Re Vista Cont Role

  • Upload
    sibele

  • View
    158

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

As relaes entre Legislativo, Ministrio Pblico e Executivo no contexto da Constituio de 1988Amandino Teixeira Nunes JuniorDoutor em Direito pela UFPE. Mestre em Direito pela UFMG. Professor universitrio e consultor Legislativo da Cmara dos Deputados.

Resumo: O presente artigo examina os pontos de contatos entre o Poder Legislativo, o Ministrio Pblico e o Poder Executivo, no que concerne s funes e s vedaes que lhes foram outorgadas e impostas pelo texto constitucional vigente. Significa dizer que essas instituies so analisadas do ponto de vista constitucional, Isto , da sua relao com a constituio de 1988. Palavras-chave: Separao dos poderes; Poder Legislativo; Ministrio Pblico; Pder Executivo.

1. Introduo O desenho das instituies polticas, presente nas Constituies de derivao democrtica e liberal, obedece, de modo geral, ao estabelecido por Montesquieu na sua obra clssica sobre a separao dos Poderes. 1 Assim que, no Brasil, o art. 2 da Carta Magna consagra a frmula da tripartio de Poderes de Montesquieu, ao estatuir que so Poderes do Estado, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio, conferindo-lhes funes prprias, sem, contudo, caracteriz-las com exclusividade absoluta. 2MONTESQUIEU, Charles Louis de Secondat. Do esprito das leis. So Paulo: Abril Cultural, 1985. 2 A teoria de Montesquieu, na sua concepo clssica, parece que no mais se sustenta nos dias atuais. Na verdade, afigura-se cedio na doutrina contempornea que a rgida separao dos Poderes, com diviso absoluta de funes, deu lugar a uma distribuio das trs funes estatais precpuas (administrao, legislao e jurisdio) entre rgos independentes e harmnicos entre si.Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 20091

15

Nesse sentido, ao Poder Legislativo, que exercido pelo Congresso Nacional, composto pela Cmara dos Deputados e pelo Senado Federal (CF, art. 44), cabe, precipuamente, a funo de legislar; ao Poder Executivo, que exercido pelo Presidente da Repblica, auxiliado pelos Ministros de Estado (CF, art. 76), cabe, precipuamente, a funo de administrar; e ao Poder Judicirio, que exercido pelos tribunais e juzes singulares (CF, art. 92), cabe, precipuamente, a funo de julgar. Como se observa, cada Poder do Estado tem uma funo precpua ou predominante, que o revela detentor de parcela da soberania do Estado, alm de outras funes previstas constitucionalmente. So as denominadas funes tpicas e atpicas. 3 No que concerne ao Ministrio Pblico, a Carta Poltica o situa em captulo especial, fora da estrutura do Legislativo, do Executivo e do Judicirio, consagrando, porm, sua plena autonomia e independncia funcional e ampliando-lhe as funes, em defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis (CF, arts. 17 /129). Estabeleceu, ainda, a Constituio que o princpio da separao dos Poderes constitui clusula ptrea, portanto, insuscetvel de alterao ou supresso por emenda constitucional (CF, art. 60, 4, III). 2. Poder Legislativo Ao Poder Legislativo, que bicameral e exercido pelo Congresso Nacional, composto da Cmara dos Deputados e do Senado

3

Para Alexandre de Moraes (2009, p. 413), as funes tpicas e atpicas outorgadas pela Constituio aos Poderes do Estado Legislativo, Executivo e Judicirio [...] apresentam o mesmo grau de importncia . Da por que so merecedoras de detalhamento no texto constitucional.Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

16

Federal (CF, art. 44) 4 , o texto constitucional outorgou funes tipicas e atpicas, consistindo as primeiras em legislar e fiscalizar. A funo de legislar ocorre quando o Congresso Nacional promove a elaborao das normas jurdicas, por meio de um conjunto de atos preordenados (iniciativa, emenda, votao, sano e veto, promulgao e publicao) a que se denomina processo legislativo (CF, art. 59). A funo de fiscalizar ocorre quando o Congresso Nacional promove a fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial da Unio e das entidades da Administrao Direta e Indireta, quanto legalidade, legitimidade, economicidade, aplicao das subvenes e renncia de receitas, assim como a fiscalizao e o controle dos atos do Poder Executivo, includos os da Administrao Indireta (CF, arts. 70 e 49, X). Note-se que, no exerccio da funo de fiscalizar pelo Congresso Nacional, nomeadamente no campo do controle externo, a atuao do Tribunal de Contas da Unio assume importncia fundamental, tornando-se instrumento de inquestionvel relevncia, com especial nfase para os princpios da legalidade, da economicidade, da moralidade, da impessoalidade e da eficincia. O exerccio da funo parlamentar de fiscalizar envolve, assim, a prtica de diversos atos e procedimentos constitucionalmente previstos, a saber: (a) controle externo 5 exercido pelo Congresso Nacional, com o auxlio do Tribunal de Contas da Unio, que compreende as

4

Segundo Jos Afonso da Silva (2009, p. 510), [...] no bicameralismo brasileiro, no h predominncia substancial de uma cmara sobre a outra. Formal-mente, contudo, a Cmara dos Deputados goza de certa primazia relativamente iniciativa legislativa, pois perante ela que o Presidente da Repblica, o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justia e os cidados promovem a iniciativa do processo de elaborao das leis (arts. 61, 2, e 64).Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

17

medidas constantes dos arts. 71 e 72, culminando com o julgamento das contas que, a cada ano, o Presidente da Repblica h de prestar ao Congresso Nacional (CF, art. 49, IX); (b) sustao, pelo Congresso Nacional, dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegao legislativa (CF, art. 49, V); (c) tomada de contas, pela Cmara dos Deputados, quando o Presidente da Repblica no as prestar no prazo de 60 dias aps a abertura da sesso legislativa (CF, arts. 51, II, e 84, XXIV); (d) convocao, pela Cmara dos Deputados e pelo Senado Federal, ou por qualquer de suas comisses, de Ministros de Estado ou de quaisquer titulares de rgos diretamente subordinados Presidncia da Repblica, para prestarem, pessoalmente, informaes sobre assunto previamente determinado, importando em crime de responsabilidade a ausncia sem justificao adequada (CF, art. 50); e) pedidos de informao, por escrito, encaminhados pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal aos Ministros de Estado ou quaisquer titulares de rgos diretamente subordinados Presidncia da Repblica, importando em crime de responsabilidade a recusa ou o no-atendimento do prazo de 30 dias, bem como a prestao de informaes falsas (CF, art. 50, 2); (f) comisses parlamentares de inquritos, criadas pelas duas Casas, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de 1/3 de seus membros, que tero poderes prprios das autoridades judiciais, alm de outros previstos nos respectivos regimentos internos, para a apurao de fato determinado e por prazo certo, sendo suas concluses, se for o caso, encaminhadas ao Ministrio Pblico, para5

Observa Hely Lopes Meirelles (2009, p. 713), que, [...] no controle externo da administrao financeira, oramentria e agora de gesto fiscal, que se inserem as principais atribuies de nossos Tribunais de Contas, como rgos independentes mas auxiliares dos Legislativos e colaboradores dos Executivos.Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

18

que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores (CF, art. 58, 3); (g) aprovao prvia, pelo Senado Federal, por voto secreto, aps arguio pblica, da escolha do presidente e diretores do Banco Central e de titulares de outros cargos que a lei determinar (CF, art. 52, III, d e f); (h) aprovao prvia, pelo Senado Federal, por voto secreto, aps arguio em sesso secreta, da escolha dos chefes de misso diplomtica de carter permanente (CF, art. 52, IV). O Congresso Nacional, atravs de suas Casas, exerce, ainda, funes atpicas, como a de administrar, quando a Lei Maior confere Cmara dos Deputados a competncia para dispor sobre a organizao e o funcionamento de seus servios, a polcia administrativa e a criao, a transformao ou a extino dos seus cargos, empregos e funes (CF, arts. 51, IV, e 52, XIII), e a de julgar, quando a Carta Magna atribui ao Senado Federal a competncia para processar e julgar o Presidente da Repblica e o Vice-Presidente da Repblica nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles, assim como processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justia e do Conselho Nacional do Ministrio Pblico, o Procurador-Geral da Repblica e o Advogado-Geral da Unio nos crimes de responsabilidade (CF, art. 52, I e II). Acresa-se que, no exerccio de suas funes constitucionais de legislar e fiscalizar, os membros do Congresso Nacional (Deputados Federais e Senadores) esto alicerados por prerrogativas, direitos, deveres e incompatibilidades, que lhes conferem um regime jurdico prprio, de ndole constitucional, conhecido por estatuto dos congressistas.

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

19

3. Ministrio Pblico Examinando a evoluo do perfil do Ministrio Pblico no Brasil, de seus primrdios at os dias de hoje, pode-se constatar que, dentre as instituies ligadas administrao da Justia, foi a que mais profundamente se modificou nos ltimos anos, conformandose s novas realidades sociais e polticas. Com efeito, as atribuies do Ministrio Pblico nas searas cvel e criminal at h vinte anos eram modestas. Na rea cvel, o Ministrio Pblico se destacava intervindo como fiscal da lei (custos legis) e nas causas relativas aos interesses dos incapazes e ao estado da pessoa, ptrio poder, tutela, curatela, interdio, casamento, declarao de ausncia e disposio de ltima vontade. Na rea criminal, o Ministrio Pblico convivia com a iniciativa concorrente de outros co-legitimados para instaurar a persecuo penal, pois, no regime constitucional anterior, o Delegado de Polcia e o magistrado podiam instaurar o procedimento penal ex officio; ademais, era destitudo de qualquer poder investigatrio, limitando-se a apurar em juzo os casos em que a polcia judiciria trazia aos autos por meio do inqurito policial. No obstante, o Ministrio Pblico no Brasil ganhou um novo perfil institucional com a promulgao da Constituio de 1988, que lhe assegurou novas atribuies, como a de defender a ordem jridica, o regime democrtico e os interesses sociais e individuais indisponveis; a de promover, privativamente, a ao penal pblica; a de promover o inqurito civil e a ao civil pblica para a proteo do patrimnio pblico e social, o meio ambiente e outros interesses difusos e sociais; a de promover a ao direta de inconstitucionalidade; e a de exercer o controle externo da atividade policial. Alm disso, o Ministrio Pblico conquistou independncia funcional e autonomia administrativa e financeira, detendo seus membros as mesmas garantias da magistratura (vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsdio), que chegaram mesmo a provocar o reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal do20Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

princpio do promotor natural como imanente ao sistema constitucional brasileiro. 6 A par de tudo isso, os Chefes dos Ministrios Pblicos da Unio e dos Estados (o Procurador-Geral da Repblica e os Procuradores-Gerais de Justia) adquiriram investidura por tempo certo dois anos, permitida a reconduo com a aprovao dos respectivos nomes pelo Senado Federal e pelas Assembleias Legislativas. A aprovao, pelo Senado Federal, do nome do ProcuradorGeral da Repblica, revela um ponto de contato entre o Ministrio Pblico e o Poder Legislativo (CF, art. 52, III, e). Como se v, a Constituio reconheceu a independncia e a autonomia do Ministrio Pblico, ao trat-lo em captulo prprio como instituio permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, no se encontrando no mbito de qualquer dos Poderes da Repblica. Na verdade, o Ministrio Pblico, desvinculado do seu compromisso original com a defesa judicial dos atos do Poder Executivo, est agora dotado de prerrogativas que asseguram a sua independncia e autonomia e que o credenciam ao efetivo desempenho da defesa impessoal da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis. No , pois, o Ministrio Pblico rgo de nenhum dos Poderes Pblicos, mas rgo do Estado e da sociedade encarregado, dentre outras atribuies, de fazer com que os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio, no exerccio de suas funes, respeitem os direitos assegurados pela Carta Poltica, promovendo as medidas necessrias sua efetiva garantia. A Carta Maior prev, ainda, no seu art. 130, a existncia do Ministrio Pblico junto aos Tribunais de Contas, a cujos membros6

