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Reciclagem e Inclusão Social de Catadores Oficina do Eixo Erradicação da Miséria Facilitador: Luciano Marcos, do Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (Insea) Apoio: Eletronuclear Rede Mobilizadores Setembro/ Outubro 2013

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Reciclagem e Inclusão Social de Catadores

Oficina do Eixo Erradicação da Miséria Facilitador: Luciano Marcos, do Instituto Nenuca de

Desenvolvimento Sustentável (Insea)

Apoio: Eletronuclear Rede Mobilizadores

Setembro/ Outubro 2013

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Índice 1 - APRESENTAÇÃO 2 – OS CATADORES De garrafeiros a catadores Um perfil de quem trabalha no “lixo” 3 - ORGANIZAÇÃO SOCIAL E LUTA POLÍTICA A organização social dos catadores O lixo em disputa 4 – A CONTRIBUIÇÃO DOS CATADORES PARA OS OBJETIVOS DA PNRS Serviços de coleta seletiva 5 – O PAPEL DA SOCIEDADE Apoio da sociedade A importância de separar o lixo Lixo seco X Lixo úmido Como fazer a coleta seletiva em casa Como executar o 3R Descarte correto Esgoto não é lixo 6 – O PAPEL DOS GOVERNOS Políticas Públicas de Estímulo à Reciclagem 7- FONTES

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1 - APRESENTAÇÃO A sociedade brasileira produz cada vez mais lixo, boa parte dele reciclável, e precisa dos serviços ambientais prestados pelos catadores para reintroduzir esses materiais no processo produtivo e conquistar cidades ambientalmente mais saudáveis. Segundo dados da Rede Latino Americana e do Caribe de Catadores, esses profissionais respondem por 99% do material reciclável que vai para a indústria, Fruto de um longo processo de exclusão social, os catadores, por sua vez, tiram das sobras da sociedade de consumo a sua sobrevivência. O trabalho desenvolvido por eles reduz os gastos públicos com o sistema de limpeza pública, aumenta a vida útil dos aterros sanitários, diminui a demanda por recursos naturais, e fomenta a cadeia produtiva das indústrias recicladoras com geração de trabalho. Mas, para que possam continuar contribuindo para a qualidade de vida da sociedade, precisam do apoio do governo e de todos os cidadãos. Com a aprovação da Lei 12.305/2010 - que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e determinou, entre outras coisas, o final dos lixões até 2014 -, muitos prefeitos têm optado pela incineração do lixo. De acordo com Luciano Marcos, do Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (Insea), “a incineração é uma grande contraposição à lei, inclusive no que diz respeito à inclusão social, pois cerca de um milhão de pessoas vivem da reciclagem. Além disso, trata-se de uma tecnologia muito cara e bastante nociva à saúde humana e ao ambiente. Na própria Europa, vem sendo bastante criticada atualmente”, explica. Diante disso, os catadores de material reciclável estão promovendo uma campanha intensa para combater a incineração no Brasil, questionando o Ministério Público sobre os investimentos feitos, já que a PNRS aborda a tecnologia como último item, voltada aos rejeitos e não aos materiais recicláveis. Eles também têm reivindicado a implantação da coleta seletiva nos municípios e que as prefeituras negociem diretamente com as cooperativas de catadores, em vez de contratar empresas para executar esse serviço. Apesar de, entre 2003 e 2008, o volume de lixo urbano reciclado no Brasil ter aumentado, passando de 5 milhões de toneladas para 7,1 milhões, esse volume é equivalente a apenas 13% dos resíduos gerados nas cidades, segundo dados do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). Isso porque o serviço está presente em apens 8% dos municípios brasileiros e ampliá-lo é uma forma de poupar, pois, de acordo como Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o país perde cerca de R$ 8 bilhões por deixar de reciclar. Mas para que a coleta seletiva seja eficaz, é necessário que cada cidadão faça sua parte, separando em casa os resíduos recicláveis dos rejeitos (lixo orgânico). Sem isso, não é possível implantar um sistema de reciclagem devido à contaminação dos materiais. Percebemos, portanto, que a reciclagem é viável e importante tanto para o meio ambiente e a qualidade de vida nas cidades, quanto para os cofres públicos e, principalmente, para a inclusão social dos catadores de material reciclável. No entanto, para que avancemos, cada um tem de fazer sua parte: governos, sociedade e catadores. Esse é o grande desafio do país para os próximos anos. Boa leitura!

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2 – OS CATADORES De garrafeiros a catadores Antigamente, os chamados “garrafeiros”, "trapeiros", "papeleiros” ou "burros sem rabo" eram aquelas pessoas que percorriam as ruas da cidade comprando e/ou recolhendo sucata, de casa em casa. Com o passar do tempo, o perfil do consumo mudou e, por consequência, o lixo produzido pela sociedade. Hoje, se acumulam nas ruas das cidades jornais, revistas, papelões, latinhas de alumínio, garrafas pet, vidro, embalagens diversas de produtos industrializados, etc. Os garrafeiros deram lugar aos catadores, que tal como aqueles também seguem pelas ruas das cidades empurrando carrinhos.

