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II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013
RECONSTRUINDO A CIDADE SAGRADA: IDEOLOGIAS, ALIANÇAS, CONFLITOS E IMPOSIÇÕES NO PROCESSO DE SACRALIZAÇÃO
DE OURO PRETO (1933 - 1967)
ANDRADE, BERNARDO A. B.
Escola de Arquitetura da UFMG Mestrando em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável
Rua Coronel Serafim, nº 228-1, Antônio Dias, Ouro Preto/MG, CEP 35400-000 [email protected]
RESUMO Este artigo apresenta parte das considerações levantadas até o momento pelo autor no desenvolvimento de sua dissertação de mestrado. O estudo tem como foco o processo de “sacralização” da cidade de Ouro Preto durante o período que vai da sua elevação a Monumento Nacional, em 1933, até os anos finais da chamada “fase heroica” do SPHAN (1937-1967). Nesse sentido, busca-se aqui discutir ideologias, alianças, disputas e imposições que compuseram esse processo, em especial a conturbada relação entre os sujeitos locais e os órgãos de preservação. Visto inicialmente com otimismo por esses sugeitos, que vislumbravam a possibilidade de recuperação econômica e modernização da cidade, logo surgiriam as primeiras contendas com o “Patrimônio”, agravadas com o tempo. No campo da reconfiguração da cidade, a demolição/modificação de exemplares e a idealização dos espaços urbanos visava cristalizar uma imagem de Ouro Preto colonial, ao mesmo tempo em que solapava a memória social desses locais. A pouca abertura à participação dos moradores, a subjetividade dos critérios adotados pelo SPHAN e a sua postura frente ao crescimento da cidade a partir dos anos 1940, muitas vezes o colocaram em conflito com os interesses e expectativas da realidade local, gerando certos ressentimentos que, apesar dos avanços, ainda persistem na atualidade.
Palavras-chave: Nacionalismo. Políticas de Preservação. SPHAN. Ouro Preto
1. INTRODUÇÃO
A cidade de Ouro Preto é, certamente, uma das mais famosas e estudadas do Brasil,
principalmente quando o tema é patrimônio cultural. Meu envolvimento nessa temática vem
de longa data, uma vez que sou nascido e criado nesta cidade e me graduei em História pelo
Instituto de Ciências Humanas e Sociais-Universidade Federal de Ouro Preto.
Desde essa época, passei a ter um interesse especial pelo estudo do processo de
“sacralização” desse território levado a cabo pelos diferentes projetos nacionalistas. Iniciado
no Império e remodelado na República, esse movimento teve seu auge durante o Estado
Novo (1937-1945), quando a questão da Memória Nacional passa a ser tratada efetivamente
como política pública. Ouro Preto, por sua própria história e situação econômica, torna-se um
dos principais laboratórios para o desenvolvimento das políticas de preservação, muitas das
quais ainda vigentes na atualidade.
Foi num trabalho paralelo, realizado durante minha pós-graduação em História da Cultura
e da Arte pela FAFICH-UFMG, em 2009, que tive contatos mais aprofundados com o Arquivo
Permanente da 13ª Superintendência Regional do IPHAN, em Belo Horizonte. Nessa ocasião,
integrei a equipe responsável pelo levantamento, organização, sistematização, restauração e
acondicionamento deste arquivo.
O contato com este vasto acervo, ainda pouco conhecido, me proporcionou diversas
descobertas sobre a cidade e as políticas de preservação ali desenvolvidas. Ao mesmo
tempo, também me chamou a atenção o caráter autoritário de algumas dessas ações, além da
pouca menção aos interesses e discursos dos agentes locais1 envolvidos no processo de
construção da cidade após 1933, quando ela é decretada Monumento Nacional.
Revendo a bibliografia já levantada sobre o tema em outras pesquisas que realizei e
analisando algumas produções mais recentes, notei que muitos pesquisadores têm se
ocupado em estudar o papel de Ouro Preto dentro da ideologia nacionalista republicana.
Especialmente a influência que as ações ali desenvolvidas tiveram no processo de construção
tanto das políticas públicas de preservação quanto da arquitetura no Brasil.
No entanto, a maior parte desses trabalhos possui um caráter um tanto apologético,
abordando a temática sob o ponto de vista dos órgãos federais, suas ações e conceitos.