Cf. HC n 67.759-RJ, relator: Min. Celso de Mello. RTJ 150/123.Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

21

devem ser aplicadas as disposies sobre os direitos, vedaes e forma de investidura previstas aos demais membros do Ministrio Pblico. No caso do Ministrio Pblico junto ao Tribunal de Contas da Unio, a Lei n 8.443, de 1992, nos seus arts. 80 e 81 determina que a instituio tenha as funes de guarda da lei e fiscal de sua execuo, alm de atuar na preservao da ordem jurdica e na defesa do patrimnio pbico, aplicando-se-lhe os princpios da unidade, da indivisibilidade e da independncia funcional. 4. Poder Executivo A Constituio, inovando em relao s anteriores, dispe, nos seus arts. 37 a 38, sobre a Administrao Pblica, regulamentando-a como estrutura (sentido formal) e como funo (sentido material) 7 e estabelecendo, alm de outros preceitos expressos e implcitos, os princpios que a regem, a saber: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficincia, obrigatoriedade do comcurso pblico, irredutibilidade de subsdios e vencimentos, vedao de acumulao remunerada de cargos, empregos e funes pblicas, obrigatoriedade do procedimento licitatrio e responsabilidade objetiva do Estado. Como se v, a Lei Maior seguiu a tendncia que se verifica nos ordenamentos jurdicos comparados, no sentido da constitucionalizao do Direito Administrativo, da ampliao dos limites atuao do administrador pblico e do alargamento da apreciao judicial dos atos administrativos, buscando-se a consagrao da

7

A expresso Administrao Pblica, segundo Hely Lopes Meirelles (2009, p. 64), comporta dois sentidos: [...] em sentido formal, o conjunto de rgos institudos para consecuo dos objetivos de Governo; em sentido material, o conjunto das funes necessrias aos servios pblicos em geral. Assim, a locuo Administrao Pblica aparece, em regra, na doutrina publicstica, como sinnimo de Poder Executivo, porquanto cabe a este, precipuamente, por seus rgos, entidades e agentes, a prtica de atos administrativos.Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

22

transparncia e da probidade na gesto da coisa pblica em defesa dos direitos dos administrados. A Administrao Pblica, no mbito da Unio, compreende a Administrao Direta e a Administrao Indireta, nos termos do que assim estabelecem o caput do art. 37 do Diploma Excelso e os incisos I e II do Decreto-Lei n 200/1967: (a) Administrao Direta: constitui-se dos servios integrados da estrutura administrativa da Presidncia da Repblica e dos Ministrios; (b) Administrao Indireta: compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurdica prpria: autarquias, empresas pblicas, sociedades de economia mista e fundaes. Nesse sentido, a direo superior da Administrao Pblica Federal exercida pelo Presidente da Repblica, auxiliado pelos Ministros de Estado, conforme dispe o art. 84, II, da Carta Magna. Esse permissivo constitucional complementado pelo art. 76, tambm da Lei Maior, que afirma que o Poder Executivo da Unio exercido pelo Presidente da Repblica, auxiliado pelos Ministros de Estado. Ao Poder Executivo a Constituio outorgou, tambm, funes tpicas e atpicas. As primeiras consistem em administrar, isto , praticar atos de execuo, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competncia do rgo ou entidade e de seus agentes. So os chamados atos administrativos. O Poder Executivo exerce, ainda, funes atpicas, como a de legislar, quando o Carta Magna confere ao Presidente da Republica a prerrogativa de editar medidas provisrias com fora de lei, em casos de urgncia e relevncia, devendo submet-las de imediato ao Congresso Nacional (CF, art. 62, caput);Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

23

Alm disso, a Carta Poltica estabelece situaes em que o Poder Executivo exerce fiscalizao e controle em relao ao Poder Legislativo, a saber: (a) iniciativa privativa do Presidente da Repblica nos projetos de lei que disponham sobre a criao de cargos, funes e empregos pblicos Na Administrao Direta e autrquica ou aumento de sua remunerao e a criao e extino de Ministrios e rgos da Administrao Pblica (CF, art. 61, 1, II, a e e); (b) solicitao, pelo Presidente da Repblica, de urgncia em projetos de lei de sua iniciativa (CF, art. 64, 1); (c) participao do Presidente da Repblica no processo legislativo ordinrio mediante a sano ou veto a projetos de lei (CF, art. 66, caput, e 1); (d) escolha, pelo Presidente da Repblica, de um tero dos Ministros do Tribunal de Contas da Unio, rgo auxiliar do Congresso Nacional no exerccio do controle externo (CF, art. 73, 3, I). 5. Concluso O Poder Legislativo, o Ministrio Pblico e o Poder Executivo, em face dos princpios e regras constitucionais que lhes outorgam funes e lhes impem vedaes, apresentam pontos de contatos substanciais. Dentro dos mecanismos de fiscalizao e controle constitucionalmente previstos, a Lei Maior estabelece diversas hipteses em que o Poder Executivo fiscalizado e controlado pelo Pder Legislativo. Entre tais hipteses, merecem destaque as consagradas nos precitados arts. 70 e 49, incisos V e X, do Texto Bsico, cujos comandos atribuem ao Congresso Nacional a competncia exclusiva para, respectivamente, [...] exercer a fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial da Unio e das24Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

entidades da administrao direta e indireta, quanto legalidade, legitimidade, economicidade, aplicao das subvenes e renncia de receitas, para [...] sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegao legislativa e para [...] fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, includos os da administrao Indireta. Relativamente s hipteses onde o Poder Legislativo fiscalizado e controlado pelo Poder Executivo, mencionem-se as previstas nos arts. 61, 1, II, e, e 66, caput e 1, ambos da Carta Poltica, e cujos comandos dispem, respectivamente, que [...] So de iniciativa privativa do Presidente da Repblica as leis que disponham sobre a criao e extino de Ministrios e rgos da administrao pblica e que [...] a Casa na qual tenha sido concluda a votao enviar o projeto de lei ao Presidente da Repblica que, aquiescendo, o sancionar ou[...] se o Presidente da Repblica considerar o projeto, no todo em parte, inconstitucional ou contrrio ao interesse pblico, vet-lo- total ou parcialmente, no prazo de quinze dias teis, contados da data do recebimento, e comunicar dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal, os motivos do veto.

Quanto ao Ministrio Pblico, em face do novo perfil institucional que lhe deu a Constituio, desponta como instituio determinante para exercer e provocar, numa posio de vanguarda, a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos direitos sociais e individuais indisponveis. Da por que o Ministrio Pblico, como rgo do Estado e da Sociedade, deve ser fortalecido, aprimorado e respeitado pelos Poderes constitudos e pelos cidados, devendo-lhes ser assegurados todos os meios e os instrumentos necessrios ao exerccio pleno de suas funes constitucionais, como a ao penal pblica, o inqurito civil e a ao civil pblica, sem os quais seguramente padecer,Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

25

deixando orfandade toda uma populao que espera ver seus direitos reconhecidos e efetivados, conduzindo assim a uma perfeita integrao entre o Direito e a realidade social. Ressalte-se, por fim, que, respeitado o princpio da separao dos Poderes (CF, art. 2), como forma de tornar efetivo o sistema de freios e contrapesos em que um Poder limita o outro, evitando o arbtrio e o desrespeito aos direitos fundamentais, o Poder Legislativo deve cerrar fileiras com o Poder Executivo e com o Ministrio Pblico tanto para assegurar a aplicao da Constituio quanto para garantir a perpetuidade do Estado Democrtico de Direito. Referncias bibliogrficas BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, com as alteraes adotadas pelas Emendas Constitucionais n 1/1992 a 56/2007 e pelas Emendas Constitucionais de Reviso ns 1 a 6/94. Braslia: Senado Federal; Subsecretaria de Edies Tcnicas, 2008. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 35. ed. So Paulo: Malheiros, 2009. MONTESQUIEU, Charles Louis de Secondat. Do esprito das leis. So Paulo: Abril Cultural, 1985. MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 24. ed. So Paulo: Atlas, 2009. SILVA, Jos Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 32. ed. So Paulo: Malheiros, 2009.

26

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

O impacto da crise econmica nas finanas dos governos estaduais. Uma anlise das receitas, despesas e resultados primriosContador. Ps Graduado em Gesto Pblica com enfoque na LRF. Professor de Contabilidade Pblica da Faculdade Christus. e da Universidade do Parlamento Cearense. Contador Geral da Prefeitura Municipal de Fortaleza.

Jos Wesmey da Silva

Resumo: A crise financeira repercutiu na economia mundial de uma forma nunca vista, desde a crise de 1229. A Lei de Responsabilidade Fiscal criou mecanismos para que o gestor pblico possa enfrentar problemas como este. A fixao de metas de resultados, o acompanhamento bimestral destas metas e a limitao de empenho so as principais ferramentas introduzidas pela Lei para que o gestor pblico possa proteger as finanas e assim manter o equilbrio entre as receitas e despesas. Este artigo avalia os efeitos da recente crise econmica sobre as finanas dos estados da federao, mais precisamente sobre nas receitas, despesas e nos resultados primrios. Palavras Chave: Metas; Limitao de empenho; Resultado primrio.

1. Introduo A maior crise econmica depois da Grande Depresso de 1929 teve inicio na segunda feira de 15 de outubro de 2008 com o pedido de proteo por falncia de uma das maiores instituies financeiras dos Estados Unidos, o Banco Lehman Brothers. Nos meses seguintes ocorreu uma queda vertiginosa nas riquezas das empresas e dos pases. Segundo estudos realizados o Brasil, no foi to atingido quanto os pases desenvolvidos como Estados Unidos, Japo e pases europeus. Basta dizer que a variao no Produto Interno Bruto PIB brasileiro, no segundo trimestre de 2009, foi de -1,2% em relao ao mesmo perodo do ano passado, enquanto que no Japo, Estados Unidos e zona do euro essas variaes foram na ordem de 6,4%, -3,9% e -4,7%, respectivamente.Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

27

A nvel federal tem-se noticiado uma queda brutal na arrecadao com repercusso negativa no resultado primrio apurado nos ltimos meses. Isso leva o governo a gastar menos para que possa honrar os compromissos assumidos frente a seus credores. A proposta deste artigo verificar se os estados brasileiros, a exemplo do que aconteceu com o Governo Federal, tiveram suas receitas afetadas pela crise e de que forma elas repercutiram nas metas de resultado primrio previstas nos anexos de metas fiscais desses estados. 2. A fixao das metas e busca de resultados O equilbrio das contas pblicas pressuposto de responsabilidade na gesto fiscal. Este o grande legado trazido pela Lei 101 de 04 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Seus pilares so o planejamento, a transparncia, o controle e a responsabilizao. Este equilbrio previsto mediante o cumprimento de metas de resultado entre receitas e despesas, as quais so fixadas em relatorios anuais e acompanhadas bimestralmente, na inteno de se evitar descuidos e se gastar mais do que efetivamente se arrecada. Aps a edio da LRF a lei de diretrizes oramentrias obteve novas atribuies alm daquelas expressas no texto constitucional. Elas esto estritamente focadas na manuteno do equilbrio financeiro, quais sejam: Critrios e forma de limitao de empenho; Anexo de Metas Fiscais; Anexo de Riscos Fiscais.

