Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    1/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    1

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    2/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    2

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    3/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    3

    Poes, Encantos e Assombraes

    Literatura Infanto-Juvenil

    TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.

    Poes, Encantos e Assombraes, Copyright 2010

    CCeellllyy MMoonntteeiirrooHH eeccttoorr MMaarrttiinnss

    JJoossssii BBoorrggeessMMaayyaa BBllaannnnccoo

    RReebbiiss KKrraammrriisscchh

    Publicao junho de 2010

    Capa e Ilustraes:

    Snake Eyes

    Este livro no pode ser reproduzido ou usado em inteiro ou em

    parte de forma alguma, sem a permisso expressa dos autores.

    A presente obra encontra-se licenciada sob a licena Creative Commons. Atribuio:Vedada criao de obras derivadas - 3.0 Brasil. Para visualizar uma cpia da licena,

    visite: http:/ / creativecommons.org/ licenses/ by-nd/ 3.0/ br/

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    4/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    4

    POES, ENCANTOS E ASSOM BRAES

    UUmm mmuunnddoo cchheeiioo ddee mmaaggiiaa,, ppeeqquueennooss bbrruuxxooss ee

    bbrruuxxaass ee mmuuii ttooss ffeeiitt iiooss...... UUmm mmuunnddoo oonnddee ccaaaaddoorreess

    ddee mmoonnssttrrooss aattuuaamm ccoommoo pprrootteettoorreess ddaa

    hhuummaanniiddaaddee...... UUmm mmuunnddoo nnoottuurrnnoo,, oonnddee jjoovveennss

    mmoocciinnhhaass qquuee ssee ttrraannssffoorrmmaamm eemm ggaattaass qquuee ddee

    rreeppeennttee ppooddeemm ssee aappaaiixxoonnaarr ppoorr rraappaazzeess--lloobbooss...... UUmm

    mmuunnddoo ccoolloorriiddoo ee jjoovveemm,, oonnddee ooss mmaaiioorreess ssoonnhhooss

    ppooddeemm ssee ttoorrnnaarr rreeaall iiddaaddee...... ee ttaammbbmm aallgguunnssppeeqquueennooss ppeessaaddeellooss.. EEssssee oo mmuunnddoo ddee

    PPooeess,, EEnnccaannttoossee AAssssoommbbrraaeess..

    EEnnttrree ee ddiivviirrttaa--ssee!!

    NNoo pprreesseennttee ee--bbooookk,, vvoocc ppooddeerr lleerr oo ccoonnttoo

    33 BBrruuxxiinnhhooss ee 11 GGaattoo--LLaaggaarrttoo,, ddee RReebbiiss KKrraammrriisscchh..

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    5/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    5

    RReebbiissKKrraammrriisscchh

    colina era bastante ngreme, coberta de vassourinhas em flor. Mais

    parecia a cabea de um gigante dos cabelos verdes e dourados, de

    to arredondada que era. Para Maria Flor era muito fcil subir

    correndo, uma vez que era capaz de volitar1, deixando seus amigos

    Nazar e Irean para trs resfolegando2, com um palmo de lngua para

    fora, tentando acompanhar a pequena bruxinha.

    Andem logo! Como vocs so molengas! Depois dizem que so

    guerreiros! Gritou a bruxinha, olhando por sobre o ombro, com ares

    divertidos.

    Os dois meninos bem que gostariam de revidar com um palavrobem feio, mas eles no tinham mais flego nem para respirar.

    Maria Flor flutuou at o alto de uma pedra, quando atingiu o topo

    da colina. Ficou imvel, olhando adiante, os ps justapostos como se

    1 Volitar = Voar, esvoaar, flutuar.2 Resfolegar = Respirar ou expelir ar com fora, com dificuldade.

    A

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    6/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    6

    fosse uma bailarina. Os cabelos azulados, amarrados por chiquinhas e

    parcialmente escondidos por uma touca cnica, cuja ponta descia at

    quase a cintura da menina, balanavam lentamente pelo ventinho que

    soprava forte ali em cima.

