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Rede São Paulo de Cursos de Especialização para o quadro do Magistério da SEESP Ensino Fundamental II e Ensino Médio São Paulo 2011

Rede São Paulo de - acervodigital.unesp.br · Como história de vida, Chizzotti define um “relato retrospectivo da experiência pessoal de um indivíduo”, podendo ser oral ou

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  • Rede So Paulo de

    Cursos de Especializao para o quadro do Magistrio da SEESP

    Ensino Fundamental II e Ensino Mdio

    So Paulo

    2011

  • UNESP Universidade Estadual PaulistaPr-Reitoria de Ps-GraduaoRua Quirino de Andrade, 215CEP 01049-010 So Paulo SPTel.: (11) 5627-0561www.unesp.br

    Governo do Estado de So Paulo Secretaria de Estado da EducaoCoordenadoria de Estudos e Normas PedaggicasGabinete da CoordenadoraPraa da Repblica, 53CEP 01045-903 Centro So Paulo SP

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    Metodologias para a prtica de uma pesquisa ativa

  • sumrio tema ficha

    Vdeo da Disciplina

  • sumrio tema ficha

    SumrioVdeo da Disciplina .................................................................. 2

    Metodologias para a prtica de uma pesquisa ativa .......................4

    5.1. Etnografia ............................................................................................4

    5.2. Um tipo de pesquisa ativa: a Pesquisa -Ao ......................................5

    5.3. Histria de Vida ..................................................................................7

    5.4. Estudo de Caso ....................................................................................9

    Em concluso ........................................................................................... 12

    Para saber mais: ..................................................................... 14

    Referncias Bibliogrficas: ...................................................... 14

    Ementa: ................................................................................. 17

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    Metodologias para a prtica de uma pesquisa ativa

    As metodologias expostas a seguir apresentam carter qualitativo, sendo a histria de vida e a etnografia, reivindicadas tambm como pesquisas baseadas em arte por sua qualidade subjetiva. A pesquisa-ao e o estudo de caso, so apresentados por serem bastante usados em pesquisas relacionadas a educao. No entanto, outras metodologias mais existem, e devem ser pesquisadas a fim de propiciar o melhor encaminhamento para os objetivos de nossos te-mas de pesquisa. Haver uma bibliografia complementar sobre metodologia de pesquisa que poder e dever ser consultada para a fundamentao metodolgica - para a escolha do cami-nho mais adequado - para nossas pesquisas, nossos interesses.

    Para essa breve distino entre essas metodologias usaremos como referncia o livro de An-tonio Chizzotti Pesquisa qualitativa em cincias humanas e sociais. Vocs podero encon-trar, ao levantar sua prpria bibliografia sobre metodologia, outras descries, concordncias e discordncias em relao a essas descries que realizaremos abaixo. Isso comum, pois, a metodologia tambm se mantm sob procedimentos de estudo tambm um tema de pes-quisa, por isso encontraremos nesse campo, por mais objetivo que possa parecer, divergncias, variaes conceituais, obsolescncias e novidades, prprios ao movimento do processo de pro-duo de conhecimento inerente a qualquer pesquisa sobre qualquer assunto.

    5.1. Etnografia

    Chizzotti apresenta como pressuposto fundamental da pesquisa do tipo etnogrfica a in-terao direta com pessoas na sua vida cotidiana. A etnografia propicia a compreenso sobre as concepes, prticas, motivaes, comportamentos e procedimentos do grupo de pessoas escolhido para a pesquisa, bem como sobre os significados que tal populao atribui a essas prticas.

    A pesquisa etnogrfica caracteriza-se pela descrio ou reconstruo de contextos culturais originais de pequenos grupos, para viabilizar o registro detalhado de fenmenos singulares, de prticas culturais, como as crenas, as festas, as danas, as msicas, os artefatos, revelando comportamentos, interpretando significados e as ocorrncias nas interaes sociais entre os

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    membros do grupo em estudo, como um grupo de alunos em uma sala de aula, uma escola ou a comunidade no entorno de uma escola, por exemplo.