Esses trabalhadores são reflexo de um modelo de desenvolvimento que, ao mesmo tempo em que gera riquezas, produz exclusão social. De acordo com dados do Movimento Nacional de Catadores de Recicláveis (MNCR) existem hoje entre 800 mil e 1 milhão de catadores. São, portanto, milhares de pessoas que não têm acesso ao mercado de trabalho e que têm de buscar outras alternativas de sobrevivência e, muitas vezes, acabam encontrando no que chamamos de “lixo” uma forma de assegurar seu ganha-pão. Em geral, a atividade da catação envolve toda a família, tanto no trabalho de rua, como no local de armazenamento dos resíduos recicláveis. Apesar de a maioria da população em situação de rua sobreviver dessa ocupação, há também entre os catadores pessoas que, em geral, habitam ocupações irregulares, em assentamentos organizados pelo governo ou mesmo em lotes adquiridos. São famílias inteiras envolvidas na catação de materiais. Em muitos casos, crianças e adolescentes estão fora da escola e não têm acesso à saúde. Muitos desses meninos e meninas estão desnutridos e doentes, e vários enfrentam outros problemas como abuso sexual, gravidez precoce e uso de drogas. As moradias ou barracos próximos aos lixões ficam sujeitos a acidentes e contaminações. Mas além de viverem em condições precárias de moradia, sem acesso a direitos trabalhistas e previdenciários, à saúde e à educação, os catadores de materiais recicláveis ainda têm de conviver com a invisibilidade, o estigma social. Um perfil de quem trabalha no “lixo” A assistente social Denise Juncá estudou trabalhadores de um lixão, um aterro sanitário e uma cooperativa de catadores localizados no Rio de Janeiro, além de associações de reciclagem em

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Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. A partir de entrevistas, traçou um perfil dessas pessoas que tiram o sustento do lixo, num ambiente de trabalho onde não faltam riscos e preconceitos.

De acordo com ela, "cair no lixo”, como os catadores costumam dizer, não é uma escolha, mas uma necessidade”. E completa: "Mas não deixa de haver entre eles a certeza de que desempenham um trabalho digno, que exige habilidades específicas, uma rotina e normas de conduta". A pesquisadora percebe uma diferença fundamental entre os

trabalhadores que atuam em aterros sanitários e lixões e aqueles que fazem parte de cooperativas e associações: "em cooperativas e associações, os catadores se percebem como agentes ambientais, vencendo o estigma que cerca o trabalho com o lixo". Para eles, explica, o lixo é percebido como matéria-prima, e não como resto. Quase sempre, os catadores que trabalham de forma isolada não conseguem bom preço pelo material coletado e, de modo geral, são explorados pelos atravessadores, que pagam valores irrisórios. No entanto, segundo estimativas do MNCR, dos cerca de um milhão de catadores, apenas entre 5 e 10% estão organizados em cooperativas ou associações. Quanto à inclusão social, ela afirma que "muitas vezes ocorre uma inclusão perversa, em que o ganho de dinheiro suficiente para sobreviver não é acompanhado pela melhoria na qualidade de vida, e os vínculos mantidos com a sociedade são estigmatizantes". Diante desses dados, percebemos que para falar de inclusão social dos catadores precisamos de programas e políticas públicas que estimulem a organização coletiva desses trabalhadores em cooperativas e associações, sua qualificação profissional e, principalmente, o reconhecimento social da importância do trabalho que realizam. Só assim os catores terão condições de se tornar atores centrais na cadeia da reciclagem, e poderemos perceber mudanças no comportamento da sociedade em relação a esses trabalhadores.

Os catadores ... são grandes parceiros para a promoção da reciclagem. São trabalhadores que atuam há muitos anos com a coleta, classificação e destinação dos resíduos, permitindo o seu retorno à cadeia produtiva. Eles.... - sabem identificar, coletar, separar e vender materiais recicláveis; - garimpam no lixo o desperdício de recursos naturais, por isso são também agentes ambientais importantes; - contribuem para a melhoria das cidades, diminuindo a quantidade de lixo a ser tratado pelos governos; - impedem que, diariamente, toneladas de material reciclável sigam para os aterros sanitários ou para os lixões; - são responsáveis por cerca de 90% do material que alimenta as indústrias de reciclagem no Brasil.

