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Departamento de
GEOLOGIA
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Departamento de Geologia da FCUL
CeGUL, CREMINER LA/ISRLATTEX LA/IDL
Recursos
A caminho de um uso sustentável
Conferência
Recursos minerais do futuro
Fernando BarrigaDpartamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, CREMINER LA/ISR e Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa.
18 de Junho, 17h00, sala 3.2.15GeoFCUL. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Cidade Universitária.
Recursos minerais do futuro
Fernando Barriga*Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, CREMINER LA/ISR e Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa.
Os recursos minerais estão em alta, não só, mas em grande parte, porque a procura aumenta a olhos vistos. À medida que o nível de
vida (e de consumo) sobe para níveis aceitáveis na China, no Brasil, na Índia e em muitos outros países até há pouco fracos consumidores,
torna-se óbvio que os recursos minerais, quase todos não renováveis à escala a que os utilizamos, se tornam mais escassos. Contudo, esta
situação reflecte um considerável aumento de justiça social no mundo, pelo que deve ser considerada desejável. A conservação de recursos
e a reciclagem vão continuar na ordem do dia, e serão ferramentas cada vez mais necessárias num futuro que se avizinha a passos largos,
com oito mil milhões de seres humanos exigindo uma vida decente em meados do século XXI.
O aumento da procura tem vários efeitos positivos, conduzindo ao aumento do número de explorações de recursos minerais, do
emprego e, de forma geral, ao desenvolvimento. Não faltarão oportunidades, num mundo em que a prospecção mineral vai aumentar, para
novas e mais arrojadas pesquisas, em situações cada vez mais remotas, à medida que ficam prospectadas as regiões mais acessíveis, quer
em distância quer em profundidade. Os jovens geólogos têm à sua frente um futuro cheio de trabalho apaixonante, correndo mundo e
trabalhando nos locais mais improváveis, muitos deles fascinantes.
É quase um lugar comum, mas é inescapável que grande parte dos recursos minerais do futuro passarão a vir dos fundos oceânicos.
Serão extraídos quer recursos erodidos dos continentes quer recursos gerados nos fundos, como os jazigos de sulfuretos maciços. Impõe-se
transformar em modelos de prospecção mineral o conhecimento já considerável que se tem acumulado acerca da crosta oceânica.
Em última análise, o fornecimento de recursos naturais do subsolo depende da quantidade de energia disponível para os extrair, se
necessário de materiais onde se encontrem menos concentrados, ou sob formas menos favoráveis. Para a maioria dos recursos minerais, o
problema não é a quantidade existente na crosta terrestre, mas sim a energia necessária para os produzir a partir de materiais geológicos onde
eles existem em baixos teores. Cite-se o caso do cobre: naquilo a que actualmente chamamos minérios, este metal ocorre sobretudo em
sulfuretos, e em teores superiores a 0,5% Cu (ou 5000 ppm). Os basaltos constituem o principal reservatório crustal de cobre, mas o teor médio
não ultrapassa as 50 ppm. O valor da energia necessária para extrair este cobre seria cerca de vinte vezes o preço actual do metal, mas o
fornecimento seria praticamente inesgotável.
A energia barata acabou. As chamadas energias verdes podem e devem ajudar, mas prevê-se que as tecnologias associadas não
serão capazes, nas próximas décadas, de fornecer energia em quantidade suficiente para substituir os combustíveis fósseis. Quanto ao tão
falado hidrogénio, é basicamente uma forma de transporte de energia, e não uma fonte energética primária. Para produzir hidrogénio é
necessária uma instalação industrial, fixa, que será alimentada por uma fonte de energia primária (hidroeléctrica, urânio, hidrocarbonetos,
etc). A grande vantagem é que, no caso de se utilizarem combustíveis fósseis, o CO produzido poderá ser sequestrado, o que não é possível a 2
partir do escape dos veículos.
A subida do preço do petróleo significa que outros recursos energéticos se tornam exploráveis, incluindo os argilitos betuminosos (oil shales) que abundam
em vários países (EUA, Austrália, Suécia, etc). As reservas exploráveis totalizam mais do dobro da totalidade do petróleo convencional. O Canadá não pára de
expandir as suas operações de produção de petróleo a partir de areias betuminosas (tar sands). As reservas deste país e as da Venezuela são
comparáveis às dos argilitos betuminosos. Mas os maiores recursos são constituídos pelos hidratos de metano que ocorrem na rampa e
vertente continentais de quase todos os continentes.
O nosso futuro, no que diz respeito a recursos minerais, parece depender de dois factores principais: a nossa capacidade de proceder à
sequestração da maior quantidade possível de CO e o desenvolvimento de tecnologias para exploração dos hidratos de metano dos 2
oceanos. Em ambos os casos a Geologia é uma das áreas-chave de conhecimento.
Barriga, F. (2008) Recursos minerais do futuro, in Mateus, A. (Coord.), Recursos: A caminho de um uso sutentável. Departamento de Geologia da FCUL, Lisboa, pp. 3-5. Acessível em http://geologia.fc.ul.pt/documents/99.pdf, consultado em [data da consulta].
* e-mail: [email protected]
Faixa Piritosa Ibérica: principal província metalogenética portuguesaJorge M.R.S. Relvas*Professor Auxiliar com agregação do GeoFCUL. Creminer - ISR-LA.
.
A dimensão e densidade de ocorrência dos depósitos de sulfuretos maciços da Faixa Piritosa
Ibérica (FPI) fazem desta uma das mais importantes províncias metalogenéticas do mundo no que se 2
refere a esta tipologia de jazigos. Os cerca de 12.500 km que esta província ocupa, no Baixo Alentejo
e Andaluzia, hospedam mais de 2.500 milhões de toneladas (Mt) de sulfuretos de metais básicos,
distribuídos por mais de 88 depósitos conhecidos. A esta elevadíssima densidade espacial acresce o
gigantismo de muitos destes jazigos (a FPI contém 22% da totalidade mundial dos depósitos de
sulfuretos maciços com mais de 32 Mt), e o facto, hoje conhecido, de que a sua formação ocorreu
num curto intervalo de tempo geológico, há cerca de 350 milhões de anos, no final dos tempos
Devónicos. No seu conjunto, os minérios da FPI contêm um volume de metais verdadeiramente
extraordinário que denuncia a elevada produtividade da actividade hidrotermal mineralizante nesta
bacia durante aquela breve janela de tempo.
Os jazigos característicos da FPI são, em geral, fortemente piríticos, com concentrações
localmente significativas de esfalerite, calcopirite e galena. O depósito-médio possui 30.1 Mt de
sulfuretos maciços com 0.85% Cu, 1.13% Zn, 0.53% Pb, 38.5 g/t Ag e 0.8% Au. Não obstante, em
alguns depósitos (e.g., Neves Corvo, Águas Tenidas; Las Cruces), os teores em cobre, zinco, prata,
ouro e, no caso de Neves Corvo, estanho, são muito superiores à média observada na província,
deixando antever a existência de variáveis sin e/ou pós-metalogenéticas que podem condicionar
fortemente a valorização económica de algumas mineralizações. A maioria dos depósitos da FPI
inclui conjuntos de duas a seis massas de sulfuretos maciços e seus stockworks. Apesar da morfologia
destas massas ser primariamente lenticular, muitas delas encontram-se fortemente tectonizadas, o
que lhes altera a geometria original e, frequentemente, as desmembra em corpos de menor
dimensão. Os padrões de alteração hidrotermal nas rochas subjacentes às mineralizações são muito
variados na sua morfologia: estratóide, em alguns casos (e.g., Tharsis), a coniforme em outros (e.g.,
Rio Tinto; Aljustrel), passando por distintas situações intermédias (e.g., Neves Corvo). As zonas de
stockwork caracterizam-se por núcleos fortemente cloríticos (±pirofilite ±donbasite) e/ou
em sílica, envolvidos por zonas de alteração sericítica extensas que, para a periferia, se enriquecem
na sua componente sódica. Com algumas excepções, as assinaturas mineralógicas, geoquímicas
e isotópicas da alteração hidrotermal associada às mineralizações denunciam condições de pH
moderadamente ácido, temperaturas de interacção fluido-rocha muito variáveis (70-400 ºC) e
associações mineralógicas típicas de baixa sulfidização. Os depósitos evidenciam significativa
diversidade quanto aos seus ambientes de deposição, incluindo precipitação em “brine pools” e
substituição, na sub-superfície, de sedimentos argilosos/carbonosos, de rochas vulcânicas coerentes
ou de rochas vulcaniclásticas.
O ambiente geotectónico que presidiu à formação dos depósitos da FPI foi responsável por
elevados gradientes geotérmicos regionais, favoráveis à circulação hidrotermal numa bacia
ensiálica de primeira ordem, fortemente segmentada em semi-grabbens e compartimentada a
várias escalas. Favoreceu igualmente a lixiviação de metais em profundidade, a geração de
reservatórios de fluidos basinais altamente salinos e com elevada capacidade de transporte
metalífero, e uma intensa actividade tectónica sin-vulcânica responsável pela focalização dos
canais de descarga. A natureza relativamente superficial do magmatismo félsico e o seu quimismo
sub-saturado em água tornam pouco provável que exsoluções significativas de fluidos aquosos de
filiação magmática tenham tido lugar a partir dos magmas “secos” que alimentaram o vulcanismo
félsico nesta província. As razões metalíferas dos minérios típicos da FPI são disso testemunho pois
correlacionam-se bastante bem com as correspondentes razões nas sequências
metasedimentares de muro, sugerindo fortemente uma derivação dos metais por processos de
lixiviação. Para além da água do mar, os fluidos envolvidos na geração dos depósitos da FPI poderão
assim incluir, designadamente, os que resultaram da desidratação metamórfica da sequência
sedimentar filito-siliciclástica subjacente ao edifício vulcano-sedimentar que hospeda as
mineralizações, e/ou água do mar modificada com longos tempos de residência naqueles
metasedimentos. Estas circunstâncias justificam a homogeneidade das razões metalíferas e das
assinaturas dos isótopos radiogénicos na generalidade dos minérios da FPI, bem como as
assinaturas pesadas ou muito negativas dos isótopos de oxigénio e de hidrogénio, respectivamente,
e as elevadas salinidades dos fluidos envolvidos, sem requerer a intervenção de águas com
qualquer outra derivação, numa clara aproximação a um modelo metalogenético híbrido entre os
que caracterizam os jazigos de sulfuretos maciços vulcanogénicos (VMS) e os seus equivalentes
exalativo-sedimentares (SEDEX).
