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RECURSOS HUMANOS DE SAÚDE: DESAFIOS GLOBAL E NACIONAL SEMINÁRIO ANUAL DOS OBSERVATÓRIOS DE RECURSOS HUMANOS DE SAÚDE NOS PROCESSOS DE REFORMA SETORIAL NA REGIÃO DAS AMÉRICAS Relatório Final Celia Regina Pierantoni (IMS/UERJ) Brasília – DF, Brasil 16-18 de novembro de 2004 1

RECURSOS HUMANOS DE SAÚDE: DESAFIOS GLOBAL E … · A abertura dos trabalhos do seminário foi realizada pelo Representante da ... relativas a riscos no trabalho como as epidemias

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RECURSOS HUMANOS DE SAÚDE: DESAFIOS GLOBAL E NACIONAL

SEMINÁRIO ANUAL DOS OBSERVATÓRIOS DE RECURSOS HUMANOS DE SAÚDE

NOS PROCESSOS DE REFORMA SETORIAL NA REGIÃO DAS AMÉRICAS

Relatório Final

Celia Regina Pierantoni (IMS/UERJ)

Brasília – DF, Brasil 16-18 de novembro de 2004

1

Apresentação

Este relatório apresenta as discussões e proposições do Seminário Anual dos

Observatórios de Recursos Humanos de Saúde nos Processos de Reforma na

Região das Américas, com o tema: RECURSOS HUMANOS DE SAÚDE:

DESAFIOS GLOBAL E NACIONAL, realizado em Brasília no período de 16 a

18 de novembro de 2004, na Organização Pan- Americana de Saúde.

A programação proposta (anexos) foi desenvolvida sob a modalidade de mesas

que abordaram os contextos gerais das questões relativas a recursos humanos

e sua importância nos sistemas nacionais de saúde no mundo, nas Américas e

em situações específicas relacionadas com Nafta, Mercosul e Migrações.

A seguir um conjunto de mesas redondas e painéis focalizaram temas que

foram objeto das discussões em grupo orientadas por questões selecionadas.

Os participantes foram distribuídos em 4 grupos. Essa distribuição procurou

contemplar os países representados e os representantes e convidados dos

observatórios brasileiros em todos os grupos. Os trabalhos em grupo foram

acompanhadas por um coordenador e um relator. Cada trabalho de grupo foi

relatado e sintetizado para a apresentação da versão preliminar no evento.

Estiveram na coordenação dos grupos de trabalho:

• Daniel Purcallas ( OPS, Panamá);

• Mônica Padilla ( OPS, Washington);

• Rosa Maria Borrel (OPS, Argentina);

• Carlos Rosale (OPAS,Paraguai).

A equipe de relatores foi constituída por:

• Célia Regina Pierantoni (IMS/UERJ, ABRASCO, Brasil) –

Coordenação Geral.

• Thereza Christina Varella (IMS/UERJ, Brasil);

• Mônica Vieira (EPJV/FIOCRUZ, Brasil);

• Janete de Lima Castro (NESC/UFRN, Brasil);

• Luciana Alves Pereira ( UEL, Brasil).

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A partir da síntese dos grupos e com o objetivo de facilitar a memória e

compreenção das discussões dos focos temáticos, optou-se por apresentar

o relatório final por tema, incluindo os trabalhos dos 4 grupos. O relatório

temático procurou, de acordo com roteiro previamente estabelecido,

apresentar a síntese da conceituação/contexo do tema da mesa/painel

específico, questões abordadas, aspectos facilitadores e dificultadores,

proposições, questões particulares de países ou regiões (destaques).

Desta forma, a apresentação deste relatório final compreende três partes:

1. Síntese dos temas gerais e sessão de encerramento ;

2. Sínteses temáticas dos trabalhos em grupo;

3. Anexos:

• Apresentação do seminário;

• Programa;

• Apresentações dos participantes das mesas/painéis (cd- rom)

• Lista de participantes por grupo de trabalho e,

• Lista de participantes do seminário.

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Síntese dos temas gerais

Conclusões

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1. Sessão de abertura:

A abertura dos trabalhos do seminário foi realizada pelo Representante da

OPAS/OMS no Brasil Horácio Toro Ocampo, pela representante do Ministério

da Saúde Maria Luiza Jaeger, Secretária de Gestão do Trabalho e da

Educação na Saúde e Feliz Rígoli, representante OPS, Washington.

O Dr. Horácio ressaltou a diretrizes da OPAS/WC para o alcance dos objetivos

do milênio - Recursos humanos (RH) como estratégicos para a área da saúde.

Destacou a necessidade de renovar a sensibilidade e respeito ao trabalho

desenvolvido na área de RH da OPAS junto aos governos e Ministérios da

Saúde, saudou os técnicos dos países presentes e afirmou a liderança do

Brasil na América Latina.

Maria Luiza Jaeger saudou os presentes em nome do Ministro da Saúde do

Brasil, Dr. Humberto Costa, destacando a área como prioridade de governo nos

aspectos referentes à gestão do trabalho e da educação. Enfatizou a

importância da rede de Observatórios de Recursos Humanos de Saúde para a

realização de pesquisas e diagnósticos, fornecendo subsídeos para a

formulação e implementação de políticas.

Félix Rígoli,OPS WC, após saudação aos presentes, apresentou a dinâmica do

evento e diretrizes para o funcionamento dos trabalhos em grupo.

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2. Sessão inaugural As Agendas Global e Regional de Recursos Humanos de Saúde na Próxima Década Coordenador: Horácio Toro Ocampo, Representante da OPAS/OMS no Brasil

• A Agenda Global de Recursos Humanos de Saúde - Abdelhay Mechbal, OMS/Genebra

• Recursos Humanos no Desenvolvimento Estratégico de Saúde - Pedro

Brito, OPAS/Washington

O primeiro expositor, Abdelhay Mechbal, OMS/Genebra, diretor do

Departamento de Recursos Humanos, ressaltou a agenda global que

focaliza RH como tema prioritário.

O contexto global aponta que a área é responsável por cifras em torno 60-

80% do gasto público, com tendência crescente, apesar de uma ausência

de informações sistematizadas. Com relação aos profissionais de saúde

pontuou um cenário de limites rígidos entre as profissões; desigualdades de

distribuição, de emprego, de condições de trabalho, destacando questões

relativas a riscos no trabalho como as epidemias por HIV/AIDS. A escassez

de rh em países desenvolvidos transforma o mercado de trabalho na área

que perde características locais/regionais e se configura em mercado global

fortalecendo as migrações de profissionais. Mais ainda reforçou o

tradicionalismo da área de RH com ausência de lideranças e propostas

inovadoras.

A Assembléia Geral da OMS apresentou como resoluções: dedicar ao ano

de 2006 como o Ano Mundial de RH, assim como o tema do Informe

Mundial de Saúde do mesmo ano. A década de 2005 a 2015 terá RH como

questão central.

Os desafios da área, apontados pelo expositor, situam-se primordialmente

em:

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• estrutura: composição, distribuição, equidade;

• dinâmica do trabalho e do mercado: relação público e privado,

vínculos, migração, incentivos;

• instituições: gestão e regulação.

Como estratégias de enfretamento dessas questões há necessidade de

desenvolver investigações com metodologias e informações comparáveis

focalizando avaliação, políticas e planejamento; na área de gestão,

competências e organização da FTS - cobertura e distribuição políticas de

incentivos; mobilidade; na área de educação e formação; legislação e

regulação, e influências do marco político e macroeconômico das políticas e

estratégias nacionais na FTS. Mais ainda, acelerar a produção de novos

trabalhadores de saúde para regiões como a África; fortalecer as capacidades

institucionais e transformar os Observatórios de RHS em uma rede global de

cooperação técnica.

Em conclusão ressaltou a importância de avaliar o trabalho realizado em RHS;

documentar experiências e promover aprendizado coletivo; programar,

implementar e articular as investigações com as necessidades do sistema de

saúde mobilizando atores, conhecimentos e recursos.

Na década de RH consolidar a experiência dos Observatórios para que possam

participar e antecipar a agenda global.

O segundo expositor, Pedro Brito, OPAS/Washington ressaltou que o novo

ciclo de RH no século XXI inicia-se com uma agenda pendente. Essa agenda

refere-se ao alcance da equidade em saúde face ao não atingimento das metas

do “ Saúde para todos no ano 2000” . Tem como desafios a manutenção de

benefícios sociais da área de saúde já conquistados como, por exemplo,

cobertura vacinal, e enfrentar novos.

Os novos desafios se apresentam em cenários complexos que, entre outros,

envolvem a globalização, o envelhecimento, a configuração de acordos

regionais como Nafta, Mercosul, Caricom, compatibilização das políticas

sociais com as políticas econômicas como no caso das reformas estruturais na

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América Latina que demandam políticas de emprego e combate a fome em

contraponto as políticas de mais mercado e menos emprego estimuladas em

décadas passadas.

Para os sistemas de saúde há que se buscar equilíbrio entre saúde como

mercado e saúde como direito social; políticas de estado e o mercado; enfoque

com base na universalização ou na focalização; ações de controle de

morbidade e incentivo a promoção de saúde; saúde individual e saúde coletiva

com desenvolvimento sustentável.

A seguir, Pedro Brito sintetiza os principais marcos recentes de 1997 a 2004 e

enfatiza um novo ciclo para RH que deverá contemplar aspectos relativos a

gestão do trabalho que decorrem do auge e crise do regime flexível com novas

instituições laborais, ressaltando a relevância e urgência dos problemas do

trabalho e da educação em saúde.

Por outra via, aponta mudanças nos sistemas de saúde e modelos de atenção

com vistas a incorporação dos objetivos de desenvolvimento do Milênio, do

direito a saúde como acesso universal a bens e serviços e priorização da

atenção primária em saúde, em um contexto de interdependências globais,

regionais e nacionais e de consolidação da descentralização.

A partir de um cenário de instabilidade de governabilidade democrática em

alguns países (45% dos países com governo autoritário), dinâmica demográfica

e social desfavorável com aumento crescente da pobreza em grandes centros

urbanos (7 em cada 10 postos de trabalho urbano pertencem ao setor

informal) o expositor cita diversos exemplos relativos a desemprego, aumento

da informalidade, aumento da pobreza, entre outros.

A agenda de desenvolvimento de RHS, no campo da educação, deverá

envolver a construção de novo modelo de construção do pensamento e do

conhecimento, novas modelagens educacionais que articulem atenção,

serviços e trabalho, educação permanente e regulação para a qualidade.

No campo do trabalho a agenda deverá estar pautada por estabelecimento de

carreira pública e trabalho decente com um sistema de proteção social

sustentado, construção de mecanismos visando a desprecarização e a melhora

de qualidade de vida no trabalho configurando o quadro de mudança na gestão

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do trabalho. Essas mudanças devem contemplar mecanismos que aportem

uma gestão responsável das migrações internacionais.

Para os Observatórios de RHS é apontada a construção de uma agenda

nacional, regional e global 2005-2015 que focalize visões e estratégias para

compartilhamento da informação, de influências, de mobilização, de propostas

e de compromissos. Nas regiões de fronteira devem atender a condições

específicas relacionas com a migração e os acordos internacionais.

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3. Mesa Redonda 1: Migração de Profissionais de Saúde e Compromissos de Solidariedade Internacional Coordenador: Ministro Américo Fontenelle, assessor especial da Casa Civil da Presidência da República, Brasil.

