18
Real Confraria do Maranho Livro de Usanças Capitulo I Introdução A Real Confraria do Maranho, criada em 19 de Março de 2003, assume-se como uma entidade que visa a valorização e promoção do conjunto de valores, tangíveis e intangíveis, que se geram à volta do Maranho e da Gastronomia da Região. A Real Confraria do Maranho deve envidar todos os esforços e concentrar a sua atenção na divulgação, salvaguarda e valorização do Maranho, que é o prato mais tradicional do cardápio culinário do Concelho de Pampilhosa da Serra. O Maranho é uma espécie de enchido, constituindo um prato característico da Beira Baixa, apresentando, no entanto, algumas variações nos ingredientes utilizados e no modo de temperar as carnes. Sendo característico desta região, encontra-se em vários países do Mediterrâneo o que faz pensar na Cozinha Mediterrânica -, especialmente no Magreb, donde, segundo algumas opiniões, terá sido introduzido na Península Ibérica, pelos mouros, ou pelos judeus, largamente difundidos na região beirã. Mesmo que não tenha sido assim, são notórias as semelhanças, entre os Maranhos e os Bakbouka marroquinos e o El Osbane argelino. Bucho de cabra, carne de cabra, cortada em pequenos pedaços, arroz, serpão, cebola e alho picados, gordura de presunto, azeite e sal, são os ingredientes utilizados na confecção do Maranho. Para o cozinhar, começa por cortar-se o bucho em pedaços semelhantes, que serão cosidos com agulha e linha, formando uma espécie de saco, deixando-se-lhe uma boca, por onde se introduz, sensivelmente até meio, a mistura dos ingredientes; de seguida, cose-se a boca, fechando o saquinho. Levam-se a cozer, numa panela com bastante água, onde se metem, quando esta estiver a ferver. Normalmente, uma hora, a hora e meia, é tempo suficiente para cozerem. Servem-se quentes, cortados às rodelas ou talhados em cruz. Aprovado em Assembleia Geral, em XX de YYYYYYY de 2017, o presente Livro de Usanças é constituído por um conjunto de regras, comportamentos e procedimentos, complementares ao estabelecido nos Estatutos e Regulamento Interno. Nele se identificam os símbolos identitários da Confraria, os seus usos e costumes, os procedimentos de iniciação dos Confrades e os comportamentos a assumir, em todos os actos e cerimónias, assim como a sua própria significação. Capitulo II Da identificação e símbolos da Confraria A Confraria identifica-se pelos seguintes elementos distintivos: 1) Designação: Real Confraria do Maranho. 2) Lema: "Pampilhosa, Maranho e Serpão". 3) Insígnia: distintivo da Confraria, onde aparecem as designações da Real Confraria do Maranho e do Município de Pampilhosa da Serra, os montes, duas cabras e uma panela de ferro, de três pés. 4) Bandeira [Anexo II - Foto IMG_6399 e IMG_6923]: confeccionada em tecido apropriado de cor azul claro, acinzentado, orlado por um cordão, composto por outros dois, um de cor branca e o outro de cor azul escura, com 0,5 cm de diâmetro, cada um. Tem a forma de arco, em ogiva, encurtado, em posição invertida, com 63 cm de vão e 37 cm de flecha, com

Real Confraria do Maranho Livro de Usançasrealconfrariadomaranho.pt/docs/anexoII.pdf · canelado, com 2 cm, de diâmetro, e 65 cm de comprimento, através de cinco alças, do mesmo