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3- ORGANIZAÇÃO SOCIAL E LUTA POLÍTICA

A organização social dos catadores A ocupação de catadores existe, informalmente, há pelo menos 50 anos no país. Ao longo dos anos, esses profissionais foram percebendo que eram muitos, embora espalhados pelo Brasil a fora. Foram também tomando consciência da importância do seu trabalho. Começaram a se organizar e a reivindicar espaço social, político e econômico. Em 1999, foi criado o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), que abriu novas perspectivas para a categoria no país. Hoje, está o MNCR presente em praticamente todo território nacional por meio de 600 bases, entre associações e cooperativas, e de 85 mil catadores organizados. O Movimento busca a valorização dos catadores de recicláveis, bem como sua organização e a autogestão (prática econômica em que os trabalhadores são os donos das ferramentas e equipamentos de produção). Defende a coleta seletiva e o pagamento do trabalho prestado à sociedade, uma vez que, segundo o MNCR, está provado que o serviço dos catadores é mais eficiente na coleta seletiva que os caminhões e aparatos do setor privado. No entanto, a profissão de catador se formalizou num período de grandes mudanças no mercado de trabalho brasileiro, que resultaram numa diminuição do nível de emprego e dos postos formais de trabalho. Isto fez com que várias profissões desaparecessem, e outras fossem redefinidas ou emergissem. Assim, em 2001, com o Código Brasileiro de Ocupações (CBO), esses profissionais foram reconhecidos como "pessoas que vivem e trabalham, individual e coletivamente, na atividade de coleta, triagem e comercialização de materiais recicláveis". O passo seguinte foi a organização destes profissionais. Assim, nos últimos anos, estimuladas pela Economia Solidária, as cooperativas de catadores tornaram-se uma boa alternativa de renda para milhares de catadores. Cada vez mais profissionalizadas, muitas cooperativas têm obtido importantes conquistas, assegurando aos catadores melhores condições de trabalho e oportunidade para a conquista de uma vida mais digna. O lixo em disputa Mas a conquista de trabalho e de reconhecimento tem sido uma batalha ininterrupta. Atualmente, um dos problemas enfrentados pelos catadores é a incineração, vista por muitos prefeitos como

uma solução para o problema do lixo. Além de enfraquecer a reciclagem e o meio de vida dos catadores, o MNCR aponta para os riscos ambientais, econômicos e sociais desse processo. Já as empresas alegam que as inovações tecnológicas são capazes de filtrar os gases tóxicos resultantes da incineração, como dioxinas e furanos, antes de serem lançados para a atmosfera. O grande problema é que os custos são bem altos. Por outro lado, os catadores destacam a ameaça de muitos materiais – fonte de trabalho e renda na cadeia produtiva da reciclagem – acabarem queimados, por mais que digam que apenas o que não puder ser reciclado irá para o forno.

“Hoje os municípios sofrem um assédio para adotarem a incineração”, afirma Luciana Lopes, diretora do Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais (Ipesa). Cidades como São Bernardo do Campo e São José dos Campos, ambas no estado de São Paulo, e as paranaenses Maringá e Foz

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do Iguaçu, por exemplo, já fizeram consultas públicas para a instalação das chamadas usinas de recuperação energética de resíduos sólidos. As justificativas dos gestores públicos se baseiam nos prazos estipulados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelece que todos os municípios encerrem, até agosto de 2014, seus lixões e aterros controlados (que têm cobertura do lixo, mas não dispõem de sistemas de impermeabilização e captação de biogás e chorume). Além disso, até esse prazo, todos os municípios devem dispor apenas os rejeitos em aterros sanitários, ou seja, o que não pode ser reutilizado, reaproveitado ou reciclado. “Temos que repensar a lógica dos governantes de pensar em soluções macros. Quanto mais próximas das comunidades, mais viáveis elas são”, diz Luciana. Para ela, é preciso repensar o sistema de coleta seletiva adotado nos municípios. A bióloga e consultora em minimização de resíduos Patrícia Blauth concorda e defende que a coleta seletiva seja dividida em três partes: os resíduos compostáveis (que não são só os orgânicos, mas também papéis sujos, por exemplo), recicláveis e rejeitos. “O nome deve ser de acordo com o destino que o material terá, não por sua origem”, afirma. Para Patrícia, os municípios deveriam contratar as próprias cooperativas para a coleta dos recicláveis e também para operar estações de compostagem, e elas deveriam ser remuneradas por isso. A própria PNRS estimula a contratação de cooperativas para a execução de serviços de coleta seletiva e, inclusive nesses casos, é dispensada a licitação. “É preciso reconhecer e valorizar os serviços ambientais prestados pelos catadores”, afirma Julio Caetano, gerente de Trabalho e Renda da Fundação Banco do Brasil. “Se o município paga uma empresa, por que não pode pagar ao catador?”, questiona. Com a crescente quantidade de lixo produzida diariamente, pensar no problema dos resíduos pode ser um despertar para a necessidade de reduzir os impactos ambientais e para o fato de que os recursos naturais do planeta têm um limite. “Devemos construir alternativas a partir de nossa própria experiência social, valorizando as tecnologias populares e evitando o ‘progresso’ a qualquer custo, aceitando o ‘desenvolvimento imitativo’ dos países do Norte”, diz uma cartilha elaborada pelo MNCR e a Coalizão Nacional contra a Incineração de Resíduos. O documento ainda destaca como primordial pensar os catadores como atores centrais para uma política de gestão de resíduos hoje no Brasil, em razão do potencial de inclusão social do setor.

