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DN DireitoNet Resumos Recuperação judicial Forma de promover o restabelecimento de uma empresa devedora por meio da superação de sua crise econômico-financeira. A recuperação judicial tem por objetivo tornar viável a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. Visa, portanto, permitir que a empresa não paralise seu funcionamento, dando-lhe nova chance de êxito. O exame da viabilidade da recuperação da empresa deve ser feito pelo Judiciário, por ser este um procedimento custoso a população como um todo, não podendo tornar viável toda e qualquer recuperação judicial. Portanto, deve levar em conta aspectos como a importância social da empresa, o volume ativo e passivo, o tempo de existência, a mão-de-obra e tecnologia aplicada, assim como seu porte econômico. A recuperação judicial poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente ou pelo devedor, ou seja, própria pessoa jurídica que exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos, no momento do pedido, atendendo também alguns requisitos, sendo estes: não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte; não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na Lei 11.101/05. Todos os créditos existentes na data do pedido, mesmo que ainda não vencidos, estarão sujeitos a recuperação judicial. Os credores do devedor em recuperação judicial poderão conservar seus direitos e privilégios contra os fiadores, coobrigados e obrigados de regresso. Meios de Recuperação da Empresa A Lei 11.101/05, em seu artigo 50, elenca, em lista exemplificativa, os meios de recuperação judicial da empresa, que devem ser analisadas pelos administradores da sociedade empresária, assim como por seus advogados, a fim de utilizar-se a forma que seja mais válida para o desempenho efetivo deste procedimento. Pode ser escolhido mais de um meio

Recuperação Judicial - Resumo de Direito - DireitoNet

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  • DN DireitoNet Resumos

    Recuperao judicial

    Forma de promover o restabelecimento de uma empresa devedora pormeio da superao de sua crise econmico-financeira.

    A recuperao judicial tem por objetivo tornar vivel a superao da situao de criseeconmico-financeira do devedor, a fim de permitir a manuteno da fonte produtora, doemprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, apreservao da empresa, sua funo social e o estmulo atividade econmica. Visa,portanto, permitir que a empresa no paralise seu funcionamento, dando-lhe nova chancede xito.

    O exame da viabilidade da recuperao da empresa deve ser feito pelo Judicirio, por sereste um procedimento custoso a populao como um todo, no podendo tornar vivel toda equalquer recuperao judicial. Portanto, deve levar em conta aspectos como a importnciasocial da empresa, o volume ativo e passivo, o tempo de existncia, a mo-de-obra etecnologia aplicada, assim como seu porte econmico.

    A recuperao judicial poder ser requerida pelo cnjuge sobrevivente, herdeiros dodevedor, inventariante ou scio remanescente ou pelo devedor, ou seja, prpria pessoajurdica que exera regularmente suas atividades h mais de 2 (dois) anos, no momento dopedido, atendendo tambm alguns requisitos, sendo estes:

    no ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentena transitada emjulgado, as responsabilidades da decorrentes;no ter, h menos de 5 (cinco) anos, obtido concesso de recuperao judicial;no ter, h menos de 8 (oito) anos, obtido concesso de recuperao judicial com baseno plano especial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte;no ter sido condenado ou no ter, como administrador ou scio controlador, pessoacondenada por qualquer dos crimes previstos na Lei 11.101/05.

    Todos os crditos existentes na data do pedido, mesmo que ainda no vencidos, estarosujeitos a recuperao judicial. Os credores do devedor em recuperao judicial poderoconservar seus direitos e privilgios contra os fiadores, coobrigados e obrigados deregresso.

    Meios de Recuperao da Empresa

    A Lei 11.101/05, em seu artigo 50, elenca, em lista exemplificativa, os meios de recuperaojudicial da empresa, que devem ser analisadas pelos administradores da sociedadeempresria, assim como por seus advogados, a fim de utilizar-se a forma que seja maisvlida para o desempenho efetivo deste procedimento. Pode ser escolhido mais de um meio

  • de recuperao da lista.

