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Quem são os fazedores de cultura do Extremo Sul de São Paulo?
O que eles abordam em suas manifestações e de que forma?
Como e com quem esses agentes culturais se articulam?
Qual a relação com o território?
Quais as difi culdades enfrentadas no dia a dia?
De que forma mantêm seu trabalho?
Realizado pelos coletivos Periferia em Movimento e Expressão Cultural Periférica,
o projeto “Cultura ao Extremo” busca responder a essas questões por meio de um
mapeamento e investigação apreciativa apoiados pelo programa Agente
Comunitário de Cultura, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
O PROJETO
O TERRITÓRIO● Distritos de Cidade Dutra, Grajaú,
Marsilac, Parelheiros e Socorro
● 800 mil habitantes
● Represas Billings e Guarapiranga,
responsáveis por 30% do
abastecimento da população
● Áreas de preservação ambiental
(APAs) Capivari-Monos e Bororé-
Colônia
METODOLOGIA● Identifi cação dos agentes em fontes de dados
● Identifi cação de linguagens
● Envio de questionário on-line
● Visita a alguns agentes para abordagem qualitativa
● Produção de reportagens
● Publicação de relatório
● Realização de debate
FONTES● Programas de fomento (VAI, Pontos de Cultura, Agente
Comunitário de Cultura, ProAc, etc.)
● Mapeamento “Santo Amaro em Rede”, realizado pelo
Sesc Santo Amaro e Instituto Pólis
● Informações dos CEUs Parelheiros, Três Lagos,
Navegantes, Vila Rubi e Cidade Dutra
● Indicações feitas por organizações e fazedores de
cultura locais
OBJETIVOS
● Apresentar um recorte da diversidade cultural do Extremo
Sul de São Paulo
● Contribuir para a compreensão das manifestações bem
como o impacto e dificuldades encontradas no dia a dia
● Fortalecer a articulação local entre os agentes culturais e
subsidiar a reivindicação por políticas públicas específicas e
elaboração de estratégias para sua atuação
LIMITAÇÕES● A articulação entre as redes dos próprios agentes permitiu identifi car
diversos fazedores de cultura no território a partir de uma perspectiva de
mudança social pela arte
● Não identifcamos agentes culturais não institucionalizados, como
artesãos, bandas, capoeiristas, contadores de história, duplas sertanejas,
funkeiros, grupos de forró, ministérios e corais de igrejas, pixadores, povo
de santo, entre outros, ainda que seja reconhecida sua atuação no
território
● Outro fator limitador para conferir critério científi co a esse levantamento é
a não segmentação dos entrevistados por faixa de renda, raça/cor ou
gênero, ainda que seja possível estimar a partir de avaliação qualitativa a
participação de homens e mulheres como integrantes das iniciativas
PANORAMA● 168 agentes identificados
● 68 respostas ao questionário on-line
● 14 entrevistas presenciais
● 13 reportagens publicadas
● Relação completa disponível em:
http://migre.me/rBHbF
58NO GRAJAÚ
100 AGENTES MAPEADOS NÃO RESPONDERAM AO QUESTIONÁRIO ON-LINE. DESSE TOTAL, ATUAM...
12EM CIDADE
DUTRA 10EM
PARELHEIROS
2EM MARSILAC
1NO SOCORRO
17LOCAL
INDEFINIDO
37NO GRAJAÚ
68 AGENTES MAPEADOS RESPONDERAM AO QUESTIONÁRIO ON-LINE.
DESSE TOTAL, ATUAM...
11EM CIDADE
DUTRA 10EM
PARELHEIROS
4NO SOCORRO
0EM MARSILAC
6FORA DO EXTR. SUL
Com base nessas respostas, chegamos aos resultados apresentados nos slides a seguir...
As iniciativas indicadas por esses agentes
envolvem ao menos 281 pessoas envolvidas.
