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Superior Tribunal de Justiça RECURSO ESPECIAL Nº 1.105.059 - SP (2008/0257060-0) RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON RECORRENTE : JÂNIO DA SILVA QUADROS - ESPÓLIO REPR. POR : DIRCE MARIA DO VALLE QUADROS - INVENTARIANTE ADVOGADO : MARCELO SEGAT E OUTRO(S) RECORRENTE : NELSON GUERRA JÚNIOR ADVOGADO : WIVALDO ROBERTO MALHEIROS E OUTRO(S) RECORRIDO : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO PROCURADOR : DENIZE S OKABAYASHI GARCIA E OUTRO(S) EMENTA PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO – RECURSO ESPECIAL – AÇÃO DE COBRANÇA – VIOLAÇÃO AO DL. 201/1967 – VIOLAÇÃO AOS DECRETOS MUNICIPAIS 23.863 E 24.853 DE 1987 – VIOLAÇÃO DE LEI LOCAL PRESCRIÇÃO. 1. Não se conhece, em recurso especial, de violação a lei local, cabendo ao STF a análise, nos termos do art. 102, III, alínea"b", da CF. 2. O Decreto-lei 201/67, cujos arts. 1° e 4° são apontados como violados, contemplam hipótese de crime de responsabilidade e não de mera cobrança administrativa ao ex-prefeito. 3. Cobrança de prejuízo causado ao erário depois de quatorze anos, sem apuração devida no an ou no quantum, por mera estimativa não se inclui na categoria das ações de ressarcimento por dano ao erário. Trata-se de mera ação de cobrança, inteiramente irregular, sem forma ou figura jurídica. 4. Prescrição qüinqüenal que atinge a ação ajuizada após quase quatorze anos da ocorrência do fato e nove anos depois de falecido o agente político indicado como responsável. 5. Prescrição que se estende ao litisconsorte passivo, condenado solidariamente com o ex-prefeito. 6. Recurso especial de NELSON GUERRA JUNIOR não conhecido recurso especial do ESPÓLIO DE JÂNIO DA SILVA QUADROS conhecido e provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça "Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Herman Benjamin, acompanhando a Sra. Ministra Eliana Calmon, embora por outros fundamentos, a Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso de Nelson Guerra Júnior e deu provimento ao recurso do espólio de Jânio da Silva Quadros, nos termos do voto da Sra. Ministra-Relatora." Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins, Herman Benjamin (voto-vista) e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília-DF, 24 de agosto de 2010(Data do Julgamento) Documento: 895669 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 02/02/2011 Página 1 de 24

Recurso especial nº 1.105.059–SP

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.105.059 - SP (2008/0257060-0)

RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMONRECORRENTE : JÂNIO DA SILVA QUADROS - ESPÓLIOREPR. POR : DIRCE MARIA DO VALLE QUADROS - INVENTARIANTEADVOGADO : MARCELO SEGAT E OUTRO(S)RECORRENTE : NELSON GUERRA JÚNIOR ADVOGADO : WIVALDO ROBERTO MALHEIROS E OUTRO(S)RECORRIDO : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO PROCURADOR : DENIZE S OKABAYASHI GARCIA E OUTRO(S)

EMENTA

PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO – RECURSO ESPECIAL – AÇÃO DE COBRANÇA – VIOLAÇÃO AO DL. 201/1967 – VIOLAÇÃO AOS DECRETOS MUNICIPAIS 23.863 E 24.853 DE 1987 – VIOLAÇÃO DE LEI LOCAL – PRESCRIÇÃO.

1. Não se conhece, em recurso especial, de violação a lei local, cabendo ao STF a análise, nos termos do art. 102, III, alínea"b", da CF.

2. O Decreto-lei 201/67, cujos arts. 1° e 4° são apontados como violados, contemplam hipótese de crime de responsabilidade e não de mera cobrança administrativa ao ex-prefeito.

3. Cobrança de prejuízo causado ao erário depois de quatorze anos, sem apuração devida no an ou no quantum, por mera estimativa não se inclui na categoria das ações de ressarcimento por dano ao erário. Trata-se de mera ação de cobrança, inteiramente irregular, sem forma ou figura jurídica.

4. Prescrição qüinqüenal que atinge a ação ajuizada após quase quatorze anos da ocorrência do fato e nove anos depois de falecido o agente político indicado como responsável.

5. Prescrição que se estende ao litisconsorte passivo, condenado solidariamente com o ex-prefeito.

6. Recurso especial de NELSON GUERRA JUNIOR não conhecido recurso

especial do ESPÓLIO DE JÂNIO DA SILVA QUADROS conhecido e provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça "Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Herman Benjamin, acompanhando a Sra. Ministra Eliana Calmon, embora por outros fundamentos, a Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso de Nelson Guerra Júnior e deu provimento ao recurso do espólio de Jânio da Silva Quadros, nos termos do voto da Sra. Ministra-Relatora." Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins, Herman Benjamin (voto-vista) e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Brasília-DF, 24 de agosto de 2010(Data do Julgamento)

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MINISTRA ELIANA CALMON Relatora

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.105.059 - SP (2008/0257060-0) RECORRENTE : JÂNIO DA SILVA QUADROS - ESPÓLIOREPR. POR : DIRCE MARIA DO VALLE QUADROS - INVENTARIANTEADVOGADO : MARCELO SEGAT E OUTRO(S)RECORRENTE : NELSON GUERRA JÚNIOR ADVOGADO : WIVALDO ROBERTO MALHEIROS E OUTRO(S)RECORRIDO : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO PROCURADOR : DENIZE S OKABAYASHI GARCIA E OUTRO(S)

RELATÓRIO

A EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON: O presente recurso

especial tem origem em ação de indenização movida pelo Município de São Paulo contra o

Espólio de JÂNIO DA SILVA QUADROS, representado por sua inventariante, DIRCE

MARIA DO VALLE QUADROS e contra NELSON GUERRA JÚNIOR, ex-secretário de

Governo, quando era prefeito do Município o falecido Jânio Quadros.