• O Caso NAFTA - Miguel Romero, México

• A Situação no MERCOSUL - Maria Helena Machado, Brasil

• Movimentos de Pessoal de Saúde no Mundo - Mario Dal Poz, OMS/Genebra

O expositor Miguel Romero, México abordou a construção e evolução do

Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e suas implicações

para o México. Acentuou que sua implementação surge em contexto de

globalização definida como a internacionalização da produção, do consumo de

valores e de costumes. A integração do México ao Nafta se dá em um

momento desfavorável da economia ressaltando a queda do preço do

petróleo, altas taxas de inflação e corrupção do Estado.

Os principais resultados do tratado focalizam o aumento das exportações e

crescimento da industria mexicana o que resultou em um superavit da balança

comercial, porém, transformando a economia Mexicana cada vez mais

dependente e relacionada com a economia norteamericana – na visão do

expositor “quando há resfriado nos EEUU, no México há pneumonia”.

Discorreu sobre as metas do acordo apontando, no entanto, dificuldades de

avanço nos instrumentos para sua regulação. Essa metas de médio e longo

prazo buscam o desenvolvimento do mercado interno mexicano, aprofundar a

relação comercial com o Canadá, compatibilização de padrões técnicos,

agilização dos processos entre fronteiras, incluindo infraestrutura de apoio ao

intercâmbio comercial, aperfeiçoamento dos sistemas de pagamentos e

transferências eletrônicas, revisão nas normas de origem dos produtos,

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flexibilização para o movimento de profissionais entre os 3 países e expansão

de benefícios a mais regiões e setores.

Com relação aos RHS foram criados comitês para a prática internacional das

profissões envolvendo, na área da saúde, medicina, odontologia, psicologia ,

enfermagem, farmácia e veterinária. Os “COMPIS” das profissões de saúde

não avançaram em acordos relativos equiparação e compatibização dos

processo de acreditação de instituições formadoras e de certificação de

competências profissionais.

É destacado o déficit de força de trabalho para atender a saúde EEUU e

Canadá, especialmente de enfermeiros. No entanto os registros de mobilidade

nesses países são precários apontando para uma informalidade crescente e

mesmos processos que mascaram o exercício profissional e o emprego/

atividade registrada (cita o caso de enfermeiras contratadas como intérpretes e

cuidadoras). No caso das enfermeiras essa migração poderá comprometer o

sistema de saúde mexicano. Miguel Romero destaca a necessidade de

relações solidárias e complementares de Governo e entre países.

Maria Helena Machado, Brasil, descreveu o processo de instalação e

funcionamento do Mercosul formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e

Uruguai – estados parte, Chile e Bolívia – estados associados e mais

recentemente a incorporação do Peru.

Entre os subgrupos de funcionamento localiza-se o SGT11- Saúde, criado em

1996, com o objetivo de estabelecer normas para a circulação de produtos e

serviços na área da saúde no âmbito do Mercosul, contando com as seguintes

comissões: Produtos para a Saúde; Vigilância Epidemiológica e Controle

Sanitário de Portos, Aeroportos, Estações e Pontos de Fronteira; Prestação

de Serviços de Saúde. Nessa esta alocada a área de exercício profissional.

Segundo expositora as questões relevantes para os países Mercosul transitam

entre a compatibilidade de sistemas de saúde distintos (no caso do Brasil com

forte presença do Estado) - em especial políticas para municípios fronteiriços,

ausência de regulação para formação de nível superior e técnico.

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As profissões comuns estabelecidas entre os países partes incluem Médico,

Enfermeiro, Odontólogo, Farmacêutico, Nutricionista, Fisioterapeuta, Assistente

Social, Psicólogo; Técnicos de Enfermagem, de Radiologia, de Laboratório, de

Prótese Dentária, Auxiliar de Enfermagem e de Laboratório. A seguir levanta

questões que envolvem essas escolhas e sua adequação aos sistemas de

saúde, as qualificações profissionais e as necessidades da população, entre

outras.

Propõe uma agenda positiva focalizada em uma rede de cooperação

envolvendo instituições formadoras, de pesquisa, serviços, representações

corporativas e a sociedade. Mais ainda, no desenvolvimento de protocolos de

pesquisa comuns, mediados pela rede de observatórios, com ênfase em

sistemas de informações, regulação da formação e do trabalho em suas

diversificadas vertentes, sistemas de avaliação e acompanhamento das ações

desenvolvidas que apóiem o estabelecimento de um Código de ética do

Trabalho no Mercosul e um Banco Gerencial para a Amazônia legal.

Mario Dal Poz, OMS/Genebra, abordando o tema migrações, apresentou

estimativas de que cerca de 200 milhões de pessoas vivem fora de seus

países. Os EEUU representam um grande pólo migratório: estimativas de 1998

apontavam em torno de 80 mil enfermeiros estrangeiros naquele país –

profissão, segundo Prof. Mário, com processo migratório intenso.

Entre os fatores fomento a migração destacam-se os acordos de comercio e

serviços (GATS - 4) que tem contribuído para a remoção ou redução de

barreiras ao fluxo da força de trabalho entre os países. Na atualidade, a

enfermagem tem ocupado posição de destaque na agenda internacional, dada

à redução dos efetivos em países centrais, particularmente no Canadá, Reino

Unido e Estados Unidos. As deficiências destes países vêm sendo supridas

cada vez mais com profissionais do mundo em desenvolvimento.

Identifica-se um mercado global para algumas categorias profissionais,

verificado por padrões de educação uniformes como, por exemplo, o observado

nos currículos das escolas de enfermagem de diversos países em

desenvolvimento (ex. Filipinas, África do Sul) que é baseado no currículo das

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escolas de enfermagem do Reino Unido e pela ausência exame de qualificação

para o exercício profissional (enfermeiras da África do Sul no Reino Unido).

Os fatores que influenciam os movimentos migratórios estão fora do controle

dos responsáveis pelas políticas do setor saúde. É consensual que os fatores

ligados às perspectivas de emprego se constituem como uma das questões

centrais que influenciam os profissionais de saúde na tomada de decisão em

relação à migração. Neste sentido a opção mais usual para fixação de

profissionais em países fornecedores de mão de obra se baseia em políticas de

elevação dos níveis salariais. Entretanto, não há evidências sobre a

probabilidade de sucesso destas iniciativas, em função da complexidade dos

determinantes destes processos.

Destacou a necessidade de ampliar o conhecimento no campo da migração

com dados e informações de fluxos e tendências envolvendo as características

demográficas dos migrantes e o impacto da migração nos serviços de saúde.

Dalpoz relacionou questões pertinentes a migração nacional e internacional

apontando processos, vantagens e desvantagens da migração e a necessidade

de equilíbrio entre o enfoque do profissional que busca melhores condições de

emprego, trabalho e condições vida e o ponto de vista dos países fontes e

recebedores.

Finalmente relacionou opções políticas em discussão para enfrentamento dos

fluxos migratórios como desenvolvimento de políticas explicitas para reduzir a

migração dos países em risco por ex. Commonwealth Agreement on Ethical

Recruitment, usar acordos bilaterais para gerenciar a migração, mecanismos

de suporte para estadias temporárias e retorno de emigrantes, novas

modalidades de prestadores adequados a sistemas locais e melhorar a

planificação de recursos humanos tanto nos países desenvolvidos como em

desenvolvimento

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4. Encerramento

Conclusões, Recomendações e Compromissos Futuros.

• Coordenador: Felix Rigoli, OPAS/Washington

Apresentação do Relatório Geral – Versão Preliminar Celia Pierantoni, Brasil

Debate em Plenário

A sessão de encerramento foi precedida pela formalização de compromisso

dos representantes do Canadá, Robert Shearer e Diane McArthur, para a

próxima reunião dos Observatórios, discutindo-se uma agenda que

contemplasse as demandas apresentadas durante o evento sendo enfatizado o

compromisso com diretrizes/ demandas das Américas e mundiais.

Após a apresentação da versão preliminar do relatório geral do evento foram

apresentados destaques no debate em plenário:

Ricardo Ceccim, Brasil

• Destacar a educação permanente como integrante do processo gestor.

• Definir perfil profissional para a saúde.

• O campo da saúde deve ser informado pela saúde coletiva mobilizado

pela clínica.

• Promover o encontro do setor educação com o setor saúde, nomeando

trabalhos conjuntos.

• Reconhecimento de escolas da saúde para a formação na área com

ênfase na equipe o que significa o trabalho conjunto de vários

elementos.

• Mobilizar os estudantes para a compreensão das reformas setoriais nos

diferentes países.

• Enfatizar a o componente pesquisa como atividade a ser recomendada a

prática dos serviços sendo esta um motor para as mudanças.

Pedro Brito, OPAS/ WC

A próxima reunião dos Observatórios deverá ter na pauta o delineamento de

estratégias para o Dia Mundial da Saúde como uma oportunidade de

mobilização dos trabalhadores.

Destacou a importância do tema migração principalmente para os países do

Caribe de língua inglesa - desenvolver propostas para a gestão responsável da

migração.

Ressaltou a importância crescente das instâncias de integração sub-regional

de influir na agenda internacional com a inclusão do tema RHS.

Possibilidade de reeditar o Plano de Saúde das Américas por ocasião da

década de RH e das metas do milênio. Pensar em desenvolver o Plano Decenal de Desenvolvimento de RH dentro de um marco normativo e

estratégico, utilizando o diálogo social para o acordo das metas.

Miguel Romero, México Reafirmou as propostas de Pedro Brito e sugeriu linhas temáticas que poderão

servir de insumos tais como conflitividade dos trabalhadores, percepção dos

trabalhadores sobre os movimentos de flexibilização/precarização e o impacto

na qualidade da atenção à saúde.

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Relatório Temático dos Grupos de Trabalho

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Trabalho decente nos serviços de saúde e compromissos de governo

Thereza Christina Varella Observatório de Recursos Humanos IMS/UERJ

Apresentação

A mundialização das economias resultou em mudanças substantivas na

organização do trabalho nas sociedades. As conseqüências mais percebidas

foram a necessidade cada vez menor de trabalho estável e formal e, a

utilização intensa de formas produtivas flexibilizadas e desregulamentadas.

A tensão advinda da tendência mundial de desregulamentação do trabalho e

do desemprego acirra o debate em torno do tema trabalho decente.

Segundo a OIT, entende-se por trabalho decente a ocupação que permite a

homens e mulheres o equilíbrio entre trabalho e vida familiar com remuneração

que viabilize uma vida digna; o acesso à educação dos filhos do trabalhador e

condições para retirá-los do trabalho infantil. Permita, ainda, oportunidades de

capacitação para manter-se em dia com as novas qualificações tecnológicas,

por meio de formação contínua; condições para a preservação da saúde com a

prevenção de acidentes e doenças; de garantias para ter voz no lugar de

trabalho e na comunidade; e por fim uma distribuição eqüitativa da riqueza.

A OIT dedica-se especialmente à promoção de uma agenda de “Trabalho

Decente” (Decent Work) apoiada em quatro pilares estratégicos: a promoção

de emprego (assalariado e por conta própria) com proteção social, com

respeito aos princípios fundamentais e direitos no trabalho e com diálogo

social.

O debate sobre trabalho decente nos serviços de saúde e compromissos de

governo enriqueceu as discussões do Seminário Anual dos Observatórios de

Recursos Humanos de Saúde na Região das Américas- tanto em uma mesa

dedicada ao tema como nas discussões que se deram nos grupos de trabalho

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que oportunizaram a troca de experiências entre os participantes, identificação

de problemas comuns à região e o encaminhamento de proposições.