    Para a realizao desse tipo de pesquisa etnogrfica, o pesquisador deve permanecer em campo, deve, portanto freqentar, conviver com o grupo escolhido. Isso deve ocorrer em um longo perodo de tempo. O pesquisador deve participar do cotidiano de uma comunidade ou grupos homogneos, geograficamente determinados, partilhando de sua prtica, hbitos, rituais e concepes, sem pr-julgamentos ou preconceitos pessoais para poder observar e compreender a cultura do grupo escolhido para estudo.

    Esse tipo de pesquisa, por ser pautado por uma descrio detalhada e pelo intuito de com-preenso de uma cultura alheia, privilegia microestudos, estabelecendo uma seleo precisa do grupo e das atividades a serem observadas. O pesquisador deve ser guiado por observaes atentas e perspicazes, selecionando os dados mais significativos para a compreenso dos pa-dres de conduta e os processos sociais escolhidos como objetos de interpretao.

    H uma variedade de estratgias e diversidade tcnica para a coleta desses dados. Como esse tipo de pesquisa feito pela observao e interao com o grupo escolhido, por um proce-dimento de observao participante, mtodos interacionistas de coleta de dados tais como en-trevistas estruturadas ou semi-estruturadas, histria de vida ou autobiografias so usados, bem como o registro escrito ou visual, sobre os grupos e suas prticas culturais escolhidos como o tema a para pesquisa etnogrfica.

    O texto desse tipo de pesquisa requer uma descrio detalhada e extensiva de comporta-mentos situados, inferida de observaes para a apresentao de um entendimento integral do que foi observado, o grupo, sua ou suas prticas culturais, o contexto, descrevendo os compor-tamentos em seu ambiente [...] extraindo as estruturas reveladoras de significado do fenmeno

    estudado (CHIZZOTTI, 2006, p. 65-76).

    5.2. Um tipo de pesquisa ativa: a Pesquisa -Ao

    A pesquisa-ao visa um conhecimento situacional de um problema no seu contexto [... ] e busca os meios disponveis para realiz-lo. Esse tipo de pesquisa se caracteriza como prtico--deliberativo, pois tem por objetivo a compreenso de uma situao prtica e a proposio de

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    uma soluo alternativa para o problema posto sob pesquisa.

    Outra peculiaridade da pesquisa-ao seu carter colaborativo, por isso apreciada por pesquisadores da rea de educao, por exemplo. A pesquisa-ao assume como um de seus objetivos a busca por uma mudana social positiva, gerada ao longo de seu processo pela colaborao entre o pesquisador e os atores sociais nela envolvidos. Toda a estruturao da pesquisa gerada pela relao colaborativa entre pesquisador e atores sociais. A construo das questes da pesquisa, a definio de objetivos, o aprendizado das habilidades de pesqui-sa, a definio do conhecimento e dos esforos, a conduo da pesquisa, a interpretao dos resultados e a aplicao do que foi aprendido, todos esses elementos da pesquisa-ao, so conduzidos com a colaborao dos atores sociais. A pesquisa-ao proporciona uma gerao colaborativa de conhecimento e ao, podendo superar uma noo tradicional de pesquisa norteada pela crena da necessidade de distanciamento e separao entre sujeito e objeto, teoria e prtica. A pesquisa-ao um caminho de pesquisa que busca o vnculo com a prtica ou as questes sociais, usada como meio de ultrapassar as muralhas que separam a pesquisa acadmica dos problemas reais da sociedade. Por essa caracterstica alguns autores a denominam investigao co-generativa, na qual os

    participantes e pesquisadores co-geram o conhecimento por um processo de comunicao colaborativa no qual todas as contribuies dos participantes so levadas a srio. O significado construdo no processo de investigao leva ao social, ou aquelas reflexes sobre a ao conduzem construo de novos significados [...] a pesquisa-ao trata a diversidade de experincias e capacidades dentro do grupo local como uma oportunidade para o enriquecimento do processo de pesquisa-ao [...] est centrada no contexto e objetiva resolver problemas da vida real no seu contexto (GREENWOOD; LEVIN Apud CHIZZOTTI, 2006, p. 86).

