algoritmo de solução desenvolvido nesse capítulo.

Figura 5.4 Diagrama do algoritmo de solução

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67

Existem 3 malhas no programa. A primeira tem pontos nodais internos do volume de

controle e nas fronteiras, ela é utilizada para armazenar as propriedades do volume e as

temperaturas calculadas. A segunda e a terceira são malhas deslocadas, elas armazenam as

velocidades em x e em y respectivamente, fazendo com que a velocidade calculada esteja na

interface de entrada de cada volume, mostradas na seção anterior.

O critério de convergência utilizado foi a verificação dos valores de velocidade e

temperatura para um ponto aleatório em todas as iterações. Além disso, o programa calcula um

termo fonte de vazão mássica para cada volume, e o valor máximo desse termo fonte (SMAX),

e a soma dos termos fonte de todos os volumes (SSUM) são verificados também. É considerado

que a simulação convergiu quando os valores de velocidade e temperatura para um ponto

aleatório se mantém sem alterações nos 5 primeiros algarismos significativos por pelo menos

metade das iterações e as grandezas do valor máximo do termo fonte de vazão mássica e do

somatório dos termos fonte de todos os volumes de controle sejam respectivamente 10-8 e 10-6

para a última iteração.

5.4 Teste de malha

Para escolher a malha principal, foram simuladas 5 diferentes malhas para uma vazão

de 4,1 L/min, dados de radiação, temperatura e velocidade do vento para o intervalo de 11-12h

para o mês de outubro, 2 m de largura e 4,06 m de comprimento, para o receptor comercial da

Schott PTR70 e temperatura de entrada de 60°C. Foram adotados também subrelaxações de

0,45 para a velocidade em x, 0,45 para a velocidade em r, 0,9 para a temperatura e 0,7 para a

pressão.

As malhas principais adotadas são regulares na direção x, já na direção r contém um

volume de vidro, cinco volumes de vácuo para garantir que não houve variação de temperatura

e nem velocidade em todo o domínio de vácuo, dois de absorvedor e será variado apenas a

quantidade de volumes de fluido de trabalho. Na malha 19x19 contém 11 volumes de fluido de

trabalho, na malha 30x30 contém 22 volumes, na malha 41x41 contém 33 volumes, na malha

52x52 contém 44 volumes e na malha 63x63 contém 55 volumes. Os resultados para a

temperatura média de saída estão mostrados na Tabela 5.1.

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Tabela 5.1 Teste de malha

Malha 19x19 30x30 41x41 52x52 63x63

Temperatura média de saída 104,38 104,46 104,53 104,56 104,58

Diferença percentual 0,077 0,066 0,030 0,015

A malha adotada para esse trabalho foi a 52x52, pois seu resultado é próximo o

suficiente da 63x63 com menos esforço computacional.

5.5 Validação

Para verificar a precisão do modelo numérico, foram feitas 8 simulações com os dados

experimentais obtidos por Dudley et al. (1994) para um PTC com vácuo no espaço entre o

absorvedor e o envelope, systherm 800 como fluido de trabalho, cermet como revestimento na

superfície do absorvedor de aço inox e ângulo de incidência zero. Outros parâmetros usados no

modelo estão mostrados na Tabela 5.2 e informações específicas de cada caso simulado estão

presentes na Tabela 5.3.

Tabela 5.2 Parâmetros usados para a validação

Caracterização Parâmetro do coletor

Comprimento / Largura 7,8 m / 5 m

Distância do foco 1,84 m

Da,i / Da,e 0,066 m / 0,07 m

Denv,i / Denv,e 0,115 m / 0,109 m

Absorvância do absorvedor 0,906

Emitânica do absorvedor

Emitânica do envelope

0,14

0,08

Refletividade do concentrador 0,93

Fator de interceptação 0,92

As propriedades do fluido de trabalho Syltherm 800 foram retiradas do manual de

informações técnicas do site do distribuidor Loikits. Curvas de tendência polinomial de 5° grau

em função da temperatura foram gerados utilizando o Oringin8 para a condutividade térmica,

densidade, viscosidade e a razão de condutividade térmica por calor específico e uma curva de

tendência linear também em função da temperatura foi gerada para o calor específico. E as

propriedades do aço inox foram retiradas do Handbook of Chemistry and Physics (2010).

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69

Tabela 5.3 Informações específicas de cada caso

Caso Ib

(w/m²)

Vazão

volumétrica

(L/min)

Velocidade

do vento

(m/s)

Tamb (°C) Te (°C)

1 933,7 47,7 2,6 21,2 102,2

2 968,2 47,8 3,7 22,4 151,0

3 982,3 49,1 2,5 24,3 197,5

4 909,5 54,7 3,3 26,2 250,7

5 937,9 55,5 1,0 28,8 297,8

6 880,6 55,6 2,9 27,5 299,0

7 903,2 56,3 4,2 31,1 355,9

8 920,9 56,8 2,6 29,5 379,5

As simulações desses casos foram comparadas também com o resultado numérico das

simulações de García-Valladares e Velázquez (2009), que também simularam esses casos de

Dudley et al. (1994) para a validação do modelo numérico.

A malha utilizada na simulação numérica para todos os casos está mostrada na Figura

5.5. Foram utilizados 19 volumes de controle em x, e 19 volumes de controle em r. Foi adotado

um volume de controle na direção r para o vidro, cinco para o vácuo para certificar que não

houve variação de temperatura e nem de velocidade em todo o vácuo, 2 para o aço inox e 11 no

fluido de trabalho, já na direção x a malha é uniforme.

Figura 5.5 Malha da simulação numérica para validação

Para o cálculo da variação de temperatura do fluido, as seguintes equações foram

utilizadas:

)( ,,

0

,,

,

fefe

Rr

r

fsfsf TmTmcpQic

(5.28)

ffe

fefscpm

QTTT

,

,,

(5.29)

A diferença entre os resultados da temperatura de saída do fluido de trabalho obtidos na

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simulação do presente trabalho e os resultados experimentais (DUDLEY et al., 1994), e a

diferença entre os resultados numéricos (GARCÍA-VALLADARES; VELÁZQUEZ, 2009) e

os resultados experimentais (DUDLEY et al., 1994) estão mostrados na Tabela 5.4.

Tabela 5.4 Comparação dos resultados da variação de temperatura

Caso

Dudley Ts

experimental

(°C)

Presente Ts

numérico

(°C)

García Ts

numérico

(°C)

Presente

diferença

ΔTs

García

diferença

ΔTs

1 124,0 123,78 123.45 0,22 0,55

2 173,3 173,28 173.94 0,02 0,64

3 219,5 219,53 219.17 0,03 0,33

4 269,4 269,26 268.89 0,14 0,51

5 316,9 316,78 316.65 0,12 0,25

6 317,2 316,9 316.61 0,30 0,59

7 374,0 374,42 374.3 0,22 0,30

8 398,0 398,02 398.33 0,02 0,33

A maior diferença na temperatura de saída da simulação do presente trabalho foi de

0,3°C para o caso 6 e a menor é de 0,02 para os casos 2 e 8.

