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Recursos Humanos CADERNOS TÉCNICOS AIMinho Associação Industrial do Minho

Recursos Humanos - · PDF file5.3 Para que serve a avaliação ... No recrutamento e selecção eficazes de colaboradores começa uma boa gestão de recursos humanos. Mas contratar

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CADERNOS TÉCNICOS

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1. Como gerir recursos humanos

1.1 Pessoas: o maior activo das empresas .....................................................................3

2. Recrutamento

2.1 Como gerir um processo de recrutamento...............................................................7

2.2 As entrevistas.............................................................................................................8

3. Política de remunerações

3.1 Tipos de recompensas...............................................................................................11

4. Como preparar um plano de formação

4.1 A importância da formação.......................................................................................13

4.2 Fases de um plano de formação...............................................................................13

5. Como avaliar o desempenho

5.1 O desempenho como factor de avaliação.................................................................15

5.2 Os métodos de avaliação ..........................................................................................15

5.3 Para que serve a avaliação .........................................................................................17

5.4 Como lidar com um desempenho fraco ...................................................................17

6. Como delegar decisões

6.1 Delegar é fundamental ..............................................................................................18

6.2 Como decidir o que delegar ......................................................................................18

7. Como gerir o trabalho em equipa

7.1 O trabalho em equipa ................................................................................................22

7.2 O papel do líder da equipa........................................................................................23

8. Gestão pessoal

8.1 Como fazer apresentações em público.....................................................................25

8.2 Como redigir um currículo........................................................................................29

8.3 Gestão do tempo .......................................................................................................34

8.4 Como preparar e gerir uma reunião .........................................................................36

9. Artigo de opinião - O mais grave erro da gestão .......................................................38

ÍNDICE

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1. Como gerir Recursos Humanos

Os recursos humanos são, cada vez mais, o principal capital com que uma empresa pode contar. Não há investimento que

sobreviva, ou tecnologia que faça milagres, se os colaboradores da empresa não forem os mais adequados ao objectivo final

pretendido. Saber como geri-los é fundamental.

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Lidar com as pessoas que compõem uma organização

empresarial é uma tarefa por vezes árdua, geralmente complicada

e quase sempre pouco reconhecida, por não trazer resultados

imediatos. É, apesar disso, uma das pedras basilares da gestão

de uma empresa. Seguidamente vai ser abordada a importância

do recrutamento e selecção de colaboradores, a definição de

políticas de comunicação e planos de formação, os aspectos a

ter em conta numa avaliação de desempenho, e como manter

os colaboradores motivados.

1.1 Pessoas: o maior activo das empresas

Uma organização que saiba gerir os seus recursos humanos

possuirá, a médio prazo, uma importante vantagem competitiva

face a outras empresas. Ou não fosse cada vez mais comum

ouvir-se a frase “o mais importante da minha empresa são as

pessoas”.

A gestão de recursos humanos, porém, não se circunscreve

ao departamento da empresa com o mesmo nome. Os gestores

de recursos humanos devem ser todas as pessoas na organiza-

ção. Todos aqueles que têm alguém sob sua responsabilidade,

e todos aqueles que, não tendo alguém sob sua responsabilidade,

são gestores do seu próprio recurso, que é a própria pessoa.

A um nível mais global, quer a empresa tenha um departa-

mento próprio de recursos humanos ou entregue esta tarefa a

uma empresa externa, as linhas de orientação da gestão dos

seus colaboradores têm de ser definidas a nível do topo. Mesmo

quando a gestão dos recursos humanos é feita por uma empresa

externa, a orientação de base deve ser delineada pelos líderes

da empresa. Um bom empresário não deixa um consultor

substitui-lo na gestão da empresa, e não é um bom consultor

aquele que o pretende fazer.

O bom consultor de recursos humanos é, então, aquele

que apoia a empresa na definição das suas estratégias. Só

depois de a empresa ter perfeitamente traçados os objectivos

que pretende atingir, é que pode transmitir essa informação

aos seus colaboradores e, paralelamente, definir as competên-

cias funcionais de que necessita para atingir os referidos

objectivos.

RECRUTAMENTO E SELECÇÃO

No recrutamento e selecção eficazes de colaboradores

começa uma boa gestão de recursos humanos. Mas contratar

a pessoa certa para o lugar certo não é tão fácil como parece.

Recrutar um profissional que, por muito bom que seja, não é

o mais adequado às necessidades da empresa, acaba por custar

tempo e dinheiro até que se consiga alinhar a pessoa com essas

necessidades.

Tendo consciência dos objectivos que se pretendem atingir, é

mais fácil saber qual o perfil dos colaboradores a recrutar. A empresa

precisa de pessoas já com alguma experiência na área, ou prefere

jovens em início de carreira que possa formar e treinar à medida

das especificidades da organização? O candidato ideal deve estar

completamente orientado para a função pretendida ou deve ser

suficientemente flexível para poder desempenhar várias tarefas?

Todas estas questões têm de ser devidamente equacionadas

para que a empresa contrate os funcionários que de facto

correspondem às necessidades.

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4 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

As avaliações de desempenho são importantes ferramentas

que auxiliam a gestão da empresa. Importa, porém, ter alguns

cuidados na sua realização, não só para que os resultados sejam

o mais aproximados da realidade, mas também para não criar

um clima infundado de “sentimento de perseguição” aos colabo-

radores.

Antes de iniciar uma avaliação de desempenho, o gestor de

recursos humanos deve efectuar alguns trabalhos preparatórios,

que incluem a definição, para cada colaborador a ser avaliado,

de diversos itens:

. Função

. Deveres

. Responsabilidades

. Objectivos a cumprir

. Níveis de performance para algumas tarefas-chave

. (…)

O processo de avaliação propriamente dito apresenta um

certo grau de complexidade, pelo que deve ser preferencialmente

realizado por um ou mais profissionais especializados.

Esta avaliação pode incluir, dependendo da especificidade

da organização, relatórios de projectos e actividades, análise

de resultados, apreciação de outros colaboradores ou superiores

hierárquicos, etc.

A avaliação não deve ser feita à revelia do colaborador. Pelo

contrário, deverá envolver pelo menos uma reunião onde seja

possível discutir a obtenção de resultados, os progressos

alcançados, as dificuldades sentidas, e as formas de diminuir

os factores mais negativos da sua performance.

A avaliação de desempenho pode igualmente servir para

traçar novos resultados a atingir, definir um plano de formação

mais adequado ou alertar o colaborador para o perigo de uma

contínua performance baixa. É importante que os resultados

da avaliação não surjam como uma surpresa absoluta, seja

ela positiva ou negativa, para o colaborador em causa. Isso

implica que regularmente lhe seja dado um feedback adequado

e construtivo em relação ao trabalho que tem desempenhado.

Deve igualmente ter oportunidade de exprimir uma opinião

sobre os resultados da avaliação. Pode ser uma excelente

altura para, em conjunto, se debaterem possíveis formas de

melhorar os desempenhos menos eficientes, por exemplo,

através de um plano de formação ou um acompanhamento

específico.

COMUNICAÇÃO INTERNA

O responsável pelos recursos humanos deverá perguntar

aos colaboradores se já lhes aconteceu saber novidades sobre

a empresa através de pessoas que não trabalham lá ou através

de notícias na comunicação social. Se a resposta for “sim,

frequentemente”, é sinal que os canais de comunicação dentro

da empresa não estão a funcionar devidamente.

A comunicação é actualmente uma das mais poderosas

ferramentas na gestão de recursos humanos. O que acontece

muitas vezes é que a empresa tem uma estratégia que é conhe-

cida pelos quadros de topo da organização mas que não é

conhecida pelos restantes colaboradores. Essa falta de comuni-

cação não pode acontecer. É fundamental que todas as pessoas

na empresa, desde a pessoa que hierarquicamente esteja mais

baixa até ao presidente, estejam alinhadas com aquilo que são

os objectivos estratégicos da mesma.

Assim, uma boa política de comunicação interna, que dê

às pessoas a informação necessária sobre os objectivos da

empresa, as estratégias a utilizar e os projectos presentes e

futuros, contribuirá fortemente para melhorar a actuação indi-

vidual e colectiva da organização. Cada vez mais, para que as

pessoas se sintam motivadas e acreditem numa organização,

têm que sentir que fazem parte dela. Para isso, é essencial que

haja uma comunicação dentro da equipa, seja ela informativa

ou motivacional, por exemplo fornecendo um feedback do

trabalho feito ou ouvindo as opiniões e sugestões das pessoas.

E hoje em dia, com as redes informáticas, o correio elec-

trónico e a Internet, não há desculpas para que este processo

não seja implementado.

formasde passar acomunicação

reuniõesregulares

encontrosinformaispara debaterproblemasconcretos

veiculação deinformaçãosobre planosde acção,projectosou resultados

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5Se a direcção da empresa, em conjunto com o gestor de

recursos humanos, compreender as razões que levaram um

colaborador a sair, mais facilmente tenta evitar novas saídas.

Por vezes basta apenas melhorar alguns aspectos organizacionais

ou corrigir situações de desequilíbrio.

Hoje em dia a mobilidade profissional é muito maior do que

há alguns anos atrás. O importante é que tanto a empresa como

o colaborador tenham dado o seu melhor durante a relação

profissional que mantiveram. Se a saída do colaborador for pacífica,

nada impede que um dia mais tarde volte a integrar-se na empresa.

O SEGREDO DA MOTIVAÇÃO

Saber manter uma equipa coesa, interessada e produtiva é

actualmente um dos maiores desafios que se colocam a um

gestor de recursos humanos. Mas que estratégias de motivação

podem ser utilizadas?

Há alguns factores que, de uma forma mais ou menos

consensual, contribuem positivamente para aumentar a moti-

vação dos funcionários de uma empresa. A começar pela própria

função desempenhada pelo colaborador. Ver a carteira de clientes

da empresa aumentar dia após dia, por exemplo, e saber que

uma parte desse crescimento deriva do esforço que realizou é

fonte de satisfação para o colaborador.

O tempo que as pessoas passam na empresa é cada vez

maior. E muitas vezes trabalha-se à noite, ao fim-de-semana... Se

as pessoas não se sentirem realizadas naquilo que fazem, com

a agravante de terem cada vez menos tempo para elas próprias

e para a sua família, a pressão vai ser imensa. E, inevitavelmente,

o seu empenho e produtividade profissional vão decair.

Ter um feedback do que se faz é também essencial para manter

um colaborador motivado. Isto é válido tanto para os objectivos

que são alcançados como para os erros que inevitavelmente se

cometem. O que se deve fazer numa situação de erro é, juntamente

com o colaborador em causa, descobrir os motivos e a forma de

o evitar no futuro. Se tratarmos as pessoas como inteligentes, elas

respondem como pessoas inteligentes. A velha frase “eu pago-te

para fazeres, não para pensares”, está obsoleta.

DINHEIRO E BENEFÍCIOS

A remuneração é, sem dúvida, um factor de motivação para

um colaborador. Só que, muitas vezes, não é o factor primordial.

Tudo depende da “hierarquia das necessidades”: Além de uma

remuneração competitiva, há uma série de outros factores que

contribuem para a motivação, como a existência de oportuni-

dades de desenvolvimento de competências, ou a possibilidade

de progressão na carreira. E convém não esquecer alguns

POLÍTICAS DE FORMAÇÃO

Definir políticas regulares de formação dos colaboradores,

à medida das necessidades específicas do negócio, pode garantir

vantagem estratégica face à concorrência.

Esta formação pode, e deve, ser da iniciativa da própria

pessoa, mas isso não tira responsabilidades à empresa no que

diz respeito à melhoria da formação dos seus colaboradores –

até porque vai beneficiar grandemente dessa actualização.

O gestor de recursos humanos deve manter-se permanente-

mente atento às mudanças do mercado, às necessidades da em-

presa, aos meios a que pode recorrer para implementar essa

formação.

As políticas de formação diferem muito conforme o sector

em que a empresa se insere e o tipo de colaboradores que

possui. Sabendo quais as competências funcionais que cada

pessoa tem, é mais fácil definir uma política de formação para

a empresa. Naturalmente, nem todas as pessoas vão precisar

da mesma formação, pelo que será necessário delinear acções

de formação concretas e estabelecer timings para a sua realização.

É igualmente vantajoso recorrer aos resultados das avaliações

de desempenho, já que pode ser necessário apostar em formação

individual para determinados colaboradores.

SAÍDA DE COLABORADORES

Mais cedo ou mais tarde, as empresas têm que se debater

com este problema. Ninguém é insubstituível, já se sabe, mas

a saída de um colaborador pode causar alguns transtornos nos

primeiros tempos. Antes mesmo de se começar a procurar outra

pessoa para o lugar, deve-se tentar perceber por que é que o

colaborador quer sair da empresa:

. Está descontente com o trabalho que realizou ou foi

convidado a mudar para um projecto mais aliciante?