    A realizao da pesquisa-ao exige, em sua fase inicial, a verificao das condies de exeqibilidade, as negociaes prvias com os participantes algo a ser feito em qualquer circunstncia de pesquisa at um plano provisrio de pesquisa. Sua realizao est condi-cionada definio clara do problema a ser resolvido, do modo de gerenciar a participao dos envolvidos na pesquisa, dos instrumentos de coleta de dados, da proposta de soluo ao problema estudado e da execuo e avaliao da soluo proposta. Finalizando todo o proces-

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    so de uma pesquisa-ao, preciso um acompanhamento durvel dessas solues propostas, pois a pesquisa-ao no deve se esgotar nas concluses formais de um texto.

    Transpondo essa descrio em etapas, obtemos primeiro, a fase de definio do problema, na qual definimos a instituio a ser estudada ou um problema especfico a ser resolvido. A busca por informaes preliminares pode auxiliar na circunscrio clara do problema que requer soluo. Segundo, a formulao do problema, quando ao t-lo definido, realizamos a coleta e anlise das informaes documentais ou orais, necessrias para se definir quais as melhores aes possveis para a soluo desse problema e eleger a mais adequada para ser ex-perimentada. A terceira etapa a de implementao da ao a qual pressupe um plano de realizao, com a especificao dos objetivos, das pessoas, lugares, tempos e meios. Esse pla-no deve ser usado para apoiar as negociaes prvias com todos os envolvidos para esclarecer as intenes da pesquisa e subsidiar a posterior avaliao dos resultados obtidos. Na etapa se-guinte, a realizao da ao, da soluo ao problema definido. Essa realizao acompanhada em todos os seus aspectos, desde sua apresentao at os resultados obtidos, para que todos os participantes possam avaliar a adequao e as insuficincias da ao, da soluo, da alter-nativa proposta e realizada, para que posteriormente tais insuficincias possam ser discutidas, analisadas e, finalmente, corrigidas. A quinta etapa da pesquisa-ao a avaliao dos resul-tados da ao implementada. Essa etapa deve gerar a redefinio do problema e a reviso do plano, se necessrio, produzindo a proposio de um novo plano para uma ao ulterior, pla-no esse tornado tambm objeto de nova anlise e avaliao dos resultados dele obtidos. Por ltimo temos a continuidade da ao. Tanto o relatrio dos planos colocados em execuo, como dos resultados alcanados devem ser usados como auxiliares para a discusso partilhada dos impasses encontrados e das solues dadas para possibilitar a ampliao e entendimento da situao problemtica e das condies que a envolvem, preservando o consenso sobre os encaminhamentos da pesquisa de modo a provocar o envolvimento dos participantes com as aes escolhidas e implementadas, bem como com seus resultados e conseqncias.

    5.3. Histria de VidaComo histria de vida, Chizzotti define um relato retrospectivo da experincia pessoal de

    um indivduo, podendo ser oral ou escrito, relativo a fatos e acontecimentos que foram sig-nificativos e constitutivos de sua experincia vivida.

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    Dependendo de particularidades tericas e metodolgicas, a histria de vida, assume outras denominaes, como autobiografia, biografia, histria de vida, relatos de vida, memria, histria oral, abordagem biogrfica, mtodo biogrfico, etnobiografia, dentre outros correlatos.

    A histria de vida ganhou fora como mtodo de pesquisa em educao especialmente, e dentre outros autores, pelo trabalho de Antonio Nvoa. A histria de vida e seus correlatos so valorizados por uma tendncia historiogrfica em dar voz queles que foram calados pela histria tradicional. Os grupos marginalizados de uma grande histria, aquela feita dos grandes eventos, das personagens clebres. A histria de vida e seus correspondentes so usados como metodologia e tema para pesquisas que buscam narrar um outro tipo de histria, aquela feita por cada um de ns, pessoas annimas e comuns. Uma histria feita da experincia pessoal, dos pequenos feitos que tambm constituem uma grande histria. Essa tendncia tem como inteno conscientizar cada indivduo de sua importncia para a construo - e por isso transformao - de sua prpria histria individual, a qual, como parte de um conjunto, interfere na histria coletiva (HALBWACHS, 1990).