Os resultados da variação de temperatura de saída e entrada do fluido de trabalho para

o presente trabalho e os outros dois está mostrada na Figura 5.6.

1 2 3 4 5 6 7 8

17

18

19

20

21

22

23 Dudley (Experimental)

Presente (Numérico)

García- Valladares (Numérico)

Var

iaçã

o d

e te

mp

erat

ura

(°C

)

Casos

Figura 5.6 Variação da temperatura em cada caso

Pela Figura 5.6 podemos observar que para todos os casos o resultado do presente

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71

numérico se aproximou mais do resultado experimental de Dudley et al. (1994) que o resultado

numérico de García-Valladares e Velázquez (2009).

A diferença percentual entre os resultados do rendimento obtidos na simulação do

presente trabalho e os resultados dos trabalhos já citados estão mostrados na Tabela 5.5 e na

Figura 5.7. A Tabela 5.5 também mostra a incerteza experimental para cada caso calculado por

Dudley et al. (1994).

Tabela 5.5 Comparação dos resultados do rendimento

Caso

Dudley ηth

experimental

(%)

Presente ηth

numérico

(%)

Garcia ηth

numérico

(%)

Dudley

incerteza

experimental

(±%)

Presente

diferença

percentual

ηth (%)

Garcia

diferença

percentual

ηth (%)

1 72,51 71,42 70,69 1,95 1,50 2,51

2 70,9 70,91 70,13 1,92 0,02 1,09

3 70,17 70,17 69,32 1,81 0,004 1,21

4 70,25 69,39 68,26 1,90 1,22 2,83

5 67,98 67,63 67,4 1,86 0,52 0,85

6 68,92 67,96 67,08 2,06 1,39 2,67

7 63,82 64,68 65,19 2,41 1,35 2,15

8 62,34 62,63 63,84 2,36 0,46 2,41

A maior diferença percentual do rendimento da simulação do presente trabalho é de

1,50% para o caso 1 e o menor é de 0,004% para o caso 3. Os presentes erros percentuais estam

dentro de todas as incertezas experimentais de Dudley et al. (1994).

100 150 200 250 300 350 400

62

64

66

68

70

72

74 Dudley (Experimental)

Presente (Numérico)

García- Valladares (Numérico)

Ren

dim

ento

(%

)

Temperatura de entrada (°C)

Figura 5.7 Rendimento por temperatura de entrada

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72

A Figura 5.7 mostra que para todas as temperaturas de entrada o rendimento da presente

simulação numérica também se aproximou mais do rendimento experimental de Dudley et al.

(1994) que o rendimento obtido pelo numérico de García-Valladares e Velázquez (2009).

Comparando os resultados nas Figuras 5.6 e 5.7 observa-se que os resultados da presente

simulação são muito próximos dos resultados experimentais de Dudley et al. (1994), pode-se

então afirmar que o modelo numérico do presente trabalho para o caso aqui validado é

confiável.

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73

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Introdução

Para finalizar a análise térmica do coletor, nesse capítulo apresenta uma comparação

entre três receptores comerciais. Esses receptores foram simulados para seis diferentes

concentradores, que são combinações de duas concentrações geométricas e três ângulos de

abertura diferentes, totalizando dezoito configurações de coletores. Além disso, será variada

uma condição de operação, as configurações de coletores serão simuladas para duas vazões. A

temperatura de entrada, o comprimento do coletor e o diâmetro do absorvedor não vão variar.

Os resultados apresentados são a temperatura média de saída e o rendimento térmico.

6.2 Resultados e discussões

As especificações dos receptores foram tiradas do site de cada fabricante e estão

mostrados na Tabela 6.1.

Tabela 6.1 Receptores

Parâmetro Schott PTR70 Siemens UVAC

2010 ASE HCEOI-12

Dimensão Comprimento 4,060 m 4,060 m 4,060 m

Absorvedor

Material Aço inox com

revestimento

Aço inox com

revestimento

Aço inox com

revestimento

Diâmetro 0,07 m 0,07 m 0,07 m

Espessura 2 mm 2 mm 2 mm

Absorbância α ≥ 0,955 α ≥ 0,96 α ≥ 0,96

Emitância ε ≤ 0,095 ε ≤ 0,09 ε ≤ 0,085

Envelope

Material

Vidro

borossilicato

com película

antirreflexo

Vidro

borossilicato com

película

antirreflexo

Vidro

borossilicato com

película

antirreflexo

Diâmetro 0,125 m 0,115 m 0,125 m

Espessura 3 mm 3 mm 3 mm

Transmitância τ ≥ 0,97 τ ≥ 0,964 τ ≥ 0,965

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74

O comprimento do concentrador é o mesmo do receptor e as simulações foram feitas

para larguras de 2 m e de 4 m. O fluido de trabalho é o Syltherm 800, o mesmo da validação,

ele entra a 60°C com velocidades de 0,08 m/s e 0,1 m/s, vazões de 16,422 L/min e 20,527 L/min

respectivamente. Os ângulos de abertura simulados são 90°, 60° e 45°. Esses primeiros

resultados são para o dia representativo do mês de outubro.

As primeiras simulações são feitas mantendo o ângulo de abertura em 90° e variando a

vazão e a largura. A temperatura média de saída e o rendimento simulado para a menor vazão e

para as duas larguras estão mostradas nas Figuras 6.1 e 6.2 respectivamente.

8 10 12 14 1652

56

60

64

68

72

76

80

84

Schott - Largura 2 m

Schott - Largura 4 m

Siemens - Largura 2 m

Siemens - Largura 4 m

ASE - Largura 2 m

ASE - Largura 4 m

Tem

per

atu

ra m

edia

de

said

a (°

C)

Hora

Figura 6.1 Temperatura de saída por hora para a primeira vazão para as duas larguras

8 10 12 14 1630

40

50

60

70

80

Schott - Largura 2 m

Schott - Largura 4 m

Siemens - Largura 2 m

Siemens - Largura 4 m

ASE - Largura 2 m

ASE - Largura 4 m

Ren

dim

ento

(%

)

Hora

Figura 6.2 Rendimento por hora para a primeira vazão para as duas larguras

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75

Pela Figura 6.1, observa-se que não há praticamente diferença entre as temperaturas de

saída entre os receptores, só há uma grande diferença entre as larguras dos concentradores. A

diferença entre a temperatura média de saída e a temperatura de entrada é praticamente o dobro

para a largura de 4 m em relação com a de 2 m. Na Figura 6.2, a diferença dos rendimentos dos

três receptores é insignificante, variando apenas para as larguras. O rendimento da largura 4 m

é um pouco menor, porque o coletor aquece mais, então as perdas por radiação e convecção

para o ambiente acabam sendo um pouco maiores em relação ao de 2 m.

