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SINDICATO DOS TRABALHADORES DA ECT NA PARAÍBA, EMPREITEIRAS E SIMILARES - SINTECT/PB FUNDADO EM 08/12/88 - CGC 12.933.198/0001-45 ASSESSORIA JURÍDICA Av. Pedro I, 361, sala 404, Ed. Holanda Center, 4º andar, Centro, João Pessoa/PB – CEP: 58013-020 – Fone: (83) 2108- 8428. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE JOÃO PESSOA (PB) URGENTE! PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA! FAZER CONCLUSÃO AO JUIZ! ROBERTO MATOS DE CARVALHO JÚNIOR, brasileiro, divorciado, empregado da ECT, CPF n. 498.819.904-59, residente e domiciliado na Rua Edília Maria, s/n, Mulungú (PB), CEP 58.356-000, tel. 3288-1060/9138-7920, por seus advogados adiante firmados, Bel. SÓSTHENES MARINHO COSTA, brasileiro, separado judicialmente, advogado, OAB/PB sob nº 4886 e Bel. DANIEL ALVES DE SOUSA, brasileiro, casado, advogado, OAB/PB sob nº 12043, constituídos conforme instrumentos procuratórios anexos (docs. 01/02), todos com escritório na Av. Pedro I, 361, sala 404, Ed. Holanda Center, 4º andar, Centro, – João Pessoa/PB – CEP: 58013- 020 – Fone: (83) 2108-8428, onde recebem intimações, vem perante V. Exa apresentar 1

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA - desconto indevido

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SINDICATO DOS TRABALHADORES DA ECT NA PARAÍBA, EMPREITEIRAS E SIMILARES - SINTECT/PB

FUNDADO EM 08/12/88 - CGC 12.933.198/0001-45ASSESSORIA JURÍDICA

Av. Pedro I, 361, sala 404, Ed. Holanda Center, 4º andar, Centro, João Pessoa/PB – CEP: 58013-020 – Fone: (83) 2108-8428.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE JOÃO PESSOA (PB)

URGENTE!

PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA!

FAZER CONCLUSÃO AO JUIZ!

ROBERTO MATOS DE CARVALHO JÚNIOR, brasileiro, divorciado, empregado da ECT, CPF n. 498.819.904-59, residente e domiciliado na Rua Edília Maria, s/n, Mulungú (PB), CEP 58.356-000, tel. 3288-1060/9138-7920, por seus advogados adiante firmados, Bel. SÓSTHENES MARINHO COSTA, brasileiro, separado judicialmente, advogado, OAB/PB sob nº 4886 e Bel. DANIEL ALVES DE SOUSA, brasileiro, casado, advogado, OAB/PB sob nº 12043, constituídos conforme instrumentos procuratórios anexos (docs. 01/02), todos com escritório na Av. Pedro I, 361, sala 404, Ed. Holanda Center, 4º andar, Centro, – João Pessoa/PB – CEP: 58013-020 – Fone: (83) 2108-8428, onde recebem intimações, vem perante V. Exa apresentar

RECLAMAÇÃO TRABAHISTA C/C PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

Em face da EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS NA PARAÍBA - ECT, empresa pública federal, criada pelo decreto-lei nº 509/69, com endereço na BR 230, Km 25, nº 24, Bairro do Cristo Redentor, CEP 58071-000, nesta Capital.

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1.DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

O reclamante é empregado da ECT, lotado na Agência de Mulungú – PB, matrícula 8.477.964-0, onde trabalha como Atendente Comercial II/Gerente.

Ocorre que o obreiro está sendo injustamente responsabilizado pelo desaparecimento de numerário, conforme passa a relatar abaixo:

No dia 25/04/2008 (sexta-feira), no final do expediente, ao conferir o numerário do cofre, o reclamante constatou a ausência de R$ 1.000,00 (um mil reais).