. Sai por motivos pessoais ou relacionados com a evolução

da carreira?

. Coloca a hipótese de eventualmente um dia poder regressar

à empresa ou nem quer ouvir falar disso?

A empresa e os seus colaboradores evoluem naturalmente com

o passar do tempo. Podem no entanto surgir problemas quando

o crescimento não é no mesmo sentido, ou os objectivos de cada

um são divergentes. Há pessoas que atingem um determinado

patamar de responsabilidades e querem ficar por aí, porque se

sentem bem naquilo que estão a fazer. Outras, pelo contrário, têm

mais ambição e querem sempre continuar a subir. Nenhuma das

duas atitudes é condenável. Tudo depende das características pes-

soais de cada colaborador e das necessidades específicas da empresa

num dado momento. Quando não é possível conciliar os interesses

de ambas as partes, acaba por surgir o fim da relação contratual.

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6 benefícios adicionais que, embora isoladamente possam não

significar muito, ajudam a tornar o “bolo” mais atractivo. Por

exemplo, o facto de se oferecer um horário flexível, um regime

de férias mais alargado, a participação no capital da empresa

através de stock options, a possibilidade de receber um bónus

anual ou um qualquer tipo de prémio.

SER CRIATIVO

É indispensável que a estratégia de motivação “seja coerente”.

Um gestor de recursos humanos tem de acompanhar os negócios

da empresa permanentemente, saber o que está a ser feito e

quais são os alvos que quer atingir. Só assim é possível pensar

simultaneamente nos objectivos da empresa e nas pessoas que

lá estão.

DEPARTAMENTO PRÓPRIO OU OUTSOURCING?

Tudo depende da dimensão da empresa em causa. Grandes

organizações, que integram centenas de pessoas, não podem

passar sem um departamento especializado de recursos hu-

manos. No caso de empresas menores, o cenário pode ser

diferente. Muitas vezes é mais rentável para as pequenas

empresas recorrer a consultores externos, que as auxiliam a

gerir os recursos humanos.

Porquê ficar?

Um estudo elaborado pelo Hay Group, citado no site

http://humanresources.about.com, concluiu que as cinco

principais razões que levam um colaborador a permanecer

na empresa são:

1° - oportunidade de desenvolver novas competências

2° - acompanhamento e feedback dado pelo chefe

3° - equipa de direcção talentosa

4° - tratamento com respeito

5° - reconhecimento de um trabalho bem feito

A título de curiosidade, refira-se que a remuneração figurava apenas

no oitavo lugar da lista de razões mais apresentadas.

O estudo foi realizado entre 1996 e 1999, tendo sido entrevistados

500 mil empregados de 300 empresas norte-americanas. Um

estudo semelhante aplicado ao mercado português revelaria

ou não resultados semelhantes?

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2. Recrutamento

Contratar os melhores profissionais é um processo que tem

que ser rápido e eficaz. É de empregados eficientes e motivados

que depende o sucesso sustentado da empresa.

O sucesso ou falhanço de uma empresa depende das pessoas

que nela trabalham. Logo, depende em última análise da quali-

dade dos seus sistemas de recrutamento e selecção. Infelizmente

nem todos os gestores dão a atenção necessária a este assunto.

Contratam pessoas com base em conhecimentos pessoais ou

confiam pura e simplesmente na sorte. É sempre preferível

investir tempo e recursos no recrutamento pois isso prevenirá

problemas futuros quer para a empresa quer para o próprio

recrutado. É necessário seguir os passos apresentados em

seguida, para minimizar as probabilidades de erro no recruta-

mento.

2.1 Como gerir um processo de recrutamento

1. Definir correctamente a exigência do cargo

2. Procurar os melhores candidatos

3. Anúncios de recrutamento

4. Criar formulários de candidatura

5. Analisar com cuidado os currículos relevantes

6. Fazer uma entrevista inteligente

1. DEFINIR CORRECTAMENTE A EXIGÊNCIA DO CARGO

Antes de começar o processo de recrutamento propriamente

dito, deve-se definir exactamente o que se pretende. Qual é o

cargo que está em aberto, quais são as funções inerentes a ele

e que tipo de pessoa é que melhor o poderia desempenhar,

tendo em conta o seu historial académico, profissional e até o

seu próprio perfil pessoal. Não se deve cair no erro de preencher

imediatamente a vaga de um trabalhador que saiu mas sim

pensar primeiro se precisam de facto de outra pessoa ou se as

suas funções podem ser desempenhadas por outros traba-

lhadores da empresa com iguais qualificações técnicas e hu-

manas.

2. PROCURAR OS MELHORES CANDIDATOS

Existem cinco formas para descobrir quem melhor se adequa

ao cargo em aberto. São elas:

. Recomendações pessoais – identificar os profissionais que

estejam no mercado e que se gostaria de contratar. A partir

daqui deve-se pedir referências a todas as fontes possíveis: ex-

-empregadores da pessoa em causa, colegas antigos ou actuais,

entre outros. Não se deverá fazer demasiada “publicidade” em

relação às intenções da empresa. Isto porque ainda não está

a recrutar, e porque poderá estar a dar tempo ao actual empre-

gador para preparar uma contra-proposta mais aliciante.

. Empresas de recrutamento – neste caso, entrega-se nas

mãos de especialistas a escolha do futuro empregado. Mais

do que através de qualquer outro método, este exige que se

seja claro na definição do que se pretende. Deve-se estar

também atento a quanto vai custar a subcontratação de

uma empresa deste tipo.

. Recrutamento interno – muitas vezes não é preciso ir

buscar “sangue novo”. Basta olhar à volta e fazer umas per-

guntas em cada departamento (de preferência, aos respon-

sáveis por cada um deles) para descobrir talentos. E esta é

também uma forma de manter os empregados mais moti-

vados e produtivos por constatarem que a empresa segue

uma política de progressão das carreiras.

. Recrutamento de antigos empregados – não se deve perder

de vista os melhores profissionais que já trabalharam para

a empresa. Poderão sempre regressar à empresa se lhes for

apresentada uma proposta ou recomendar outras pessoas

com a garantia de que são eficientes.

3. ANÚNCIOS DE RECRUTAMENTO

Deverá ser efectuada uma escolha adequada dos meios onde

se pretende colocar os anúncios. Para tal, deverá ser identificado

numa primeira fase qual é o público-alvo desses mesmos meios.

Se o perfil se adequa ao das pessoas pretendidas para preencher

a vaga na empresa, deve-se avançar com os anúncios. Depois deve

ser escolhido o melhor meio: imprensa, Internet, universidades,

etc. A forma como é redigido o anúncio é também muito importante,

devendo ser o mais claro possível, excluindo logo candidatos

indesejáveis. Ou seja, se há qualificações imperativas para o cargo,

devem ser reveladas logo nesta fase.

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8 4. CRIAR FORMULÁRIOS DE CANDIDATURA

Os formulários de candidatura podem ser em papel ou em

formato digital. Deverão estar estruturados de tal forma que,

ao serem preenchidos, resumam o historial académico e profis-

sional dos candidatos e, de preferência, as principais motivações

para o preenchimento da vaga. Deverão ser, quer um comple-

mento ao currículo, quer uma forma de confirmar as informações

deste. Para criar fichas de candidatura eficazes devem-se seguir

alguns passos:

. Fazer perguntas abertas – é muito pouco provável obter

“respostas abertas” num currículo. Por tal, a ficha de candi-

datura deve servir também para pedir ao candidato que

escreva um pouco mais sobre si e sobre as suas motivações

ao se candidatar à vaga em causa.

. Criar fichas de candidatura em formato digital – não devem

ser eliminadas as fichas de candidatura em papel, mas deve

ser criada uma versão em formato digital. Serve para ser

disponibilizada através da Internet e facilita a introdução

das informações em bases de dados informatizadas ou a

posterior actualização dos dados do candidato.

. Construir uma base de dados – todas as fichas de candi-

datura recebidas deverão ser registadas numa base de dados.

Mesmo candidatos que hoje não se adequam ao cargo em

aberto actualmente, poderão ser boas possibilidades para

uma contratação futura.

5. ANALISAR COM CUIDADO OS CURRÍCULOS RELEVANTES

Quando qualquer empresa inicia um processo de recruta-

mento e começa a receber currículos, há uma grande percenta-

gem que não se adequa ao cargo em causa. É inevitável ter

dezenas, se não mesmo centenas, de candidatos que “disparam”

em todas a direcções. Em segundo lugar, depois da triagem

inicial, devem ser seleccionados os melhores currículos entre

todos os que se adequam à vaga. Por fim, deve-se ler nas

entrelinhas. Pode ser utilizada a seguinte estratégia:

. Procurar dados concretos – se não forem descobertas num

currículo informações claras e objectivas em relação a

determinadas qualificações do candidato é provável que ele

não as tenha. Não se deverá eliminar logo o currículo, mas

registar a falha para que seja esclarecida numa fase posterior.

Pode-se tentar obter referências junto de ex-empregadores.

. Começar pelo fim – a maioria dos candidatos coloca as in-

formações menos lisonjeiras no final do currículo porque

espera que o recrutador não chegue lá.

. Filtrar as informações irrelevantes – muitas páginas, mas

poucas qualificações, revelam um candidato fraco. Se o

currículo incluir demasiadas informações pessoais como a

ocupação de tempos livres há que filtrar apenas a informação

que interessa realmente.

6. FAZER UMA ENTREVISTA INTELIGENTE

Escolhidos os candidatos mais adequados ao cargo vago

através dos seus currículos e dos resultados dos testes psicotéc-

nicos ou outros (se tiverem sido realizados), é hora de os chamar

para falarem cara a cara.

A entrevista é uma das fases mais importantes de todo o

processo. Por isso, é importante que a entrevista seja devida-

mente estruturada de forma a conhecer ao máximo as carac-

terísticas pessoais do candidato e confirmar se todas as

informações que foram apresentadas anteriormente

correspondem à verdade.

2.2 As entrevistas

Para cumprir com o abordado anteriormente, ou seja, para

fazer uma entrevista inteligente, há que seguir determinados

passos:

PREPARAR AS ENTREVISTAS

Uma entrevista não é uma conversa social. Por isso, o

entrevistador deverá prepará-la com antecedência e fazer os

“trabalhos de casa” no que toca a estudar com afinco o currículo,

a ficha de candidatura e demais informações acerca dos candi-

datos com quem vai falar. O esquema seguinte apresenta os

pontos-chave da organização prévia da entrevista.

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9quem vai

entrevistarO tipo de entrevista e a forma como irá ser conduzida (e por quem) depende da empresa

ou do cargo para o qual pretende recrutar. Nas empresas especializadas em recrutamento,

por exemplo (que são contratadas para seleccionarem candidatos para outras empresas),

as entrevistas são normalmente conduzidas por psicólogos, que registam por escrito

o seu parecer em relação a cada candidato para, no final do processo, fazerem a triagem.

Noutras empresas, que têm um departamento de recursos humanos organizado, as

entrevistas podem ser conduzidas pelo próprio director de recursos humanos ou por

qualquer outro profissional qualificado dessa secção. Há ainda empresas que preferem

que seja o responsável máximo do departamento que está a contratar a falar directamente

com os candidatos.

definiro tempo

previsto para aentrevista

É óbvio que, para um cargo inferior na hierarquia, basta certamente uma entrevista para

se chegar a uma conclusão sobre a decisão de recrutamento pelo que o tempo de

duração será mais reduzido. Para um cargo de topo, uma única entrevista não é

suficiente. Muito menos se feita por uma única pessoa.

escolha dolocal

Pode-se escolher o próprio escritório, uma sala de reuniões ou até um “território neutro”,

como a sala de um hotel ou uma sala de qualquer outro departamento da empresa.

Importante é criar um ambiente o menos intimidativo possível, com boa luminosidade,

com a temperatura ideal e com poucos focos de distracção (como demasiadas imagens

nas paredes, por exemplo).

preparar asperguntas

É importante anotar em papel todas as questões que se pretende colocar e registar

as notas pré-entrevista. Deve ser feita a distinção entre as perguntas obrigatórias e as

opcionais.

ESCOLHER O TIPO DE ENTREVISTA

Os estudos sobre a matéria identificam quatro grandes tipos de entrevistas:

concreta O objectivo principal é extrair informações concretas nomeadamente sobre a função

a desempenhar. A personalidade do candidato é o menos importante neste tipo de

entrevista. As perguntas devem ser específicas e não dar abertura a divagações.

situacional O objectivo consiste em verificar como o candidato enfrenta algumas situações típicas

do cargo. Ou seja, as entrevistas são conduzidas para uma descrição completa do

problema. Pode-se utilizar perguntas abertas tais como: “O que faria se...”.

de confronto Desencadear uma situação de confronto para avaliar como é que o candidato reage.