    Minutos depois, Irean e Nazar conseguiram atingir o topo do

    morrinho. Nazar, um menino gordinho de cabelos ruivos, sequer

    conseguia pr a lngua para dentro da boca. Irean, um menino

    magrinho, comprido e de pele negra, meio que caiu de lado, sentindo

    pontadas no bao3. Flor, em cima de seu altar improvisado, riu da

    fraqueza dos amigos que, embora fossem bruxos como ela, no eram

    muito espertos e ainda no tinham aprendido metade das magias que

    ela j aprendeu, como a volitar, por exemplo.

    Que vergonha! Principalmente voc, Irean, que o filho do

    Grande Mago, o chefe do nosso cl! Desse jeito o seu pai nunca se

    orgulhar de voc! A garotinha espetou os amigos, j incapaz de

    esconder a risadinha debochada.

    Irean se empertigou ofendido com a amiguinha. Chacoalhou os

    bonitos dreds adornados com miangas, colocando as mos sobre os

    quadris numa atitude autoritria.

    Fique sabendo que voc uma trapaceira, Maria Flor! S

    porque aprendeu a volitar, agora fica se exibindo! Dessa forma,

    qualquer um ganha numa corrida!

    Ns no estvamos apostando uma corrida! A bruxinha se

    defendeu. Precisvamos chegar antes que o sol sumisse!

    E ns no precisaramos subir desesperados a colina SE voc

    no tivesse demorado tanto pra se aprontar! Meninas so to bobas

    com isso, de querer pintar a boca e pentear cabelo! Retrucou o bruxo

    ruivinho, cujas bochechas estavam vermelhas como tijolos, pelo esforo

    3 Bao = rgo situado no hipocndrio esquerdo e que tem vrias funes, entre as quais sobressai a dedestruir glbulos vermelhos velhos.

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    7/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    7

    da subida.

    A briga entre os trs continuaria infinitamente, como costumava

    sempre acontecer, se no fosse pela interveno de Zappa. Um rastro de

    pontinhos brilhantes subiu a colina como um raio de to veloz e rodeou

    os trs bruxinhos, espalhando p de luz sobre todos, at que a sua

    forma surgiu sobre eles.

    Zappa era um animal mgico, uma espcie de gato-lagarto: o

    focinho era estreito e comprido como de um lagarto, assim como a

    cauda forte e longa, mas todo o resto era como um gato, com a

    diferena que ao invs de plos, ele possua escamas furta-cor, e no

    momento ele estava meio esverdeado, meio dourado, por causa das

    vassourinhas4 e dos raios do sol poente.

    Vocs trs no sabem ficar de boca fechada, no ?! Zappa

    ralhou com sua vozinha fina de criana. Dessa forma as Fadas do Sol

    e da Lua no viro at aqui!

    Fadas do Sol e da Lua eram criaturinhas de forma humana e asas

    translcidas de borboletas, com interessantes desenhos de sol, lua e

    estrelas, e que apareciam para os olhos mortais apenas naquelahorinha curta do crepsculo, quando j no era mais dia, mas tambm

    ainda no era noite. Os causos que os mais velhos contavam diziam que

    elas concediam boa sorte que durava toda a noite e se estendia at o

    crepsculo do dia seguinte. E Maria Flor, Nazar e Irean precisavam de

    muita, muita boa sorte! Amanh ser dia de prova na Escola de Magia e

    os trs estavam nos ltimos lugares de melhores alunos da turma,

    inclusive a bruxinha de cabelos azuis, que no era muito boa com

    teorias e provas escritas.

    Zappa ficou flutuando acima do ombro esquerdo de Maria Flor,

    como se estivesse confortavelmente sentado num balano de jardim,

    4 Vassourinha = Erva da famlia das escrofulariceas (Scoparia dulcis), amplamente disseminada comoruderal, que tem pequenas flores alvas inaparentes e que, como muito ramosa e lenhificada, pode sercongregada em feixes para compor vassouras simples e baratas; vassourinha-de-varrer, tupixaba.

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    8/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    8

    quando apontou para o horizonte, na direo do claro do sol que j

    terminou de descer atrs das altas montanhas ao oeste.