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4 – A CONTRIBUIÇÃO DOS CATADORES PARA OS OBJETIVOS DA PNRS

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) Instituída em 2010, pela Lei 12.305/2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos disciplinou a gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos no país. A lei estabelece que todos os municípios encerrem, até agosto de 2014, seus lixões e aterros controlados, e estimula os municípios a adotarem a coleta seletiva, destacando que devem priorizar a participação dos catadores de materiais recicláveis e as ações de educação ambiental.

Serviços de coleta seletiva Poucos municípios dispõem de coleta seletiva regular no país. De acordo com estudo do Instituto

de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em abril de 2013, 18% das cidades brasileiras desenvolvem tais programas, a maioria nas regiões Sul e Sudeste do país. No entanto, quando se compara a participação da coleta formal na reciclagem total brasileira, verifica-se que a maior parte dos materiais são coletados por catadores organizados em cooperativas e associações ou os chamados “avulsos”. No caso dos metais, por exemplo, apenas 0,7% do total reciclado (9.817,8 toneladas/ano) é proveniente de sistemas formais de coleta seletiva.

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2012, foram produzidas 1.436 mil toneladas de alumínio primário, e a reciclagem ficou na faixa de 36%, chegando a 98,3% das latas de bebida, patamar com pouca variação nos últimos cinco anos. A produção de papel foi de 10 milhões de toneladas, e a taxa de recuperação com potencial para reciclagem está em 45,5%. Em 2011, o consumo aparente de plásticos foi de 6,8 mil toneladas, das quais 1.000 toneladas recicladas - 57% de PET. Em 2001, a reciclagem dessas garrafas era equivalente a 32,9%. No setor de vidros, o dado mais recente é de 2008, quando a capacidade de produção instalada foi 3 mil toneladas, sendo 1.292 no setor de embalagens. Dessas, 47% são recicladas - incluindo 20% de embalagens retornáveis -, 33% são reutilizados e 20% vão parar em aterros e lixões. O gerente de Projetos da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Ronaldo Hipólito, explicou que a Política Nacional de Resíduos Sólidos não prevê prazo para implantar a coleta seletiva e a reciclagem dos materiais. “Nós colocamos metas no plano nacional: para 2015 uma quantidade de reciclagem e outra para 2019. Para os resíduos úmidos tem a compostagem, a biodigestão. Mas nós estamos trabalhando tudo paralelamente, porque não pode fechar primeiro o lixão para depois fazer a reciclagem”, disse. Em tese, na hora de se fechar um lixão e colocar em funcionamento um aterro sanitário, onde só poderá ser depositado rejeito, obrigatoriamente terá que haver a coleta para retirar a parte que não deve ser enterrada, acrescentou. Representantes do MNCR defendem que as prefeituras invistam no trabalho dos catadores. Segundo o Ipea, a renda média dos catadores não atinge o salário mínimo, ficando entre R$ 420 e R$ 520. “As prefeituras têm que pagar pelo serviço que a gente faz, pois separamos, beneficiamos e mandamos de volta para a indústria, que teria que pagar o que deixou de pagar para o aterro”, afirma Neilton Cesar Polito, representante do comitê da cidade de São Paulo no MNCR.

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A PNRS incentiva as prefeituras a firmar parcerias com cooperativas, com prioridade no acesso a recursos federais. O programa Cataforte, desenvolvido pela Fundação Banco do Brasil em parceria com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), a Petrobras, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com apoio do MNCR, também oferece apoio às cooperativas. Na primeira fase do programa, em 2009, foram feitas ações de capacitação, qualificação profissional, assessoramento técnico e incentivo à formação de redes de comercialização. Na segunda fase, o Cataforte está investindo na logística solidária, com a aquisição de veículos que permitam às cooperativas e associações, preferencialmente organizadas em rede, melhorar a capacidade de coleta, transporte e comercialização.

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5 – O PAPEL DA SOCIEDADE Apoio da sociedade Mas para que a coleta seletiva possa se efetivar no país, é fundamental a colaboração de cada cidadão. Luciana, do Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais (Ipesa), lembra que, sem a separação dos resíduos na fonte de geração, ou seja, na casa ou trabalho de cada brasileiro, as cooperativas terão dificuldades em avançar, devido à contaminação dos materiais. “Não existe como implantar um sistema de compostagem sem a separação na fonte”, afirma. “Hoje a coleta seletiva é focada no material seco; precisamos pensar em retirar a contaminação do úmido”, diz ela, que defende um sistema descentralizado de coleta, assim como a bióloga e consultora Patrícia Blauth.

Na proposta delas, cada bairro ou subprefeitura teria sua estação de compostagem, atividade que é incipiente no país. A ideia é aproximar a limpeza urbana de cada cidadão e, para essa aproximação, Patrícia defende a taxa do lixo. “Precisamos mudar essa relação impessoal que existe com o lixo hoje”, afirma. Isso vale também para as indústrias, que devem ser responsabilizadas pelos produtos que colocam no mercado, como prevê a própria PNRS, com o princípio da logística reversa.