Mesmo quando alcançam um bom nível crítico, como os que buscam desconstruir mitos
dessa temática, esses estudos não chegam a explorar as particularidades e visões de outros
sujeitos sociais envolvidos nos processos de preservação e construção das cidades
históricas. Muito menos dão conta dos discursos alternativos construídos pelos agentes locais
1 Para facilitar a exposição das ideias neste artigo, sempre que essa expressão, assim como a de sujeitos locais, for utilizada refiro-me ao conjunto de atores da cidade, quais sejam Prefeitura, Câmara, Paróquias, associações leigas, institutos, partidos políticos, gestores e moradores, além de outros, responsáveis pela construção do espaço urbano, social e político de Ouro Preto. Quando necessário esses atores serão citados separadamente.
sobre questões como preservação, memória, desenvolvimento, transformações urbanas e
progresso nessas cidades.
No caso de Ouro Preto, apesar de muitos estudos mencionarem a relativa “exclusão”
desses agentes do processo de monumentalização da cidade, poucos aprofundam essa
análise. Além disso, deixam escapar a visão do processo sob a ótica dos sujeitos locais, suas
ações e reações a ele.
Afinal, como a população e os órgãos públicos e privados locais reagiram ao processo de
sacralização da cidade? De que maneira foram construídos no ideário social as visões e
representações associadas à recuperação econômica, ao progresso, à tradição, à
modernidade, ao patrimônio e à preservação em Ouro Preto? Quais as expectativas locais
sobre a atuação dos órgãos federais na preservação da cidade, e de que maneira elas foram
recebidas e atendidas ou não por esses órgãos durante o período estudado? No caso do
SPHAN, como foi construído o discurso de legitimação e as práticas desse órgão na cidade
nessa época? Quais os discursos alternativos ou que se contrapunham aos do órgão
desenvolvidos pelos sujeitos locais no processo de construção da cidade durante o período
estudado? Como o SPHAN reagiu à recuperação econômica e ao crescimento da cidade a
partir do final dos anos 1940? Quais as alianças e enfrentamentos com “os locais” essa
situação gerou?
Nesse sentido, a proposta desta pesquisa é tentar entender a relação, às vezes
conturbada, entre os sujeitos e interesses locais e os órgãos de preservação no processo de
construção/idealização de Ouro Preto desenvolvido a partir da Revolução de 1930. Busco, em
especial, analisar como foram arquitetados os diferentes discursos e visões sobre cidade,
preservação, recuperação econômica, modernização, tradição e progresso e seus reflexos
em Ouro Preto.
O recorte cronológico proposto pela pesquisa se inicia com a República Nova, quando a
cidade é decretada Monumento Nacional (1933). Passa pelo ufanismo do Estado Novo, onde
ocorrem profundas mudanças nas políticas de preservação. Atinge os governos democráticos
dos presidentes Dutra, JK, Jânio e Jango. Adentra pelo Regime Militar imposto em 1964. E
termina com o fim da chamada fase heroica do SPHAN, em 1967, com a aposentadoria do
diretor Rodrigo Melo Franco de Andrade, o que prenuncia a fase moderna dessa instituição.
2. PROCESSO DE OCUPAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO URBANO
A ocupação “branca” da região de Ouro Preto remonta ao final do século XVII, quando
foram descobertas ricas jazidas auríferas nesta região. O início da ocupação, no entanto, foi
bastante conturbado. O contexto era de crises de abastecimento e de disputas pelo direito de
exploração e comércio na região, aliados à inexistência de um aparato burocrático e de
planejamento da ocupação por parte da Coroa portuguesa.
Em 1709, após a Guerra dos Emboabas e a consequente criação da Capitania de São
Paulo e Minas do Ouro, se inicia a efetiva estruturação da exploração aurífera e da ocupação
da região. Os primeiros arraiais se consolidam, a maioria seguindo o modelo colonialista
português, onde a construção da primitiva ermida religiosa organiza a formação urbana do
povoado. Porém, diferentemente do ocorrido no litoral do Brasil, na região das minas a rapidez
e o dinamismo do processo de ocupação propiciaram o surgimento do meio urbano antes do
rural.
No caso de Ouro Preto, os povoados formadores se concentraram nas áreas de
mineração, especialmente no topo e nas encostas da Serra do Ouro Preto, nos vales
formados pelos Rios do Funil e do Tripuí, e às margens dos córregos que cortam a região. Em
1711, a criação da Vila Rica uniria esses arraiais, conformando um centro urbano mais amplo,
mas ainda fragmentado e espaçado. (Vasconcelos, 1977)
A quantidade e a diversidade das pessoas atraídas pelas notícias de ouro e de
oportunidades levaram à formação, de maneira rápida, de uma sociedade multicultural e
dinâmica. As diferentes influências proporcionariam um contexto sociocultural profícuo, mas
ainda conturbado politicamente. Após a Revolta de Vila Rica, em 1720, o processo de
instalação do aparato burocrático e de representação se intensifica. Nesse mesmo ano é
criada a Capitania das Minas Gerais, tendo Vila Rica como sede.