O jazigo de Neves Corvo possui características de excepção no conjunto dos depósitos da
província onde se insere e dos seus congéneres em todo o mundo. O jazigo contém abundante
quantidade e elevadíssimos teores em estanho e a geoquímica dos seus minérios sulfuretados
contrasta com a dos restantes depósitos no que se refere, por exemplo, aos teores em cobre ou às
razões cobre/zinco característicos da província. Os dados isotópicos de chumbo, neodímio e ósmio
disponíveis indicam que o regime de fornecimento dos metais em Neves Corvo se afasta
significativamente das fontes que tipificam a sua província metalogenética. Aliados a evidências
indirectas várias, estes resultados indicam que, para além das componentes metalíferas que se
associam aos processos e reservatórios próprios dos sistemas hidrotermais característicos da FPI, os
minérios de Neves Corvo incluem outras contribuições metálicas relacionadas com fontes
profundas, provavelmente de natureza magmático-hidrotermal. Estas circunstâncias, conjugadas
com a possibilidade, já verificada em depósitos típicos da FPI, de se potenciar a exequibilidade
económica destes focalizando esforços em concentrações de metais geradas por processos de
enriquecimento tectono-metamórfico ou supergénico, ou de se incluírem entre os activos a explorar
os metais preciosos ou de interesse estratégico (e.g., In, Ge, Co, Ga), tem permitido perspectivar
novos perfis de viabilização económica para a indústria extractiva nesta província.
Desde finais da década de setenta que investigadores do GeoFCUL mantêm em
continuidade um papel activo no desenvolvimento de estudos na Faixa Piritosa Ibérica, vários destes
internacionalmente reconhecidos como constituindo importantes contribuições nas diferentes áreas
do conhecimento abordadas, do magmatismo, metamorfismo, sedimentogénese ou vulcanologia
física, à metalogenia pura ou aplicada à prospecção, e à geoquímica de superfície/reactividade
mineral e impacte ambiental.
Relvas, J.M.R.S. (2008) Faixa Piritosa Ibérica: principal província metalogenética portuguesa, in Mateus, A. (Coord.), Recursos: A caminho de um uso sutentável. Departamento de Geologia FCUL, Lisboa, pp. 6-8. Acessível em http://geologia.fc.ul.pt/documents/99.pdf, consultado em [data da consulta].
* e-mail: [email protected] ; http://geologia.fc.ul.pt/artigo.php?id_artigo=193
Recursos minerais portugueses: património natural e motor de desenvolvimentoAntónio Mateus*Professor Catedrático do GeoFCUL.
.
O desenvolvimento de qualquer comunidade biológica depende da disponibilidade e
consumo de recursos naturais, isto é das várias formas de provimento livremente oferecidas pelo
Planeta (incluindo produtos de eco-serviços). Deste consumo resultam, obrigatoriamente, impactes
ambientais diversos que, dependendo das suas características, perturbam de forma distinta os
balanços críticos que se estabelecem entre vários sistemas terrestres, acabando, mais tarde ou mais
cedo, por se tornar compatíveis com novos estádios evolutivos desses mesmos sistemas. Neste
contexto, a comunidade humana não é excepção, muito embora a Civilização por si edificada
tenha concorrido para consumos a uma escala sem precedentes, daqui emergindo impactes cuja
magnitude ainda não conhecemos na totalidade. Esta afirmação assume especial importância
quando se verifica que a maioria dos recursos naturais consumidos não são, de facto, renováveis
(porque os processos que determinaram a sua génese aconteceram num período particular da
evolução da Terra ou porque estes progridem segundo taxas de tal modo lentas que não é plausível
considerar a sua regeneração em tempo útil). Entre os recursos não renováveis, encontram-se os
geológicos, nem sempre devidamente valorizados pelas populações e frequentemente encarados
como inesgotáveis; são, no entanto, os mais explorados / transformados / utilizados, revelando-se
indispensáveis à manutenção da qualidade de vida e ao desenvolvimento da Sociedade. Tendo
em conta o padrão de crescimento manifestado pela população humana desde há várias
décadas, assim como a sua enorme dependência dos recursos geológicos, fica claro que um dos
maiores desafios / problemas actuais consiste na avaliação dos recursos indispensáveis à supressão
das necessidades de mais de 6000 milhões de seres humanos numa base sustentável (balanço
dinâmico entre imperativos económicos, sociais e ambientais).
De acordo com as características do que é provido e dos processos envolvidos na sua
formação, os recursos geológicos podem ser classificados em quatro grandes grupos: hídricos,
energéticos, minerais e solos. Considerando a organização dos temas propostos no quadro do AIPT e
a própria estrutura da presente brochura, focar-se-ão apenas alguns aspectos relacionados com os
recursos minerais (todas as provisões de matéria-prima metálica e não metálica), incluindo aqui,
necessariamente, o urânio, não obstante este ser por vezes tratado como recurso energético (já que
constitui a base do combustível nuclear). Neste âmbito, importa salientar que vivemos um período
deveras preocupante que, abalando a delicada e complexa estrutura da Sociedade
contemporânea, é marcado pela subida vertiginosa dos preços das matérias-primas,
condicionando, irremediavelmente, a sua sustentabilidade futura. As razões que fundamentam esta
subida de preços são diversas, destacando-se as que se relacionam com: (i) alterações globais
(incluindo os compromissos internacionalmente assumidos com as emissões de GEE); (ii) conflitos
sócio-políticos regionais e focos de instabilidade internacional; (iii) dificuldade em lidar com o
modelo global de produção e comércio de bens e produtos; (iv) problemas energéticos; (v)
insegurança no abastecimento; (vi) investimento especulativo; (vii) políticas monetárias e controlo da
inflação; e (viii) ofertas que tendem a posicionar-se abaixo da procura, especialmente como
resultado do crescimento por parte de economias emergentes (como a China e Índia). Este cenário,
embora parcialmente conjuntural, tem conduzido a taxas de valorização para a maioria das
matérias-primas minerais (metálicas em particular) como há muito não se registavam (20 a 40%);
durante o 1º trimestre de 2008, as cotações da onça de Pt, Au, Ag atingiram US$ 2192, US$ 953 e US$
18, respectivamente, cifrando-se em cerca de US$ 8322 para a tonelada de Cu. Como resultado
desta dinâmica, que se projecta de forma consistente para o futuro próximo, as reavaliações de
recursos identificados têm vindo a suceder-se a um ritmo impressionante, procurando aumentar
reservas e optimizar as extracções. Em muitos casos, estas actividades são acompanhadas por
incremento considerável da prospecção e pesquisa de novas ocorrências, mormente em
províncias metalogenéticas conhecidas (recursos hipotéticos), sem negligenciar os estudos
geológicos que permitam a definição de contextos favoráveis à ocorrência de recursos
especulativos. Portugal não tem sido alheio a este recrudescimento do sector mineiro, registando um
investimento recente da ordem dos 600 M€, para além dos cerca de 15 M€ anualmente aplicados
em trabalhos de prospecção e pesquisa (dados da Direcção Geral de Energia e Geologia). As
actividades em curso e planificadas para várias concessões que se estendem por largas centenas 2
de km , de Norte a Sul, embora dominadas por investimento estrangeiro (com especial destaque
para o Japão, Canadá, Suécia e Austrália), muito devem ao conhecimento geológico existente
sobre o território nacional, o qual tem permitido delimitar e valorizar as áreas com maior interesse
económico.
Fruto de uma evolução longa e complexa, o substrato geológico de Portugal apresenta
grande diversidade, sendo rico em recursos minerais de vários tipos. A exploração, transformação e
utilização destes recursos tem ocorrido de forma relativamente contínua desde épocas pré-romanas
e, ainda hoje, tem assinalável importância regional, representando pouco menos de 1% do PIB. Nos
últimos 35 anos, a actividade extractiva tem tido um peso relativo crescente na economia nacional,
acompanhando o desenvolvimento registado a partir dos anos 80 do século XX. Com efeito, até
meados dos anos 80, a produção foi dominada por materiais de construção, com relevo para as
rochas ornamentais (mármores e granitos), seguindo-se a produção de metais não ferrosos, pirite
(enxofre) e carvão. Esta produção traduzia o carácter subeconómico da maioria dos recursos
metálicos identificados até ao momento: em 1988, mais de 80% das exportações (»187 M€, valor
não corrigido relativamente à inflação) correspondiam a rochas ornamentais, o restante repartindo-
se quase exclusivamente por W e U, e quantidades menores de Au e Ag. Com o início da exploração
de Neves-Corvo em 1989, o panorama alterou-se radicalmente; em 1994, a percentagem relativa
de minérios metálicos exportados atingiu 56% (»285 M€, valor não corrigido relativamente à
inflação), cabendo aos minérios de cobre produzidos por aquele centro mineiro 45% deste valor.
Dados oficiais recentes revelam que, em 2007, as exportações minerais atingiram 665 M€, devendo
posicionar-se acima dos 800 M€ no final do presente ano e, caso as tendências do mercado
internacional se mantenham, exceder os 1000 M€ em 2009.
Actualmente e no quadro europeu, Portugal é o principal produtor de W; a sua produção de
Cu é apenas superada pela obtida na Polónia e a de Zn compete entre as três primeiras posições. Em
finais de 2007, as Minas da Panasqueira (Fundão), após um conjunto de investimentos em renovação
tecnológica nos últimos dois anos (que ultrapassou 15 M€), colocaram no mercado 130, 30 e 4 ton
de concentrados de W, Cu e Zn, respectivamente. A Somincor, empresa que detém as Minas de
Neves Corvo (Castro Verde), produz anualmente cerca de 340000 e 2000 ton de concentrados de
Cu e de Sn, respectivamente; em 2007, esta empresa registou um volume de negócios superior a
500M€ e, no presente, investe mais de 250 M€ na criação de condições adequadas ao aumento da
produção de concentrados de Zn paralelamente aos de Cu. Um investimento de 150 M€ foi
também concretizado recentemente pela empresa Pirites Alentejanas, permitindo retomar a
exploração nas Minas de Aljustrel; outras novidades poderão ocorrer breve neste couto mineiro em
função dos estudos de viabilidade técnico-económica da exploração da massa de Gavião. Existem
ainda algumas minas de ouro que poderão começar em breve a produção; algumas já
funcionaram no passado, outras serão exploradas pela 1ª vez (a exploração experimental foi
iniciada este ano na Gralheira (Jales) e a exploração da jazida de Montemor-o-Novo poderá ainda
arrancar até ao final de 2008). No sector das rochas e minerais industriais o panorama é, também,
positivo, em boa parte mercê do crescimento registado pela indústria transformadora; as fileiras
produtivas enfrentam hoje, contudo, novos desafios, relacionados não só com a pressão sobre a
oferta, decorrente do incremento da concorrência internacional e da sofisticação crescente dos
compradores, mas também com o novo enquadramento legal ao nível do ordenamento do
território e do ambiente, questões que podem ser determinantes a médio-longo prazo..