Logística Reversa A empresa fabricante, que coloca os produtos no mercado, também é responsável por sua retirada. A logística reversa (LR) é o principal ponto da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A proposta é fazer com que todo produto ou embalagem, sem condições de ser reutilizado, retorne ao seu ciclo produtivo ou para o de outra indústria, como insumo, evitando uma nova procura por recursos na natureza e permitindo um descarte ambientalmente correto. Com a PNRS, o cidadão passa a ser obrigado a fazer a devolução dos resíduos sólidos no local previamente definido pelo acordo setorial e referendado em regulamento, podendo ser onde ele comprou ou no posto de distribuição. A Política definiu também como ocorrerá a responsabilidade compartilhada no tratamento de seis tipos de resíduos e determinou a criação de um comitê orientador para tratar destes casos específicos. São eles: pilhas e baterias; pneus; embalagens de agrotóxicos e óleos lubrificantes além das lâmpadas fluorescentes e dos eletroeletrônicos. O Comitê Orientador para a Implementação de Sistemas de Logística Reversa é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e integrado também pelos Ministérios da Saúde, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Fazenda.

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De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, é possível aplicar a logística reversa para todos os tipos de embalagem que entulham os lixões atualmente, inclusive embalagens de bebidas. No entanto, muitas empresas ainda resistem. Mesmo multinacionais de diversas áreas, que nos países europeus sustentam um modelo eficiente de reciclagem das embalagens, no Brasil, têm resistido.

A importância de separar o lixo Quando falamos em resíduos sólidos, estamos nos referindo a algo resultante de atividades de origem urbana, industrial, de serviços de saúde, rural, especial ou diferenciada. Os materiais gerados nessas atividades são potencialmente matéria-prima e/ou insumos para produção de novos produtos ou fonte de energia. Nos últimos anos, o volume de lixo urbano reciclado no Brasil aumentou. Entre 2003 e 2008, passou de 5 milhões de toneladas para 7,1 milhões, equivalente a 13% dos resíduos gerados nas cidades, segundo dados do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). Desse volume, o percentual reciclado ainda é baixo. O alumínio é o campeão de reciclagem no país, com índice de 90%, segundo os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso se deve ao alto valor de mercado de sua sucata, associado ao elevado gasto de energia necessário para a produção de alumínio metálico. Para o restante dos materiais, à exceção das embalagens longa vida, as taxas de reciclagem variam entre 45% e 56%. O setor de reciclagem movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano. Mesmo assim, o país perde em torno de R$ 8 bilhões anualmente por deixar de reciclar os resíduos que são encaminhados aos aterros ou lixões, de acordo com Ipea), encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente. Isso porque o serviço só está presente em 8% dos municípios brasileiros. “Se os resíduos são misturados, em geral, apenas 1% pode ser reciclado. Se há separação correta, o índice de aproveitamento passa para 70% ou mais”, explica a diretora-executiva da Brasil Ambiental, Marialva Lyra. Ela destaca a importância da coleta seletiva para o processo da reciclagem. Ao segregarmos os resíduos, estamos promovendo os primeiros passos para sua destinação adequada. A coleta seletiva é um tratamento ao resíduo, a partir da fonte geradora, com a segregação ou separação dos materiais em orgânicos e inorgânicos; e em seguida com a sua

Percentual de reciclagem:

• latas de alumínio (98%)

• pneus (92%)

• papel ondulado (70%)

• garrafas PET (56%)

• latas de aço (49%)

• vidro (47%) papel de escritório (28%)

• embalagens longa vida (25%)

• plásticos (19%)

• resíduo sólido orgânico urbano (4% por compostagem)

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disposição, que pode ser na porta da residência, estabelecimento comercial ou indústria, para posterior coleta porta-a-porta realizada pelo poder público ou por catadores, ou por entrega em pontos de entrega voluntária ou em cooperativas de catadores. Posteriormente, esse material é enviado a uma central de triagem onde será separado em papel (papelão; jornal; papel branco...), plástico (pet; pvc; pp...), metal (alumínio; flandre; cobre...), embalagens compostas etc, os quais serão organizados e enfardados, e vendidos para serem reciclados, tornando-se um outro produto ou insumo, na cadeia produtiva. A coleta seletiva é também uma maneira de sensibilizar as pessoas para a questão do tratamento dispensado aos resíduos sólidos do dia a dia, nos ambientes públicos e privados.

Coleta Seletiva e Multisseletiva É o tipo de coleta que separa os diferentes tipos de resíduos sólidos, normalmente aplicada nos casos em que os resultados de programas de coleta seletiva implementados tenham sido satisfatórios. A Resolução CONAMA nº275, de 2001, estabelece um código de cores para diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, e nas campanhas informativas para coleta seletiva: Azul: papel/ papelão Laranja: resíduos perigosos; Vermelho: plástico; Branco: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde; Verde: vidro; Roxo: resíduos radioativos; Amarelo: metal; Marrom: resíduos orgânicos; Preto: madeira; Cinza: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação.