A partir daí, Vila Rica, assim como outros grandes centros auríferos mineiros desse
período, assistiria a um vigoroso processo de urbanização, onde as primitivas capelas são
transformadas em imponentes igrejas e matrizes. Pontes, chafarizes e arruamentos integram
os espaços urbanos, consolidando a ocupação do território e sua conformação urbana. Nesse
contexto, a transformação do antigo Morro de Santa Quitéria - a Praça Tiradentes da
atualidade - no centro da vila a partir dos anos 1730 tem uma importância capital no processo
de formação de Ouro Preto.
A cultura arquitetônica, assim como a própria sociedade do contexto mineiro, se
desenvolve num trânsito constante com os modelos europeus, especialmente o barroco, mas
também recebe influências de outras tradições. No entanto, é interessante notar que esse
processo se dinamiza justamente quando se inicia o prolongado declínio da exploração
aurífera na região.
Nesse contexto, as irmandades, ordens terceiras e outras confrarias leigas terão grande
importância, não apenas na construção dos templos, mas, principalmente, no
desenvolvimento dessa sociedade colonial.
Importante polo cultural e político durante todo o oitocentos, no início do século XIX a
decadência da Vila Rica já se tornara latente, como bem apontam os documentos de época e
relatos de viajantes que por ali passaram. A exploração do ouro era uma sombra apagada dos
tempos de bonança e a agropecuária nunca foi favorecida pelos terrenos irregulares e pela
terra pouco fértil.
Porém, a rebatizada Imperial Cidade de Ouro Preto (1823) ainda se manteria como sede
da Província durante todo o Império, mesmo não combinando com os modelos urbanos
modernos – especialmente influenciados pelas reformas realizadas em Paris pelo Barão de
Haussmann.
Já a partir dos anos 1860, a manutenção da decadente e “arcaica” Ouro Preto como
capital provoca a retomada dos debates sobre a necessidade de mudança da sede
administrativa do Estado para um local mais apropriado, economicamente ativo e integrado às
diferentes regiões da Província. É nesse contexto que o caráter memorialista da cidade
começa a ser evocado pelos republicanos, dentro de sua particular releitura da Inconfidência
Mineira como base para um nacionalismo brasileiro.
A construção da Coluna Saldanha Marinho, em 1867, além de apresentar as bases da
campanha cívica que mais tarde transformaria o Tiradentes no protomártir da República,
também marca o início do processo de tentativa de adaptação da cidade aos novos modelos
urbanos. Além disso, a instalação da Escola de Farmácia (1839) e da Escola de Minas (1876)
reaviva a antiga ideia de se formar na cidade um polo de ensino e pesquisa.
Nessa conjuntura, a chegada da ferrovia em meados dos anos 1880 representa um novo
impulso modernizador para a cidade. Os estilos neoclássico, neocolonial e eclético ganham
força, numa tentativa de modernizar também o aspecto arquitetônico de Ouro Preto. Imóveis
do centro urbano, quando não reconstruídos, têm suas fachadas reformadas nesses estilos.
Datam dessa época as construções do Mercado e Açougue Municipal (1887), no Largo do
Coimbra; do Liceu de Artes e Ofícios (1888), próximo à Casa dos Contos; do Prédio da Escola
de Farmácia (1889), que também serviu como Assembleia Constituinte; e da antiga Santa
Casa de Misericórdia, dentre outros. Novas áreas começam a ser ocupadas, como a região
dos “fundos” do antigo Arraial do Ouro Preto, às margens do Rio Funil e dos Córregos do
Tripuí e Caquende.
No entanto, com o advento da República, em 1889, a ideia de construção de uma nova
capital para uma Nova Era tornara-se irresistível. A “monumentalidade cerimonialista” da
cidade evocava o passado glorioso de Minas, mas sua economia periclitante, suas ruas
tortuosas, seu terreno íngreme, a pouca infraestrutura e a carência de grandes áreas de
expansão urbana não condiziam com as promessas de industrialização e desenvolvimento
que a República oferecia. Mais do que isso, no campo político a cidade era um símbolo da
dominação portuguesa e do regime imperial que acabava de ser deposto.
A polarização política entre os mudancistas – representados principalmente pela ala
republicana progressista do Estado –, e os antimudancistas – grupo dos reacionários e
conservadores – domina as tribunas constituintes e a imprensa mineira.
São então propostos diversos projetos de industrialização, expansão e adaptação de Ouro
Preto aos novos tempos, alguns deles iniciados ainda na época do Império, como os sistemas
de tratamento de água e esgoto (1887-90). Mais tarde são implantados o sistema de
iluminação pública a gás (1889), a Companhia de Força e Luz/Fábrica de Tecidos do
Tombadouro (1889) e um sistema de bondes movidos a tração animal – depois elétrica. Em
1891, surgiria a Empresa de Melhoramentos da Capital. Em 1894, um novo monumento a
Tiradentes substituiria a singela Coluna, reforçando o caráter memorial da cidade.