Em suma, o potencial mineiro nacional é bastante elevado. Continua a ser necessário,
contudo, investir nos domínios da investigação e prospecção mineral, porquanto a identificação de
novos alvos depende em larga medida da pesquisa multidisciplinar, contribuindo para a valorização
deste património geológico; ilustram cabalmente esta afirmação, as várias descobertas registadas
nos últimos anos, todas baseadas em estudos geológicos de elevado mérito. Constituem áreas
prioritárias de investimento a (re-)avaliação de alvos potenciais para metais de alta tecnologia e de
recursos minerais com reconhecido valor estratégico, para além de assegurar a gestão sustentável
das reservas conhecidas de minérios metálicos, de rochas e minerais industriais. A este propósito
convém notar que: (1) o sector das rochas industriais e ornamentais e das matérias-primas cerâmicas
tem hoje um peso acrescido na economia nacional; e (2) mesmo no domínio das mineralizações
metálicas, não são infundadas as expectativas criadas de se (re)iniciar a exploração de outros
depósitos minerais (fundamentalmente para Au, Ag, Li, Ni e Cu), para além dos que no momento se
encontram activos (essencialmente para Cu, Zn, Sn e W), ou ainda a possibilidade de descobrir novos
alvos mineiros económicos. Importa ainda considerar de forma integrada e sem preconceitos
infundados os recursos nacionais em urânio, os quais poderão representar uma importante mais valia
num futuro próximo face às projecções realizadas com base na presente conjuntura internacional;
são 11 as empresas que, no presente, se encontram interessadas na concessão de Nisa (a maior
jazida conhecida no País contendo cerca de 4000 ton de U3O8), aguardando pelo desfecho dos
estudos de impacte ambiental, de saúde pública e de viabilidade económica; em Janeiro de 2008,
a cotação do U3O8 atingiu o valor máximo histórico de 180 $US/kg (cinco vezes superior aos valores
de mercado em 2005). Face aos trabalhos desenvolvidos recentemente, a prospecção detalhada
de sedimentos detríticos (areias e cascalhos) da plataforma continental portuguesa poderá também
ter início, podendo representar uma alternativa credível e economicamente vantajosa para as
explorações em meio emerso.
* e-mail: [email protected] ; http://geologia.fc.ul.pt/artigo.php?id_artigo=64
PETRÓLEO: um recurso natural baseado em recursos humanosNuno Pimentel*Professor Auxiliar do GeoFCUL.
.
Nos últimos tempos muito se tem falado do petróleo, principalmente por causa da subida
vertiginosa do preço do barril, repetidamente escarrapachada nas capas dos jornais. Podemos
pensar em muitas causas para esta situação, desde as questões políticas até às sociais, aparecendo
pelo meio múltiplas referências a questões como a guerra, o desenvolvimento, ou a especulação, e
a países como o Iraque, a China, os Estados Unidos, a Índia ou o Irão... No entanto, a verdade é que o
petróleo permaneceu, enquanto Recurso natural presente no subsolo terrestre, inalterado em
quantidade e qualidade, nestes brevíssimos tempos geológicos de um par de anos. Não se pode
portanto falar de escassez de algo que continua a existir…. e cada vez até com maiores descobertas
e expectativas… O que se passa então em torno desta questão?
Cada vez que o preço de um bem aumenta, uma de duas causas fundamentais está por trás
dessa situação… ou a escassez da oferta, ou o excesso de procura, sendo que ambas acabam por
se traduzir numa única coisa: o desequilíbrio entre ambas. Sabendo nós que a procura tem
efectivamente vindo a aumentar, fruto do desenvolvimento económico e social, deveremos que
concluir que a oferta não é suficiente. Até aqui, todos de acordo… mas significará isso que “NÃO HÁ
PETRÓLEO QUE CHEGUE“?
O senso comum e os mercados parecem indicá-lo, mas a verdade é que o petróleo que
existe chega perfeitamente para os próximos anos, para os anos para os quais está desde já a ser
comprado nos mercados internacionais. Poderemos sem qualquer receio, e mesmo dentro das
previsões de consumo mais extremas, assegurar que o petróleo será suficiente para as próximas
décadas, poucas ou muitas consoante as opiniões.
Mas porque falamos então de escassez da oferta? Pois aqui é que está o cerne da questão :
não basta o petróleo “existir”, ele tem que ser procurado, extraído, transportado, transformado e
fornecido. Ao contrário de outros recursos naturais como a água, os solos ou os materiais de
construção, por exemplo, os hidrocarbonetos são de muito difícil localização e ainda mais difícil
extracção, requerendo tecnologias e conhecimentos muito complexos. A distância entre a simples
“existência” de petróleo e a sua disponibilização aos consumidores é ocupada por um longo
caminho que se inicia na sua pesquisa e termina na sua venda. Este caminho demora tipicamente
uma década, durante a qual muito esforço humano tem que ser desenvolvido.
Poder-se-á pensar que o meio de transporte essencial para percorrer esse longo caminho é o
capital financeiro… e claro que isso constitui uma verdade incontornável. Mas mais importante ainda
é a capacidade humana de pensar, de resolver, de descobrir, de criar modelos, de equacionar
soluções, ou seja, de trazer petróleo à superfície a partir de uma suspeita inicial. O verdadeiro motor
da produção de petróleo está no conhecimento, conhecimento necessário para procurar petróleo
a milhares de metros de profundidade, em regiões remotas ou no fundo dos mares abissais, em
locais onde nada do que existe à superfície e é visível aos olhos, fornece o mínimo indício da sua
existência tão longínqua. Estamos a falar de conhecimento técnico e científico, de geólogos e de
geofísicos… mas também de engenheiros, de físicos, de informáticos, de químicos, de centenas de
pessoas envolvidas na transformação de uma intenção, expectativa ou promessa, em algo tão
palpável como um barril de petróleo.
Se os preços estão a subir, é em grande parte também porque esta extensa e complexa
cadeia altamente qualificada não existe em quantidades suficientes para produzir todo o petróleo
que já sabemos existir mas que ainda não conseguimos disponibilizar. Dito por outras palavras, a
escassez é portanto e acima de tudo de recursos humanos, não do recurso natural em si. Se
tivéssemos o triplo dos recursos para localizar e extrair o petróleo contido no subsolo, rapidamente
inundaríamos o mercado desse Recurso Natural que nos vamos convencendo ser muito escasso. Se
queremos ter mais petróleo, teremos que ter antes de mais meios para o obter. Depois disso
poderemos discutir acerca de desenvolvimento sustentável, se o panorama é de duas ou cinco
décadas, se as energias alternativas o são de facto etc. Mas enquanto houver petróleo, e sabemos
que muito há ainda, o objectivo só pode ser alcançá-lo, centrando depois os nossos esforços na sua
utilização racional e para os fins mais nobres (em vez de o queimar sistemática e
desalmadamente…). Mas isso é toda uma outra história… igualmente vital, se não mesmo mais,
para a humanidade.
Neste quadro de escassez de um Recurso Natural, em boa parte por escassez de meios
técnicos para o explorar, o papel das universidades deverá ser, portanto, o de contribuir para a
formação de recursos humanos nesta área do conhecimento, como aliás em muitas outras
relacionadas com o Recursos Naturais em geral, e os Recursos Minerais em particular. A formação
académica de geocientistas capazes de contribuir para a pesquisa e produção de Recursos
Minerais, constitui assim um elemento estratégico do desenvolvimento, tanto a nível local como
global, justificando um investimento continuado nesta área. Os recursos minerais de amanhã só
poderão ser gerados e geridos por profissionais qualificados que obtenham na academia as
ferramentas necessárias para tal, pois enquanto estão no subsolo eles apenas existem, não
funcionando na realidade como recurso utilizável por todos. Objectivamente, teremos dentro de
uma década disponíveis os recursos que as instituições, com as universidades na primeira linha,
souberem promover… e só os países ou empresas que desenvolverem essa visão estratégica
poderão colher os frutos no médio e no longo prazo.
O petróleo constitui apenas um exemplo actual e paradigmático de como o
desenvolvimento da nossa sociedade, seja ao nível local ou global, depende acima de tudo do
grau de qualificação dos seus recursos humanos, pois só estes saberão e poderão gerar e gerir os
Recursos Naturais que o nosso país, em particular, e o planeta, em geral, nos forneceu e continua a
fornecer.
Se ousarmos exercitar a aplicação as ideias acima explanadas à nossa realidade local,
poderá cada um de nós equacionar a importância da formação de geocientistas portugueses na
área da Geologia do Petróleo. Dessa equação poderá resultar a diferença entre a eterna
expectativa e a sólida construção de um rumo que nos conduza ao envolvimento neste importante
domínio da actividade humana, seja em Portugal ou noutros países próximos ou distantes.
Pimentel, N. (2008) PETRÓLEO: um recurso natural baseado em recursos humanos, in Mateus, A. (Coord.), Recursos: A caminho de um uso sutentável. Departamento de Geologia da FCUL, Lisboa, pp. 13-15. Acessível em http://geologia.fc.ul.pt/documents/99.pdf, consultado em [data da consulta].
* e-mail: [email protected] ; http://geologia.fc.ul.pt/artigo.php?id_artigo=108
O petróleo - Um recurso natural não renovável,
Fonte da Energia do Séc. XX. E por quanto tempo mais no sec. XXI?
Oportunidades de emprego na indústria petrolífera para as próximas décadas.
Rui Baptista*Professor convidado do GeoFCUL.
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O petróleo, considerando-se neste conceito tanto os hidrocarbonetos líquidos como os
gasosos, é um recurso natural que à semelhança de tantos outros não é renovável. Como tal cada
barril ( ou metro cúbico) que se consome é um barril a menos no volume total disponibilizado pela
generosidade dos processos naturais que para além de terem assegurado a sua geração
permitiram que se acumulasse e preservasse em jazidas de onde pode ser extraído.