No Anexo de Metas Fiscais so estabelecidas as metas anuais relativas a receitas e despesas, bem como os resultados esperados para o exerccio financeiro a que se refere e para os dois subsequentes. Este anexo dever conter ainda a avaliao de metas referente ao28Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

exerccio anterior, o demonstrativo das metas com as respectivas memrias de clculo que justifiquem os resultados esperados. O objetivo principal desses anexos expor de maneira preditiva as metas fiscais, resultante da diferena entre receitas e despesas. Aps o incio da execuo oramentria, as metas de resultado primrio sero acompanhadas e evidenciadas em um dos anexos do Relatrio Resumido da Execuo Oramentria (RREO), denominado Demonstrativo do Resultado Primrio. O artigo 165, pargrafo 3, da Constituio Federal de 1988 estabelece que o Poder Executivo publicar, at trinta dias aps o encerramento de cada bimestre o RREO. As normas para a sua elaborao e publicao esto disciplinadas na LRF. Os anexos componentes do RREO devero ser elaborados a partir dos dados contbeis consolidados de todas as unidades gestoras, no mbito da Administrao Direta, autarquias, fundaes, fundos especiais, empresas pblicas e sociedades de economia mista, no ltimo caso se estas empresas forem consideradas dependentes nos termos da LRF. Alm do Anexo de Metas Fiscais a Lei de Diretrizes Oramentrias tambm dever conter o Anexo de Riscos Fiscais, onde sero avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas pblicas, informando as providncias a serem tomadas, caso se realizem. O risco fiscal pode ocorrer tanto pelo surgimento de um passivo, acarretando uma despesa futura, por exemplo, no caso de uma sentena judicial imputada por um valor acima do esperado, quanto pela frustrao na arrecadao das receitas previstas para um determinado exerccio financeiro. Os arts. 8, 9 e 13 da LRF criaram mecanismos para se implantar metas bimestrais de arrecadao e o seu efetivo acompanha-

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

29

mento no decorrer do ano, tendo em vista que elas poderam ter efeitos sobre os gastos e resultados inicialmente programados. O art. 8 determina a abertura do oramento por meio da programao financeira e do cronograma mensal de desembolso e o art. 13 determina que as receitas previstas sejam desdobradas em metas bimestrais de arrecadao. O artigo 9 determina as medidas a serem adotadas caso se verifique, ao final de cada bimestre, que a realizao da receita poder no comportar o cumprimento das metas de resultado primrio ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais. Caso as metas sejam afetadas, a Lei determina que os Poderes e o Ministrio Pblico, por iniciativa prpria, nos trinta dias subsequentes, adotem medidas que promovam o cumprimento das metas. A principal delas a limitao de empenho e movimentao financeira, que consiste no contingenciamento de gastos na forma e critrios previstos na lei de diretrizes oramentrias. Portanto, se a arrecadao da receita prevista na lei do oramento estiver abaixo do esperado e isso comprometer as metas de resultado, o contingenciamento do oramento ser necessrio at que a arrecadao volte a seus patamares previstos. Na verdade, alm do cumprimento de metas, a limitao de empenho previne o surgimento de restos a pagar, que so dvidas de curto prazo, no final do exerccio sem lastro financeiro para atend-los. Segundo Cruz (2009, p. 40) o contingenciamento consiste no bloqueio efetuado pelo rgo que centraliza a autorizao de empenho em determinada(s) unidade(s) ou em determinada(s) funo(es), ou, ainda, em determinado(s) elemento(s) de despesa(s). A Lei 10.028, de 19 de outubro de 2000, conhecida como Lei de Crimes Fiscais, tipifica como infrao administrativa contra as leis de finanas pblicas deixar de expedir ato determinando limitao de empenho e movimentao financeira, nos casos e condies estabelecidos em lei. A infrao pelo descumprimento deste artigo punida com multa de trinta por cento dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o pagamento da multa de sua res30Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

ponsabilidade pessoal, sendo esta multa aplicada pelo respectivo Tribunal de Contas. O descontrole no acompanhamento da execuo oramentria ainda mais danoso se ocorrer nos oito ltimos meses do ano de mandato de gestor, pois certamente ele deixar dvidas para o prximo e no ter lastro financeiro suficiente para pag-las. Segundo a Lei de Crimes Fiscais isto considerado como crime contra as finanas pblicas e a pena para o infrator pode chegar de 1 (um) a 4 (quatro) anos de recluso. O resultado primrio apurado pela diferena entre as receitas e as despesas primrias e pode apresentar-se como supervit ou dficit. O primeiro verificado quando a diferena entre as receitas e despesas primrias apresenta um valor positivo, j o dficit primrio caracterizado pelo valor negativo desta diferena. Temos ainda o resultado nulo, que na prtica dificilmente ocorre. O supervit primrio direcionado para o pagamento de servios da dvida, contribuindo para a reduo do estoque da mesma, conforme previsto no art. 31, 1o, II da LRF. Alm disso sua apurao fornece uma melhor avaliao do impacto da poltica fiscal implantada pelo ente da Federao. A ocorrncia de dficit primrio indica uma evoluo da dvida e a necessidade de se contrair emprstimos que sero pagos a juros elevados, levando o ente a entrar num ciclo vicioso e prejudicial s finanas do respectivo ente. As receitas primrias so representadas pelo total das receitas oramentrias deduzidas as receitas financeiras que so aquelas provenientes de rendimentos de aplicaes financeiras, operaes de crditos contrados, retorno das operaes de crdito concedidas e ainda as receitas decorrentes das privatizaes. As despesas primrias correspondem ao total das oramentrias subtradas as despesas financeiras que so aquelas oriundas doRevista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

31

pagamento de juros e amortizao da dvida, as despesas com operaes de crdito com retorno garantido e ainda aquelas com a aquisio de ttulos de capital integralizado. O resultado primrio apurado pela metodologia de clculo proposta pela STN que assumiu o papel de rgo responsvel pela consolidao das contas pblicas at a criao do Conselho de Gesto Fiscal, nos termos da LRF. Relatrio Resumido da Execuo Oramentria RREO tem entre seus anexos o Demonstrativo do Resultado Primrio (Anexo VII do RREO) e dever ser publicado at trinta dias aps o encerramento de cada bimestre. A seguir (Tabela 1) veremos a estrutura do referido demonstrativo que ser preenchido com dados extrados da contabilidade do respectivo ente. RELATRIO RESUMIDO DA EXECUO ORAMENTRIA DEMONSTRATIVO DO RESULTADO PRIMRIO ORAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL RREO - ANEXO VII ( LRF, art. 53, inciso III ) R$ 1,00 RECEITAS REALIZADAS Receitas Primrias RECEITAS PRIMRIAS CORRENTES ( I ) Receitas Tributrias ICMS IPVA ITCD IRRF Outras Receitas Tributrias Receitas de Contribuies Receitas Previdencirias Outras Receitas de Contribuies Receita Patrimonial Lquida Receita Patrimonial ( - ) Aplicaes Financeiras Previso Atualizada No BimestreAt o Bimestre / At o Bimestre /

32

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

Transferncias Correntes FPE Convnios Outras Transferncias Correntes Demais Receitas Correntes Dvida Ativa Diversas Receitas Correntes RECEITAS DE CAPITAL ( II ) Operaes de Crdito ( III ) Amortizao de Emprstimos ( IV ) Alienao de Bens ( V ) Transferncias de Capital Convnios Outras Transferncias de Capital Outras Receitas de Capital RECEITAS PRIMRIAS DE CAPITAL ( VI ) = ( II - III - IV - V ) RECEITA PRIMRIA TOTAL ( VII ) = ( I + VI )

-

-

DESPESAS

-

LIQUIDADAS Despesas PrimriasDotao Atualizada No Bimestre At o Bimestre / At o Bimestre /

DESPESAS CORRENTES ( VIII ) Pessoal e Encargos Sociais Juros e Encargos da Dvida ( IX ) Outras Despesas Correntes DESPESAS PRIMRIAS CORRENTES ( X ) = ( VIII - IX ) DESPESAS DE CAPITAL ( XI ) Investimentos Inverses Financeiras Concesso de Emprstimos ( XII ) Aquisio de Ttulo de Capital j Integralizado ( XIII ) Demais Inverses Financeiras Amortizao da Dvida ( XIV ) DESPESAS PRIMRIAS DE CAPITAL ( XV ) = ( XI - XII - XIII XIV ) RESERVA DE CONTINGNCIA ( XVI ) RESERVA DO RPPS ( XVII ) DESPESA PRIMRIA TOTAL ( XVIII ) = ( X + XV + XVI + XVII ) RESULTADO PRIMRIO ( XIX ) = ( VII - XVIII ) SALDO DE EXERCCIOSRevista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

33

ANTERIORES DISCRIMINAO DA META FISCAL META DE RESULTADO PRIMRIO FIXADA NO ANEXO DE METAS FISCAIS DA LDO P/O EXERCCIO DE REFERNCIA Tabela 1 Fonte: Manual do RREO (STN) VALOR CORRENTE

3. A Anlise dos Dados A anlise dos dados aqui trabalhados foi realizada com base nos valores extrados dos demonstrativos de resultado primrio dos estados da Federao constante no RREO relativos ao 4 bimestre de 2009 publicados no sitio da STN. Vale ressaltar que at a data de encerramento deste artigo alguns estados* ainda no haviam divulgado o RREO relativo a este bimestre, nesse caso os dados analisados referem-se ao RREO do 3 bimestre de 2009. No foram localizados no stio da STN os Relatrios Resumidos da Execuo Oramentria do Estado de Roraima. Os valores relativos a agosto de 2008 foram atualizados pelo ndice de Preos ao Consumidor Ajustado (IPCA). A tabela 2 demonstra os dados consolidados dos estados relativos a receita, despesa, resultado primrios e a respectiva meta.Valores em R$ 1.000 DESCRIO DA RECEITA RECEITAS PRIMRIAS CORRENTES (I) Receitas Tributrias ICMS IPVA ITCD IRRF Outras Receitas Tributrias Receitas de Contribuies. Jan - Ago de 2009 (a) 220.812.457 129.882.487 102.889.957 14.308.801 396.406 4.456.532 7.830.790 15.065.575 Jan - Ago de 2008 (b) 219.307.008 132.562.624 107.378.589 13.156.914 439.340 4.514.644 7.073.136 12.383.163 Diferena (a-b) 1.505.449 (2.680.137) (4.488.632) 1.151.887 (42.934) (58.111) 757.653 2.682.411 Diferena (%) 0,69 -2,02 -4,18 8,75 -9,77 -1,29 10,71 21,66 Anlise Vertical (%) 98,91 58,18 46,09 6,41 0,18 2,00 3,51 6,75