Imediatamente, o reclamante ligou para a GECOF/PB (gerência financeira) no dia 28/04/2008 (segunda-feira) e falou com a Sra. Maria José de Fontes Fernandes, a fim de auxiliá-lo na identificação do motivo que gerou a diferença a menor no numerário da agência.

Várias buscas foram efetuadas nos documentos financeiros (LOG – o que foi logado no sistema dos Correios e BIBC – as transações contábeis do Bradesco), mas a empregada Maria José de Fontes Fernandes informou que não encontrou nada que tenha contribuído para esta diferença.

Assim, o reclamante enviou e-mails para a REOP-01, Barôncio e Jarbas (GECOF/PB), informando o ocorrido, conforme documento em anexo (doc. ), que assim afirma:

“Como já informado em e-mail anterior sobre a falta de R$ 1.000,00 no saldo desta unidade, comunicamos que foram feitas pesquisas em LOG’s e BIBC e não consegui encontrar nenhum erro possível, estamos encaminhando documentação para a colega Maria José Fontes, da GECOF/PB, para levantamento mais aprofundado e, se possível, detectar

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alguma falha de sistema. Informamos, ainda, que o cofre desta unidade não possui boca de lobo, e que a parte de guarda-valores, com fechadura mecânica, encontra-se desativada por falta de senha, desde que assumi esta unidade e o gestor anterior não lembra mais desta senha, motivo pelo qual já foi aberto OS nº 441441 em 26/03/2008 e não atendida. Fato que pode ter levado à falta deste numerário e outros que poderão surgir posteriormente...”

O reclamante informou, por diversas vezes, a falta de numerário em questão, solicitando apuração por parte da ECT, conforme e-mails em anexo (doc.), inclusive quando da passagem da agência para a colaboradora Edneide Maria de Araújo Oliveira, no período em que o reclamante se afastou pelo INSS.

No entanto a ECT não tomou as providências no sentido de apurar e descobrir a origem da falta do numerário em comento.

Em 18/09/2008, quando a empregada Edneide precisou se ausentar da agência de Mulungú para resolver assuntos pessoais, tentou passar a agência para o empregado Fernando José de Brito, o qual se recusou a assumi-la com a falta de numerário em questão, conforme e-mail (doc.).

No referido e-mail, o empregado Fernando informa à ECT que havia uma diferença de R$ 1.000,00 e que, por esse motivo, não assumiria a agência.

A ECT, como se não soubesse de nada, informa que não havia diferença de cofre respaldada pela REOP-01, em outras palavras, a ECT disse que não havia recebido informações acerca da diferença, apesar de todos os e-mails e telefonemas do reclamante, na tentativa de solucionar o problema.

O reclamante ficou desesperado em razão do descaso da empresa para solucionar o

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problema, chegando, inclusive, a ficar com muito estresse, que abalou a sua saúde, estando até hoje tomando remédio sob controle médico, como comprova com da notificação de receita e nota fiscal (vide docs. ).

O fato é que o reclamante conseguiu na justiça labora que fosse determinada a devolução do valor pago por ele, e, mesmo após ter sido julgado procedente a ação sobre tais descontos, a empresa de maneira desonrosa, começou no mês de janeiro de 2010 a descontar o valor de R$ 220,00 (R$157,20 + R$62,80) do salário do obreiro conforme contracheque anexo.

Esse desconto está gerando enorme prejuízo ao seu orçamento doméstico. Ademais, causou-lhe prejuízo à sua saúde física e emocional. Se não bastasse o desconto em seu salário a empresa o puniu com uma advertência por negligência, quando na verdade, sempre procurou obedecer todas as normas da empresa, e não foi dada todas as condições de segurança necessária, quando do recolhimento do numerário dos caixas de atendimento bem como no recebimento de suprimentos de numerário da agência de relacionamento, esse numerário ficava em local inadequado, outra irregularidade é a abertura do cofre que é acionado por sistema eletrônico e só abre na hora programada, todavia, a outra parte do cofre que é acionado por sistema mecânico estava desativado, e muito antes do ocorrido (perda do numerário) tinha sido aberto uma ordem de serviço com o objetivo de consertar o sistema mecânico e que não tinha sido atendido, conforme documento anexo.