O génio humano permitiu descobrir alguns dos segredos da natureza e passo a passo
perceber os principios que controlam os processos que levam à geração, migração, acumulação e
preservação deste recurso. O mesmo génio tem permitido que sucessivas barreiras sejam vencidas
possibilitando a exploração deste recurso em situações e ambientes cada vez mais agrestes, tanto
em termos ambientais propriamente ditos, como em termos tecnológicos no sentido mais amplo da
palavra. É claro que o vencer destas barreiras só tem sido possível pelo valor que a sociedade lhe
atribui, viabilizando os esforços dispendidos no desenvolvimento de novas tecnologias.
O petróleo tornou-se um bem essencial para a civilização do século XX ao assumir-se como o
principal recurso energético substituindo, pelas suas qualidades e propriedades, o carvão que desde
a revolução industrial se tinha tornado a fonte energética tradicional, dominando no séc. XIX e
princípios do séc. XX.
Foi no século XX e principalmente após o início da sua segunda metade que a indústria
descobriu que o petróleo para além de fonte energética tinha um potencial até então não
suspeitado ao servir como base para uma nova industria, a da petroquímica. Neste sector o petróleo
é a única fonte de matéria prima, não tendo até agora sido encontrado qualquer substituto. Pelo
contrário, o sector energético tem alternativas ao petróleo embora nenhuma das soluções até agora
identificadas se tenha revelado tão versátil e polivalente. Por esse motivo continua a ser um recurso
cada vez mais valorizado e objecto de todo um conjunto de jogos políticos e económicos que nos
últimos tempos o fizeram sobrevalorizar de uma forma sem paralelo ultrapassando os sobressaltos
das duas crises petrolíferas do final do séc. XX.
Os preços do petróleo subiram sempre que a procura se deparou com ofertas artificalmente
limitadas por vontades politicas e conjunturais e sempre que apareciam noticias do esgotamento
dos jazigos conhecidos. Muitas das profecias foram sendo sucessivamente postas em causa pelos
geocientistas e pela engenharia que foram propondo novos conceitos e soluções e foram
encontrando e pondo em produção novas jazidas de petróleo e gás. Este processo foi-se repetindo
em diversos momentos criando-se na sociedade uma falsa ideia sobre a exaustão destes recursos.
Sempre que alguém anunciava o fim do petróleo para daqui a uns poucos de anos eram
anunciadas novas e importantes descobertas que protelavam esse fim.
Durante alguns anos o petróleo que embarateceu por um excesso de oferta relativamente à
procura, levou a que muitas das principais empresas e instituições de investigação aplicada
abandonassem programas de formação de quadros e de linhas de investigação de novas técnicas
exploratórias e de extracção. Como consequência os quadros técnicos deixaram de ser renovados
e durante uns anos deixou de haver descobertas significativas.
Entretanto, economias até então pouco exigentes alteraram o seu padrão industrial e foram-
se tornando grandes consumidores ultrapassando os tradicionais países industrializados. As grandes
empresas deixaram de ser capazes de encontrar novas jazidas que repusessem as reservas
consumidas a um ritmo cada vez mais veloz. Para solucionar essa dificuldade adoptaram estratégias
de fusão criando-se novas entidades que globalmente passavam a deter mais reservas. Porém, na
realidade, esse aumento de reservas só era real para as novas empresas. As empresas aumentavam
os seus stocks mas as reservas globais conhecidas, essas, só não diminuíam de forma drástica todos
os dias porque o progressivo do aumento do preço foi viabilizando a produção de recursos até então
subeconómicos promovendo-os a reservas economicamente rentáveis.
Mantendo-se as reservas provadas conhecidas e os níveis de consumo verificados em 2006,
as reservas de petróleo estarão exauridas dentro de quarenta anos. A grande dúvida é dar
credibilidade a algumas das estimativas de reservas, sobretudo as do médio oriente que poderão
estar sobrestimadas por razões de ordem política. Nesse caso e não havendo novas descobertas
significativas as reservas conhecidas durarão um número de anos menor. A necessidade de
encontrar novas acumulações é geradora de oportunidades de emprego para geocientistas e
engenheiros durante as próximas décadas.
As principais reservas de hidrocarbonetos encontram-se no médio oriente. Projectando as
reservas estimadas constata-se que nos últimos anos não tem havido aumento de reservas
conhecidas nestas áreas.
As anunciadas mega descobertas na Bacia de Santos não estão ainda reflectidas nestes
gráficos. Também ainda estão numa fase muito precoce de avaliação, não podendo ser ainda
classificadas de reservas porque não está ainda provada a sua economicidade, apesar de
globalmente poderem vir a ser consideradas no top ten das acumulações de hidrocarbonetos até
agora descobertas.
Os consumos mundiais de hidrocarbonetos têm continuado a aumentar particularmente na
América do Norte e sobretudo na Ásia-Pacífico durante a última década.
O petróleo - Fonte de Energia do séc. XXI ?
As projecções da ASPO apontam para que em breve se atinja o Peak Oil e se entre num rápido
declinio de produção.
O consumo exacerbado verificado nos últimos anos não tem sido acompanhado por
descobertas significativas pelo que estas projecções vão adquirindo alguma credibilidade embora
Reservas/Consumo 2006
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10
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América do
Norte
América
Latina
Europa &
Eurasia
Médio
Oriente
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Pacifico
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Biliões de Barris
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600
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América do
Norte
América Latina Europa &
Eurasia
Médio Oriente Africa Asia-Pacifico TOTAL
1986 1996 2005 2006
possam sofrer algumas, maiores ou menores, variações consoante o ritmo de novas descobertas e a
viabilização económica de recursos até agora submarginais.
Esgotadas as possibilidades de renovação de stocks e diminuindo as possibilidades de novas
fusões, as empresas voltaram a investir nos recursos humanos e a apostarem na pesquisa de jazidas
em situações de fronteira tecnológica, ultrapassando todos os limites até então estabelecidos. A
escassez de meios técnicos capazes de perfurar em condições de mares profundos levou à
escalada dos custos diários de perfuração. Em média hoje um poço em águas profundas 1000 a
2500 de coluna de água exige investimentos da ordem de um milhão de dólares por dia. Estes
valores só estão ao alcance das empresas com grande capacidade financeira e cultura para
assumirem pesados investimentos de risco: risco geológico e risco financeiro.
Os custos elevados de todas as operações de exploração e também as de desenvolvimento
e produção obriga as empresas a procurar soluções que lhes permitam diminuir os riscos de
insucesso. E como primeiro passo procuram para os seus quadros recém licenciados de elevado
potencial. Procuram ainda que esses jovens quadros possam ainda obter formação trabalhando
junto de técnicos mais experientes.
Aos geocientistas, sobretudo os que têm como background as ciências geológicas e as
ciências geofísicas, cabe a tarefa de definirem novos conceitos e objectivos, utilizando técnicas e
meios sofisticados que lhes permitam minimizar as incertezas e aumentar a probabilidade de
sucesso. O papel dos geólogos é fundamental. É na sua mente que se definem os conceitos de
Consumo de Petróleo
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MédioOriente
Africa Asia-Pacifico
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Produção de Petróleo 1900-2080
1900 2040202020001980196019401920 2060 20801900
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1900 2040202020001980196019401920 2060 20801900
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Produção de Petróleo 1900-2080
sistemas petrolíferos e de temas de pesquisa. Antes mesmo da investigação por sondagem os
hidrocarbonetos têm de ser encontrados pela mente dos geólogos que têm de dominar conceitos e
terem capacidade para criar modelos geológicos que sejam a um tempo coerentes e inovadores.
Havendo uma acentuada escassez de técnicos experientes torna-se crucial que as escolas
de ciências e de engenharias preparem os seus alunos para entrarem rapidamente num mercado
de trabalho internacional competitivo, mas também aliciante pela quantidade e qualidade dos
meios técnicos que lhe são hoje disponibilizados. Compete às escolas criar condições de formação
que primem pela excelência. Compete aos estudantes esforçarem-se por tentar ter uma formação
sólida que lhes abra as portas e lhes permita concorrer a oportunidades de emprego. Num mundo
cada vez mais global, o mercado de trabalho neste dominio cada vez tem menos fronteiras.
Fontes: BP Statistical Review of World Energy 2007 e Aspo.
Baptista, N. (2008) O petróleo - Um recurso natural não renovável, fonte da energia do Séc. XX, in Mateus, A. (Coord.), Recursos: A caminho de um uso sutentável. Departamento de Geologia da FCUL, Lisboa, pp. 16-20. Acessível em http://geologia.fc.ul.pt/documents/99.pdf, consultado em [data da consulta].
O Recursos minerais não metálicos
Silvério Prates Carvalho*Professor Auxilar do GeoFCUL.
Entre os recursos com que a Humanidade, ao longo da sua história, foi construindo
civilizações, destacam-se aqueles que fazem parte integrante do nosso planeta - os recursos
geológicos.
Entre esses recursos evidenciam-se, em primeiro lugar, a água, (“o combustível da vida”, no
dizer de Pinto Peixoto), os recursos energéticos (carvões, petróleo, gás natural, urânio, energia
geotérmica) e os recursos minerais nos quais distinguimos os recursos metálicos, materiais de
elevado valor unitário (preço da tonelada) e os recursos não metálicos geralmente de baixo ou
médio valor unitário.
Nos recursos não metálicos englobam-se os minerais não metálicos, as rochas industriais e
as rochas ornamentais.
ARGILAS: As argilas resultam da alteração meteórica e/ou hidrotermal das rochas existentes à
superfície. Quando se lhe adiciona água têm um comportamento plástico, podendo ser moldadas.
São constituídas por minerais de dimensões diminutas (inferiores a dois milésimos de milímetro), que
formam várias famílias com propriedades distintas. Segundo a predominância numa rocha argilosa
dos minerais de uma dada família assim teremos uma matéria-prima com características próprias.
Caulinos - Resultam da alteração, em climas quentes e húmidos, de rochas do tipo dos
granitos ricas em feldspatos. Estas argilas apresentam geralmente cor branca após cozimento e são
a principal matéria-prima nas indústrias cerâmicas que produzem faiança e porcelana.Os caulinos aplicam-se também na indústria do papel.
Bentonites - Têm a sua génese na alteração de cinzas e tufos vulcânicos. São argilas
expansivas, muito plásticas e tixotrópicas quando em suspensão num líquido, daí o serem usadas em
lamas de sondagem. Usam-se também como ligante nos moldes de areia utilizados na indústria da
fundição. A sua elevada capacidade de troca iónica permite-lhe a sua utilização como
descolorante de óleos.