Como a pergunta é aberta e não fez menção a
gênero dos envolvidos, nas respostas onde foi
possível identificar esse aspecto temos uma
proporção estimada em 75% de homens e 25%
de mulheres.
ao menos
281Pessoas envolvidas
75%HOMENS
25%MULHERES
OBS: A pergunta questiona quem são as pessoas envolvidas na
realização das atividades, sem especificar número de participantes
nem fazer distinção de gênero. A partir das respostas, foi possível
chegar a número e percentual aproximados nos dois aspectos
11OUTROS
GÊN. MUSICAIS
5FUNK
15ARTES VISUAIS
18RAP
LINGUAGENS21OFICINAS
19SARAUS E
LITERATURA
17ARTES INTEGRADAS 14
AUDIOVISUAL10GRAFFITI
14COMUNICAÇÃO
& MÍDIAS
9SAMBA
8ARTESANATO 5
MODA
13TEATRO 18
OUTRASLINGUAGENS
6CIRCO
16DANÇA
28HISTÓRIA
E MEMÓRIa
TEMÁTICAS
65ARTE E CULTURA
41CULTURAS
POPULAREs
39EDUCAÇÃO
35DIREITOSHUMANOS
33CULTURASAFROBRAS.
31JUVENTUDE
19MEIO
AMBIENTE
17CULTURAS INDíGENAS
17GÊNERO
12SAÚDE E
BEM ESTAR
11EMPREENDE-
Dorismo
8ESPORTES E LAZER
14OUTRAS
PÚBLICOSÓ
TRABALHAMOS COM ESSE PÚBLICO
MUITO RELEVANTE RELEVANTE
POUCO RELEVANTE
NÃO TRABALHAMOS
COM ESSE PÚBLICO
CRIANÇAS (ATÉ 12 ANOS)
0 14 15 24 15
ADOLESCENTES (12 A 18)
0 33 21 10 4
JOVENS (18 A 29) 0 50 14 2 2
ADULTOS 0 44 14 6 4
TERCEIRA IDADE
0 17 17 24 10
COMO VOCê divulga seu trabalho? Usa Quer usar
Boca a boca 69 56
Panfletos, cartazes ou lambe-lambes 31 36
Graffiti 10 14
Megafone ou caixa de som 2 11
Página no Facebook 63 53
Evento no Facebook 54 47
Grupos no Facebook 36 33E-mail 28 32
Por telefone (SMS, WhatsApp, aplicativos, outros)
33 36
Internet (blogs, sites) 33 46Site jornalístico 11 35
Rádio 3 29
TV 1 27
Jornal 4 31
Outros 4 6
29Líderes
Comunit.
27famílias
Com quem se articulam?
64artistaslocais
49artistasexternos
37Escolas públicas
8Escolas
Part.
273º setorlocal
153º setor externo
23Fóruns locais
7Líderes relig
40Movimentos
sociais4
outros
20Venda de Produtos
e serviços
COMO SE MANTÊM?
57RECURSOSPRóprios
31Editais públicos
15Doações
4OUTROS MEIOS
8Ajuda da Comunid.