  • Upload
    voque

  • View
    230

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Real Confraria do Maranho

Livro de Usanças

Capitulo I – Introdução A Real Confraria do Maranho, criada em 19 de Março de 2003, assume-se como uma entidade que visa a valorização e promoção do conjunto de valores, tangíveis e intangíveis, que se geram à volta do Maranho e da Gastronomia da Região. A Real Confraria do Maranho deve envidar todos os esforços e concentrar a sua atenção na divulgação, salvaguarda e valorização do Maranho, que é o prato mais tradicional do cardápio culinário do Concelho de Pampilhosa da Serra. O Maranho é uma espécie de enchido, constituindo um prato característico da Beira Baixa, apresentando, no entanto, algumas variações nos ingredientes utilizados e no modo de temperar as carnes. Sendo característico desta região, encontra-se em vários países do Mediterrâneo – o que faz pensar na Cozinha Mediterrânica -, especialmente no Magreb, donde, segundo algumas opiniões, terá sido introduzido na Península Ibérica, pelos mouros, ou pelos judeus, largamente difundidos na região beirã. Mesmo que não tenha sido assim, são notórias as semelhanças, entre os Maranhos e os Bakbouka marroquinos e o El Osbane argelino. Bucho de cabra, carne de cabra, cortada em pequenos pedaços, arroz, serpão, cebola e alho picados, gordura de presunto, azeite e sal, são os ingredientes utilizados na confecção do Maranho. Para o cozinhar, começa por cortar-se o bucho em pedaços semelhantes, que serão cosidos com agulha e linha, formando uma espécie de saco, deixando-se-lhe uma boca, por onde se introduz, sensivelmente até meio, a mistura dos ingredientes; de seguida, cose-se a boca, fechando o saquinho. Levam-se a cozer, numa panela com bastante água, onde se metem, quando esta estiver a ferver. Normalmente, uma hora, a hora e meia, é tempo suficiente para cozerem. Servem-se quentes, cortados às rodelas ou talhados em cruz. Aprovado em Assembleia Geral, em XX de YYYYYYY de 2017, o presente Livro de Usanças é constituído por um conjunto de regras, comportamentos e procedimentos, complementares ao estabelecido nos Estatutos e Regulamento Interno. Nele se identificam os símbolos identitários da Confraria, os seus usos e costumes, os procedimentos de iniciação dos Confrades e os comportamentos a assumir, em todos os actos e cerimónias, assim como a sua própria significação. Capitulo II – Da identificação e símbolos da Confraria A Confraria identifica-se pelos seguintes elementos distintivos: 1) Designação: Real Confraria do Maranho. 2) Lema: "Pampilhosa, Maranho e Serpão". 3) Insígnia: distintivo da Confraria, onde aparecem as designações da Real Confraria do

Maranho e do Município de Pampilhosa da Serra, os montes, duas cabras e uma panela de ferro, de três pés.

4) Bandeira [Anexo II - Foto IMG_6399 e IMG_6923]: confeccionada em tecido apropriado de cor azul claro, acinzentado, orlado por um cordão, composto por outros dois, um de cor branca e o outro de cor azul escura, com 0,5 cm de diâmetro, cada um. Tem a forma de arco, em ogiva, encurtado, em posição invertida, com 63 cm de vão e 37 cm de flecha, com

um comprimento total de 77 cm, onde está representada a insígnia da Real Confraria do Maranho, adequada à forma e dimensão. Das extremidades superiores, bem como da ponta inferior, pende um cordão [Anexo II - IMG_6402] desfiado, com fios de várias cores (azul, vermelho, branco, cinzento, castanho, cor-de-rosa), com 15 cm de comprimento.

Para este efeito, a Insígnia [Anexo II - IMG_6923] é composta por dois montes [Anexo II - IMG_6925 e IMG_6927] - bordados a preto, branco e castanho -, que simbolizam as nossas serras; duas cabras [Anexo II - IMG_6925 e IMG_6927] - bordadas a preto e azul cinzento -, das quais se extrai a carne e o bucho, para a confecção do Maranho, e uma panela de ferro, de três pés, - bordada a preto, com tampa e asa do lado direito -, igual às que outrora eram usadas nas nossas aldeias. Por cima dos montes tem a inscrição “Real Confraria do Maranho”, em letra Kunstler Script, e por baixo da panela de ferro, no mesmo tipo de letra, a inscrição “Pampilhosa da Serra”. Sob esta, em letra Arial maiúscula, está escrito “Fundada em”, e por baixo desta, “19-03-2003”, também em Arial [Anexo II - IMG_6926]. As inscrições são simétricas, relativamente ao eixo vertical da Bandeira. De futuro, a Insígnia deve estar de acordo com a que se encontra na Medalha. O pano da Bandeira está suspenso [Anexo II - IMG_6399 e IMG_6923], num tubo de latão, canelado, com 2 cm, de diâmetro, e 65 cm de comprimento, através de cinco alças, do mesmo tecido, com 6 cm de largura e 5 de altura, intervaladas de 7,5 cm. Os extremos deste tubo são rematados, por uma espécie de bolota [Anexo II - IMG_6401], com 5 cm de comprimento, do mesmo material, também canelado, que se liga, através de uma peça com 1 cm de altura, a um aro, de 1 cm de largura, através do qual se encaixa, no tubo, e a ele se fixa, por meio de um parafuso. Para conduzir a Bandeira, há um outro tubo de latão, do mesmo formato do tubo anterior, com 3 cm de diâmetro e 2 m de comprimento, e que com ele forma uma cruz latina. Na parte superior, a rematar, existe um cone [Anexo II - IMG_6400], com 5 cm de diâmetro, na base, e 6 cm de altura, que se liga, através de uma peça com 1,5 cm de altura, a um aro, de 1,75 cm de largura e 3,5 de diâmetro, através do qual se encaixa, no tubo. Para formarem a cruz, os dois tubos apertam-se [Anexo II - IMG_6399 e IMG_6923] por meio de parafuso e porca, que sujeita, igualmente, o meio da terceira alça. A Bandeira, quando em exposição, está apoiada numa base [Anexo II - IMG_6403 e IMG_6404]. A Bandeira é de presença obrigatória em todas as cerimónias da Confraria e encabeçará os seus desfiles.