A própria inspeção da Empresa constatou tais irregularidades como se vê do doc. anexo. Ademais não há grades na porta da tesouraria, o que é imprescindível para segurança do cofre haja vista que muitas vezes é necessário ficar com a porta aberta para poder escutar o dispositivo eletrônico da

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fechadura do cofre (aviso com sinal sonoro o momento do cofre abrir).

Todos esses problemas fora aberto ordem de serviço e não foi atendido pela empresa reclamada.novamente a descontar está sofrendo injustamente descontos em seu contracheque referentes ao desaparecimento de numerário, sem ao menos ter sido apurado pela ECT qual é a origem dessa diferença, conforme cópia dos contracheques ora anexados (docs.).

Ademais, o reclamante não teve direito à ampla defesa, conforme relatado pela própria assessoria jurídica da ECT no dossiê em anexo, que assim afirma: “Devolvemos o presente Processo Administrativo a fim de que seja observado o disposto no art. 5º, LV, da Constituição Federal, que dispõe sobre a garantia à ampla defesa e ao contraditório”.

Verifica-se, Excelência, que o empregado foi punido sem que lhe fosse assegurada a ampla defesa e o contraditório, fato esse incontroverso, conforme relata a própria empresa, por sua assessoria jurídica.

Dessa forma, deve ser anulada a cobrança e devolvidos os valores cobrados injustamente.

Ocorre que não ficou apenas na cobrança ilegal ora denunciada. A empresa, além disso, expôs o nome do reclamante como pessoa ímproba, perante os seus colegas, pois a REOP-01 (por meio do responsável por tal órgão, Sr. Sanderli José da Silva) enviou e-mail para várias agências dos correios, onde informa uma lista de empregados que se encontram com débito com a empresa, incluindo o reclamante, ferindo, dessa forma, o Código de Defesa do Consumidor, aplicado subsidiariamente ao caso, mais precisamente em seu art. 42, que assim reza: “Art. 42.

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Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça”. Assim, desde já, vem requerer a condenação da ECT em pagamento de indenização por danos morais.

Ressalte-se, ainda, que o gerente é pressionado para cumprir metas, relativamente à venda de produtos e outros serviços, sem que haja condições de trabalho com segurança, fato que aumenta os riscos de ocorrência de problemas como o que ora se examina.

Os e-mails que o reclamante enviou aos Dirigentes da reclamada dão conta do total descaso existente hoje dentro da ECT para com a realidade das agencias, que atuam como verdadeiros bancos.

Diversos e-mails foram remetidos à ECT na tentativa de solucionar problemas existentes na agência de Mulungú/PB, conforme documentos em anexo (docs.). Dentre eles, problemas com o cofre; com a webcam; ausência de grades de proteção na tesouraria etc., mas nenhum deles foi solucionado até o momento.

Ora, o que estamos assistindo é uma verdadeira falta de planejamento por parte da Gerencia Técnica da ECT, pelo fato não existir equipamento de monitoramento eletrônico numa agencia que funciona como banco. É dever da ECT proporcionar a segurança devida ao local de atendimento ao público.

Assim, Excelência, não é justo responsabilizar o reclamante por um desaparecimento de numerário ocorrido na agencia que ele trabalha, não tendo a reclamada provado ter o empregado contribuído para o ocorrido. Observa-se, também, nesse episódio, uma verdadeira tentativa da reclamada de fugir de sua responsabilidade, pois caberia à empresa

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propiciar a segurança e o pessoal necessário à execução dos serviços que presta à comunidade, o que não ocorria na agência de Mulungú/PB, e não ocorre ainda hoje.