A comparação das temperaturas médias de saída e dos rendimentos entre as duas

larguras das simulações feitas para a segunda vazão é bem parecida com a primeira vazão, por

isso, os próximos resultados apresentados comparam as duas vazões para uma mesma largura.

A temperatura média de saída para a largura de 2 m está mostrada na Figura 6.3 e o rendimento

na Figura 6.4.

8 10 12 14 1660

62

64

66

68

70

72

Vazão 1 - Schott

Vazão 1 - Siemens

Vazão 1 - ASE

Vazão 2 - Schott

Vazão 2 - Siemens

Vazão 2 - ASE

Tem

per

atu

ra m

edia

de

said

a (°

C)

Hora

Figura 6.3 Temperatura média de saída por hora para a primeira largura para as duas vazões

Assim como nos resultados anteriores, os resultados dos receptores são bastante

similares. Observando a Figura 6.3, comparando a diferença da temperatura média de saída e a

temperatura de entrada para as duas vazões, um aumento de 25% na vação resultou em uma

queda de praticamente 20% na diferença de temperaturas para a largura de 2 m. Pela Figura 6.4,

a variação na vazão não influencia significativamente no rendimento dos coletores para a

largura de 2 m.

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76

8 10 12 14 1630

40

50

60

70

80

Vazão 1 - Schott

Vazão 1 - Siemens

Vazão 1 - ASE

Vazão 2 - Schott

Vazão 2 - Siemens

Vazão 2 - ASE

Ren

dim

ento

(%

)

Hora

Figura 6.4 Rendimento por hora para a primeira largura para as duas vazões

A temperatura média de saída e o rendimento por hora das duas vazões para a largura

de 4 m estão mostrados na Figura 6.5 e 6.6 respectivamente.

8 10 12 14 1660

65

70

75

80

85

Vazão 1 - Schott

Vazão 1 - Siemens

Vazão 1 - ASE

Vazão 2 - Schott

Vazão 2 - Siemens

Vazão 2 - ASE

Tem

per

atu

ra m

edia

de

said

a (°

C)

Hora

Figura 6.5 Temperatura média de saída por hora para a segunda largura para as duas vazões

Pela Figura 6.5, comparando a diferença da temperatura média de saída e a temperatura

de entrada para as duas vazões, o aumento obtido para a largura de 4 m é bem próximo do

obtido na largura de 2 m.

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77

8 10 12 14 1630

40

50

60

70

80

Vazão 1 - Schott

Vazão 1 - Siemens

Vazão 1 - ASE

Vazão 2 - Schott

Vazão 2 - Siemens

Vazão 2 - ASE

Ren

dim

ento

(%

)

Hora

Figura 6.6 Rendimento por hora para a segunda largura para as duas vazões

Na Figura 6.6, a variação na vazão para a largura de 4 m também não influencia tanto

no rendimento dos coletores quanto a variação na largura.

Agora essas variações de largura e vazão foram simuladas para três diferentes ângulos

de abertura. Serão mostrados a seguir os resultados da temperatura média de saída e do

rendimento por hora para os três ângulos de abertura apenas para os casos que resultaram nas

maiores e menores temperaturas médias de saída por hora. A temperatura média de saída e o

rendimento por hora simulado para a menor vazão e a maior largura para os três diferentes

ângulos de abertura estão mostradas nas Figuras 6.7 e 6.8 respectivamente.

8 10 12 14 16

60

65

70

75

80

85

45° - Schott

45° - Siemens

45° - ASE

60° - Schott

60° - Siemens

60° - ASE

90° - Schott

90° - Siemens

90° - ASE

Tem

per

atu

ra m

edia

de

said

a (°

C)

Hora

Figura 6.7 Temperatura média de saída por hora para a maior largura e menor vazão para os

diferentes ângulos de abertura

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78

8 10 12 14 16

20

30

40

50

60

70

80

45° - Schott

45° - Siemens

45° - ASE

60° - Schott

60° - Siemens

60° - ASE

90° - Schott

90° - Siemens

90° - ASE

Ren

dim

ento

(%

)

Hora

Figura 6.8 Rendimento por hora para a maior largura e menor vazão para os diferentes

ângulos de abertura

Comparando a temperatura média de saída para os três ângulos de abertura, vemos que

há uma variação maior nos horários de maior radiação solar, enquanto nos horários de menos

radiação solar essa variação diminui. O contrário ocorre para o rendimento.

A temperatura média de saída e o rendimento simulado para a maior vazão e a menor

largura para os três diferentes ângulos de abertura estão mostradas nas Figuras 6.9 e 6.10

respectivamente.

8 10 12 14 16

60

62

64

66

68

70

45° - Schott

45° - Siemens

45° - ASE

60° - Schott

60° - Siemens

60° - ASE

90° - Schott

90° - Siemens

90° - ASE

Tem

per

atu

ra m

edia

de

said

a (°

C)

Hora

Figura 6.9 Temperatura média de saída por hora para a menor largura e maior vazão para os

diferentes ângulos de abertura

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79

8 10 12 14 16

20

30

40

50

60

70

80

45° - Schott

45° - Siemens

45° - ASE

60° - Schott

60° - Siemens

60° - ASE

90° - Schott

90° - Siemens

90° - ASE

Ren

dim

ento

(%

)

Hora

Figura 6.10 Rendimento por hora para a menor largura e maior vazão para os diferentes

ângulos de abertura

Enquanto as temperaturas médias de saída para a maior largura e menor vazão quase

chegam a 82°C para o ângulo de 90° ao meio dia, as temperaturas médias de saída para a menor

largura e maior vazão não chegam a 69°C para o mesmo ângulo e horário. Já o rendimento para

o intervalo de 7 às 8h para a maior largura e menor vazão é próximo de 31% e para a menor

largura e maior vazão chega a quase 33%, isso ocorre porque temperaturas maiores ao longo

do coletor, perdem mais calor para o ambiente. Os resultados em geral das Figuras 6.9 e 6.10

tiveram uma variação menor do que os das Figuras 6.7 e 6.8 em relação ao ângulo de abertura.

Para visualizar melhor como a vazão, a largura e os ângulos de abertura afetam na

temperatura média de saída e no rendimento, os resultados foram plotados em função do ângulo

de abertura para o intervalo de 10 as 11h e estão mostrados nas Figuras 6.11 e 6.12.