Barro vermelho - Argilas comuns, que cozem vermelho, aplicadas amplamente na produção
de tijolo e telha, materiais de grande importância nas indústrias da construção civil e obras públicas.
EVAPORITOS: Resultam da precipitação de sais em solução em bacias marinhas fechadas
sujeitas a intensa evaporação em climas áridos. Formam-se assim depósitos, por vezes muito
espessos, muito ricos em cloretos, sulfatos, boratos, etc.
Sal-gema - Constituído pelo mineral halite (cloreto de sódio). Essencial na dieta humana e, no
passado, na conservação de alimentos. Abastece uma extensa e importantíssima indústria química.
Sais de potássio - como a silvite e a carnalite que, em virtude da presença do potássio,
constituem importantes fertilizantes naturais.
Gesso - é, quimicamente, sulfato de cálcio hidratado. Desde a antiguidade é utilizado na
construção civil no fabrico de placas decorativas e desde o século passado é um elemento
importante na indústria do cimento. Na indústria cerâmica utiliza-se na fabricação de moldes.
Aplica-se também na correcção de solos ácidos.
ROCHAS CARBONATADAS: São constituídas principalmente por dois minerais a calcite e a
dolomite, cuja presença predominante permite dividir este tipo de materiais em dois grandes grupos:
os calcários e os dolomitos.
Tradicionalmente estas rochas são exploradas para a fabricação de cal (óxido de cálcio)
utilizada em argamassas como ligante e na produção de britas, de várias granulometrias, para várias
aplicações com destaque para os betões, onde intervêm como inertes.
Calcários - Os calcários, de acordo com a sua composição química, têm várias aplicações
industriais: na siderurgia como fundente na fabricação do aço; na indústria química na fabricação
do carbonato de sódio, a “soda”, juntamente com o sal-gema no processo Solvey; como carga nas
indústrias do papel, das tintas, da borracha, etc.; na indústria do vidro como fundente; na agricultura
e pecuária, respectivamente, na calagem dos solos e na alimentação animal. Muitas outras
aplicações industriais ficam por referir.
Dolomitos - Os dolomitos utilizados na indústria têm de obedecer a determinadas
especificações químicas e físicas de que se destacam a baixa percentagem de sílica, a
percentagem de óxido de magnésio da composição química não ser inferior a 17% e cores claras.Algumas aplicações industriais: como fundente na indústria metalúrgica; na produção de material
refractário, utilizado no revestimento de fornos, após calcinação a 1700 ºC ; na agricultura, no
tratamento de solos pobres em magnésio; na fabricação de lã mineral (isolante térmico);
encorpante na produção de fertilizantes, tintas, borracha, asfalto.
DIATOMITOS: São rochas sedimentares biogénicas constituídas por mais de 50 % de frústulas
siliciosas de diatomácias (algas de água doce, salobra ou salgada). As diatomácias têm um
esqueleto interno de opala constituído por duas valvas, que encaixam uma na outra, de dimensões
entre 5 e 1000 µm. Constituem depósitos originados em bacias límnicas, formando uma rocha leve e
muito porosa com elavada capacidade de absorção de água e óleos.
Aplicações industriais: filtração e clarificação (óleos, cerveja, vinagre); abrasivos macios;
cerâmica refractária; absorvente (dinamite); isolamentos térmicos e sonoros;
AGREGADOS: São constituídos por rochas fragmentadas naturalmente (cascalhos, areões,
areias) ou artificialmente (britas), utilizados na construção de estradas, caminhos-de-ferro, barragens,
aeroportos. Em termos das dimensões das partículas individuais que os constituem, vão desde a
areia fina aplicada nos estuques até aos blocos de grandes dimensões, de rochas, como o granito,
utilizados na construção de enrocamentos no litoral, como molhes e esporões. A qualidade destes
materiais deve ser avaliada através da realização de testes que garantam a adequação à
finalidade a que se destinam: ensaios de abrasão, de deteriioração, densidade e absorção de
água, forma das partículas, percentagem de finos, etc. O valor unitário destes materiais é muito
baixo, mas os volumes extraídos são muitíssimo elevados. Estima-se que cada quilómetro de auto-
estrada consome 30 000 t de agregados.
QUARTZO: É um mineral muito estável, constituindo a matéria-prima de várias indústrias.
Quimicamente é a sílica (SiO ), apresentando-se em formas cristalinas distintas (polimorfismo). As suas 2
variedades fenocristalinas (quartzo ametista, quartzo citrino, etc.) e criptocristalinas (ágata, ónix,
jaspe, etc.) são empregues em joalharia. É muito abundante na natureza e é extraído principalmente
em filões hidrotermais e pegmatitos e a partir de areias muito siliciosas e bem calibradas.
As suas principais aplicações são nas indústrias do vidro, da cerâmica e da metalurgia, e na
electrónica.
FELDSPATOS: São aluminossilicatos de potássio, sódio e cálcio, os minerais mais abundantes
da crosta continental. Entram na constituição dos granitos e rochas afins. Contudo a sua extracção
para fins industriais realiza-se, principalmente, a partir de pegmatitos (rochas eruptivas silicatadas de
grão grosseiro).
Estes minerais são extremamente importantes nas indústrias da cerâmica e do vidro. Na
indústria cerâmica os feldspatos potássicos são utilizados nas pastas da faiança, porcelana,
sanitários, vidros cerâmicos e esmaltes e na indústria do vidro são utilizados os feldspatos sódicos. Os
feldspatos de cálcio não são utilizados nestas indústrias.
ASBESTOS (AMIANTOS): São minerais silicatados fibrosos cujas fibras podem, nalguns casos, ser
tecidas. São, geralmente, incombustíveis. Dividem-se em dois grupos de natureza mineralógica
diferente: as serpentinas cujo principal mineral é o crisótilo e as anfíbolas fibrosas como a
antofilite. O crisótilo é, largamente, o mais utilizado pela indústria. Ocorre no contacto de dolomitos
com intrusões de rochas ultra-básicas e dispõe-se em veios.
São principalmente utilizados na produção de materiais resistentes ao fogo (ignifugos) como
tubagens e cimento de amianto.
Ultimamente a sua utilização tem sido rejeitada pois atribuem-lhe propriedades
cancerígenas.
TALCO: É um silicato de magnésio, untuoso ao tacto, de baixa dureza, elevada resistência
eléctrica e ao choque térmico. Sofre baixa retracção por cozedura.
A esteatite é uma rocha maciça dominantemente constituída por talco e a pedra de sabão é
uma rocha em que a presença do talco lhe transmite a possibilidade de ser facilmente esculpida.
Ocorre de preferência em relação com rochas ultra-básicas muito alteradas, geralmente
serpentinizadas ou com rochas dolomíticas de idade pré-câmbrica muito metamorfizadas. Aplica-
se na confecção de vários produtos na indústria farmacêutica e na cosmética; como carga nas
indústrias das tintas, papel, borracha; no fabrico de cerâmica branca.
BARITE: É, quimicamente, o sulfato de bário. Tem densidade elevada, inércia química e baixa
dureza.
Ocorre em filões associada, por vezes, com minerais metálicos ou em depósitos residuais
resultantes da meteorização de depósitos pré-existentes.
É utilizada na fabricação de papel, travões, plásticos e tintas. Uma das suas principais
aplicações é em sondagens profundas, fazendo parte das lamas de sondagem.
BARITE: É, quimicamente, o sulfato de bário. Tem densidade elevada, inércia química e baixa
dureza.
Ocorre em filões associada, por vezes, com minerais metálicos ou em depósitos residuais
resultantes da meteorização de depósitos pré-existentes.
É utilizada na fabricação de papel, travões, plásticos e tintas. Uma das suas principais
aplicações é em sondagens profundas, fazendo parte das lamas de sondagem.
GRAFITE: É o carbono puro. Tem cor negra, baixa dureza e é untuosa ao tacto. É
quimicamente inerte, refractária, infusível e bom condutor de calor e electricidade.
Tem a sua génese no metamorfismo de camadas de carvão ou de sedimentos carbonosos.
O grau de grafitização depende da composição da rocha inicial e da temperatura e pressão a que
esteve sujeita.
A aplicação mais vulgar da grafite é nas minas dos lápis. Contudo é vasta a área das suas
aplicações, como, por exemplo, no fabrico de lubrificantes; desaceleradores de neutrões na
indústria nuclear, cadinhos refractários, baterias, etc.
ROCHAS ORNAMENTAIS: Para que um maciço rochoso seja adequado para a extracção de
blocos de rocha ornamental é necessário que apresente as seguintes características: que seja
pouco fracturado, permitindo a extracção de blocos com dimensões mínimas de
0.80×1.00×1.90m; que a rocha seja dura, homogénea, resistente à compressão, flexão, choque e
desgaste; que seja pouco porosa e com relativa inércia química; que mantenha a cor e o aspecto
após polimento; que os recursos disponíveis permitam uma exploração economicamente rentável.
As rochas ornamentais constituem, no nosso país, um produto economicamente importante
dado o volume das suas exportações. A extracção envolve, no nosso país, vários tipos de rochas:
Rochas ornamentais carbonatadas - mármores, evidenciando-se os famosos mármores da
região de Estremoz; calcários micro-cristalinos, a pedra “lioz”, largamente aplicada na construção
civil e monumental de Lisboa e arredores; calcários sedimentares intensamente explorados no
Maciço Calcário Estremenho e no Algarve; brechas, nome erradamente atribuído a rochas
conglomeráticas de grande e variada beleza decorativa, que actualmente são exploradas no
Algarve, em Alportel e Tavira, e que há alguns anos eram exploradas na Serra da Arrábida, recebendo
a designação comercial de “brecha da Arrábida”
Rochas ornamentais siliciosas - os granitos, com cores e texturas diferentes, são largamente
explorados no nosso país desde o Minho e Trás-os-Montes ao Alentejo, tendo-se desenvolvido nos
últimos anos um importante pólo extractivo no Distrito de Portalegre; com importância muito mais
reduzida, podemos referir a extracção de pórfiros ácidos em Alcácer do Sal, dioritos e gabros no
Distrito de Évora, sienitos nefelínicos na Serra de Monchique e serpentinitos em Trás-os-Montes.
Ardósias e xistos - rochas que se podem dividir em placas e que, polidas ou não, se aplicam,
com funções decorativas, na cobertura de telhados ou paredes. As ardósias, exploradas na região
de Valongo, são também utilizadas no fabrico de mesas de bilhar.