    Assim que a ltima pontinha brilhante do sol desceu atrs das

    montanhas, ficando apenas o claro vermelho, pontinhos luminosos

    comearam a sair de todos os lugares mais escuros, brilhando ainda

    mais quando entravam na claridade brumosa. E, como uma procisso

    de estrelas, os pontinhos rumaram para a direo dos bruxinhos, pois

    na direo em que eles estavam, era para onde ficava a Grande

    Floresta, ao leste, na direo da lua nascente.

    Assim que aquela procisso luminosa se aproximou, as trs

    crianas rapidamente remexeram nos bolsos, tirando deles balas e

    pirulitos de alcauz pois os causos tambm diziam que as Fadas do

    Sol e da Lua adoram doces de alcauz. Ento, os trs levantaram os

    braos, estendendo as mos abertas e cheias de balas para o alto, para

    que ficassem bem visveis s fadas.

    Mas elas nem deram bola para os doces! O enxame de fadas

    passou pelos trs, soltando pozinho brilhante, mas nada de uma delas

    se aproximar interessada nas balas. Mas as crianas persistiram at o

    fim, quando a ltima fada passou por elas, to atrasada que se viu

    apenas um borro luminoso passando por suas cabeas.

    Os trs bruxinhos desabaram desanimados e muito frustrados.

    As mos j meladas pelos pirulitos e pelas balas que comearam a

    derreter.

    Elas no deram mnima! Desabafou Nazar. Ficou to

    frustrado que at jogou fora as suas balas.

    Eu sabia que no ia dar certo! Praguejou Irean, esmagando as

    pobres balas em suas mos. Era uma ideia idiota desde o incio!

    Quem foi que disse que Fadas do Sol e da Lua gostam de doces de

    alcauz?! Alcauz uma raiz! Raiz comida de gnomos!

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    9/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    9

    MEU AV QUE FALOU que as fadas gostam de alcauz!

    Protestou Maria Flor, enraivecida. Voc t falando que o meu

    avozinho idiota?!

    Irean engoliu em seco. Ele no falou por mal, pelo menos a sua

    inteno no era falar mal do av de ningum... nem de qualquer outro

    adulto ou mesmo criana, pois isso era uma tremenda falta de respeito

    e educao. Mas o pobre bruxinho no teve tempo sequer de se

    desculpar, pois Maria Flor voou para cima dele, agarrando-o pelos

    dreds e embolando-se com ele pelo capim.

    Nazar teve apenas o cuidado de se afastar o mais rpido possvel

    do tufo formado pelos dois amigos que se engolfavam dentro de uma

    nuvem cinzenta e cheia de relmpagos. Isso sempre acontecia quando

    algum deles se desentendia com o outro ou todos os trs se

    desentendiam de uma s vez.

    Zappa abriu uma enorme bocarra, deixando a mostra desde os

    dentes afiados at a companhia da garganta e, num s flego, cuspiu

    uma enorme bola de fogo encima dos dois briges. Quando o fogo

    passou por eles, os dois estavam apenas carvo, com enormes olhos

    esbugalhados de surpresa. Ao menos eles pararam de brigar.

    Nem vou dizer o quanto vocs so burros! No de balas e

    pirulitos que as fadas gostam! Isso duro demais pros dentinhos delas!

    de algodo-doce! Algodo-doce de alcauz! Eu falei, mas nenhum de

    vocs me deu ouvidos! Zappa resmungou muito aborrecido, com os

    braos cruzados e olha zangado. Ficou to aborrecido que rodopiou em

    torno de si mesmo, virou um monte de pontinhos brilhantes e

    desapareceu no ar, com um estalo.

    Irean e Maria Flor, duas formas humanas de carvo, ficaram

    ainda mais frustrados que o desespero tomou conta deles, e acabaram

    se desmanchando em montinhos de p preto. Nazar fez um sinal

    negativo com a cabea e puxou a varinha de condo do bolso traseiro da

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    10/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    10

    cala, apontando para os dois montinhos e fazendo um gesto que soltou

    fascas. Logo os montinhos de p de carvo estavam bem acomodados e

    seguros nos dois potes de vidro que o ruivinho conjurou.