Para que fosse justa a responsabilização do reclamante, seria necessário que a empresa comprovasse ter sido o reclamante o culpado pelo desaparecimento do numerário em questão, pois o ônus da prova cabe à quem acusa, e o mais sensato é admitir-se que o problema é causado pela insuficiência de recursos, materiais e humanos, com os quais deveria contar o reclamante.

Além do mais, a CLT no Artigo 462, § 1º veda esse tipo de desconto, haja vista que não houve a participação de forma dolosa do empregado no prejuízo causado à reclamada.

CLT Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.

§ 1º Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.

Trata-se, portanto, de uma punição injusta e ilegal, pois inexiste a comprovação de culpa ou dolo do reclamante pelo desaparecimento do valor mencionado. A empresa tinha o dever de investigar, até mesmo através da Polícia Federal, o desaparecimento desse valor, para que se chegasse à causa e, se existiram culpados, as suas identificações.

Ora, num ambiente com tanta gente circulando e sem a menor infra-estrutura de banco,

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como deveria, por que responsabilizar o reclamante pelo desaparecimento do numerário ? Com plena certeza, não é justo que prospere a cobrança indevida da reclamada.

É oportuno trazer ao conhecimento de V.Exa. que a ECT vem praticando contra seus empregados, especialmente da área operacional, um verdadeiro massacre psicológico, haja vista que a sobrecarga de serviço tem sido enorme e a reclamada insiste na negativa de contratação de funcionários; forçando, dessa forma, os seus empregados a trabalharem além das suas possibilidades.

2.DA POSSIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE ERRO NOS SISTEMAS OPERACIONAIS DA EMPRESA

Deve ser ressaltado que a falta de numerário em questão pode ter sido ocasionada por falhas nos sistemas operacionais da ECT, como já ocorreu em outras ocasiões.

Ora, a própria ECT reconhece a existência de disparidades entre os saldos dos sistemas operacionais Sara e o Banco Postal, conforme e-mail do setor financeiro, que afirma o seguinte: “Não raro, esta GECOF, tem constatado inconsistências de saldos entre o sistema SARA e o Banco Postal.” (Vide anexo doc. )

Assim, o reclamante não pode ser responsabilizado pelo sumiço de numerário, que pode ter ocorrido até mesmo por uma falha no sistema de computadores da ECT.

A empresa utiliza nas suas operações de atendimento aos clientes, atuando como Banco, os sistemas de informática denominados Scada e Sara. Ocorre que esses sistemas são extremamente falhos, e

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têm provocado muitas diferenças, as quais a empresa coloca, sistematicamente, como sendo de responsabilidade de seus empregados, não assumindo a fragilidade dos mencionados sistemas de informática.

A prova disto é o e-mail que segue anexo (doc. ) em que são denunciadas várias falhas do sistema de Banco.

O citado documento circulou entre várias agências dos Correios, sob o título “Falha Grave no Sistema SARA/Banco Postal”, onde são relatados vários exemplos de situações comprobatórias da pouca confiabilidade do referido sistema.

No presente caso, pode ter ocorrido falha desses sistemas, fazendo aparecer uma diferença, quando na verdade não existia nenhuma.

Abaixo, transcreve trecho do referido e-mail:

“Comunico a VSA., que no dia 01/02, estava efetuando um recebimento de Titulo no Banco Postal, e no meio do recebimento a impressora deixou de imprimir, fui para a tela de reimpressão, o mesmo não estava disponivel, então li novamnete o codigo de barras e recebi normalmente, só que no final do expediente, faltou no caixa a quantia R$ 146,22, era este o valor do titulo, como também na contagem de titulos recebidos constava um a mais, até ai tudo bem porque no outro dia o Sistema corrigiu o saldo, no dia 02/02, no final do expediente quando da conferencia do numerario, estava faltando R$ 346,00, como se fosse um saque de aposentado, o que depois foi confirmado, e o Sistema no fechamento apresentou a diferença de menos 346,00, e depois de alguns dias corrigiu passando um saldo a menor no mesmo valor para o dia seguinte, e o Sr. Rubens garantindo que o Sistema tinha corrigido e que estava tudo certo, mas continuava faltando o mesmo valor em especie, foi quando na quinta feira passada seguindo orientação do Sr. Rubens fiz um levantamento de todos os