BIBLIOGRAFIA GERAL
Harben, P. W. & Bates, R. L. (1984) Geology of the Nonmetallics. Metal Bulletin Inc.
Kuzvart, M. (1984) Industrial Minerals and Rocks. Elsevier. Amsterdam.
Manning, D.A. C. (1995) Introduction to Industrial Minerals. Chapmann & Hall.
Vários (1991) - Recursos Minerais Não Metálicos em Portugal. Geonovas, Número Especial 2. Lisboa.
Velho, José Lopes (2005) Mineralogia Industrial. Princípios e Aplicações. Lidel.
Carvalho, S.P. de (2008) Recursos minerais não metálicos, in Mateus, A. (Coord.), Recursos: A caminho de um uso sutentável. Departamento de Geologia da FCUL, Lisboa, pp. 21-26. Acessível em http://geologia.fc.ul.pt/documents/99.pdf, consultado em [data da consulta].
* e-mail: [email protected]
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Novos modelos de gestão de recursos geológicos na UE.
Luís Martins*Director do Departamento de Prospecção de Minérios Metálicos. Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação de Portugal - INETI.
Em 2000, os 15 países da CE consumiram cerca de 30 ton/per capita de matérias-primas
minerais, necessários para manter o seu nível de vida, o que representou um consumo total de 11295
Mton; a indústria extractiva é a única que pode obter estes materiais para uso doméstico e industrial.
O desenvolvimento e manutenção do bem-estar social estão directamente relacionados com o
consumo de recursos. No entanto e apesar da moderna indústria extractiva (pós anos 60) não ser dos
sectores mais poluentes, é vista pela opinião política e pelos media e classe política com uma má
imagem, muitas vezes injusta e deturpada porque avaliada fundamentalmente na base do impacte
visual. Por outro lado, a aprovação, implementação e desenvolvimento de recentes directivas da
Comunidade Europeia, tem limitado consideravelmente o acesso da indústria a recursos geológicos
essenciais, o que é altamente penalizante, já que a localização geográfica de um depósito
geológico de alto valor económico é controlado por um processo natural e não pode ser escolhido
ou modificado.
Nos últimos anos, a indústria extractiva tem vindo a adoptar uma nova postura, apoiada
política e governamentalmente e abarcando todo o ciclo de vida das matérias-primas, desde a
prospecção e pesquisa, passando pela exploração, processamento e encerramento, até à
reutilização. Em 2000 o grupo de trabalho “Raw Materials Supply Group”, coordenado pela DG
Empresa da CE, produziu a Comunicação- COM-(2000)-265 sobre a aplicação do conceito de
desenvolvimento sustentável na indústria extractiva (foi o primeiro sector industrial europeu a fazê-lo),
intitulada "Promoting Sustainable Development in the EU Non- Energy Extractive Industry", na qual se
propõem algumas acções prioritárias. Destas prioridades salienta-se a necessidade de manter e
incrementar o diálogo entre todos os parceiros e, consequentemente, de se criarem grupos de
trabalho que as abordem de forma pragmática; daqui resultou a constituição de grupos para estudo
dos temas "Segurança Mineira", "Indicadores de Desenvolvimento Sustentável", "Alargamento" e
"Restruturação do RMSG". Salienta-se o trabalho produzido pelo segundo grupo, identificando e
definindo uma série de indicadores, cuja utilização permitirá: (i) construir uma análise de risco sólida
das diferentes explorações mineiras e, deste modo, premiar as empresas que tenham uma conduta
ambiental, económica e social responsável, penalizando as irresponsáveis; (ii) melhorar a imagem
da indústria extractiva, junto da opinião pública e classe política; (iii) aumentar a capacidade da
indústria extractiva em aceder ao território e aos recursos minerais, competindo com outras
actividades económicas e valores ambientais; e (iv) fornecer uma ferramenta poderosa aos
decisores, para que eles possam desenvolver políticas mineiras mais justas e de melhor qualidade.
Tendo em conta o factor espaço, verifica-se que a disponibilidade dos recursos tem diminuído
drasticamente, porquanto o acesso ao território é extremamente difícil para o sector mineiro,
existindo profundos desequilíbrios se compararmos esta situação com a de outras indústrias. A
questão da acessibilidade aos recursos minerais é, assim, chave para o futuro da indústria extractiva
e consequente manutenção da nossa qualidade de vida, devendo estar em igualdade com outras
utilizações do solo. Deste modo, a inclusão desta problemática no ordenamento do território tem
vindo a ter uma crescente importância, numa perspectiva global e integrada, tendo como modelo
o conceito de desenvolvimento sustentável e com o objectivo de repor o equilíbrio entre os pilares
económico, social e ambiental que o sustenta. Várias medidas deverão então ser tomadas para
resolver este problema de acessibilidade aos recursos minerais, de entre as quais se destacam: (i)
desenvolver uma política europeia que permita preservar o balanço crítico entre uma exploração
racional de recursos e a conservação da natureza e da biodiversidade (é possível e imperioso que
aconteça), incluindo ajudas financeiras para projectos de remediação e de património mineiro; (ii)
harmonização legislativa entre os aspectos ambientais e os mineiros (i.e. todos os actores deverão
mover-se no mesmo enquadramento legal e deverão ser estabelecidos códigos de boas práticas);
(iii) fomentar políticas que impeçam a importação maciça, desnecessária e por vezes com altos
custos, de matérias-primas, bem como a exportação dos problemas ambientais para países que
não possuem nem dinheiro nem conhecimento para os controlar e mitigar; (iv) proteger os recursos
minerais europeus contra políticas externas de “dumping”, para que se evite o encerramento
prematuro de algumas minas e os consequentes problemas sociais; (v) promover políticas que
permitam avaliar, em situações de conflito, a melhor alternativa económica, ambiental e social para
o uso do solo, as quais terão que ter em conta o facto de que um depósito mineral é uma ocorrência
natural cuja localização não pode ser alterada; (vi) definir políticas e afectar recursos financeiros à
monitorização do uso do solo a longo prazo (a Europa tem boa legislação, mas a sua aplicabilidade
é por vezes difícil, devido a limitações naqueles recursos); e (vii) desenvolver esquemas de
acreditação que identifiquem claramente os parâmetros sobre os quais a actividade mineira se
deve reger, de forma a que todos os actores (comunidades locais, empresas, governos,
comerciantes e consumidores) sejam devidamente informados sobre a sustentabilidade da
utilização dos recursos.
No sentido de estimular uma gestão eficaz dos recursos minerais, compatibilizando as fileiras
extractiva e de transformação com as preocupações ambientais e de responsabilidade social,
importa construir políticas verdadeiramente sustentáveis a longo prazo, baseadas em: (i)
inventariação, prospecção e valorização dos recursos minerais; (ii) organização e gestão da
informação geomineira (produzindo estatísticas robustas); e (iii) estudos de fluxo das matérias-primas.
Esta abordagem global do ciclo de vida dos recursos minerais, deverá englobar ainda a
preservação do património histórico que lhe está associado, sendo determinante no contexto da
União Europeia e devendo ser mantida e promovida no seu relacionamento com outros espaços
geográficos relativamente aos quais existem afinidades históricas, culturais e científicas, como a
Ibero-América e os PALOP. Ou seja, é necessário um forte investimento no conhecimento geomineiro
e na estreita cooperação com o sector privado. É neste contexto que o papel de instituições como os
Serviços Geológicos assume primordial importância, sendo ainda incontornável na disponibilização
pública organizada dos dados decorrentes das acções de inventariação e investigação no domínio
dos recursos geológicos.
Martins, L. (2008) Novos modelos de gestão de recursos geológicos na UE, in Mateus, A. (Coord.), Recursos: A caminho de um uso sutentável. Departamento de Geologia da FCUL, Lisboa, pp. 27-29. Acessível em http://geologia.fc.ul.pt/documents/99.pdf, consultado em [data da consulta].
Geologia na FCUL: Síntese informativa
Na FCUL, as actividades de investigação, formação (graduada e pós-graduada) e de prestação de serviços na Área Científica de Geologia têm longa tradição, sendo há muito reconhecidas a nível nacional e internacional. O percurso empreendido desde a fundação da FCUL permitiu, não só firmar e desenvolver competências em diferentes áreas do Saber, como ainda conquistar espaços próprios de mercado que possibilitam níveis relativamente elevados de recrutamento e de colocação dos seus graduados.
Como resultado deste percurso, a experiência acumulada e transmitida, bem como o espólio documental e instrumental obtido, é digno de apreço. São, pois, muito numerosos os exemplos de projectos de investigação financiados a nível nacional e internacional em diferentes áreas do conhecimento, bem como as prestações de serviço a um largo espectro de empresas (públicas e privadas) trabalhando em diversos sectores da actividade económica.
São também dignas de menção as diversas cooperações nacionais e internacionais estabelecidas com instituições académicas e de investigação que se reflectem fundamentalmente em propostas comuns de projectos de investigação, mas que se pretende que venham a assumir no futuro próximo papel dinamizador de processos de mobilidade educativa. São, igualmente, longas as listas de publicações e de outras contribuições para o avanço do conhecimento científico e tecnológico, contando com a participação de diversas gerações de docentes / investigadores.
Destacam-se ainda as largas dezenas de teses de mestrado e doutoramento na Área Científica de Geologia, para além de muitas centenas de relatórios de estágio.
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Formação
Graduada (1º Ciclo)
A Licenciatura em Geologia (Ramos Geologia e Recursos Minerais e Geologia Aplicada e do Ambiente) em vigor estrutura-se em quatro anos (240 créditos) e tem como objectivo primordial o desenvolvimento das competências necessárias ao desempenho qualificado e versátil da profissão de geólogo em diferentes domínios de actividade. Inscreve-se, por isso, nas formações de Ensino Superior de nível 5 (ISCED), habilitando ao exercício da profissão de geólogo.
No que diz respeito às questões relacionadas com “Recursos; a caminho de um uso sustentável”, a Licenciatura em Geologia integra cinco unidades curriculares específicas, perfazendo um total de 30 créditos (Geologia do Petróleo, Recursos Minerais e Impacte Ambiental, Recursos Minerais Metálicos, Recursos Minerais Não Metálicos e Prospecção Mineral).