34

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

Receita Patrimonial Lquida Transferncias Correntes FPE Convnios Outras Transferncias Correntes Demais Receitas Correntes Dvida Ativa Diversas Receitas Correntes RECEITAS PRIMRIAS DE CAPITAL (VI) RECEITA PRIMRIA TOTAL (VII) = (I+VI) DESCRIO DA DESPESA DESPESAS PRIMRIAS DESPESAS PRIMRIAS CORRENTES (X) DESPESAS PRIMRIAS DE CAPITAL (XV) RESULTADO PRIMRIO (XIX) = (VII-XVIII)

6.003.181 69.861.214 20.075.114 1.685.560 32.981.774 15.118.766 916.311 14.202.454 2.434.196 223.246.653

6.521.714 67.839.507 22.208.441 1.480.233 29.160.988 14.989.845 965.593 14.024.252 2.167.022 221.474.030

(518.533) 2.021.707 (2.133.327) 205.328 3.820.786 128.920 (49.282) 178.202 267.174 1.772.623

-7,95 2,98 -9,61 13,87 13,10 0,86 -5,10 1,27 12,33 0,80

2,69 31,29 8,99 0,76 14,77 6,77 0,41 6,36 1,09

Jan - Ago de 2009 (a) 190.089.150 178.315.477 11.773.672 33.157.503

Jan - Ago de 2008 (b) 177.219.140 168.360.622 8.858.518 44.254.890

Diferena (a-b) 12.870.010 9.954.855 2.915.155 (11.097.387)

Diferena (%) 7,26 5,91 32,91 -25,08

Anlise Vertical (%)

93,81 6,19

META DE RESULTADO PRIMRIO FIXADA NO ANEXO DE METAS FISCAIS DA LDO PARA O EXERCCIO DE 2009 Tabela 2 Fonte: STN

14.963.437

Anlise das Receitas Arrecadadas Pode-se observar que a fonte mais significativa de receita para os estados a tributria correspondendo 58,18% de toda receita primria. Ao compararmos o montante da receita tributria arrecadada de um perodo em relao a outro, percebemos uma queda no valor aproximado de R$ 2,7 bilhes; em termos percentuais isso significa 2,02%. Compondo a receita tributria, temos o Imposto sobre Circulao de Mercadoria e sobre Prestao de Servios de TransportesRevista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

35

Interestaduais e Intermunicipais (ICMS) que teve perda bastante significativa apresentando um percentual de queda na ordem de 4,18%. A contrao da receita tributria s no foi maior em virtude de um acrscimo de R$ 1,1 bilhes na arrecadao do Imposto sobre a Propriedade de Veculos Automotores (IPVA), que aumentou 8,75% de um perodo para outro. Outra significativa fonte de receita para os estados a cota do Fundo de Participao dos Estados (FPE), originria da arrecadao dos impostos sobre produtos industrializados e de renda cuja competncia tributria pertence a Unio, mas que por fora de determinao constitucional transferem vinte e um e meio por cento dessas receitas para os estados. Dentre as receitas de transferncias intergovernamentais mais representativas esta certamente foi a que teve a maior retrao, apresentando uma queda de aproximadamente R$ 2,1 bilhes. O total das receitas s no mais afetado devido ao crescimento verificado nas receitas de contribuies e outras transferncias correntes, que apresentaram um acrscimo de R$ 2,7 e R$ 3,2 bilhes, respectivamente. No entanto faz-se necessrio esclarecer que as receitas de contribuies sociais no decorrem diretamente da atividade econmica, como o caso dos impostos. Esta receita derivada das contribuies dos servidores, aposentados e do ente patronal, destinadas ao custeio das despesas com inativos e pensionistas, Assim, no podem ser direcionadas ao pagamento do servio da dvida que, como vimos, o principal destino do resultado primrio. Da mesma forma as rubricas relativas a outras transferncias tm como fonte principal o Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e Valorizao dos Profissionais da Educao (Fundeb) recurso estritamente vinculado a manuteno e ao desenvolvimento do ensino. So visveis os efeitos de uma crise econmica nas receitas dos estados. Mesmo havendo um modesto acrscimo de 0,8% no total das receitas este se torna mnimo se comparado aos 14,7% de36Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

crescimento nas receitas arrecadadas pelos estados no exerccio financeiro de 2008 em relao a 2007. Anlise das Despesas Realizadas Ao contrrio do modesto crescimento das receitas, as despesas tiveram uma elevao na ordem de 7,2%. As despesas primrias correntes, aquelas destinadas ao custeio da mquina administrativa incluindo os gastos com pagamento de pessoal e excludas as despesas com juros e encargos da dvida, tiveram um aumento na ordem de 5,9%. Essas despesas tm um peso considervel nos gastos pblicos, nos dados em anlise elas representam mais de 90% dos gastos dos estados. As despesas primrias de capital, representadas principalmente pelos investimentos, no incluindo o pagamento dos valores de amortizao do principal da dvida, tiveram um aumento significativo que chegou a R$ 11,7 bilhes em agosto de 2009; 32,9% maior em relao ao mesmo perodo do ano anterior. Anlise dos Resultados Primrios Ao analisarmos a tabela 3, veremos que as metas de resultado primrio de 22 dos 27 estados da federao foram ultrapassadas logo no segundo quadrimestre de 2009, apresentando supervits bem acima do esperado. Somadas essas metas foram 2,2 vezes aquelas previstas para todo o exerccio. S o Estado de So Paulo superou em seis vezes sua meta inicial. No Estado do Cear ela foi 3,8 vezes maior que o valor esperado para este exerccio. Apenas o Estado do Acre apresentou dficit primrio, significando que as despesas esto sendo realizadas acima da sua capacidade de arrecadao. Ainda assim a sua meta de resultado primrio est acima do previsto para o ano de 2009. Apenas os estados do Amazonas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe no alcanaram ainda as metas previstas, pelo menos at o perodo em anlise. No entanto, pela tendncia do exerccio, apenas o Estado de Sergipe sinaliza queRevista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

37

no atingir a meta prevista no anexo de metas fiscais fixado na sua LDO.Valores em R$ 1.000 RESULTADO META DE RP TOTAL DAS TOTAL DAS PRIMRIO DIFERENA RECEITAS DESPESAS FIXADA NO (a-b) DO PRIMRIAS PRIMRIAS AMF (b) PERIODO (a) 1.764.488 2.849.757 4.652.402 1.095.380 13.042.114 5.774.093 6.798.925 7.523.597 4.597.302 24.841.458 4.586.970 4.192.942 4.863.374 3.311.930 9.455.981 2.912.021 9.459.079 19.132.298 2.874.458 2.520.742 13.647.582 7.209.176 2.885.995 61.470.080 1.784.508 223.246.653 1.785.712 2.290.671 4.652.366 760.892 11.755.333 4.862.317 5.472.040 6.257.834 3.604.388 21.304.484 3.938.445 3.329.013 4.085.141 2.793.346 8.820.005 2.558.710 7.945.125 17.409.535 2.781.271 1.986.663 12.276.167 6.394.332 2.870.572 48.481.125 1.673.663 190.089.150 -21.224 559.086 37 334.488 1.286.781 911.775 1.326.886 1.265.763 992.913 3.536.975 648.526 863.929 778.233 518.584 635.976 353.312 1.513.954 1.722.763 93.187 534.078 1.371.415 814.844 15.423 12.988.954 110.845 33.157.503 -196.020 394.209 2.298 -138.158 1.078.822 238.083 308.127 1.076.548 682.153 1.644.478 576.923 754.214 49.594 265.309 295.451 294.010 777.133 1.780.326 269.530 1.820.010 923.000 98.133 1.904.000 65.265 14.963.437 174.796 164.878 -2.261 472.646 207.959 673.692 1.018.759 189.215 310.760 1.892.497 71.603 109.715 728.639 253.275 340.525 59.302 736.821 -57.563 93.187 264.548 -448.595 -108.156 -82.710 11.084.954 45.580 18.194.006

DESCRIO Acre Alagoas Amazonas Amap * Bahia Cear * Esprito Santo Gois Maranho Minas Gerais Mato Grosso do Sul Mato Grosso * Par * Paraba Pernambuco Piau Paran * Rio de Janeiro * Rio Grande do Norte Rondnia Rio Grande do Sul* Santa Catarina Sergipe So Paulo* Tocantins* Total Tabela 3 Fonte: STN

38

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

4. Concluso Como podemos observar, as metas de resultado primrio no foram afetadas negativamente pela recente crise econmica. Com isso, para a maioria dos estados, no foi necessria a utilizao da figura limitao de empenho, j que, mesmo com uma arrecadao abaixo da prevista, as metas de resultado primrio no foram afetadas, pelo menos em relao ao resultado primrio nos termos da LRF.Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realizao da receita poder no comportar o cumprimento das metas de resultado primrio ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministrio Pblico promovero, por ato prprio e nos montantes necessrios, nos trinta dias subsequentes, limitao de empenho e movimentao financeira, segundo os critrios fixados pela lei de diretrizes oramentrias.

Ento como se explica uma frustrao na arrecadao, um aumento desproporcional da despesa em relao a receita e ainda assim mais de oitenta por cento dos estados terem superado suas metas dentro dos oito primeiros meses do ano? Basicamente dois fatores explicam a ocorrncia desse fenmeno. Primeiramente, se observarmos o total do resultado primrio apurado em agosto de 2008, ele teve uma queda representativa em relao ao mesmo perodo de 2009, na ordem de 25,08%. Ou seja, as receitas se mantiveram num mesmo patamar, enquanto as despe-sas tiveram um aumento significativo, contraindo assim o resultado primrio, mesmo assim estando ainda acima dos valores fixados em seus anexos de metas fiscais (vide grfico 1). Em segundo lugar as metas de resultado primrio previstas foram bem conservadoras estando bem aqum daquelas efetivamente realizadas. Isso indica a necessidade de uma previso mais realistaRevista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

39

na elaborao dos anexos que compem suas leis de diretrizes oramentrias pelos setores de planejamento da maioria dos estados. Grfico 1240.000.000 220.000.000 200.000.000 180.000.000 160.000.000 140.000.000 120.000.000 100.000.000 80.000.000 60.000.000 40.000.000 20.000.000 RECEITAS PRIMRIAS DESPESAS PRIMRIAS RESULTADO PRIMRIO

Jan - Ago de 2008 Jan - Ago de 2009

Referncias bibliogrficas Brasil. Constituio Federal de 1988. Brasil. Lei Complementar N. 101/00. Governo Federal. Brasil. Lei N. 10.028/00. Governo Federal. CARVALHO, Deusvaldo. LRF doutrina e jurisprudncia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. CRUZ, Flvio da; VICCARI JNIOR, Adauto; GLOCK, Jos Osvaldo; HERZMANN, Nlio; BARBOSA, Rui Rogrio, TREMEL, Rosngela. Lei de responsabilidade fiscal comentada: lei complementar n 101, de 4 de maio de 2000. 4 Ed. So Paulo: Atlas, 2009. GUANDALINI, Giuliano. O Mundo Ps Crise como usar. Revista Veja. So Paulo: edio 2130. Ano 42, No. 37, p. 120 134, setembro de 2009.