Objetiva a municipalidade ressarcimento por ter o prefeito autorizado a cessão

gratuita do Estádio Paulo Machado de Carvalho, Pacaembú, nos dias 8, 9 e 10 de janeiro de

1988, para que a Poladian Promoções Publicitárias Ltda. ali realizasse show da cantora Tina

Turner.

A sentença de primeiro grau julgou procedente a ação e condenou os réus,

solidariamente, a pagar indenização de R$ 185.685,40 (cento e oitenta e cinco mil, seiscentos

e oitenta e cinco reais e quarenta centavos (fls.232/236).

Houve apelação e o Tribunal de Justiça de São Paulo negou provimento a

ambos os recursos, deixando consignado os fundamentos do julgado na ementa seguinte:

INDENIZAÇÃO – O DECRETO MUNICIPAL Nº 23.863/87 PREVIA O PAGAMENTO DE PREÇO PÚBLICO PELA CESSÃO DO BEM PÚBLICO – DISPENSA DE PAGAMENTO – INADMISSIBILIDADE – SECRETÁRIO MUNICIPAL QUE AUTORIZA O USO SEM O PAGAMENTO DE PREÇO PÚBLICO – DEVER DE INDENIZAR DE FORMA SOLIDÁRIA COM O PREFEITO MUNICIPAL – INDENIZAÇÃO DEVIDA AOS COFRES PÚBLICOS PELOS VALORES CONSTANTES DA TABELA ANEXA AO DECRETO – RECURSOS IMPROVIDOS.

Irresignados recorrem ambos os réus. Nelson Guerra Junior afirma ser parte

ilegítima para figurar no pólo passivo da demanda, por ter agido em cumprimento a ordem

emanada do então Prefeito Jânio Quadros. Afirma que a cessão gratuita do estádio pelo

prefeito respaldou-se no Decreto 24.853, de 28 de outubro de 1.987, vigente à época, o qual

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revogou diploma anterior, o Decreto 23.863, de 20 de maio de 1.987.

Assim sendo, concluiu que não poderia o decreto revogado servir de base para

a impugnação da cessão (fl. 336).

O espólio sustenta o não cabimento de ação de indenização por ausência de

condenação em crime de responsabilidade ou improbidade administrativa, pela ausência de

pronunciamento da Câmara de Vereadores, necessário nas infrações político-administrativa

nos termos do DL 201/67 e pela incidência da prescrição, como previsto na Lei 8.952/94

Com contra-razões às fls. 351-353, subiram os autos a esta Corte, por força de

decisão em agravo de instrumento (fls. 397 e 406).

É o relatório.

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.105.059 - SP (2008/0257060-0) RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMONRECORRENTE : JÂNIO DA SILVA QUADROS - ESPÓLIOREPR. POR : DIRCE MARIA DO VALLE QUADROS - INVENTARIANTEADVOGADO : MARCELO SEGAT E OUTRO(S)RECORRENTE : NELSON GUERRA JÚNIOR ADVOGADO : WIVALDO ROBERTO MALHEIROS E OUTRO(S)RECORRIDO : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO PROCURADOR : DENIZE S OKABAYASHI GARCIA E OUTRO(S)

VOTO

A EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON (Relatora): – Temos, na

origem, ação ordinária de indenização ajuizada pelo Município de São Paulo contra o espólio

de Jânio da Silva Quadros e Nelson Guerra Junior, objetivando o ressarcimento do erário do

valor que deveria ser recolhido a título de preço público, pela cessão gratuita do Estádio

"Paulo Machado de Carvalho" - o Estádio do Pacaembu, para realização de show da cantora

Tina Turner, em janeiro de 1988.

O Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a sentença que julgou

procedente a ação e condenou os réus, solidariamente, ao pagamento de R$ 185.685,40 (cento

e oitenta e cinco mil, seiscentos e oitenta e cinco reais e quarenta centavos), acrescido de

correção monetária desde maio de 2001 e juros de mora a partir do evento danoso.

A sentença e o acórdão chancelaram o ato administrativo de cobrança, por

força do Decreto nº 24.853, de 28/10/1987, desprezando a argumentação do Espólio.

No juízo de conhecimento não se pode ultrapassar o óbice procedimental

quanta ao recurso de NELSON GUERRA JÚNIOR. Primeiro porque embora indique o

recorrente a interposição do recurso especial com respaldo na alínea "c" do permissivo

constitucional (fl. 322), nas razões não ha qualquer menção à suposta divergência

jurisprudencial a embasar os argumentos do particular.

Ainda que se considere como erro material e seja apreciado o apelo nobre pela

alínea "a", não há no recurso a indicação da legislação federal que se disse contrariada, sendo

de se aplicar a Súmula 284/STF.

Os demais dispositivos legais indicados como violados são decretos

municipais que ficam à margem de exame via recursos especiais, os quais não alcançam leis

locais, incidindo por analogia a Súmula 280/STF.

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Sobre a questão da ilegitimidade do recorrente para figurar no pólo passivo da

ação de origem, decidiu o Tribunal com base na prova dos autos, vedada a revisão por óbice

da Súmula 7/STJ.

Quanto ao recurso especial do Espólio de Jânio da Silva Quadros, entendo,

diferentemente, que merece ser conhecido pela alínea "a" do permissivo constitucional, na

medida em que entende o recorrente violados os arts. 1°, § 2°; e 4° do Decreto-lei 201, de 27

de fevereiro de 1967.

Verificando a argumentação constante do acórdão que, de forma clara deixou

consignado:

"O falecido, na qualidade de Prefeito Municipal, estava sujeito às normas constantes do Decreto-Lei n° 201, de 1967, sendo que há distinção entre as responsabilidades criminais, administrativas e civis, e que a eventual condenação não excluiu o dever de reparação civil do dano causado ao patrimônio público (art.1º, 2° e art. 4°).