5) Bordão [Anexo II - IMG Bordão]: é um Cajado igual ao dos Confrades, sendo que os 30 cm,

superiores, e os 5 cm, inferiores, são pintados de azul, e o restante é pintado de amarelo. Como símbolo da “ordem e do poder” da Confraria, é uma peça única, sendo utilizado pelo dignitário, que em cada fase das suas cerimónias, ou nos actos públicos, o exerça, ou represente, a saber: a) Mestre de Cerimónias, nos desfiles e nas entradas e saídas dos Capítulos. b) Juiz da Confraria (Presidente da Mesa da Assembleia Geral), durante os Grandes

Banquetes e nos Capítulos. c) Mordomo-Mor, ou por quem o represente, nos restantes actos públicos da Confraria.

6) Traje [Anexo III e Anexo IV]: fundamentado, em termos simbólicos e formais, nos usos e costumes do Município de Pampilhosa da Serra, é igual para todos os Confrades e é composto por: a) Capa [Anexo II - IMG_5990, IMG_5991 e IMG_5999]:

i) manto preto, de terylene, com 1,25 m de altura, para os homens, e 1,15 m, para as mulheres, sensivelmente até meio da perna, com gola redonda, com 4 cm de largura e

18 cm de diâmetro, abotoada com presilha e um botão, de 2 cm de diâmetro, forrado com o mesmo tecido.

ii) Sobrepeliz: sobre o manto assenta uma sobrepeliz, em sarja de lã, amarela, [Anexo II - IMG_5996, IMG_6000 e IMG_6005], cor do Município de Pampilhosa da Serra, de forma circular, aberta à frente, com 1,24 m de diâmetro, quer para os homens, quer para as mulheres, tendo aplicado, a toda a volta e a 2 cm da borda, um cordão, da mesma cor, com 0,5 cm de diâmetro.

iii) Insígnia: o lado esquerdo da sobrepeliz ostenta, sobre o coração [Anexo II -

IMG_6006], a Insígnia da Confraria, confeccionada em tecido apropriado. Este, orlado a azul claro, acinzentado, e preto, com fundo azul claro, acinzentado, é formado pela metade inferior duma oval, ao alto, cujo diâmetro maior mede 15 cm e o menor, 8 cm, fechada, na parte superior, pelos dois lados, iguais, dum triângulo isóceles, com a dimensão de 4 cm, cada um. O seu ponto mais alto dista 15 cm, na horizontal, da orla da abertura esquerda, da sobrepeliz, e 25 cm, na vertical, da parte que se apoia sobre os ombros.

Para este efeito, a Insígnia é composta [Anexo II - IMG_5998] por dois montes - bordados a preto, branco e castanho -, que simbolizam as nossas serras, duas cabras - bordadas a preto e branco -, das quais se extrai a carne e o bucho, para a confecção do Maranho, e uma panela de ferro - bordada a preto e castanho -, de três pés, igual às que outrora eram usadas nas nossas aldeias. Apresenta duas inscrições, em letra Kunstler Script:

Real Confraria do Maranho e Pampilhosa da Serra,

a encimar os montes, e por baixo da panela de ferro, respectivamente. De futuro, a Insígnia deve estar de acordo com a que se encontra na Medalha.

b) Chapéu [Anexo II - IMG_5983 e IMG_5984]: semelhante ao do traje domingueiro, dos

nossos antepassados, é de feltro de lã, preto, de aba larga, de forma oval, com diâmetros de 40 e 36 cm, e copa, cuja base oval tem diâmetros de 20 e 18 cm, sendo a altura de 13 cm. Na base da copa, junto à aba, é aplicada uma fita preta, de gorgurão, de 3 cm de largura. Na fita, em posição paralela ao eixo maior da aba, é cosido um papillon, espalmado, de 13 cm de comprimento. As medidas indicadas correspondem a um chapéu nº 60. O Chapéu das Confreiras será o número inferior, ou seja o nº 59.

c) Cajado [Anexo II - IMG 6007 e IMG 6008]: é o tradicional cajado de pastor serrano, que

era tão usual nas serras que nos circundam. De forma cilíndrica, com 3 cm de diâmetro e 1,40 m de comprimento, é feito de madeira de pinheiro bravo, à cor natural, boleado na ponta superior.