40

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

MATIAS PEREIRA, Jos. Finanas pblicas: a poltica oramentria no Brasil. 4 Ed. So Paulo: Atlas, 2009. MARTINS, Ives Grandra da Silva, NASCIMENTO, Carlos Valder do. (Coordenadores) Comentrios a Lei de Responsabilidade Fiscal. 4 Ed. So Paulo: Saraiva, 2009. NASCIMENTO, Edson Ronaldo. Lei de responsabilidade fiscal: comentada. 5 Braslia: Vestcon, 2009. REZENDE, Fernando Antnio. Finanas pblicas. 2 ed. Atlas, 2002.

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

41

42

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

Sistema Integrado de Contabilidade, como ferramenta de controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira: o caso do Estado do CearMestre em Controladoria pela UFC. Formado em Cincias Contbeis pela UFC. Auditor-Fiscal da Secretaria da Fazenda.

Roberto Viera de Meneses

Doutor e Mestre em Administrao de Empresas pela FGV. Formado em Cincias Econmicas pela UFC. Professor adjunto da UFC.

rico Veras Marques

Resumo: Os Sistemas de Informao (SI), baseados na Tecnologia de Informao e Comunicao (TCI), so capazes de processar grande volume de dados de forma rpida e precisa, bem como estocar (armazenar) e acess-los rapidamente, alm de fornecer comunicao a contento e otimizar as informaes para suportar a tomada de deciso. O Estado do Cear, buscando a otimizao, a captao e a aplicao dos recursos e possibilitando a transparncia dos atos e fatos da Administrao Pblica, implantou, em 1981, o Sistema Informatizado em Contabilidade Pblica, denominado de Sistema Integrado de Contabilidade (SIC), que tem como misso precpua possibilitar a administrao dos recursos pblicos, de forma eficaz, eficiente e efetiva. O objetivo geral deste estudo analisar a contribuio do SIC no controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira do Estado do Cear, isto , sua efetiva contribuio, a realidade, o grau de sua performance e eficincia no atendimento finalidade para a qual foi implantado e criado, h trinta anos. A metodologia aplicada constou de um estudo de caso nico, compreendendo coleta e anlise de dados, a partir de entrevistas e questionrios com respondentes, selecionado por meio de uma amostra por julgamento, seguida de consideraes e concluses. Os resultados decorrentes da pesquisa apontam, de um lado, para um consenso slido e majoritrio atestando a importncia e a qualidade da atuao do SIC no cenrio contbil e financeiro do Estado, mas, por outro lado, para a inegvel premncia por sua imediata atualizao e modernizao, de modo a corrigir pontos de estrangulamento, que impedem, inegavelmente, uma melhor performance.

1. Introduo As telecomunicaes e a informtica tm evoludo nos ltimos anos por serem importantes ferramentas para o sucesso do sistemaRevista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

43

de informao. Essas ferramentas contriburam, de forma decisiva, para as mudanas de comportamento da sociedade, das administraes pblicas e privadas, quebrando os mais diversos paradigmas. O caso em estudo tem como objeto a implantao do SIC. Justifica-se pela institucionalizao da conta nica no Estado do Cear, por meio da Lei n. 10.338, de 16.11.79, regulamentado pelo Decreto n 14.222/1980, em pleno apogeu do surgimento da Administrao Pblica Gerencial, em que a Administrao Estadual procurou criar mecanismos para o acompanhamento gil da execuo oramentria e dos atos correlatos, com informaes hbeis e oportunas. O objetivo fundamental proposto ao SIC tem sido o de prever insuficincias financeiras e indicar a localizao de recursos ociosos, orientar as aes corretivas, melhor utilizar eventual disponibilidade e, ainda, permitir o conhecimento da composio patrimonial, o levantamento dos balanos, a anlise dos resultados econmicos e financeiros. A partir da sua implantao e em todo o transcurso da dca-da de 1990, o SIC tem demonstrado ser um investimento tecnolgi-co bem sucedido, na rea de tecnologia de informao do Estado do Cear, inclusive atraindo novos investimentos no sistema informatizado. Pode-se propor, como exemplo, o pagamento automatizado de seus credores, com a institucionalizao dos pagamentos em crdito, na conta bancria de seus fornecedores, que at ento eram realizados, pelo Estado, atravs de cheques nominais descentralizados, nos seus diversos rgos, sem um controle efetivo e sistematizado. O SIC destaca-se pela magnitude de dados registrados e armazenados, que vo desde a elaborao e execuo do oramento do Estado, incluindo a movimentao e controle financeiro do prprio oramento, como tambm de toda arrecadao das receitas do Estado, assim como o desembolso financeiro para realizao das despesas dos entes da Administrao Direta e Indireta. Como se pode observar, o SIC insere-se adequadamente nos44Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

pressupostos da Administrao Pblica Gerencial, a qual pretende ter uma viso aberta e globalizante. O administrador no teria que se preocupar em fundamentar suas aes restringindo-se, apenas, aos quesitos legais j que isso o mnimo que ele pode oferecer sua sociedade. Seu compromisso essencial est em oferecer os servios pblicos, procurando atender s suas demandas, de forma continuada e com qualidade, com atitudes preventivas que, de um lado, valorizem os recursos do Estado e, de outro lado, evitem ou amenizem o desperdcio e o desmando da coisa pblica. Assim, no contexto de uma Administrao Pblica Gerencial e do uso de Sistemas de Informao no setor pblico, mais especificamente, em relao ao Sistema Integrado de Contabilidade do Estado do Cear (SIC), que se insere esta pesquisa. A implantao do SIC tinha, desde o princpio, como pressuposto a execuo oramentria das receitas previstas e das despesas fixadas nas peas oramentrias, com um vis muito forte na gesto financeira dos recursos. Seu objetivo claro tem sido o de otimizar as disponibilidades financeiras, seja na captao das receitas, como e, mormente, no desembolso desses ativos nas diversas aplicaes de despesas correntes ou de capital. Diante dessas consideraes, coloca-se o seguinte problema: qual a contribuio do SIC ao controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira do Estado do Cear? Portanto, a pesquisa descrita neste artigo tem como objetivo principal analisar a contribuio do SIC no controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira do Estado do Cear. Inicialmente, na segunda parte, foram explicitados os conceitos bsicos de Tecnologia e Sistemas de Informao, classificao de sistemas, formas de controle e avaliao, vantagens e contribuies para o setor pblico. Na terceira parte, foi definida a metodologia utilizada na pesquisa. Na quarta parte, evidenciam-se as anlises e os resultados do estudo de caso, na quinta e ltima parte, chegou-se concluso da pesquisa com as consideraes e sugestes.Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

45

2. Tecnologia da Informao e Sistemas de Informao Stair e Reynolds (2006) entendem que a definio de dados e de informaes , comumente, confundida por aquelas pessoas que no tm intimidade com o assunto. Informao, no sentido lato, pode-se definir como sendo dados trabalhados que serviro para auxiliar na tomada de deciso; por sua vez, os dados so fatos estticos, sem nenhuma agregao de outros valores, sem relacionamento com outros dados. De acordo como estudo de Laurindo (2008), pode-se chegar a um esclarecimento sobre o significado preciso de Tecnologia de Informao (TI), servindo-se da reviso que o citado terico faz a respeito do assunto, conforme Quadro 1.Autor Keen (1993) Abordagem A expresso Tecnologia de Informao um termo passvel de equvocos e a mudanas no seu significado, quando se refere a computadores, telecomunicaes, ferramentas de acesso e recursos multimdia. A Tecnologia de Informao (TI) um termo muito mais amplo do que os termos, processamento de dados, sistemas de informao, engenharia de software, informtica, ou at o conjunto de hardware e software. Conforme esses autores, os termos envolvem, tambm, aspectos humanos, administrativos e organizacionais. Distingue Tecnologia da Informao e Sistemas de Informao. A primeira expresso se refere aos aspectos tcnicos. A segunda expresso envolveria questes do fluxo de trabalho e as intervenes humanas neste processo. Servem-se da expresso, Tecnologia de Informao, entendendo tanto os aspectos tcnicos, como os aspectos humanos.

Luftman et al. (1993) e Keen (1993)

Alter (1995)

Venkatraman (1993), Keen (1993), Weil (1992)

Quadro 1 Conceitos de Tecnologia de Informao. Fonte: Adaptado de Laurindo (2008).

46

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

Ainda, conforme Laurindo (2008), a expresso Tecnologia de Informao, a partir da dcada de 1980, substituiu os termos Informtica e processamento de dados que eram empregados indiscriminadamente nesse campo, que esse conceito mais amplo da TI insere-se na expresso convergncia digital, termo frequente na indstria de computadores e nas telecomunicaes. J os Europeus, trabalham com a expresso Tecnologia da informao e da Comunicao (TIC). Como se pode observar no Quadro 1, ainda, no existe um consenso sobre o sentido exato do termo Tecnologia de Informao e que, pelo contrrio, seu significado acha-se em constante evoluo e discusso. Porm todos convergem para a idia de que se trata de um processo que envolve tanto aspectos tcnicos como aspectos humanos. Quanto aos sistemas de informao, estes se encontram presentes no cotidiano, tornando-se imprescindveis, seja na vida privada: na execuo de tarefas caseiras ou mesmo quando nos interagimos, via internet, com amigos ou solucionando transaes comerciais ou bancrias; como tambm nas mais diversas aplicabilidades dos entes pblicos ou privados. Porm, sua importncia de tal monta, que no se consegue sobreviver sem a utilizao dos sistemas de informao (SI), visto que, devido evoluo dessa ferramenta, em qualquer atividade que se executa, atualmente, esto, quase sempre, presentes a TI e o SI. Portanto, fica evidenciada a importncia e a influncia de utilizao de TI e SI nos processos gerenciais da moderna administrao, seja pblica ou privada. O desafio maior que o administrador deve levar em considerao a melhor forma de escolher os seus investimentos de TI. Audy e Brodbeck (2003, apud MARQUES e ALBERTIN, 2005) fazem referncia s abordagens: Racional, Racionalidade, Poltica, Incrementalismo Lgico e Componente subjetivo. So elementos facilitadores para o processo decisrio, sugerindo o modo como o administrador pode encaminhar a melhor deciso para contratar as ferramentas tecnolgicas.Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