Planear um confronto inesperado, fazer insinuações sobre o percurso da carreira do

candidato. O objectivo é analisar como o candidato reage à pressão.

técnica Dar maior enfoque a questões técnicas. Simular, se necessário, um ambiente de

«prova oral universitária» para confirmar se ele tem as capacidades que afirma ter.

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10 ELABORAR AS PERGUNTAS

Eis algumas questões típicas que poderão ser colocadas aos candidatos:

Por que razão quer mudar de emprego?

Por que razão se está a candidatar a este cargo?

Desta forma, conhece-se e avalia-se as próprias motivações

do candidato e percebe-se se o que a empresa tem para lhe

oferecer é o que ele realmente quer.

Quais são os seus pontos fortes?

Com esta pergunta, o candidato tem a oportunidade de

revelar pontos a seu favor e de revelar algo positivo acerca dele.

Se a resposta demorar ou se foram apresentados poucos pontos

fortes, isto pode revelar falta de confiança, timidez ou, no limite,

incompetência.

Quais são os seus principais pontos fracos e limitações?

É importante que os candidatos saibam ser auto-críticos.

Quem não é capaz de assumir os próprios erros ou limitações

demonstra arrogância. Uma boa resposta é o candidato enunciar

os pontos fracos e dizer o que é que aprendeu com eles e o que

fez para melhorar.

Como foram as suas relações com a chefia e com os colegas

anteriores?

Há que saber como é que o candidato se relaciona frequen-

temente com as pessoas que o rodeiam no local de trabalho.

Ele até pode ser excelente tecnicamente, mas se não souber

trabalhar em equipa num cargo que o exige, então não serve.

Qual considera que tenha sido o ponto mais alto da sua

carreira?

Deixar o candidato falar do que mais o orgulhou em funções

anteriores. É uma forma de avaliar o seu brio profissional. E de

reduzir os níveis de tensão associados a uma entrevista.

Qual foi o ponto mais baixo da sua carreira?

Tal como em relação aos pontos fracos, o candidato deve

ser capaz de falar à vontade de momentos que correram menos

bem.

Quais são os seus objectivos a longo prazo e como é que

acha que os conseguirá alcançar?

Estas pergunta revelará projectos profissionais e de vida,

permitindo avaliar as motivações, ambição e expectativas de

promoção.

TOMAR NOTAS E TIRAR CONCLUSÕES

No decorrer da entrevista deve-se tomar notas com as

respostas dos entrevistados e escrever alguns comentários

sobre os seus comportamentos ao longo da reunião. No final,

depois do candidato sair, deve-se tentar classificar o seu desem-

penho ou mesmo atribuir-lhe uma nota. Esta acção deve ser

feita de imediato. Após dezenas de entrevistas não é possível

a lembrança de todos os pormenores e a escolha torna-se mais

difícil.

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3. Política de remunerações

Esta é a tarefa mais sensível de qualquer gestor de recursos

humanos. Por muito que se diga o contrário a questão principal

é e será sempre a do salário. Mas quem estrutura uma política

de remunerações tem de atender a outro tipo de benefícios que

não apenas os de cariz monetário.

Para estruturar um sistema de recompensas há que ter em

conta a cultura das empresas, nomeadamente as atitudes e

comportamentos dos empregados e, acima de tudo, os seus

objectivos estratégicos. Para que este sistema funcione, é

essencial implementar um sistema de gestão por objectivos,

para que cada empregado saiba antecipadamente o que é

esperado dele e como é que o seu nível de desempenho irá ser

quantificado e recompensado.

Existem dois tipos de recompensas possíveis numa empresa:

3.1 Tipos de recompensas

recompensas

intrínsecas

recompensas

extrínsecas

Distinguem e premeiam acções que contribuem elevadamente para o cumprimento dos

objectivos da empresa. Não têm que ser necessariamente prémios em dinheiro, mas

assumem frequentemente essa forma. O tipo de prémios depende muito da cultura da

empresa e dos sistemas de remuneração. Devem ser prestigiados e credíveis, mostrando

que são um tipo de reconhecimento especial por que vale a pena lutar. Acima de tudo

a identidade do premiado e as razões que justificarão o reconhecimento deverão ser

divulgadas publicamente. Este tipo de prémios deverá igualmente ter uma forte carga

simbólica. Por vezes é mais apreciado ou o louvor público ou a entrega de prémios em

espécie (viagens extensíveis à família, etc.) do que o sempre impessoal prémio monetário.

Salário – É a recompensa mais comum do trabalho dos empregados. Pode ter uma

parcela fixa, que inclui o salário base acrescido de subsídios (de alimentação, de doença,

entre outros), e uma variável, que só será atribuído se o empregado tiver cumprido um

determinado conjunto de objectivos.

Incentivos – São complementos ao salário, de natureza variável, que têm como objectivo

recompensar o mérito dos melhores empregados. Entre os principais incentivos a curto

prazo contam-se as comissões, normalmente atribuídas à força de vendas da empresa,

baseadas na facturação realizada em períodos de tempo curtos (um mês, um trimestre

ou um ano); os bónus, cuja atribuição depende do cumprimento dos objectivos globais,

funcionais ou individuais; e as viagens de incentivo, que são uma forma de incentivo

não monetário que é bastante usual nas empresas.

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12 INCENTIVOS A LONGO PRAZO

Pertencem ao grupo das recompensas intrínsecas mas visam

sobretudo a retenção e fidelização à empresa dos seus empre-

gados-chave, normalmente os gestores de topo.

. Planos de stock options – são planos de opção de compra

de acções da empresa a um preço pré-determinado decorrido

um período de maturidade pré-acordado. A rentabilidade

obtida pelo titular depende da valorização das acções na

bolsa. As mais valias geradas calculam-se pela diferença

entre a capitalização de mercado das acções findo o prazo

de maturidade e o valor de aquisição acordado à priori. Se

este valor for negativo, o titular pode optar por não exercer

o seu direito de compra.

. Planos de phantom shares – são unidades de participação

que eliminam algumas das desvantagens dos planos de

stock options , por exemplo, não estão dependentes da

evolução das cotações bolsistas, mas a sua mecânica é

muito semelhante à dos planos de stock options. É atribuído

um valor fixado à priori às unidades de participação, de

acordo com um determinado critério de valorização esco-

lhido. Têm um período de carência, após o qual poderão

ser mobilizadas.

. Planos de stock grants – consiste na possibilidade de aquisi-

ção de acções da empresa a preço reduzido, para a venda

posterior, beneficiando o titular de um prémio de capita-

lização dependente da valorização da cotação das acções

no mercado bolsista.

BENEFÍCIOS

Podem ser recompensas em dinheiro ou em espécie e visam

satisfazer as necessidades de carácter social dos empregados.

Dividem-se em três grupos:

. Benefícios sociais – são atribuídos a todos os empregados

e visam suprir necessidades primárias e de segurança (saúde,

alimentação, invalidez, entre outras). Os mais frequentes

são os subsídios de doença, seguros de saúde, etc.

. Fringe benefits – são benefícios específicos para determi-

nados cargos da empresa, quer devido à natureza das

funções quer devido ao grau hierárquico. Incluem planos

de utilização de automóveis, despesas de representação,

viagens, entre outros.

. Símbolos de estatuto – são benefícios que têm como objec-

tivo distinguir os cargos de topo da hierarquia. Ceder a

utilização de um automóvel da empresa a um empregado

não é um símbolo de estatuto, mas já o será se estivermos

a falar de um automóvel de topo de gama para um

administrador, ou um cartão de crédito gold.

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4. Como preparar um plano de formação

Na actual sociedade do conhecimento a formação académica

não chega. É preciso investir na formação contínua dos recursos

humanos. É necessário que a empresa saiba como elaborar um

plano de formação adequado às necessidades da empresa e ao

perfil dos seus colaboradores.

Do ponto de vista das entidades patronais, um plano de

formação é uma ferramenta da gestão dos recursos humanos,

que tem como objectivo a melhoria das qualificações dos

empregados e, consequentemente, a melhoria da performance

geral das empresas. Do ponto de vista dos empregados, a

formação poderá ser uma forma de consolidarem as suas

carreiras profissionais e de aumentarem o seu valor e atracti-

vidade no mercado de trabalho.

4.1 A importância da formação

1. IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES

O departamento interno da empresa encarregue de fazer o

plano de formação (normalmente o de recursos humanos)

contacta os directores das divisões principais (financeira,

operacional, comercial, etc.) e reúne com cada um deles para

identificar os elementos de mudança na empresa e nos depar-

tamentos, nomeadamente: novos investimentos, novas

qualificações necessárias, objectivos de desempenho mais

ambiciosos, etc. Estes devem justificar os objectivos definidos

e os recursos que serão necessários para os cumprir. Desta

etapa deverá resultar um documento que resuma as necessidades

de formação e os objectivos e que sirva de base de referência

para todas as fases seguintes.

2. DESCRIÇÃO DAS ACÇÕES DE FORMAÇÃO

Nesta fase, os responsáveis pelo planeamento das acções de

formação poderão complementar as informações constantes no

documento realizado na fase anterior ou criar uma nova grelha.

Nesta, colocarão as necessidades de formação a satisfazer, os

objectivos, os respectivos temas para as acções de formação

necessárias, o número previsto de formandos e a duração.

3. PREVISÃO DA DURAÇÃO DA FORMAÇÃO

É importante fazer uma previsão da extensão do tempo de

formação. Poderá ser mais vantajoso e menos penalizante para

as empresas e para os profissionais diminuírem a duração de

cada aula e estenderem os cursos por um período de tempo

total mais alargado. Por isso, é importante prever e planear

todas as alternativas possíveis, que serão apresentadas, nor-

malmente, pelos responsáveis de recursos humanos e posteri-

ormente discutidas com os potenciais formandos e também

com os formadores.

4. ORÇAMENTAÇÃO

Inclui os encargos directos de formação (remuneração dos

formadores, encargos de deslocação, etc.) e a previsão dos

encargos de funcionamento (aluguer/utilização das instalações

para a formação, custos de operação das acções de formação,

etc.). Uma discussão frequente nas empresas está relacionada

com o cálculo dos custos de oportunidade devidos à ausência

das pessoas em formação e os eventuais custos de substituição.

Porém, normalmente, este tipo de custos não é contemplado

no plano de formação anual da empresa, mas nos orçamentos

individuais de cada unidade da empresa. Cabe aos responsáveis

de divisão realizar os orçamentos individuais e fazer as estima-

tivas dos efeitos que a formação terá na sua actividade e nos

custos de mão-de-obra.

5. PESQUISA DE MERCADO

Esta fase não se aplica nas empresas que organizam as

acções de formação internamente, com formadores da própria

4.2 Fases de um plano de formação

Identificação das necessidades

Descrição das acções de formação

Previsão da duração da formação

Orçamentação

Pesquisa de mercado

Implementação e controlo

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14 empresa. No caso de as acções de formação serem subcontra-

tadas a empresas de formação ou a formadores individuais, é

este o momento em que os responsáveis pela elaboração do

plano de formação da empresa devem fazer uma prospecção

de mercado. Ao analisarem todas as condições, poderão ter

que fazer ajustes ao orçamento previsto. Devem ter em conta

os seguintes aspectos:

. Credibilidade das empresas de formação – De preferência,

deverão ser empresas acreditadas para dar cursos de for-

mação, por entidades como o Ministério da Educação ou

o INOFOR. É conveniente tirar referências junto de anteriores

clientes destas empresas.

. Qualificações dos formadores – Quando a formação é

subcontratada a empresas fidedignas, a qualidade dos for-

madores é, à partida, assegurada por elas, até porque é a

sua imagem de qualidade que está em causa. Quando se

tratam de formadores individuais, é importante ter conhe-

cimentos do seu currículo como formador e das suas qua-

lificações nas áreas em que irão dar formação aos seus em-

pregados.

. Local da formação – O local onde se irão realizar as acções

de formação depende, na maioria dos casos, do número de

formadores e das condições logísticas que a empresa que

encomenda a formação tem. Se existe um grande número

de empregados para assistir a uma determinada formação,

o mais frequente é que os formadores subcontratados se

dirijam às instalações da empresa, caso contrário, serão os

empregados que terão que se deslocar. Porém, a empresa

pode não ter, por exemplo, salas disponíveis, ou equipamento

de projecção e vídeo de que os formadores necessitam.

Nestes casos, deverão ser negociadas previamente todas

as condições que irão ser necessárias.