A independência das responsabilidades não impede que o Administrador Público venha ser responsabilizado a ressarcir os cofres públicos, não obstante o julgamento da Câmara Municipal quanta a pratica de eventual infração político administrativa. " (fl. 318)".

A razão está com a sentença, na medida em que não se imputou ao então

prefeito crime de responsabilidade e sim responsabilidade administrativa pelo cometimento

de falta na outorga de bem público gratuito. Assim sendo, considero correta a fundamentação

do aresto recorrido, na forma acima transcrita.

Aberta a via do conhecimento do recurso, é possível conhecer do segundo

fundamento constante do recurso especial, embora não prequestionado nas instâncias

ordinárias: a prescrição.

Como se trata de matéria de ordem pública, aberta a via ordinária passo a

examinar a questão prescricional, a qual também alcança o litisconsorte, condenado

solidariamente com o ex-prefeito.

O fato ocorreu nos dias 8, 9 e 10 de novembro de 1987, quando ocorreram as

apresentações no espaço de propriedade do município, sendo o despacho concessivo de

utilização do estádio de data posterior, 18 de novembro de 1987.

A ação presente, com a qual pretende o Município imputar aos réus a

responsabilidade pela cessão do estádio, só foi ajuizada em 07 de maio de 2001, passados

quase quatorze anos, quando ultrapassado o prazo prescricional de cinco anos. Ademais, o

que e mais grave, é que o ajuizamento da ação deu-se nove anos depois da morte de um dos

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réus, eis que falecido Jânio da Silva Quadros em fevereiro de 1992. Daí ter sido chamado

para responder pelo pseudo débito o espólio.

Esclareça-se que esta Corte tem entendimento, já firmado na Segunda Turma,

quanta a imprescritibilidade da ação de ressarcimento ao erário, mesmo quando decorre a

imposição sancionatória da Lei de Improbidade Administrativa - Lei n° 8.429/92, aplicada

nesse ponto (ressarcimento ao erário), por força da Constituição de 1988 que, de forma clara,

estabelece no art. 37, § 5°:

Art. 37. A administração publica direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecera aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e, também, ao seguinte

(...)Parágrafo 5°. A lei estabelecera os prazos de prescrição para ilícitos

praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

Sobre o dispositivo, faço algumas colocações de ordem doutrinária. Uadi

Lammêgo Bulos, comentando o dispositivo afirma:

"Esse dispositivo prevê duas situações distintas: uma relativa à sanção pelo ato ilícito, outra relacionada à reparação do prejuízo. No primeiro aspecto, fica a lei ordinária encarregada de fixar os prazos prescricionais; no segundo, garantiu-se a imprescritibilidade das ações (...)" (Constituição Federal Anotada. 7. ed. São Paulo: Saraiva: 2007. P. 680).

No mesmo sentido o entendimento de Celso Antônio Bandeira de Mello:

"(...) a ação civil por responsabilidade do servidor, em razão de danos causados ao erário em conseqüência de comportamento ilícito, é imprescritível (art. 37, § 5°, da Constituição Federal)." (Curso de Direito Administrativo. 23. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. P. 312).

Nesse diapasão colaciono precedentes desta Corte que aplicaram o

entendimento:

ADMINISTRATIVO - AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - SANÇÕES APLICÁVEIS - RESSARCIMENTO DE DANO AO ERÁRIO PÚBLICO - PRESCRIÇÃO.

1. As punições dos agentes públicos, nestes abrangidos o servidor público e o particular, por cometimento de ato de improbidade administrativa estão sujeitas à prescrição quinquenal (art.23 da Lei nº. 8.429/92).

2. Diferentemente, a ação de ressarcimento dos prejuízos causados ao erário é imprescritível (art. 37, § 5º, da Constituição).

3. Recurso especial conhecido e provido.

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(REsp 1067561/AM, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/02/2009, DJe 27/02/2009)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REPARAÇÃO DE DANO AO ERÁRIO. PRESCRIÇÃO. NÃO-OCORRÊNCIA.

1. Hipótese em que o Ministério Público Estadual busca, na Ação Civil Pública, a decretação de nulidade de contrato de cessão e traspasse do domínio útil de lotes localizados no Balneário do Cassino, no município do Rio Grande/RS, celebrado entre a Administração Municipal e a empresa ora recorrente, bem como a reparação dos danos causados ao erário público.

2. A pretensão de ressarcimento por prejuízo causado ao Erário é imprescritível.

3. Recurso Especial não provido.(REsp 631.679/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/11/2008, DJe 09/03/2009)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RESSARCIMENTO DE DANOS AO PATRIMÔNIO PÚBLICO. IMPRESCRITIBILIDADE.

I - A ação de ressarcimento de danos ao erário não se submete a qualquer prazo prescricional, sendo, portanto, imprescritível. (REsp 810785/SP, Rel. MIn. FRANCISCO FALCÃO, DJ 25.05.2006 p. 184).

II - Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido.(REsp 705.715/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/10/2007, DJe 14/05/2008)

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE. DANO AO ERÁRIO. LICITAÇÃO. ECONOMIA MISTA. RESPONSABILIDADE.

1. O Ministério Público é parte legítima para propor Ação Civil Pública visando resguardar a integridade do patrimônio público (sociedade de economia mista) atingido por contratos de efeitos financeiros firmados sem licitação. Precedentes.

(...)5. Adequação de Ação Civil Pública para resguardar o patrimônio público,

sem afastamento da ação popular. Objetivos diferentes.6. É imprescritível a Ação Civil Pública visando a recomposição do

patrimônio público (art. 37, § 5º, CF/88).7. Inexistência, no caso, de cerceamento de defesa. Causa madura para que

recebesse julgamento antecipado, haja vista que todos os fatos necessários ao seu julgamento estavam, por via documental, depositados nos autos.

8. O fato de o Tribunal de Contas ter apreciado os contratos administrativos não impede o exame dos mesmos em Sede de Ação Civil Pública pelo Poder Judiciário.