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saques no valor de 346,00, apesar de ter pago quase R$ 40.000,00, no dia os saques neste valor foram poucos, aí comecei a chamar os clientes e para a minha felicidade, no quarto cliente estava na conta o valor que eu já estava dando por perdido, pois sou campeão em ter prejuizo, agora pasmem os Srs. o cliente estava com o recibo do saque tudo normal como se tivesse sido tudo correto, no extrato não constava o saque, só que saiu normalmente o ticket da impressora, imaginem se fosse o cliente uma pessoa em transito, ou um clinte que faz saques todos os dias, esta eu com mais este prejuizo e que se respónsabilizaria, certamente ninguem já que se fosse o contrario a Empresa teria diversas maneira de ser resarcida, já com os Empregados não acontece o mesmo, pois no mês de setembro de 2.005 perdi a quantia de R$ 4.048,00, comuniquei aos setores competentes, vieram Inspetores a esta AC,mais nada foi resolvido, voltando ao assunto principal, durante este mês perdi mais R$ 42,78, este não consegui identificar a origem.”

O texto acima está transcrito exatamente como no  original, inclusive reproduzindo os erros de digitação, ipsis litteris, com exceção do negrito e sublinhado, aplicados na presente transcrição.

Tanto é verdadeiro o fato de ser comum a ocorrência de tais diferenças, por falhas nos sistemas computacionais da empresa, que o próprio inspetor dos Correios, Sylvio João Leme Silveira, em depoimento na ação criminal nº 2004.82.00.016323-8, que tramitou na 3ª Vara Federal de João Pessoa, confessa que, com a implantação do Banco Postal, a ECT passou a movimentar muito mais dinheiro e a estatística de diferenças de caixa também aumentou.

Abaixo transcreve trechos do depoimento acima referido, cuja cópia segue anexa (doc. ):“... que o depoente exerce a função de fiscal dos Correios a sete anos; ... que a experiência ‘banco postal’ já dura quatro anos e o depoente pode

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afirmar que, como a empresa passou a movimentar muito mais dinheiro, a estatística de diferenças de caixa também aumentou, o que motivou à instituição de um adicional de quebras de caixa; ... que após a implantação do banco postal, o depoente, como fiscal, em muitas oportunidades, constatou diferenças em caixas cujos titulares não souberam explicar o motivo determinante do fato”. Grifos de agora.

Na Justiça do Trabalho são inúmeras as ações trabalhistas tratando de fatos idênticos aos da presente reclamação, todas dando vitória aos reclamantes. Informa a seguir algumas dessas reclamações: 1) Processo nº 1188.2004.003.13.00-3 – Reclamante: José Carlos de Oliveira Mouta – Reclamada: ECT; 2) Processo nº 00075.2005.002.13.00-5 – Reclamante: Reginaldo Luis dos Santos - Reclamada: ECT.

Vê-se que a questão é recorrente, e a empresa continua a imputar aos seus empregados um prejuízo que é somente seu, pois a empregadora é quem deve arcar com os riscos do empreendimento, de conformidade com o que preceitua o art. 2º da CLT.