    So meios de recuperao da empresa, entre outros, acatados pelos administradores dasociedade empresria:

    a) concesso de prazos e condies especiais para pagamento das obrigaes vencidas ouvincendas; b) ciso, incorporao, fuso ou transformao de sociedade, constituio de subsidiriaintegral, ou cesso de cotas ou aes, respeitados os direitos dos scios, nos termos dalegislao vigente; c) alterao do controle societrio; d) substituio total ou parcial dos administradores do devedor ou modificao de seusrgos administrativos; e) concesso aos credores de direito de eleio em separado de administradores e de poderde veto em relao s matrias que o plano especificar; f) aumento de capital social; g) trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive sociedade constituda pelosprprios empregados; h) reduo salarial, compensao de horrios e reduo da jornada, mediante acordo ouconveno coletiva; i) dao em pagamento ou novao de dvidas do passivo, com ou sem constituio degarantia prpria ou de terceiro; j) constituio de sociedade de credores; k) venda parcial dos bens; l) equalizao de encargos financeiros relativos a dbitos de qualquer natureza, tendo comotermo inicial a data da distribuio do pedido de recuperao judicial, aplicando-seinclusive aos contratos de crdito rural, sem prejuzo do disposto em legislao especfica; m) usufruto da empresa; n) administrao compartilhada; o) emisso de valores mobilirios; p) constituio de sociedade de propsito especfico para adjudicar, em pagamento doscrditos, os ativos do devedor.

    Concesso de prazos e condies especiais para pagamento das obrigaes vencidas ouvincendas diz respeito a prorrogao dos prazos e reviso das condies de pagamento. omeio que mais se aproxima da concordata preventiva. Atravs deste meio, o devedor tem aoportunidade de se reestruturar, pois haver o abatimento no valor de suas dvidas ou oaumento no prazo de vencimento e, sendo assim, ter sua disposio, por um tempo, maisrecursos em caixa, tanto para reduo dos gastos com emprstimos bancrios quanto parainvestimentos.

    As operaes societrias, tais como ciso, incorporao, fuso ou transformao desociedade, constituio de subsidiria integral, ou cesso de cotas ou aes, respeitados osdireitos dos scios, nos termos da legislao vigente, para serem acatadas devemdemonstrar que realmente ir proporcionar a recuperao da empresa.

    A alterao do controle societrio, por sua vez, pode apresentar-se de forma total ou parcial. total quando se opera a venda do poder de controle, e parcial quando admitido um novoscio no bloco controlador. Esta alterao deve estar acompanhada de medidas que visem arevitalizao da empresa, tais como mudanas na administrao e aumento do capital.

    Substituio total ou parcial dos administradores do devedor ou modificao de seus rgos

  • administrativos, chamado por Fbio Ulhoa Coelho de reestruturao da administrao, normalmente uma das medidas que devem ser adotadas pela sociedade empresarial,juntamente outras, exceto quando a crise apresentar razes macroeconmicas, ou seja,pelas quais os administradores no podem responder. Essa medida acolhida, geralmente,por planos alternativos de recuperao, ou seja, planos submetidos Assemblia Geral peloadministrador judicial ou pelos credores.

    A concesso aos credores de direito de eleio em separado de administradores e de poderde veto em relao s matrias que o plano especificar traduz-se na concesso de direitosextrapatrimoniais. Esta medida pretende dar aos credores o direito de garantia contra asingerncias praticadas pelos administradores, ou seja, por exemplo, se os administradoresquiserem agir de forma divergente aos interesses da sociedade, o credor pode vetar aoperao, que poderia, por exemplo, aumentar o endividamento da empresa.

    Aumento do capital outra forma vlida de recuperao judicial, pois denota o ingresso derecursos que permitir o contorno da crise econmica. Sem dvida, o melhor meio derecuperao para empresas em estado crtico.