Mas as melhorias não surtem o efeito esperado e, em 1893, o destino da velha cidade é
selado com o início das obras da nova capital. No final de 1897, a sede administrativa do
Estado é definitivamente transferida para a moderna e planejada Cidade de Minas,
renomeada depois com o nome do município no qual foi construída. Entregue à própria sorte e
economicamente combalida, Ouro Preto não apresentava futuro muito promissor. (Barreto,
1936)
Após um melancólico período de abandono, denunciado com maior fervor durante as
cerimônias do Bicentenário, em 1911, Ouro Preto começa a inspirar discursos que exaltavam
a necessidade de sua preservação como símbolo do passado glorioso de Minas e baluarte da
Memória Nacional. É nessa década também que a cidade, junto com outras antigas vilas
mineiras do período colonial, começa a ser redescoberta por alguns intelectuais e artistas
modernistas, que passam a interpretar esses conjuntos como representantes de uma cultura
genuinamente nacional. Apesar das visões diferentes, ambos concordam que é preciso
preservar a cidade.
No entanto, para muitos dos agentes locais, essa preservação deveria se ater aos
monumentos da arquitetura maior. O restante da cidade precisava ser modernizado e
higienizado, de acordo com o discurso progressista da época. Daí decorrem as modificações
no antigo edifício do Fórum, na Praça da Independência (Tiradentes); a construção do Colégio
Dom Pedro II, sobre as bases do antigo Quartel de Cavalaria (1910); a construção dos anexos
do Ginásio Mineiro nos bairros do Rosário e do Antônio Dias (anos 1920); a ampliação do
complexo ferroviário (1925-1930); e a implantação de acréscimos aos edifícios da Escola de
Farmácia e da Escola de Minas, esta última já instalada no antigo prédio do Palácio dos
Governadores.
Os exemplos citados seguiam modelos mais ecléticos, enquanto que a construção do
Colégio Marília de Dirceu (1927), erguido sobre os alicerces da antiga chácara onde
supostamente viveu essa personagem, e do Colégio Arquidiocesano (1934), ao lado da
Capela de São Miguel e Almas, traziam elementos neocoloniais. Esse estilo seria incentivado
pela corrente de pensamento arquitetônico ligada ao Museu Histórico Nacional, mas passaria
a ser duramente criticado, e algumas vezes “apagadas”, pela corrente moderna responsável
pela estruturação SPHAN no final dos anos 1930. O Colégio Marília, por exemplo, perderia
sua platibanda e seus elementos neocoloniais numa reforma promovida pelo SPHAN nos
anos 1940.
A modernização das fachadas e a higienização do casario do centro urbano também são
incentivadas pelo Poder Público local, seguindo as noções de progresso então dominantes.
No campo econômico, no final dos anos 1920, a Fábrica de Tecidos do Tombadouro e a
indústria de beneficiamento de chá preto da Fazenda do Manso apresentavam claros sinais
de recuperação. A primeira, em especial, promoveria uma rápida expansão urbana da região
conhecida desde então como Caminho da Fábrica. Algumas das moradias de funcionários e
benfeitorias construídas pela fábrica seguiam o modelo vitoriano, inspirado nas famosas
cidades-jardim inglesas.
3. O PERÍODO PÓS-1930 E A EMERGÊNCIA DO PATRIMÔNIO: um novo nacionalismo
As transformações políticas, econômicas e culturais ocorridas no plano nacional durante
os 1920 preparam o cenário para a Revolução de 1930, que aboliria a política do “café com
leite” entre Minas e São Paulo. Essa transição marca o início de um período de profundas
mudanças no país. Nesse contexto, a questão da Memória Nacional passa a ter uma
importância cada vez maior dentro da política da República Nova. O contexto internacional
favorecia tal iniciativa, especialmente influenciada pelos debates realizados nas Conferências
Pan-Americanas e pelos movimentos nacionalistas europeus surgidos após a Primeira
Guerra.
Como reflexo disso, no dia 12 de julho de 1933, Ouro Preto é declarada Monumento
Nacional por seu valor histórico e cultural. No ano seguinte, a cidade passa a ser alvo de
ações da recém-criada Inspetoria de Monumentos Nacionais, integrada ao Museu Histórico
Nacional – este fundado ainda em 1923. Seguindo a linha ideológica de seu diretor, o
integralista Gustavo Barroso, essa inspetoria se preocuparia com a manutenção do caráter
memorial do patrimônio, cultuando a lembrança de grandes feitos e dos grandes homens da
Nação.