A jurisprudência dos nossos tribunais é firme a respeito da responsabilidade da empregadora com relação aos riscos do negócio, a exemplo das decisões abaixo transcritas:

70012340 – DESCONTOS – SALÁRIO – CHEQUES DEVOLVIDOS SEM PROVISÃO DE FUNDOS – RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO EMPREGADOR PELA ASSUNÇÃO DOS RISCOS DO EMPREENDIMENTO – PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL – ILEGALIDADE – DEVOLUÇÃO – Restando sobejamente demonstrado o procedimento do empregador em proceder descontos decorrentes de títulos de crédito

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não solvidos pelos seus clientes, resultantes de negócios firmados através de empregado-vendedor, cuja conduta é altamente ilegal e que sofre veemente repúdio da Justiça do Trabalho, diante da principiologia da intangibilidade salarial e da assunção exclusiva do empregador pelos riscos do empreendimento econômico, impõe-se o ressarcimento das importâncias levadas a débito do empregado. Recurso não provido. (TRT 22ª R. – RO 00234-2004-103-22-00-6 – Rel. Juiz Arnaldo Boson Paes – DJU 19.05.2005 – p. 03)

Julgando caso idêntico ao presente, o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região, entendeu do seguinte modo:

EMENTAINEXISTÊNCIA DE QUEBRA DE FIDÚCIA. DESCONTOS NO CONTRACHEQUE DO OBREIRO. INDEVIDO. Não constatada nos autos a quebra de fidúcia, nem tampouco dolo ou culpa por parte do obreiro, indevidos os descontos efetuados no contracheque do empregado.

Outra ementa assim dispõe:

PROCESSO TRT/SP NO: 01611200605602002

EMENTA: CELULAR. FURTO OU EXTRAVIO. DESCONTO ILEGAL DO VALOR. É ilegal a dedução sobre o salário do empregado, do valor correspondente ao celular fornecido pelo empregador, sendo irrelevante para a solução da lide, que o instrumento de trabalho tenha sido furtado ou simplesmente extraviado. Em qualquer dessas circunstâncias, o desconto praticado pela empresa atenta contra os princípios da irredutibilidade e da intangibilidade do salário, que estão expressos, respectivamente, nos artigos 7º, inciso VI, da Constituição Federal e artigo 462 da CLT. A teor do §1º do art.462 consolidado, o dano provocado pelo empregado só pode ser descontado pelo empregador quando esta hipótese tiver sido previamente acordada, ou em caso de dolo.

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In casu, a reclamada não comprovou a existência de pactuação prevendo reparação de danos, já que nem mesmo encartou aos autos cópia do contrato de trabalho ou qualquer documento alusivo a esse ajuste. Tampouco, restou comprovado que o dano tenha sido provocado por dolo do empregado, de modo que se impõe a devolução do valor descontado, por ilegal. Aplicáveis à hipótese, os mesmos fundamentos consubstanciados no Precedente 118 do C.TST: Não se permite o desconto salarial por quebra de material, salvo nas hipóteses de dolo ou recusa de apresentação dos objetos danificados, ou ainda, havendo previsão contratual, de culpa comprovada do empregado." Recurso ordinário a que se dá provimento.

Endereço eletrônico:

http://trtcons.srv.trt02.gov.br/consulta/votos/turmas/20071009_20070603361_R.htm

3.DOS DANOS MORAIS

A injusta responsabilização do reclamante pelo desaparecimento do valor mencionado no início torna cristalino os danos morais, principalmente pelo fato de que o débito injusto foi proclamado a todos os empregados da empresa que receberam e-mail.

No presente caso ocorreu lesão à sua honra objetiva e subjetiva, haja vista que o fato, em si censurável, diante dos seus colegas, faz pairar sobre ele a fama de mau empregado e pessoa não merecedora de crédito.

Foi muito constrangedor para o empregado receber, no setor em que exerce suas atividades, uma notificação para o pagamento de um débito, principalmente por inexistir tal débito, bem como pelo fato de ter sido exposto por meio da rede

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corporativa de e-mails da empresa como um devedor, ou, até mesmo, como pessoa ímproba, já que a falta de numerário pode ter sido interpretada pelos outros empregados como uma subtração de valores, como pode ser analisado nos e-mails anexos (docs.).

Por outro lado, deve a empresa ser punida, visando prevenir futuros eventos desta natureza, em cuja prática ela tem sido useira e vezeira, punindo e constrangendo os seus empregados. Demonstra-se no caso em comento um verdadeiro abuso de direito da reclamada.