45 60 75 9065

70

75

80

Tem

per

atu

ra m

edia

de

said

a (°

C)

Angulos de abertura (°)

Figura 6.11 Temperatura média de saída por ângulo de abertura para as duas vazões e as duas

larguras para o intervalo de 10 as 11h

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80

Há uma variação maior na temperatura média de saída e no rendimento entre os ângulos

45° e 60° que entre os ângulos 60° e 90°, apesar da segunda diferença ser de 30° no ângulo de

incidência e a primeira diferença de 15°. Pode-se observar também, que a temperatura média

de saída é influenciada tanto pela variação na largura quanto pela variação na vazão, sendo

maior para a maior largura e menor vazão, seguido por maior largura e maior vazão, em terceiro

menor largura e menor vazão e por último menor largura e maior vazão. Além disso, a variação

da temperatura média de saída entre os ângulos de abertura é maior para a maior largura e menor

vazão e menor para a menor largura e maior vazão.

45 60 75 9065

66

67

68

69

70

71

72

73

74

75

Ren

dim

ento

(%

)

Angulo de abertura (°)

Figura 6.12 Rendimento térmico por ângulo de abertura para as duas vazões e as duas larguras

para o intervalo de 10 as 11h

O ângulo de abertura influência diretamente os efeitos de geometria, como analisado na

seção 3.4, quanto maior o ângulo de abertura, maior é o rendimento óptico total, bem como

uma pequena diferença em um ângulo menor é mais significante que uma grande diferença em

um ângulo maior. Isso também pode ser observado no rendimento térmico através da

Figura 6.12.

O rendimento sofre alterações mais significativas com a variação de largura que com a

variação de vazão. E uma menor largura também resulta em uma variação menor no rendimento

entre os ângulos de abertura.

Portanto, o parâmetro que mais interfere na temperatura média de saída é a largura,

seguido da vazão e por último o ângulo de abertura. Já o rendimento sofre mais interferência

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81

do ângulo de abertura, principalmente em ângulos pequenos, seguido da largura e por último a

vazão.

Por fim, os dias representativos dos outros meses do ano foram simulados para a maior

largura, menor vazão e ângulo de abertura igual a 90°. As Figuras 6.13 e 6.14 mostram

respectivamente a temperatura média de saída e o rendimento por hora para os dias

representativos de cada mês.

8 10 12 14 16

60

65

70

75

80

85

Tem

per

atu

ra m

édia

de

saíd

a (°

C)

Hora

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Figura 6.13 Temperatura média de saída por hora para os dias representativos de cada mês

para a maior largura e menor vazão

8 10 12 14 16

20

30

40

50

60

70

80

Ren

dim

ento

(%

)

Hora

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Figura 6.14 Rendimento por hora para os dias representativos de cada mês para a maior

largura e menor vazão

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O principal fator que influência na temperatura média de saída é a radiação de cada mês.

Os meses com as temperaturas médias de saída menores são os meses com menor radiação, que

são dezembro e junho. Já os meses com maior temperatura média de saída, são os meses com

maior radiação, que são abril, julho e outubro. As razões para alguns desses meses se destacarem

foram discutidas na subseção 4.2.1.

O rendimento quase não variou para os intervalos próximos de meio dia em comparação

com os intervalos mais distantes, isso ocorre, pois, a redução no rendimento óptico é muito

maior quando o ângulo de incidência é maior que 45° quando comparado com ângulos menores

que 45°.

As temperaturas médias de saída e rendimento por mês para o horário de maior radiação

e de menor radiação para a menor vazão e maior largura estão mostradas nas Figuras 6.15 e

6.16 respectivamente.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

60

65

70

75

80

85

Tem

per

atu

ra m

édia

de

saíd

a (°

C)

Meses

7-8h

11-12h

Figura 6.15 Temperatura média de saída máxima e mínima para os dias representativos de

cada mês

A variação de temperaturas médias de saída entre os meses é maior para o intervalo de

maior radiação, porque esse intervalo tem um rendimento maior, o que aumenta a influência da

radiação na temperatura. Porém, as duas curvas de temperatura seguem o mesmo padrão que a

radiação de cada mês.

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83

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

30

40

50

60

70

80

Ren

dim

ento

(%

)

Meses

7-8h

11-12h

Figura 6.16 Rendimento máximo e mínimo para os dias representativos de cada mês

A variação de rendimento é menor ao longo do ano no intervalo de maior radiação que

no intervalo de rendimento, porque o ângulo de incidência influência diretamente o rendimento

óptico. No intervalo de maior radiação (11-12h), o ângulo de incidência está bem próximo de

0°, que ocorre às 12h (ângulo horário igual a 0). Já o intervalo de menor radiação, o módulo do

ângulo horário é maior, então o ângulo de incidência sofre uma variação maior com a variação

do ângulo de declinação do sol, consequentemente o rendimento também.

A quantidade total de calor absorvida por mês para o ângulo de abertura de 90° para as

duas vazões e larguras está mostrada na Figura 6.17.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

0

5 000

10 000

15 000

20 000

25 000

30 000

35 000

40 000

45 000

50 000

55 000

60 000

Qu

anti

dad

e to

tal

de

calo

r ab

sorv

ida

(W)

Mês

Vazão 1 - Largura 1

Vazão 1 - Largura 2

Vazão 2 - Largura 1

Vazão 2 - Largura 2

Figura 6.17 Quantidade total de calor diária absorvida pelo coletor por mês

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84

A tendência da temperatura, mostrada na Figura 6.15 segue a mesma tendência que a

quantidade de calor absorvida pelo coletor na Figura 6.17. Os meses que mais absorveram calor

foram julho e abril, e os que menos absorveram calor foram dezembro e junho. A variação na

vazão não resultou em um aumento tão significante na quantidade total de calor absorvida

quando comparado com a variação na largura. Uma largura duas vezes maior resultou em quase

o dobro da quantidade de calor total absorvida.

A Figura 6.18 mostra o rendimento diário por mês para os mesmos quatro casos com a

variação de vazão e largura para o ângulo de 90°.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

66,5

67,0

67,5

68,0

68,5

69,0

69,5

70,0

70,5

71,0

71,5

Ren

dim

ento

(%

)

Mês

Vazão 1 - Largura 1

Vazão 1 - Largura 2

Vazão 2 - Largura 1

Vazão 2 - Largura 2

Figura 6.18 Rendimento diário por mês

A curva do rendimento é inversamente proporcional a tendência da quantidade de calor

absorvida, isso é, os meses que absorvem menos energia diária tem o maior rendimento, como

dezembro e junho, e os meses que absorvem mais energia diária tem o menor rendimento, como

por exemplo o mês de abril. Nesse gráfico é possível ver também a diferença do rendimento

para os diferentes casos por mês. Para a menor vazão e menor largura, o rendimento variou

entre 68,1% e 71,1%, para a menor vazão e maior largura, variou entre 67% e 69,8%, para a

maior vazão e menor largura variou entre 68,1% e 71,1% e para a maior vazão e maior largura

variou entre 67,1% e 69,8%.

