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Direco-Geral da Sade Circular Normativa

Assunto: Orientao de Boa Prtica para a Higiene das Mos nas Unidades de Sade N: 13/DQS/DSD DATA: 14/06/2010

Para: Todas as Unidades Prestadoras de Cuidados de Sade

Contacto na DGS: Departamento da Qualidade na Sade/ Diviso de Segurana do Doente - Cristina Costa

I. NORMA

A Direco-Geral da Sade, por proposta do Departamento da Qualidade na Sade, no mbito das suas competncias, determina o seguinte:

Os profissionais de sade devem proceder higiene das mos de acordo com o modelo conceptual proposto pela Organizao Mundial da Sade (OMS), designado por os Cinco Momentos , cumprindo, ainda, os princpios relativos s tcnicas adequadas a este procedimento e aos produtos a utilizar na higiene das mos, de acordo com o estipu lado na

operacionalizao da presente Circular e complementado pelo Documento de Apoio que dela faz parte integrante. Os profissionais de sade devem assumir o compromisso d e alertar doentes, visitas, fornecedores e voluntrios para a importncia desta prtica, sendo da responsabilidade do rgo de Gesto da Unidade de Sade, fornecer os produtos em quantidade e qualidade, dispondo-os nos locais estratgicos e acessveis a todos.

II. FUNDAMENTAO

A presente orientao foi elaborada com base nas Guidelines on Hand Hygiene in Healt h Care da World Alliance for Patient Safety, OMS, de 5 de Maio de 2009 e pretende: - actualizar as Recomendaes Nacionais para a Higiene das Mos , actualmente disponveis no stio oficial da Direco-Geral da Sade, no microsite do Departamento da Qualidade na Sade; - dar suporte implementao das boas prticas da higiene das mos nas unidades de sade; - apoiar a implementao da Campanha Nacional de Higiene das Mos, como documento de orientao para os profissionais de sade neste mbito.

O objectivo da presente Circular contribuir directamente para a preveno e controlo da infeco associada aos cuidados de sade e, indirectamente, para o controlo das resistncias aos antimicrobianos.

A higiene das mos uma das medidas mais simples e mais efectivas na reduo da infeco associada aos cuidados de sade. consensual que a transmisso de microrganismos entre os profissionais e os doentes, e entre doentes atravs das mos , uma realidade incontornvel. Na maioria dos casos de transmisso cruzada de infeco, as mos dos profissionais de sade constituem a fonte ou o veculo para a transmisso de microrganismos da pele do doente para as mucosas (tracto respiratrio, etc.) ou pa ra locais do corpo habitualmente estreis (sangue, lquido cfalo-raquidiano, lquido pleural, etc .) e de outros doentes ou do ambiente contaminado.

Neste contexto, a higiene das mos integrada no conjunto das precaues bsicas, constit ui a medida mais relevante na preveno no controlo da infeco. , tambm, considerada uma medida com impacto indirecto no controlo das resistncias aos antimicrobianos.

A implementao de uma estratgia multimodal para a higiene das mos a nvel nacional, por consenso com a proposta da OMS, constitui a abordagem mais eficaz para a pro moo da prtica da higiene das mos. Os exemplos de sucesso dos pases que j a implementaram, demonstraram a sua eficincia na reduo de infeco associada aos cuidados de sade. Os elementos-chave desta estratgia multimodal incluem a formao, os programas de motivao dos profissionais, a utilizao na higiene das mos de uma soluo anti-sptica de base alcolica (SABA), a monitorizao da prtica de higiene das mos e do consumo dos produtos adequados, a utilizao de indicadores de desempenho e o forte compromisso por parte de todos os envolvidos no processo, desde os gestores de t opo, aos gestores intermdios e aos prestadores de cuidados.