d) Escapulário [Anexo II - IMG_5987]: é composto por

i) fita [Anexo II - IMG_5986], com 5 cm de largura, donde pende uma medalha, com o Distintivo da Confraria. A parte central, numa largura de 2,5 cm, é de cor amarela, igual

à da sobrepeliz; as orlas, cada uma com metade da largura restante, são de cor azul escuro.

ii) Medalha [Anexo II - IMG_5985]: feita de bronze, tem 4 mm de espessura, é circular,

com 8 cm de diâmetro. Numa das faces, apresenta o Distintivo da Confraria adaptado, à forma. Em letra French Script MT, as inscrições,

Real Confraria do Maranho e Pampilhosa da Serra

são enquadradas por dois círculos, separados por 1 cm, sendo que um deles forma o bordo exterior.

No verso, centrada, apresenta a data da constituição da Real Confraria do Maranho: 19-03-2003, em Arial com 0,5 cm de altura.

7) O traje e insígnias devem ser usados, de acordo com as normas, discutidas e aprovadas, em

Novembro de 2011, pelo Conselho Geral da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas. Assim: a) Uso do traje e escapulário:

i) No momento solene de Entronização (Capítulo); ii) No desfile tradicional, antes e após o Capítulo; iii) Em representação da Confraria na última despedida de um Confrade (funeral); iv) Nas cerimónias de Abertura e de Encerramento do Congresso Nacional da Federação

Portuguesa das Confrarias Gastronómicas; v) Sempre que solicitado pela Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, em

representação, num acto especial.

b) Uso do escapulário: i) Em todos os actos em representação da Confraria, incluindo reuniões; ii) No decorrer das refeições; iii) No Conselho Geral da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas; iv) Nos trabalhos do Congresso Nacional da Federação Portuguesa das Confrarias

Gastronómicas

c) Uso do Chapéu O Chapéu deve ser usado durante toda a cerimónia de Entronização, em actos solenes, em desfiles, ou para a captação de imagens para fotos, ou filmes, sendo retirado durante a refeição.

8) Pergaminho: é o Diploma da Confraria a entregar, no acto, ao Confrade entronizado, e onde, para além da insígnia da Confraria, deve figurar o nome do entronizado, a data e local do acto. O pergaminho é assinado pelo Mordomo-Mor.

9) “Livro Sagrado” da Confraria: constitui como que a “memória” da Real Confraria do Maranho. No seu interior estarão, devidamente ordenados, e datados, os Estatutos, o Regulamento Interno e o Livro de Usanças, seguindo-se-lhe o registo das cerimónias, realizadas pela Confraria, assim como os nomes e assinaturas dos entronizados.

Capitulo III – Das Designações dos Dignitários e dos Actos da Confraria

1) Os Dignitários da Real Confraria do Maranho adoptam as seguintes designações:

a) Mesa da Assembleia Geral: - Presidente: Juiz da Confraria - Vice-Presidente: Juiz Ajudante - Secretário: Juiz Relator

b) Conselho Fiscal:

- Presidente: 1º Ecónomo - Vogal: 2º Ecónomo - Vogal: 3º Ecónomo

c) Direcção:

- Presidente: Mordomo-Mor - Vice-Presidente: 1º Mordomo - Tesoureiro: 2º Mordomo - Secretário: 3º Mordomo - Vogal: 4º Mordomo

d) Cargos de apoio da Confraria, que a Direcção poderá criar, após ratificação da

Assembleia Geral, além de Comissões e outros, em áreas que contribuam para melhorar a sua estrutura organizativa: - Mestre de Cerimónias - Intendente do Património - Presidente do Conselho de Provadores - Presidente da Comissão Etnográfica

2) Dos Actos da Confraria

a) A Assembleia Geral, quando em reunião, designa-se por Grande Banquete b) Entronização é o acto solene, realizado numa Reunião de Confrades,

denominada Capítulo e que acontece, pelo menos, de dois em dois anos, no fim-de-semana mais próximo do dia 19 de Março, e onde se acolhe, e dá posse, aos novos Confrades. O Capítulo é aberto ao público convidado, que testemunha, conjuntamente com os Confrades, a Prova e o Compromisso de Entronização prestado pelos novos Confrades.

c) Prova de Entronização é a prova de fidelidade aos produtos regionais, que o candidato terá que, publicamente, prestar, no momento da sua Entronização, que consiste em provar o Maranho e o bom vinho português

d) Compromisso de Entronização é o juramento feito, após passar a prova atrás referida, garantindo a fidelidade à Confraria e o empenho para a prossecução dos seus objectivos.

e) Desfile é o cortejo solene, de entrada e de saída, dos membros da Confraria em sessão pública do Capítulo e em todos os actos em que esta decida participar desta forma.

f) Convite é a informação de realização de Cerimónia de Entronização.