Alguns agentes locais, além de incentivar este movimento, também passam a realizar
ações mais efetivas na valorização e salvaguarda da cidade. Ainda em 1931, o prefeito João
Veloso implanta a primeira legislação municipal específica para a proteção do caráter
“colonial” da cidade. Nesse contexto, merece destaque a atuação do Instituto Histórico de
Ouro Preto, fundado por moradores da cidade e intelectuais mineiros. Alinhado à proposta
memorialista da Inspetoria de Monumentos, esse instituto empreenderia campanhas de
reconhecimento dos locais históricos da cidade, como a Casa do Visconde de Ouro Preto e a
Rua do Aleijadinho, além de buscar reunir acervos e promover pequenas reformas e
intervenções.
No entanto, essa ideologia de “culto do passado” gradativamente seria suplantada pelo
projeto de identidade nacional proposto por algumas vertentes modernistas. Neste, somente
através de uma “autofagia cultural” seria possível deduzir uma raiz brasileira. O
reconhecimento e o estudo dessa cultura genuína apareceriam então como referenciais na
definição da nação, buscando integrar o país à matriz da civilização ocidental.
Esse discurso seria adotado e adaptado pelo totalitarismo do Estado Novo (1937-1945),
que, logo no início, implementa uma legislação específica para a proteção do patrimônio
cultural brasileiro e estrutura o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-SPHAN.
Ligado ao Ministério da Educação e Saúde, esse órgão adotaria o modelo francês de
preservação do patrimônio.
Focada nos bens de “pedra e cal”, a ação deste órgão passa a privilegiar mais as questões
estéticas e arquitetônicas do que o historicismo dos bens e locais protegidos. Além disso, para
os modernos, o Período Colonial Mineiro é o grande protagonista de nossa identidade e
modelo para o presente e o futuro da nação, especialmente no campo arquitetônico. Nesse
ponto, é interessante notar que o Brasil foi talvez o único país do mundo onde os profissionais
que construíram a ideia da preservação do passado foram os mesmos que projetaram o país
do futuro. (Cavalcanti, 1995)
Tombada como Patrimônio Nacional em 1938, Ouro Preto tornou-se o principal laboratório
de ações e políticas do SPHAN durante toda a chamada fase heroica dessa instituição
(1937-1967) - época em que foi dirigida por Rodrigo Melo Franco de Andrade e onde se
formaram as bases de ação e os critérios adotados pelo órgão.
A partir daí, a cidade passaria a ser alvo de uma verdadeira reconstrução física e
ideológica, pautada em práticas que buscavam idealizar seus espaços urbanos
adequando-os a seus critérios estéticos e ao projeto de identidade nacional. O melhor
exemplo disso nos é dado pela transformação da Penitenciária, antiga Casa de Câmara e
Cadeia, num Panteão/Museu em homenagem aos inconfidentes - inaugurado completamente
em 1944 - e pelas modificações no Largo do Coimbra e na Praça Reinaldo Alves de Brito.
4. CIDADE IDEALIZADA E “RECONSTRUIDA” X CIDADE VIVIDA E
CONSTRUIDA
A preocupação com a preservação da cidade a partir do decreto de 1933 parece ter sido
recebida, a princípio, como benéfica pelos agentes locais, que viam nessa conjuntura
perspectivas de recuperação de Ouro Preto e de sua economia. Os jornais e periódicos que
circulavam na cidade nessa época, como o Tribuna de Ouro Preto e O Repórter, sustentam
essa visão. Alguns dos documentos oficiais municipais levantados também deixam
transparecer esse entendimento. Porém, o processo de revalorização era assimilado por
esses sujeitos como uma forma de se recuperar os brilhos e o progresso de outrora.
Nesse sentido, as primeiras ações dessa política na cidade receberiam grande apoio da
Prefeitura, da Câmara, das entidades religiosas e do Instituto Histórico de Ouro Preto, assim
como de muitos particulares, especialmente através da doação/empréstimo de acervos
documentais e mobiliários. Entretanto, não demorou muito para que os interesses se
mostrassem conflitantes, como bem demonstra o episódio das críticas à restauração da igreja
de São Francisco de Assis, em 1935. Até mesmo entre os sujeitos locais coexistiam visões
diferentes, muitas delas calcadas em disputas políticas.
Essa situação se agravaria durante a atuação do SPHAN, que conseguiria desagradar a
todos com a imposição de seu projeto de idealização da cidade. Os discursos dos
memorialistas locais sobre a preservação e construção de Ouro Preto se mostraria
incompatível com a atuação do Patrimônio, na mesma medida em que a ala progressista da
sociedade passa a ver nessa mesma atuação empecilhos ao desenvolvimento da cidade.