    Abordaremos aqui, brevemente, a autobiografia, uma das verses da histria de vida, como definida por Chizzotti. A autobiografia foi escolhida por ser um tipo de relato de experin-cia, uma tipo de metodologia, um caminho para transformar a nossa experincia prtica em pesquisa.

    Como o nome esclarece, a autobiografia uma histria de vida escrita por seu ou sua pro-tagonista, a prpria pessoa que viveu a experincia relatada. O autor seleciona e analisa fatos, experincias, pessoas, estgios relevantes de sua vida, ou, especificamente um dos aconteci-mentos, uma aula ou a formao docente, por exemplo. Com essa seleo o autor vai compon-do, recompondo e interpretando sua histria pessoal, o contexto e as contingncias do curso de sua prpria vida, criando um texto no qual tem voz privilegiada, imprime uma tnica sub-jetiva aos fatos e pessoas, transita entre real e ficcional, pois sua escrita, sua recomposio criada sob o domnio da memria, por isso sujeita imaginao, ao esquecimento, recriao de fatos, no como foram no passado, mas como sonhados no presente da rememorao e do texto. Tal relato inscreve-se, de modo claro ou latente, em uma realidade social e se constri como individualidade histrica.

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    O carter subjetivo - contestado por aqueles que assumem a ideia de veracidade, autenti-cidade dos documentos e fontes da histria de vida e nesse caso especfico, a autobiografia, deve ser assumido pelo prprio autor como referncia para identificao de preferncias ide-olgicas, concepes e prticas do prprio autor e de um grupo social ao qual o pesquisador possa ser um representante tpico. A subjetividade caracterstica dessa metodologia de pes-quisa no significa falta de rigor. O relato de experincia ou autobiografia deve ser escrito sob a assuno de seu carter subjetivo e guiado por um procedimento de anlise e auto-anlise, buscando a compreenso da experincia relatada, bem como sua relao com uma trama de tempo, espao e relaes pessoais.

    A autobiografia um gnero flutuante, transmutando-se em vrias formas como mem-ria autobiogrfica [...] romance, narrativa de experincia pessoal, confisso ou relato de expe-rincia vivida, narrativa evocativa, etnografia pessoal, romance ou relato em primeira pessoa, dirio ntimo, crnica, memento, preservando, porm, como ponto comum a realizao de um relato da experincia de vida em uma narrativa na qual o autor explicita sua compreenso de fatos e acontecimentos, evoca suas emoes, expe suas lembranas e interpreta suas reminis-cncias, apresentando-se como parte de seu tempo e espao, de seu contexto e de uma histria coletiva (CHIZZOTTI, 2006, p. 104 ).

    5.4. Estudo de Caso

    Outra metodologia de uso bastante comum na rea educacional o estudo de caso. Alguns autores no entanto, no o consideram como uma metodologia, dizendo-o tratar-se no de uma escolha metodolgica, mas de um objeto de estudo definido pelo interesse em casos indi-viduais e no pelo mtodo de pesquisa usado (CHIZZOTTI, 2006, p. 135). Independente dessa controvrsia quanto sua categorizao, o estudo de caso realizado pela

    coleta sistemtica de informaes sobre uma pessoa particular, uma famlia, um evento, uma atividade ou, ainda, um conjunto de relaes ou processo social para melhor conhecer como so ou como operam em um contexto real e, tendencialmente, visa auxiliar tomadas de deciso, ou justificar intervenes, ou esclarecer porque elas foram tomadas ou implementadas e quais foram os resultados (CHIZZOTTI, 2006, p. 135).

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    O estudo de caso , portanto, uma busca intensiva de dados de uma situao particular, de um evento especfico ou de processos contemporneos, selecionados e transformados em casos. Visa a explorao de um caso singular, situado na vida real contempornea, bem delimitado e contextualizado em seus tempo e lugar como forma de propiciar uma busca circunstanciada das informaes sobre um caso especfico. Esse tipo de pesquisa pode tratar de um caso nico e singular ou abranger uma coleo de casos desde que correlacionados por um aspecto comum, como, por exemplo, um estudo de caso sobre um aluno particular ou de uma dificuldade especfica de um conjunto de alunos. O estudo de caso pode deter-se em um coletivo de pessoas para analisar uma particularidade, no caso em exemplo, o estudo de caso de um conjunto de alunos para chegar compreenso sobre uma dificuldade especfica.