Questões norteadoras

1. Identificar e caracterizar os nas condições de trabalho e em saúde e suas

tendências.

2. Listar as possíveis estratégias para melhorar a qualidade dos postos de

Considerações Gerais

O conceito de trabalho decente foi retomado colocando a questão da

precarização do trabalho como questão central de reflexão. Faz-se mister

reconhecer um déficit global de trabalho decente. Esse déficit se traduz na

oferta insuficiente de emprego, na proteção social inadequada, na precarização

ou ausência de direitos no trabalho. Na saúde o mercado de trabalho está em

crescimento sendo este alicerçado em formas flexíveis de trabalho.

Passada a deterioração iniciada na década de 1980 e incrementada na década

seguinte, percebe-se uma tendência nos anos 2000 para a reconstrução das

condições e das relações de trabalho.

Esse tema reflete uma preocupação comum de todos os países representados

no grupo, mas, no entanto, nem todos têm definidas políticas para o problema.

Muitos paises não sabem como enfrentar tal situação.

A precarização das relações de trabalho originou-se em contexto de crise

econômica e de reformulação do papel do estado junto à sociedade, justificada,

sobretudo pelo alto custo do trabalho estável. Essa questão vem se

complexificando a partir da segunda metade da década de 90 , já que o estado

é o maior empregador na grande parte dos países da América Latina.

Tal precarização está associada a outros aspectos como falta de regulação do

sistema de ingresso nos serviços, alta rotatividade nos postos de trabalho e

ausência de uma política salarial e de carreira setorial. O tema deve ser

analisado também, levando-se em consideração as condições de trabalho,

compreendida de forma ampliada, como um conjunto que envolve, além dos

aspectos salariais, infra-estrutura, salubridade, relações de trabalho e outros

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As questões que afetam a área de recursos humanos são amplas e estão

relacionadas ao contexto social. Os problemas da área de RH, estão muitas

vezes, fora do espaço de governabilidade dos dirigentes da saúde, apontando

para a necessidade de ações intersetoriais e para reflexões sobre alternativas

de enfrentamento a serem negociadas fora da esfera da saúde.

As discussões realizadas nos grupos tiveram como premissa à melhoria da

qualidade dos serviços de saúde e não apenas a melhoria das questões

diretamente relacionadas aos recursos humanos.

Considerou-se ainda que há uma distribuição desigual dos recursos para a

área de RHS entre os países da América.

Constatou-se que a tendência observada nos últimos anos de flexiblização do

trabalho vem provocando o desgaste da força de trabalho em saúde e o stress

profissional, o que traz como conseqüência tanto o advento de trabalhadores

precocemente improdutivos, quanto à migração de profissionais para outro

ramo de atividade econômica.

Problemas- Dificuldades

Desenhou-se um mapa da situação atual do trabalho na saúde que aponta

para o seguinte cenário: equipamentos de trabalho precários, alta rotatividade

de profissionais, jornadas de trabalho extensivas, multiemprego e falta de

mecanismos para fixação dos trabalhadores de saúde.

De forma geral apontou-se os vínculos precários como responsáveis pela

descontinuidade dos projetos no setor saúde, especialmente na atenção

básica, apesar desta situação afetar todos os níveis do sistema, bem como as

diferentes categorias profissionais. A instabilidade no trabalho acarreta ainda a

perda de recursos humanos capacitados.

Registrou-se que a problemática da adoção do trabalho decente é o custo do

trabalho estável, o que não representa uma peculiaridade do setor saúde.

Foi abordado que vários países utilizam recursos oriundos de projetos para a

contratação de trabalhadores para a saúde, o que estimula a prática de

trabalho temporário de sem proteção.

19

Apontou-se que não se dispõe de informações que possam mapear as

condições de emprego e trabalho de médicos e enfermeiros no Brasil. Os

observatórios de Recursos Humanos devem ter o papel de identificar e

caracterizar as condições de trabalho na saúde fazendo, assim, um diagnóstico

para a área.

Destacou-se que Ministérios da Saúde dos países da região caracterizam-se

por uma indefinição sobre a função de gestão de RH e pela não utilização de

ferramentas de gestão. A falta de priorização política para RH é constatada

pela inexistência de um Plano de Desenvolvimento de Recursos Humanos na

maioria dos países. Soma-se a isso mudança freqüente dos gestores por

interferência política, que se reflete em rotatividade de pessoal técnico da área.

Considerou-se que há uma perda da capacidade regulatória, que acarreta a

fragmentação de contratos de trabalho e obstaculiza a organização sindical.

Foi estabelecida, por um dos participantes brasileiros, uma reflexão sobre a

relação entre processos gerenciais, em várias instâncias, e a saúde no

trabalho, sendo abordado que os profissionais de saúde são preparados para a

assistência e não para a gerência. Faz-se necessário buscar estratégias para

desenvolver outras modalidades gerenciais que possam influir positivamente

nas condições de vida no trabalho.

Ainda no que se refere à gestão do trabalho os problemas iniciam-se com o

próprio despreparo dos profissionais para a gerência do processo de trabalho

em saúde e passam pela indefinição de questões relativas à avaliação de

desempenho, a falta de incentivos à produtividade e estudos sobre a qualidade

dos serviços. Foi relatado que o processo e organização do trabalho não

consideram a subjetividade do trabalhador, que é tratado como insumo.

Enfatizou-se ainda a inexistência de Plano de Cargos, carreiras e salários para

os trabalhadores da saúde gerando inserção informal, diferenças salariais,

descompromisso e desmotivação na relação com o trabalho. Além disso, foi

apontada uma iniqüidade entre os profissionais do setor público e do setor

privado bem como nas diferentes regiões de um mesmo país.

20

Também foram feitas observações acerca da própria visão dos RH como gasto

e não como investimento, o que faz com que a área de RH não seja

identificada como prioritária e estratégica.

Foi contextualizada a situação do México que se encontra na atualidade com

cerca de 40 mil trabalhadores com contratos de trabalho temporário, sem

proteção social, que são renovados mensalmente. Há uma orientação

governamental para que não sejam criados novos postos de trabalho. Estes

trabalhadores atendem as populações indígenas e não são submetidos a

processos de preparação para lidar com as diferenças culturais

O representante do Uruguai apontou que no país tem havido diminuição de

postos de trabalho para enfermeiros que estão sendo substituídos por

auxiliares de enfermagem.

Propostas

Foi proposta, pelo representante do México a realização de um estudo que

pudesse descrever, de forma consistente, o problema da cada sistema no

diferentes países. A investigação deverá contemplar as possíveis

conseqüências da precarização do trabalho na saúde pública, ou seja se as

condições de trabalho produzem impactos sobre a saúde da população. A

questão colocada está circunscrita aos seguintes questionamentos: o

trabalhador precário pode prestar serviços de qualidade? A utilização de

trabalhadores com contratos mais formais e estáveis representa melhoria para

o usuário dos serviços? É possível organizar os sistemas de saúde só com

contratos formais ou é necessário o emprego de modalidades mais flexíveis?

Os trabalhadores precários têm maior produtividade? Qual a percepção do

trabalhador sobre formas mais flexíveis de trabalho?

Os estudos realizados sobre flexibilização e precarização não são uniformes

nem tampouco apresentam como resultados fenômenos comparáveis. Assim,

recomenda-se que sejam desenvolvidas metodologias que permitam

comparações entre os países e que se estabeleçam indicadores gerais para a

qualidade do emprego que sejam aplicáveis a diferentes realidades dos

sistemas de saúde da região, possibilitando análises comparativas. Foi

21

ressaltada a importância de manter sistemas de informação permanentes e

atualizados.

O grupo refletiu sobre algumas ações transformadoras do cenário atual que

atravessam tanto aspectos relacionados à formulação de políticas públicas

como passam por questões técnicas.

As questões de ordem política refletem a necessidade de formulação de

políticas de interiorização e fixação de trabalhadores de saúde com a definição

de múltiplas estratégias para estimular o trabalho em regiões de difícil acesso.

É necessário também criar mecanismos de remuneração diferenciada

relacionados ao desempenho e a capacitação profissional bem como garantir

no orçamento das organizações de saúde, recursos destinados às despesas

com a gestão de recursos humanos.

As questões de ordem técnica referem-se a estudos relacionados a diversas

temáticas como remunerações profissionais, qualidade/produtividade,

construção de indicadores de avaliação de desempenho, incentivos

profissionais, desempenho, competência, novos modelos de gestão que

incluam a participação dos sindicatos e dos usuários nessa discussão e a

formulação de indicadores de acompanhamento da gestão do trabalho que

inclua a avaliação das chefias. Ressaltou-se que é importante considerar que a

Carreira não é um fim em si mesma e sim um dos mecanismos que permite

regular as relações de trabalho. Foi sugerida a elaboração de um plano de

desenvolvimento de Recursos Humanos que contemplem a articulação de

questões relativas à administração e à preparação de RH.

Faz-se também necessário incluir na agenda dos observatórios a discussão

sobre o tema regulação do trabalho, no contexto do Mercosul.

Foi observado que há uma falta de sintonia entre a oferta no mercado e as

necessidades locais. Sugeriu-se que fosse investigada a experiência de

Alagoas (Brasil) que investiu num processo de desprecarização do trabalho,

por meio de realização de concurso público. Apenas 15% dos trabalhadores

temporários que realizaram o concurso foram admitidos e, muitas

especialidades mais corporativas não atenderam a convocação do concurso.

22

Articulação entre educação e trabalho – dimensões institucionais e atores sociais

Monica Vieira

Observatório de Recursos Humanos- Escola Politécnica/Fiocruz

Introdução

Os tempos atuais sugerem uma aproximação entre mundo do trabalho e

sistema educativo, sinalizando que o lugar de trabalho se transforme em

espaço de formação. A análise sistemática e interdisciplinar das relações entre

educação e trabalho na saúde é um momento novo e indispensável para o

campo da Gestão e Qualificação do Trabalho na área.

De acordo com Brito (2002), as dificuldades para o encontro entre os que

pensam a saúde e os que pensam o trabalho e a educação podem estar

relacionadas com a maior necessidade dos envolvidos com a saúde pública em

responder questões dos serviços de saúde. Enquanto para esses o propósito

maior seria intervir nos processos de trabalho buscando incrementar a

produtividade, na perspectiva dos estudiosos do trabalho e da educação,

percebe-se uma maior preocupação com categorias teóricas. Ainda assim,

pode-se indicar que a problemática de recursos humanos no processo de

reforma no setor saúde é, numa parte substantiva, uma problemática do

trabalho e da educação em saúde.

As questões do trabalho e da educação retornam como compromisso central,

remetendo a uma reflexão sobre que modelo de Estado deve orientar as

relações com a sociedade. Nos últimos anos pode-se apontar para um resgate

da relevância da gestão do trabalho em saúde como política pública e o

retorno, fortalecido, da expectativa de que os trabalhadores atuem como

agentes de mudança da prática no setor público.

Identifica-se, dessa forma, a necessidade de aproximação entre as temáticas

do trabalho e da educação na saúde. De acordo com autores como Zarifian

23

(2001), aprender seria uma atividade de trabalho, pois o trabalho real é feito a

partir das renormalizações do trabalho prescrito.