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85

7 CICLO DE REFRIGERAÇÃO POR ABSORÇÃO

7.1 Introdução

Esse capítulo contém a metodologia utilizada para calcular a quantidade de calor que o

sistema de refrigeração por absorção de simples estágio consegue retirar do ambiente e seu

rendimento. Para isso, é necessário definir o conjunto de coletores que irá fornecer energia

térmica para esse sistema e o arranjo deles. Esse capítulo também irá apresentar os resultados

e discussões.

As equações foram implementadas no Engineering Equation Solver (EES). Ele resolve

as equações utilizando o método de Newton-Raphson e possui uma biblioteca de propriedades

termodinâmicas da mistura de água e brometo de lítio, que é o par de substâncias adotado nesse

trabalho. Esse par de substância foi adotado por não ser poluente, operar a baixas pressões, não

necessitar de um retificador e ter um COP maior que o par amônia e água.

O sistema utilizado está representado pela Figura 7.1, também estão indicados os pontos

que foram utilizados para os cálculos, as quantidades de calor recebida e trocada, os trabalhos

e as vazões do sistema.

Figura 7.1 Sistema de refrigeração por absorção solar de simples estágio Fonte: Sarbu e Sebarchievici (2015) adaptado pela autora

O sistema de refrigeração será dividido em três partes, para facilitar os cálculos e o

entendimento do seu funcionamento. Essas partes são: o sistema de aquecimento solar, que

inclui o conjunto de coletores solares (CS), o tanque de armazenamento de calor sensível (TAs),

o gerador (G), o tanque de armazenamento de calor latente (TAl) e a bomba 1 (B1), o sistema

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86

de absorção, que inclui o gerador, o trocador de calor (TC), a bomba 2 (B2), a válvula de

expansão 2 (VE2) e o absorvedor (Ab), e o ciclo de refrigeração, que inclui o condensador (C),

o evaporador (E) e a válvula de expansão 1 (VE1). O sistema de aquecimento solar também

possui 3 válvulas de três vias (v1), (v2) e (v3), que são acionadas por um sensor de radiação, o

seu funcionamento está explicado na seção 7.2.

Nesse capítulo os componentes do sistema serão tratados como “caixas-preta”. Para

isso, foram feitas algumas considerações.

• Perdas de carga desprezíveis na tubulação.

• Perdas de calor para o meio desprezíveis.

• Variações de energia cinética e potencial desprezíveis.

• Regime permanente dentro dos componentes do sistema de refrigeração e regime

permanente a cada hora nos coletores solares.

• Líquido sai saturado do condensador na temperatura do condensador.

• Vapor sai saturado do evaporador na temperatura do evaporador.

• Vapor sai saturado do gerador na temperatura do gerador.

• Válvulas de expansão isoentálpicas.

Todo o sistema obedece às equações do balanço de massa, espécie e energia em regime

permanente, (BENEDETTI, 2010).

s

s

e

e mm 0 (7.1)

s

sse

e

e xmxm 0 (7.2)

s

sse

e

e hmhmWQ 0 (7.3)

Onde ṁ é vazão mássica, x é a fração mássica do absorvente, Q é a taxa de calor, Ẇ é

o trabalho realizado, h é a entalpia e os subscritos “e” e “s” são entrada e saída respectivamente.

7.2 Arranjo dos coletores

Para que o sistema de refrigeração sempre retire uma quantidade de calor constante do

ambiente que vai ser refrigerado, é necessário que o conjunto de coletores forneçam uma

quantidade de energia constante. Para isso acontecer, uma temperatura de saída será fixada, e a

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87

vazão do fluido de trabalho nos coletores irá variar para obter sempre a mesma temperatura de

saída. Nos horários em que a vazão que sai do conjunto de coletores for maior que a necessária,

o excedente será armazenado no tanque de armazenamento de calor sensível. Nos horários em

que a vazão não for o suficiente, esse tanque de armazenamento irá fornecer a diferença. Para

fazer esse controle, são necessários sensores de radiação e temperatura que irão acionar as

válvulas de três vias. Quando a radiação está na faixa que fornece o fluido térmico na

temperatura e vazão fixada, as três válvulas ficam fechadas para os tanques, caso a radiação for

maior, a válvula v2 é aberta, e o excedente de vazão vai para o tanque de armazenamento, caso

for menor, a válvula v2 também é aberta, porém o complemento da vazão sai do tanque de

armazenamento e vai para o gerador junto com a vazão que sai dos coletores. Se a temperatura

estiver menor que a fixada e o sistema de refrigeração estiver funcionando, em situações em

que o sistema de refrigeração precisar funcionar mesmo sem sol por exemplo, o caminho entre

a válvula v1 e a válvula v3 é aberto para que fluido que sair do coletor vá para o tanque de

armazenamento de calor latente junto com o fluido que estiver saindo do gerador, e a válvula

v2 também é aberta, e a vazão fixada é retirada do tanque de armazenamento de calor sensível

para fornecer energia para o gerador. Também é necessário um sensor de volume no tanque de

armazenamento de calor sensível, para que ele desligue o sistema de refrigeração quando atingir

um volume mínimo no tanque.

O arranjo dos coletores é importante, eles podem ser conectados em série, em paralelo

ou ambos. Coletores conectados em série, são equivalentes a um coletor mais comprido, se dois

coletores estiverem conectados em série por exemplo, seria o mesmo que um coletor com o

dobro do comprimento. Já nos casos em que há coletores conectados em paralelo, a vazão

mássica de cada fila de coletores conectado em paralelo é multiplicada pelo número de filas. A

Figura 7.2 mostra os diferentes arranjos para seis coletores. A distância entre as filas de

coletores em paralelo deve respeitar a Equação (3.15) para que o coletor não faça sombra nos

vizinhos.

Figura 7.2 Seis coletores arranjados em (a) paralelo, (b) série, (c) três filas em paralelo com

dois coletores em série e (d) duas filas em paralelo com três coletores em série

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88

A área ocupada pelos coletores pode ser calculada por:

1 paraleloparalelosériecoletores nPnYnLA (7.4)

Onde L é o comprimento do coletor, Y é a largura do coletor, nsérie é o número de

coletores em série em uma fila de coletores, nparalelo é o número de filas de coletores em paralelo

e P é calculado pela Equação (3.15).

O rendimento global do sistema pode ser calculado multiplicando o rendimento térmico

do conjunto de coletores pelo COP do sistema de refrigeração.

COPtglobal (7.5)

7.3 Sistema de aquecimento solar

Essa parte do sistema é composta pelos coletores solares, tanque de armazenamento de

calor sensível, tanque de armazenamento de calor latente, gerador e bomba 1. O fluido desse

sistema é o systherm 800, o mesmo utilizado no capítulo 6, ele escoa a uma vazão de ṁs.