9. Contratações celebradas e respectivos aditivos que não se enquadram no conceito de notória especialização, nem no do serviço a ser prestado ter caráter singular. Contorno da exigência de licitação inadmissível. Ofensa aos princípios norteadores da atuação da Administração Pública.

10. Atos administrativos declarados nulos por serem lesivos ao patrimônio público. Ressarcimento devido pelos causadores do dano.

11. Recurso do Ministério Público provido, com o reconhecimento de sua legitimidade.

12. Recursos das partes demandadas conhecidos parcialmente e, na parte conhecida, improvidos.(REsp 403153/SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 09/09/2003, DJ 20/10/2003 p. 181)

Deflui-se, ainda, do julgado abaixo transcrito, que a Suprema Corte já emitiu

juízo de valor acerca da imprescritibilidade da ação de ressarcimento por prejuízo causado ao Documento: 895669 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 02/02/2011 Página 8 de 24

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erário:

MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. BOLSISTA DO CNPq. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE RETORNAR AO PAÍS APÓS TÉRMINO DA CONCESSÃO DE BOLSA PARA ESTUDO NO EXTERIOR. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA.

I - O beneficiário de bolsa de estudos no exterior patrocinada pelo Poder Público, não pode alegar desconhecimento de obrigação constante no contrato por ele subscrito e nas normas do órgão provedor.

II - Precedente: MS 24.519, Rel. Min. Eros Grau. III - Incidência, na espécie, do disposto no art. 37, § 5º, da Constituição

Federal, no tocante à alegada prescrição. IV - Segurança denegada.(STF 26.210/DF, Rel. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI, PLENO,

DJ 10/10/2008, p. 170)

Como se pode verificar, em todos os precedentes a cobrança derivou de

imposição por ato ilícito ou cobrança de obrigação não cumprida, como deixou claro o

Professor Uadi Larnmego Bulos ao se referir a duas situações distintas: sanção ou reparação.

Na sanção é preciso que se instaure o devido processo legal para que se possa

impor a penalidade. Na reparação de um prejuízo é preciso que se tenha a apuração da

ocorrência, após o devido processo legal, ou derive a reparação de uma obrigação pré-

estabelecida.

Ora, na hipótese dos autos temos situação singular, porque sem a oitiva dos

envolvidos, sem a instauração de processo algum, sem qualquer explicação, chega-se

unilateralmente a valores estimados e, a partir daí, impõe-se uma estranha obrigação de pagar

a um morto, transferindo-a para seu espólio e a um Secretário que, sem ter sido ouvido em

momento algum, vem a ser condenado solidariamente.

Compreendo que não se pode chamar esta ação de ação de reparação por dano

ao erário. Trata-se de uma ação de cobrança e, como tal, deve ser examinada dentro dos seus

contornos próprios.

Entendo, pelas considerações acima, que não se aplica a espécie dos autos o

entendimento de que se trata de ação imprescritível, porque a cobrança aqui feita foge

inteiramente dos contornos das duas espécies consagradas na Carta Maior.

Com essas considerações, não conheço do recurso especial interposto por

NELSON GUERRA JUNIOR, conheço do recurso especial do ESPÓLIO DE JÂNIO DA

SILVA QUADROS para, refutando a alegada violação dos arts. do Decreto-lei n. 201/67,

acolher a prescrição da ação de cobrança, pelas razões constantes deste voto. Estendo os Documento: 895669 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 02/02/2011 Página 9 de 24

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efeitos da prescrição ao litisconsorte cujo recurso não foi conhecido.

Em conclusão, não conheço o recurso especial de NELSON GUERRA

JUNIOR e conheço do recurso do ESPÓLIO DE JÂNIO DA SILVA QUADROS, para lhe

dar provimento.

É o voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA

Número Registro: 2008/0257060-0 REsp 1105059 / SP

Números Origem: 115782001 200800582790 40208850 4020885000

PAUTA: 23/03/2010 JULGADO: 23/03/2010

RelatoraExma. Sra. Ministra ELIANA CALMON

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS

Subprocuradora-Geral da RepúblicaExma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS

SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : JÂNIO DA SILVA QUADROS - ESPÓLIOREPR. POR : DIRCE MARIA DO VALLE QUADROS - INVENTARIANTEADVOGADO : MARCELO SEGAT E OUTRO(S)RECORRENTE : NELSON GUERRA JÚNIORADVOGADO : WIVALDO ROBERTO MALHEIROS E OUTRO(S)RECORRIDO : MUNICÍPIO DE SÃO PAULOPROCURADOR : DENIZE S OKABAYASHI GARCIA E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO

SUSTENTAÇÃO ORAL

Dr(a). EDSON VIDIGAL, pela parte RECORRENTE: JÂNIO DA SILVA QUADROS

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"Após o voto da Sra. Ministra Eliana Calmon, não conhecendo do recurso de Nelson Guerra Júnior e dando provimento ao recurso do espólio de Jânio da Silva Quadros, pediu vista dos autos, antecipadamente, o Sr. Ministro Herman Benjamin."

Aguardam os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins e Mauro Campbell Marques.

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Brasília, 23 de março de 2010

VALÉRIA ALVIM DUSISecretária

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.105.059 - SP (2008/0257060-0)

RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMONRECORRENTE : JÂNIO DA SILVA QUADROS - ESPÓLIOREPR. POR : DIRCE MARIA DO VALLE QUADROS - INVENTARIANTEADVOGADO : MARCELO SEGAT E OUTRO(S)RECORRENTE : NELSON GUERRA JÚNIOR ADVOGADO : WIVALDO ROBERTO MALHEIROS E OUTRO(S)RECORRIDO : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO PROCURADOR : DENIZE S OKABAYASHI GARCIA E OUTRO(S)

VOTO-VISTA

O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Adoto

integralmente o relatório esposado pela eminente Relatora. Peço vênia para

transcrevê-lo:

O presente recurso especial tem origem em ação de indenização movida pelo Município de São Paulo contra o Espólio de JÂNIO DA SILVA QUADROS, representado por sua inventariante, DIRCE MARIA DO VALLE QUADROS e contra NELSON GUERRA JÚNIOR, ex-secretário de Governo, quando era prefeito do Município o falecido Jânio Quadros.