Como mencionado anteriormente neste artigo, o ideário local sobre a revalorização da
cidade se alinhava ao pensamento memorial da Inspetoria de Monumentos, mas também
almejava a recuperação econômica de Ouro Preto. O SPHAN, em contrapartida, se
preocupava mais com a idealização da cidade segundo seus critérios estéticos, privilegiando
os aspectos coloniais em detrimento das transformações urbanas ocorridas entre o final do
século XIX e início do XX - em especial os estilos arquitetônicos modernos tão difundidos
entre os locais como sinônimo do progresso.
Além disso, a questão da recuperação da economia local não parece ter sido alvo de
grandes atenções por parte do SPHAN, uma vez que seu interesse era preservar o conjunto
tombado. Nesse ponto cabe destacar que, nas estimativas do órgão, a cidade não se
desenvolveria muito além do estágio em que se encontrava. Mesmo a questão da expansão
urbana não perecia ser um desafio considerável, uma vez que muitos imóveis do perímetro
tombado encontravam-se abandonados, oferecendo possibilidades nesse sentido.
As críticas e discursos alternativos locais, no entanto, seriam solenemente ignorados na
maioria das vezes pelo SPHAN, num reflexo do autoritarismo estado-novista. Como bem
resumiu Lia Motta, “esvaziada economicamente, a cidade foi usada como matéria-prima para
um laboratório de nacionalidade de inspiração modernista, deixando as populações que lá
moravam subordinadas a esta visão idealizada” (Motta, 1987, p.108).
A maioria das igrejas e
monumentos da arquitetura maior
seria restaurada, buscando, em
alguns casos, restituí-los à sua feição
“ideal”, como nas capelas do Padre
Faria e do Bonfim e na Ponte dos
Contos. O neoclassicismo, o
neocolonialismo e o ecletismo, estilos
bastante difundidos e incentivados
até os anos 1920, passam a ser
condenados pelo SPHAN, que
empreenderia um vasto programa de
recomposição das tipologias
“originais” por toda a cidade. Nesse
interim, destacam-se as modificações
nos imóveis da Praça Reinaldo Alves
de Brito, especialmente o prédio do
antigo Banco Comércio e Indústria de
Minas Gerais e o do Liceu de Artes e
Ofícios – transformado em cinema
nos anos 1940.
Dentro do ideário modernista do
SPHAN, a arquitetura colonial
mineira deveria ser preservada para
servir de inspiração aos novos
conceitos arquitetônicos no país.
Assim, a arquitetura modernista
aparece como uma releitura dessa identidade cultural, onde as formas e os modelos
construtivos do passado idealizado são adaptados aos novos tempos, materiais e técnicas de
construção. Nesse sentido, o modernismo torna-se o único herdeiro e continuador da tradição
arquitetônica colonial. Os estilos que se desenvolveram nos mais de cem anos entre elas não
mereciam ser preservados ou estudados, uma vez que eram considerados meras cópias dos
modelos importados.
Imagem 2 – Praça Reinaldo Alves de Brito antes da
reformulação: o prédio do BCIMG, à esquerda, e o Liceu à direita seriam bastante modificados pelo SPHAN nos anos 1940, quando o espaço perde a maior parte de
seus elementos ecléticos Luiz Fontana, 1925. Fonte: PMOP / IFAC
Imagem 1 – Capela do Padre Faria nos anos 1930. Os ares neoclássicos acrescentados no final do século XIX seriam retirados pelo SPHAN nos anos 1940. O mesmo tipo de intervenção, mas de forma mais drástica, seria
realizado na Capela do Bonfim Luiz Fontana, s/d
Fonte: PMOP / IFAC
Nesse sentido, no “laboratório” ouro-pretano seriam testados alguns dos primeiros
experimentos modernistas, com destaque para o Grande Hotel, projetado por Oscar Niemeyer
e inaugurado no início dos anos 1940. No entanto, a inclusão de um projeto dessa
envergadura bem no centro histórico
de Ouro Preto gerou profundos
debates internos sobre a ambiguidade
e subjetividade dos critérios adotados
pela instituição. O arquiteto Sylvio de
Vasconcelos seria uma das principais
vozes contrarias à execução da obra
que, no entanto, correu como previsto.
Porém, alguns anos mais tarde, a
própria instituição reconheceria o
excesso de ousadia dessa
empreitada, tratando de inserir
algumas árvores em frente ao edifício
para “disfarçá-lo”.