    Pela pesquisa do tipo estudo de caso de uma instituio especfica como a escola, por exem-plo, possvel abranger o estudo sobre o seu desenvolvimento ao longo de um perodo, o desempenho de setores, a situao de unidades a secretaria, a biblioteca, as salas de aula, a direo, os funcionrios o estgio de uma atividade especfica, o processo de comunicao ou de deciso, como operam os setores ou os diversos agentes.

    Esse caso deve ser amplamente compreendido, por uma descrio pormenorizada e ava-liao de suas consequncias. O estudo de caso no visa generalizaes, mas um caso pode revelar realidades universais, porque, guardadas as peculiaridades, nenhum caso um fato isolado, ele est sempre envolvido, pois sua parte, de um contexto criado por relaes sociais em um dado tempo e espao.

    Um projeto ou plano de pesquisa do tipo estudo de caso pode contemplar, segundo Chi-zzotti, quatro partes divididas entre: a escolha dos casos e negociao com as pessoas implica-das para o acesso aos componentes do estudo; o trabalho de campo; a organizao e a redao do relatrio.

    Como em qualquer projeto ou plano de pesquisa, os objetivos do estudo de caso a ser reali-zado, devem estar claramente estabelecidos para determinar as questes a serem investigadas, para que no haja o risco de uma coleta de dados desnecessrios e de perplexidade diante da profuso de informaes obtidas. O processo de coleta de informaes deve ser induzido pelo recolhimento e anlise de dados singulares a fim de desenvolver um modelo descritivo que englobe todas as instncias do fenmeno e autorize a apresentar, didaticamente, as lies

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    apreendidas ou as descobertas feitas a partir do caso estudado (CHIZZOTTI, 2006, p. 139). importante ter clareza sobre as questes implicadas no estudo do caso selecionado, para mant-las sob domnio, motivando outras perguntas para aprofundamento da explorao in-vestigativa sobre o caso em estudo. To importante quanto dominar e formular questes, ouvir respostas, mesmo quando perguntas no forem formuladas, sem se prender s prprias convices ou ideologias, preciso manter-se flexvel diante de situaes imprevistas, estan-do pronto para interpretar resultados inesperados.

    No momento inicial, o da fase preparatria (exploratria ou piloto), momento de prepa-rao da escolha dos casos, indispensvel analisar a literatura existente sobre o caso para elaborao das primeiras noes que orientaro a definio da unidade tomadas para estudo, o caso, seja ele uma populao grupo, escola [...] objetos determinados ou o programa, o processo. conveniente, dependendo do caso, manter contato pessoal com o objeto de estudo, imergindo no seu contexto para colher as primeiras evidencias. Outra recomendao, de acordo com a complexidade do caso, a execuo de um plano piloto ou protocolo de es-tudo que contenha as linhas gerais, as questes relevantes, os procedimentos e instrumentos de pesquisa.

    Ter clareza sobre os objetivos do estudo de caso pretendido, desde a sua seleo precisa, sobre as evidncias a serem procuradas, sobre os motivos de realizao desse estudo especfico e sobre o caminho, o mtodo de sua realizao, essa clareza condio indispensvel para o incio da pesquisa do tipo estudo de caso. Os objetivos devem ser compatveis s fontes dispo-nveis. Objetivos e fontes so interdependentes.

    Ainda nesse momento inicial do estudo de caso preciso estabelecer contato com todas as pessoas envolvidas para garantir o acesso aos dados, s pessoas e aos lugares, obtendo as autorizaes feitas necessrias e tambm se prevenir contra possveis infraes aos cdigos hierrquicos que podem arruinar dilogos e provocar distores nas informaes, ou ainda, esquivanas, recusas ou rejeio explcita ao estudo. Tal contato crucial para o bom xito da pesquisa.