Objetiva a municipalidade ressarcimento por ter o prefeito autorizado a cessão gratuita do Estádio Paulo Machado de Carvalho, Pacaembú, nos dias 8, 9 e 10 de janeiro de 1988, para que a Poladian Promoções Publicitárias Ltda. ali realizasse show da cantora Tina Turner.

A sentença de primeiro grau julgou procedente a ação e condenou os réus, solidariamente, a pagar indenização de R$ 185.685,40 (cento e oitenta e cinco mil, seiscentos e oitenta e cinco reais e quarenta centavos - fls.232/236).

Houve apelação e o Tribunal de Justiça de São Paulo negou provimento a ambos os recursos, deixando consignado os fundamentos do julgado na ementa seguinte:

INDENIZAÇÃO – O DECRETO MUNICIPAL Nº 23.863/87 PREVIA O PAGAMENTO DE PREÇO PÚBLICO PELA CESSÃO DO BEM PÚBLICO – DISPENSA DE PAGAMENTO – INADMISSIBILIDADE – SECRETÁRIO MUNICIPAL QUE AUTORIZA O USO SEM O PAGAMENTO DE PREÇO PÚBLICO – DEVER DE INDENIZAR DE FORMA SOLIDÁRIA COM O PREFEITO MUNICIPAL – INDENIZAÇÃO DEVIDA AOS COFRES PÚBLICOS PELOS VALORES CONSTANTES DA TABELA

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ANEXA AO DECRETO – RECURSOS IMPROVIDOS.

Irresignados recorrem ambos os réus. Nelson Guerra Junior afirma ser parte ilegítima para figurar no pólo passivo da demanda, por ter agido em cumprimento a ordem emanada do então Prefeito Jânio Quadros.

Afirma que a cessão gratuita do estádio pelo prefeito respaldou-se no Decreto 24.853, de 28 de outubro de 1.987, vigente à época, o qual revogou diploma anterior, o Decreto 23.863, de 20 de maio de 1.987.

Assim sendo, concluiu que não poderia o decreto revogado servir de base para a impugnação da cessão (fl. 336).

O espólio sustenta o não cabimento de ação de indenização por ausência de condenação em crime de responsabilidade ou improbidade administrativa, pela ausência de pronunciamento da Câmara de Vereadores, necessário nas infrações político-administrativa nos termos do DL 201/67 e pela incidência da prescrição, como previsto na Lei 8.952/94

Com contra-razões às fls. 351-353, subiram os autos a esta Corte, por força de decisão em agravo de instrumento (fls. 397 e 406).

O dispositivo do voto da eminente Relatora assim foi proferido:

Com essas considerações, não conheço do recurso especial interposto por NELSON GUERRA JUNIOR, conheço do recurso especial do ESPÓLIO DE JÂNIO DA SILVA QUADROS para, refutando a alegada violação dos arts. do Decreto-lei n. 201/67, acolher a prescrição da ação de cobrança, pelas razões constantes deste voto. Estendo os efeitos da prescrição ao litisconsorte cujo recurso não foi conhecido.

Feita essa observação inicial, passo ao meu Voto.

1. Preliminares de não-conhecimento dos Recursos Especiais

Inicialmente, com relação à alegada violação da legislação estadual

(Decretos 24.853/87 e 23.863/87), registre-se que sua análise é obstada em Recurso

Especial, por analogia, nos termos da Súmula 280/STF: "Por ofensa a direito local não

cabe Recurso Extraordinário."

Nesse sentido:

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PROCESSUAL CIVIL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. APLICAÇÃO DAS SÚMULAS 282 E 356/STF. OFENSA AO ARTIGO 535 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. OMISSÃO MANIFESTA. AUSÊNCIA. CONCLUSÃO LÓGICO-SISTEMÁTICA DO DECISUM. PRECEDENTES. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. LEI LOCAL. SÚMULA 280/STF. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. (...) O manejo do recurso especial reclama violação ao texto infraconstitucional federal, sendo defeso ao Superior Tribunal de Justiça reexaminar a aplicação de legislação local, a teor do verbete Sumular 280/STF (...). (AgRg no Ag 715.367/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 21/02/2006, DJ 13/03/2006 p. 361).

2. Natureza da demanda: ação de ressarcimento (= indenização por

danos causados ao Erário)

No mérito, a eminente Ministra Relatora entende que incide a prescrição,

in casu , nos seguintes termos (grifei):

O fato ocorreu nos dias 8, 9 e 10 de novembro de 1987, quando ocorreram as apresentações no espaço de propriedade do município, sendo o despacho concessivo de utilização do estádio de data posterior, 18 de novembro de 1987.

A ação presente, com a qual pretende o Município imputar aos réus a responsabilidade pela cessão do estádio, só foi ajuizada em 07 de maio de 2001, passados quase quatorze anos, quando ultrapassado o prazo prescricional de cinco anos.

Na sanção é preciso que se instaure o devido processo legal para que se possa impor a penalidade. Na reparação de um prejuízo é preciso que se tenha a apuração da ocorrência, após o devido processo legal, ou derive a reparação de uma obrigação pré- estabelecida.

Ora, na hipótese dos autos temos situação singular, porque sem a oitiva dos envolvidos, sem a instauração de processo algum, sem qualquer explicação, chega-se unilateralmente a valores estimados e, a partir daí, impõe-se uma estranha obrigação de pagar a um morto, transferindo-a para seu espólio e a um Secretário que, sem ter sido ouvido em momento algum, vem a ser condenado solidariamente.

Compreendo que não se pode chamar esta ação de ação de reparação por dano ao erário. Trata-se de uma ação de cobrança e, como tal, deve ser examinada dentro dos seus contornos próprios .