A energia útil coletada pelo coletor pode ser calculada pela Equação (7.6).

dTcpmdQ

sTsT

eTsT

fs

sTsT

eTsT

u

,

,

,

,

(7.6)

Onde Qu é a energia útil coletada pelo coletor, cpf é o calor específico do fluido e é em

função da temperatura, Ts,s é a temperatura de saída do coletor e Ts,e é a temperatura de entrada

do coletor.

O tanque de armazenamento de calor sensível é um componente complexo e não será

estudado a fundo nesse trabalho. Ele vai ser considerado como um capacitor em um circuito

elétrico, quando o coletor estiver entregando uma vazão maior que a necessária, essa vazão

excedente vai ser armazenada nele e poderá ser utilizada nas horas que o coletor não tiver

conseguindo entregar a vazão necessária, por estar nublado por exemplo ou até durante a noite

se for necessário. Para isso foi colocada a válvula v2, sendo elas a saída do coletor, a entrada do

gerador e uma entrada e saída do armazenador. Já o tanque de armazenamento de calor latente

é utilizado para manter a temperatura de entrada do coletor igual à temperatura da saída do

gerador, mesmo se o sistema ficar horas desligado, durante a noite por exemplo.

O trabalho realizado pela bomba 1 é calculado por:

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89

, ,

1 , ,

s e t s

b s s e t s s

P PW m h h m

(7.7)

Onde Ẇb1 é o trabalho realizado pela bomba 1, ht,s é a entalpia do fluido quando sai do

armazenador, hs,e é a entalpia do fluido que entra no coletor Ps,e é a pressão de entrada no coletor,

Pt,s é a pressão de saída do tanque de armazenamento e ρ é a densidade do fluido.

7.4 Sistema de absorção

Essa parte é composta pelo gerador, trocador de calor, bomba 2, válvula de expansão 2

e pelo absorvedor. O fluido desse sistema é uma solução de água e brometo de lítio. Essa solução

entra diluída no gerador, onde parte da água é evaporada e vai para o condensador, e retorna ao

absorvedor concentrada.

Nessa parte do sistema, temos duas vazões mássicas. Uma vazão mássica, ṁa, é da

solução de água e brometo de lítio que sai do absorvedor e entra no gerador, passando pela

bomba 2 e o trocador de calor do lado esquerdo. A outra vazão mássica, ṁr, é de refrigerante

que sai do gerador e vai para o condensador. Pelo balanço de vazão mássica, temos então que a

vazão mássica que sai do gerador e retorna ao absorvedor, passando pelo trocador de calor do

lado direito e pela válvula de expansão 2, é ṁa - ṁr.

O balanço de espécie no gerador em um regime permanente é calculado por:

043 xmmxm raa (7.8)

Onde ṁa é a vazão mássica da solução de água e brometo de lítio, x3 é a fração mássica

de brometo de lítio da solução em 3, ṁr é a vazão mássica de refrigerante (água) que sai do

gerador e vai para o condensador e x4 é a fração mássica de brometo de lítio da solução em 4.

O balanço de energia no gerador é utilizado para calcular o fluxo de calor fornecido ao

gerador pelos coletores.

347 hmhmmhmQ ararg (7.9)

Onde h3 é a entalpia do fluido no ponto 3, h4 é a entalpia do fluido no ponto 4 e h7 é a

entalpia do refrigerante que entra no condensador.

A energia fornecida pelos coletores para o gerador deve ser igual ao balanço de energia

no coletor e pode ser calculada por:

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90

1211 hhmQ sg (7.10)

Onde h é a entalpia no respectivo ponto subscrito. Porém, como a biblioteca do EES não

contém o fluido de trabalho utilizado nos coletores, então a taxa de transferência de calor no

gerador foi calculado por:

dTcpmdQ

TT

TT

fs

TT

TT

g

11

12

11

12

(7.11)

O gerador funciona como um trocador de calor, então o calor trocado também pode ser

calculado por (HEROLD et al., 1996):

lgmgg TUAQ (7.12)

Onde U é o coeficiente geral de transferência de calor, Ag é a área da superfície de troca

de calor no gerador, porém nesse trabalho UAg será tratado como um único parâmetro e ΔTmlg

é dado por (HEROLD et al., 1996):

712

411

712411lg

lnTT

TT

TTTTTm (7.13)

Onde T é a temperatura no respectivo ponto subscrito.

O calor trocado pelo trocador de calor é calculado por:

mlTCTCTC TUAQ (7.14)

Onde UATC é o coeficiente de transferência de calor e mlTCT é dado por:

25

34

2534

lnTT

TT

TTTTTmlTC (7.15)

Dentro do trocador de calor, uma solução troca calor com a outra, isso é, a quantidade

de calor sai de uma vai para a outra, desprezando as perdas. Uma equação genérica também

pode ser usada, tanto para o lado esquerdo quanto para o lado direito do trocador de calor.

esTC hhmQ (7.16)

A válvula de expansão é necessária para reduzir a pressão do fluido, consequentemente,

reduzir sua temperatura. A válvula não altera a concentração da solução que passa por ela e nem

sua entalpia.

O calor rejeitado pelo absorvedor é aproveitado para aquecer água. Ele é calculado por:

6101 hmmhmhmQ raraa (7.17)

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91

Onde Qa é o calor liberado pelo absorvedor, ṁa é a vazão mássica que sai do absorvedor,

h1 é a entalpia no ponto 1, ṁr é vazão de refrigerante que passa pelo ciclo de refrigeração, h10 é

a entalpia no ponto 10 e h6 é a entalpia do fluido no ponto 6.

O balanço de energia na água que recebe o calor rejeitado pelo absorvedor é:

131413 hhmQa (7.18)

O trabalho realizado pela bomba 2 é calculado por:

solução

ag

ab

PPhhmW

122

(7.19)

Onde Wb2 é o trabalho da bomba, Pg é a pressão no gerador, Pa é a pressão no absorvedor

e ρsolução é a densidade da solução.

7.5 Ciclo de refrigeração

Essa última parte é composta pelo condensador, evaporador e pela válvula de expansão

1. A vazão mássica que circula por esse sistema é a vazão do refrigerante ṁr.

O calor rejeitado pelo condensador também é aproveitado para aquecer água. Ele é

calculado por:

78 hhmQ rc (7.20)

Onde Qc é o calor rejeitado pelo condensador, h8 é a entalpia do refrigerante no ponto 8

e h7 é a entalpia do refrigerante no ponto 7.

