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Precários recusados por falta de verba noOE As universidades ainda não abriram qualquer concurso para integrar docentes e investigadores precários E3O

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Page 1: recusados por falta de verba noOE - ULisboa · Academia As universidades ainda não abriram qualquer concurso para integrar docentes e investigadores precários. E dizem que fazê-lo

Precáriosrecusadospor faltade verbanoOE

As universidadesainda não abriramqualquer concursopara integrar docentese investigadoresprecários E3O

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AcademiaAs universidades ainda não abriram qualquer concurso para integrar docentes e

investigadores precários. E dizem que fazê-lo exige dotação orçamental que não está

prevista no Orçamento do Estado para 2019

Universidadesrecusam precá rios

por falta de verbanoOESÔNIA M. LOURENÇO

/¦ero. É esse o númerode concursos já aber-tos pelas universida-des para regularizara situação laborai deprofessores convida-dos e investigadoresprecários. Explicação?"A dotação atribuída

pelo Orçamento do Estado para 2019(OE-2019) não prevê qualquer verba

para a integração dos precários", dizAntónio Fontainhas Fernandes, pre-sidente do Conselho de Reitores dasUniversidades Portuguesas (CRUP)em resposta às questões do Expresso.Ou seja, não há dinheiro para as uni-versidades abrirem os concursos.

Para professores convidados e in-

vestigadores o processo tem vindo demal a pior. Os atrasos nos trabalhosdas Comissões de Avaliação Bipartida(CAB) — que reúnem representantesdo Governo, dos serviços da Adminis-tração Pública e dos sindicatos, e têmpor missão avaliar os requerimentosdos trabalhadores precários — têm-seacumulado na Ciência, Tecnologia e

Ensino Superior. Até porque, como o

Expresso já noticiou, as universidadestêm assumido uma posição sistemá-tica, nas duas CAB para esta área, derecusa da sua integração nos quadros.E, no final de todo o processo, mesmoos poucos trabalhadores com parecerpositivo ficam na mesma, já que as

instituições não abrem os concursosnecessários à sua vinculação.

No site online do PREVPAP são di-

vulgados todos os concursos abertos

no âmbito do programa e na área daCiência Tecnologia e Ensino Superiorsão 94. Mas apenas um (uma vaga) diz

respeito a investigadores e outros dois

(três vagas) dizem respeito a docentes.Todos para Institutos Politécnicos.Quanto a universidades, zero. Mesmonas carreiras gerais, as universida-des abriram muito poucos concursos.Estão em aberto apenas seis vagaspara técnicos superiores e quatro paraassistentes operacionais. "Pode con-cluir-se que o PREVPAP ainda nãoproduziu qualquer efeito nesta área",frisa Tiago Dias, da Fenprof.

O Expresso questionou AntónioFontainhas Fernandes, presidente doConselho de reitores das Universida-des Portuguesas (CRUP), e a respostafoi taxativa: "Para abrir concursos é

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Os investigadores em situação precária vão voltar manifestar-se a 7 de novembro, junto ao Parlamento fototiagomiranda

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preciso cabimentação orçamental".Ora, "a dotação atribuída pelo OE--2019 [às universidades] não prevêqualquer verba para a integração dos

precários", mas "apenas as valoriza-ções salariais resultantes do descon-

gelamento das carreiras". Ou seja,"nem sequer contempla a reduçãodas propinas". Fontainhas Fernandesquestiona "onde está o dinheiro?" e

aponta o exemplo da Universidade deTrás-os-Montes e Alto Douro, da qualé reitor, onde "o financiamento do OEvai cobrir apenas 80% da despesa compessoal e 58% da despesa total".

O Expresso confrontou o Ministériodo Trabalho, Solidariedade e Segu-rança Social (MTSSS), o Ministériodas Finanças (MF) e o Ministério daCiência, Tecnologia e Ensino Superior.Manuel Heitor, ministro da Ciência,Tecnologia e Ensino Superior, res-pondeu que "eventuais reforços as-sociados à regularização de vínculosprecários estão a ser identificadose serão concretizados caso a caso,uma vez que esse processo de regu-larização é independente das fontesde financiamento, que podem ser vá-rias e distintas (designadamente, das

próprias instituições, verbas afetas aatividade de I&D, ou fundos públicos,a identificar caso a caso)". Já o MF e o

MTSSS não responderam.

Atrasos e chumbos

Os problemas na regularização dosvínculos precários na Ciência, Tecno-

logia e Ensino Superior também se

sentem a montante, isto é, nas duasCAB para esta área. Dos 5866 reque-rimentos apresentados, apenas 3562foram já analisados (61%), segundoos últimos dados do Observatório do

Emprego Científico, datados de 16de agosto. Desde então, as reuniõesforam interrompidas e só retomadasa 19 de outubro, por isso os númerosnão distam muito dessa altura.