No entanto, o melhor exemplo sobre a forma de atuação do SPHAN na cidade certamente
é a reconfiguração do Largo do Coimbra. Espaço eminentemente comercial desde sua
construção, no século XVIII, era nesse largo que se desenvolvia grande parte da vida social
de Ouro Preto. Ali chegavam os principais produtos e notícias trazidos pelos tropeiros,
reunindo a população. Na segunda
metade do século XIX, o mercado
antigo daria lugar a um grande edifício
neoclássico, que abrigaria o Açougue
e Mercado Municipal.
Decadente e mal visto pelo
SPHAN nos anos 1930, tanto por sua
tipologia quanto pelo fato de sua
volumetria rivalizar com a da
majestosa igreja de São Francisco de
Assis, esse mercado seria demolido
em meados da década seguinte. O
comércio foi proibido ali e a historicidade do espaço foi totalmente apagada. A memória social
do Largo do Coimbra, seu genius loci, foi literalmente destruído a marretadas. (Castriota,
2009)
Imagem 3 – Vista parcial de Ouro Preto mostrando o
em torno do Grande Hotel, já em fase final de construção
Luiz Fontana, 02/01/1944 Fonte: PMOP / IFAC
Imagem 4 – Vista do Largo do Coimbra, tendo em destaque o antigo prédio do Mercado e Açougue Municipal, demolido pelo SPHAN nos anos 1940.
S/a, final do séc. XIX Fonte: Arquivos do Museu da Inconfidência
Apenas nos anos 1980 o caráter comercial dessa região seria restituído, com a introdução
de uma feira de artesanato. Porém, diferentemente do que ocorria no passado, esse tipo de
comércio não é para “os dali”, mas sim para “os de fora”.
Nos anos de 1949 e 1950, a cidade seria alvo da campanha “Salvemos Ouro Preto”.
Incentivada por Manuel Bandeira, essa inciativa buscava arrecadar fundos junto à sociedade
brasileira para recuperar imóveis de interesse histórico-artístico na cidade. Vários exemplares
seriam inventariados e recuperados nesse processo.
É nessa época também que o turismo começa a ser incentivado de forma mais efetiva pelo
Estado, com o intuito de apresentar perspectivas econômicas menos nocivas ao tombamento.
A essa altura, porém, a cidade já ensaiava uma recuperação econômica mais pautada nas
indústrias “tradicionais”. Algumas delas focadas novamente na mineração, mas explorando
outros recursos da rica geologia da região.
Em 1934, seria criada a Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Ouro Preto.
No ano seguinte é fundada a Eletro Química S/A, voltada para a exploração de bauxita e
produção de alumínio na região de Saramenha. Essa empresa se expandiu bastante no final
dos anos 1940, com a entrada de capitais estrangeiros, especialmente franceses. A empresa
então foi transformada em Aluminas, depois Alcan e na atualidade se chama Novelis.
Nessa época começa a construção das vilas de operários e engenheiros próximos às
instalações dessa indústria, também seguindo o modelo de cidade-jardim vitoriano,
hierarquizando e racionalizando a ocupação dos espaços. Essas melhorias promoveriam uma
grande expansão urbana na região de Saramenha, formando os bairros Bauxita e Morro do
Cruzeiro. Este último, que começara a ser ocupado com a construção do 10º Batalhão de
Caçadores – depois cedido à Escola Técnica e na atualidade sediando o IFMG – e do Campo
de Aviação na década anterior, se consolidaria com a instalação do Campus da UFOP a partir
dos anos 1970.
Ainda nos anos 1940, seriam instalados em Ouro Preto a Cia. Ferro Brasileira e o Parque
Metalúrgico da Escola de Minas. Lotado nas antigas oficinas da Central do Brasil - ampliadas
para recebê-lo nessa época - o parque era mais focado na experimentação metalúrgica, mas
também supriu parte da demanda por ferro e produtos de metal da região durante alguns
períodos. O grosso da exploração do minério de ferro e da produção siderúrgica do município
eram realizados pela Ferro Brasileiro e pela Usina Wigg, esta no distrito de Miguel Burnier.
Esse desenvolvimento atrairia um novo fluxo migratório para Ouro Preto, intensificado no
final dos anos 1950 e início dos 60. Essa população passaria a ocupar as encostas da cidade,
uma vez que a manutenção dos imóveis da área tombada, além de onerosa, era muito
controlada pelo “Patrimônio”. Essa ocupação irregular algumas vezes seria incentivada pela
Prefeitura, apesar da precariedade da infraestrutura oferecida nessas áreas e do controle das
construções praticamente inexistente.