Capitulo IV – Das cerimónias e dos seus espaços 1) O Capítulo, cerimónia onde se realizam as Entronizações, deverá, ser organizado de forma itinerante, se a Direcção assim o entender, de preferência em espaços culturais, ou de grande simbolismo histórico, ou social.

Deve, por isso, a Direcção procurar estabelecer uma adequada parceria, e ligação, com os principais dinamizadores dos espaços referidos, procurando estimular, junto destes, a presença da Real Confraria do Maranho e dos seus objectivos, nomeadamente, a defesa do Maranho e da Gastronomia Regional. 2) Os espaços de realização dos Capítulos devem ser, adequadamente, escolhidos pela riqueza do seu património, valor histórico e sócio-cultural, ou pela importância, e significado, que assumem, para a prossecução dos objectivos da Confraria. 3) A decoração destes espaços deve ser superintendida por um Intendente, designado pela Direcção, aquando da realização de actos ou cerimoniais públicos (Capítulo), para que neles se encontrem representados, e em adequada harmonia, todos os elementos de identificação e distinção da Confraria, a saber:

a) Sobre uma mesa, estarão pratos com Maranho, uma garrafa de vinho e copos, para prova dos Novos Confrades;

b) Em cima de outra mesa estarão os escapulários e os pergaminhos destinados aos Confrades a entronizar;

c) A Bandeira deve estar colocada em lugar bem visível; c) A disposição dos Confrades em sala segue a seguinte orientação geral:

i) A mesa, onde se sentam o Juiz da Confraria e os restantes dignitários da Mesa da Assembleia Geral, ficará de frente para os Confrades, em posição central. Nesta mesa estará o “Livro Sagrado” da Confraria, que será transportado, para lá, pelo Intendente do Património;

ii) O Mordomo-Mor e restantes membros da Direcção sentam-se do lado direito dos Membros da Mesa do Capítulo, em posição oblíqua, enquanto que os Ecónomos, membros do Conselho Fiscal, se sentam do lado oposto, seguidos dos restantes dignitários.

iii) O Mestre de Cerimónias, pela sua importância e relevo em todos os actos do cerimonial, deverá ficar em posição de fácil movimentação, muito provavelmente, conforme a dimensão do espaço, ao lado da posição ocupada pela Direcção.

iv) Nos primeiros lugares, sentar-se-ão os Convidados, seguindo-se os Confrades a entronizar, os Confrades da Real Confraria do Maranho, as outras Confrarias e o público em geral.

4) Da cerimónia de Entronização

a) Enquadramento As cerimónias de Entronização correspondem aos momentos mais solenes da Confraria. São portanto as ocasiões escolhidas para transportar todo o simbolismo que se pretende com a sua actividade, recuperando e projectando todo o valor imagético da história, da secularidade, da cultura e da tradição que a Confraria pretende salvaguardar. Além disso, são também momentos marcantes, tanto para os Confrades a entronizar, na sua recepção na Confraria, como para os Convidados, que irão ter oportunidade de entrar neste mundo imagético, com toda a história e simbolismo de uma cultura, que nos vem do passado, transmitida por várias gerações. Por essa razão, os Confrades, os Convidados e os Confrades a entronizar, devem ser convidados a irmanar-se em todo este simbolismo, carregado de valores. O espaço, onde a cerimónia se processa, deve, por isso, ser adequadamente preparado e decorado, os lugares adequadamente dispostos, o ambiente devidamente tratado e os

Confrades, correctamente organizados e preparados para, com solenidade, entrarem e ocuparem os seus lugares. O Mestre de Cerimónias e o Juiz da Confraria são os elementos fundamentais e os grandes protagonistas da sessão. O Mestre de Cerimónias, organizando o cortejo de entrada, informando, os Confrades a entronizar e os Convidados, de tudo o que se vai passar, liderando o cortejo e orientando a disposição dos Confrades nos seus lugares, assim como instruindo os Confrades a entronizar, sobre a forma e conteúdo do ritual da entronização, e, no final, conduzindo, em cortejo, os Confrades para fora da sala. Este é o momento mais significativo das actividades públicas da Confraria e onde tudo deve ser preparado, e cuidado, com extrema diligência e rigor, cumprindo todo o ritual estabelecido.

b) Entrada do público Com a sala devidamente preparada e decorada, sem a presença de qualquer Confrade, deve ser dada entrada ao público, para os lugares previamente definidos. É aconselhável que, durante este momento, exista, se possível, uma música de fundo suave, que vá criando o ambiente, para toda a cerimónia que a seguir se descreve.