O balanço de energia na água que recebe o calor rejeitado pelo condensador é:

151615 hhmQc (7.21)

O condensador também funciona como um trocador de calor, então o calor trocado

também pode ser calculado por (Herold, 1996):

mlccc TUAQ (7.22)

Onde UAc é o coeficiente de transferência de calor no condensador e mlcT é dado por

(Herold, 1996):

816

815

816815

lnTT

TT

TTTTTmlc (7.23)

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92

A válvula de expansão reduz a pressão e a temperatura da água, sem alterar sua entalpia.

O ar do ambiente é refrigerado através de um Fan Coil. O evaporador resfria a água que

circula pelo Fan Coil. O calor que é retirado dessa água é calculado por:

910 hhmQ re (7.24)

Onde Qe é o calor que entra no evaporador, h10 é a entalpia do refrigerante no ponto 10

e h9 é a entalpia do refrigerante no ponto 9.

O balanço de energia na água que é resfriada pelo evaporador é:

171817 hhmQe (7.25)

O evaporador também funciona como um trocador de calor, então o calor trocado

também pode ser calculado por (HEROLD et al., 1996):

mleee TUAQ (7.26)

Onde UAe é o coeficiente de transferência de calor no evaporador e mleT é dado por

(HEROLD et al., 1996):

918

1017

9181017

lnTT

TT

TTTTTmle (7.27)

O rendimento do sistema de refrigeração é calculado por (HEROLD et al., 1996):

Qg

QeCOP (7.28)

7.6 Validação

As equações desse capítulo foram implementadas no programa EES. Para verificar a

precisão do modelo numérico, foi feita uma simulação com os dados do problema de um sistema

de refrigeração por absorção de simples estágio utilizando LiBr e água como par de substâncias,

resolvido por Herold et al. (1996) que também utilizaram uma simulação numérica para

resolver. Os dados de entrada usados no modelo estão mostrados na Tabela 7.1 e a Figura 7.3

apresenta o sistema de refrigeração por absorção de simples estágio e mostra a localização dos

pontos dos subscritos dos dados da Tabela 7.1.

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Tabela 7.1 Dados de entrada

Dado Valor Dado Valor

ЄTC 0,64 ṁ13 (kg/s) 0,28

ṁa (kg/s) 0,05 T15 (°C) 25

UAa (kW/K) 1,80 ṁ15 (kg/s) 0,25

UAc (kW/K) 1,20 T11 (°C) 100

UAg (kW/K) 1,00 ṁ11 (kg/s) 1,0

UAe (kW/K) 2,25 T17 (°C) 10

T13 (°C) 25 ṁ17 (kg/s) 0,4

Figura 7.3 Sistema de refrigeração por absorção de simples estágio

A comparação entre os resultados do COP e das energias trocadas pelos componentes

obtidos na simulação do presente trabalho e os resultados obtidos por Herold et al. (1996) e os

respectivos erros estão mostrados na Tabela 7.2.

Tabela 7.2 Comparação dos resultados

Herold

(numérico)

Presente

(numérico)

Presente

erro (%)

COP 0,720 0,721 kW 0,139

Qa 14,039 kW 14,040 kW 0,007

Qc 11,213 kW 11,209 kW 0,036

Qg 14,678 kW 14,674 kW 0,027

Qe 10,574 kW 10,575 kW 0,009

W 0,000206 kW 0,000206 kW 0,0

Os resultados obtidos pelo presente modelo numérico tiveram boa concordância quando

comparados com os resultados obtidos por Herold et al. (1996).

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94

7.7 Resultados e discussões

Os resultados desse capítulo foram obtidos para um conjunto de 6 coletores. Os cálculos

foram feitos para o mês de dezembro, pois, como visto no capítulo anterior, foi o mês com a

menor incidência de radiação solar direta, logo, os outros meses serão capazes de fornecer a

energia que esse mês conseguir fornecer para o sistema. O receptor escolhido para os cálculos

é o Schott, pois todos os receptores tiveram resultados parecidos para todas as configurações e

condições de operações, e a largura escolhida foi a de 4 m, pois foi a que obteve maiores

temperaturas médias de saída. A temperatura de entrada adotada é 100°C e temperatura média

de saída fixada do conjunto de coletores 120°C, e a vazão irá variar com a hora do dia, para

conseguir obter essa temperatura.

Para os quatro diferentes arranjos mostrados na seção 7.2 a temperatura média de saída

foi 120,0 ± 0,2°C. As vazões e a quantidade total de calor fornecidas pelo conjunto de coletores

por intervalo de tempo obtidas para os quatro arranjos de coletores foram iguais e estão

mostradas na Tabela 7.3. As áreas calculadas para os quatro arranjos estão mostradas na Tabela

7.4.

Tabela 7.3 Vazões e quantidade de calor por intervalo de tempo

Intervalo Vazão (kg/s) Quantidade de calor (kW)

7-8h 0,123 4,347

8-9h 0,290 10,251

9-10h 0,472 16,678

10-11h 0,630 22,284

11-12h 0,736 26,042

12-13h 0,736 26,042

13-14h 0,630 22,284

14-15h 0,472 16,678

15-16h 0,290 10,251

16-17h 0,123 4,347

Tabela 7.4 Dimensões dos arranjos dos coletores

Arranjo Área (m²) Comprimento (m) Largura (m)

Paralelo 215,08 4,06 52,98

Série 97,44 24,36 4,00

Três filas em paralelo com

dois coletores em série 191,55 8,12 23,59

Duas filas em paralelo com

três coletores em série 168,03 12,18 13,80

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95

Os resultados contidos nessa tabela só estão levando em conta a área ocupada pelos

coletores, a área do resto do sistema de refrigeração e dos tanques de armazenamento não foram

contabilizados. Como esses arranjos não resultaram em vazões e quantidades de calor

diferentes, a escolha entre eles vai depender das dimensões do terreno disponível para a

instalação e os resultados desse capítulo são validos para os quatro.

Adota-se que o sistema de refrigeração funcione 12h por dia, das 7 ás 19h, 2h sem sol,

com a vazão mássica do intervalo das 8 ás 9h e que o tanque de armazenamento tem uma perda

de 0,5 kW por hora. A Figura 7.4 mostra as quantidades de calor armazenada, absorvida pelos

coletores, perdida pelo tanque de armazenamento e usada pelo sistema de refrigeração por hora

em um dia que o tanque de armazenamento comece com 10 kW armazenado.

Figura 7.4 Quantidade de calor por hora para o mês de dezembro

Esse sistema funciona se a capacidade do tanque de armazenamento for de pelo menos

65,6 kWh e tem uma folga de um pouco mais de três horas sem sol nenhum, para caso o dia

esteja nublado. Essas quantidades de calor foram calculadas para dezembro, que é o mês que

obteve a menor quantidade de calor absorvido pelos coletores, portanto a folga é maior para os

outros meses.