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Formação
Pós-Graduada
Curso Pós-Graduado de Especialização em Geologia Aplicada
Criado em 2005, este curso tem duração de 1 ano (60 créditos) e visa o desenvolvimento de competências, métodos e técnicas específicas em áreas concretas de aplicação do conhecimento geológico e em contexto real de trabalho. Procura, igualmente, reforçar e exercitar a capacidade de aprendizagem autónoma, possibilitando também a integração em equipas multidisciplinares que perseguem objectivos comuns.
A estrutura curricular afecta ao Curso representa uma oportunidade de treino e de inserção em contextos reais de trabalho, fortalecendo a interacção entre as actividades de ensino e de investigação universitárias e o tecido institucional científico-tecnológico, industrial e empresarial do País.
Nos últimos três anos foram oferecidos estágios nas empresas seguintes: Iberian Resources, Beralt Tin & Wolfram Lda, Genius Mineira e GALP. Salientam-se, igualmente, os estágios realizados no INETI a propósito de assuntos directamente relacionados com o tema.
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Formação
Pós-Graduada
Programa de Mestrado em Geologia Económica (2º ciclo)
Este Programa conta com duas áreas de especialização (Prospecção Mineral ou Caracterização e Exploração de Recursos Minerais) e representa a evolução lógica da especialidade em Recursos Minerais afecta ao Programa de Mestrado em Geologia, por sua vez herdeira da correspondente especialidade no extinto Mestrado em Geologia Dinâmica. Incorpora ainda a iniciativa concretizada pela primeira vez em 2006/07 através da oferta do Curso Pós-Graduado de Especialização em Prospecção Mineral, promovido em colaboração com diversas entidades empresariais nacionais e estrangeiras a laborar em Portugal e com o INETI (Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação), consubstanciando um projecto educativo e formativo orientado para as necessidades imediatas e a curto/médio prazo do mercado.
O Programa de Mestrado em Geologia Económica desenvolve-se ao longo de 1,5 anos (90 créditos) e tem por objectivos específicos a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos teóricos e práticos (incluindo trabalho de campo): l necessários à caracterização dos processos geradores de anomalias metalíferas ou de massas minerais passíveis de exploração económica; l relevantes para a prospecção e pesquisa de matéria-prima mineral; l indispensáveis à caracterização e exploração de matéria-prima mineral; e l requeridos pelo exercício da prática profissional adaptada a um quadro desejável de Desenvolvimento Sustentável.
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Formação
Pós-Graduada
Programa de Doutoramento (3º ciclo)
Este Programa de três anos tem como propósito fundamental consolidar e aprofundar níveis de competência para investigação autónoma em diferentes áreas do conhecimento geológico e/ou domínios de interface com outras áreas do Saber.
Como áreas de especialidade relacionadas com o tema “Recursos a caminho de um uso sustentável” destacam-se a Geologia Económica e do Ambiente e a Metalogenia.
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Produção científica / Teses de Mestrado
(Últimos 10 anos)
Barroso M. (2002). Caracterização mineralógica e textural dos minérios sulfuretados da Jazida de Enfermarias (Moura, Portugal). Mestrado em Geologia Dinâmica, Fac. Ciências da Univ. Lisboa: 208 pp.
Duarte H. (2002). Caracterização mineralógico-química e controlo estrutural das mineralizações do sector Gaiva-Ramalhoso (Serra do Marão, Vila Real). Mestrado em Geologia Dinâmica, Fac. Ciências da Univ. Lisboa: 126 pp.
Figueiredo M.J.P.P. (1999). Estudo da Mobilidade Hidrotermal do Crómio e Elementos do grupo da Platina no Maciço de Bragança. Mestrado em Geologia Dinâmica, Fac. Ciências da Univ. Lisboa: 166 pp.
Gaspar L.M.G.G. (1997). Contribuição para o estudo das mineralizações de volfrâmio, estanho e lítio do sector Barca de Alva-Escalhão. Mestrado em Geologia Dinâmica, Fac. Ciências da Univ. Lisboa: 267 pp.
Jesus A. (2002). Caracterização mineralógica e geoquímica das mineralizações Fe-Ti(-V) associadas ao Complexo Ígneo de Beja no sector de Odivelas (Ferreira do Alentejo). Mestrado em Geologia Dinâmica, Fac. Ciências da Univ. Lisboa: 197 pp.
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Produção científica / Teses de Mestrado
(Últimos 10 anos)
Jorge R.C.G.S. (2000). Estudo mineralógico e metalogenético do depósito manganesífero de Soloviejo, Huelva, Espanha. Mestrado em Geologia Dinâmica, Fac. Ciências da Univ. Lisboa: 155 pp.
Martins R. (2003). Caracterização de processos metassomáticos correlativos de recristalização e (re-)deposição de sulfuretos na Jazida de Enfermarias (Moura, Portugal). Mestrado em Geologia Dinâmica, Fac. Ciências da Univ. Lisboa: 179 pp.
Pimentel P.V. (2005). Paleodescontinuidades e assinaturas diagenéticas: caracterização e utilidade como marcadores no Jurássico Médio do Maciço Calcário Estremenho. Mestrado em Geologia Dinâmica, Fac. Ciências da Univ. Lisboa: 155 pp. + Anexos.
Pinto A.M.M. (1999). Estudo da Textura, Mineralogia e Química Mineral dos Minérios da Massa de Corvo do jazigo de Neves Corvo. Mestrado em Geologia Dinâmica, Fac. Ciências da Univ. Lisboa: 312 pp.
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Produção científica / Dissertações de Doutoramento
(Últimos 10 anos)
Gaspar M. (2005). The Crown Jewel Gold Skarn deposit. Washington State University (equi. Universidade de Lisboa): 325 pp.
Marques A.F.A. (2006). Geology and Genesis of Sulfide Mineralization in the Rainbow Ultramafic-hosted Seafloor Hydrothermal System. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa: 300 pp.
Ramos J.M.F. (1999) Mineralizações de Metais Raros de Seixo Amarelo Gonçalo (Guarda). Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa: 792pp.
Rosa, C.J.P. (2007). Facies Architecture of the Volcanic Sedimentary Complex of the Iberian Pyrite Belt, Portugal and Spain. University of Tasmania (equiv. Universidade de Lisboa): 276 pp.
Rosa D.R.N. (2003). Metallogenesis of the Jales District, Northern Portugal. Colorado School of Mines (equiv. Universidade de Lisboa): 196 pp.
Relvas J.M.R.S. (2000). Geology and Metallogenesis at the Neves Corvo Deposit, Portugal. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa: 318 pp.
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Produção científica / Publicações relevantes
(Últimos 10 anos)
Azerêdo, A.C. (1998) - Geometry and facies dynamics of Middle Jurassic carbonate ramp sandbodies, West-Central Portugal. In: V. P. Wright & T. Burchette (eds), Carbonate Ramps. Geol. Soc., London, Spec. Publ., 149, pp. 281-314.
Azerêdo, A.C., Manuppella, G. (1998) - O Jurássico da região de Vale de Ventos (Serra dos Candeeiros): exemplo de fácies de barreira do Dogger e descontinuidade Dogger-Malm. In: Excursão 1, O Mesozóico da Bacia Lusitânica (coord. R. P. Reis), in Oliveira, J. T. , Dias, R. (eds), Livro-Guia das Excursões do V Congresso Nacional de Geologia, Inst. Geol. Mineiro, Lisboa, pp. 27-31.
Barriga F.J.A.S., Fyfe WS, 1998. Multi-phase Water-Rhyolite Interaction and Ore Fluid Generation at Aljustrel, Portugal. Mineralium Deposita 33:188-207.
Benzaazoua M., Marion P., Liouville-Bourgeois L., Joussemet R., Houot R., Franco A., Pinto A. (2002) Mineralogical distribution of some minor and trace elements during a laboratory flotation processing of Neves-Corvo ore (Portugal). International Journal of Mineral Processing 66:163-181.
Benzaazoua M, Marion P, Pinto A, Migeon H, Wagner FE (2003) Tin and indium mineralogy within selected samples from the Neves-Corvo ore deposit (Portugal): A multidisciplinary study. In: Will BA (ed.) Minerals Engineering Suplement 1 Applied Mineralogy 16(11):1237-1325.
Carvalho D, Barriga FJAS, Munhá J (1999) Bimodal-Siliciclastic Systems - The Case of the Iberian Pyrite Belt In: Barrie T, Hannington M (eds.) Volcanic-Associated Massive Sulfide Deposits: Processes and Examples in Modern and Ancient Settings. Reviews in Econ. Geol. 8: 375-408.
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Produção científica / Publicações relevantes
(Últimos 10 anos)
Carvalho M.R., Forjaz V.H., Almeida C. (2006) Chemical Composition of Deep Hydrothermal Fluids in the Ribeira Grande Geothermal Field (São Miguel, Azores). Special Issue "Volcanic Geology of the Azores Islands", of Jour. Volcanol. Geothermal Research, 56, 116-134.
Gaspar M, Inverno CMC (2000) Mineralogy and metasomatic evolution of distal stratiform scheelite skarns in the Riba de Alva Mine, NE Portugal. Econ. Geol. 95:1259-1276.
Gaspar M, Knaack C, Meinert LD, Moretti R (2008) REE in skarn systems: A LA-ICP-MS study of garnets from the Crown Jewel gold deposit. Geochimica et Chosmochimica Acta, v. 72, p. 185-205
Gonçalves MA (2001) Characterization of geochemical distributions using multifractal models. Mathematical Geology 33(1): 41-61
Gonçalves MA, Mateus A, Oliveira V (2001) Geochemical anomaly separation by multifractal modelling. Journal of Geochemical Exploration 72: 91-114.
Higueras P., Munhá J., Oyarzun R., Tassinari C.C.G., Ruiz I.R. (2005) First lead isotopic data for cinnabar in the Almadén district (Spain): implications for the genesis of the mercury deposits. Mineralium Deposita, 40: 115-122.
Higueras P., Oryazun R., Morata D., Munhá J. (2003) Alkaline mafic magmatism and mercury deposits: the Almaden case (Ciudad Real, Spain). Bol. Soc. Española Mineral., 25: 145-160.
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(continuação)
(continua)
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Produção científica / Publicações relevantes
(Últimos 10 anos)
Jesus A, Mateus A, Munhá J, Pinto A (2005) Intercummulus massive Ni-Cu-Co, PGE-bearing sulphides in pyroxenite: a new mineralization type in the Layered Gabbroic Sequence of the Beja Igneous Complex (Portugal). In: Mao J, Bierlein FP (eds.) SGA Meeting Mineral Deposit Research: Meeting the Global Change, Beijing (China), Springer Verlag: 405-407.