c) Entrada dos Confrades a entronizar Organizado o público e o cortejo de entrada da Confraria, o Mestre de Cerimónias, com o Bordão na mão, entra no espaço e, pedindo silêncio, diz o que se vai passar, explicando o que é a Confraria, a cerimónia que se vai seguir e o significado dos vários elementos, que decoram a sala. De imediato, pede aos Confrades a entronizar que ocupem os seus lugares. Solicitando silêncio e pedindo, se for caso disso, que a música adoptada para a Cerimónia se faça sentir, dirige-se para o exterior, para encabeçar o cortejo da Confraria.

d) Desfile de entrada

Sem perda de tempo, o Mestre de Cerimónias toma o seu lugar na cabeça do cortejo de entrada da Confraria. A ordem de entrada é a seguinte: Mestre de Cerimónias, Porta-Bandeira, Intendente do Património, com o “Livro Sagrado” na mão, restantes Confrades e, no final, pela seguinte ordem, dispõem-se os Ecónomos, os Mordomos, com o Mordomo-Mor na cauda, os membros da Mesa do Capítulo e, no final, o Juiz da Confraria. Todos se devem dirigir para os seus lugares, previamente definidos, competindo ao Mestre de Cerimónias a sua orientação. O Porta-Bandeira, existindo, coloca-se em pé ao lado da Mesa do Capítulo, caso contrário, a Bandeira estará colocada em local bem visível. O Intendente do Património coloca o “Livro Sagrado”, devidamente aberto, em frente ao Juiz Relator. Estando devidamente dispostos todos os Confrades, o Mestre de Cerimónias faz a entrega formal do Bordão, ao Juiz da Confraria, para que este tome conta da sessão e dirija os trabalhos.

e) Abertura dos trabalhos

Munido do Bordão, o Juiz da Confraria dirige-se ao Mestre de Cerimónias e solicita-lhe: “Mestre de Cerimónias perguntai aos, Confrades a entronizar, ao que vêm”. Este virando-se para os Confrades a entronizar, pergunta em voz sonora: “A pedido do Juiz da Real Confraria do Maranho, pergunto-vos: ao que vindes?” Ao que os Confrades a entronizar respondem em uníssono: “Pretendemos ser entronizados na Real Confraria do Maranho”

O Juiz da Confraria toma então a palavra e diz: “Verificada a disponibilidade e alegria, dos Confrades a entronizar, para trabalharem em prol da Confraria, sentemo-nos e iniciemos os nossos trabalhos, regularmente previstos” Depois, dirigindo-se a todos, dá as boas vindas aos Convidados e aos Confrades a entronizar, faz uma breve resenha sobre as principais preocupações da Confraria, explica a importância da cerimónia para a Confraria, para os Confrades a entronizar e para a defesa e valorização do Maranho e da Gastronomia, dando, de imediato, início aos trabalhos.

f) Prova de Entronização

De seguida o Juiz Relator chama, sucessivamente, os Confrades a entronizar, para que se submetam à prova e procedam ao juramento e assinatura, do respectivo compromisso. O Mestre de Cerimónias conduz os Confrades a entronizar à prestação da prova e, conjuntamente, com o Provador-Mor, auxilia na sua execução. A prova da fidelidade aos produtos portugueses terá o seguinte ritual: os Confrades a entronizar, à ordem do Juiz da Confraria e com a ajuda do Provador-Mor, provam o Maranho e o bom vinho português. Terminada esta prova o Juiz da Confraria procede à leitura do Juramento.

g) Compromisso de Entronização

Lido e prestado o compromisso de entronização, através de juramento [Anexo I - Guião dos Trabalhos Cerimoniais] os Confrades a entronizar assinam o “Livro Sagrado”, sendo-lhe entregue o pergaminho que atesta a sua qualidade de Confrades.

h) Lição de Sapiência

Feitas as Entronizações, o Juiz da Confraria dará a palavra a quem foi confiada a feitura da Lição de Sapiência, que disporá, no máximo, de 20 minutos, para proceder à sua leitura, cujo tema incidirá sobre a Gastronomia ou História da Alimentação, de preferência, sobre aspectos enriquecedores do imagético do Maranho e da Gastronomia da Região.