. Custos – Os preços cobrados pelas empresas de formação

são, normalmente, elevados. Deve ser feita uma análise

comparativa dos preços praticados pelo maior número

possível de entidades verificando se as diferenças de preço

são justificáveis pela qualidade. Não deve ser esquecida a

inclusão no preço todas as condições necessárias. Os

principais custos que as empresas de formação cobram

são: concepção da acção, organização e gestão da formação,

coordenação da acção e formadores, logística (salas, equi-

pamentos, correios, telefones, etc.) e elaboração de docu-

mentos ou outros instrumentos pedagógicos.

6. IMPLEMENTAÇÃO E CONTROLO

Depois de ser feito o orçamento previsional, de serem

realizados alguns ajustes que tenham sido considerados

necessários e de os membros da direcção o terem aprovado,

resta implementar o plano de formação. A direcção de recursos

humanos deverá contactar os responsáveis de cada departa-

mento para acordarem as datas mais adequadas para a for-

mação (depois de contactarem os formadores, para saberem

qual a sua disponibilidade em termos de tempo). Os formandos

serão informados das datas e acções de formação a que terão

que assistir, de preferência, pelo seu superior hierárquico

directo. Muitas empresas estão a optar por um sistema de

avaliação dos formandos no final das acções de formação,

para irem acompanhando o seu grau de aproveitamento e a

sua evolução. Por outro lado, os formandos também terão a

oportunidade de fazerem a avaliação da qualidade do curso

e dos formadores.

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5. Como avaliar o desempenho

Avaliar o desempenho do pessoal é uma técnica de gestão

que visa melhorar a performance individual e colectiva, tornar

os sistemas de recompensa mais justos e gerar efeitos positivos

na motivação das pessoas.

5.1 O desempenho como factor de avaliação

objectivos dos

sistemas de

avaliação de

desempenho

medir e diferenciar o

desempenho

individual

dar a conhecer a

opinião dos superiores

hierárquicos sobre o

desempenho de cada

colaborador

ajudar a tomar decisões

sobre a política de

remunerações

e incentivos e identificar

as deficiências no

desempenho individual

e colectivo e tentar

corrigi-las

A fixação clara dos objectivos de desempenho de cada

departamento é o requisito base para um sistema de avaliação

de desempenho eficaz. Esses objectivos devem ser quantifi-

cados, através de indicadores simples e fáceis de medir, e

devidamente calendarizados. Quer os que são relativos à

performance global da empresa (caso do volume de factu-

ração, resultados líquidos, índice de satisfação do cliente,

quotas de mercado, etc), como o cumprimento de objectivos

de performance individual (contribuição para os objectivos

do departamento, número de pedidos satisfeitos, produtivi-

dade, absentismo, cumprimento de prazos, prémios, etc).

A avaliação de desempenho abrange, em regra, alguns ele-

mentos de carácter qualitativo e comportamental (opinião

das chefias e dos colegas, auto-desenvolvimento técnico e

pessoal, qualidades de liderança, trabalho em equipa, etc).

É do correcto balanceamento entre estes vários elementos

que se constrói uma boa grelha de indicadores para avaliar

o desempenho.

A avaliação de desempenho é, em regra, semestral ou anual.

Deve ser feita por escrito através de um questionário padronizado

que visa classificar o desempenho do avaliado com base em

critérios quantificáveis. No final deverá incluir uma avaliação

global do candidato segundo uma escala de avaliação previa-

5.2 Os métodos de avaliação

mente acordada e incluir comentários qualitativos sobre o

desempenho do avaliado que inclua as áreas prioritárias a

melhorar. Esta informação será essencial como ponto de partida

para a avaliação dos períodos seguintes:

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16 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO MAIS UTILIZADOS

auto-avaliação

avaliação a 360°

São os avaliados que medem a sua própria performance. No final, cada superior hierárquico

analisa as respostas, faz a sua própria avaliação e reúne com cada um dos avaliados

para discutir os resultados. Este método estimula o empenho e desenvolvimento dos

subordinados mas os resultados podem ser condicionados pelos pontos de vista e

interesses individuais de cada avaliado.

É o método de avaliação mais sofisticado. Todos os trabalhadores, independentemente

da sua posição hierárquica, são simultaneamente avaliadores (conservando o anonimato)

e avaliados. Este método tem a vantagem dos subordinados terem a oportunidade de

avaliar livremente o desempenho dos seus chefes, mas pode ter efeitos nefastos ao nível

da motivação e dos sentimentos de auto-estima dos visados, sobretudo das pessoas

em graus mais elevados da hierarquia.

avaliação pelo

superior

hierárquico

É o método mais comum. Tem a vantagem de haver um único avaliador o que garante

alguma homogeneidade e rigor na interpretação dos critérios de avaliação e na análise

comparativa de desempenho. A desvantagem principal é que o avaliador pode ser

influenciado pela imagem global e histórica que possui sobre o avaliado e pelo tipo de

relacionamento técnico e pessoal.

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Seguidamente são apresentadas as causas possíveis para um mau desempenho e como se deve lidar com elas:

5.4 Como lidar com um desempenho fraco

desmotivação Assim que for detectado este problema, deve ser atacado de imediato, descobrindo as

suas causas possíveis. Estabelecer um plano de melhoria com prazos definidos.

CAUSAS POSSÍVEIS COMO FAZER

falta de

capacidadeQuando o empregado perde o ritmo e não acompanha as exigências do cargo, deve

primeiro identificar quais as capacidades que lhe faltam (ritmo de trabalho, lacunas na

formação, conhecimentos técnicos). Oferecer sessões de formação, ou substituir o

funcionário por outra pessoa com capacidades adequadas.

absentismo e

pontualidadeEste é um comportamento intolerável que, no limite, implicará o despedimento do

trabalhador. Verificar se o empregado está bem integrado na equipa ou se a mudança

para um horário mais flexível resolveria o problema.

problemas

pessoaisÉ importante concentrar-se apenas no desempenho profissional. Em casos graves, pode-

-se propor ao empregado que tire uns dias de férias para resolver a sua situação. Em

último caso, deve-se solicitar ao funcionário que recorra a apoio médico.

15 CRITÉRIOS PARA DETECTAR QUADROS DE ELEVADO POTENCIAL

A avaliação de desempenho tem, sobretudo, objectivos pedagóg-

icos. Não é um processo que visa castigar ou recompensar os

avaliados. Deve ser um instrumento precioso para auscultar os seus

pontos fortes e fracos, as áreas passíveis de melhoria e as necessidades

de formação prioritária. Do ponto de vista da empresa, a avaliação

deverá igualmente servir de base para melhorar o sistema de

compensações (nomeadamente em caso de prémios de desempen-

ho), para o desenvolvimento de planos de carreira (incluindo sistemas

internos de promoções) e a calendarização de acções de formação.

A avaliação é também uma oportunidade para o avaliador

estabelecer e rever objectivos globais e individuais de desem-

penho que poderão estar desajustados à realidade da empresa.

5.3 Para que serve a avaliação

Se as avaliações forem, em regra, negativas, talvez a fasquia de

objectivos de desempenho estivesse demasiadamente elevada.

Pelo contrário, se a esmagadora maioria das avaliações for

muito positiva isso poderá ser um sinal que as chefias estão a

ser pouco exigentes com os seus colaboradores. Nesse caso

talvez faça sentido entregar a tarefa a especialistas externos.

As avaliações de desempenho são inevitavelmente momentos

de alguma tensão na empresa. Deve ser tirado partido dessa

ameaça transformando-a numa excelente oportunidade para

ouvir e reflectir sobre as queixas e as sugestões dos colaboradores

bem como para reconhecer e louvar publicamente o mérito dos

colaboradores mais eficientes ou mais dedicados.

1. procura permanentemente de oportunidades de desenvolvimento?

2. é tecnicamente mais brilhante do que a média?

3. aproveita as ocasiões de aprendizagem técnica e pessoal?

4. sente-se à vontade noutras culturas e cargos?

5. dá particular atenção aos detalhes do seu trabalho ou função?

6. consegue criar um ambiente de trabalho agradável?

7. é particularmente dotado para relações humanas?

8. procura e sabe tirar proveito das opiniões dos outros?

9. enfrenta as responsabilidades e assume-as perante as chefias?

10. é ambicioso. quer melhorar continuamente os resultados?

11. retira lições dos erros e ultrapassa os fracassos sem culpar os outros?

12. possui um temperamento orientado para a acção?

13. tem a coragem de assumir uma posição, ainda que critica, e mantê-la?

14. procura, em todas as circunstâncias, marcar a sua diferença?

15. reage bem às críticas dos outros e às adversidades?

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6. Como delegar decisões

O primeiro segredo para delegar com eficácia é seguir o

princípio: faça apenas o que só você pode fazer. Infelizmente

nem todos os gestores seguem este princípio. Deve-se deixar

de centralizar as tarefas que outros podem fazer melhor.

A maioria dos gestores diz que está sobrecarregado de

trabalho e não tem tempo para fazer todas as tarefas que

gostaria. O mais provável é que esses gestores estejam a delegar

pouco e mal. Ou dito por outras palavras, que estejam a cen-

tralizar em demasia as decisões, um «pecado» dos gestores

6.1 Delegar é fundamental

portugueses. Ou porque não confiam o suficiente nos seus

subordinados ou pura e simplesmente porque gostam de

assumir sozinhos todas as responsabilidades até ao mais ínfimo

dos detalhes. Ou ainda porque quando finalmente se decidem

pela delegação não o sabem fazer da forma correcta (não dizendo

claramente o que pretendem, por exemplo) nem às pessoas

certas (por exemplo, não fazendo corresponder as exigências

da tarefa às qualificações técnicas e humanas do subordinado

em quem decidem delegar, não prestando a formação ou o

apoio adequado, etc).

faça apenas o quesó você pode fazer

Não perca tempo com tarefas que pode delegar a outras pessoas que estejam

hierarquicamente abaixo de si.

PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA DELEGAR COM EFICÁCIA

não façaas tarefasassociadas a umsalário mínimo

Uma empresa não ganha dinheiro se os seus profissionais mais bem pagos passam

grande parte do tempo a caminhar para a máquina de fotocópias ou a fechar

envelopes. O executivo está a perder tempo e, consequentemente, a empresa está

a perder dinheiro.

não assumaas tarefas quepertencem aosoutros

Seja mais humilde. Não presuma que faz tudo melhor do que os outros. Principalmente

se se tratar de tarefas que acrescentam pouco valor para a empresa. Aprenda a delegar.

Vai ver que não custa!

há coisas queoutros fazemmuito melhor

Provavelmente não é você que arranja os canos em casa, mesmo que à partida tenha

algum talento para a bricolage. Nestes casos o mais provável é que prefira contratar um

canalizador, ou seja, um especialista. Também no emprego, precisa de arranjar pessoal

especializado para desempenhar determinadas funções dentro dessa especialidade. É

tão simples quanto isso.

É sabido que não se pode delegar todas as tarefas. Porém,

se for efectuada uma listagem de como é utilizado o tempo de

trabalho certamente se chegará à conclusão que nem tudo o

que se faz tem, de facto, valor acrescentado para a empresa. E

se forem listadas as competências das pessoas que nos rodeiam

decerto se verificará que não somos a única pessoa a poder fazer

6.2 Como decidir o que delegar

as actuais tarefas. É necessário saber exactamente quais as

tarefas que se podem delegar e, mais importante, quem é que

tem qualificações para as desempenhar tão bem quanto nós

próprios. Deve ser feita uma avaliação e selecção das tarefas

de acordo com o esquema seguinte:

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19quais as tarefas

que estou a fazermas que são

irrelevantes?

quais as tarefasque só eu éque posso

desempenhar?

não as completenem as delegue

delegue estastarefas aos seussubordinados

não delegueestas tarefas

e dê-lhesprioridade

sistemas decontrolo dodesempenho

O controlo da execução das tarefas de cada colaborador e a verificação do cumprimento

das regras de trabalho não são tarefas operacionais dos gestores de topo mas sim dos

chefes de divisão. Porém, a verificação da eficácia global dos sistemas de controlo não

pode ser delegada.

gestão dosrecursoshumanos

Mesmo que exista um departamento especifico de recursos humanos deve haver um

gestor de topo com a responsabilidade de gerir pessoalmente este tipo de assuntos. O

líder deve mostrar empenho pessoal nas tarefas de acompanhamento e motivação dos

subordinados e tomar decisões delicadas e confidenciais sobre promoções, contratações

e despedimentos.

manter osrelacionamentoscom os clientes-chave

Não deve ser delegado completamente o relacionamento com os principais clientes

da empresa. Esta é a melhor forma de garantir a sua fidelidade e de aprofundar as

relações comerciais e pessoais.

assegurar uma boacomunicação interna

Um gestor deve certificar-se pessoalmente da eficácia dos canais de comunicação.