Como fazer a coleta seletiva em casa

Um folheto publicado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) alerta a população sobre os problemas ambientais causados pelo descarte inadequado de lixo e mostra a rota do lixo até a coleta seletiva, indicando o que é possível ser aproveitado e como a população pode poupar os recursos naturais, gerar menos resíduos e minimizar o impacto sobre o meio ambiente.

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Lixo Seco X Lixo Úmido

O lixo seco é constituído basicamente de papéis, metais, plásticos e vidros. Nessa categoria estão,

por exemplo, jornais, revistas, cadernos, folhas soltas, caixas e embalagens em geral, latas, objetos de alumínio e cobre, pequenas sucatas, copos e embalagens de vidro (inteiros ou quebrados), garrafas PET, brinquedos e utensílios domésticos quebrados, e produtos como lâminas de barbear, que contêm plástico e metal. Já o lixo úmido é composto por restos de comida, como cascas de frutas e legumes (lixo compostável), papel de banheiro, sujeira de vassoura e de cinzeiro, papel molhado, etc.

De acordo com o folheto 3R (reduzir, reutilizar e reciclar), o lixo é separado em três categorias: seco, úmido e rejeito. O último merece atenção especial, pois trata dos resíduos sólidos que, se forem descartados incorretamente, podem prejudicar o meio ambiente. É o caso de pilhas, baterias e outros. Como executar o 3R Algumas dicas são apresentadas no folheto do MMA. Para reduzir, as dicas são: adquirir sempre produtos mais duráveis, procurar aqueles que utilizem menos embalagens, evitar sacos plásticos, comprar o suficiente para o consumo, aproveitar tudo o que puder dos alimentos, colocar no prato só o que for comer, além de reformar e conservar objetos.

De acordo com a PNRS, a reutilização é o aproveitamento de resíduos sólidos antes da sua transformação biológica, física ou físico-química. Isso significa utilizar frente e verso do papel, usar cartuchos de impressora recarregáveis, reaproveitar vidros de geleia, maionese e outros alimentos, doar materiais como roupas e objetos para instituições.

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E, por fim, a reciclagem que trata do processo de transformação dos resíduos sólidos em insumos e novos produtos.

Descarte correto dos rejeitos Remédios, óleo de cozinha, pneus, eletrônicos, pilhas e baterias, lâmpadas, absorventes e fraldas descartáveis, fio dental são alguns dos vilões do meio ambiente e do saneamento. Se não forem descartados da forma correta podem contaminar o meio ambiente, entupir esgotos e criar sérios problemas para toda a sociedade. Alguns desses itens, como absorventes e fraldas descartáveis, não são contemplados pela coleta seletiva e devem ser descartados adequadamente. Veja a seguir algumas dicas que podem ajudá-lo:

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Pneus A rede coletora de pneus foi uma das primeiras a surgir. Eles podem ser devolvidos a autorizadas dos fabricantes. Outros pontos de descarte podem ser consultados em: <http://www.reciclanip.org.br/v3/pontos-coleta/brasil>.

Pilhas e baterias De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), é aconselhável que pilhas e baterias sejam descartadas pelos usuários nos estabelecimentos que as comercializam ou na rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias. Assim, os fabricantes ou importadores darão os procedimentos adequados de reutilização e/ou recilagem. Eletroeletrônicos Computadores, liquidificadores, aparelhos de fax, televisores, videocassetes, celulares ou qualquer outro material movido a energia elétrica ou bateria, em desuso numa residência, escritório ou empresa, pode ser considerado lixo eletrônico e, portanto, deve ser descartado da forma correta. Em geral, esses produtos são descartados em aterros sanitários e contaminam o solo com chumbo e outras substâncias nocivas. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, são produzidos 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico no mundo e de 0,5 kg de resíduo eletrônico por pessoa no Brasil. Computadores e televisão de tubo, por exemplo, contém metais pesados como chumbo e mercúrio, altamente tóxicos.

Como têm dificuldade de encontrar postos de coleta de eletroeletrônicos, alguns consumidores mais conscientes acabam transformando parte de suas casas em depósitos. No entanto, algumas empresas promoverm serviço gratuito de recolhimento a domicílio de aparelhos eletrônicos em desuso por meio do agendamento na internet. Em exemplo é a Cidadão Eco (http://cidadaoeco.com.br/), em São Paulo, que aceita equipamentos de informática, placas de computador, celular, carregadores, aparelhos de TV, som, DVD, câmeras, acessórios diversos, fios e até