    A segunda etapa do estudo de caso seria o trabalho de campo, ou a coleta sistemtica de informaes sobre o caso selecionado para estudo. Essa coleta pode ser feita pelo acesso a mltiplas fontes, como documentos, cartas, relatrios, entrevistas, histria de vida, observa-

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    o participante, pesquisa de campo, recursos audiovisuais, sendo a entrevista estruturada, semi-estruturada ou aberta - uma das fontes mais comuns para esse tipo de pesquisa.

    Em seqncia coleta de dados, ocorre a organizao dos registros, embora essas etapas possam acontecer concomitantemente, no h uma obrigatoriedade esquemtica em relao a essa diviso de trabalho, ela apenas uma referncia, um guia. Os diversos dados coletados, sejam eles textos orais e escritos, imagens, sons ou quaisquer outros objetos, devem ser indexa-dos de acordo com critrios definidos previamente, como forma de orientao para consulta, servindo para corroborar evidncias ou para subsidiar comparao de fontes.

    Ao final do processo, a elaborao do relatrio, geralmente um texto descritivo, apresentando didaticamente o que foi apreendido do caso em estudo. A descrio deve ser detalhada e cla-ra, situando o caso estudado em seu contexto, expondo tambm as informaes recolhidas e os meios utilizados para as coletar, estabelecendo assim sua anlise, de forma acessvel ao leitor.

    O estudo de caso, assim como qualquer pesquisa, no representa uma leitura nica da re-alidade, supe que pode haver diversidade de percepes. Uma pesquisa sempre um ponto de vista, criada na relao entre o pesquisador e seu tema. Especialmente na rea de arte e das cincias humanas, a relao ainda se torna mais complexa, mais delicada, pois, trata-se de uma relao entre sujeitos. Um caso - como qualquer outro tema de estudo - pode mostrar mltiplas realidades decorrentes do processo de observao, da coleta de dados e das diferentes interpretaes do pesquisador (CHIZZOTTI, 2006, p. 141).

    Em concluso

    As metodologias descritas ao final dessa disciplina podem gerar pesquisas realizadas sob a ideia de a/r/t. Todas elas podem se transformar em experincia esttica, podem se transfor-mar em verdadeiras experincias, assim como nossas aulas, nosso cotidiano. Uma forma de conseguir atribuir esse sentido ao nosso trabalho enfatizar as relaes.

    Nessa disciplina procuramos mostrar a importncia das relaes. Das relaes entre as me-todologias, as concepes sobre o ensino da arte e os contextos tempos e espaos de desen-volvimento desse ensino. Das relaes entre a teoria, a prtica e a poiesis. Das relaes entre a docncia, a pesquisa e a arte.

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    Ao criarmos textos e contextos, geramos imagens, geramos pequenas obras de arte cotidianas. Fazendo uso das figuras de linguagem, da metfora ou da metonmia, imprimimos plasticida-de aos nossos textos. Ao buscar caminhos, ao buscar mtodos integrados s nossas concepes e realidades, provocamos a reinveno de contextos. Como em um processo de produo artsti-ca, muitos acontecimentos interferiro inesperadamente sobre um projeto pr-elaborado. Mas, se atentos a esses acontecimentos, podemos revert-los em criao. Se atentos a cada parte do processo, podemos reinvent-lo constantemente alcanando, desenvolvendo e vivenciando uma verdadeira experincia esttica como definida por John Dewey, reimprimindo em nosso cotidiano o sentido de nossas realizaes.

    Para isso, h que se ater com rigor sobre as intimidades do mundo, e percorrer lguas de insensatas cacofonias, de confuses verbais e de incoerncias, como nos ensinou Manoel de Barros e Jorge Luiz Borges:

    1. Para apalpar as intimidades do mundo preciso saber: a) Que o esplendor da manh no se abre com faca b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer c) Por que que as borboletas de tarjas vermelhas tm devoo por tmulos d) Se o homem que toca de tarde sua existncia num fagote, tem salvao e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre 2 lagartos f ) Como pegar na voz de um peixe g) Qual o lado da noite que umedece primeiro. etc. etc. etc. Desaprender 8 horas por dia ensina os princpios.