Além de qualificar trabalhadores, o maior desafio é desencadear processos de

mudança. As reflexões/ações devem estar voltadas para a formulação de

novos pactos de trabalho e para a construção de ações transformadoras.

Dessa forma, a proposta de educação permanente precisa estar inscrita num

projeto institucional, que supõe mudanças na cultura e no estilo de gestão.

Nesse sentido, propostas de gestão e qualificação do trabalho em saúde

devem ser percebidas como construções que agregam dimensões técnicas e

políticas, como possibilidades de intervir nas organizações, que, acumulando

ou desconstruindo saberes, alteram espaços de poder.

Os Observatórios de Recursos Humanos em Saúde (ORHS): potencializando a

articulação entre educação e trabalho em saúde

inicialmente cabe registrar que esse tema foi discutido nos quatro grupos de

trabalho de forma distinta. Alguns ficaram restritos às considerações mais

gerais e outros aprofundaram análises no sentido de buscar definir ações mais

específicas para os Observatórios no que diz respeito à articulação Educação-

trabalho. Dessa forma, convém explicitar que a reflexão sobre a articulação

entre educação e trabalho em saúde coloca a necessidade de compreensão

dos diferentes momentos relacionados à conformação dos observatórios nos

países das Américas.

Nesse sentido deve-se considerar tanto a inexistência de observatórios em

alguns países como os distintos estágios de desenvolvimento das estações de

trabalho em outros. Além disso, é necessário compreender que os óbices para

integração entre a saúde e a educação, ainda que os dois setores apresentem

condições e dificuldades semelhantes, residem na disputa por espaços de

poder.

Entende-se que a criação da Rede Observatório de Recursos Humanos em

Saúde foi motivada pela necessidade de fortalecimento do tema Recursos

Humanos, considerando-se sua relevância e paradoxal ausência nos debates

acerca das reformas no setor saúde. Dessa forma os papéis dos observatórios

24

devem ser diferenciados em função da existência ou não de grupos de

Recursos Humanos instituídos. Esse tema permitiu perceber com maior nitidez

a necessidade dos Observatórios contribuírem na formulação de políticas para

a área de Recursos Humanos em Saúde. Assim, identificou-se a importância

da institucionalização dos observatórios que devem integrar a própria política

de RHS e se possível inserir os observatórios nas distintas regiões, buscando-

se resgatar especificidades e diversidades regionais.

O papel de potencializar a articulação entre educação e trabalho requer uma

ampliação do quantitativo de observatórios nos países das Américas. As

propostas de trabalho voltadas para a articulação entre os setores devem ser

construídas pelo conjunto de atores relacionados com o tema e negociadas

com as instancias decisórias. Espera-se que dessa forma os observatórios

possam constituir-se como um sistema de vigilância de RHS, como entes

propositivos, desenhando mapas de necessidades e definição de prioridades.

As informações e estudos sobre RHS devem estar relacionadas com o

contexto sócio-econômico e político, buscando-se prover informações para o

monitoramento, tomada de decisão e desenho de políticas públicas a partir da

articulação com os diversos atores como gestores, instituições formadoras e

conselhos profissionais em torno do tema.

Cabe também ao observatório reforçar a pressão social para a definição de

políticas públicas para a área e contribuir para que a questão saúde seja

incluída na formação profissional de outras áreas que possuem interface com a

saúde e também reforçada na educação geral. Foi apontado que os ORHS

devem incentivar iniciativas de processos de formação (docentes e alunos) que

considerem as demandas da sociedade, bem como estimular que temáticas da

saúde sejam incluídas nos currículos de outras categorias profissionais e no

ensino médio e fundamental.

As maiores dificuldades de articulação entre educação e trabalho referem-se

ao próprio desconhecimento sobre os Observatórios de RHS em alguns países,

além de poucas publicações na área de RH. Esse aspecto relaciona-se com o

não reconhecimento da necessidade de uma agenda política e estratégica para

o desenvolvimento de RHS. Destacou-se que podem ser evidenciados dois

cenários distintos: em países aonde existem comissões interinstitucionais

25

(como apresentado na experiência de El Salvador), nos quais o ORHS teria o

papel orientador da comissão, disponibilizando informações e deveria estimular

a constituição de comissões em localidades em que ainda não existem.

O representante de Cuba ressaltou o papel do Observatório na vigilância de

RHS e colocou a necessidade de se investigar o processo de qualificação de

docentes para a saúde que, na sua opinião, deveria contemplar conteúdos

humanísticos, técnicos e pedagógicos. Tal qualificação deveria ser orientada

para uma maior participação na assistência, respondendo ao compromisso

social inerente a função.

Foi apontado pelo representante do Canadá que o ORHS deveria criar um

fórum de discussão e disponibilizar um banco de dados dos países para

estabelecer os critérios e padrões mínimos para certificação internacional de

instituições de ensino. Destacou também seu papel na definição de

necessidades capacitação para os diferentes países.

Na perspectiva de integralidade da assistência o participante do México

apontou a necessidade de realizar estudos quantitativos sobre a oferta de

profissionais para o setor saúde (quantos se formam) e qualitativos para

caracterizar a formação (como estão sendo formados). Ressaltou que o tempo

para que sejam estabelecidas mudanças no setor educativo é, na maioria das

vezes, maior que as que se processam no setor saúde. A representante do

Brasil (São Paulo) corroborou a necessidade de estudos sobre a qualidade da

formação, especialmente dos cursos de enfermagem das faculdades privadas

e acrescentou que não se conhecem as conseqüências para o mercado de

trabalho do intenso crescimento de vagas e cursos de enfermagem de

verificado nos últimos anos.

Um outro aspecto presente nessa discussão relaciona-se a um certo

descompasso entre a formação dos trabalhadores de saúde e as necessidades

dos serviços. Destacou-se que é antiga a relevância da integração docente-

assistencial sem que fossem obtidos avanços no campo. Sugeriu-se que este

tema poderia ser objeto de investigação por parte dos observatórios que deve

também considerar o usuário no centro da relação educação-trabalho em

saúde.

26

Os representantes do Peru apontaram para a importância de garantir a

qualidade do ensino de saúde pública, discutir os processos de certificação das

carreiras profissionais de saúde.

Os relatos dos diversos representantes de estações de trabalho no Brasil

reforçaram a importância de se pensar o serviço como espaço de

aprendizagem, como um espaço que também deve acolher estudantes e gerar

relações de interação entre diferentes atores.

Dessa forma o observatório deve contribuir para a articulação (elo) entre

serviço e ensino, sendo estratégico para fomentar reformas curriculares. Faz-

se necessário estabelecer linhas estruturantes para a formação dos

profissionais de saúde que não devem estar atreladas a modelos de saúde,

muitas vezes transitórios, uma vez que o tempo para a formação é mais longo

que o tempo político dos governos. O ORHS pode ser uma ferramenta para

fomentar reformas nas universidades que hoje são reguladas pelo mercado.

Assim será possível discutir os processos de certificação das carreiras

profissionais, com criação de padrões mínimos internacionais para a

certificação de instituições de ensino e para a formação profissional.

Os grupos de trabalho definiram outras ações mais específicas a serem

desenvolvidas pelos observatórios que devem ser correlacionadas com as

informações e variáveis econômicas, sociais e políticas. A maior parte das

ações encontra-se relacionada com a necessidade de realização de estudos e

pesquisas voltadas para: mapear necessidades de capacitação em todos os

países, contribuir com a definição de perfis e competências profissionais,

identificar os problemas que impedem a integração ensino-servico, analisar a

incorporação das diretrizes curriculares nas diferentes áreas profissionais,

avaliar as metodologias de ensino e estudos sobre a formação de docentes,

avaliar o impacto dos processos formativos nos serviços , inclusive dos pólos

de educação permanente, analisar novas tecnologias educacionais (Educação

a distância), acompanhar a inserção no mercado de trabalho dos egressos

dos programas de residência médica, monitorar as conseqüências do boom

de escolas na área de saúde no mercado de trabalho em saúde e mapear as

profissões comuns aos países identificando tendências e sinais da FTS.

27

A contribuição dos observatórios para aumentar a visibilidade dos aspectos de recursos humanos nas reformas setoriais de saúde

Luciana Alves Pereira

Observatório de Recursos Humanos em Saúde do Paraná/NESCO/UEL

Apresentação

Como subsídio à discussão do tema “Contribuição dos Observatórios para

aumentar a visibilidade dos aspectos de recursos humanos nas reformas

setoriais em saúde”, foi promovido um painel coordenado por Célia Pierantoni,

coordenadora do Grupo Temático de Recursos Humanos da Associação

Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva. O painel contou com a

presença dos seguintes expositores: Félix Rigoli, da OPAS/Washington, Pedro

Miguel dos Santos Neto, da Rede Observatório de Recursos Humanos em

Saúde do Brasil, e Francisco Eduardo Campos, do Brasil. Na seqüência, segue

uma síntese de cada exposição.

Félix Rigoli, representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)

em Washington, expôs o panorama do desenvolvimento na área de políticas de

recursos humanos em 21 países das Américas. O Observatório de Recursos

Humanos em Saúde na região é uma iniciativa que produz informações e

conhecimento para melhor formulação de políticas na área, além de

compartilhar experiências de desenvolvimento de recursos humanos em saúde.

O monitoramento das tendências para definição de políticas de recursos

humanos permite a criação de cenários de discussão de políticas onde os

interessados conferem aos recursos humanos a relevância necessária para

integrá-los nos processos nacionais de políticas e planejamento de saúde. A

OPAS colabora na compilação de dados, contribui para a análise e

comparação de tendências entre países, presta apoio institucional aos grupos

do Observatório e faz recomendações baseadas nos dados apresentados. O

28

Observatório também promove e fortalece a função e a capacidade do

Ministério da Saúde frente às políticas para a área.

Pedro Miguel dos Santos Neto, coordenador da Rede Observatório de

Recursos Humanos de Saúde (ROREHS) no Brasil, fez sua exposição

explicitando a importância da articulação entre as instituições acadêmicas e os

gestores do Sistema Único de Saúde, que foi possível estabelecer por meio

das estações de trabalho da ROREHS no Brasil. Sua apresentação traçou o

perfil da Rede, estrutura, objetivos e atividades.

Alguns objetivos da ROREHS estão relacionados ao monitoramento de

aspectos demográficos, políticos e sociais da oferta e da demanda da força de

trabalho do setor; acompanhamento, análise e orientação do desenvolvimento

das estratégias e metodologias de formação e capacitação de recursos

humanos de saúde; desenvolvimento de estudos, metodologias e indicadores

que possibilitem a avaliação da eficiência, eficácia e efetividade do trabalho em

saúde, entre outros. A ROREHS conta atualmente com 14 estações de

trabalho, localizadas em instituições de ensino, pesquisa e serviços.

Em palestra intitulada Análise sobre Recursos Humanos de Saúde: Estratégias

de Construção de Políticas Públicas, Francisco Campos, coordenador do

Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva e Nutrição da Universidade Federal de

Minas Gerais, apontou as conclusões do estudo sobre recursos humanos

desenvolvido pelo Centro Europeu para Controle de Políticas de

Desenvolvimento.

O objetivo do estudo, ao analisar os Observatórios de Recursos Humanos em

Saúde na região das Américas e em especial, no Brasil, foi identificar padrões

de ação para respaldar o desenvolvimento da capacidade nestes países.

Foram focalizados fatores que incentivam este desenvolvimento, seus

diferentes contextos e o porquê de certos esforços serem mais bem sucedidos

em alguns contextos do que em outros.