Mais ainda, apenas 1283 requeri-mentos receberam parecer favorável,ou seja, 36% do total de casos analisa-dos. Uma percentagem que fica muitoaquém de outras áreas governativas.E o problema está, precisamente, nos

professores convidados e nos investi-gadores. No caso dos docentes, foramapresentados 1558 requerimentos e

já foram analisados 1337 (86%). Con-tudo, apenas 88 (7% dos já analisados)

foram aprovados para regularização.Quanto aos investigadores, 1630 so-licitaram a regularização do vínculolaborai no âmbito do PREVPAP. Mas,apenas 402 casos já foram analisados

(25%). A esmagadora maioria — 1228

pessoas, ou seja, 75% do total — conti-nuam à espera de um parecer. Quantoa aprovados para regularização são,até à data, 73 (18% dos requerimen-tos já analisados para esta categoriaprofissional).

Há instituições que ainda nem co-

meçaram a ser tratadas nas CAB,como a Universidade do Porto, a Fa-culdade de Medicina, a Faculdade deMedicina Veterinária, o Instituto deCiências Sociais, o Instituto de Geo-grafia e Ordenamento do Territórioe o Instituto Superior de Agronomiada Universidade de Lisboa. Noutrasfalta analisar parte dos requerimen-tos, como, por exemplo, o ISCTE, aUniversidade de Coimbra, a Universi-dade de Lisboa — com destaque parao Instituto Superior Técnico onde hámuitos casos por tratar — e a Univer-sidade Nova de Lisboa.

Acresce que "muitos dos casos jádeliberados pelas CAB para a não re-gularização de vínculo precisam devoltar a ser analisados em reunião",alerta Tiago Dias. Tudo porque ostrabalhadores em causa contestaramo parecer negativo de integração emfase de audiência prévia. O que vaiatrasar ainda mais o processo.

A derrapagem vem de há meses.O trabalho das CAB devia ter ficadoconcluído no final de 2017, mas pros-segue em várias áreas. Na Educação,por exemplo, segundo dados a queo Expresso teve acesso, datados doinício de outubro, de um total de 5911requerimentos admitidos à avalia-ção (outros 986 não foram admitidos)apenas 2875 foram analisados (quasetodos com parecer positivo). Os res-tantes 3036, ou seja, mais de metadedo total, ainda aguardavam veredicto.

Primeiro-ministro questiona

Recorde-se que os pareceres favorá-veis das CAB ainda têm de ser homo-logados pelo ministro da área a que

respeitam, pelo MF e pelo MTSSS. Só

depois podem ser abertos os concur-sos para a vinculação dos precários.O Governo tinha como meta concluiro processo em 2018, mas tal como

Expresso noticiou em agosto — e oExecutivo admitiu na proposta do OE--2019 —

, o processo vai derrapar parao próximo ano.

No Parlamento, há menos de duas

semanas, o ministro das Finanças,Mário Centeno, revelou que 13954 tra-balhadores já receberam parecer favo-rável das CAB. Um número que ficamuito longe dos 31957 requerimentosapresentados no PREVPAP, levando o

primeiro-ministro, António Costa, aordenar a Centeno e a Vieira da Silva,ministro do Trabalho, Solidariedade e

Segurança Social, que apurassem "asrazões que justificam essa diferença".

O Expresso questionou os ministé-rios em causa sobre a resposta dadaao primeiro-ministro, mas não rece-beu resposta. Em entrevista ao jornal"Público", Vieira da Silva avançou que"cerca que metade dos casos" comparecer negativo foram pessoas quejá tinham um vínculo laborai perma-nente com o Estado. Mas os sindicatosduvidam. "No caso da Saúde, de facto,perto de metade dos 8500 requeri-mentos foi de trabalhadores que játinham contrato por tempo indetermi-nado. Mas nas outras áreas governati-vas houve apenas casos isolados", frisaJosé Abraão, dirigente da FESAP. Otema continua por esclarecer.

[email protected]

NÚMEROS

3Í95Tprecários do Estado requererama regularização do seu vínculolaborai. Até agora, tiveramparecer positivo 13.954

88docentes do ensino superiortiveram parecer favorávelde integração segundo os últimosdados disponíveis. Pediram

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a regularização 1558

73investigadores receberam

parecer favorável de integração,segundo os últimos dadosdisponíveis. Pedirama regularização 1630