47

Para Moura (2003, apud MARQUES e ALBERTIN, 2005), na formatao de sistemas de informao devem ser observados os seguintes fatores, a saber: as variveis tecnolgicas, variveis no tecnolgicas, variveis do setor e variveis macroeconmicas. 2.1. Classificao dos Sistemas de Informao Laurindo (2008) expe quatro classificaes para os sistemas de informao, considerando a viso de autores como: Anthony (1965), Alter (1995), Mc Lean e Wetherbe (2002), a saber: a) Por nveis de deciso. Na opinio de Anthony (1965, apud LAURINDO, 2008) existiriam na operao dos sistemas de informao trs tipos de decises bem distintas, isto , decises referentes s operaes, outras referentes ao controle direto e outras referentes ao planejamento estratgico. Assim, conforme esse autor, no nvel estratgico, as informaes dizem respeito ao campo externo, mais voltadas para o planejamento em longo prazo, mas, tambm, com sistemas estratgicos de inovao, por causa da dinamicidade dos mercados. No nvel do controle, os dados seriam internos e externos, a partir do problema. No nvel operacional, seriam focados os dados internos, analticos, com a automao dos processos repetitivos, nas atividades de curto prazo. b) Conforme o uso. De acordo com Alter (1995, apud LAURINDO, 2008) as tipologias utilizadas pelas empresas so de 1. Sistemas Transacionais (TPS) (Transaction Procssing System): armazenam e coletam eventos e dados repetitivos no dia a dia das organizaes, administrando os dados conforme regras prestabelecidas. 2. Sistemas de informao Gerenciais - Management Information System (MIS): trabalham as informaes de maneira mais agregada.48Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

3. Sistemas de Apoio Deciso - Decision Support Systems (DSS), forma interativa de contato dos usurios com o computador, sendo fundamental a forma de suprimento de informaes. 4. Sistemas de Informao Executivos - Executive Information Systems (EIS): fornecem um maior nvel de agregao nas suas informaes, com interface, visando a um nvel mais alto da direo da empresa. 5. Sistemas Especialistas Especialist Systems (ES): um sistema facilitador de dilogo com o usurio, buscando resolver problemas conjunturais, por regras internas, tipo se, ento, seno. 6. Sistemas de Automao de Escritrios - Office Automation Systems (OAS): basicamente procura facilitar a interatividade e a comunicao, buscando maior eficincia e fluidez no trabalho de um escritrio. c) Conforme a estrutura organizacional. Turban, McLean e Wetherbe (2002, apud LAURINDO, 2008) criaram uma nova forma de classificao, a partir da hierarquia organizacional. 1. Os sistemas de informaes departamentais: para atender aos departamentos da empresa. 2. Os sistemas de informao empresariais: com todo o conjunto de aplicativos para o planejamento e administrao de todos os recursos da organizao. 3. Os sistemas de informao interorganizacionais: com a possibilidade da interligao de diversas empresas. d) Pelas tarefas que apiam: de acordo com Alter (1995, apud LAURINDO, 2008), h a possibilidade de se executarem diversas tarefas nos sistemas de informao, seja substituindo a atividade humana, seja reforando-se regras e procedimentos, seja, fornecendo-se informaes e ferramentas necessrias para a execuo do acesso,Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

49

como processar dados, comunicar-se, tomar de decises e planejar aes fsicas. Alter (1992, apud LAURINDO, 2008), ainda, apresenta alguns referenciais para a descrio e avaliao dos sistemas de informao, que so orientaes imprescindveis para eficincia quando do desenvolvimento de qualquer SI: A complexidade: pelo nmero de variveis interfaces, pela dificuldade possvel nos clculos, pela intensidade e variedade de acesso ao banco de dados. Padro de erros: o tipo de erros cometidos pelo sistema, os sistemticos e os no-sistemticos. Compatibilidade: maior ou menor compatibilidade do sistema com outros equipamentos, sistemas e aplicativos. Controlabilidade: maior ou menor controle sobre a operao do sistema. Adaptabilidade: capacidade do sistema de adaptar-se a mudanas tecnolgicas e organizacionais. Custo: os custos de aquisio, implantao e de operao. Atrasos: o grau de defasagem em relao atualidade tecnolgica. Capacidade: o volume de dados e transaes possveis de serem processadas e armazenadas e o nmero de usurios compatveis. Confiabilidade: a certeza possvel diante das respostas fornecidas pelo sistema. Eficincia: a forma como o sistema opera, mais ou menos perfeitamente. Eficcia: os resultados obtidos e os benefcios colhidos.

As classificaes dos sistemas definidos acima, assim como a descrio e avaliao dos sistemas de informao, so informaes importantssimas na avaliao e na tomada de deciso para implantao de qualquer sistema de informao-SI. A inobservncia desses referenciais poder acarretar a ineficincia da escolha do tomador da deciso do SI, causando-lhe prejuzos financeiros ou de oportunidade, desequilibrando a relao custos versus benefcios. 2.2. Caractersticas dos Sistemas de Informao50Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

Alter (1999); Audon e Laudon (2000) e OBrien (2003), citados por Dolci; Becker (2006), a partir do estudo de traos caractersticos de um conjunto dados, com o objetivo de determinar os tipos de sistemas de informao, ou seja, as tipologias adotadas para caracterizar sistemas de informao, classificam os recursos em humanos, de hardware, de software, de dados, de rede e de informao. Essas caractersticas, entretanto, quando fundamentadas, atendem, principalmente, a recursos tcnicos, dificultam a identificao e a mensurao das caractersticas relevantes da TI, para estudos que visam a entender seu relacionamento com as organizaes (CROWSTON; MALONE, 1994, apud MULLIGAN, 2002). Os autores Dolci e Becker (2006) afirmam que tais tipologias focam a capacidade de produo e componentes mensurveis, tangveis das mquinas, quando associadas TI. Concluindo seus pensamentos, os autores entendem que, de fato, os recursos so diferenciados pela capacidade de processamento, armazenamento, recuperao, transmisso e apresentao dos dados. Contrapondo-se ao exposto anteriormente, Mulligan (2002) direciona que os estudos sobre caracterizao da TI que dever passar da observao direta (objetiva) de elementos, com carter de tangibilidade da tecnologia, para a percepo dos usurios e desenvolvedores. Para fundamentar suas ideias, o autor desenvolveu uma pesquisa exploratria em que faz uso do mtodo Delphi, junto a especialistas, em dois momentos: numa primeira fase, comparou alguns casos; numa segunda, concluiu que os principais atributos que caracterizam os sistemas de informao so: escopo, acessibilidade, integrao e foco dos sistemas. No intuito de melhor mensurar os atributos de cada construto definido (conceitos no observveis), Dolci e Becker (2006) apresentam, para cada construto, um conjunto de enunciados (itens para medir variveis observveis). Aps a anlise de 394 sistemas de informao, utilizando uma ferramenta sofisticada em estatstica,Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

51

confirmaram os estudos anteriores de Mulligan (2002) e Dolci e Becker (2006). Os autores Dolci e Becker (2006) oferecem itens (variveis observveis) que devem ser empregados para cada construto (varivel latente), conforme exposto no Quadro 2.

Itens So abrangentes quanto ao nmero de reas funcionais que acessam o sistema do apoio execuo de uma vasta gama de tarefas do apoio Escopo execuo de diferentes tipos de servios exigidos em diversas reas funcionais. Esto disponveis 24 horas, 7 dias por semana, para serem acessados Acessibilidapor sistemas de informao externos organizao. Podem ser acesde sados fora do expediente de trabalho. So integrados a outros sistemas de informao que do apoio a decises realizadas em nveis superiores da organizao. Registram Integrao dados ou executam processos fundamentais a outros sistemas de informao. Ajudam a tomada de decises gerenciais. Ajudam a tomada de decises em grupo. Ajudam nas decises da alta administrao.Quadro 2 - Caractersticas dos Sistemas de Informao - Itens do modelo de mensurao. Fonte: Dolci e Becker (2006).

Construto

2.3. Gesto Pblica e Tecnologia da Informao Analisando o papel da informtica, em geral, na atualidade, Albertin et al (2004) observam que a TI faz parte do dia a dia das pessoas, em todas as suas atividades. A partir desse momento, o processo fica irreversvel, visualizando-se o reflexo dessa realidade nas novas geraes, que j nascem acostumando-se a operar com os mais diversos mecanismos de tecnologias. Castells (2001, apud ALBERTIN, 2004) argumenta que no a sociedade informacional que provoca uma deteriorao nas condies de trabalho e de vida entre o operariado, em geral, mas o que52Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

deve ser entendido que se trata do resultado de uma reestruturao das relaes de capital e trabalho, com a ajuda da TI. No se pode negar que esse quadro vem gerando um distanciamento entre as classes da sociedade, devido concentrao de poucos no pice da pirmide social, em posio a muitos outros, com poucas condies de ascender socialmente. De acordo com Volti (1995, apud ALBERTIN, 2004), um dos maiores determinantes para a desigualdade do poder a desigualdade da distribuio de conhecimento. Se a tendncia da educao utilizar as novas tecnologias de informao, as consequncias para as camadas da populao que ficam fora deste quadro so extremamente graves. Laurindo (2008), tratando sobre avaliao da TI, cita Wtherbe (1979) e Walrad e Moss (1993) que so da opinio que h diversas formas de avaliar a TI, com duas abordagens bsicas, isto , pela nfase na eficincia e na eficcia. Quando menciona nfase na eficincia, entende-se medio do desempenho com que as entradas (inputs) so transformadas nas sadas (outputs), objetivando o desenvolvimento dos sistemas interno e tcnico. J conforme entendimento de Ferrer (2007), a crise de rentabilidade que as empresas enfrentaram na dcada de 1970, favoreceu a fragmentao das empresas multinacionais, dificultando o controle produtivo interno pelos governos. Essa fragmentao dos mercados e a internacionalizao da Economia proporcionaram nova Gesto Pblica o grande intercmbio de informaes, as articulaes cada vez mais abrangentes e a nova estrutura de redes. 3. Metodologia Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva com abordagem qualitativa, de validade e aplicao interna no mbito de atuao do SIC. Malhotra (2006) afirma que a pesquisa descritiva tem caracterstica conclusiva e objetiva a descrio de algo, alm de determinar o grau de associao de variveis, pois a abordagem qualitativa proRevista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

53

porciona uma maior percepo e compreenso do contexto do problema, para pequenas amostras. Quanto ao objetivo, esta pesquisa considerada exploratria, pois tem como finalidade a investigao da contribuio do Sistema Integrado de Contabilidade do Estado do Cear. Tem-se como mtodo de pesquisa o estudo de caso, o qual descrito por Yin (2005, p.32) como uma investigao emprica, que aborda um fenmeno contemporneo dentro de seu contexto da vida real, mormente quando os limites entre o fenmeno e o contexto no esto claramente definidos. Os dados analisados neste estudo foram coletados de duas formas: em primeiro lugar, por uma pesquisa documental e bibliogrfica e, em segundo lugar, pela pesquisa de campo, do tipo estudo de caso. As informaes foram colhidas no local de trabalho dos pesquisados, atravs de comunicao direta, por entrevistas e questionrios, aplicados pessoalmente. A amostra foi elaborada a partir da relevncia que cada rgo representa no contexto do cenrio oramentrio do Estado. Assim, ficou definida que a populao total desses rgos de 138 funcionrios envolvidos com o SIC, que material e representativamente, sendo distribudos dessa forma: 28 funcionrios da SEFAZ, 10 da SEPLAG/ETICE, 60 da CGE e 40 funcionrios do TCE. Porm, em funo das frias de alguns funcionrios, somente 44 (quarenta e quatro), em torno de 32% atenderam solicitao do pesquisador, com a seguinte configurao: SEFAZ 13 (treze), CGE 10 (dez), SEPLAG 4 (quatro), TCE 15 (quinze) e 2 (dois) da ETICE. Para Marconi e Lakatos (1999, apud BRAGA, 2007), a mdia de retorno de questionrio gira em torno 25% do total da amostra, portanto, o nvel de retorno de questionrios da presente pesquisa pode ser considerado satisfatrio. O Grfico 1 demonstra visualmente a configurao amostral da pesquisa.54Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

E T IC E 4% TCE 34% CGE 23 %

SEP LA G 9%

S EF A Z 30%

Grfico 1 rgo em que o entrevistado trabalha (%). Fonte: Dados da pesquisa (2009).