O tanque de armazenamento com capacidade de armazenar 70 kWh e perdas de 2%,

para o mês de dezembro, alcança sua capacidade máxima com apenas quatro dias de sol

seguidos, e a quantidade de calor por hora esta está mostrada na Figura 7.5. Um tanque com

essa capacidade, tem um volume de 2,0277 m³, se for cilíndrico, suas dimensões podem ser

1,372 m de altura e 0,686 m de raio.

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96

Figura 7.5 Quantidade de calor por hora para um tanque de armazenamento com capacidade

de 70kWh para o mês de dezembro

Para o caso em que a capacidade máxima do tanque de armazenador é de 70 kWh, a

folga máxima obtida é de três horas sem sol nenhum. Nesse caso o sistema de refrigeração

também funciona das 7h às 19h.

Um tanque de armazenamento com capacidade de armazenar 75 kWh e perdas de 2%

não vale a pena para o mês de dezembro, pois as perdas diárias do tanque de armazenamento

para o ambiente são praticamente iguais a quantidade excedente absorvida nesse mês, para um

sistema de refrigeração funcionando das 7 às 19h.

O fluido de trabalho que escoa pelos coletores não está presente na biblioteca do EES,

por esse motivo, invés de utilizar a Equação (7.9), será utilizada a integral da Equação (7.10)

para calcular a energia fornecida pelos coletores para o gerador. A variação de cp em função da

temperatura é linear, e a integral foi resolvida na mão, utilizando diretamente o valor de Qg

como dado de entrada no programa. Esse e os outros dados de entrada no sistema de refrigeração

estão apresentados na Tabela 7.5.

Tabela 7.5 Dados de entrada

Dado Valor Dado Valor

ЄTC 0,64 ṁ13 (kg/s) 0,28

ṁa (kg/s) 0,05 T15 (°C) 25

UAa (kW/K) 1,80 ṁ15 (kg/s) 0,25

UAc (kW/K) 1,20 T11 (°C) 120

UAe (kW/K) 2,25 T12 (ºC) 100

Qg (kW) 10,25 T17 (°C) 13

T13 (°C) 25 ṁ17 (kg/s) 0,2

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O COP desse sistema é de 0,728, e os outros resultados obtidos no programa estão

apresentados na Tabela 7.6.

Tabela 7.6 Resultados

Equipamento Q (kW) P (kPa) W (kW)

Absorvedor 9,876 0,783 -

Condensador 7,834 5,763 -

Gerador 10,25 5,763 -

Evaporador 7,460 0,783 -

Bomba - - 0,000158

A água que sai do Fan Coil entra no evaporador a 13°C e deixa-o a 4,1°C. O calor

rejeitado pelo absorvedor e pelo condensador é reaproveitado para aquecer água, que pode ser

utilizada em chuveiros, por exemplo. A água entra no absorvedor e no condensador a 25°C e

sai a 33,4°C e 31,7°C respectivamente. O excedente de calor absorvido pelo coletor, que não

puder ser armazenado no tanque de armazenamento, também poderá ser reaproveitado para

aquecer água.

O calor retirado pelo sistema do ambiente é de 7,460 kW, isso equivale a 25.454 BTU.

Isso significa que esse sistema pode substituir um ar condicionado de 25.454 BTU. O calor

rejeitado pelo absorvedor e pelo condensador somam 17,710 kW, e pode ser reaproveitado para

aquecer água para ser utilizada em chuveiros, por exemplo.

A capacidade de refrigeração por área ocupada pelos coletores para o arranjo dos

coletores em paralelo, em série, três filas em paralelo com dois coletores em série e duas filas

em paralelo com três coletores em série são respectivamente 118,35 BTU/m², 261,23 BTU/m²,

132,88 BTU/m² e 151,48 BTU/m².

Finalmente, o rendimento total do sistema para o mês de dezembro é de 50,8%. Esse

rendimento só leva em conta o calor retirado do ambiente, o calor rejeitado pelo absorvedor e

pelo condensador que for reaproveitado é um ganho adicional.

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8 CONCLUSÕES

Foram analisadas algumas configurações geométricas de um coletor solar parabólico e

suas influencias na performance óptica e a distribuição do fluxo de calor ao redor do receptor

para a localidade de Campinas. Um programa numérico baseado no método de Monte Carlo foi

apresentado e validado com dados disponíveis. Foi apresentado um modelo térmico baseado

nas equações governantes para representação do sistema do coletor solar parabólico, o código

foi validado com resultados numéricos e experimentais disponíveis mostrando boa

concordância. Além disso, foram gerados resultados de rendimento térmico e variação da

temperatura para diversas configurações de coletor e condições de operação. Por fim, foi

apresentado quatro tipos de arranjos de seis coletores e a quantidade de energia que eles podem

fornecer a um ciclo de refrigeração por absorção solar de simples estágio e foram calculados a

quantidade de calor que esse ciclo consegue retirar do ambiente, seu rendimento utilizando o

programa EES e o rendimento global do sistema.

O ângulo de abertura que permite a maior concentração é o de 90°. Não há uma grande

diferença na média da distribuição do fluxo de calor para os diferentes ângulos de abertura, mas

o ângulo de 90° dá uma concentração mais uniforme ao redor do receptor que os outros ângulos.

Não há diferença significante nos resultados dos três receptores comerciais. O parâmetro

que mais interfere na temperatura média de saída é a largura, seguido da vazão e por último o

ângulo de abertura. Já o rendimento sofre mais interferência do ângulo de abertura,

principalmente para ângulos pequenos, seguido da largura e por último a vazão. Um aumento

de 100% na largura resultou no dobro da variação de temperatura e um aumento de 25% na

vazão resultou em uma queda de 20% na variação de temperatura. Variações na vazão não

resultam em variações significantes no rendimento e o aumento na largura causou uma queda

de menos de 2% no rendimento diário. E a diminuição do ângulo de abertura diminui a

temperatura média de saída e o rendimento do coletor.

O tipo de arranjo de coletores não influencia a vazão final do conjunto de coletores e

nem a quantidade de calor que eles absorvem, porém, a diferença na área que eles ocupam é

muito grande. A capacidade de refrigeração por área ocupada pelos coletores variou de 118,35

BTU/m² a 261,23 BTU/m² dependendo do tipo de arranjo. Para o mês com menor incidência

direta de radiação, o sistema é capaz de substituir um ar condicionado de 25.454 BTU

funcionando 12h por dia. Utilizando um tanque de armazenamento de calor latente com

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capacidade de armazenamento de 70 kWh, o sistema tem uma folga de funcionamento de 3h

sem radiação, além das 12h. O COP do ciclo de refrigeração foi de 0,728 e o sistema de

refrigeração integrado com o arranjo de coletores resultou em um rendimento global de 50,8%

para o mês de dezembro. O rendimento global não leva em conta o calor rejeitado por

componentes do ciclo de refrigeração que podem ser reaproveitados para aquecer água gerando

um ganho adicional.

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