Ao final das exposições, os participantes do evento foram divididos em quatro

grupos de trabalho para discussão e aprofundamento do tema proposto.

29

Questões norteadoras do tema

Os grupos de trabalho foram orientados a discutir o tema sobre o avanço dos

observatórios nacionais, tomando como referência a Resolução CD45.R9, de

1º de outubro de 2004, do 45º Conselho Diretivo da Organização Pan-

americana da Saúde sobre os Observatórios de Recursos Humanos em Saúde.

Tal Resolução reforça a importância da formulação de políticas e planos

eficazes na área de recursos humanos para garantia do acesso universal aos

serviços de saúde de qualidade e a resolutividade às necessidades prioritárias

de saúde da população. Para tanto, prevê uma série de solicitações aos

estados membros da OPAS/OMS, principalmente quanto à intensificação da

participação destes nos Observatórios de Recursos Humanos em Saúde como

uma estratégia para definir prioridades e formular políticas sustentáveis para a

área.

A partir desse referencial, os grupos buscaram responder às seguintes

questões: 1. Identificar os avanços alcançados e reconhecer as dificuldades

encontradas; 2. Caracterizar as estratégias requeridas para fortalecer o

processo (em particular a capacidade de orientar a tomada de decisão na

política de RH e o fortalecimento do apoio entre países como estratégias para

impulsionar processos); e 3. Caracterizar os possíveis aportes futuros dos

assistentes da reunião e suas instituições ao Observatório de RHS.

Inicialmente, ressalta-se que para a consolidação dos Observatórios em alguns

países, foi necessário um posicionamento político frente às propostas na área

de recursos humanos em saúde, assumindo-a como estratégica para o setor

da saúde. Nos países onde isto não ocorreu, não houve condições favoráveis

para a implementação dos mesmos.

Foi importante refletir sobre o papel do Observatório no cenário da saúde,

devido à diversidade de funções a eles atribuídas nos distintos países. Como

exemplo, na Colômbia o Observatório cumpre três funções essenciais: realiza

atividades de sistematização de informações, publicações e organização dos

sites; é utilizado como espaço de reflexão, discussão e definição de temas e

prioridades de investigação; e formula políticas de recursos humanos em

30

saúde. Tais funções caberiam a qualquer Observatório, independente de seu

país de origem.

Além disso, cabe ao Observatório realizar um trabalho permanente junto aos

gestores de saúde para pautar prioritariamente o tema de RHS nas políticas

públicas. Outras experiências na constituição e desenvolvimento dos

Observatórios foram relatadas, como o caso do Peru. Neste país, o

Observatório surgiu em 2001 como Instituto de Desenvolvimento de Recursos

Humanos, estruturado na Escola Nacional de Saúde Pública. Após seu

surgimento, o tema RHS passou a ter relevância para a sociedade civil,

inserindo-se na agenda política com mais nitidez.

Outro aspecto a ser pontuado é a necessidade de sistematização das

informações sobre RHS e a relação dos Observatórios com a Comissão

Nacional de Recursos Humanos de cada país para definição dos temas a

serem investigados, mantendo-se a autonomia dos Observatórios para a

realização de pesquisas.

Síntese das discussões dos grupos

Na seqüência, será apresentada a síntese das discussões dos grupos de

trabalho a partir das questões orientadoras do tema proposto. Do debate

realizado, foi possível identificar as dificuldades encontradas, as facilidades e

avanços, as propostas e estratégias para o fortalecimento do processo e os

possíveis aportes futuros aos Observatórios de RHS.

Dificuldades

As dificuldades encontradas relacionam-se principalmente à ausência de uma

política para a área, muitas vezes devido à instabilidade política, caracterizada

pela alta rotatividade dos cargos de poder, que dificulta a formulação de

políticas públicas. Nesse sentido, o próprio fortalecimento do Observatório fica

limitado, inclusive do ponto de vista financeiro. Há alternância de períodos de

grande desenvolvimento e outros de recursos escassos para realização de

estudos e pesquisas sobre RHS. Além disso, em alguns países há

31

sobreposição de atividades do Observatório com outras agências, acirrando a

disputa por recursos financeiros. Outra dificuldade apontada é a falta de

envolvimento de outros países de língua inglesa do Caribe na Rede

Observatório.

A restrita capacidade de divulgação dos estudos, em função da necessidade de

diversificar a linguagem de forma que possibilite a comunicação com gestores

e a sociedade civil, é apontada como outro fator limitante. Há problemas

também com relação ao acesso às informações necessárias para a realização

de estudos, tanto pela inexistência como pela desorganização dos dados que,

muitas vezes, não incorporam todas as variáveis necessárias aos mesmos.

Em alguns países, como o Canadá, uma das dificuldades apresentadas diz

respeito à baixa capacidade operacional do Observatório em apresentar

resultados ágeis, demandados por necessidades de mudanças rápidas, apesar

da disponibilidade de recursos financeiros. A estrutura de poder do país,

principalmente em função da autonomia das províncias, gera disputas internas

com baixo poder de intervenção dos dirigentes federais, trazendo

conseqüências de ordem técnica e política para o Observatório.

Além da instabilidade política já mencionada, em alguns países, a rotatividade

dos cargos dirigentes das instituições nas quais os Observatórios estão

vinculados tem tornado frágil a estrutura dos mesmos. Tal processo resulta,

inclusive, no desconhecimento do papel dos Observatórios por parte dos

referidos dirigentes e dos técnicos que os constituem. Outro fator apontado foi

a sobrecarga de trabalho das pessoas envolvidas com os Observatórios.

Os contextos macro-econômicos e sociais dos diversos países, além de

questões políticas específicas; a pequena capacidade de divulgação do

potencial de ação e das experiências já existentes; a exigência, por parte dos

serviços de saúde, de respostas em curto prazo; a dificuldade de comunicação

entre os observatórios, e entre estes e outros atores, além da falta de

conhecimento e metodologia para constituição de um Observatório foram

também identificadas como dificuldades a serem enfrentadas pelos diversos

países para o desenvolvimento da Rede Observatórios de RHS.

32

Facilidades a Avanços

Para a área de Recursos Humanos em Saúde, mesmo considerando todas as

dificuldades encontradas em maior ou menor grau nos diversos países, com

certeza um dos grandes avanços foi a própria constituição dos Observatórios.

A sistematização e a divulgação de informações que visam a estabelecer

bases e contribuir com a formulação de políticas, além da oferta de dados e

evidências sobre questões prioritárias extremamente importantes para a

tomada de decisão, foi um salto qualitativo importante para a área, com a

ampliação da investigação e da produção de conhecimentos sobre RHS.

Destaca-se também o aumento da demanda por assessorias técnicas e uma

participação crescente e diversificada de atores, provenientes da academia,

dos serviços e da gestão, entre outros. O Observatório também pode estimular

a discussão e a reflexão sobre o processo de formação dentro das instituições

de ensino, quando estas o reconhecem como espaço de articulação entre os

diversos atores envolvidos. Este espaço de união entre formadores e

empregadores, por vezes pode gerar a constituição de mesas de negociação

sobre o tema.

Além dos aspectos mais amplos da temática, pode-se estabelecer um diálogo

permanente entre as diferentes regiões de um mesmo país, a partir do

conhecimento dos problemas com RHS em nível local.

A possibilidade da criação de comissões temáticas como educação, regulação,

produtividade na saúde, entre outros, é outro aspecto importante do

Observatório. Do mesmo modo, o Observatório vem permitindo a produção e a

disseminação de informações sobre RHS de forma inovadora, em função da

abrangência e da visibilidade dada a esta área.

A Rede de Observatórios na América Latina tem contribuído para a discussão e

disseminação de um novo conceito do campo de Recursos Humanos em

Saúde e para a mobilização e manutenção do tema como componente

essencial na agenda dos gestores do setor saúde. Desde a sua criação, a

Rede de Observatórios possibilitou a expressão da crítica referente a

invisibilidade do tema Recursos Humanos nas agendas das Reforma Setorial.

Outros avanços pontuais alcançados pelos Observatórios foram:

33

• Incluir a discussão sobre as especialidades médicas nas leis de

educação do país;

• Colaborar para a constituição de processos de Educação Permanente

nos serviços;

• Garantir publicações pontuais sobre o tema;

• Possibilitar conquistas locais importantes para a tomada de decisão,

levando-se em conta as diferenças regionais;

• Oportunizar a socialização das informações dos estudos e pesquisas

realizados.

O trabalho da Rede de Observatórios vem possibilitando a recuperação da

importância do planejamento de recursos humanos em saúde. Vale ressaltar

que o bom desenvolvimento do grupo que está à frente do Observatório define

sua fixação nas instituições e o reconhecimento de sua relevância para a

formulação de políticas públicas para a área.

Propostas e Estratégias

Algumas estratégias já existentes foram apontadas como importantes passos

para o fortalecimento do processo, como: a iniciativa de implantar os

Observatórios associados aos Núcleos de Estudos em Saúde Coletiva; a

parceria com sócios estratégicos como universidades e associações; e o

vínculo com projetos estratégicos e com novos modelos de gestão.

Particularmente no Brasil, alguns elementos contribuíram para o

desenvolvimento da Rede Observatório de Recursos Humanos. Entre eles,

estão: o movimento da Reforma Sanitária, a expansão do sistema de saúde, a

descentralização, a implantação e expansão da Estratégia Saúde da Família e

os experimentos dos novos modelos de gestão.

A reflexão sobre o desenho de possíveis estratégias sinalizou como proposta

que a OPAS aponte diretrizes para a organização dos Observatórios. Deve-se

buscar uma aproximação entre os Observatórios e os formuladores de políticas

com o objetivo de aumentar a visibilidade e a priorização da área de RHS,

34

buscando, inclusive, contribuir com a definição da política de financiamento

para o desenvolvimento do Observatório.

As ações relativas aos estudos voltam-se para a necessidade de definir

soluções regionais para a regulação profissional com vistas a uma gestão

responsável de RHS nas Américas. Nesse sentido, é preciso articular estudos

sobre a formação e a migração e estabelecer metodologias e indicadores que

possibilitem a comparabilidade entre países, como forma de aporte aos

acordos para migração bem como para validação de certificados e diplomas.

Além disso, as informações apresentadas pelos estudos devem servir como

meio de pressão para que as autoridades nacionais assumam posicionamentos

frente aos problemas da área, utilizando a divulgação de informações como

estratégia para fortalecimento dos Observatórios diante dos diferentes atores.

Diante disso, é necessário desenvolver estratégias para melhor comunicação

com os atores, sejam eles demandantes de projetos, parceiros ou usuários das

informações.

Outros temas para estudos multicêntricos considerados de interesse foram as

condições de trabalho, com ênfase na precarização e na perspectiva do

trabalho decente; e a conflitividade nas relações de trabalho – com destaque

para as tendências regionais e as possíveis alternativas para a negociação no

trabalho. Foram também sugeridas investigações sobre as novas tecnologias

educacionais, como por exemplo a educação a distância, e estudos de

egressos dos programas de residência médica – com ênfase no investimento

feito pelo setor público e a absorção de determinadas especialidades pelo setor

privado.

Ressalta-se que para realização destes estudos, será necessário estabelecer

esforços comuns para seu financiamento, com a participação dos diversos

países envolvidos. Importante lembrar também que ao propor estudos e

pesquisas na área, os mesmos devem estar aliados à necessidade de

informação dos gestores de saúde. Ainda, é de extrema relevância a utilização

de dados de fontes confiáveis, além da diversificação das fontes de

informação, além de planificar as variáveis que serão introduzidas nos estudos

e estabelecer os propósitos e impactos desejados para as políticas de saúde.