Jesus A, Mateus A, Oliveira V, Munhá J (2003) Ore-forming systems in the layered gabbroic sequence of the Beja Igneous Complex (Ossa-Morena Zone, Portugal); state of the art and future perspectives. In: Demetrios G, Eliopoulos et al. (eds.) 7th Biennial SGA Meeting - Mineral Exploration and Sustainable Development, Athens (Greece), Millpress, Rotterdam 1: 591-594.
Jesus A, Mateus A, Waerenborgh JC, Figueiras J, Cerqueira Alves L, Oliveira V (2003) Hypogene titanian, vanadian maghemitic in reworked oxide cumulates in the Beja layered gabbro complex (Odivelas, Southeastern Portugal). Canadian Mineralogist 41:1105-1124.
Jorge RCGS, Relvas JMRS, Barriga FJAS (2005) Silica Gel Microtextures in Siliceous Exhalites at the Soloviejo Manganese Deposit, Spain. In: Mao J, Bierlein FP (eds.) SGA Meeting Mineral Deposit Research: Meeting the Global Change, Beijing (China), Springer-Verlag: 631-634.
Larson PB, Maher K, Ramos FC, Chang Z, Gaspar M, Meinert LD (2003) Copper isotope ratios in magmatic and hydrothermal ore-forming environments. Chemical Geology 201: 337-350.
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Produção científica / Publicações relevantes
(Últimos 10 anos)
Mateus A, Araújo A, Gonçalves MA, Matos J (2005) Variscan overthrusting, fluid flow and the genesis of magnetite orebodies at Azenhas area (Pedrogão, Ossa-Morena Zone, SE Portugal). Bol. Geologico y Minero 116 (1): 3-22.
Munhá J, Relvas JMRS, Barriga FJAS, Conceição P, Jorge RCGS, Mathur R, Ruiz J, Tassinari CCG (2005) Os Isotopes Systematics in the Iberian Pyrite Belt. In: Mao J, Bierlein FP (eds.) SGA Meeting Mineral Deposit Research: Meeting the Global Change, Beijing (China), Springer-Verlag: 663-666.
Oliveira V, Matos J, Bengala M, Silva N, Sousa P, Torres L (1998) Geology and Geophysics as Successful Tools in the Discovery of the Lagoa Salgada Orebody (Sado Tertiary Basin - Iberian Pyrite Belt), Grândola, Portugal. Mineral. Deposita 33:170-187.
Pierini C., Mizusaki A., Pimentel N., Faccini U., Scherer, C. (acc.) Paleoalterations in fluvial deposits of the Sergi Formation, an hydrocarbon reservoir rock (Recôncavo Basin, NE Brazil). Journal of South American Earth Sciences.
Pinto AMM, Barriga FJAS, Scott SD (2004) Data report: sulfide and oxide mineral chemistry of an active backarc hydrothermal system: PACMANUS, ODP Holes 1188A, 1188F, 1189A , and 1189B In Barriga FJAS, Binns RA, Miller DJ, Herzig PM (eds.) Proocedings of the Ocean Drilling Program, Scientific Results 193:1-31.
Pinto AMM, Barriga FJAS, Scott SD, Roberts S (2003) PACMANUS: The subsurface sulfide/oxide/gold mineralization. In: Demetrios G, Eliopoulos et al. (eds.) 7th Biennial SGA Meeting - Mineral Exploration and Sustainable Development, Athens (Greece), Millpress, Rotterdam.
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Produção científica / Publicações relevantes
(Últimos 10 anos)
Pinto A, Relvas JMRS, Barriga FJAS, Pacheco N, Scott SD (2005) Gold mineralization in recent and ancient volcanic-hosted massive sulphides: the PACMANUS field and the Neves Corvo deposit. In: Mao J, Bierlein FP (eds.) SGA Meeting Mineral Deposit Research: Meeting the Global Change, Beijing (China), Springer-Verlag: 683-686.
Relvas JMRS, Barriga, FJAS, Ferreira, A, Noiva, PC, Pacheco, N, Barriga, G, (2006) Hydrothermal alteration and mineralization in the Neves-Corvo volcanic-hosted massive sulfide deposit, Portugal: I. Geology, Mineralogy, and Geochemistry. Econ. Geol., v.101-4, pp.753-790.
Relvas, JMRS, Barriga, FJAS, and Longstaffe, F, (2006) Hydrothermal alteration and mineralization in the Neves-Corvo volcanic-hosted massive sulfide deposit, Portugal: II.Oxygen, Hydrogen and Carbon Isotopes. Econ. Geol., v. 101-4, pp. 791-804.
Relvas JMSR, Barriga FJAS, Pinto AMM, Ferreira A, Pacheco N, Noiva P, Barriga G, Baptista R, Carvalho D, Oliveira V, Munhá J, Hutchinson RW (2002) The Neves Corvo deposit, Iberian Pyrite Belt, Portugal: impacts and future, 25 years after the discovery. In: Goldfarb R, Richard N (eds.) Integrated methods for discovery: global exploration in the 21st century. SEG Special Publications 9:155-176
Relvas JMRS, Tassinari CCG, Munhá J, Barriga FJAS (2001) Multiple sources for ore-forming fluids in the Neves Corvo VHMS deposit of the Iberian Pyrite Belt (Portugal): Strontium, Neodymium and Lead isotope evidence. Mineral. Deposita 36:416-427.
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Produção científica / Publicações relevantes
(Últimos 10 anos)
Represas P, Monteiro Santos F, Mateus A, Figueiras J, Barroso M, Martins R, Nolasco da Silva M, Oliveira V, Matos JX (2005) A case study of two and three-dimensional inversion of dipole-dipole data: the Enfermarias Zn-Pb (Ag, Sb, Au) prospect (Moura, Portugal). Near Surface Geophysics 3(1): 21-31.
Rosa D (2002) Metallogenesis of the Jales gold district, northern Portugal. Int. Lias.Gr.Gold Min. Newsletter 34: 51-52.
Rosa DRN, Romberger SB (2003) Fluid evolution in the Jales gold district, northern Portugal. International Geology Review 45(7): 646-658.
Tornos F, Casquet C, Relvas JMRS, Barriga FJAS, Saez R (2002) The relationship between ore deposits and oblique tectonics: the SW Iberian Variscan belt. In: Blundell DJ, Neubauer F, von Quadt A (eds.) The timing and location of major ore deposits in an evolving orogen. Geological Society, London, Special Publications 204: 179-198.
Tornos F, Casquet C, Relvas JMRS (2005) Transpressional tectonics, lower crust decoupling and intrusion of deep mafic sills: a model for the unusual metallogenesis of SW Iberia. Ore Geology Reviews 27(1-4):133-163.
Tornos F, Inverno CMC, Casquet C, Mateus A, Ortiz G, Oliveira V (2004) Metallogenic evolution of the Ossa Morena Zone. Journal of Iberian Geology 30:143-181.
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Produção científica / Relatórios de estágio
(Últimos 10 anos)
Afonso J.M.S. (2007). Estágio em Geologia de Sonda na Bacia de Potiguar, Brasil. Curso Pós-Graduado de Especialização em Gelogia Aplicada, Dep. Geologia FCUL.
Beleque A. (em curso). Prospecção de jazigos minerais no sector de Abegoaria (região NW de Portel) da Faixa Magnetítico-Zincífera, Zona de Ossa-Morena. INETI-Beja. Curso Pós-Graduado de Especialização em Gelogia Aplicada, Dep. Geologia FCUL.
Esperancinha S.C. (2007). Estágio em Geologia de Sonda no Rio Grande do Norte, Brasil. Curso Pós-Graduado de Especialização em Gelogia Aplicada, Dep. Geologia FCUL.
Feliciano R. (2008). Análise geoquímica de sedimentos de corrente na FPI; consequências para a prospecção mineral. Iberian Resources Portugal. Curso Pós-Graduado de Especialização em Gelogia Aplicada, Dep. Geologia FCUL.
Lopes R.P.H., Labaredas J. (2007). Desenvolvimento de competências multi-metodológicas aplicadas à prospecção mineral. Iberian Resources Portugal e Beralt Tin & Wolfram SA. Curso Pós-Graduado de Especialização em Gelogia Aplicada, Dep. Geologia FCUL.
Martins M. O. A. (2008). Estágio em Interpretação de Dados Geológicos na GALP. Curso Pós-Graduado de Especialização em Gelogia Aplicada, Dep. Geologia FCUL.
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Produção científica / Prestações de serviços
(Últimos 10 anos)
Mateus A., Figueiras J., Carvalho C. (2005). Caracterização petrográfica e difractométrica de amostras seleccionadas dos poços CL-6 e CL-5 Campo Geotérmico da Ribeira Grande (S. Miguel, Açores). Relatório Final (contrato de prestação de serviços para SOGEO): 21 pg + CD-ROM.
Garcia A.J.V., Pimentel N.L.V., Reis R.P., Silva L.T. (2004). Roteiro estratigráfico e petrológico da Bacia Lusitânica, enfoque petrolífero. (Saída de campo com delegação técnica da Petrobras, 20-24 de Setembro). Dep. Ciências da Terra, Univ. Coimbra, 89 pp. (n.publ.).
Jesus A., Mateus A., Munhá J. (2006). Geological characterization of the Ferreira do Alentejo Beringel sector (Layered Gabbroic Sequence of the Beja Igneous Complex) and some remarks concerning its potential for host Ni-Cu sulphide mineralization. Original Report for Rio Narcea Gold Mines SA: 45 pg.
Reis R.P., Pimentel N.L.V., Garcia A.J.V. (2006). A Bacia Lusitânica (Portugal) caracterização e evolução geral. (Saída de campo com delegação gerencial da Petrobras, 11-14 de Março). UC / UL / UFS, 28 pp. (n.publ.).
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Comemorações do AIPT 2008 no GeoFCUL
Recursos: A caminho de um uso sustentável
Ficha técnica:
Como citar este documento:
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Coordenação
Design gráfico e execução
Imagens
António Mateus.
Carlos Marques da Silva.
João Paulo Correia, Jorge Relvas, António Mateus, Carlos Marques da Silva, Fernando Barriga.
Mateus, A. (Coord.) (2008) Recursos: A caminho de um uso sustentável. Departamento de Geologia da FCUL, Lisboa. Acessível em http://geologia.fc.ul.pt/documents/99.pdf, consultado em [data da consulta].
Junho de 2008Paracelso Mais informações em: http://geologia.fc.ul.pt/index.php