III. OPERACIONALIZAO

1. Quando realizar a higiene das mos? Como referido em epgrafe, os profissionais de sade devem higienizar as mos de acord o

com o modelo conceptual dos Cinco Momentos proposto pela OMS, aos quais correspondem as indicaes ou tempos em que obrigatria a higiene das mos na prtica clnica. Com o intuito de facilitar a compreenso, este novo conceito integrado foca apenas cinco indicaes. Circular Normativa

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Os

cinco momentos para a higiene das mos na prtica clnica so os seguintes:

1. Antes do contacto com o doente; 2. Antes de procedimentos limpos/asspticos; 3. Aps risco de exposio a fluidos orgnicos; 4. Aps contacto com o doente e 5. Aps contacto com o ambiente envolvente do doente.

Apresenta-se de seguida a figura que ilustra os de acordo com a propo

5 momentos para a higiene das mos,

2. Como realizar a higiene das mos?

De acordo com as orientaes da OMS, para uma adequada implementao da prtica da higiene das mos nas unidades de sade fundamental o cumprimento dos seguintes princpios: Modelo conceptual da OMS para a higiene das mos

Cstoan dcae OitoM Sd:o s

Cinco Momentos

Circular Normativa a) Os profissionais de sade devem: - realizar a higiene das mos no local e momento da prestao de cuidados de sade; - utilizar adequadamente os produtos disponveis (SABA e sabo); - cumprir a tcnica de higiene das mos adequada ao procedimento; - colaborar com o responsvel pelo controlo de infeco na avaliao da adeso prtica da higiene das mos e noutras actividades relacionadas com esta prtica e - proceder ao ensino ao doente, visitas, voluntariado e fornecedores sobre a hig iene das mos. b) A SABA deve ser a primeira escolha para a higiene das mos. Desde que as mos estejam visivelmente limpas e/ou isentas de matria orgnica, deve ser utilizada na maioria dos procedimentos comuns na prestao de cuidados; c) A lavagem das mos com gua e sabo fica restrita s seguintes situaes: - quando os profissionais tenham as mos visivelmente sujas ou contaminadas com matria orgnica; - nas situaes consideradas sociais , tais como, antes e aps as refeies e aps a utilizao das instalaes sanitrias; - ao chegar e sair do local de trabalho e - na prestao de cuidados a doentes com Clostridium difficile. d) Para que os profissionais cumpram a higiene das mos, os rgos de gesto devem: - atribuir prioridade institucional ao aumento da adeso higiene das mos; - promover a monitorizao da adeso dos profissionais a esta prtica; - divulgar regularmente a informao de retorno aos profissionais sobre o seu desempenho; - disponibilizar lavatrios adequados e colocados em locais estratgicos; - fornecer SABA em todos os locais de prestao de cuidados; - fornecer sabo adequado e creme hidratante para as mos dos profissionais, de modo a minimizar a ocorrncia de dermatites de contacto associadas higienizao das mos e - fornecer produtos para higiene das mos alternativos aos profissionais com reaces adversas aos produtos utilizados na unidade de sade. e) Devem ser designados profissionais com formao e treino em controlo de infeco

para implementar programas promocionais da prtica de higiene das mos, com o objectivo de aumentar a adeso dos profissionais de sade a esta prtica. f) A formao dos profissionais deve:

Circular Normativa - focar especificamente os factores que podem influenciar significativamente o comportamento e no apenas o tipo de produtos para a higiene das mos; - ter em considerao o tipo de actividades praticadas que podem contaminar as mos, os doentes e ou o ambiente e - demonstrar de forma clara as vantagens e desvantagens dos vrios mtodos utilizados na higiene das mos. g) Com a finalidade de avaliar a eficcia da SABA, podem utilizar-se nas aces de formao mtodos que exemplifiquem a eficcia inequvoca da SABA na reduo dos microrganismos presentes nas mos. Poder colocar os 5 dedos das mos em placas de Petri e em colaborao com o laboratrio de microbiologia proceder ao exame cultural das mesmas e poder, ainda, utilizar a luz ultravioleta para o demonstrar. Qualquer das tcnicas efectuada antes e depois da aplicao de SABA. h) As estratgias de motivao dos profissionais para a higiene das mos devem ser multi-modulares e multi-facetadas e incluir formao e suporte dos superiores hierrquicos para a implementao dos programas. i) A formao em servio deve, ainda, incluir informao sobre os cuidados a ter com as mos de forma a reduzir o risco de dermatites de contacto ou outros tipos de leses da pele.