35

Para o fortalecimento de uma Rede de Observatórios das Américas, uma das

estratégias apontadas foi a utilização de vários recursos da Internet para

construir uma rede virtual de contatos entre os componentes dos

Observatórios. Com o mesmo objetivo, a implementação de fóruns e reuniões

virtuais e a realização reuniões presenciais, antecipadamente programadas,

serviriam para aumentar o quantitativo de contatos e possibilitar a articulação

entre os diversos atores participantes. Faz-se necessário também identificar os

pontos de menor contato entre os participantes da Rede e estabelecer

mecanismos de aproximação entre eles.

Estratégias importantes para a constituição, desenvolvimento e fortalecimento

dos Observatórios são identificadas conforme segue:

• Estabelecer uma temática orientadora para o desenvolvimento da Rede

de Observatórios;

• Privilegiar a construção de propostas pelo conjunto de atores envolvidos;

• Estabelecer processos de monitoramento permanente de suas

atividades;

• Desenvolver Observatórios Temáticos;

• Construir uma rede de cooperação entre os observatórios e os países;

• Divulgar amplamente os estudos realizados pelos Observatórios;

• Garantir aos Observatórios a autonomia na realização e divulgação de

suas pesquisas;

• Possuir capacidade de negociação e fazer-se presente nos diversos

níveis decisórios;

• Constituir os Observatórios enquanto agenda do setor saúde de um

país.

Para o fortalecimento da Rede, é preciso priorizar o aumento quantitativo de

Observatórios, ampliando a discussão e a interação entre ensino e serviços.

Nos países onde não há Observatório, buscar-se-á constituir um grupo de

trabalho que possibilite a articulação e discussão sobre o tema e sua

conseqüente constituição. Para tanto, é importante possuir direção e liderança

36

exercidas de forma compartilhada entre os diversos atores, e não somente

pelas esferas de governo.

Possíveis aportes futuros ao Observatório de RHS

Para finalizar o tópico, sem contudo se tornar conclusivo, considerando que

estratégias são construídas a partir da realidade que se apresenta a cada

espaço percorrido, alguns aspectos importantes foram pontuados, como a

criação de interfaces entre os setores de saúde, educação e trabalho em suas

diferentes instâncias e o envolvimento de trabalhadores do setor que não são

profissionais de saúde nas discussões.

Além disso, deve-se manter e estimular o caráter intersetorial e

multiprofissional do Observatório, garantindo a discussão sobre todas as

profissões da saúde na construção de políticas públicas.

Para o fortalecimento da Rede de Observatório, a publicação de boletins

(impresso e eletrônico) com informações sobre e para os observatórios,

favorecerá uma comunicação horizontal entre eles. Com o mesmo objetivo, faz-

se necessário articular a Rede de Observatório com as demais redes em saúde

e outras. Finalmente, diante das discussões sobre os objetivos do milênio, seria

de extrema relevância promover uma associação estratégica com as

organizações que os discutem com o intuito de pautar o tema RHS nesta

discussão.

Destaques e questões específicas

Com relação à atual composição dos Observatórios nos países da América

Central, foi relatado que em El Salvador e Nicarágua há um processo avançado

de desenvolvimento dos Observatórios. Na Guatemala, o processo é incipiente,

enquanto que em Costa Rica e Republica Dominicana, há pouco

desenvolvimento dos Observatórios. Em Honduras, Belize e Panamá, o

processo é inexistente. Por conta da realidade apresentada, há um forte

entendimento quanto a necessidade de priorizar a constituição de uma Rede

de Observatórios da América Central para viabilização de projetos específicos

37

e seu financiamento, por meio da articulação com outras organizações

interessadas no tema.

Houve também o relato de que Cuba é um país que recebe um contingente

expressivo de estudantes sul-americanos para cursos de graduação, em

especial em Medicina, que ao regressarem graduados para o país de origem,

enfrentam dificuldades para validação dos diplomas. Tal problema aponta para

a necessidade de se estabelecer estratégias para convalidação de certificados

e de acreditação dos programas de cursos entre os países.

38

Gestão de conhecimento e comunicação social: desafios para os observatórios de recursos humanos.

Janete Lima Castro

Observatório de recursos humanos NEC/UFRN

O presente documento trata do relato de duas atividades realizadas no último

dia do Seminário Anual dos Observatórios de Recursos Humanos de Saúde na

Região das Américas. O primeiro relato consiste em uma síntese da Mesa

Redonda Gestão de Conhecimento e Comunicação Social: Desafios para os

Observatórios de Recursos Humanos que teve como palestrantes a Dra

Cristina Merino da OPAS /Equador e Dr. José Paranaguá de Santana, da

OPAS /Brasil.

Apresentação da Mesa Redonda

REPERCUSSÕES DA DIFUSÃO DE BASES DE DADOS E PUBLICAÇÕES

NA INTERNET NO EQUADOR

Dra. Cristina Merino – OPAS /Equador

Depois de rápida explanação enfocando os antecedentes do Observatório do

Equador, Cristina Merino apresentou alguns dos impactos dos estudos e ações

realizados pelo Observatório. Como por exemplo, o impacto do Observatório na

política de formação de pessoal de enfermagem.

Perseguindo o propósito de promover e executar estudos que visem subsidiar a

tomada de decisão dos gestores e colaborem para a construção de políticas,

estão identificados, como prioridade do plano de trabalho de 2005, estudos

que investiguem e produzam impactos nas políticas de: Migração; avaliação de

desempenho; sistemas de incentivo; ascensão e promoção; proteção ao

trabalhador de saúde; formação e evasão universitária.

Tendo em vista a integração de atores estratégicos como as

universidades, associações profissionais, instituições de serviços e sindicatos

39

dos trabalhadores da saúde, o Observatório pretende promover oficinas

regionais com o objetivo de discutir a devolução das informações coletadas

durante as realizações dos estudos e discutir formas para incrementar a

articulação eletrônica e a formação de redes e subredes.

De acordo com Merino, o Observatório de Recursos Humanos em Saúde do

Equador tem evoluído de maneira importante, com legitimidade política, por um

lado, e com apresentação de produtos técnicos, por outro. Além do mais, tem

provocado ações internas nas instituições. Estas inquietações precisarão ser

trabalhadas. Nesta perspectiva, será importante continuar com a consolidação

eletrônica e melhorar a comunicação do Observatório.

A produção e difusão de conhecimento foram definidas como prioridade e têm

o apoio da CONARHUS, que por sua vez, tem como propósito apoiar a

conformação do Observatório como um espaço indispensável para o

desenvolvimento racional, integral e descentralizado dos recursos humanos.

O Observatório está em processo de consolidação e para isso requer recursos

que o CONASA não dispõe. Portanto se faz necessário a criação de

estratégias para conseguir recursos e, conseqüentemente, garantir a sua

sustentabilidade a médio e a longo prazo.

A INTERAÇÃO COM ATORES DAS POLÍTICAS DE RECURSOS HUMANOS

EM SAÚDE: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS OBSERVATÓRIOS

Dr. José Paranaguá de Santana – OPAS/Brasil

Paranaguá de Santana abordou os desafios que a Rede Observatório no Brasil

deve enfrentar nos próximos tempos no campo da ação comunicativa. Sua

abordagem teve como base o histórico dos antecedentes e do processo de

implantação da rede de observatórios; a estratégia de cooperação técnica da

OPAS no Brasil, centrada na proposta de desenvolvimento de redes de

conhecimento com apoio da Internet (Redes Colaborativas); e a tipologia dos

observatórios enquanto instância de pesquisa, de informação para decisão ou

fonte de informação especializada sobre esse objeto.

40

Iniciou a exposição fazendo uma breve apresentação do referencial histórico,

iniciando em 1987 com a execução do Projeto CADRHU, ressaltando

especialmente o módulo II que tratava das Fontes e usos da informação sobre

Recursos Humanos em Saúde, e terminando em 2004, com a 6ª Reunião

Anual do Observatório RH da OPS, em Brasília.

Em seguida, Paranaguá de Santana apresentou a experiência de constituição

de Redes Colaborativas no Brasil enquanto uma iniciativa do programa de

cooperação técnica para desenvolvimento e fortalecimento de redes de

conhecimento com apoio da internet. Atualmente, existem, no Brasil, 08 redes

colaborativas em distintas organizações. Santana deu destaque para a Rede

Observatório, objeto de discussão do Seminário.

Dando destaque a discussão sobre a conformação da Rede de Observatório de

Recursos Humanos em Saúde, o expositor ressaltou que a mesma deve ser

entendida como um locus de construção de políticas públicas, agregando três

propósitos que lhe dão identidade e que devem ser buscados com a ênfase

indicada pelo contexto de cada situação: ser uma unidade de pesquisa e

ensino, uma instância de informação para decisão ou tão somente uma fonte

especializada de informação. Contudo, sob certas circunstâncias, os

Observatórios podem configurar-se refletindo apenas uma dessas

perspectivas.

Para operar a Rede de Observatórios alguns desafios encontram-se no campo

da comunicação: Como desenvolver e operar de sítios Web? Como promover a

interação com outros observatórios? Como garantir a interlocução ampliada?

Tendo como base esses questionamentos, o programa de cooperação técnica

de recursos humanos da OPAS/Brasil buscou orientar os Observatórios na

definição de seus conteúdos e formatação da versão original de seus

respectivos sítios Web; na manutenção permanente dos conteúdos; na

atualização conceitual e na revisão tecnológica. Além do mais, o programa tem

investido na complexa atividade que é garantir a interação entre os

Observatórios, constituindo um portal para a rede e estimulando um projeto

editorial compartilhado.

41

Tendo em vista ampliar a interlocução dos Observatórios com outros atores

sociais, tem sido incentivadas as análise e difusão de informação de modo

compartilhado e a produção e divulgação de informes de interesse público.

Concluindo a sua exposição, o palestrante deixou como provocação e reflexão

para os grupos de trabalho o seguinte questionamento: É possível construir

políticas públicas sem interlocução com o público?

II – Considerações Iniciais sobre as Discussões em Grupos

As discussões desse último dia de encontro foram norteadas por duas

questões que levaram os componentes dos grupos a discutirem temas

importantes como: a participação dos cidadãos nas políticas; o acesso às

informações; o caráter, demasiadamente, acadêmico dos Observatórios; as

formas de comunicação dos Observatórios; limitação da web, entre várias

outras.

Foi amplamente discutida a necessidade de se encontrar formas de

incrementar a produção de informações, que tenham prioridades políticas para

os distintos atores, e como melhorar a comunicação dessas informações. Foi

enfatizado que o fortalecimento do observatório encontra-se relacionado a sua

maior visibilidade junto aos formuladores de políticas públicas. Neste sentido,

as ações dos Observatórios devem ter em vista três propósitos: tomada de

decisão dos atores; sustentabilidade dos Observatórios e participação dos

Observatórios na formulação das políticas públicas do setor saúde.

As questões propostas também propiciaram a identificação de dois desafios: o

desenvolvimento e a operação dos sítios web e a interação entre os

observatórios. Os recursos tecnológicos que estruturam os Observatórios são

importantes para a constituição de uma rede colaborativa. No entanto, o

desafio principal não é o desenvolvimento do sitio web, e sim a produção do

conteúdo para alimentação desse espaço virtual. Além disso, para que se

estabeleça o trabalho em rede, faz-se necessária uma padronização de

tecnologias e metodologias utilizadas pelos Observatórios.