    Quando Nazar chegou ao castelinho de torres pontudas, que era

    a casa do Grande Mago, o bruxo que era eleito para se o Prefeito da

    Cidade Bruxa de quatro em quatro sculos, e o Chefe do cl dos bruxos,

    o homenzarro j aguardava por sua visita.

    Ele era um homem grando e forte, possua uns dreds muito

    longos enfeitados com miangas de pedras preciosas e tatuagens de

    cobras enroladas nos dois braos, que representavam a sapincia5 e lhe

    conferia o ttulo de Prefeito. Por ser alto e forte, ele dava medo, mas

    eram s aparncias. O pai de Irean era um bruxo muito bom e justo.

    Mas o pobre Nazar no pensou na bondade e justeza do Prefeito.

    Com ele daquele tamanho e ainda de braos cruzados, no dava para

    pensar em coisas legais. O bruxinho empalideceu ainda mais, deixando

    as sardas cor de ferrugem ainda mais evidentes no rostinho redondo.

    Muito bem, Nazar... o que foi desta vez?

    Com o medo, Nazar esqueceu como se articula as palavras.

    Grunhiu alguma coisa que apenas fez o Prefeito erguer as sobrancelhas,

    sem entender nada. O menino deu-se por vencido, sabendo que no

    resolveria nada com palavras, ento puxou os dois potes de vidro

    guardados nos bolsos do casaco e, com eles nas mos, esticou os

    braos na direo da cara do Grande Mago, que desconjurou.

    Oh, minha Me! - Imediatamente o Prefeito pegou os potes e

    olhou preocupado para Nazar.

    Voc no os misturou, no ?

    5 Sapincia = sabedoria acima do comum.

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    11/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    11

    Nazar gaguejou, balbuciando fraquinho.

    N-no... acho que n-no! E-e-eu guardei eles com cuidado...

    O Grande Mago fez um gesto negativo com a cabea e despejou o

    p de carvo de cada frasco em dois montinhos no cho. Abriu a

    mozona e dela saiu uma luz seguida de um basto, que a varinha de

    condo dos adultos, e apontou para os montinhos.

    No mesmo instante surgiram Maria Flor e Irean, tossindo e

    espirrando p preto. Quando se deram conta da presena de quem

    estavam, ficaram to rgidos que parecia que tinham virado pedra.

    Muito bem! Desta vez, o que aconteceu? Perguntou o pai de

    Irean, de um jeito que deu medo.

    Os dois bruxinhos se entreolharam, assustados. Como era uma

    enorme falta de respeito mentir, eles teriam que contar a estria toda...

    inclusive que eles no haviam estudados para as provas do dia

    seguinte!

    O dia amanheceu muito bonito. O cu estava azulzinho, o ar

    estava fresquinho e o sol estava brilhante. E o dia permaneceu desta

    forma at de tarde, quando os trs bruxinhos voltavam da escola.

    Embora o dia estivesse bonito e limpo como costuma ser os dias da

    Primavera, sobre as cabeas de Maria Flor, Irean e Nazar, pairava uma

    gorducha nuvem cinzenta que, de vez em quando, relampejava.

    Os trs foram muito mal nas provas tericas e estavam de mauhumor. E o mau humor s aumentava e isso se percebia pelos

    relmpagos que saiam da nuvenzinha quando eles pensavam no

    castigo que o Grande Mago dera aos trs, por no cumprirem suas

    obrigaes, que era estudar: eles passariam os prximos finais de

    semana, at o Vero, em casa e estudando! No poderiam sair para

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    12/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    12

    brincar pelas colinas com os pneis-crneos, no poderiam ir para os

    lagos nadar com as Fadas-dgua, e no poderiam fazer exploraes

    pelas cavernas de cristais com os Anes!

    E isso era quase o fim do mundo!

    Quando foi que tudo isso aconteceu?! - Maria Flor parou

    emburrada, cruzando os braos e fazendo uma cara muito feia. A

    nuvenzinha piscou, preparando uma nova saraivada de raios. Foi

    tudo culpa daquele... daquele coisa! Se Zappa no tivesse torrado a

    gente, a gente no teria se desmanchado, e o Prefeito nunca precisaria

    saber que a gente tava com problemas por causa das provas!