3. Tcnicas de higiene das mos De modo a simplificar a interpretao do vasto leque de conceitos sobre higiene das mos, so definidos trs mtodos a utilizar. De acordo com os procedimentos a efectuar, assi m a tcnica de higienizao a utilizar: a) Lavagem: higiene das mos com gua e sabo (comum ou com antimicrobiano). Esta tcnica aplica-se s situaes em que as mos esto visivelmente sujas ou contaminadas com matria orgnica, aps prestao de cuidados a doentes com Clostridium difficile, antes e aps as refeies, aps usar as instalaes sanitrias. O procedimento demora cerca de 60 segundos. b) Frico anti-sptica: aplicao de um anti-sptico de base alcolica para frico das mos (a sua utilizao no necessita de gua nem de toalhetes). Esta tcnica aplica-se tanto antes de procedimentos limpos/asspticos, como, na maioria dos procedimentos utilizados na prestao de cuidados, desde que as mos estejam visivelmente isentas de sujidade ou matria orgnica. O procedimento demora entre 15-30 segundos.

Circular Normativa c) Preparao pr-cirrgica das mos: consiste na preparao das mos da equipa cirrgica no bloco operatrio, com o objectivo de eliminar a flora transitria e de reduzir significativamente a flora residente. Os anti-spticos a utilizar devem te r uma actividade antimicrobiana com aco residual. O procedimento demora entre 2-3 minutos.

A tcnica de execuo de cada um destes procedimentos est descrita e ilustrada no documento de apoio atrs referido e consta dos cartazes tcnicos que foram distribudo s pelas unidades de sade na fase 3 da Campanha Nacional de Higiene das Mos (fase de implementao) e disponibilizados pelos responsveis locais pelo controlo de infeco nos locais estratgicos dos servios/departamentos, de modo a relembrar aos profissionai s de sade a tcnica adequada para a higiene das mos de acordo com o tipo de procedimentos .

4. Indicadores na rea da higiene das mos Os indicadores que devem ser utilizados na rea da higiene das mos so a avaliao do consumo de SABA e do sabo para a higiene das mos (global e por servios clnicos) e a taxa de adeso prtica da higiene das mos.

Francisco George Director-Geral da Sade

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Referncias Bibliogrficas: Centres for Disease Control and Prevention. (2002). Guideline for hand hygiene i n health-care settings. Acedido em 28 de Outubro 2002, em http://www.cdc.gov/handhygiene/ Centres for Disease Control and Prevention. (2007). Guideline for isolation prec autions: Preventing transmission of infectious agents in healthcare settings. Acedido em 30 de Junho de 2007, em http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/isolation2007.pdf. Hilburn, J., Hammond, B. S., Fendler E. J., Patricia A., Grozia , P.A. (2003). U se of alcohol hand sanitizer as an infection control strategy in an acute care facility. American J ournal of Infection Control. 31(2): 109-116. Sax, H., Allegranzi B., U ay, I., Larson, E., Boyce, J., Pittet, D. (2007). My fi ve moments for hand hygiene: a user-centred design approach to understand, train, monitor and report hand hygiene. The Journal of Hospital Infection. 67: 9-21. World Alliance For Patient Safety. (2006). Guidelines on hand hygiene in health care, (advanced draft). Global Patient Safety Challenge 2005-2006: Clean care is Safer Care. OMS . Genebra. World Alliance for Patient Safety. (2009). Guidelines on hand hygiene in health care. First Global Patient Safety Challenge: Clean care is Safer Care. OMS. Genebra.