3Patrocínio
privado
3EDITAIS PRIVADOS
6Poder público(sem editais)
26DIVULGAÇÃO
DIFICULDADES
64RECURSOSFINANC. 29
TEMPO
33RECURSOS MATERIAIS
27APOIO DO PODER
Público
19RECURSOSHUMANOS
21ESPAÇO FÍSICO
18Apoio de empresas
11Conhecimento sobre
grstão
10APOIO DA
COMUNIDADE
3Conhecimento sobre
Área de atuação / oUTROS
16Infra noentorno
“Teve show que nem água tinha pra gente tomar (…) Apesar disso, as pessoas já sabem que, com uma tenda e
duas caixas de som, nós já criamos um movimento. Não precisamos sair da nossa quebrada para nos divertirmos
ou ter acesso a cultura de qualidade”- Rafael Adalbozo, grupo Expresso Perifa
“A dança que a gente pratica ainda não tem a visibilidade técnica da dança contemporânea, por exemplo. Ainda é visto como assistência social (…) E mesmo no hip hop, ainda vemos o rap e o graffiti como os elementos mais ativos e articulados”
- Fernando SA, Percubeat
“Na escola mesmo, eles diziam que só podia entrar na biblioteca se fosse fazer alguma pesquisa ou
trabalho escolar. Então, como eu ia ter contato com o livro? Precisaria ir numa livraria no centro e comprar
um? O problema é que aqui as pessoas mal têm dinheiro pra pagar a passagem” - Sidineia Chagas, Escritureiros
“O que atravessa a gente são as discussões sobre preconceito, violência policial, cidadania (…) A gente quer discutir o que nos atravessa, as nossas angústias, e com os nossos iguais”
- Carlos Lourenço, Grupo 011
“O Jardim Marilda é um bairro dormitório. As pessoas saem de manhã para trabalhar e
voltam à noite. Então, enquanto organização, somos nós que temos que dar a cara à tapa”
- Jair Santos, escola de samba Em Cima da Hora Paulistana
“Queremos circular em locais de resistência no Extremo Sul, como eram os quilombos, e associar a organização de ambos os espaços, onde se criam estratégias de sobrevivência (…) O território é disparador do nosso trabalho. A luta por asfalto na rua, pela água, energia... se não passase por isso, acho que eu não estaria nessa pegada”
- Kléber Luís, Coletivo Malungo
“A capoeira conseguiu colocar essa estrutura aqui na comunidade, com esse espaço, o
gramado, a construção de quadra, as festas juninas e todas as atividades (…) Hoje, a Vila
Cheba é conhecida internacionalmente por causa da capoeira”
- Lenilson Buiú, Grupo de Capoeira Guaraúna
“Apesar de trazer a questão tradicional, as nossas raízes, hoje a capoeira Angola é praticada principalmente por pessoas de classe média. Então, trazer para o Grajaú é um meio para que haja a reapropriação dessa expressão cultural por nós, marginalizados, daquilo que já é nosso”
- Alan Zas, Razzalfaya e Espaço Kazuá
“Eu uso meus dreads porque meu cabelo é crespo, e essa é uma forma de
preservar minhas raízes”
- Peteca Dreads, SOS Dreadlocks
“O que mais aprendemos com teatro de rua é o contato com os moradores do bairro (…) Eles perguntam quando vamos ensaiar de novo, nos reconhecem como artistas”
- Fábio Cupertino, Cia Teatral Enchendo Laje & Soltando Pipa
“Adolescente tem difi culdade em falar porque é inseguro, sente vergonha. Então, é importante que
ele se sinta à vontade (…) E falar e ouvir é uma forma de fazer as pessoas refl etirem sobre as coisas,
saírem daqui modifi cadas”
- Eduardo Rodrigues, Projeto Possibilidades
“Minha maior conquista é trazer uma outra referência para as crianças, que podem escolher uma boneca parecida com elas. As bonecas são um instrumento de luta contra o racismo”
- Cris Jaxuka, educadora infantil e bonequeira
“Quando falamos da nossa história na cena, estamos falando da história do
próprio bairro”
- Paulo Araújo, Cia Teatral Enchendo Laje & Soltando Pipa
“O objetivo do sarau é exercitar a beleza das pessoas. Não vamos matar a fome ou dar casa a ninguém, mas fazer com que olhem uns para dentro dos outros (…) Vamos melhorando nossa poesia e a poesia vai melhorando a gente”
- Daniel Alexandrino, Sarau do Grajaú
Conclusões● Desigualdade de gênero, tanto na composição quanto na
abordagem das expressões culturais● Agentes transitam entre diferentes linguagens● Aspecto reivindicatório de direitos: forte articulação social,
cultural e educacional● Ofi cinas: caráter formativo das iniciativas● Temáticas: relação entre arte, cultura, educação e direitos
humanos no contexto do território de atuação ● Falta de recursos fi nanceiros é o maior empecilho para
manter os trabalhos● Dependência de recursos próprios para realização das
atividades