    Nazar e Irean pararam e seus cabelos se arrepiaram de pavor aoouvir a bruxinha esbravejar contra o gato-lagarto - que era um

    animalzinho orgulhoso demais para aturar afrontas.

    Vai com calma a, Flor! No quero virar torro de novo! -

    Gaguejou Irean.

    E nem eu! Sou alrgico a p! Se Zappa me torra como fez com

    vocs, vou espirrar o resto da vida! - Protestou Nazar, j morrendo de

    medo de ser torrado pelo animalzinho mgico.

    Vocs so uns medrosos, mesmo! - Maria Flor gritou em

    resposta. Ele nem t aqui! E mesmo que estivesse, ele merece ouvir

    umas poucas e boas!

    Aaaah! mesmo?!

    O ar acima deles crispou com pontilhos brilhantes e Zappa surgiu

    brilhando. H muito tempo atrs ele recebeu a misso do Prefeito de

    acompanhar os trs pequenos encrenqueiros, mas Zappa no tinha

    muita pacincia com crianas bruxas e essas trs, em especial, eram

    muito birrentas para o seu gosto. Havia duas coisas que o irritavam

    profundamente: no ouvirem os seus conselhos que eram sensatos,

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    13/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    13

    diga-se de passagem e falar mal dele pelas costas.

    Portanto, Zappa estava com a cara muito, muito feia!

    Maria Flor empinou o queixo, depois de passado o susto. Ela

    tremia como vara-verde, mas demonstrava o contrrio.

    mesmo! Replicou a bruxinha. Voc no toma conta direito

    da gente e depois fica a com raivinha quando fazemos as coisas da

    forma errada! culpa sua sim!

    Os dois meninos tremeram e correram para se esconder atrs de

    uma enorme pedra de granito, quando Zappa inchou as bochechas e

    suas escamas ficaram to vermelhas que parecia que ele estava

    pegando fogo! Ele tremeu de raiva, tentando bravamente se controlar.

    Maria Flor, como no era boba nem nada, achou que o melhor a fazer

    era sair da presena do gato-lagarto o quanto antes.

    Ela volitou o mais alto que j conseguiu, e partiu como um

    foguete para a direo do vilarejo onde morava com os pais e avs.

    Apesar da encrenca que se meteu, a bruxinha no conseguia conter as

    risadas, ainda mais quando Zappa vinha em seu encalo, cuspindo fogo

    descontroladamente, sem conseguir acert-la.

    E foi assim, at chegarem entrada da vila. Maria Flor passou

    como um foguete sobre a placa de boas-vindas, deixando fascas

    brilhantes para trs, mas Zappa bateu numa proteo invisvel e quase

    desabou no cho, no fosse por mos grandes e fortes a segur-lo.

    Ele ficou meio zonzo pelo encontro, e s abriu os olhos quando

    se sentiu bastante seguro entre aquelas mozonas quentinhas eprotetoras. Mas quando viu quem o segurava, teve vontade de

    desmaiar.

    Mame?!

    A me do Zappa era uma gata-lagarto enorme e olhava muito

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    14/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    14

    braba para ele.

    Precisamos ter uma conversinha, beb!

    Zappa apertou os olhos, tremendo. J sabia que a me faria um

    sermo enorme e o colocaria de castigo pelo resto da estao! A mame

    brilhou e desapareceu no ar, no meio de bilhes de pontilhos

    brilhantes.

    Maria Flor se esbaldava de rir, sentada sobre a chamin de uma

    das casas. Quando Zappa desapareceu junto com a me, ela volitou at

    o cho, indo para casa. A prpria me a esperava na porta, com um

    rosto anuviado e os braos cruzados. A menina parou de chofre, mas a

    me apontou com o polegar para dentro de casa, batendo o p no cho,nervosa.

    Tambm teremos uma conversinha, Flor!

    A menina entrou cabisbaixa, j prevendo o sermo que tambm

    levaria da me. Se desde o comeo ela e os amiguinhos tivessem

    estudado as lies para as provas, no teriam se dado to mal como

    estavam! Por no terem cumprido com suas obrigaes, eles foram

    torrados, viraram p, levaram um castigo do Grande Mago e tiraram

    nota baixa nas provas. E, agora, ao invs de ganhar beijos e doces das

    mes, ganhariam sermes e ficariam de castigo, at aprenderem que os

    deveres vm em primeiro lugar.

    FIM

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    15/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    15

    OOSS AAUUTTOORREESS

    CCeellllyyMMoonntteeiirroo

    Celly mora em Aracaju, Sergipe, e est se formando em Gesto deTurismo. Comeou a escrever aos quatorze anos para concorrer a umconcurso literrio escolar e, desde ento, no parou mais. Possui doiscontos publicados na Antologia Beijos & Nvoas e um blog onde expeseus contos de cunho fantstico:

    http://afantasista.blogspot.com

    Email: [email protected]

    HHeeccttoorr MMaarrtt iinnss

    HHeeccttoorr ccuurriittiibbaannoo,, tteemm ddoozzee aannooss ddee iiddaaddee ee eesstt ccuurrssaannddoo aassttiimmaa ssrriiee ddoo eennssiinnoo ffuunnddaammeennttaall.. AAddoorraa lleerr,, tteemm ppiillhhaass ddee rreevviissttaasseemm qquuaaddrriinnhhooss ee lliivvrrooss iinnffaannttoo--jjuuvveenniiss.. TTeemm pprreeddiilleeoo ppoorr ffiiccooffaannttssttiiccaa,, jjooggooss RRPPGG ccoomm tteemmaass mmeeddiieevvaaiiss ee aaggoorraa eesstt ccoommeeaannddoo aaddeeddiiccaarr--ssee eessccrriittaa ee iinnffoorrmmttiiccaa,, iinncceennttiivvaaddoo ppeellaa ffaammlliiaa..

    JJoossssii BBoorrggeess

    Mora em Curitiba, web designer e, durante trs anos, trabalhouno ramo de comrcio e informtica. Atualmente tem um comrciovirtual de livros usados, j publicou a coletnea Estranhas Histrias deAmor (2010), bem como diversos contos e dois romances em formato e-book, alm de contos nas antologias Beijos & Sombras e Beijos &Nvoas. Tambm participa de vrios grupos e comunidades nainternet, com artigos e contos sobrenaturais, tema pelo qual tem grandepredileo.

    Sites e blogs

    http://jossiborges.webnode.com.br/

    www.amorelivros.justtech.com.br

    www.romanzine.blogspot.com

    Email: [email protected]

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    16/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    16

    MMaayyaa BBllaannnnccoo

    Maya mora no Rio de Janeiro, louca por livros e escreve desdecriana. Filha de imigrantes, herdou dos pais o amor pelos livros e pelasletras. J publicou vrios contos, um deles est na Antologia Beijos &Sombras, e tem um blog onde posta alguns de seus trabalhos de fico:

    www.contosefolhetins.blogspot.com

    Email: [email protected]

    RReebbiiss KKrraammrriisscchh

    J fez quadrinhos, fanzines e fanfics ao longo de quase 15 anos(assinando com outros pseudnimos). A partir de 2009 passou a sededicar s prprias criaes, retirando da gaveta trabalhos antigos. Temcontos publicados nas Antologias Beijos & Sombras e Beijos &Nvoas. Suas principais influncias so o Mang, o Anime e aLiteratura Esprita, e tem uma queda pelos mundos criados porMiyazaki, Tolkien, Zimmer e Rowling, entre outros.

    Blogs:

    www.rebiskramrisch.blogspot.com

    www.covadecobra.blogspot.com

    www.alternativosindependentes.blogspot.comwww.snakeeyesbr.blogspot.com

    Email:[email protected]

  • 8/6/2019 Rebis Kramrisch - Pocoes Encantos e Assombracoes - 3 Bruxinhos

    17/17

    Antologia Infanto-Juvenil I - Poes, Encantos e Assombraes

    17

    Prestigie os autores brasileiros de Romance e Literatura Fantstica!

    Comente depois que ler, faa sugestes, discuta e indique!

    Se voc gostar de escrever, e quiser publicar conosco, entre em contato.

    [email protected]

    Amor & L ivros Digital

    www.amorelivros.justtech.com.br