    Transferncia ou arrendamento de estabelecimento, inclusive sociedade constituda pelosprprios empregados, implica na mudana da titularidade ou direo do estabelecimentoempresarial da sociedade empresria em crise. Transferncia corresponde a venda doestabelecimento para quem apresente melhores condies de explorar a mesma atividadeeconmica, isto , de forma mais competente. Arrendamento, por sua vez, caracteriza-sequando a propriedade do estabelecimento continua da sociedade devedora, sendo que,desta vez, a direo da atividade econmica passa s mos do arrendador que, porpresuno, se apresenta em melhores condies de conduzir a recuperao.

    Reduo salarial, compensao de horrios e reduo da jornada, mediante acordo ouconveno coletiva, a renegociao das obrigaes ou do passivo trabalhista. D-se pormeio do contrato de trabalho que muitas vezes expe esta possibilidade para que sealcance a recuperao da empresa, quando entende-se ser as obrigaes trabalhistas o realobstculos das contas. Esta medida depende principalmente da aceitao dos empregadosatingidos e dos sindicatos que os assiste. No havendo contrato de trabalho, no pode seradotada esta medida.

    Dao em pagamento fica instituda quando um ou mais credores aceitam receber bemdiverso do contratado, a fim de que a obrigao ativa que titularizam seja saldada. Novaode dvidas do passivo pode ser objetiva quando recair sobre o objeto ou subjetiva quandorecair sobre os sujeitos e d-se atravs da substituio de um desses elementos daobrigao por outros, novos.

    Constituio de sociedade de credores decorre da anuncia dos credores, a fim deconstituir nova sociedade que assuma as mesmas atividades econmicas e possa procederum melhor desempenho visando sua recuperao. Com isso, os direitos dos credoressubstituem os direitos dos scios. Uma variao deste meio de recuperao de empresas a capitalizao de crdito, ou seja, quando um ou mais credores ingressam na sociedadedevedora como scios.

    A venda parcial dos bens da empresa devedora figura como um meio importante de captarrecursos para o patrocnio de sua recuperao. Entretanto, deve-se analisar criteriosamentea importncia desses bens para a atividade econmica da empresa. Por exemplo, no seriarazovel proceder a venda da mquina que encaixa o volante em uma fbrica de

  • automveis, pois esta essencial para a produo do produto.

    Equalizao de encargos financeiros est relacionada a renegociao do passivo do devedorque explora a empresa em situao crtica. Neste caso, os bancos e empresas de fomentomercantil estabelecem um padro nos encargos financeiros de seus crditos, combinando-os ao menor dos praticados no mercado. Medida esta que promove a aquisio de recursospelo devedor sem comprometer a lucratividade das atividades exploradas.

    Por meio do usufruto da empresa, pretende-se transferir a atividade econmica em crisepara pessoas mais capacitadas. Esta pessoa mais capacitada torna-se o novo dirigente e,por consequncia, o usufruturio do estabelecimento empresarial, que ter por benefcio osfrutos que advirem da explorao da atividade. Ao usufruturio, por sua vez, no bastaassumir a obrigao de investir na ampliao e modernizao do estabelecimento, mastambm dever mant-lo ativo e frutfero no tempo da extino do usufruto.

    Administrao compartilhada um desdobramento da reestruturao da administrao e por meio desta que ocorre a diviso de responsabilidade entre o devedor e seus credores,ou parte deles, nas decises administrativas importantes para a empresa em crise.

    Sendo a sociedade por aes, possvel descrever, dentre os meios de recuperao judicial,a emisso de valores mobilirios que figuram como instrumentos de captao de recursos, epodem ser admitidos desde que respeitadas certas condies nas negociaes no mercadode capitais. Apenas ser vivel quando houver interessados em investir na empresa.

    Constituio de sociedade de propsito especfico para adjudicar em pagamento doscrditos os ativos do devedor traduz-se em adjudicao dos bens da sociedade empresria,e um desdobramento da medida de dao em pagamento, pois visa a nica finalidade deservir de adjudicao, ou seja, ato judicial pelo qual d-se algum a posse ou propriedadede determinado bem. A manuteno dos bens no estabelecimento da empresa devedora um dos fatores necessrios para sua eficcia.

    rgos da Recuperao Judicial

    Alm do Ministrio Pblico, das partes e do Juiz, para a promoo da recuperao judicialexige-se, em sua composio, a existncia de trs rgos especficos, sendo estes: aassemblia geral dos credores, o administrador judicial e o comit.