A manutenção de um fluxo constante de informações relevantes dentro da empresa

também é da sua responsabilidade.

avaliar osresultados

O gestor de topo estabelece os objectivos e deve avaliar a evolução dos resultados. Quando

há desvios significativos, deve entrar imediatamente em acção para corrigir os erros.

delinear as opções

estratégicas

O planeamento estratégico da empresa, a definição de objectivos a curto e médio prazo

e os meios técnicos e humanos para os atingir é uma tarefa exclusiva dos gestores de

topo e como tal não delegável.

liderança deprojectos-chave

Liderar significa conduzir um grupo ou um projecto ao sucesso. Nos projectos que

forem considerados como prioridade estratégica não será aconselhável delegar as

funções de liderança e coordenação geral das equipas.

criação desistemas derecompensas

Estabelecer os níveis e tipos de recompensas para cada categoria profissional cabe

única e exclusivamente aos gestores. Mesmo que essa decisão seja participada a

palavra final é do responsável máximo da empresa.

TAREFAS A MANTER

Os estudos sobre este tema demonstram que as tarefas

que um gestor de topo deve manter enquadram-se nas seguintes

oito categorias:

quais as tarefas queestou a fazer que

podem ser cumpridaspor outra pessoa?

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TAREFAS A DELEGAR

As tarefas mais óbvias de delegar, e as que geralmente

consomem mais tempo, são as de rotina. Mas podem surgir

outras áreas em que os colaboradores saibam fazer melhor.

Desde tarefas menos simpáticas como lidar com reclamações

ou comunicar más notícias que, por vezes, podem ser feitas

por pessoas que têm um dom natural para resolver problemas

complicados, até tarefas mais interessantes que se podem

delegar como forma de motivação dos subordinados ou de

ensaio para futuras funções de liderança. A regra de ouro é de

identificar, com rigor e honestidade, aquilo que melhor se sabe

fazer e que é mais importante para a empresa e delegar os

assuntos menos estratégicos ou que outros farão mais rapida-

mente ou com menores custos e maior eficácia.

COMO DELEGAR POR ETAPAS

Depois de ter classificado as tarefas chegou a hora de delegar.

As etapas identificadas na página seguinte deverão ser seguidas

para delegar com sucesso:

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21ETAPA DESCRIÇÃO

escolher as

pessoas certasDelegar nos subordinados que se sabe que podem aceitar responsabilidades. Escolher

cuidadosamente e assegurar que são competentes, empreendedoras, pró-activas e de

preferência melhor organizadas do que o chefe.

Não adaptar as tarefas ás pessoas. Fazer o inverso. Perceber qual é o perfil de profissional

adequado à tarefa que se vai delegar.

Não esquecer que a primeira tarefa delegada pode não correr da melhor forma. Não cair

na tentação de pegar no assunto por si antes de avaliar o tempo que se pode poupar a

longo prazo se a pessoa aprender sozinha.

avaliar as

competências dos

subordinados

aproveitar

a curva de

aprendizagem

começar por delegar

tarefas menos

importantes

Reduzir os riscos delegando tarefas menores de início: limitar os estragos em caso de

fracasso e ajudar a construir a auto-estima da pessoa que assumiu aquela responsabilidade.

Não se limitar a explicar apenas o que é que elas devem fazer. Quando as pessoas

percebem como se enquadra o seu trabalho no processo, podem reagir melhor quando

as coisas correm mal ou quando quem delegou não está presente. Preparar-se para

receber novas ideias sobre a melhor forma de desempenhar a tarefa. Ouvir as sugestões

mesmo que não se tenha intenção de as seguir.

Comunicar de forma a ter a certeza que se passou correctamente a informação relativa

ao que é preciso fazer. Pode-se mesmo pedir que repitam as instruções.

Fazer uma lista de tudo o que se delegou e a quem, anotando os progressos. Pedir sugestões

de prazos para o cumprimento das tarefas e dizendo se tem urgência. Algumas pessoas

pegam no telefone ou na caneta minutos depois de lhes entregarem a tarefa, outras só

pegam no assunto no dia seguinte. É importante descobrir com quem se está a lidar.

Dizer sempre à pessoa que é a melhor possível para desempenhar uma determinada

tarefa. Mesmo que se trate de agrafar relatórios, dizer que o trabalho deve ficar com um

aspecto “de primeira qualidade”.

Fornecer a formação necessária às pessoas para desempenharem as tarefas que lhes

foram confiadas ou conceder o tempo e recursos necessários para que a pessoa aprenda.

É sempre importante que as pessoas tenham uma visão de conjunto. É preferível entregar

a execução de uma tarefa do princípio ao fim, em vez de a fraccionar em parcelas

atribuídas a várias pessoas. Assim, no final, sabe-se quem se deve premiar pelo sucesso

ou responsabilizar pelo eventual fracasso.

informar as pessoas

do objectivo da

tarefa

comunicar com

clareza

registar as tarefas

delegadas e a quem

dar importância a

qualquer tarefa

garantir as condições

necessárias ao desem-

penho das tarefas

procurar delegar

uma tarefa completa

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7. Como gerir o trabalho em equipa

Criar um grupo de trabalho para resolver um determinado

assunto é relativamente fácil. Liderar uma equipa cujo nível de

desempenho global é superior à soma do desempenho individual

já é uma tarefa difícil.

Os estudos comprovam que o desempenho das equipas será

sempre superior ao dos indivíduos que os constituem desde que

se combinem pessoas com habilidades, competências e expe-

riências diferentes e quando existe um líder capaz de maximizar

o potencial individual tendo em vista a satisfação de um determi-

7.1 O trabalho em equipa

nado projecto e objectivo comum. O termo «equipa» não corres-

ponde ao simples agrupamento de pessoas com competências

diversas. É necessário que essas pessoas se comprometam em

torno de um determinado objectivo, que adoptem regras e

procedimentos comuns, e se considerem solidariamente respon-

sáveis pelo resultado final desse projecto. Este tipo de equipa

tem, em regra, um líder que é aceite pelos restantes elementos

devido à sua autoridade formal, competência técnica ou capacidade

de liderança (idealmente deverá reunir os três requisitos).

CARACTERÍSTICAS DE UMA BOA EQUIPA

Estamos em presença de uma equipa de elevado potencial

quando os seus membros discutem os objectivos, avaliam as

ideias, tomam decisões e trabalham em conjunto para atingir

os fins propostos. Têm, em regra, uma liderança forte e eficaz.

São compostas por pessoas de qualificações distintas mas

complementares. Formulam objectivos precisos e quantificáveis.

Revelam capacidade de agir rapidamente e de se adaptar a

novas situações. Existe boa comunicação entre os seus membros

e, em regra, um bom relacionamento pessoal.

O TAMANHO E FORMATO DAS EQUIPAS

O tamanho das equipas pode variar consoante o tipo de

trabalho a desenvolver. É do mais elementar bom senso que

quanto maior o número de elementos maior a possibilidade da

coesão da equipa ruir ou se dar origem a conflitos de personali-

dade. A decisão sobre o formato da equipa depende do tipo de

projecto. Para tarefas rotineiras é importante que cada elemento

saiba precisamente qual é o seu papel específico e como é que

a sua contribuição encaixa no esforço global da equipa. Para

tarefas mais criativas será decerto saudável menos rigidez na

equipa

pessoas com habilidades,competências e experiências

diferentes

líder

mesmo objectivomesmas regras

responsáveis pelo projecto

maximiza opotencial de

cada indivíduo

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23atribuição de tarefas precisas e maior conciliação entre as

actividades de grupo e individuais.

Outra decisão importante é a de preferir um tipo de equipa

que se relaciona entre si através de sistemas formais de reunião,

debate e execução ou se, pelo contrário, será preferível apostar

em reuniões de trabalho de base informal (especialmente

vocacionado para equipas criativas).

DEFINIÇÃO DE OBJECTIVOS E PRAZOS

Esta é a tarefa mais importante para o sucesso da equipa

de trabalho. Os objectivos não são obviamente imutáveis. A

dada altura da evolução do projecto o líder da equipa pode

concluir que é possível estabelecer objectivos mais ou menos

ambiciosos. É importante que todos os elementos da equipa

tenham um fim comum a atingir com o qual se identificam e

se comprometem a trabalhar em conjunto. A regra de ouro é

a de dividir os objectivos a longo prazo em projectos de curto

prazo de modo à equipa ir cumprindo etapas sucessivas. Igual-

mente importante é a tarefa de definir prazos limite de execução

ambiciosos mas realistas.

E, por fim, estabelecer se se trata de uma equipa temporária

(cujo ciclo de vida termina quando o objectivo é alcançado) ou

permanente (por exemplo, a equipa responsável pelo lançamento

de projectos especiais, ou que agrupa os gestores nacionais de

uma multinacional, etc).

CRIAR UM BOM AMBIENTE DE TRABALHO

O sucesso de uma equipa depende, sobretudo, da selecção

criteriosa dos seus elementos mas também da criação de um

ambiente de trabalho agradável e tranquilo. Muitas equipas

optam por reunir-se fora dos seus locais de trabalho conven-

cionais precisamente para fortalecer o chamado «espírito de

equipa». Este dependerá do tipo de relações interpessoais que

já existem, ou forem entretanto criadas, entre os seus membros.

Do respeito pelas diferenças de personalidade entre os seus

membros, do tom afável e aberto das conversas, do grau de

abertura a novas ideias ou sugestões de trabalho e até do nível

de amizade e bom relacionamento pessoal que possa existir

entre os membros da equipa.

Depois da equipa entrar em funcionamento o líder deve

assumir uma posição mais discreta e humilde e preocupar-se,

sobretudo, em extrair de cada elemento o seu máximo potencial.

Deve inspirar os outros, distribuir funções, partilhar respon-

sabilidades, motivar as pessoas, facilitar o processo de trabalho,

remover os potenciais obstáculos, dotar a equipa dos meios

técnicos e humanos necessários, manter o equilíbrio e o bom

ambiente de trabalho e, sobretudo, assegurar o cumprimento

7.2 O papel do líder da equipa

dos objectivos nos prazos fixados. O líder de uma equipa não

tem necessariamente um papel simpático. Cabe-lhe a respon-

sabilidade de ir monitorizado a dinâmica da equipa e os seus

resultados, se necessário, retirar da equipa eventuais elementos

perturbadores ou, no limite, extinguir a própria equipa. Em

consequência o líder de uma equipa deve aliar aos conheci-

mentos técnicos do projecto fortes competências em gestão

interpessoal.

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o líder inova

o líder faz

coisas diferentes

o líder cria

ou desenvolve

o líder investiga-a

e tenta mudá-la

o líder tem a obsessão

pelas pessoas

o líder tem uma visão

de longo prazo

o líder pergunta

o quê e porquê

o líder concentra-se

no resultado futuro

o líder desafia

o status quo

o líder faz

as coisas certas

o gestor administra

o gestor faz o

mesmo, melhor

o gestor mantém

ou aperfeiçoa

o gestor actua

com base na realidade

o gestor respeita o

sistema e a estrutura

o gestor tem uma

visão de curto prazo

o gestor pergunta

como e quando

o gestor concentra-se

no resultado imediato

o gestor respeita

as hierarquias

o gestor faz

as coisas bem

AS DIFERENÇAS ENTRE UM GESTOR E UM LÍDER

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8. Gestão pessoal

Dentro do grande tema Recursos Humanos, a gestão pes-

soal adquire particular importância. Um director de recursos

humanos deverá ser conhecedor de algumas técnicas e formas

de actuar diárias que melhoram o desempenho pessoal e pro-

fissional.

A forma como um candidato apresenta o seu currículo deve

ser analisada pelo responsável tanto pelos dados apresentados

como pela própria estrutura e apresentação formal do mesmo.

Outros elementos importantes que têm influência na gestão

pessoal são as apresentações em público, a própria gestão do

tempo e a preparação das reuniões.

Dominando determinadas formas de actuação no ambiente

empresarial torna-se mais fácil a relação com o próprio trabalho

e com os que nos rodeiam.

Mais do que uma questão de talento natural, a arte de apre-

sentar uma comunicação em público obedece a técnicas que

podem ser aprendidas, treinadas e apoiadas por meios audio-

visuais.

Falar em público é difícil. Claro que há pessoas que têm

mais facilidade de comunicação do que outras. Mas, em regra,

8.1 Como fazer apresentações em público

esse aparente “à vontade” é fruto de uma boa preparação e,

acima de tudo, da experiência. Há, no entanto, técnicas básicas

de apresentação que ajudam a melhorar as qualidades de bom

comunicador. A regra de ouro é ter sempre presente que a forma

de comunicar é tão ou mais importante do que o conteúdo da

mensagem.