Com a devida venia à sempre costumeira sofisticação terminológica que

a eminente Ministra Eliana Calmon emprega em seus laboriosos votos, a ação ajuizada

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pela Procuradoria do Município de São Paulo é, em seu substrato, uma ação de

ressarcimento ao Erário.

Confesso que, quando ouvi atentamente e reli o minucioso voto de Sua

Excelência, pesquisei precedentes desta Corte Superior para averiguar a distinção

terminológica empregada.

Contudo, os termos "ação de cobrança" e "ação de ressarcimento ao

erário" são utilizados, no STJ, como sinônimos em quase todos os votos e decisões

monocráticas nos quais aparecem.

Apenas para ilustrar, confiram-se as mais recentes decisões

monocráticas: Rcl 3.691, Ministro Luis Felipe Salomão, DJ de 1º.7.2010; Ag

1.214.232, Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de 24.5.2010; REsp 1.187.436,

Ministro Castro Meira, DJ de 18.5.2010; REsp 880.232, Ministra Nancy Andrighi, DJ

de 25.3.2010.

O único precedente encontrado no banco de dados, no qual a distinção

terminológica é empregada, como sugere a eminente Relatora, é justamente a decisão

monocrática na MC 16.353, de relatoria de Sua Excelência. Peço permissão para

transcrevê-la:

Trata-se de medida cautelar, com pedido de liminar, requerida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, contra ITASOLO EMPREENDIMENTOS LTDA e LUIZ SÉRGIO DOS SANTOS SOUZA, objetivando atribuir efeito suspensivo a recurso especial interposto e admitido no Tribunal de origem, ainda em trânsito para esta Corte.

Alega o requerente ter proposto Ação Civil Pública contra os requeridos, buscando o ressarcimento ao erário de valores recebidos a título de precatórios judiciais, concedidos por meio de ação de cobrança ajuizada contra o Município de Cabo Frio, pelo não-pagamento de serviços prestados (pavimentação de rua), atestados pelo servidor da prefeitura, Luiz Sérgio.

O Parquet manifestou-se contrário ao pagamento, argumentando ter havido conluio entre o Município e a empresa, porque os serviços jamais foram prestados, tendo o Tribunal de Contas atestado a falsidade das declarações da execução.

Entretanto, foi o processo julgado extinto, sem resolução do mérito, por já ter transcorrido o prazo para a ação rescisória, não podendo haver ataque à coisa julgada.

Houve apelação, mas o Tribunal confirmou a sentença, chancelando a decisão do Juízo de Primeiro Grau, abrindo a via do recurso especial que restou admitido.

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Sustenta estar presente o interesse público, ante a possibilidade de dano ao erário, uma vez que a ação de ressarcimento não se submete a prazo prescricional, podendo ser desconstituída a base fática da sentença pela via da ação civil pública. Assevera que o risco de ineficácia da decisão é iminente, na medida em que, caso seja determinado o processamento da ação de cobrança e executado o Município de Cabo Frio, a ação ministerial restará esvaziada, ocorrendo manifesto prejuízo ao erário. Entendendo presentes os pressupostos autorizadores da tutela de urgência, o fumus boni iuris e o periculum in mora , pede a concessão da medida liminar para atribuir efeito suspensivo ao recurso especial interposto.

DECIDO: Diante da iminência do pagamento pela Municipalidade, via

precatório, embora pendente ação civil de ressarcimento, entendo pertinente que se aguarde o desfecho final da ação ministerial, evitando a consumação fática temida pelo parquet , caso haja pagamento.

Assim sendo, CONCEDO A LIMINAR e dou ao recurso especial efeito suspensivo, paralisando a execução do julgado até o julgamento do recurso especial. (grifos nossos )

Ressalte-se que esta é a única distinção terminológica localizada na

jurisprudência desta Corte Superior, o que não modifica a conclusão de que o STJ

emprega em 99,9% dos casos os termos como sinônimos.

Por outro lado, confira-se trecho da inicial, o qual ilustra o intuito

ressarcitório de danos ao Erário (grifei):

Através do despacho publicado no Dário Oficial de 18 de novembro de 1987, o ex-Prefeito Jânio da Silva Quadros autorizou a cessão gratuita do Estádio Paulo Machado de Carvalho – Pacaembú – nos dias 8, 9 e 10 de Janeiro de 1.988 a fim de que Poladian Promoções Ltda. Ali realizasse "Show da cantora Tina Turner" (...).

Referida autorização restou ratificada pela empresa cessionária nos dias 8 e 9, sendo certo que o evento alcançou grande repercussão com ingressos esgotados e total lotação do Estádio, inclusive gramado, como atestam jornais da época (...).

Ocorre que a cessão em discussão jamais poderia ter acontecido de forma gratuita como o foi contrariando frontalmente os dispositivos que regem a matéria e ensejando prejuízo ao Erário público remediáveis através da presente demanda (fls. 02-03)

Mais esclarecimentos podem ser colhidos nos seguintes trechos da

sentença (fls. 232-236):

Na verdade, a decisão administrativa, ainda que embasada na finalidade de divulgar cantora internacionalmente conhecida e propiciar aos

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administrados acesso ao "show", mediante a venda de ingressos com valores inferiores ao de mercado, não se pautou segundo os princípios da legalidade e probidade.

Os valores cobrados dos particulares para o show não foram revertidos (nenhum percentual) aos cofres públicos, nenhum interesse público ou coletivo foi almejado, tampouco concretizado (sentença - fl. 234).

E do acórdão vergastado (fls. 310-318):

Ora, o falecido, na qualidade de Prefeito Municipal, estava sujeito às normas constantes do Decreto-Lei nº 201, de 1967, sendo que há distinção entre a responsabilidade criminal, administrativa e cível, e que a eventual condenação não exclui o dever de reparação civil do dano causado ao patrimônio público (art. 1º, §2º, e art. 4º). (acórdão - fl. 318)

Portanto, embora a eminente Relatora empregue o termo "ação de

cobrança" no seu sentido mais apurado, tem-se que no presente caso se mostra

desnecessário fazer tal distinção, pois aqui os termos possuem equivalência e estão

relacionados à recomposição do patrimônio público municipal, denotando a

imprescritibilidade do meio empregado, independentemente do nomen juris que se

queira lhe conferir.