O crescimento e a expansão urbana de Ouro Preto seriam subdimensionados pelo
SPHAN, que focaria suas atenções no conjunto tombado. Porem, mesmo neste a dificuldade
de analisar caso a caso as intervenções nos imóveis forçou o órgão a adotar critérios mais
abrangentes, dando origem ao “estilo patrimônio”. Responsável por homogeneizar o conjunto,
contribuindo ainda mais para a perda da historicidade dos espaços, essa forma de ação seria
um dos pontos mais criticados pelos agentes locais, o que também pôde ser apreciado nos
jornais citados e documentos oficiais analisados até o momento.
No final dos anos 1960, os desgastes frequentes com os sujeitos locais, as dificuldades de
atuação e a constatação de que a ocupação irregular das encostas se tornara um problema
levaram o SPHAN a elaborar o Plano Especial de Ouro Preto. Esse plano visava superar
algumas das dificuldades enfrentadas pelo órgão, principalmente através da reestruturação
de suas ações e na sua relação com os sujeitos locais. No entanto, esse plano não sairia do
papel, assim como outros propostos com o mesmo intuito algum tempo depois.
Nos anos 1970, o SPHAN inauguraria uma nova fase de sua atuação, onde seriam
revistos muitos de seus conceitos e critérios. Porém, muitos dos problemas identificados
ainda persistiriam, alguns dos quais ainda perceptíveis na atualidade.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como explicitado no início deste artigo, o mesmo apresenta parte das considerações
desenvolvidas pelo autor no andamento de sua dissertação de mestrado. Apesar de alguns
aspectos desse estudo ainda se encontrarem em processo de análise, o estágio atual da
pesquisa permitiu estabelecer algumas conclusões preliminares.
Nesse sentido, procurei demonstrar nos capítulos anteriores que a cidade de Ouro Preto
passou a ter um importante papel na construção da política nacionalista e de preservação
cultural no Brasil durante a República Nova. Nesse contexto, o discurso memorialista da
Inspetoria de Museus implantado a princípio seria substituído pelo projeto de influência
modernista, mais preocupado com a ideia de identidade nacional. E essa conjuntura terá
profundos reflexos nas ações preservacionistas realizadas na cidade.
Paralelamente a essas visões, os sujeitos locais arquitetaram discursos alternativos sobre
o processo de construção da cidade. Muitos destes operando conceitos como preservação,
recuperação econômica, modernização, tradição e progresso. Esses sujeitos inicialmente
apoiaram as políticas e os órgãos oficiais, na expectativa de retomada do progresso para
Ouro Preto. Porém, aos poucos essa relação foi se desgastando frente ao recrudescimento
das políticas do SPHAN e sua pouca abertura para o diálogo – reflexo do autoritarismo do
Estado Novo.
Tomada como um dos principais laboratórios no desenvolvimento das ações e políticas
preservacionistas do SPHAN, Ouro Preto sofreria os ônus e bônus dessa condição. A
ambiguidade dos critérios e ações do órgão, a maioria realizada ainda de maneira
experimental, e o pouco diálogo com os moradores muitas vezes criariam episódios de
conflito com as aspirações e interesses locais.
Praticamente excluídos do processo de sacralização na maior parte das ações, esses
agentes por outro lado participariam efetivamente da construção da cidade nesse período.
Fugindo do controle excessivo das construções no espaço tombado, as encostas e áreas do
em torno desse perímetro foram sendo ocupadas à medida que a cidade se recuperava
economicamente.
Nesse ponto, a desenvolvimento da cidade a partir do final dos anos 1940, tão almejado
pelos moradores e mal previsto pelo SPHAN, agravaria ainda mais a relação entre ambos.
Além disso, a preocupação excessiva do órgão com as questões estéticas, relegando o
historicismo dos espaços a segundo plano, gradativamente apagaria a memória social de
muitos deles, solapadas pela idealização de Ouro Preto.
Essa conjuntura acabaria por desgastar a atuação do órgão e a visão que os agentes locais
tinham sobre ele não somente em Ouro Preto, como na maioria das cidades históricas. Assim,
a partir dos anos 1960, a atuação do SPHAN começa a se tornar mais condescendente.
Porém, a falta de uma política de conscientização, aliada aos rancores pelas ações passadas,
acabariam por agravar os problemas criados nesse período, especialmente a questão da
ocupação irregular das encostas. Além disso, o perímetro tombado também passaria a
apresentar um inchaço cada vez maior à medida que a cidade crescia e se desenvolvia.
Apesar de alguns planos de ação terem sido propostos na tentativa de superar esses
problemas, nenhum chegou a ser efetivamente implantado, o que não impediu que a atuação
do SPHAN sofresse alterações importantes nos anos seguintes. No entanto, muitos dos
problemas citados não foram de todo superados e estão na base do certo ressentimento que
os agentes locais ainda nutrem em relação ao IPHAN.
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