GESTÃOPESSOAL

prepararreuniões

gestãodo tempo

redacção decurriculos

apresentaçõesem público

no dia daapresentação

o momento dasperguntas

a preparaçãoprévia

conselhos que ajudama dominar a difícil artede falar em público

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O objectivo da comunicação deve ser claramente definido,

para que, de acordo com o contexto – local e audiência –, possa

decidir qual é a melhor abordagem e quais os meios a utilizar.

Geralmente a apresentação será mais eficaz se tiver um único

tema consistente, objectivos claros e secções bem definidas e

fáceis de compreender. Seguidamente são apresentados os

passos a seguir.

. Definir a estrutura do texto

Clarificar todas as informações relevantes antes de se

começar a escrever. Em primeiro lugar, resumir todas as ideias

sobre o tema da exposição. Este deverá ser tão abrangente

quanto possível. Sugere-se a seguinte metodologia:

. Escrever o tema principal da apresentação no centro de

uma folha em branco;

. Desenhar ramos a partir dessa caixa principal com os sub-

-temas da sua exposição;

. Fazer corresponder a cada sub-tema um resumo do

conteúdo que se pretende comunicar;

. Definir a sequência lógica da exposição e qual o meio

audiovisual de suporte;

. Definir o tipo de elementos gráficos que vão enriquecer o

conteúdo da comunicação.

Não esquecer que há software específico para apresentações

que ajudam a definir esta estrutura-base. Existem inclusivamente

modelos predefinidos para a estruturação dos tipos de apresen-

tação mais comuns.

. Tipo de audiência

Existem dois tipos de público: o que quer assistir e o que

tem de assistir. Pode-se julgar com antecedência qual o tipo

básico do público que se vai enfrentar. Por exemplo, procurar

conhecer previamente alguns membros da audiência ou falar

com outras pessoas que já animaram sessões similares. Mas

mesmo que se obtenha essas informações é sempre difícil

avaliar previamente o nível de motivação da audiência no dia

da apresentação. Há outros factores que podem afectar a

atenção da audiência e que devem ser considerados – a di-

mensão da sala, a temperatura, a luz, etc. Analisado o perfil

da audiência, deve-se agora classificar e seleccionar o material

reunido. Eliminar a informação desnecessária e o pormenor

excessivo. Ter sempre presente qual é o objectivo final da

comunicação.

8.1.1 A preparação prévia

. Estilo de comunicação

Embora o estilo deva ser adaptado ao tipo de público, há

algumas regras gerais a respeitar:

. Ser sincero e natural – Usar a própria linguagem. Não

tentar fazer-se passar por aquilo que não se é. Acima de

tudo deve-se sentrir confortável com as palavras que se usa;

. Demonstrar entusiasmo – Não esquecer que o brilho nos

olhos e o envolvimento pessoal demonstrado perante a

audiência são contagiantes;

. Mostrar-se agradável e amistoso – Procurar sorrir durante

a apresentação, quando tal for oportuno. Isso poderá fazer

com que se conquiste a simpatia do público facilmente;

. Utilizar o humor, mas com cuidado – Há pessoas natural-

mente bem dispostas e com sentido de humor, mas a

maior parte não é. O humor é uma arma poderosa para

conquistar a atenção da audiência. Mas algumas tiradas

humorísticas podem ser mal recebidas. Em alternativa

deve-se intercalar a apresentação com mudanças do tom

de voz, enfatizar as palavras com gestos ou adicionar

histórias ou testemunhos pessoais.

. Controlo do tempo

Deve-se conhecer antecipadamente a duração da apresen-

tação para que melhor seja possível o seu planeamento. Alternar

as mensagens verbais com as visuais, bem como o discurso

formal com o informal. Em média, as pessoas só conseguem

concentrar-se totalmente na sua mensagem durante dez minutos,

pelo que a variedade é uma necessidade para prender a atenção

da audiência. Mais uma vez, os softwares de apresentações têm

ferramentas de controlo do tempo que podem ajudar. Deve-se

simular previamente a exposição aferindo se é respeitado o

tempo previsto.

. Fluência do discurso

Ser conciso e claro. Construir as frases cuidadosamente

evitando os advérbios de modo. Ser pragmático na mensagem

que se quer passar é um sinal de respeito para com os ouvintes.

Ser prudente em relação aos termos técnicos. Procurar ser

comedido na sua utilização. Resistir à tentação de demonstrar

repetidamente que se é um especialista no assunto.

. Utilização de meios audiovisuais

Dar especial atenção à página de abertura do diapositivo.

A apresentação propriamente dita deverá começar com um

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27sumário do que se vai seguir. Os slides deverão estar esquema-

tizados por tópicos. Tentar ser o mais sintético possível. Não

transformar a apresentação num discurso. Ler em voz alta o

que está escrito é um dos erros típicos das palestras monótonas.

Assegurar que o tamanho de letra e que as cores do texto e dos

fundos não estão a prejudicar a leitura. Esse cuidado deve ser

redobrado se usar gráficos ou tabelas. As imagens servem para

auxiliar a compreensão da apresentação e não para as substituir.

Nunca o orador se deverá colocar entre a audiência e o ecrã.

. Os apontamentos

Se na apresentação não estiver prevista a utilização de meios

audiovisuais deve-se preparar notas ou outros auxiliares de

memória com os quais o orador se sinta confortável. Se as

palavras fluírem, óptimo, mas se isso não acontecer deve-se

procurar ter um apoio. Estruturar as notas e numerá-las. Por

exemplo, cartões do tamanho de postais são úteis porque cabem

nos bolsos. Não se deve confiar na memória para estatísticas

e citações. Escrevê-las por extenso para evitar embaraços. Mas

se for necessário recorrer às notas deve evitar-se segui-las palavra

por palavra. Isso tornará a apresentação monótona e desinte-

ressante.

. Ensaio geral

Deve-se prever o maior número de circunstâncias ex-

traordinárias que possam ocorrer durante a apresentação. Tentar

recriar condições como a escassez de tempo ou o eventual mau

funcionamento de um suporte audiovisual que escolher.

Antes de sair de casa deve-se fazer uma lista do que se tem

de levar. O vestuário é importante. Deve-se mostrar profissional,

elegante e cuidado, mas não extravagante. Sobretudo, deve-se

vestir de forma confortável.

. Preparativos

Quando chegar ao local da apresentação verificar o ambiente

da sala (temperatura, ventilação, disposição dos lugares, ilumi-

nação). Em seguida, experimentar os meios audiovisuais e

certificar-se de que todos vêem o ecrã. Colocar os meios de

apoio (computador portátil, retroprojector, máquina de slides,

ou vídeo) numa posição conveniente para o orador e para o

público. Separar o material que se vai entregar no final da

apresentação e pôr um copo de água em cima da mesa. As

últimas atenções deverão ser para a apresentação pessoal.

. Dominar os nervos

Se não se estiver ligeiramente apreensivo antes de fazer

uma apresentação isso poderá ser um sinal de excesso de

confiança. Se controlado, o nervosismo pode melhorar a qual-

idade do discurso. Eis alguns conselhos para conseguir ultra-

passar os sinais da ansiedade:

. Manter as mãos numa posição confortável;

. Se a voz atraiçoar, fazer uma pausa, aclarar a garganta e

beber água;

. Não dar aos nervos a matéria-prima de que precisam para

se manifestar como, por exemplo, moedas soltas, chaves

ou canetas para tamborilar;

8.1.2 No dia da apresentação

. Preparar a abertura da apresentação. As primeiras frases

são cruciais. Só se tem uma oportunidade para causar uma

boa impressão. Não esquecer que a maioria das pessoas

faz uma avaliação intuitiva da qualidade do orador nos

primeiros 10 minutos da palestra.

. Forma de discursar

O sucesso de uma palestra depende da combinação eficaz

de estímulos verbais e não verbais. Eis algumas recomendações:

. Se possível preferir enfrentar o público de pé. Tal demons-

trará automaticamente que o orador possui uma grande

auto-confiança e profissionalismo;

. Manter-se direito, mas não rígido. Evitar gestos exagerados;

. Evitar os maneirismos que possam desviar a atenção do

público;

. Olhar para toda a audiência. Caso contrário, alguns dos

ouvintes acabarão por se sentir esquecidos, perdendo

assim o interesse na apresentação;

. Não distrair o público. Se for usada muitas vezes a expressão

«percebem?» haverá certamente alguém na audiência, a

contar o número de vezes em que se usou o termo.

. Postura e gestos

Os gestos devem pôr em destaque o que se está a dizer. Eis

alguns exemplos:

. Braços cruzados sugerem desinteresse e distância;

. Polegar e indicador a tocar-se indicam precisão.

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28 . O movimento “ de corte” com as mãos destaca algo de

imperativo;

. Tocar na cara, coçar a cabeça ou esfregar o queixo demons-

tram insegurança.

. Utilização da voz

Eis cinco aspectos importantes a respeitar:

. O objectivo é que a voz chegue ao fundo da sala sem que

seja preciso gritar. Uma postura correcta e uma respiração

eficaz podem ajudar. No início da apresentação certificar-

-se de que todos conseguem ouvir. Usar o volume para

dar ênfase e para assinalar uma quebra de ligação;

. Falar claramente. Não arrastar nem “comer” as palavras.

. Evitar olhar para o chão, para as notas ou para o peito, no

decorrer da palestra. A menos que haja uma boa razão,

não se deve fazer pausas entre uma palavra e a seguinte;

. Destacar algumas palavras-chave, sílabas e frases. Alongar

as vogais para dar mais autoridade e animação à mensagem

que se deseja transmitir;

. Não ter receio de se repetir. Pode ser uma técnica útil que

beneficia a exposição, especialmente no caso de se estar

a utilizar um tom e timbre diferentes do discurso normal;

. É natural que se fale mais depressa nas apresentações,

quer porque se começa a adoptar o ritmo de uma conversa

informal, quer por se querer chegar ao fim da exposição

o mais depressa possível. É preferível omitir partes da

apresentação do que falar à pressa.

Antes de terminar, deve-se resumir claramente as ideias

principais. Sorrir e convidar o público a fazer perguntas. Este

momento é extraordinariamente positivo porque permite avaliar

a opinião do público em relação à exposição, esclarecer por-

menores e desenvolver os eventuais aspectos menos claros.

Deve-se portanto acolhê-lo de bom grado em vez de o temer.

Ao responder deve-se ser sincero, directo e prestável. Ser

8.1.3 O momento das perguntas

honesto em todas as respostas. Se não se souber como respon-

der, deve-se admiti-lo. No final certificar-se de que nada ficou

esquecido na sala. Retirar as lições mais importantes do que

correu bem e, especialmente, do que correu menos bem. Fazer

apresentações eficazes é uma questão de prática e, sobretudo,

de aprendizagem.

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O currículo é como um cartão de visita que um candidato

apresenta a um potencial empregador. Apesar de incluir as

fases, qualidades, qualificações e feitos mais importantes da

vida de cada profissional, não deve ser uma autobiografia, mas

um resumo objectivo e simples.

O mais importante é que consiga chamar a atenção do

potencial empregador e despertar a sua vontade para conhecer

pessoalmente o candidato.

Porém, redigir um bom currículo não é fácil. Exige planea-

mento, método, capacidade de síntese e, acima de tudo, muita

objectividade. Enviar um currículo medíocre pensando que

depois poderá colmatar as falhas durante a entrevista é um

8.2 Como redigir um currículo

erro. O recrutador poderá nem sequer estar interessado em

conhecer o candidato.

Antes de se iniciar a redigir o currículo vale a pena sentar um

pouco e pensar no que se fez até ao momento e nos objectivos

que se tem relativamente à carreira e a um novo emprego. Pensar

no que se gostaria de estar a fazer hoje e onde, e como é que se

vê daqui a um e a cinco anos. A partir daqui, podem ser definidos

objectivos mais claros e atingíveis para não se começar a “disparar”

currículos em todas as direcções. Esta é uma estratégia pouco

eficaz e faz com que se seja contactado por potenciais emprega-

dores para os quais não se gostaria de trabalhar.

A primeira etapa após a decisão de redigir um currículo, é

a definição do formato que se pretende apresentar e que mais

8.2.1 Tipos de currículos

se adequa ao respectivo perfil profissional. Os formatos mais

comuns são:

cronológico É o estilo mais comum que se adequa a qualquer tipo de profissional, com ou sem

experiência, e que relata a evolução da carreira por datas. Neste caso, as informações

são registadas por ordem cronológica inversa, ou seja, do acontecimento mais recente

para o mais antigo.