Superada a distinção para considerar que o caso presente envolve uma

verdadeira ação de ressarcimento ao Erário, passo ao mérito da alegada prescrição.

3. Imprescritibilidade de dano ao Erário

Conforme se depreende do art. 37, § 5°, da Constituição, o instituto da

prescrição não incide em relação às ações de ressarcimento (grifei):

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

(...) § 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento .

O dano ao Erário é prescritível ou não. Inexiste meio termo. A

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Constituição de 1988 fez uma clara opção em favor da cidadania lesada e em desfavor

dos que atacam os cofres públicos e, ao assim procederem, sangram o futuro da Nação.

Inverteu a ordem tradicional da prática judicial: a segurança jurídica agora é dos

cidadãos, no sentido de que, tarde o que tardar, a Justiça deverá se manifestar acerca

do que foi abocanhado ilegalmente. Para o ímprobo, fica a insegurança jurídica de

saber que os benefícios auferidos com ofensa aos princípios da boa-administração não

lhe proporcionarão berço esplêndido, nem tranqüilidade de espírito, sob o manto da

prescrição.

Claro, a demora, sobretudo quando medida em anos, na proposição da

ação reparatória (foram treze ou catorze neste caso), causa desconforto no juiz, quando

não revolta com a morosidade da Administração em cobrar aquilo que, segundo seu

pensamento, foi subtraído, indevidamente, dos cofres públicos, por comportamento

ativo ou passivo de pessoas, em especial as que são pagas para por eles zelarem.

O retardamento pode e deve merecer o repúdio dos juízes e cidadãos,

mas não a ponto de, em seu nome, justificar o enfraquecimento, ou mesmo o

afastamento, da garantia social da imprescritibilidade do dano ao patrimônio público.

O Administrador que, sem justa causa, leva anos para cobrar dívida de ímprobo,

pratica séria desobediência ao espírito, se não ao corpo, da lei. Merece severa

repreensão e punição. Contudo, ir além disso e, direta ou indiretamente, afastar a

imprescritibilidade da dano público é punir duplamente a sociedade, que deixa de ser

ressarcida e ainda paga pela desídia dos seus Administradores.

Sem falar que a demora é, em si mesma, abrigada pelo Direito, como aí

exemplificam os longos prazos prescricionais para as ações pessoais (vinte anos, até

poucos anos atrás) movidas contra o Estado. Ora, se a propositura da ação pouco antes

do prazo de vinte anos, na sistemática do Código Civil revogado (art. 177), não

causaria estranheza ao juiz da demanda, com muito maior razão não se deve ao mesmo

motivo dar maior amplitude ou sentimento de repreensão quando a ação é considerada

imprescritível! O fato de ser o Estado o autor modificaria a valoração temporal que se

faz entre o tempo dos acontecimentos e o tempo da ação?

Celso Antônio Bandeira de Mello leciona que "...a ação civil por Documento: 895669 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 02/02/2011 Página 1 9 de 24

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responsabilidade do servidor, em razão de danos causados ao erário em conseqüência

de comportamento ilícito, é imprescritível (art. 37, § 5°, da Constituição Federal)."

(Curso de Direito Administrativo , 23a. ed., São Paulo, Malheiros, 2008, p. 312).

Uadi Lammêgo Bulos, em comentários ao dispositivo acima

mencionado, enuncia que ele "prevê duas situações distintas: uma relativa à sanção

pelo ato ilícito, outra relacionada à reparação do prejuízo. No primeiro aspecto, fica a

lei ordinária encarregada de fixar os prazos prescricionais; no segundo, garantiu-se a

imprescritibilidade das ações ..." (Constituição Federal Anotada , 7a. ed, São Paulo,

Saraiva, 2007, p. 680, grifei).

Nesse diapasão, colaciono precedentes desta Corte que aplicaram o

entendimento de ser imprescritível a ação de ressarcimento por prejuízo causado ao

Erário:

ADMINISTRATIVO - AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - SANÇÕES APLICÁVEIS - RESSARCIMENTO DE DANO AO ERÁRIO PÚBLICO - PRESCRIÇÃO.

1. As punições dos agentes públicos, nestes abrangidos o servidor público e o particular, por cometimento de ato de improbidade administrativa estão sujeitas à prescrição quinquenal (art. 23 da Lei nº. 8.429/92).

2. Diferentemente, a ação de ressarcimento dos prejuízos causados ao erário é imprescritível (art. 37, § 5º, da Constituição).

3. Recurso especial conhecido e provido.(REsp 1067561/AM, Rel. Ministra ELIANA CALMON,

SEGUNDA TURMA, julgado em 05/02/2009, DJe 27/02/2009)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REPARAÇÃO DE DANO AO ERÁRIO. PRESCRIÇÃO. NÃO-OCORRÊNCIA.

1. Hipótese em que o Ministério Público Estadual busca, na Ação Civil Pública, a decretação de nulidade de contrato de cessão e traspasse do domínio útil de lotes localizados no Balneário do Cassino, no município do Rio Grande/RS, celebrado entre a Administração Municipal e a empresa ora recorrente, bem como a reparação dos danos causados ao erário público.

2. A pretensão de ressarcimento por prejuízo causado ao Erário é imprescritível.

3. Recurso Especial não provido.(REsp 631.679/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,

SEGUNDA TURMA, julgado em 11/11/2008, DJe 09/03/2009)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL

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PÚBLICA. RESSARCIMENTO DE DANOS AO PATRIMÔNIO PÚBLICO. IMPRESCRITIBILIDADE.

I - A ação de ressarcimento de danos ao erário não se submete a qualquer prazo prescricional, sendo, portanto, imprescritível. (REsp 810785/SP, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ 25.05.2006 p. 184).

II - Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido.