    Assemblia geral dos credores o rgo colegiado, ou seja, no qual todos os membros tmpoderes iguais e deliberativo, isto , pelo qual pretende-se atingir as decises finais deconflitos, responsvel pela apresentao do interesse predominante entre os quetitularizam crdito diante da sociedade empresria que est requerendo a recuperaojudicial. formada, portanto, pelos credores que ocupam a mesma posio nos momentosde discusso, visando decidir sobre algo em relao ao reerguimento da empresarequerente da recuperao judicial.

    O juiz pode convocar a assemblia geral nas hipteses legais ou sempre que julgarconveniente, assim como os credores, desde que a soma dos crditos destes seja superior a25% do total do passivo da sociedade requerente. O anncio dessa convocao deve serpublicado com antecedncia mnima de 15 dias da data de sua realizao, no Dirio Oficiale em jornal de grande circulao.

  • Para ser vlida esta assemblia exigida a presena de credores titulares de mais dametade do passivo da requerente, em cada classe. Se este nmero no for alcanado,dever ser publicada uma segunda convocao com antecedncia mnima de 5 dias e paraesta segunda convocao no h nmero de credores presentes exigidos. Compete aassemblia dos credores: a) aprovar, rejeitar ou modificar o plano de recuperao judicial apresentado pelo devedor; b) constituir o Comit de Credores, eleger seus membros e decidir em relao asubstituio; c) decidir sobre o pedido de desistncia do devedor, nos termos do 4 do art. 52 desta Lei;(Art. 52, 4 - "O devedor no poder desistir do pedido de recuperao judicial aps odeferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovao da desistncia naassemblia-geral de credores") d) eleger o gestor judicial, quando do afastamento do devedor; e) deliberar sobre qualquer outra matria que possa afetar os interesses dos credores.

    De maneira geral, todos os credores admitidos na recuperao judicial tero direito de votare expressar-se na assemblia. Pode, pessoa fsica ou jurdica, participar da assemblia,desde que seu nome conste no rol que tiver sido elaborado por ltimo. Cada credor queestiver presente na assemblia ter o voto proporcional ao valor de seu crdito admitido narecuperao judicial, desconsiderando-se as despesas gastas para que pudessem fazerparte do processo, tendo em vista que estas so excludas deste crdito.

    Esta assemblia apresenta quatro instncias de deliberao e, de acordo com a matriaavaliada, varia o conjunto de credores habilitados a votar. A instncia mais abrangente ado plenrio da assemblia, e sempre que a matria no for referente ao plano dereorganizao da empresa ou constituio do comit, compete a deliberao pelo plenrio.Assim sendo, apresenta uma competncia residual, posto que se no houver nenhuma leique regule a deliberao por outra instncia que no esta, o plenrio deliberar pelamaioria de seus membros, devendo os votos serem computados de acordo com seusvalores, sem depender da natureza do crdito titularizado.

    As outras trs instncias correspondem s classes em que os credores foram divididos. Noaditamento do plano de recuperao ou na votao, pertencem a primeira classe oscredores trabalhistas; a segunda, os titulares de direitos reais de garantia; e a terceira, ostitulares de privilgio, os quirografrios e subordinados. Na constituio e composio docomit, por sua vez, tm as classes divididas da seguinte forma: primeira classe os credorestrabalhistas; a segunda, os titulares de direitos reais de garantia e os titulares de privilgio;e a terceira, os quirografrios e subordinados. J para votao do plano de recuperao econstituio e comisso do comit, devero deliberar apenas as instncias classistas e no oplenrio.

    O quorum geral da deliberao sempre o de maioria, isto , maioria simples, calculada combase no valor dos crditos dos credores que estiverem integrando a instncia deliberativapresente na assemblia. O quorum qualificado somente ser analisado quando dadeliberao para aprovar plano de recuperao.