Centra-se nas experiências e nas realizações pessoais e profissionais, independentemente

da data em que ocorreram. Destina-se sobretudo a profissionais experientes que, mais

do que relatarem o seu percurso, devem dar enfoque ao que já alcançaram ao longo da

sua carreira.

Reúne as características dos dois tipos de currículos anteriores, tentando optimizá-las:

combina o rigor do currículo cronológico com a flexibilidade e dinâmica do currículo

funcional.

funcional

misto

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DEFINIR A ESTRUTURA

Escolhido o tipo de currículo, chegou a hora de registar por

escrito as principais informações relativas à vida académica e

profissional, e organizá-las coerentemente. Não há um formato

de currículo rígido, mas há secções e informações que são

obrigatórias e em relação às quais nenhum recrutador passa

ao lado.

A estrutura do documento deve estar organizada por capí-

tulos:

Dados Pessoais

. O nome deverá estar completo. Se o candidato tiver muitos

apelidos, poderá utilizar apenas as iniciais de alguns deles;

. Incluir todos os contactos. É essencial que o empregador

tenha várias alternativas para entrar em contacto;

. Os restantes dados são facultativos, mas convém incluir:

a data de nascimento (nunca a idade porque quando envia

o currículo não sabe quando é que ele irá ser lido), o estado

civil, e, se a candidatura for a uma empresa estrangeira,

a nacionalidade.

Objectivo da candidatura

Se a candidatura for espontânea, pode-se eliminar esta

rubrica e explicar as razões do envio do currículo numa carta

de apresentação. Caso contrário, deve-se referir o cargo a que

se candidata e como se teve conhecimento de que a empresa

estava em processo de recrutamento.

Resumo Profissional

É uma síntese das qualificações profissionais e técnicas.

Colocar em primeiro lugar a que mais valoriza.

Habilitações Académicas

Deverão ser enumeradas por ordem cronológica inversa,

ou seja, da mais recente para a mais antiga. Pode-se indicar o

intervalo de anos de frequência de cada curso ou referir apenas

o ano em que foram concluídos. A instituição frequentada

também é um dado importante para o recrutador. Para os

recém--licenciados, é conveniente incluir as principais disciplinas

8.2.2 Passos essenciais

estudadas, as respectivas classificações (se forem altas), a média

do final de curso e os trabalhos académicos consideradas mais

importantes.

Experiência Profissional

. Neste exemplo trata-se de um currículo cronológico, por

isso, os cargos ocupados ao longo da vida profissional

estão descritos, sem entrar em grandes pormenores, por

ordem cronológica inversa;

. Se se tratasse de um currículo funcional seriam enumerados

os cargos e descritas as funções e principais resultados

atingidos, sem ser necessário respeitar uma ordem cro-

nológica. Podem ainda dar-se o nome de pessoas que o

recrutador poderá contactar para obter mais referências

sobre o candidato;

. Os estágios profissionais são uma rubrica opcional para

profissionais com experiência, mas imprescindível para

os candidatos ao primeiro emprego ou com pouca expe-

riência profissional. Para estes últimos, deverá haver uma

rubrica à parte.

Formação complementar

. Poderão ser incluídos os conhecimentos de línguas e de

informática, bem como cursos de pequena duração fre-

quentados, conferências e seminários;

. Relativamente a estes últimos, devem-se incluir apenas

os mais recentes que estejam relacionados com o cargo

ou com a empresa a que se está a candidatar.

Informações adicionais

. Nesta rubrica o entusiasmo deve ser controlado. Limitar-

-se ao essencial. É importante referir informações pessoais

que não tenham sido incluídas na secção “dados pessoais”,

mas apenas as mais relevantes, como as associações e

ordens profissionais de que se é membro, a carta de con-

dução, entre outras;

. Os hobbies são informações facultativas que diversos

especialistas aconselham a deixar para a entrevista.

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Os erros mais comuns nos currículos são a falta de objecti-

vidade e a grande extensão dos mesmos, aos quais ainda são

muitas vezes anexados documentos desnecessários, como

certificados de conclusão de curso, declarações de empresas,

entre outros, que não são valorizados por quem analisa o currículo.

Para não cair nestas e em inúmeras outras armadilhas, o

candidato deve atentar nas seguintes regras de redacção de um

currículo que o farão distinguir-se entre a “multidão” de candidatos.

. Limitar a dimensão

Um currículo deverá ter, no máximo, duas a três páginas

(excluindo uma folha de rosto), o que permite ao recrutador

identificar mais rapidamente o perfil do candidato e os aspectos

relevantes. As excepções são os candidatos mais experientes,

que poderão ir até às quatro páginas, e os recém-licenciados

com ou sem experiência, que deverão limitar-se a uma.

. Escolher o tipo certo de linguagem

É muito importante que o currículo seja claro na forma como

apresenta as informações. Mesmo que seja necessário utilizar

termos técnicos para determinados cargos, é importante que a

linguagem seja perceptível para a grande maioria dos leitores.

. Reduzir o número de informações

Ser breve e não exagerar no número de informações: a

altura e cor dos olhos não são relevantes e é melhor deixar os

8.2.3 Regras a cumprir

hobbies para a entrevista. As exigências salariais são um assunto

a ser abordado numa fase posterior.

. Adaptar os dados ao recrutador

Não sobrecarregar o currículo com factos que não sejam rele-

vantes para o cargo a que se está a candidatar. Construir o currículo

de acordo com a empresa e o tipo de cargo a que se vai candidatar.

. Acompanhar o currículo de uma carta de candidatura

Esta deve dirigir-se, se possível, a uma pessoa específica,

deve ser curta (uma página, no máximo) e fácil de ler. No primei-

ro parágrafo deve-se explicar a razão e o interesse da candida-

tura, nos dois parágrafos seguintes falar brevemente da formação,

qualificações e experiência, no quarto, fazer um pedido para ser

recebido em entrevista e no quinto, encerrar a carta agradecendo

o tempo que o leitor despendeu. Assiná-la à mão.

. Actualizar as informações

As informações do currículo devem ser actualizadas, uma

vez por ano, pelo menos, ou sempre que ocorrer uma alteração

digna de registo.

. Não mentir

Se o candidato optar pela mentira está a “dar um tiro no

próprio pé”. As mentiras têm pernas curtas e as informações

no currículo são facilmente verificáveis.

Estruturar correctamente um currículo é importante. Mas não é menos relevante garantir que ele seja fácil de

ler, que seja agradável à vista e que não tenha falhas, por mais pequenas que sejam.

DICAS DE FORMATAÇÃO

Conselhos práticos:

. Introduzir uma linha de separação entre cada parágrafo

para facilitar a leitura.

. Evitar parágrafos muito longos, com mais de seis a sete frases.

. Utilizar um tipo de letra simples, como Times, Arial e Helvética

em corpo entre 10 e 14.

Evite texto formatado a itálico, sublinhados, negritos,

sombreados e palavras e frases em maiúsculas. Podem

dificultar a leitura e a digitalização das informações.

. Evitar barras horizontais e verticais, caixas de texto, parêntesis

e aspas para que os currículos possam mais facilmente ser

integrados nas bases de dados de diferentes empresas.

. Certificar-se de que o currículo está legível, sem erros gramaticais

e sem distracções de escrita.

. Organizar a informação de forma coerente, destacando cada

uma das rubricas com a

letra a bold (negrito) ou com outro tipo de letra (desde que

não seja muito diferente)

ou ainda com maiúsculas.

. Escrever o currículo na terceira pessoa e evitar utilizar a

palavra “eu”.

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8.2.4 Exemplos de currículos

Exemplo 1

(Morada) (Telefone, fax e e-mail)

Nome

Objectivo

Experiencia

1990–1994 Nome da empresa LocalidadeCargo ocupado

Funções desempenhadas

Funções desempenhadas

Funções desempenhadas

1985–1990 Nome da empresa Localidade

Cargo ocupado

Funções desempenhadas

Funções desempenhadas

Funções desempenhadas

1980–1984 Nome da empresa Localidade

Cargo ocupado

Funções desempenhadas

Funções desempenhadas

Funções desempenhadas

1975–1980 Nome da empresa Localidade

Cargo ocupado

Funções desempenhadas

Funções desempenhadas

Funções desempenhadas

Habilitações 1971–1975 Escola frequentada Localidadeacadémicas Curso frequentado

Grau académico

Interesses Actividades complementares, passatempos,...

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33Exemplo 2

Dados pessoais

NomeNacionalidadeEstado civilData de nascimentoMoradaContacto telefónicoE-mail

Formação académica

Estabelecimento de ensino Data de realizaçãoCurso frequentado--

Experiência Profissional

Cargo ocupado e nome da empresa Período de tempoDescrição de funções--

Idiomas-----

Informática-----

Outras actividades

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O velho currículo em papel não está condenado, mas a

apresentação da candidatura via Internet está a começar a

dominar as abordagens tradicionais. O elemento-chave das

candidaturas via Internet é o formulário electrónico, que os

candidatos poderão preencher directamente do seu computador.

Se, entretanto, as entidades recrutadoras pretenderem

informações mais detalhadas, pedem o currículo em papel e,

eventualmente, convocam uma entrevista.

As vantagens das candidaturas electrónicas são várias,

nomeadamente:

. Maior simplicidade e rapidez

Este é um meio muito simples e eficaz para um candidato

encontrar as oportunidades de emprego adequadas a si. Con-

sequentemente, o recrutador também terá que ser muito mais

rápido na resposta. Se não for, no momento em que faz os

contactos já outras empresas poderão ter recrutado o candidato

em que a empresa estaria interessada.

8.2.5 Vantagens das “e-candidaturas”

. Processo de análise mais justo

As candidaturas online são um processo mais justo para

ambas as partes porque a escolha dos candidatos com o perfil

desejado não está sujeita ao cansaço da pessoa que analisa

diariamente muitos currículos em papel. É completamente

diferente analisar um currículo em papel no início do dia ou no

final, após ter lido dezenas ou até centenas de currículos. O

formulário electrónico não tem esta falta de isenção.

. Facilidade de arquivo

Grande parte das empresas recebe candidaturas e currículos

em papel que deverão digitalizar de forma a introduzir os dados

nos seus formulários electrónicos. Porém, os formatos dos

currículos são sempre diferentes, o que dificulta este trabalho.

E quando se adiciona ao processo as candidaturas espontâneas,

a perda de tempo é incrível. Daí a importância dos formulários

electrónicos.

Todos os gestores se queixam sistematicamente da falta de

tempo. Quer para cumprir as exigências da sua vida profissional

quer para conciliar a carreira e a vida pessoal ou familiar. Saber

gerir o tempo é apenas um problema de método, disciplina e

organização pessoal.

O tempo é um recurso escasso e precioso. A vida profissional

8.3 Gestão do tempo

é cada vez mais exigente. Quem aposta em singrar na carreira

sente grandes dificuldades em dedicar tempo livre para o seu

bem-estar físico e espiritual. E isso é cada vez mais importante

nas sociedades modernas. Logo, no emprego ou em casa, saber

gerir o tempo é imprescindível para se ser bem sucedido e ter

uma vida mais organizada e com menos stress.

Não acumular assuntos pendentes nem papéis em cima da secretária. Organizar o

trabalho é essencial. E fazer tudo de uma vez só. Adicionalmente, fazer todos os dias

uma escala de tarefas, ordenando-as segundo a sua importância e seguir a lista “à risca”.

Não adiar as decisões, caso contrário, os pequenos problemas poderão agravar-se.

Só assim poderá desenvolver o hábito de não adiar o que se tem para fazer. A

desorganização é um sério impedimento à eficaz tomada de decisões. E o excesso de

papel é um dos culpados. Examinar diariamente os documentos que se vão acumulando

em cima da secretária e fazer imediatamente uma selecção, rejeitando os que não

interessam. Ter três bandejas no seu escritório: uma para a entrada de documentos,

outra para os assuntos pendentes e outra ainda para o material que deverá sair diariamente.

TRUQUES PARA AUMENTAR A EFICÁCIA DO DESEMPENHO NO LOCAL DE TRABALHO

não deixar para

amanhã o que

se pode fazer hoje

organizar o

espaço físico

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anos

35Diariamente, pode-se receber dezenas ou centenas de telefonemas, cartas e e-mails que

interrompem o trabalho subitamente. Dedicar uma hora do dia, preferencialmente assim

que se chega ao escritório, para pôr a correspondência em dia e fazer os telefonemas

necessários. O telefone é de longe o meio mais intrusivo. Especialmente se for móvel.