(REsp 705.715/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/10/2007, DJe 14/05/2008)

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE. DANO AO ERÁRIO. LICITAÇÃO. ECONOMIA MISTA. RESPONSABILIDADE.

1. O Ministério Público é parte legítima para propor Ação Civil Pública visando resguardar a integridade do patrimônio público (sociedade de economia mista) atingido por contratos de efeitos financeiros firmados sem licitação. Precedentes.

(...) 5. Adequação de Ação Civil Pública para resguardar o patrimônio público, sem afastamento da ação popular. Objetivos diferentes.

6. É imprescritível a Ação Civil Pública visando a recomposição do patrimônio público (art. 37, § 5º, CF/88).

7. Inexistência, no caso, de cerceamento de defesa. Causa madura para que recebesse julgamento antecipado, haja vista que todos os fatos necessários ao seu julgamento estavam, por via documental, depositados nos autos.

8. O fato de o Tribunal de Contas ter apreciado os contratos administrativos não impede o exame dos mesmos em Sede de Ação Civil Pública pelo Poder Judiciário.

9. Contratações celebradas e respectivos aditivos que não se enquadram no conceito de notória especialização, nem no do serviço a ser prestado ter caráter singular. Contorno da exigência de licitação inadmissível. Ofensa aos princípios norteadores da atuação da Administração Pública.

10. Atos administrativos declarados nulos por serem lesivos ao patrimônio público. Ressarcimento devido pelos causadores do dano.

11. Recurso do Ministério Público provido, com o reconhecimento de sua legitimidade.

12. Recursos das partes demandadas conhecidos parcialmente e, na parte conhecida, improvidos.

(REsp 403153/SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 09/09/2003, DJ 20/10/2003 p. 181)

Deflui, ainda, do julgado abaixo transcrito que a Suprema Corte já emitiu

juízo de valor acerca da imprescritibilidade da ação de ressarcimento por prejuízo

causado ao Erário:

MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS

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DA UNIÃO. BOLSISTA DO CNPq. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE RETORNAR AO PAÍS APÓS TÉRMINO DA CONCESSÃO DE BOLSA PARA ESTUDO NO EXTERIOR. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA.

I - O beneficiário de bolsa de estudos no exterior patrocinada pelo Poder Público, não pode alegar desconhecimento de obrigação constante no contrato por ele subscrito e nas normas do órgão provedor.

II - Precedente: MS 24.519, Rel. Min. Eros Grau. III - Incidência, na espécie, do disposto no art. 37, § 5º, da

Constituição Federal, no tocante à alegada prescrição. IV - Segurança denegada.(STF 26.210/DF, Rel. MINISTRO RICARDO

LEWANDOWSKI, PLENO, DJ 10/10/2008, p. 170)

Finalmente, não me impressiona, juridicamente, o apelo do Professor

Edson Vidigal, ex-integrante desta Corte a quem tive a honra de suceder, poeta de

escol, quando afirma que "Jânio Quadros nem depois de morto mereceu o sossego da

parte dos seus adversários" (Memoriais). Ora, no Direito, os mortos falam (testamento

e contratos) e respondem, financeiramente, pelos seus atos, por meio de seus

sucessores. Nem o juiz de Primeira Instância, nem o Tribunal de Justiça de São Paulo,

nas suas bem fundamentadas decisões, precisaram usar de técnicas tão

constrangedoras, como as aceitáveis no Direito de Família, em investigação de

paternidade. Bastou-lhes o exame de atos administrativos, no cotejo com as exigências

legais.

E, demorados dez anos, a Constituição de 1988 fez uma clara opção em

favor da cidadania lesada, mas em desfavor dos que atacam os cofres públicos. Ao

assim proceder, inverteu a ordem tradicional da prática judicial. A segurança jurídica

agora é dos cidadãos, no sentido de que, tarde o que tardar, a Justiça deverá se

manifestar acerca do que foi abocanhado ilegalmente.

Contudo, embora todo o raciocínio supra tenha sido desenvolvido para

afastar a fundamentação da eminente Relatora, verifica-se que os fatos ocorreram

antes da vigência da Constituição de 1988, o que impede a aplicação da regra da

imprescritibilidade. Apesar do esmero e do cuidado na elaboração deste pedido de

vista, apenas agora pude constatar que os fatos se reportam ao período compreendido

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entre 8 e 10 de janeiro de 1988. Tendo sido a Constituição promulgada em 5 de

outubro de 1988, a fundamentação da imprescritibilidade, que, de certa maneira, me

preocupou, não tem aplicação ao caso.

Portanto, acompanho a eminente Relatora, embora por outros

fundamentos. Meu voto é pelo provimento do Recurso Especial do espólio de Jânio

da Silva Quadros e pelo não-conhecimento do Recurso Especial de Nelson Guerra

Júnior.

É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA

Número Registro: 2008/0257060-0 REsp 1.105.059 / SP

Números Origem: 115782001 200800582790 40208850 4020885000

PAUTA: 19/08/2010 JULGADO: 24/08/2010

RelatoraExma. Sra. Ministra ELIANA CALMON

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS

Subprocuradora-Geral da RepúblicaExma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS

SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : JÂNIO DA SILVA QUADROS - ESPÓLIOREPR. POR : DIRCE MARIA DO VALLE QUADROS - INVENTARIANTEADVOGADO : MARCELO SEGAT E OUTRO(S)RECORRENTE : NELSON GUERRA JÚNIORADVOGADO : WIVALDO ROBERTO MALHEIROS E OUTRO(S)RECORRIDO : MUNICÍPIO DE SÃO PAULOPROCURADOR : DENIZE S OKABAYASHI GARCIA E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Herman Benjamin, acompanhando a Sra. Ministra Eliana Calmon, por outros fundamentos, a Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso de Nelson Guerra Júnior e deu provimento ao recurso do espólio de Jânio da Silva Quadros, nos termos do voto da Sra. Ministra-Relatora."

Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins, Herman Benjamin (voto-vista) e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Brasília, 24 de agosto de 2010

VALÉRIA ALVIM DUSISecretária

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