    O administrador judicial deve ser pessoa idnea que poder ser habilitada, de prefernciaadvogado, economista, contador, administrador de empresas, ou pessoa jurdicaespecializada. Figura como auxiliar do juiz e por este deve ser nomeado no despacho quemanda processar o pedido de recuperao judicial. No pode exercer este cargo quem nodesempenhou esta funo a contento dentro dos ltimos 5 (cinco) anos. Tambm no podeexerc-lo quem apresentar vnculo de parentesco ou afinidade at 3 grau com qualquer

  • dos representantes legais da sociedade empresria que ora requer a recuperao, assimcomo amigos, inimigos ou dependentes destes.

    As funes do administrador judicial, na recuperao, variam de acordo com doissegmentos: caso exista ou no o comit, pois este um rgo facultativo; e caso tenha sidoou no decretado o afastamento dos administradores da empresa em recuperao. Emrelao ao primeiro segmento, caso exista o comit, caber ao administrador judicialsomente proceder verificao dos crditos, dirigir a assemblia dos credores e fiscalizar asociedade devedora. Se o comit no existir, por sua vez, o administrador alm destasfunes, assumir tambm a competncia deste rgo colegiado, salvo se houverincompatibilidade.

    Em relao ao segundo segmento, no momento em que o juiz decretar o afastamento dosdiretores da sociedade empresria, o administrador assume o poder para administrar erepresentar a sociedade requerente da recuperao, at que seja eleito o gestor judicialpela assemblia geral. Caso o juiz no afaste os diretores ou administradores da sociedadeque est requerendo a recuperao, o administrador atuar como mero fiscal da empresa,responsvel pela verificao dos crditos e presidente da assemblia geral.

    Por fim, existe o comit, que um rgo facultativo cuja constituio e forma de operardependem do tamanho da atividade econmica em crise. Somente ser constitudo "nosprocessos em que a sociedade empresria devedora explora empresa grande o suficientepara absorver as despesas com o rgo", conforme preceitua Fbio Ulhoa Coelho. Quemdecide em relao a sua existncia so os credores da sociedade em recuperao judicial,reunidos em assemblia.

    Pode ser aprovado por qualquer instncia classista e autorizada sua instalao. As classesde credores devem se reunir para que cada possa eleger um membro titular e doissuplentes, sendo que assim como ocorre com o administrador judicial, h a possibilidade deimpedimento. O comit apresenta como principal funo a de fiscal, ou seja, cabe aos seusmembros fiscalizar tanto o administrador judicial quanto a sociedade empresria emrecuperao.

    Para realizar esta fiscalizao, os membros do comit tm autorizao para transitarlivremente pelas dependncias da empresa, assim como tm livre acesso as escrituras edocumentos da sociedade em questo. Sempre que constatar algum fato irregular deve, porvoto da maioria, encaminhar ao juiz um requerimento com os fundamentos de providnciasque entendem importantes.

    No s apresenta a competncia fiscal, como tambm eventualmente pode elaborar o planode recuperao alternativo ao apresentado e deliberar sobre as alienaes de bens do ativopermanente e sobre o aumento de dvidas necessrio continuidade da atividadeempresarial, quando o juiz determinar o afastamento dos administradores da empresa emcrise.

    Quando no houver o comit, suas funes sero exercidas pelo administrador judicial,salvo nas matrias em que houver incompatibilidade como, por exemplo, a fiscalizao doprprio administrador judicial. Neste caso o juiz dever exercer esta atribuio.

    Recuperao Especial

    As microempresas ou empresas de pequeno porte podem apresentar plano especial de

  • recuperao judicial, desde que afirmem sua inteno de faz-lo na petio inicial, na qualestaro expostas as razes da crise e proposta de renegociao do passivo. Os credores noatingidos pelo plano especial no tero seus crditos habilitados na recuperao judicial.Este plano ser apresentado em 60 (sessenta) dias improrrogveis e estar limitado poralgumas condies.