Assim, a condenação em pagamento de indenização por danos morais terá o duplo efeito: Compensar o dano moral sofrido pelo reclamante; e, ao mesmo tempo, se constituir em medida de profilaxia social, em relação à prática condenável da empresa de imputar aos seus empregados fatos não comprovados, como acima ficou constatado, e dos quais ela é a única culpada.

A Constituição Federal de 1988 no Artigo 5º, incisos V e X, trata, de forma expressa, da indenização por dano moral, conforme transcrevemos abaixo:

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

(...)

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

O pedido de indenização pelos danos sofridos tem apoio, ainda, no Código Civil Brasileiro, nos artigos, 186 e 927 que afirmam respectivamente:

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Art. 186 CC: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

Art. 927. “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

4.DO PEDIDO

Ante o exposto, vem requerer a V.Exa. o seguinte:

a) Que V.Exa. conceda, LIMINARMENTE, inaudita altera parte, a antecipação dos efeitos da tutela de mérito, para proibir o desconto do numerário na folha de pagamento do reclamante, uma vez que a suposta causa que deu origem a tal desconto está sendo discutida em juízo, e não pode o trabalhador ser antecipadamente punido, antes da decisão judicial. É que tal desconto, além de ilegal, também está prejudicando o orçamento doméstico do reclamante, haja vista o parco salário que recebe, e por ser o salário verba alimentar. Estão presentes, portanto, os requisitos da antecipação dos efeitos da tutela de mérito, qual sejam: a verossimilhança das alegações e o periculum in mora;

b) Que, ao final do processo, seja julgado procedente o pedido, para o fim de declarar ilegais os descontos nos contracheques do reclamante, bem como condenando a reclamada a fazer a

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retirada de qualquer anotação nos registros funcionais relativa à responsabilização do obreiro pela diferença de numerário em questão;

c) Ainda, que seja a empresa condenada a restituir em dobro os valores indevidamente descontados do salário do reclamante, e os que, porventura, em caso de negativa do pedido liminar ora feito, sejam descontados pela empresa em razão do desaparecimento de numerário objeto de discussão na presente causa, a teor do que dispõe o parágrafo único do art. 42 do CDC.

d) Seja a empresa condenada a pagar indenização pelos danos morais, sofridos pelo reclamante, em quantum arbitrado por V.Exa., haja vista ter sido punido por um erro que não foi seu, bem como exposto perante os seus colegas, como devedor da empresa, sendo a diferença oriunda da falta de segurança na agencia em que trabalha o reclamante, ou até mesmo de falhas no sistema operacional da empresa; vem lembrar que a cobrança injusta teve reflexos até na saúde do reclamante;

e) Requer a condenação da Reclamada a pagar os honorários advocatícios, haja vista que o Reclamante está se utilizando da Assessoria Jurídica do SINTECT/PB, o Sindicato de sua categoria, a quem conferiu procuração para defender os seus direitos.

f) Requer, também, que lhe seja deferido o benefício da gratuidade da Justiça, tendo em vista que, se tiver que arcar com as

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despesas do processo, certamente isto ocorrerá em prejuízo de sua própria mantença e de sua família, conforme declaração do reclamante anexa (doc.).

g) Requer a citação da Reclamada, no endereço supra citado, para CONTESTAR, querendo, na pessoa do seu Diretor Regional, sob pena de revelia e confissão ficta.

5.DAS PROVAS

Requer a produção de todos os meios de provas permitidos em direito, especialmente oitiva de testemunhas e juntada de novos documentos.

6.DO VALOR DA CAUSA

Dá à presente causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), para fins de alçada.

Nesses termos, pede deferimento.

João Pessoa (PB), 07 de julho de 2009.

Sósthenes Marinho Costa Daniel Alves de Sousa

OAB/PB 4886 OAB/PB 12043

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