mídias (CDs, DVDs e vídeocassetes). Para pedir o serviço gratuito, é necessário acessar o site da empresa e preencher um formulário com nome, endereço, tipo de eletroeletrônico a ser entregue e data para recolhimento. Os moradores de outras cidades podem encaminhar aparelhos obsoletos para a Cidadão Eco via correio. Em São Paulo, também é possível consultar pontos de coleta em: <http://www.institutogea.org.br/ecoeletro/>. No Rio de Janeiro, os eletroeletrônicos podem ser doados nos pontos listados em: <www.stcambiente.com/p/fabricaverde.html>. Mas é importante ligar para o fabricante e perguntar como o material deve ser descartado antes mesmo da compra. Lâmpadas As lâmpadas fluorescentes são um problema para o lixo, pois contêm metais pesados. É preciso, portanto, devolvê-las ao fabricante. No Brasil, o governo federal estabeleceu que as lâmpadas incandescentes só devem ser usadas até 2016, sendo substituídas pelas fluorescentes. As lâmpadas queimadas podem ser levadas para:

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-Leroy Merlin: em todas as 25 lojas, localizadas em Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campinas (SP), Contagem (MG), Curitiba (PR), Goiânia (GO), Niterói (RJ), Porto Alegre (RS), Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ), São José dos Campos (SP), São Paulo (SP), Taguatinga (DF) e Uberlândia (MG). Mais informações:www.leroymerlin.com.br. -Walmart: em 140 das 500 lojas espalhadas pelo país. Mais informações: www.walmart.com.br e 0800-705-5050. -Supermercado Zaffari: em todas as 30 lojas do grupo (29 no Rio Grande do Sul e uma em São Paulo). Mais informações: www.grupozaffari.com.br. -Shopping Pátio Brasil: em Brasília (DF); recebe lâmpadas no último fim de semana de cada mês. Mais informações: www.patiobrasil.com.br e (61) 4003-7780. Remédios

O descarte dos medicamentos, feito por grande parte das pessoas no lixo comum ou na rede pública de esgoto, pode trazer como consequências a agressão ao meio ambiente, contaminando solos e rios. As cidades que reciclam esgoto aumentam o consumo involuntário de medicamentos. Na medida em que aumenta a escassez de água potável, a reciclagem de água recebe um

estímulo. Embora exista certa lógica na recuperação de esgoto, numerosos remédios vão parar em nossos sistemas de água potável. Ainda não compreendemos exatamente os efeitos precisos que isto tem na saúde humana, mas os estudos feitos sobre animais sugerem que nos encaminhamos para uma crise. As instalações convencionais para o tratamento da água potável são incapazes de eliminar os medicamentos. Há estudos que demonstram que a coagulação, sedimentação e filtragem da água eliminam apenas de 10% a 12% de ingredientes ativos. Esta porção se acumula no resíduo resultante do tratamento, que frequentemente é reciclada como adubo e acaba por novamente afetar nossa cadeia alimentar. Embora a filtragem com carvão ativado e o tratamento com ozônio possam eliminar até 75% desses elementos, ficamos expostos aos efeitos negativos dos restantes 25%. De acordo com o MMA, o governo instalou um Comitê Orientador para definir regras de devolução de resíduos à indústria para reaproveitamento. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vem discutindo o tema “Descarte de Medicamentos” desde 2009. Por enquanto, os medicamentos devem ser devolvidos às farmácias. Os endereços dos pontos de coleta podem ser vistos no site: <www.descarteconsciente.com.br>. Esgoto não é lixo Alguns itens descartados na rede de esgoto causam sérios problemas às empresas de saneamento. O óleo de cozinha, por exemplo, se transforma numa espécie de cola e se acumula nas paredes da tubulação. A Sabesp, empresa de saneamento de São Paulo, gasta R$ 28 milhões, anualmente, apenas para lidar com cerca de 42 mil obstruções da rede. Óleo Este é um enorme problema para as redes de esgoto. Por isso, nunca o derrame na pia, no sanitário ou o jogue no quintal. O despejo indevido de óleo na rede de esgoto ou nos lixões contamina água, solo e facilita a ocorrência de enchentes. O consumidor consciente pode evitar que isso aconteça reutilizando o óleo para fazer sabão - ou procurando alguma empresa ou

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entidade que reaproveite o produto. O Instituto Akatu divulgou uma lista de postos de coleta em 11 estados, que vem sendo ampliada aos poucos, com ajuda dos internautas. Veja e colabore: <http://www.akatu.org.br/Temas/Residuos/Posts/Onde-entregar-o-oleo-de-cozinha-usado>.

Fraldas e absorventes Fraldas e absorventes são problemáticos, pois demoram cerca de 450 anos para serem absorvidos pelo meio ambiente. A fralda descartável é composta por uma camada exterior de polietileno sintético (derivado de petróleo), e uma parte interna feita com por papel e poliacrilato de sódio, e estima-se que, em um ano, uma única criança seja responsável pelo uso de 130 quilos de plástico, contando também as embalagens, além de algo entre 200 a 400 quilos de pasta de papel. Alguns países, como a Inglaterra, já disponibilizam usinas para o tratamento de todos os componentes das fraldas descartáveis, que após serem lavadas e processadas, se transformam em telhas e capacetes para ciclistas. É fundamental nunca os jogar no vaso sanitário, mas apenas no lixo úmido, e aguardar que tenhamos soluções tecnológicas para reciclagem. Fio dental e cotonetes

As redes de esgoto não estão preparadas para receber cotonetes e fio dental jogados no vaso sanitário. Junto com fios de cabelo, os fios dentais foram uma espécie de teia, um emaranhado que capta outros resíduos, como cotonetes e absorventes, causando obstruções na rede de esgoto. O fio dental deve ser descartado no lixo úmido. Já os cotonetes devem ser desmontados. O algodão vai para o lixo úmido, e a haste de plástico, para o lixo seco.