i) Encerramento dos trabalhos

Acabada a leitura da Lição de Sapiência, que não estará sujeita a qualquer discussão, o Juiz da Confraria agradecerá ao Confrade, ou Convidado, que a proferiu, e dirá umas breves palavras sobre a mesma e sobre a cerimónia a que presidiu. De seguida, convida os Confrades entronizados, a trabalharem em prol da Confraria, e agradece a presença de todos os Convidados e Confrades, incitando-os, a que promovam, em todos os locais, o Maranho e a Gastronomia da Região. Finda esta alocução, convida a que todos façam a saudação da Confraria, após a qual chama o Mestre de Cerimónias a quem entrega o Bordão, para organizar a saída da sala.

j) Saudação

"Pelo Maranho… Pampilhosa, Maranho e Serpão. Pela Real Confraria do Maranho e seus Confrades… Pampilhosa, Maranho e Serpão".

k) Desfile de saída

De posse do Bordão, o Mestre de Cerimónias dá inicio à saída do cortejo, pela ordem inversa à da entrada.

l) Música durante a cerimónia

O acompanhamento musical da cerimónia, a existir, deverá ser adequadamente preparado e adequado aos diversos momentos. Caso se disponha de um grupo musical tradicional, este poderá executar uma obra, antes da entrada do cortejo, durante o desfile de entrada da Confraria, no final da alocução, antes do fecho dos trabalhos e, fechando o cortejo de saída, na cauda do mesmo. Compete a um Intendente, nomeado para o efeito, assegurar a criação destes momentos musicais.

Capitulo V – Refeições de Convívio Finda a cerimónia, deverá ser feita uma refeição de convívio, onde, obrigatoriamente, o Maranho será o prato principal.

Pampilhosa da Serra, XX de YYYYYY de 2017. A Mesa da Assembleia Geral A Direcção

Anexo I

Guião dos Trabalhos Cerimoniais

A. Abertura dos trabalhos: Após ter recebido o Bordão, das mãos do Mestre de Cerimónias, com todos os Confrades em pé e já sem se ouvir nenhum acorde musical, o Juiz da Confraria toma a palavra e a condução das cerimónias: J.C.- “Mestre de Cerimónias, perguntai, aos Confrades a entronizar, ao que vêem”. M.C.- “A pedido do Juiz da Real Confraria do Maranho, pergunto-vos: ao que vindes?” Confrades a entronizar: “Pretendemos ser entronizados na Real Confraria do Maranho” J.C. - “Verificada a disponibilidade e alegria, dos Confrades a entronizar, para o trabalho em prol da Confraria, sentemo-nos e iniciemos os nossos trabalhos, regularmente previstos” O Juiz da Confraria dá as boas vindas aos Convidados e aos Confrades a entronizar, faz uma breve resenha dos principais preocupações da Confraria, explica a importância da cerimónia para a Confraria, para os Confrades a entronizar e para a defesa e valorização do Maranho e da Gastronomia da Região, após o que dá, de imediato, início aos trabalhos, pedindo ao Juiz Relator, para chamar os Confrades a entronizar, e ao Mestre de Cerimónias, para os conduzir e orientar na prova. B. Cerimonial das provas Juiz Relator - Chama cada um dos Confrades a entronizar e faz uma breve resenha do seu Curriculum. Confrades a entronizar - Dirigem-se para a frente da mesa do Juiz da Confraria. J.C.- Dirigindo-se aos Confrades a entronizar diz-lhes que a sua admissão na Confraria foi aprovada, ficando apenas sujeita à superação da prova, a que irão ser submetidos, que irá ser conduzida pelo Mestre de Cerimónias, com o apoio do Provador-Mor da Confraria. M.C. - Virando-se para os Confrades a entronizar – “Quereis pertencer à Real Confraria do Maranho e contribuir, para a prossecução dos seus objectivos, com empenho e alegria?” Novos Confrades – “Sim” M.C. – “Ides de seguida provar o Maranho e manifestar a vossa aprovação e gosto pelo mesmo” Os Confrades a entronizar comem o Maranho, que lhes é dado pelo Provador-Mor, e saboreando-o, manifestam um expressivo agrado pelo mesmo. M.C. – “Sabeis que o Maranho deve ser, sempre, comido e saboreado com um bom e genuíno vinho português?” Confrades a entronizar: “Sabemos!” M.C. - “Provai o vinho que o Provador-Mor vos oferece!” Os Confrades a entronizar recebem o copo do Provador-Mor e provam o vinho. M.C. – “Superastes a prova a que, livremente, vos submetestes. Pergunto-vos novamente: mantendes a vossa intenção de ser entronizados na nossa Confraria?” Confrades a entronizar: - “Sim” M.C. – Virando-se para o Juiz da Confraria diz: “Juiz da Real Confraria do Maranho, os Confrades a entronizar superaram a prova, que lhe haveis indicado, e encontram-se aptos, se assim o entenderdes, a prestar o Juramento e a serem entronizados na nossa Confraria” C. Compromisso de Entronização