    Via de regra, a recuperao judicial da microempresa e empresa de pequeno porte d-sepelo parcelamento das dvidas quirografrias existentes na data da distribuio do pedido,conforme prev o Plano Especial. As obrigaes sujeitas a este plano podero ser pagas emat 36 parcelas mensais, sucessivas e iguais, sendo que a primeira delas vence em 180 diasda data da distribuio do pedido de recuperao judicial.

    No necessariamente respeitar este nmero de parcelas, posto que o nmero exato serdefinido na proposta que o microempresrio ou empresrio de pequeno porte oferecer nopedido de recuperao. Este parcelamento s referente ao passivo quirografrio, poissuas dvidas trabalhistas e fiscais no se submetem aos efeitos da recuperao e devem serquitadas conforme a legislao tributria vigente.

    O pedido de recuperao judicial com base em plano especial no acarreta a suspenso docurso da prescrio nem das aes e execues por crditos no abrangidos pelo plano.Caso a microempresa ou empresa de pequeno porte devedora opte pelo pedido derecuperao judicial com base no plano especial, no ser convocada assemblia-geral decredores para deliberar sobre o plano, e o juiz conceder a recuperao judicial seatendidas as demais exigncias da Lei 11.101/05. Se o juiz julgar improcedente o pedido derecuperao judicial, decretar a falncia do devedor, se houver objees.

    Convolao da Recuperao Judicial em Falncia

    O juiz pode decretar a falncia durante o processo de recuperao judicial de quatroformas: por deliberao da assemblia-geral de credores; pela no apresentao pelodevedor do plano de recuperao no prazo de 60 dias improrrogveis; quando houver sidorejeitado o plano de recuperao pela assemblia de credores; ou por descumprimento dequalquer obrigao assumida no plano, que se vencerem at 2 (dois) anos depois daconcesso da recuperao judicial.

    Tambm possvel que haja a decretao da falncia por inadimplemento de obrigao nosujeita recuperao judicial, quando o devedor, sem relevante razo de direito, no pagar,no vencimento, obrigao lquida materializada em ttulo ou ttulos executivos protestadoscuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salrios-mnimos na data do pedido defalncia ou, quando executado por qualquer quantia lquida, no pagar, no depositar e nonomear bens penhora suficientes dentro do prazo legal; ou por praticar qualquer atosque prejudiquem a sociedade empresria, elencados nas alneas do artigo 94, inciso III, daLei 11.101/05, exceto se fizer parte de plano de recuperao judicial:

    "Artigo 94. Ser decretada a falncia do devedor que: (...) III - pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperaojudicial: a) procede liquidao precipitada de seus ativos ou lana mo de meio ruinoso oufraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequvocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos oufraudar credores, negcio simulado ou alienao de parte ou da totalidade de seu ativo aterceiro, credor ou no;

  • c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou no, sem o consentimento de todos oscredores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferncia de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar alegislao ou a fiscalizao ou para prejudicar credor; e) d ou refora garantia a credor por dvida contrada anteriormente sem ficar com benslivres e desembaraados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar oscredores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domiclio, do local de suasede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigao assumida no plano de recuperaojudicial".

    Na convolao da recuperao judicial em falncia, os atos de administrao,endividamento, onerao ou alienao praticados durante a recuperao judicialpresumem-se vlidos, desde que realizados na forma da lei em questo.

    Referncias Bibliogrficas

    COELHO, Fbio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 17 Edio. Editora Saraiva. 2006.

    COELHO, Fbio Ulhoa. Comentrios nova Lei de Falncias e de Recuperao de Empresas (Lei11.101, de 9-2-2005). 5 Edio. Editora Saraiva. 2008.

    Histrico de atualizaes deste contedo

    16/abr/2012 Reviso geral. Este material est atualizado de acordo com a Lei n 11.101/05 e no sofreu novasalteraes at esta data.

    06/ago/2008 Publicado no DireitoNet.