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6 – O PAPEL DOS GOVERNOS Políticas Públicas de Estímulo à Reciclagem A inclusão social dos catadores de material reciclável tem de contar com o apoio de todas as esferas de governo para que possa realmente se efetivar. A socióloga e coordenadora-executiva do Instituto Polis, Elisabeth Grimberg, afirma que as prefeituras são fundamentais neste processo. “O poder público municipal terá que investir e coordenar todo o processo e implantar tecnologias voltadas para a reciclagem e coimplementar processos de integração dos catadores, associações e cooperativas”, afirma. Na área federal, existem algumas iniciativas que visam apoiar os catadores. Em 2003, foi criado o Comitê Interministerial de Inclusão Social de Catadores de Materiais Recicláveis (CIISC). O órgão acompanha, avalia e monitora semestralmente o processo de Coleta Seletiva Solidária (previsto no Decreto 5.940/06), por meio do qual os resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta e indireta, são separados e destinados às associações e cooperativas de catadores. Com a criação do CIISC foi instituído o Programa Pró-Catador, com a finalidade de integrar e articular as ações do Governo Federal voltadas ao apoio e ao fomento à organização produtiva dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, à melhoria de suas condições de trabalho, à ampliação das oportunidades de inclusão social e econômica, e à expansão da coleta seletiva de resíduos sólidos, e também da reutilização e da reciclagem. Em 2007, o Comitê estruturou sua Secretaria Executiva, que apoia o trabalho de sensibilização dos servidores e a organização da coleta seletiva nos prédios federais. O CIISC atua, ainda, por meio de grupos de trabalho dedicados a temáticas como Serviços Ambientais Urbanos, Previdência Especial, Educação, Geração de Trabalho e Renda, Resíduos Sólidos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e Criança no Lixo Nunca Mais. O Comitê é coordenado pelos ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e das Cidades (MCidades), e integrado pelos ministérios do Meio Ambiente (MMA), do Trabalho e Emprego (MTE), da Ciência e Tecnologia (MCT), do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), da Fazenda (MF), da Educação (MEC) e da Saúde (MS), além da Casa Civil, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Também, em 2007, foi sancionada a lei 11.445, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e permite que as prefeituras contratem as organizações de catadores para fazer o trabalho de coleta seletiva. Com isso, as cooperativas podem atuar de forma profissional. Outra iniciativa, que está sendo conduzida pelo MMA em parceria com o Ipea, é um programa de pagamento por serviços ambientais urbanos. Num primeiro momento, o foco é reciclagem e os serviços prestados pelos catadores de materiais recicláveis. O objetivo é o desenvolvimento de metodologia para valoração dos serviços ambientais prestados pela reciclagem, como subsídio para formulação de políticas públicas e redução da volatilidade dos preços dos materiais recicláveis, com alcance social para os catadores. Além disso, vários estados e municípios estão implementando programas próprios. O Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos de 2009, realizado pela Secretaria Nacional de Saneamento

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Ambiental, apontou que a participação das associações de catadores com apoio da prefeitura na coleta seletiva ocorre em 30% das cidades brasileiras.

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7 - Fontes: Agência Brasil http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-09-08/menos-de-2-dos-residuos-solidos-sao-reciclados Aguiar, Raquel. Os estigmas de trabalhar com o lixo. Agência Fiocruz de Notícias. http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=350&sid=9&tpl=printerview Comitê Interministerial para Inclusão dos Catadores http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/catadores-de-materiais-reciclaveis/comite-interministerial-para-inclusao-dos-catadores Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre) http://www.cempre.org.br/ Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) http://www.mma.gov.br/port/conama/ Cooperação - Cooperativa Regional de Coleta Seletiva e Reciclagem da Região Oeste http://www.cooperacaoreciclagem.com.br/hist.htm Definição para Catador de material reciclável - Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Catador_de_material_recicl%C3%A1vel

Delorenzo, Adriana. O lixo em disputa. Revista Fórum, 9 jan. 2013. http://revistaforum.com.br/blog/2013/01/o-lixo-em-disputa/ Indicadores de Desenvolvimento Sustentável de 2010 do IBGE http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/default_2010.shtm Ministério das Cidades http://www.cidades.gov.br/ Ministério do Meio Ambiente http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/catadores-de-materiais-reciclaveis Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) http://www.mncr.org.br/