4. Anlise dos dados da pesquisa A partir da fundamentao terica, revista neste trabalho, e dos dados coletados no estudo de caso nico, conforme explicitado na metodologia utilizada e a partir da anlise dos dados quanto ao questionamento: Tabela 1 - Quanto ao nvel de utilizao e avaliao do SIC-Geral (%), alcanaram-se aos seguintes resultados, referentes ao controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira do Estado: 1. Qual o nvel de utilizao da base de dados do SIC obteve a aprovao de todos os rgos pesquisados de 92,9%, confirmando o construto de favorvel. 2. Qual a utilizao de base de dados do SIC gera maior velocidade no acompanhamento e controle da execuo oramentria do Estado do Cear? E o item 09 - Qual o nvel de tempestividade dos dados e relatrios disponibilizados pelo SIC? O SIC recebeu uma avaliao de construto favorvel de 73,9% e de 83,3%, respectivamente. 3. Qual o nvel de utilizao do banco de dados do SIC, com tcnicas de entrelaamento com outros sistemas? 04 - Qual o nvel de utilizao dos relatrios (oramentrio, financeiro e patrimonial) determinados pela Lei 4.320/64, e disponibilizados pelo SIC? E no item 08 - A concepo das rotinas de processamentos do SIC foi deRevista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

55

senvolvida para, preventivamente, auxiliar no controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira do Estado do Cear. Em que nvel? Obtiveram, em mdia, 57,7 % de aprovao com construto favorvel. 4. Qual o nvel de utilizao dos relatrios bimestrais, quadrimestrais e anuais determinados pela Lei Complementar 101/2000, disponibilizados pelo SIC? 06 - Qual o nvel de utilizao de relatorios gerenciais, disponibilizados pelo SIC, para auxiliar os trabalhos desenvolvidos nos rgos? 07 Qual o nvel de utilizao de dados e relatrios da execuo da receita, disponibilizados pelo SIC? e o item 10 - Qual o nvel de tecnologia de comunicao do SIC, para disponibilizar dados e interagir com outros sistemas? Foi assinalado um percentual mdio de 56,26 de construto desfavorvel. A Tabela 1 apresenta as principais concluses quanto avaliao dos usurios do SIC, aps a anlise geral de todos os questionamentos comuns aos rgos pesquisados. Tabela 1 - Quanto ao nvel de utilizao e avaliao do SIC GERAL (%)Item 1. Qual o nvel de utilizao de base de dados do SIC? 2. Qual o nvel de utilizao do banco de dados do SIC, com tcnicas de entrelaamento com outros sistemas? 3. A utilizao de base de dados do SIC gera maior velocidade no acompanhamento e controle da execuo oramentria do Estado do Cear? 4. Qual o nvel de utilizao dos relatrios (oramentrio, financeiro, patrimonial) determinados pela Lei 4.320/64, disponibilizados Nenhum 2,4 Muito pouco 2,4 Pouco 2,4 Razovel 9,5 Muito 83,3 No Total respondeu 100

7,1

16,7

16,7

23,8

31

4,8

100

2,4

9,5

14,3

31

42,9

-

100

11,9

23,8

7,1

35,7

21,4

-

100

56

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

pelo SIC? 5. Qual o nvel de utilizao dos relatrios bimestrais, quadrimestrais e anuais determinados pela Lei Complementar 101/2000, disponibilizados pelo SIC? 6. Qual o nvel de utilizao de relatrios gerenciais, disponibilizados pelo SIC, para auxiliar os trabalhos desenvolvidos nos rgos? 7. Qual o nvel de utilizao de dados e relatrios da execuo da receita, disponibilizados pelo SIC? 8. A concepo das rotinas de processamentos do SIC foi desenvolvida para, preventivamente, auxiliar no controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira do Estado do Cear. Em que nvel? 9. Qual o nvel de tempestividade dos dados e relatrios disponibilizados pelo SIC? 10. Qual o nvel de tecnologia de comunicao do SIC para disponibilizar dados e interagir com outros sistemas? Fonte: Dados da pesquisa (2009).

19

35,7

9,5

14,3

16,7

4,8

100

11,9

21,4

16,7

19

31

-

100

21,4

19

14,3

21,4

19

4,8

100

11,9

31

2,4

26,2

26,2

2,4

100

2,4

2,4

11,9

40,5

42,9

-

100

14,3

35,7

16,7

26,2

7,1

-

100

Depreende-se do exposto na Tabela 1, a qual demonstra os resultados acerca dos questionamentos sobre o SIC e os seus respectivos dados coletados na pesquisa de campo, que as questes 01, 03 e 09 receberam, dos respondentes, entre 70% a 90% de ndices de aprovao, com resposta favorvel. Por outro lado, quanto ao ndice de avaliaes com construto desfavorvel, nota-se que os mais altos percentuais foram para os dois itens 05 e 10, mas que no ultrapassaram os 70%. Os itens 02,Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

57

04, e 08 de baixa aprovao, mantiveram-se, mesmo assim, no percentual acima de 50% de avaliao com construto favorvel. Percebe-se tambm que, em todas as questes com ndices de baixa aprovao, isso , nos trs itens 05, 07 e 10, o nvel de percentual de votos favorvel manteve-se acima dos 30%. Pode-se concluir, pois, luz da pesquisa sintetizada na Tabela 1, que a maioria, 70% dos entrevistados, avaliou o SIC positivamente com o construto favorvel. 4.1. Resultados dos cruzamentos das variveis Apresentam-se, a seguir, os cruzamentos das tendncias manifestadas com as variveis de faixa etria, tempo de servio e sexo. Com este procedimento entende-se oferecer maior consistncia estatstica aos questionamentos de natureza tecnolgica do SIC e do controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira do Estado, para identificar possveis tendncias de comportamento do perfil dos entrevistados, a) A faixa etria acima de 50 anos manifestou-se favorvel ao SIC nos itens: 01 - Qual o nvel de utilizao de base de dados do SIC?, 04 - Qual o nvel de variedade de acessos ao banco de dados do SIC?, 08 - Qual o nvel de compatibilidade do SIC em relao a equipamentos e sua performance (baixa plataforma)? e o item 10 Qual o nvel de adaptabilidade do SIC s mudanas tecnolgicas?, com aprovao acima de 50%. Portanto, essa varivel foi determinante para se atestar a aprovao do SIC, como ferramenta de controle e acompanhamento e execuo oramentria e financeira do Estado do Cear. b) O tempo de servio, acima dos 5 anos, demonstrou ser um fator positivamente determinante nos itens 04 - Qual o nvel de variedade de acessos ao banco de dados do SIC?, 07 - Qual o nvel de utilizao de dados e relatrios da execuo da receita, disponibilizados pelo SIC? e o item 08 - Qual o nvel de compatibilidade do SIC em relao a equipamentos e sua performance (baixa platafor58Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

ma)?; entretanto, no item 02 - - Qual o nvel de utilizao do banco de dados do SIC, com tcnicas de entrelaamento com outros sistemas?, os respondentes classificaram como desfavorveis sua utilizao do SIC, como ferramenta de controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira do Estado do Cear. c) O sexo masculino posicionou-se favorvel apenas no item 06 - Qual a compatibilidade do SIC com outros equipamentos, sistemas e aplicativos?. Por sua vez, o sexo feminino manifestou-se favorvel no item 08 - Qual o nvel de compatibilidade do SIC, em relao a equipamentos e sua performance (baixa plataforma)? Entretanto, ambos os sexos, com preponderncia para os homens, foram desfavorveis no item 10 - Qual o nvel de adaptabilidade do SIC s mudanas tecnolgicas? 4.2. Resultados especficos dos rgos a) Empresa de Tecnologia do Estado do Cear (ETI-CE): Quanto ao nvel de descrio e avaliao tecnolgica do SIC a grande maioria das respostas foi favorvel ao sistema, com 22 respostas. Observou-se que no h nenhuma resposta na extremidade desfavorvel com conceito nenhum. Porm, alguns gargalos do SIC foram detectados na pesquisa, no que tange aos itens que receberam avaliao desfavorvel: 04, 05, 06, 08, 10, 11 e 12, conforme Tabela 2 a, demonstrando a sua defasagem tecnolgica. Esses gargalos devero ser objetos merecedores de uma ateno especial numa provvel e necessria atualizao e modernizao tecnolgica.

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

59

Tabela 2 ETICE - Nvel de descrio e avaliao tecnolgica do SICItem1) Qual a complexidade pelo n de variveis, pela dificuldade possvel nos clculos, pela intensidade e variedade de acesso ao banco de dados, do SIC? 2) Qual o nvel de volume de dados de recursos oramentrios processados pelo SIC? 3) Qual o nvel de utilizao de acessos ao banco de dados do SIC? 4) Qual o nvel de variedade de acessos ao banco de dados do SIC? 5) Qual o Padro de erros cometidos pelo SIC, os de tipos sistemticos e os nosistemticos? 6) Qual a compatibilidade do SIC com outros equipamentos, sistemas e aplicativos? 7) Qual o nvel de compatibilidade (integrao) do SIC em relao a outros sistemas do Estado? 8) Qual o nvel de compatibilidade do SIC em relao a equipamentos e sua performance(baixa plataforma)? 9) Qual o nvel de adaptabilidade do SIC s mudanas organizacionais? 10) Qual o nvel de adaptabilidade do SIC s mudanas tecnolgicas? 11) Qual o nvel de defasagem do SIC em relao ao uso de tecnologia de comunicao externa (INTERNET)? 12) Qual o nvel de defasagem do SIC em relao ao uso de tecnologia de comunicao interna (INTRANET)? 13) Qual o nvel de segurana com relao aos dados digitados e gravados no banco de dados do SIC?

Nenhum -

Muito pouco -

Pouco -

Razovel Muito Total 1 1 2

-

2 -

2 2 -

2 2

2 -

2 2 2 2 2 2

-

2 2 -

-

1 -

1 2

2 2 2 2

-

-

-

-

2 2

2 2

60

Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

14) Qual o nvel de integridade do SIC com relao a sua base de dados? 15) Qual o nvel de eficincia nos aspectos de controle e de acompanhamento relacionados com a manipulao de dados digitados e gravados do SIC? 16) Qual o nvel de eficincia nos aspectos de gerenciamento da base de dados do SIC? 17) Qual o nvel de eficcia nos aspectos de controle e acompanhamento relacionados com a manipulao de dados digitados e gravados do SIC? 18) Qual o nvel de eficcia nos aspectos de gerenciamento da base de dados do SIC? Total Fonte: Dados da pesquisa (2009).