42

Os sítios web podem facilitar a comunicação dos observatórios dentro e entre

os vários países. Por esta razão, é importante que a informação esteja

disponível e acessível para que ocorra o intercâmbio de experiências e o

estabelecimento de um diálogo virtual entre os observatórios.

Para seu fortalecimento, além de trabalhar com o que se tem disponível, seria

estratégico fomentar o uso de ferramentas tecnológicas, criando um

mecanismo de busca, sistematização e utilização das informações existentes.

Isto seria possível com a instalação de sistemas permanentes que se

retroalimentam, além da criação de uma cultura que qualifique o uso de

informações confiáveis e atualizadas que sejam úteis para a tomada de

decisão. A produção de documentos sistematizados e específicos também

facilitaria a sua plena utilização.

Na medida em que são oferecidos aportes concretos, ressalta-se a

necessidade de multiplicar o número de atores e instituições comprometidos

com a discussão sobre RH. É preciso construir entre os observatórios

mecanismos de interação e integração, que só serão possíveis se houver

momentos para que as estações de trabalho tomem conhecimento umas das

outras, identificando seus propósitos, suas competências específicas e projetos

desenvolvidos e em desenvolvimento. Somente assim poderão ser

estabelecidas parcerias de trabalho entre eles.

Para o desenvolvimento dos observatórios, é preciso buscar um apoio real e

efetivo dos órgãos de governo. É também preciso que eles sejam reconhecidos

e incluídos enquanto política pública. Para tanto, se faz imprescindível

estabelecer conexões com a sociedade. Nesse sentido as informações

precisam ser de utilidade para a mesma. É preciso que os Observatórios

atuem não na perspectiva de publicar o mundo cientifico, mas de investigar e

debater uma dada realidade para um grupo concreto.

.

Questões Norteadoras das Discussões em Grupo

1. Ações em cursos das prioridades futuras, com vistas a ampliar e

aprofundar sua inter-relação com as comunidades cientificas e grupos

sociais.

43

2. Construção e operação de processos de articulação com os

atores atuantes na formulação, execução e avaliação das políticas de

gestão do trabalho e da educação em saúde.

Pontos Comuns nos Observatórios dos Diversos Paises

Dificuldades

• O tema da gestão do conhecimento ainda é pouco

trabalhado pela administração pública, a prática de intercâmbio

de experiências exitosas e de metodologias inovadoras é muito

recente;

• Insuficiência e Precariedade dos processos de

monitoramento e avaliação na área de RHS;

• Muitos pesquisadores ainda sentem dificuldade de

expressar suas idéias via internet;

• A WEB é um importante instrumento, mas não atinge uma

parte da sociedade que está excluída do acesso digital;

• Ainda não há uma cultura de trabalho em rede entre os

observatórios. As competências específicas de cada estação de

trabalho poderiam ser potencializadas com o desenvolvimento

dessa forma de trabalho. Nesse sentido, esforços individuais e

coletivos devem ser empreendidos para que esta cultura passe a

fazer parte das estratégias de ação da rede de observatórios.

Facilidades e Avanços

• Todas as estações de trabalho estão trilhando pela linha da

investigação e do estudo, todavia para aumentar a capacidade de

articulação com os atores que utilizam ou podem vir a utilizar as

investigações realizadas pelas estações de trabalho, é necessário

que as mesmas relacionem os seus estudos com as

44

necessidades existentes, visando a construção de conhecimentos

e subsidiando as decisões dos gestores de saúde;

• A tendência do Mercosul e da Comunidade Andina é de

integração, devendo gerar novos estudos para os observatórios

acerca de novas temáticas e de identificação de nós críticos;

• A realização de reunião anual para estabelecimento de

uma agenda de prioridades e identificação de debilidades e

oportunidades de crescimento;

Propostas e Estratégias

• Ampliar o campo de investigação de Recursos Humanos,

que em alguns casos restringe-se ao campo da gestão;

• Buscar maior integração dos Observatórios procurando

incrementar as produções coletivas das redes nos diversos

países.

• Promover trabalhos conjuntos entre os Observatórios

latino-americanos que compartilham de muitas questões comuns.

A certificação de competências seria um tema de interesse

coletivo que poderia ser desenvolvido em conjunto;

• Criar links, no site da OPS/ WDC, a exemplo do site

OPAS/RH – Brasil, para facilitar a identificação e o acesso aos

sites dos Observatórios da Rede da América Latina, Caribe e

outras.

• Viabilizar fóruns de discussão sobre temas estratégicos e

de interesse dos paises em que estão sediados os Observatórios.

Estes fóruns podem ser uma forma de manutenção do diálogo, de

favorecimento da discussão de problemas e de estabelecimento

de estratégias para seu enfrentamento. Podem ser entendidos

como espaço de intercâmbio, capacitação e discussão das

dificuldades de gestão, planejamento e metodologias para

45

formulação de políticas, devendo contar com a presença de

especialistas que orientem a discussão.

• Investir na articulação com setores e instituições geradores

de conhecimento;

• Criar mecanismos que possibilitem a participação dos

observatórios na formulação das políticas públicas;

• Promover estudos quantitativos que gerem séries históricas

e permitam análises aprofundadas das tendências da força de

trabalho do setor;

• Promover a realização de oficinas ou outra forma de

cooperação técnica para desenvolver competência na arte de

negociar, uma vez que entre observatórios e gestores o processo

de comunicação passa pela capacidade negociadora.

• Os Observatórios devem investir na melhoria da

comunicação visando a sua sustentabilidade.

• Os Observatórios devem melhorar suas estratégias de

comunicação para melhor apresentar a diversidade de

informações;

Destaque – Questões específicas por País

• No caso do Brasil, os observatórios têm procurado criar

alternativas para fortalecer a troca e a divulgação de experiências

inovadoras na área de recursos humanos em saúde. Nesse

sentido, estratégias de criação de concursos, pelos observatórios,

tendo em vista a premiação de trabalhos que relatem tais

experiências, têm sido incentivados;

• Ainda no Brasil, foi apontada a importância de expandir a

rede, estimulando a criação de estações de trabalho nas regiões

Norte e Centro-Oeste;

46

• Os representantes do Canadá apresentaram como

alternativa de disseminação de informações para a sociedade,

buscar a adesão dos profissionais de saúde por serem eles um

importante elo e veículo de comunicação com os usuários do

sistema.

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ANEXOS

48

Apresentação:

É com grande satisfação que o Ministério da Saúde do Brasil, a OPAS –

Representação Brasil, a Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde – Brasil e o Grupo de Trabalho Recursos Humanos da ABRASCO acolhem os participantes do SEMINÁRIO ANUAL DOS OBSERVATÓRIOS DE RECURSOS HUMANOS DE SAÚDE NOS PROCESSOS DE REFORMA SETORIAL NA REGIÃO DAS AMÉRICAS.

Com a temática RECURSOS HUMANOS DE SAÚDE: DESAFIOS GLOBAL E NACIONAL, pretende-se que, ao longo do evento, possamos dar mais um passo na direção da consolidação de uma rede articulada internacionalmente, voltada para a investigação e para o apoio aos processos de gestão das políticas nacionais de recursos humanos em saúde.

A agenda aqui proposta não representa o esgotamento da abordagem aos nós críticos que criam enormes dilemas para nossos países, mas propõe a construção de consensos mínimos de enfrentamento dirigidos para alguns dos mais candentes, há muito lembrados pelos pesquisadores e gestores dos sistemas de saúde.

Trabalhemos por uma boa discussão e por justas conclusões, assim daremos mais firmeza aos processos sócios-políticos de conquistas de nossos povos.

Bem vindos! Es con gran satisfacción que el Ministerio de la Salud de Brasil, la OPAS –

Representación Brasil - la Red Observatorio de Recursos Humanos en Salud – Brasil y el Grupo de Trabajo Recursos Humanos de la ABRASCO saludan los participantes del SEMINÁRIO ANUAL DE LOS OBSERVATORIOS DE RECURSOS HUMANOS EN SALUD EN LOS PROCESOS DE REFORMA SECTORIAL EN LA REGIÓN DE LAS AMÉRICAS.

Con la temática RECURSOS HUMANOS EM SALUD: DESAFÍOS GLOBAL Y NACIONAL se pretende, a lo largo del evento, que podamos dar un paso más hacia la consolidación de una red articulada internacionalmente, volcada a la investigación y para el apoyo a los procesos de gestión de las políticas nacionales de recursos humanos en salud.

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La agenda propuesta no pretende agotar el abordaje de todos los puntos críticos y dilemas que proponen enormes retos a nuestros países, sino que propone la construcción de consensos mínimos necesarios al enfrentamiento de algunos de los temas más candentes, hace mucho identificados por investigadores y gestores de los sistemas de salud.

Trabajemos por buenos debates y por justas conclusiones, pues es así que tornaremos más consistentes los procesos de conquistas socio-políticas de nuestros pueblos. ¡Bienvenidos!

50

Programação 16 de novembro 09:00 Abertura 09:30 Sessão Inaugural As Agendas Global e Regional de Recursos Humanos de Saúde na Próxima Década Coordenador: Horácio Toro Ocampo, Representante da OPAS/OMS no Brasil

• A Agenda Global de Recursos Humanos de Saúde - Abdelhay Mechbal, OMS/Genebra

• Recursos Humanos no Desenvolvimento Estratégico de Saúde - Pedro

Brito, OPAS/Washington 10:30 Mesa Redonda 1: Migração de Profissionais de Saúde e Compromissos de Solidariedade Internacional Coordenador: Ministro Américo Fontenelle, assessor especial da Casa Civil da Presidência da República, Brasil.