Dar apenas o número de telefone directo ou telemóvel aos colaboradores ou contactos

mais importantes. Já o correio electrónico permite gerir melhor o problema das

interrupções permanentes. A melhor maneira de não se tornar um incómodo é verificar

imediatamente todos os e-mails que entram e fazer imediatamente uma selecção. Se

é lixo, eliminar. Se pode ser importante, abri-lo e lê-lo rapidamente. Se for um e-mail

que exige resposta imediata, não deixar para mais tarde. Todos os e-mails de lazer devem

ser gravados numa pasta própria, para ler ao final do dia ou quando fizer um pequeno

intervalo. Mas a gestão da pior das interrupções depende apenas de si. Evitar as conversas

de corredor ou as paragens frequentes para café durante as horas de expediente. Deixar

o final do dia para esse tipo de escape.

Efectuar determinadas tarefas regulares de forma rotineira diminui o tempo de

concretização. O objectivo é perder o mínimo de tempo possível nas tarefas menos

importantes e reservar mais tempo para aquelas a que se tem que dedicar mais atenção.

Por isso, deve-se fazer diariamente uma listagem das tarefas que se desempenhou e o

tempo que lhes foi dedicado. Ao fim de algumas semanas, seleccionar as que foram

realizadas mais vezes, comparar os tempos e assim podem ser identificadas algumas

ineficiências em áreas em que se terá que melhorar o desempenho.

Diariamente, dedicar algum tempo a planear as actividades logo pela manhã e acompanhar

o desenrolar dos acontecimentos ao longo do dia. Semanalmente, examinar a agenda,

os arquivos de trabalho e a lista de assuntos pendentes, estabelecer prioridades, planear

o trabalho da semana e reservar algum tempo para assuntos inesperados. Fazer ainda

um plano mensal para o mês seguinte, que poderá ser completado diariamente. Não

esquecer de descriminar as tarefas urgentes (que exigem acção) das importantes (que

exigem reflexão).

A falta de material a meio de um dia de trabalho pode provocar atrasos irrecuperáveis.

Verificar logo de manhã se estão à mão canetas, papel e outros materiais que podem

ser necessários ao longo do dia. Não se esquecer igualmente de verificar se a fotocopiadora

e a máquina de fax estão abastecidos de papel. Se este se esgotar, deve ser reposto de

imediato.

A boa vontade não chega. Hoje podemos estar cheios de vontade de nos organizarmos

mas o stress diário poderá, progressivamente, afastar estes intentos. Não se deve facilitar.

Ser persistente e manter as rotinas e os hábitos de organização. Centralizar o registo

de todas as tarefas, por mais pequenas que sejam, numa agenda ou num caderno,

elimina os pequenos pedaços de papel e os post-it espalhados e colados pela secretária.

Não desistir. É muito fácil regressar aos maus hábitos antigos.

criar rotinas

fazer um

planeamento

de tarefas

rever a lista de

material de apoio

ser persistente na

organização

disciplinar as

interrupções

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As reuniões custam tempo e dinheiro, dois recursos escassos

e valiosos. Por tal, só devem ser convocadas reuniões quando

for estritamente necessário, e, quando for feito, deve ser certi-

ficado de que elas são eficazes. Ou seja, se cumprem o tempo

e os objectivos determinados.

Como todos sabemos muitas reuniões nas empresas são

pura e simplesmente desnecessárias.

As razões são variadas. Ou porque se tornam uma simples

rotina, ou porque demoram o dobro do tempo do necessário,

ou porque são meros fóruns de discussão alargada que não

8.4 Como preparar e gerir uma reunião

dão origem ao resultado esperado, ou porque foram mal pre-

paradas ou mal dirigidas, etc. Logo, a primeira decisão a tomar

sobre reuniões é a de se vale mesmo a pena fazer uma. O maior

custo associado às reuniões é a do tempo dos participantes.

Quer o custo real medido pelo salário/hora dos envolvidos a

que haverá a somar eventuais despesas de transporte e estadia,

quer o custo de oportunidade de não estarem a utilizar o tempo

da reunião em outras tarefas eventualmente mais produtivas.

Para uma reunião ser eficaz devem ser cumpridos determi-

nados requisitos antes, durante e depois da mesma.

Antes da reunião

definir comclareza osobjectivos

Considera-se que uma hora de reunião exige três horas de preparação. O mais importante

será decidir o que se pretende da reunião? Partilhar informações e conselhos? Dar instruções

à equipa? Apresentar e analisar propostas? Discutir problemas de funcionamento interno?

Desenvolver ideias criativas? O tipo de objectivo que pretende de uma reunião condicionará

todos os pontos seguintes: o número de participantes, o local, a duração, etc.

definir o tipo e oformato de reunião

Consoante o objectivo definido no ponto anterior pode-se optar entre vários formatos

de reunião: formais ou informais, alargadas ou restritas, dentro ou fora da empresa,

com ou sem moderador, etc.

definir o númerode participantes,o

horário e a duraçãoprevista

Em regra, as reuniões devem ser marcadas no início do horário de expediente e,

preferencialmente, de manhã. Evitar reuniões a seguir ao almoço onde a atenção dos

participantes será decerto prejudicada e haverá mais dificuldade em que terminem no

horário fixado.

definir a agenda detrabalhos

Ser o mais sintético possível. A agenda não deverá exceder uma página dactilografada

e deve ser entregue uma cópia antes da reunião.

elementos desuporte

Ver que tipo de apoio é necessário pedir ao secretariado. Além dos inevitáveis blocos

de papel e canetas, das águas, cafés e biscoitos, ver se é necessário o recurso a

equipamentos de projecção. Testá-los sempre antes da reunião.

outrosprocedimentosaconselhados

Não esquecer de confirmar a presença de todos os participantes. Estar preparado para

agendar uma data alternativa em caso de uma desistência inesperada ou emergência.

Para algum tipo de reuniões, vale a pena pedir previamente a todos os participantes

algumas sugestões de enriquecimento dos assuntos em debate. Assegurar que as

sugestões são incorporadas na agenda final.

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introdução O líder da reunião deverá apresentar resumidamente os participantes, a duração prevista

da reunião, a agenda de trabalho e os objectivos a atingir.

definirprioridades

As estatísticas mostram que a concentração dos participantes está no seu auge nos

primeiros e nos últimos 10 a 15 minutos da reunião. Assegurar que é nesse período

que se discute e se tomam decisões sobre os pontos mais importantes.

uso eficientedo tempo

Se a reunião tiver uma duração prevista superior a 90 minutos é importante prever a

existência de intervalos que, em regra, não devem ultrapassar os 10 minutos. Usar a

arma do «intervalo» para pôr fim a discussões ou conflitos estéreis. Estimular a discussão

viva e participada mas manter a ordem e elevação do debate. Não deixar que alguns

dos participantes monopolizem o debate.

controleda eficácia

É vital ir relembrando aos participantes o objectivo final da reunião e não deixar que a

discussão alastre para conversas paralelas ou para disputas individuais. Se o ritmo da

reunião estiver a decair, entrar em acção mudando de posição ou de tom, pedindo a

palavra aos participantes mais passivos ou omitindo assuntos menos prioritários da

agenda. Estar atento aos sinais faciais e gestuais dos envolvidos.

encerramentoConcluir sempre as reuniões com a discussão de «outros assuntos» que algum dos

participantes queira adicionar. Resumir a discussão e recapitular as decisões. Agendar

provisoriamente uma nova reunião caso ainda subsistam assuntos pendentes a discutir.

Assegurar que será distribuído a todos uma acta da reunião.

Durante a reunião

fazer circular os resultadosda reunião rapidamente

(no máximo 24 horas depoisda reuniões)

aprovar e distribuir aacta da reunião

receber relatórios e acom-panhar desenvolvimento das

decisões tomadas

estabelecer agenda dapróxima reunião

Após a reunião decisões, etapas adesenvolver, próxima

reunião com dia ehora marcadas

a incluir

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Durante muitos anos, pensou-se que quando se falava de

gestão, automaticamente estava-se a falar de liderança. Durante

muitos anos, sempre que se falava em chefia, em hierarquia,

pensava-se que estávamos a falar de liderança!

A realidade e os resultados dessa realidade, vieram demon-

strar-nos que isso foi um erro grave, que esse pensamento nos

conduziu a um dos mais sérios problemas que temos hoje na

gestão das empresas, ou seja, as deficiências nos domínios da

gestão e da liderança das pessoas.

Este simples facto, tem vindo a comprometer não só a vida

e sobrevivência das empresas, mas indicadores que de vez em

quando são badalados e que tem a ver com a produtividade,

com a competitividade, com a qualidade dos produtos e serviços,

com a qualidade da inovação e da gestão global.

Há hoje no domínio dessa gestão, três grandes agrupamen-

tos de competências que devem estar presentes e que podemos

dividir em capacidades intelectuais, competências técnicas

específicas e competências emocionais. São estas últimas

competências que determinam as lideranças e que de acordo

com todos os estudos feitos nesse sentido, contribuem duas

vezes mais que o somatório das outras duas para o sucesso da

liderança. Isto já é muito mais que teoria, é a constatação

observada quer na realidade das empresas europeias, quer dos

EUA.

O que se demonstrou, é que as competências emocionais

tinham reflexos directos e profundos em questões tão impor-

tantes como eram a tomada de decisão, a liderança propriamente

dita, a capacidade de iniciativa, a comunicação, a criatividade

e inovação, os relacionamentos na base da confiança, o com-

promisso, a lealdade, a responsabilidade, a gestão da mudança

e as inovações estratégicas.

Há por isso um conjunto de competências, que devem estar

presentes em todas as pessoas que tem a responsabilidade de

liderar pessoas e grupos, em qualquer nível a que se situem.

Temos que precisar bem, que quando falamos de competências,

isto quer significar que elas só existem se forem exercidas,

quando são efectivamente exercidas. Não são por isso os cargos

que exercem as competências, são as pessoas que estão nesses

cargos.

Regressando à nossa questão inicial, a confusão que se

gerou com os estatutos de gestores e chefes, na expectativa de

que eles exerceriam de facto a liderança, na expectativa de que

cumpririam o seu papel, acabou por nos conduzir ao maior

desperdício da humanidade. Esse desperdício é a falta de

aproveitamento do potencial humano das empresas, potencial

9. O mais grave erro da gestãoArtigo de Opinião | Jorge Marques, Presidente da APG

que possui inteligência, saber, experiência, conhecimento. É

essa lacuna grave que impede o aparecimento de indicadores

mais favoráveis nos domínios que se referiram, é essa incapaci-

dade de organizar e liderar as pessoas, que nos coloca no fim

da linha, quando nos comparamos com outros países e com

outros mercados concorrenciais.

É neste momento muito importante reconhecer que com-

petências de gestão e competências de liderança são domínios

completamente diferentes. Tal diversidade, se quisermos pegar

no autor Jonh Kotter, vai desde os conceitos, aos objectivos, às

praticas e aos comportamentos. Vamos tentar clarificar a ideia!

No domínio dos conceitos, a gestão tem a ver com a complexi-

dade das organizações, a liderança tem a ver com a mudança.

Quanto aos objectivos, a gestão é eminentemente táctica,

procura obter resultados através dos recursos, a liderança

posiciona-se ao nível estratégico e lida com o imprevisível. No

plano das práticas e comportamentos a gestão planeia, orça-

menta, organiza uma estrutura de funcionamento, controla

resultados, já a liderança define uma visão e um rumo e mobiliza

as pessoas para os projectos.

Em minha opinião, a grande marca desta diferença, que tem

que ser dita sem reserva, tem sobretudo a ver com o facto de

a gestão ter uma atitude de sobrevivência, de manutenção, foca-

-se em estruturas, enquanto a liderança se liga ao desenvolvi-

mento e se foca nas pessoas. As competências de um lado e

do outro lado são diferentes, tal como a noite é do dia, mas

acrescentaria logo, que ser diferente não significa ser contrário.

Este pensamento bipolar, é apenas uma deficiência da nossa

educação judaico-cristã. O pensamento de substituição, deve

considerar que as diferenças se complementam e não se anulam,

que se isso é verdadeiro como princípio filosófico de vida, ainda

é mais verdadeiro na ciência da complexidade em que se trans-

formou a gestão e liderança empresarial.

A primeira medida neste sentido, tem a ver com o derrubar

dos conceitos de estatuto pelo estatuto, substituindo-o pelo de

papel e de competência. Em seguida há que considerar, sem

qualquer complexo, que gestor e líder são papéis diferentes e que

pode acontecer que um ou outro não dominem ambas as com-

petências. Conservar e desenvolver são os verdadeiros desafios.

Infelizmente, como está à vista, a nossa prática mais comum em

Portugal, tem sido a prevalência da gestão sobre a liderança, eu

diria até mais, a gestão tem anulado a liderança, mas isso só

resulta porque a maioria dos nossos gestores não são líderes e

não querem assumir esta sua incapacidade. Apesar disso, este

será um tema que vai entrar em agenda nos próximos tempos.

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