O Juiz da Confraria vai lendo o texto do Juramento, que irá sendo repetido pelos Confrades a Entronizar: J.C.: "Juro, em consciência e honra" Confrades a entronizar: "Juro, em consciência e honra" J.C.: "defender, pública e solenemente, o Maranho" Confrades a entronizar: "defender, pública e solenemente, o Maranho" J.C.: "as suas qualidades" Confrades a entronizar: "as suas qualidades" J.C.: "e promovê-lo, enquanto símbolo tradicional do nosso povo.” Confrades a entronizar: "e promovê-lo, enquanto símbolo tradicional do nosso povo.” J.C.: "Juro, ainda, exigir a sua confecção" Confrades a entronizar: "Juro, ainda, exigir a sua confecção" J.C.: "de acordo com a tradição," Confrades a entronizar: "de acordo com a tradição," J.C.: "incluindo a utilização do Bucho e Carne de Cabra." Confrades a entronizar: "incluindo a utilização do Bucho e Carne de Cabra." J.C.: "Juro, por último, manter" Confrades a entronizar: "Juro, por último, manter" J.C.: "uma relação de fraternidade, amizade e respeito," Confrades a entronizar: "uma relação de fraternidade, amizade e respeito," J.C.: "entre todos os Confrades desta Confraria," Confrades a entronizar:"entre todos os Confrades desta Confraria," J.C.: "com vista à defesa das tradições," Confrades a entronizar: "com vista à defesa das tradições," J.C.: "costumes e produtos da nossa terra" Confrades a entronizar: "costumes e produtos da nossa terra" J.C.: "de Pampilhosa da Serra" Confrades a Entronizar: "de Pampilhosa da Serra" De seguida, o Mordomo-Mor coloca o Escapulário no pescoço de cada Confrades a entronizar e o Juiz da Confraria, segurando o Bordão com as duas mãos, toca-lhe com ele, sucessivamente, no ombro esquerdo e no ombro direito, enquanto lhe diz: “Sê bem-vindo à Real Confraria do Maranho”. Findo o Juramento, os Confrades entronizados dirigem-se para a frente do Juiz Relator, assinam o “Livro Sagrado” da Confraria e recebem, das mãos deste, o Pergaminho, devidamente assinado, onde se atesta a sua nova qualidade de Confrades da Real Confraria do Maranho. D. Lição de Sapiência Findos o Juramentos, o Juiz da Confraria dá a palavra ao Convidado, para proferir a Lição de Sapiência, sobre o tema previamente combinado, a qual não será objecto de discussão. E. Encerramento dos trabalhos Após a Lição de Sapiência e das palavras, que sobre a mesma, entender por bem dizer, sem que tal corresponda, nunca, a uma nova intervenção, o Juiz da Confraria 1) felicita os Confrades entronizados pela sua entronização na Confraria, exortando-os a

juntarem-se aos restantes Confrades no trabalho, em prol da Real Confraria do Maranho;

2) agradece a presença de todos os Convidados e o apoio dos que contribuíram para a realização da Cerimónia;

3) se já estiver definida, anuncia a data da realização do próximo Capítulo, solicitando a presença de todos os Confrades, para nele participarem;

4) informa que irá proceder ao encerramento dos trabalhos

Dirigindo-se aos Confrades, o Juiz da Confraria diz: “Ao terminarmos os nossos trabalhos, façamos, como é nosso costume e uso, a saudação da nossa Confraria:” "Pelo Maranho… Pampilhosa, Maranho e Serpão. Pela Real Confraria do Maranho e seus Confrades… Pampilhosa, Maranho e Serpão". Finda a saudação, entrega o Bordão, ao Mestre de Cerimónias. Ainda com os Convidados presente na sala, a quem foi pedido para não saírem dos lugares, iniciar-se-á a saída da Confraria, com o Juiz da Confraria, a encabeçar o desfile, seguido pelos outros Dignitários e Confrades, de modo inverso ao da entrada.

Anexo II - Fotos

IMG_5990 IMG_5991

IMG_5996 IMG_6005

IMG_6000 IMG_5999

IMG_6006 IMG_5998

IMG_5983 IMG_5984

IMG_5986 IMG_5987

IMG_6007 IMG_6008

IMG_5985 IMG Bordão

IMG_6404 IMG_6403

IMG_6402 IMG_6401

IMG_6400

IMG_6399 IMG_6923

IMG_ 6925 IMG_6926

IMG_6927

Anexo III – Traje de Homem (Manto e Sobrepeliz)

Anexo IV – Traje de Mulher (Manto e Sobrepeliz)