• O Caso NAFTA - Miguel Romero, México

• A Situação no MERCOSUL - Maria Helena Machado, Brasil

• Movimentos de Pessoal de Saúde no Mundo - Mario Dal Poz, OMS/Genebra

14:00 Mesa Redonda 2 Trabalho Decente nos Sistemas de Saúde: Desafios e Compromisso dos Governos Coordenador: Armand Pereira, Diretor da OIT no Brasil

• Extensão da Proteção Social para os Trabalhadores dos Serviços Públicos e de Saúde: Panorama na América Latina - Eduardo Levcovitz, OPAS/Washington

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• Um Novo Marco de Relações Laborais: Pacto entre Trabalhadores,

Instituições e Usuários - César Cabral, Paraguai

• Relações de Trabalho no Sistema Único de Saúde: Perspectivas de uma Proposta de Desprecarização do Trabalho - Maria Luiza Jaeger, Brasil

15:30 Grupos de Trabalho 17:00 Conferência A Relevância das Políticas Públicas de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Humberto Costa, Ministro da Saúde do Brasil 17 de novembro 08:30 Mesa Redonda 3 Articulação entre Educação e Trabalho: Dimensões Institucionais e Atores Sociais Coordenadora: Ana Lucia Almeida Gazzola, Reitora da UFMG e Presidente da Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, Brasil

• Desafios da Articulação entre Educação e Trabalho para o Desenvolvimento da Força de Trabalho em Saúde Pública na Região das Américas - Charles Godue, OPAS/Washington

• Dificuldades e conquistas na Ação conjunta entre Instituições Formadoras

e Empregadoras de Recursos Humanos de Saúde – M. de Melgar, El Salvador

• A Gestão da Educação em Saúde: As Perspectivas da Integralidade do

Cuidado e da Organização dos Serviços - Ricardo Burg Ceccim, Brasil 10:00 Grupos de Trabalho 14:00 Painel 1

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A Contribuição dos Observatórios para Aumentar a Visibilidade dos Aspectos de Recursos Humanos nas Reformas Setoriais de Saúde Coordenadora: Célia Pierantoni, Coordenadora do Grupo Temático de RH da ABRASCO, Brasil

• Iniciativas de Geração e Difusão de Conhecimento em Recursos Humanos: um Panorama Regional – Felix Rigoli, OPS/Washigton

• A Rede Observatório de Recursos Humanos de Saúde no Brasil:

Articulação entre as Instituições Acadêmicas e os Gestores do SUS - Pedro Miguel dos Santos, Brasil

• Contribuição do Observatório no Debate de uma Lei de Recursos Humanos em Colômbia – Jorge Castellanos , Colômbia

• Análise sobre Recursos Humanos de Saúde: Estratégias de Construção

de Políticas Públicas - Francisco Campos, Brasil 15:30 Grupos de Trabalho 17:00 Palestra Brasília: Representações de uma Cidade Alfredo Gastal, Superintendente Regional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 18 de novembro 08:30 Mesa Redonda 4 Gestão do Conhecimento e Comunicação Social: Desafios para os Observatórios de Recursos Humanos Coordenador: Paulo Marchiori Buss, Presidente da FIOCRUZ

• A Gestão do Conhecimento no Campo da Saúde: Novos Desafios, Novas Propostas - Abel Packer, BIREME/OPAS

• Repercussões da Difusão de Bases de Dados e Publicações na Internet

no Equador - Cristina Merino, OPAS/Equador.

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• Interação com Atores das Políticas de Recursos Humanos de Saúde:

Desafios e Perspectivas dos Observatórios - J. Paranaguá de Santana, OPAS/Brasil.

10:00 Grupos de Trabalho 14:00 Painel 2 Conclusões, Recomendações e Compromissos Futuros.

• Coordenador: Felix Rigoli, OPAS/Washington

Apresentação do Relatório Geral – Versão Preliminar Celia Regina Pierantoni, Brasil

Debate em Plenário

17:00 Encerramento

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Relação dos participantes por grupo de trabalho

Grupo A O grupo de trabalho foi coordenado por Carlos Rosales a relatoria esteve sob a

responsabilidade de Janete Lima de Castro.

• Liliana Lopez Val- Argentina

• Mauro Castelli – Argentina

• Juan Carlos Pollarolo- Chile

• César Cabral – Paraguai

• Rosa Santisteban – Uruguai

• Silvina Malvarez- WDC PAHO/WHO

• Ricardo Tavares- PE/ Brasil

• Clarice A. Ferraz- SP /Brasil

• Sergio Pacheco – RJ/ Brasil

• Hedy Lamar Sanches- AM/ Brasil

• Paulo Seixas – SP/ Brasil

• Carlos Rosales – Paraguai

• Janete Castro- Brasil

• Eliane Moreira Costa – ES/ Brasil

• Luiz Carlos S. Oliveira- BH/ Brasil

• Ângela C. Pistelli- DF/Brasil

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Grupo B

O grupo de trabalho foi coordenado por Mônica Padilla (OPS- Washington) e a

relatoria esteve sob a responsabilidade de Mônica Vieira ( EPSJV/FIOCRUZ-

Brasil)

Juan Carlos Trujillo – Colômbia

Jorge Castellanos – Colombia

Cristina Merino – Equador

Juan Arroyo - Peru

Ciro Echegaray – Peru

Betsy Moscoso – Peru

Mary Casas – Peru

Jose Ruales – Colômbia

Rosana Lucia de Vilar – RN/Brasil

Adriana Rosa L. Carro – SP/ Brasil

Maria Isabel Bellini – RS/ Brasil

Sonia Cristina Nicoleto – PR/Brasil

Irani Soares da Silva – PB/Brasil

Cláudia Feitosa Mota – CE/Brasil

Márcia Faria Silva – MG/Brasil

Sandra G. V. Rodrigues – MG/Brasil

Eliane Oliveira – RJ/Brasil

Maria Teresa Mota – Brasil

Zaira G.A Botelho – DF/Brasil

Valdemar Rodriques – DF/Brasil

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Grupo C

O grupo de trabalho foi coordenado por Rosa Maria Borrel e a relatoria esteve

sob a responsabilidade de Luciana Alves Pereira.

• Carmen V. Peñaranda- Costa Rica

• Tomas Figueroa- El Salvador

• Magali Rojas De Melgar- El Salvador

• Rosamelia Varela – Nicarágua

• Violeta Barreto- Nicarágua

• Nancy Betances – República Dominicana

• Eduardo Navas – Nicarágua

• América de Fernández- Guatemala

• Selma Zapata – República Dominicana

• Jose Meneleu Neto-

• Ana Flávia Costa Nobre – AC/ Brasil

• Maria Elizabeth A. Ajalla – MS/ Brasil

• Clarice F. Mandarino- SE/ Aracaju

• Felix Rigoli – OPS/ Washington

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Grupo D

O grupo de trabalho foi coordenado por Daniel Purcallas ( OPS- Panamá) e a

relatoria esteve sob a responsabilidade de Thereza Varella ( IMS/UERJ-Brasil).

Robert Shearer- Canadá

Diane McArthur- Canadá

Hilda Maria San Miguel- Cuba

Hyacintha Allen- Jamaica

Miguel Miguel Romero Telles - México

Gerardo A. Gasamasn - México.

Evelyn Martinez- OPS- Washington

Mario Pichardo- Cuba

Antenor Amâncio – Brasil

Vanda Elisa Andrés Felli - Brasil

Ana Luíza Stiebler Vieira - Brasil

Adeiana Vilela Pedrosa - Brasil

Rosa Ceci O. Santos – Brasil

Martha de F. Santos – Brasil

Tânia França – Brasil

Felix Rígoli - OPS- Washington

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RELAÇÃO DE PARTICIPANTES

PARTICIPANTES NACIONAIS:

Adriana Rosa L. Carro/SES/SP

Adriana Vilela Toledo Pedrosa/AL

Aida El-Koury de Paula/DEGERTS/SGTES

Ana Flávia da Costa Nobre/AC

Ana Luíza Stiebler/ENSP/FIOCRUZ/RJ

André Mota/SP – NÃO PRECISA CRACHÁ

Ângela Cristina Pistelli/DAB/SAS/MS

Ângela Freitas Grandi/Ministério da Saúde

Antenor Amâncio Filho/ENSP/FIOCRUZ//RJ

Antonio Sergio Ferreira/Ministério da Saúde

Carlos Alberto Lisboa Vieira/GO

Caterine Dossis Perillo/GO

Célia Regina Pierantoni/IMS/UERJ/RJ

Clarice Aparecida Ferraz/EERP/USP/SP

Clarice Fonseca Mandarino/SE

Cláudia Feitosa Peixoto Mota/CE

Cristiana Leite Carvalho/NESCON/UFMG/MG

Eliane Moreira da Costa/ES

Eliane Oliveira/ENSP/FIOCRUZ/RJ

Eronildo Felisberto/DAB/SAS

Fabiana Quint da Silva/SC

Fátima Cristina C. Maia/SGP/MS

Fernando Pires/COC/FIOCRUZ/RJ

Hedy Lamar Almeida Sanches/AM

Henrique Antunes Vitalino/DEGERTS/SGTES/MS

Irani Soares da Silva/PB

Isac Cezar Rodrigues/Apoio Informática

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Janete Lima de Castro/NESC/UFRN/RN

Jeanete Mufalo S. Bueno/CGRH/SAA/MS

Joana Azevedo da Silva – NÃO PRECISA CRACHÁ

João Militão/DEGERTS/SGTES

José Carlos Negrão/DATASUS

José Henrique Pedro/SC

José Meneleu Neto/CETREDE/UFC/CE

José Paranaguá de Santana/OPAS

Julio Espindola/OPAS

Julio Manuel Suárez/OPAS

Lígia Donnangelo de Oliveira Miranda

Luciana Alves Pereira/UEL/PR

Luiz Carlos dos Santos Oliveira/MG

Márcia Faria Moraes Silva/MG

Maria Elizabeth Araújo Ajalla/MS

Maria Isabel Barros Bellini/ESP/SES/RS

Maria Teresa de Almeida Mota/DEGERTS/SGTES

Mariângela de Almeida Mota/DEGERTS/SGTES

Martha de França Dantas/PE

Mauricio Moreira/DATASUS

Mônica Vieira/EPSJV/FIOCRUZ/RJ

Neuza Maria Nogueira Moysés/RJ

Patrícia dos Santos/Ministério da SaúdE

Paulo Henrique D’Angelo Seixas/SP

Pedro Miguel dos Santos Neto/Ministério da Saúde

Raphael Augusto Teixeira de Aguiar/NESCON/UFMG/MG –Intérprete

Regina Gonçalves Lins/Ministério da Saúde

Ricardo Tavares/CPqAM/FIOCRUZ/PE

Rômulo Maciel Filho/CPqAM/FIOCRUZ/PE

Rosa Ceci de Oliveira Santos/BA

Rosana Lúcia Alves de Vilar/NESC/UFRN/RN

Sandra Gonçalves Vissotto Rodrigues/MG

Sérgio Pacheco/ENSP/FIOCRUZ/RJ

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Sônia Cristina Stefano Nicoleto/UEL/PR

Tânia França/IMS/UERJ/RJ

Tatiana Rodrigues Cardoso/SGTES

Thereza Christina Varella/IMS/UERJ/RJ

Valquíria Gomes Andrade/SE

Vanda Elisa Andrés Celli/NEPRH/USP/SP

Wilson Aguiar/DEGERTS/SGTES/MS

Zaira Geribello de Arruda Botelho/DEGERTS/SGTES

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PARTICIPANTES INTERNACIONAIS:

Albdelhay Mechbal Dr.

América de Fernández Dra.

Betsy Moscoso Dra.

Carlos Rosales Dr

Carmen Vasquez Peñaranda Lic.

Charles Godue Dr.

Cristina Merino Dra.

Daniel Purcallas Dr.

Diane McArthur Mrs.

Eduardo Ciro Echegaray Peña Dr.

Eduardo Levcovitz Dr.

Eduardo Navas Dr.

Elizabeth Bravo Lic.

Evelyn Martinez Dra.

Felix Rigoli Dr.

Francisco Eduardo de Campos Dr.

Gerardo Arredondo Gasamans Lic.

Hilda María González San Martín Dra.

Hyacinth Allen Mrs.

Jorge Castellanos Dr.

José León Uzcátegu Dr.

Jose Ruales Dr.

Juan Carlos Pollarolo Sr.

Juan Carlos Trujillo de Hart Dr.

Liliana López Sra.

Magali Rojas de Melgar Lic.

María Casas Sulca Lic.

Mario Dal Poz Dr.

Mauro Castelli Sr.

Miguel Romero Téllez Dr.

Mónica Padilla Dra.

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Nancy Betances Dra.

Pedro Brito Dr.

Robert Shearer Dr.

Rosa M. Borrell Dra.

Rosa Santisteban Dra.

Rosamelia Varela Lic.

Selma Zapata Dra.

Tomás Figueroa Dr.

Violeta Barreto Lic.

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