-

-

-

-

2

2

-

-

-

-

2

2

-

-

-

-

2 2

2 2

-

6

4

1 7

1 19

2 36

b) Secretaria de Planejamento e Gesto do Estado do Cear (SEPLAG): Quanto ao nvel de utilizao e avaliao do SIC, os respondentes atriburam o conceito favorvel ao SIC, com uma significativa maioria de 37 respostas, representando um total de 71,2% das respostas. Entretanto, observou-se que algumas respostas foram totalmente de conceito desfavorvel ao SIC, transparecendo a existncia de aspectos referentes a necessidades particulares do SEPLAG, que o SIC no atende, em especial, s imposies da Lei Complementar 101/2000. c) Controladoria e Ouvidoria Geral do Cear (CGE): Quanto ao nvel de utilizao e avaliao do SIC, a grande maioria dos entrevistados atribuiu, ao SIC, o conceito desfavorvel para suas atividades, com 74 respostas, que representam um total de 67,3% dos respondestes, destacando a falta de rotinas para auditorias de: licitaes, contratos, convnios e do patrimnio do Estado do Cear e a ineficincia quanto comunicao e interao com outros sistemas. Entretanto, no que diz respeito utilizao de base de dados do SIC, com relao s despesas para anlise das prestaes de contas dos rgos da Administrao Pblica do Estado do Cear, a maioria absoluta avaliou construto favorvel.Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

61

d) Secretaria da Fazenda do Estado do Cear (SEFAZ): Quanto ao nvel de utilizao e avaliao do SIC, a maioria dos respondentes da SEFAZ atribuiu ao SIC construto favorvel, dentro do alto percentual de 71,6%. Porm, o SIC apresentou gargalos, segundo os respondentes, quanto a: entrelaamento de dados com outros sistemas (item 02); rotinas para acompanhar e controlar a gesto da conta nica e fluxo de caixa do Estado (04); com relao aos relatrios exigidos pela Lei Complementar 101/2000 (item 06); dificuldade tecnologia de comunicao para interagir com outro sistema (item 11). e) Tribunal de Contas do Estado do Cear (TCE): Quanto ao nvel de utilizao e avaliao do SIC, tem-se, neste rgo, uma avaliao levemente majoritria com conceito favorvel do SIC, com apenas um percentual de 51.1%. Por outro lado, a pesquisa demonstrou que um percentual de 48,9% dos itens pesquisados no so favorveis s atividades de auditoria do TCE, destacando-se o entrelaamento de dados com outros sistemas, relatrios da Lei Complementar 101/200, relatrios da receita do Estado e o que trata de comunicao e interao com outros sistemas. 5. Consideraes finais Cabe salientar que a proposta deste estudo foi averiguar qual a contribuio real e concreta do Sistema de Informao Contbil SIC para o controle e gesto oramentria e financeira do Estado do Cear, isto , o objetivo geral proposto foi analisar se o SIC atende s necessidades de controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira do Estado do Cear. Conforme mencionado, o SIC foi implantado no Estado do Cear em 1981, com o objetivo de buscar o aprimoramento administrativo e financeiro, bem como por um grande esforo geral do Governo Estadual. Objetivava-se modernizar e aprimorar a mquina pblica, dotando-a de maior eficincia e transparncia para proporcionar um maior servio comunidade, atendendo aos princpios62Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

norteadores da Administrao Pblica Gerencial. oportuno, portanto, que hoje se levante um questionamento bsico junto aos seus usurios e operadores, nos diversos rgos pblicos interessados, sobre a realizao, ou no, dessa expectativa e se esse instrumento tecnolgico vem atingindo, justamente, as metas e objetivos para os quais foi criado, justificando, alm disso, o investimento feito na sua implantao e manuteno. Portanto, os dados colhidos, no tocante ao problema da pesquisa, no sentido de analisar se o SIC atende s necessidades de controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira do Estado do Cear, confirmam que esse propsito foi alcanado. No resumo das avaliaes de todos os rgos, conforme demonstrado na Tabela 1, ilustra-se que o SIC obteve a aceitao no construto favorvel, na maioria de 70% dos entrevistados. O SIC, portanto, cumpre, a contento, a misso de controlar e acompanhar a execuo oramentria e financeira do Estado do Cear. Porm, no se pode negar que o sistema carece de uma atualizao e modernizao tecnolgica nos aspectos que sero enumerados a seguir quando se apresentam as contribuies da pesquisa. No que concerne ao objetivo geral da pesquisa, analisar se o SIC atende s necessidades de controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira do Estado do Cear, infere-se, por essa pesquisa, que esse propsito foi alcanado a partir dos resultados apresentados, que obteve a aceitao no construto favorvel, com a mdia de 60,77 %. Na representao grfica pode ser confirmado, tambm, a partir da Tabela 1, que explicitou a maioria de 70%, que, dos 10 itens apresentados, 7 foram positivos ao construto de favorvel ao SIC. No que tange aos objetivos especficos pode-se inferir, pela pesquisa, que os eles foram atingidos, conforme se apresenta:Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

63

a) Identificou-se que as necessidades do controle e acompanhamento da execuo oramentrio do Estado e as necessidades do controle e acompanhamento da execuo financeira do Estado, foram plenamente atendidas, mormente as necessidades oramentrias, na maioria dos itens pesquisados, com o percentual de 70%. Observa-se que os questionrios no distinguiram perguntas do tipo: oramentria e financeira, visto que existe dificuldade em distinguir procedimentos, em um sistema de informao contbil integrado o qual processa automaticamente os lanamentos contbeis, tanto lanamentos oramentrios como lanamentos financeiros. Mesmo assim, com essa limitao da pesquisa, foi possvel inferir que as necessidades de controle, acompanhamento e execuo financeira no so plenamente atendidas pelo SIC. Essas carncias do sistema esto elencadas nas contribuies da pesquisa apresentadas a seguir. A pesquisa, tambm, demonstrou que o SIC est carente de rotinas para a elaborao de relatrios e demonstrativos exigidos pela Lei Complementar 101/2000. b) Ficou confirmado que as caractersticas tecnolgicas do SIC para o suporte do controle e acompanhamento da execuo oramentria e financeira do Estado, na concepo inicial do SIC, foram plenamente positivas, com anuncia de 66,67% dos entrevistados. Entretanto, a pesquisa demonstrou que a ferramenta tecnolgica do SIC est merecedora de uma atualizao, que contemple as deficincias mencionadas. Quanto ao nvel de descrio e avaliao tecnolgica do SIC. Embora esses itens, no total de 08, representem 40% do total de itens perguntados, isso no significa que o sistema esteja vulnervel, visto que as suas respostas tiveram apenas 02 perguntas no conceito de nenhum. Esses gargalos tecnolgicos foram, tambm, abordados nas contribuies da pesquisa. Em resposta a esse problema de fundo, foram consolidados os pressupostos fundamentais, isto , que o SIC uma ferramenta contbil e eficiente tanto no controle e acom64Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

panhamento da execuo oramentria, como financeira e que a atualizao da TI seria uma condio essencial para a performance do SIC. Confirma-se que o SIC, a partir da opinio da maioria dos respondentes, uma ferramenta contbil eficiente no controle e acompanhamento da execuo oramentria, porm, apresenta algumas lacunas negativas, no trato dos recursos financeiros do Estado. Por outro lado, a ferramenta tecnolgica do SIC atende, satisfatoriamente, s demandas de controle e acompanhamento da execuo oramentria. Porm, a pesquisa revelou que essa tecnologia est a merecer uma atualizao e modernizao tecnolgica. O SIC, portanto, cumpre a contento a misso de controlar e acompanhar a execuo oramentria e financeira do Estado do Cear, porm, a partir tambm dos dados da pesquisa, no se pode negar que o sistema carece de uma atualizao e modernizao tecnolgica, nos aspectos que sero enumerados a seguir, em contribuies da pesquisa. 5.1. Contribuies da pesquisa A pesquisa demonstrou que o SIC uma ferramenta tecnolgica sistmica de fundamental importncia para a gesto dos recursos oramentrios e financeiros de todo o Estado. Mesmo com uma aceitao ampla e majoritria dos rgos pesquisados, os dados coletados confirmam a necessidade premente de uma atualizao e modernizao de procedimentos e tecnolgicas, especificamente nos seguintes tpicos: a) Uma melhor acessibilidade ao banco de dados; b) Uma maior compatibilidade com outros softwares; c) Definir outra plataforma da arquitetura do SIC, para otimizar a disponibilidade da base de dados e tambm melhorar a comunicabilidade como: INTRANET e INTERNET; d) Criao de rotinas para atender aos relatrios exigidos pela Lei Complementar 101/2000, Lei de Responsabilidade FiscalRevista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

65

(LRF); e) Estabelecer ou melhorar as rotinas de gerenciamento financeiro da conta nica e Fluxo de Caixa; f) Disponibilizar melhor sua base de dados com comunicabilidade pela Internet e Intranet; g) Organizar rotinas para melhor atender aos rgos de controle interno e externo; e h) Definir polticas sistmicas e peridicas para atualizao e modernizao do SIC. Esta pesquisa oferece outras informaes e dados paralelos a serem posteriormente explorados pelos rgos do Estado, especialmente rgos aqui pesquisados e outros, porventura, interessados. Espera-se, tambm, que as principais concluses emergentes deste estudo possam, num futuro prximo, contribuir com os gestores dos rgos oficiais para suas tomadas de decises em um aprimoramento de suas rotinas em sistemas contbeis. Finalmente, pode-se consagrar a importncia fundamental deste instrumento tecnolgico na mquina do Estado e que o seu aprimoramento, como ferramenta de controle e administrao da coisa pblica, contribuir, certamente, para um melhor bem-estar e progresso de toda a sociedade, visto que, controla elevados recursos oramentrios e financeiros do Estado. 6. Referncias bibliogrficas ALBERTIN, Alberto Luiz et al. Tecnologia de informao. So Paulo, Atlas, 2004. ALBERTIN, Rosa Maria de Moura. O Papel da Tecnologia de Informao. ALBERTIN, Alberto Luiz; ALBERTIN, Rosa Maria de Moura. (Org.). Tecnologia de Informao. So Paulo: Editora Atlas S. A., 2004, v. 1, p. 13-23. BRAGA, Juracy Soares Jnior. Utilizao da Tecnologia da Informao pelo fisco estadual cearense: o entrelaamento de bases de dados de66Revista Controle Vol VII N 2 Dezembro 2009

contribuintes do ICMS como ferramenta de auditoria fiscal. 2007.148 p. Dissertao (Mestrado em Controladoria). Universidade Federal do Cear. BRASIL. Lei Complementar n 101, de 4 de maio de 2000. Braslia: Senado Federal, 2000. ______. Lei n 4.320, de 17 de maro de 1964. Braslia: Senado Federal, 1964. CEAR. Lei n 10.338, de 16 de novembro de 1979. Braslia: Senado Federal, 1979. ______. Decreto 14.222, de 6 de dezembro de 1980. Braslia:Senado Federal, 1980. DOLCI, D.; BECKER, J.L. Proposta de um modelo de mensurao para caracterizar sistemas de informao. In: ENANPAD 2006, XXX, Salvador, 23 a 27 de setembro de 2006. Anais. CD-ROM. FERRER, Florncia. Gesto pblica eficiente. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. LAURINDO, F.J.B. Tecnologia da Informao. Planejamento e Gesto de Estratgias. 6 ed. So Paulo: