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Receita em Prosa Carolina Rodrigues Geane Amaral Kennedy Costa Leandro Fernandes Monalisa França

Receita em Prosa

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E-book sobre culinária, produzido na disciplina de Projeto Interdisciplinar em Comunicação V, no curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia.

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  • Receita em Prosa

    Carolina Rodrigues Geane Amaral Kennedy CostaLeandro Fernandes Monalisa Frana

  • Ficha Tcnica

    Oliveira, Carolina Rodrigues; Amaral, Geane Aparecida Durante;

    Costa, Kennedy Rosa; Lopes, Leandro Fernandes; Silva, Monalisa

    Frana.

    Receita em Prosa / Carolina Rodrigues de Oliveira; Geane

    Aparecida Durante Amaral; Kennedy Rosa da Costa; Leandro

    Fernandes Lopes; Monalisa Frana da Silva. - Uberlndia, 2015; 91 p.

    f. : livro digital.

    Produto final do Projeto Interdisciplinar em Comunicao V, do curso

    de Comunicao Social, com habilitao em Jornalismo - Universidade

    Federal de Uberlndia (UFU), Uberlndia, 2015.

    Orientao: Prof. Dr. Rafael Duarte Oliveira Venncio; Prof.

    Dra. Ana Cristina Menegotto Spannenberg; Prof. Dra. Mirna Tonus;

    Prof. Dra. Vanessa Matos dos Santos; Prof. Dr. Joo Henrique Lodi

    Agreli.

    1. Jornalismo. 2. Livro reportagem. 3. Livro de receitas. I. Receita em

    Prosa.

    CDD: 070

    Textos, Fotos, Edio, Projeto Grfico e Diagramao: Carolina Rodrigues

    de Oliveira; Geane Aparecida Durante Amaral; Kennedy Rosa da Costa;

    Leandro Fernandes Lopes; Monalisa Frana da Silva.

    Livro editado em mdia digital PDF Dinmico.

    Esta edio no tem fins lucrativos. O download gratuito.

    Reproduo de partes ou do todo do livro dever ser

    autorizada pelos autores.

  • Receita em Prosa

    Carolina Rodrigues Geane Amaral Kennedy CostaLeandro Fernandes Monalisa Frana

  • Menu

    Apresentao 6

    Man pelado, ops! Roubado 8

    Entre Gois e Minas 24

    (Con)tradio em Famlia 48

    Em meio a violas, temperose amigos 64

    Tera-Firmes 82

  • Apresentao

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    Querido leitor,

    No espere um livro de receitas comum. Nasprximas pginas voc encontrar cinco pratos,cinco histrias, vrios personagens. Todos reais!

    Sabemos que a gastronomia encanta paladares,adoa vidas. Mas as pessoas nela envolvidas tornacada receita especial e nica.

    Por isso, convidamos voc a provar com a gente dodoce ao salgado, da reunio familiar famliacozinheira, dos sabores aos dissabores.

    Aprecie histrias de dar gua na boca.

    Bom apetite!

  • Man pelado,

    ops!

    Roubado

    Kennedy Costa

  • Hummm... bolo de mandioca, quem no gosta? Difcil encontrar perto de casa ou ter uma receita bem saborosa nocaderno. E se voc encontrasse o ponto ideal do bolo,tivesse ele como o carro chefe da sua lanchonete e derepente, roubassem a sua receita?

    Mirian Isaas Ferreira confeiteira e, em 2010, resolveumontar o seu prprio negcio. Com um forno, umabatedeira e um balco, colocou para funcionar no alpendrede sua casa, uma lanchonete com todos os produtos feitospor ela mesma.

    Quitandas, salgados, tortas e doces faziam parte dacomposio exposta diariamente na vitrine, de segunda asbado. Mas o que no podia faltar? O man pelado, o tpicobolo feito de mandioca. Mirian tinha dado receita o seutoque pessoal, a partir da experincia adquirida durante ostreze anos que trabalhara como confeiteira.

    Mas antes de contar o desenrolar da histria, voc deveestar se perguntando: de onde surgiu a Mirian ? Esserealmente o incio da histria? Qual sua trajetria atchegar nesse ponto de ter uma receita roubada?

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  • Mirian nasceu emItuiutaba, Minas Gerais.Ainda pequena, aos seteanos, subia em cima deum banquinho paracozinhar em sua casa, nobairro Progresso. Quandomaior, j se arriscava nasreceitas de quitanda dame.

    Ela casou aosdezessete anos e tevedois filhos: Nayrim eAlessander. O casamentoterminou quando o filhocaula tinha sete meses, eMirian que nunca haviatrabalhado, por imposiodo companheiro, sedeparou com uma novasituao: a busca poremprego.

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  • Foi sua madrinha, ao ir padaria de manh, que ouviu queo estabelecimento precisava de uma funcionria, e indicou aafilhada, que fazia quitandas em casa e precisava de umemprego. Abriam-se aqui as portas para os seus treze anosna rea de confeitaria.

    Na padaria Arte e Po, Mirian aprendeu os primeirosofcios, com seu Severino, mais conhecido como Ramim, queat hoje considera um de seus mestres. Primeiro Deus, quedeu o dom pra gente, e seu Ramim, outro mestre, explica.Ele e Nilma, dona do estabelecimento, perceberam ahabilidade da funcionria e ofereceram cursos depanificao e confeitaria para ela se qualificar.

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  • Trabalhando como encarregada por seis anos em umgrande supermercado da cidade, Mirian exercitou suacriatividade na criao e no aperfeioamento de tortas,decorando a vitrine do setor com os mais variados tipos debolos e quitandas. Chegava a trabalhar mais de doze horaspor dia e via seus filhos acordados somente aos domingos.Quando eles eram pequenos, eu chegava noite e jestavam dormindo. Foram criados na creche, eu chegava,trocava o menor e, quando saa para trabalhar, deixava amamadeira arrumada, a menina dava para o menorzinho eminha me colocava eles na van.

    Em um de seus ltimos empregos em padaria, aconfeiteira recebeu uma proposta para abrir umestabelecimento em sociedade com um colega. Logo noprimeiro ms, a experincia no deu certo, e ela seaventurou em um comrcio prprio. Pois bem, voltemosagora, ao incio da histria...

    O empreendedorismo gerou para Mirian, nessa novafase, muito aprendizado e mais doze horas de trabalhodirio para dar conta das encomendas que recebia. E onde oman pelado entra nessa histria? ... Ah o man! Esse eutenho que terminar de contar pra voc.

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  • O tal bolo de mandioca faziamaior sucesso no comrcio deMirian. A vizinhana prestigiavatodos os dias nos horrios docaf da manh e da tarde,principalmente os trabalhadoresda oficina mecnica, que fica naesquina da sua casa, ficaram fsdo bolo.

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  • Todos os dias havia ao menos um tabuleiro fresquinhoesperando a clientela. A receita fazia tamanho sucesso quea vizinhana e os amigos se interessavam pelas quitandas epelos segredos para fabricar alimentos to saborosos.

    Em uma dessas curiosidades, uma amiga e vizinha demuitos anos, afirmou que tentava e no dava conta defazer um bolo como o que Mirian vendia. Depois de muitainsistncia e no vendo problemas, a empreendedorapassou a receita.

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  • Alguns dias sepassaram e o movimentoda lanchonete comeou a(quitanda) cair. Mirianno entendia o porqu,at que outra vizinha,que morava na casa aolado e adorava subir nomuro para conversar ever o que ela estavafazendo, contou que viua mulher que pediu areceita vendendopedaos de bolo demandioca na oficina. Elacomprou um e trouxepara a confeiteiraexperimentar.

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  • "Esse o fogode quandominha me

    casou, h maisde cinquenta

    anos e quefunciona at

    hoje"Foi nele que

    Mirian comeoua cozinhar, aos

    sete anos.

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  • Experimentando o bolo concorrente, Mirian reconhecetraos da sua receita, mas ainda acredita que no amesma coisa. Quando passou a receita para a vizinha, norevelou o segredinho, para que, no final, o man peladopudesse ficar molhadinho e saboroso.

    Mesmo assim, o episdio fez com que ela desanimasse donegcio prprio que chegou a durar sete meses. Foi a que aconfeiteira resolveu se mudar para a cidade de Uberlndiaem busca de uma nova estabilidade financeira, deixando oseu lado empreendedor.

    Foi no seu primeiro emprego fora de Ituiutaba que aconheci, em uma rede de hipermercados ondetrabalhvamos. No espao de uns dez metros quadradosrodeados por balces, ela me contava um pouco de sua vidatodos os dias, histrias que fazem desta, um mero pedaodo bolo de um grande tabuleiro.

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  • Mirian Isaas Ferreiratem hoje 37 anos, operadora de empilhadeiraem um hipermercado dacidade de Ituiutaba.Confeiteira,empreendedora, operadorade caixa, atendente, donade casa, me.

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    Com um sorrisosempre largo norosto, Mirianrevela pra gentea receita originaldo seu famosoman pelado.

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  • Receita

    Man Pelado

    Ingredientes

    1.200g de massa de mandioca9 ovos500g acar300g de margarina300g de coco ralado300g de queijo ralado1 colher e meia de fermento qumico em p30g de farinha de trigo

    Leite condensado, o segredinho do bolo.

  • Modo de Fazer

    - Rale 1.200g de mandioca j descascada;- Adicione os ovos, o acar, a margarina, o coco e oqueijo;- Misture bem (no necessria a utilizao de batedeira);- Por ltimo, adicione o fermento;- Unte uma forma (tabuleiro) grande com margarinha epolvilhe a farinha de trigo;- Despeje a massa na forma e coloque para assar porcerca de 40 minutos ou at dourar em forno mdio;- Retire o bolo do forno. Com ele ainda quente despejeleite condensado a gosto e espalhe com a colher para queseja absorvido.

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  • Entre

    Gois e

    Minas

    Leandro Fernandes

  • Tinha chegado gente nova na parquia. Eu era de um dosgrupos de jovens da minha igreja e conheci Isabela, queestava vindo do estado de Gois e quis participar. No foi sela que veio da terra do pequi, a famlia toda entrou naparquia tambm: o irmo mais novo, o pai e a me.Uberlndia tem dessas coisas, cheirinho de metrpole queatrai a migrao e jeito de cidade pequena, vila mesmo, querepara at nos novos rostos que chegam. Logo eu e minhasamigas ficamos prximos da novata, talvez o gosto pelosmesmo gostos, ou providncia divina. A gente nem fala, massabe que .

    Conheci o irmo mais novo, o Dudu, o pai, AntnioEduardo (que tem o mesmo nome do filho), e a me, Liciane.Passaram seis anos de convivncia, quando esse projeto, oReceita em Prosa, me chamou ateno para a histria dafamlia Rodrigues de Oliveira. Em 2009, eles escolheramfugir da pacatez do interior goiano para tentar a vida emoutra cidade, outro estado. Uberlndia foi o destinoescolhido e, hoje, cuidam de um restaurante familiar: oBanana da Terra.

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  • E banana da terra nopode faltar no cardpio!Banana frita tem todo diamas, se est numa poca defrio e chuva, a fruta no ficamadurinha. A um "Deusnos acuda", porque no ficadocinha o suficiente e podeno agradar os clientes.

    Quem se preocupa tantocom detalhes como esse aLiciane, ela quem meconta sobre a origem dafamlia, a construo dorestaurante, a relaofamiliar que tem com osfuncionrios e os clientes eo prazer em cozinhar paraservir.

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  • Ela nasceu em Araguari, seu pai era caminhoneiro e, aos15 anos, a famlia se fixou na cidadezinha de Ceres, compouco mais de 20 mil habitantes, no interior de Gois. O paidela trabalhava pro seu tio que era vizinho de AntnioEduardo, que depois tornou-se seu marido e pai dos seusfilhos. Desde criana eles j se conheciam, mas o amor sveio com o tempo. Se casou bem nova, aos 19, dois anosdepois nasceu a Isabela e, aos 23, teve o Antnio EduardoFilho. Logo quando o Dudu nasceu, ela e a cunhada abriramo restaurante "Fogo Lenha", deixando de lado o diplomade pedagoga e a experincia de quase trs anos em umaescola. O amor pela cozinha falou mais alto.

    Por 11 anos Liciane cuidou desse restaurante, mas a suame, Graa, j havia se mudado pra Uberlndia com seuirmo mais novo, pra que ele fizesse o ensino superior. Osmeninos haviam crescido e, em busca de melhoresoportunidades nos estudos e novos horizontes, em 2009,eles se mudaram para c.

    Em seis meses o restaurante foi construdo. O lugar queabrigava uma casa, alm de dois comrcios - um bar e umaradiadora - deu lugar ao que hoje o restaurante da famlia.Comida saborosa, pratos diferenciados em um ambienterstico e criativo com mesas coletivas e atendimentofamiliar o que oferecido.

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  • Desde a sua criao, orestaurante tem comocaracterstica as mesascoletivas, inovao que, napoca, nem os shoppingcenters haviam aderido.Liciane justifica que, desde apoca de Ceres, sempre tevefila nos seus negcios e teveque se adequar j queconsidera o espao pequeno.

    Mas quem disse que foifcil a adeso s mesascoletivas? Eu mesmo fuiresistente durante muitotempo, mesmo que eualmoasse sozinho. Hoje elase sente feliz por ter sidocriativa e ter conseguidoconvencer a clientela acompartilhar a mesa parafazer suas refeies, afinal,com a correria do dia-a-dians temos um tempo mnimode almoo. Apesar darejeio inicial, hoje tonatural que difcilencontrar quem no aceitese sentar numa mesacoletiva, d at pra fazernovos amigos.

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  • A proximidade com a prefeitura, vrias empresas e auniversidade fazem com que o restaurante seja a opoideal de vrios pblicos da regio, mas a escolha pelo bairrofoi quase que automtica. A sua me mora na mesma rua dorestaurante desde que ela se mudou pra c, antes do restoda famlia vir. No foi to difcil escolher um lugar para seconstruir o negcio, se no no "quintal". E at hoje assim, aLiciane e a Dona Graa no moram juntas, mas no so nemcinco minutos de caminhada da casa de uma pra outra, e dasduas pro comrcio.

    E nem pode ser mais que isso, o restaurante s abre s 11horas da manh mas as duas so as primeiras a chegar, sseis e meia. Os funcionrios chegam s sete e mos obra!Eu no sabia, mas existe uma logstica muito bem planejadapara que a cozinha funcione como deve funcionar.

    O restaurante no tem espao para estoque, ento o quechega de entrega de produtos do Ceasa e de fornecedoresem cada dia, por exemplo, j tem um pr-preparo. Tudo quepode ser manuseado com antecedncia, verduras quepossam ser descascadas e refrigeradas, feito. As entregasadequam o cardpio que pensado com antecedncia, almda produo, que varia de acordo com os dias da semana.Tudo o que sobra de comida descartado, ento asquantidades tambm so pensadas para que o desperdcioseja menor.

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  • Alm dos funcionrios,a Liciane e a Dona Graacozinham, AntnioEduardo Pai e Filho ficamno caixa e a Isabela? Elafica no caixa, faz tortaspara sobremesa, mas squando vm praUberlndia a cada 15 dias.

    Hoje, ela faz Medicinaem Paracatu. A Isabelaajudava muito norestaurante, mesmo comtoda a preocupao eocupao durante a pocade cursinho evestibulares. "No foi umapoca fcil", lembraLiciane com um suspirode alvio. Sustentar aescolha de se prestarMedicina foi uma cargaque a famlia abraou edesde o incio ela foiapoiada.

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  • "Eu sempre disse pros meninos: qualquerprofisso muito vlida, muito importante,desde que vocs sejam bons profissionais.

    rvore frutfera a que mais leva pedradase eu sempre exigi que, desde cedo,estudassem muito, mas que sejam

    profissionais naquilo que escolheram."

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  • O Dudu escolheuEngenharia Civil e, todo dia,logo depois da aula correpro restaurante. emfamlia que eles tocam onegcio e os funcionriosso parte dela.

    Eu perguntei qual era oseu prato preferido e,embora pensasse que fosseuma pergunta fcil de serrespondida, assim comorespondo facilmentelasanha, ela apenas me dizque gosta de tudo, tudo.

    - Se eu puder colocaruma azeitona no cantinhodo prato, eu boto. Mas eugosto de tudo.

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  • J dos clientes, muito se ouve falar do fil de tilpia nachapa. Mas eles tm opes bem variadas, o cardpio no serepete, sempre tem algo novo. Um dos pratos que maisagradam o paladar da clientela foi o escolhido pra estareceita. Que eu e meus amigos do Receita em Prosagostamos de comida, t na cara. Mas eu sou apaixonado porpur! Em casa, fao pur de batatas com calabresa ao mel,pur de couve-flor, pur de camboti... Mas o pur quevamos apresentar o Pur de Mandioquinha da Liciane,feito com mandioca e mandioquinha, a tambm chamadabatata-salsa.

    Uma semana antes de entrevist-la, fui s pressasalmoar no restaurante, em uma mesa coletiva, e lembrocom saudades do macarro ao cheddar e palmito que comil e estava sensacional. Vou at pedir pra ela me avisar peloWhatsapp na prxima vez que fizer esse prato, muitosclientes pedem isso e eles adotam essa forma de fidelizao.

    - Eu vario o cardpio sempre, porque eu me preocupomuito com quem almoa aqui todo dia. Minha me adorapuxar assunto no meio da pista, da os clientes vo virandoamigos e vo ficando ntimos.

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  • Pista o nome do local onde as pessoas se servem e,entre um cliente que adora bob de camaro e outro, arrozcom bacalhau, ela destaca uma cliente de quatro anos queama mini-hambrgueres. A me da cliente-mirim uma daspessoas avisadas por mensagem, essa fidelizao vai almdo segurar pelo estmago. A forma com que lidam com osclientes e a decorao, por exemplo, valem tanto quantouma pista cheia de opes e pratos deliciosos.

    Falando em pista, ela abastecida por muita gente, so 17funcionrios entre cozinheiros, auxiliares e garons emturnos de seis e oito horas, sem contar com ela, a DonaGraa, Antnio Eduardo e o Dudu. Liciane se senteprivilegiada pelos funcionrios que tem, alguns deles estona equipe desde quando abriu o restaurante.

    - Quero que eles prosperem junto comigo, peo muito aDeus por eles e pelos meus clientes, porque no tem sentidoa gente prosperar sozinho.

    A equipe grande e cada um tem seu espao pra realizarsuas funes, mesmo que quase na hora de abrir estejaaquela correria, so mais de 30 opes de pratos, servidosdiariamente. D certo.

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  • 41

  • "Todas as minhasforas, o meu foco prac... pro restaurante. Euat sonho, me preocupo

    muito com ele. Coisasde cozinha em casa eu

    no mexo mesmo!"

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  • As opes fartas a fazem lembrar da poca em quemorava na fazenda. Foi a av e a me que despertaram emLiciane o gosto por cozinhar, e mais tarde cozinhar paraservir. Ela se lembra de quando matavam uma vaca pra fazero almoo da famlia, quando sua me acordava antes que oSol e fazia queijo, doce e almoo para os trabalhadores dafazenda. Que Gois tem como tradio a boa comida caipira,ns sabemos. Pois nessa tradio que ela joga toda a culpapela proximidade que tem com a cozinha e se retrai ao dizerque cozinha bem, mas no nem um dedinho do que ame , cozinheira de mo cheia.

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  • A cozinha talvez seja o lugar que ela passe mais tempo,mas s no restaurante, ela no faz nada em casa. Ela brincadizendo que todo mundo da casa gordinho por isso, j queno cozinham a noite, eles saem bastante para comer.Muitos clientes do restaurante tem outros estabelecimentose eles sempre gostam de conhecer novos lugares, faz partedo crescimento do prprio negcio, alm de prestigiar osetor.

    Encerro o nosso bate-papo dois quilos mais gordo, pormencantado por ouvir sua histria.

    Gratido.

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  • Receita

    Pur de Batata-Salsa

    Ingredientes

    1.000g de batata-salsa500g de mandioca3 colheres de margarina200g de requeijo cremosoLeite de CcoMussarela Ralada

    Receita

    Pur de Batata-Salsa

    Ingredientes

    1.000g de batata-salsa500g de mandioca3 colheres de margarina200g de requeijo cremosoLeite de CcoMussarela Ralada

  • Modo de Fazer

    - Cozinhar a mandioca e batata-salsa com 1 colher decaldo de galinha em p;

    - Depois de cozidas, bat-las no processador aindaquente;

    - Colocar no fogo e aos poucos colocar a margarina, orequeijo e o leite de cco at dar o ponto de uma massacremosa;

    - Temperar gosto;- Misturar bem;- Colocar em um refratrio grande;- Colocar a mussarela ralada por cima e servir;

    Modo de Fazer

    - Cozinhar a mandioca e batata-salsa com 1 colher decaldo de galinha em p;

    - Depois de cozidas, bat-las no processador aindaquente;

    - Colocar no fogo e aos poucos colocar a margarina, orequeijo e o leite de cco at dar o ponto de uma massacremosa;

    - Temperar gosto;- Misturar bem;- Colocar em um refratrio grande;- Colocar a mussarela ralada por cima e servir;

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  • (Con)tradio

    em

    Famlia

    Carolina Rodrigues

  • Ele saiu cedo e quando voltou trouxe alguns sacos commilhos; plantados, cuidados e colhidos em suas terras. Nofalha um sbado sequer no trabalho com a roa. Na verdade,ele ainda no realizou o sonho de ser somente roceiro. um homem que pensa na famlia em primeiro lugar, e porisso ainda trabalha como militar. Quando aposentar, ele querviver de plantar e cuidar dos animais, principalmente dosbois, com grandes barbelas, que so sua paixo.

    Em casa, elas j aguardavam. E, logo, todos comearam aocupar-se com suas devidas funes no processo.

    O pai corta a ponta do milho preciso algum forte eque tenha domnio da faca a ser manuseada para evitarsangue ou coisas piores para que as filhas e a medescasquem os milhos, separando as palhas boas, quesero usadas para empalhar as futuras pamonhas, e tirandoseus longos cabelos, que, por vezes, esto acompanhados depequenas lacraias e lagartinhas.

    50

  • De volta ao trabalhobraal, o pai rala osmilhos, que foramlimpos. E, logo, vaicoando, em uma grandepeneira, para retirar obagao. Depois disso asmos da me que darovida s pamonhas.

    Escrevendo assimparece at que foi fcil,mas eles ficaram trshoras e cinquenta e doisminutos para deixar amassa da pamonhapronta.

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  • "A pamonhano

    uma formade unir,mas sim

    de reunir afamlia"

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  • "A pamonhano

    uma formade unir,mas sim

    de reunir afamlia"

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  • A bacia grande para temperar as pamonhas doces, e apequena, as salgadas. Nessa famlia, parece que s as mesconseguem fazer isso. Quando est realmente toda a famliareunida, essa funo da av, que me do pai destahistria, mas antes, com certeza, era da bisav, tatarav eoutras avs do passado.

    Antes de empalhar, ela coloca as palhas, que foramseparadas no comeo do processo, na gua quente, poralguns segundos, para limpar e amaciar. E, depois, corta,igualmente, pedaos de barbante para amarrar aspamonhas.

    Ela manuseia as palhas em formato de copo, joga a massa,coloca um pedacinho de queijo pra ficar mais saborosa, fecha com outra palha e amarra com o barbante. E, medida que vai fazendo, j coloca algumas pores paracozinhar em grandes tachos com gua fervendo.

    A filha mais velha j aprendeu a empalhar, mas dessa vezela estava inserida em um trabalho meio antropolgico meiojornalstico. Se retirou da famlia para observar comoutros olhos um dos fazeres que rene a famlia,proporciona afeto e invoca memrias.

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  • Essa famlia tem umnome: de Oliveira. Maspoderia ser qualquerfamlia, que se rene emvolta da mesa para comer,conversar e rir. E deixa ame orgulhosa, ou a avconstrangida, de tantoselogios.

    O pai Jos Fernandode Oliveira. A me, IsabelCristina Rodrigues deOliveira. A filha maisnova, Laura Rodrigues deOliveira. E, a filha maisvelha sou eu, CarolinaRodrigues de Oliveira.

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  • 56

  • Entrevistar a prpria famlia requer jogo de cintura.Podem acontecer alguns por que voc est perguntandoisso agora?, ah menina, pra que voc est gravando isso?, duro ter uma jornalista em casa...

    Sem que soubessem da construo deste livro, fuidescobrindo mais da tradio e percebendo que o fazer dapamonha provoca sentimentos totalmente diferentes emcada um.

    Pamonha uma tradio antiga, de quando os avsmoravam na roa e s comiam o que dava em suas terras.Era uma rotina semanal.

    A cidade, com sua pressa por industrializao emodernidade, em conjunto com algumas quebras que h napassagem de tradies de pais para filhos, modificou, aospoucos, culturas / hbitos / estilos de vida dos que vieramdo campo.

    Fazer pamonha passou de toda semana, para uma vez porms, depois a cada trs meses, e, agora, no mximo duasvezes no ano. Provavelmente essa tradio est com os diascontados na minha famlia.

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  • Para Laura, a tradioj passou da poca, muito mais prticocomprar pronta, dmuito trabalho, suja acasa, tem vrios outrosmeios de reunir a famlia,quando tiver minha casa,possivelmente, nunca voufazer pamonha.

    Laura: A pamonha no une a

    famlia.Jos Fernando: A pamonha no

    uma forma de unir, massim de reunir a famlia.

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  • 59

  • Minha famlia umexemplo, entre milhes,para mostrar aimportncia da comidacomo elo de unio, afeto,memrias. Fazer apamonha, ou qualqueroutro prato, uma formade parar na correria dodia-a-dia e juntar doisprazeres de uma vez:reunir a famlia e comer.Fazer todos sentarem emvolta da mesa paracompartilharem nosomente o alimento, mas,tambm, as experinciascotidianas, memrias,sonhos e conquistas.

    Com ou sem pamonha,sempre haver asreunies familiares;blsamos para enfrentar amodernidade.

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  • Depois de muitas reclamaes, a pamonha ficou pronta.Laura:

    Ah, hora que fica pronta maravilhoso!Jos Fernando:

    Viu, no muito mais gostoso quando a genteque faz?

    Isabel Cristina: Est todo mundo feliz comendo essas delcias, mas,

    vamos limpar a baguna?

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  • Receita

    Pamonha doce

    Ingredientes

    50 espigas de milhoUm litro de banha de porcoDois quilos de acarUma colher de ch de sal

    Pamonha salgada

    Ingredientes

    50 espigas de milhoUm litro de banhaSal e pimenta a gosto

  • Modo de Fazer

    - Rale as 50 espigas de milho em um ralo grosso epeneire;

    - Esquente um litro de banha de porco;- Jogue a banha quente, os dois quilos de acar e a

    colher de ch de sal na massa do milho j peneirada;- Misture bem;- Empalhe;- Coloque as pamonhas empalhadas para cozinhar em um

    tacho grande, com gua fervendo, por uma hora;- Retire as pamonhas e coloque em uma peneira para

    escorrer a gua.

    - Na pamonha salgada, troque o acar pelo sal e pimentaa gosto.

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  • Em meio a

    violas, temperos

    e amigos

    Monalisa Frana

  • Comer sempre bom, no verdade? E se esse ato vieracompanhado de amigos, boa msica e tpica comida caipira,fica melhor ainda. Essa a histria que conto aqui, depersonagens que se dizem Fanticos por Viola e queconseguem unir vrias geraes, em favor de uma tradio.

    Eles compem um grupo chamado Companheiros daViola, fundado em novembro de 2011, aqui em Uberlndia.Eles no visam lucro em suas aes, mas sim passar adiantetoda a tradio da msica caipira, aliando tudo isso aotrabalho social e a boa comida.

    So ao todo dezenove pessoas envolvidas no projeto,entre violeiros, cozinheiros e familiares. Os trabalhos queos companheiros, maneira como gostam de ser chamados,realizam ocorre, em maioria dos casos em lar de idosos ecomunidades que atendem grupos especficos, como porexemplo, pessoas portadoras do vrus HIV.

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  • So ao todo dezenovepessoas envolvidas noprojeto, entre violeiros,cozinheiros e familiares.Os trabalhos que oscompanheiros, maneiracomo gostam de serchamados, realizamocorre, em maioria doscasos em lar de idosos ecomunidades queatendem gruposespecficos, como porexemplo, pessoasportadoras do vrus HIV.

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    Alcir Teixeira o idealizador desse projeto e fala com umentusiasmo que contagia a qualquer um sobre a origem daideia. O que era a nossa proposta, e mantemos at hoje:reunir pessoas, famlias que realmente gostam da violacaipira. Ele explica que o grupo se mantm atravs doseventos que faz, que tm a renda totalmente revertida paraas instituies que eles atendem. As despesas que eles tmna sede, localizada no bairro Manses Aeroporto, comogua e luz so cobertas pelos prprios membros do projeto.

    Nos eventos, o esquema de trabalho fazer com que aspessoas que esto nas comunidades e nos lares, tenham umdia de descontrao e boa msica. Alm disso, claro, nopoderia faltar a comida tpica, que feita pela equipe decozinheiros.

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  • Entre uma moda de viola aqui e outras risadas ali, elesespalham pelo ar o bom cheirinho da comida caipira, feitapor mos habilidosas, que j esto nesse meio h vriosanos. Um dos cozinheiros Mrcio Pereira, que est entrepanelas e temperos desde os nove anos de idade. Ele contaque comeou a tomar gosto pela cozinha quando foi morarcom a av, depois da morte de sua me. Minha av mecolocava em p, em um banquinho, em um fogo caipira,fazia a comida e eu via.

    Casado com Eliane Pereira, que tambm ajuda na cozinhado grupo, eles colaboram e participam desde janeiro de2015. Mrcio diz que sua maior recompensa fazer o bem:Aquilo que a gente pode fazer de bem a quem precisa uma coisa gratificante, dar um pouco do que a gente tem praquem precisa, acho que no tem nada melhor na vida.

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    E voc pode estar se perguntando: estou aqui,acompanhando essa leitura, que me conta sobre a histriadesse projeto e onde que a comida entra nisso? A comidaentra no dia em que fizemos uma visita sede, l no bairroManses Aeroporto.

    Cheguei acompanhada de uma amiga e fomos muito bemrecebidas, por sinal. Entramos e j avistamos todosreunidos, em uma grande varanda. Dois cachorros corriampelo gramado e s se ouvia o som dos pssaros em volta dacasa. O dia para eles era especial, pois havia uma visita a serfeita em uma casa de acolhimento que fica ali perto.

    Alcir nos levou at a cozinha onde o Mrcio j estava atodo vapor, correndo de um lado para o outro, ajeitando oalmoo que seria levado a casa de acolhimento SantaGemma, mas essa histria eu conto daqui a pouco. E odanado almoo, o que era? Posso garantir que a cara estavatima! A tradicional galinhada era o prato do dia, um dosprincipais pratos do cardpio do grupo.

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    Aliado a ingredientescomo frango desfiado,cebolinha, salsinha, arroze pimenta a galinhada tema marca de cada uma dasmos que ajudaramMrcio nessa empreitada.Ele, a esposa e mais duasmulheres que estavam frente do almoo. Agalinhada veioacompanhada de tutu defeijo, que alm doingrediente principal, ofeijo, leva ovos cozidos equeijo e umamacarronada, com molhobem vermelhinho, feito deforma artesanal, comtomates fresquinhos ecarne moda.

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    Comida pronta, panelas a postos, companheiros bemvestidos e com violas nas mos, chegou a hora de conhecera casa de acolhimento Santa Gemma. Ela fica no bairroAclimao, vizinho sede do grupo. Chegando l, descerama panela da galinhada e seus acompanhamentos, colocaramna cozinha da casa e tomaram seus postos.

    O pessoal que mora na Casa Santa Gemma se juntou navaranda para ouvir a moda de viola que ia comear. Eu eminha amiga nos sentamos para ouvir tambm; fomos deSrgio Reis a Almir Sater, tudo com muita descontrao ealegria.

    Entre uma msica e outra, os companheiros conversavamcom as pessoas que moram na casa e, no rosto de cada um,era visvel a alegria estampada no rosto de todos ali. Depoisde algumas msicas, muitas palmas e vrios sorrisos,chegou a to esperada hora de provar a galinhada.

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    A mesa foi posta e todos se reuniram em volta dela, parauma orao. O coordenador da casa, conhecido como SeuDito, agradeceu a presena dos companheiros e, apsalgumas breves palavras, todos, sem cerimnia, comearama encher os pratos com a comida e seus acompanhamentos.E olha, posso dizer que ela fez sucesso, todos comeram e agalinhada rendeu equipe de cozinheiros muitos elogios.

    Entre nossa chegada na Casa Santa Gemma, a moda deviola e o almoo, j havia se passado mais de uma hora,coisa que eu e minha amiga nem notamos, poderamos ficarali por mais tempo, mas era necessrio ir embora. Nosdespedimos, com o gostinho de dever cumprido e comaquela vontade de voltar quela casa e saber mais sobreeste projeto, que nos recebeu to bem.

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    Neste clima bom, devemos concordar que h deacontecer casos curiosos, que so lembrados por muitotempo. Um deles, como nos conta o Alcir, ocorreu em um larde idosos, onde uma senhora, que fora diagnosticada commal de Alzheimer e que ficava em uma cadeira de rodas,apoiou-se na parede e ao ouvir a msica, se ergueu ecomeou a danar. O filho dela, que no via a me assim atempos, se emocionou, reconhecendo que a msica ajudarasua me.

    E se voc acha que o projeto para por aqui, se enganou!Alcir conta que h previso para que uma nova unidade doprojeto seja aberta no estado de Gois. Em uma palestradada sobre a viola caipira, pelos companheiros equipe doprofessor de msica Marito Geraldo Rodrigues dos Santos,ele se encantou com o projeto e se interessou a comearuma parceria com o grupo Companheiros da Viola.

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    Para Alcir e seus companheiros, porm, essa vontade iriapassar, assim que eles voltassem para Gois, o que, parasurpresa deles, no aconteceu. Pelo contrrio, o professorMarito entrou em contato com Alcir para, alm de propor aparceria, trabalhar como uma ramificao do grupo A genteachou que era brincadeira, que era s o momento e aquimesmo ele j falou, vamos ver um espao desse l emGoinia, pra gente tocar viola e eu falei, a gente ajuda. Elesestavam em trs e realmente, eles mandaram a mo, estofirmes e entre os trs, eles j escolheram um presidente, ooutro vice e um secretrio.

    O trabalho do grupo Companheiros da Viola reflete oresgate de alguns ideais, atualmente perdidos e queprecisam ser cultivados. Mostra que, de uma semente queplantamos hoje, podemos colher frutos e, diga-se depassagem, bons frutos.

    E agora, pegue a sua caderneta e anote a receita dagalinhada que o Mrcio fez para levar Casa Santa Gemma!

  • Receita

    Galinhada

    Ingredientes

    2.500g de Arroz8 quilos de frango (coxa e sobrecoxa)Cebola, alho e cheiro verde gostoleoAafro

  • Modo de Fazer

    - Cozinhe o frango em uma mistura de gua e sal. Apscozinh-lo, desfie e reserve o caldo do cozimento em outrorecipiente.

    -Aquea em uma panela o leo, o alho amassado e acebola a gosto. Para um toque de cor ao prato, se preferir,utilize aafro. Aps dourar, adicione o frango, j desfiado eo refogue por, aproximadamente, 15 minutos.

    -Depois disso, adicione o arroz e para que ele cozinhe,adicione a gua do cozimento do frango e deixe secar.Quando estiver pronto, adicione o cheiro verde gosto.

    Dica: O Mrcio usa, alm de todos esses ingredientes, otomate, o milho e azeitonas, como complemento para agalinhada. Ingredientes como milho e azeitonas devem sercolocados quando o frango e o arroz ainda esto no fogo. Jo tomate coloca-se por fim, com a panela j desligada,picado em pequenos cubos.

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  • Tera-Firmes

    Geane Amaral

  • -Bom dia, filha! No se esqueaque hoje tera-feira e vamosreunir na casa da sua av, ok?!

    -Oi me! Claro que no vouesquecer, noite estou l. Beijo!

    E assim comea a tera-feira daMaria Aparecida Rodrigues,conhecida por todos como Cida.Liga para as filhas, Caroline eRhayane e avisa que logo mais temreunio da famlia Firmes na casade seus pais, dona Julieta e seuGeraldo. E, como de costume, jfala com sua irm e acertam oscomes e bebes, para que nada falteno encontro de meio de semana.

    Embora a noite seja dedicada famlia, durante o dia ela vai para otrabalho. Coordenadora financeirana Escola Estadual Amador Naves,aqui mesmo em Uberlndia, Cidacomea o dia com pique total naescola. A animao permanece ato fim do dia, quando ela se renecom os familiares.

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  • Mas, voc deve estar seperguntando: por que numa tera-feira? Bem, este dia o nico dasemana em que eles podem sejuntar noite. Muitos trabalhamcom comrcio prprio, por isso, huns seis anos combinaram que atera seria o dia de celebrar,inclusive os aniversariantes dasemana, com fartura de comida ebebida.

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  • A filha da Cida, Caroline Narjara, ao contar sobre omomento, afirma que a comida e a cerveja so elos destasreunies. H cardpios variados, mas sem dvida ochurrasco prevalece, regado a bastante molho de alho,acompanhamento primordial da famlia.

    Se o prato principal for outro, sem problemas, o molhoest sempre na mesa. A receita preparada por RhayaneNarjara, primognita de Cida, mas quando outro parente searrisca, a me j avisa: no fica o mesmo sabor. Estcurioso para aprender como faz, no ? Calma, que logomais vamos ensinar o passo a passo da receita.

    Cida afirma que a alegria e a paixo pela comida so osmotivos dos encontros, percebidos assim que entrei na casade seus pais, onde fui recebida com sorriso e abrao tpicode avs.

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  • Conversa vai, conversa vem e a coordenadorafinanceira conta os causos engraados que a famliaprotagoniza. Um deles a tradio de malhar Judas nosbado de aleluia, em que eles fazem um boneco deespantalho e saem pelas ruas do bairro onde moram, oGranada e desfilam com o traidor. Em seguida, penduram-no na rvore da praa, cada um bate nele e finalizamqueimando o boneco.

    Todos os momentos so registrados, haja fotos! Elas,inclusive, so enviadas para longe, em Braslia, onde osdemais familiares ficam a par de tudo que acontece nafamlia e ansiosos para o encontro de fim de ano comtodos os entes.

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  • Lembra da praa que comentei a pouco? Nela, h vriosps de manga que servem de sombra e ponto de encontropara as festas, quando a casa fica cheia. Por moraremprximas Cida, sua me e sua irm muitas reunies dosFirmes so realizadas na rua mesmo, com presena dosvizinhos. Como a festa junina que at uns dois anos atrsfaziam.

    Com os olhos brilhando, a organizadora dos encontros,conseguiu definir para mim em nica palavra o sentimentoque move familiares e amigos a permanecerem nestatradio: a unio!

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  • Apesar dos problemas tpicos de toda famlia suame, dona Julieta sente faltaquando algum parente no podecomparecer, pois, j seacostumou com a casa e aspanelas cheias: uma alegriamuito grande ver os parentestodos reunidos.

    dona Julieta, essa alegriacontagia mesmo, no s quem da famlia Firmes, mas quemvem de fora tambm. Obrigadapela tera-Firmes!

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  • Receita

    Molho de Alho

  • Famlia Firmes

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