    (BARROS, 2010).

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    ... J se sabe: para uma linha razovel ou uma correta informao, h lguas de insensatas cacofonias, de confuses verbais e de incoerncias. (Sei de uma regio montanhosa cujos bibliotecrios repudiam o supersticioso e vo costume de procurar sentido nos livros e o equiparam ao de procur-los nos sonhos ou nas linhas caticas das mos...os livros em si nada significam. Esse ditame, j veremos, no completamente falaz.)

    (BORGES, 1999).

    Para saber mais: BOSI, E. Memria e sociedade: lembranas de velhos. 7. ed. So Paulo: Companhia das

    Letras, 1999.

    Lindo livro de Ecla Bosi, construdo pelas narrativas mnemnicas de moradores da cidade de So Paulo. Vale a leitura para conhecer uma pesquisa feita de histrias de vida. Ecla Bosi enlaa s narrativas pessoais a memria coletiva da cidade de So Paulo, usando como funda-mentos tericos Walter Benjamin e Maurice Halbwachs.

    Referncias Bibliogrficas:

    BARROS, M. Poesia completa. So Paulo: Leya, 2010.

    NOVAES, A. (Org.). O olhar. So Paulo: Companhia das Letras, 2002.

    BORGES, J. L. Obras completas de Jorge Luis Borges. So Paulo: Globo, 1999. 4 v.

    CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em cincias humanas e sociais. So Paulo: Vo-zes, 2006.

    HALBWACHS, M. A memria coletiva. So Paulo: Vrtice, 1990.

    MEIHY, J. C. S. B. Manual de histria oral. 2. ed. So Paulo: Loyola, 1998.

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    NVOA, A. (Org.). Vida de professores. Porto: Porto, 1992.

    THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ao. So Paulo: Cortez, 2008.

    TRIVIOS, A. N. S. Introduo pesquisa em cincias sociais a pesquisa qualitativa em educao: o positivismo, a fenomenologia, o Marxismo. So Paulo: Atlas, 1990.

    MARN VIADEL, R. Investigacin en Educacin Artstica: temas, mtodos y tcnicas de indagacin sobre el aprendizaje y la enseanza de las artes y culturas visuales. Granada: Universidad de Granada, 2005.

    WELLER, W.; PFAFF, N. Metodologias da pesquisa qualitativa em educao: teoria e prtica. Petrpolis: Vozes, 2010.

  • sumrio tema ficha

    Ficha da Disciplina:Metodologias para ensino

    e aprendizagem de arte

    Rita Luciana Berti Bredariolli

    Bacharel e Licenciada em Educao Artstica pela Universidade de Campinas, UNI-CAMP (1993). Possui mestrado em Artes pela Escola de Comunicaes e Arte da Universi-dade de So Paulo, ECA-USP (2004) e doutorado em Artes pela mesma instituio (2009). Atuou como professora de Arte de Ensino Fundamental II por 12 anos. Em 2005 ingressou na Universidade Federal do Esprito Santo, UFES, voltando a So Paulo em 2010 para assu-mir o cargo de professora assistente doutora do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho, IA-UNESP. Leciona as disciplinas de Fundamentos do Ensino da Arte e Didtica para os cursos de Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais, Licenciatura em Artes Cnicas e Licenciatura em Msica. autora do livro Das lembranas de Suzana Rodrigues: tpicos Modernos de Arte e Educao e desenvolve pesquisas sobre teoria da imagem, histria e memria do ensino da arte e ensino da arte como mediao cultural.

    http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4730992T9

  • Ementa: Conceitos de mtodo e metodologia. A relao entre epistemologia e metodologia do

    ensino da arte em suas variaes ao longo do tempo. Mtodos e Metodologias artstico--educacionais contemporneos. O professor-pesquisador. O artista/pesquisador/ profes-sor. As relaes entre teoria (theorie), prtica (prxis) e criao (poisis). Metodologias para o artista/pesquisador/ professor.

    Estrutura da DisciplinaTema 1: Metforas, mtodos e metodologias, metforas

    1.1. Metforas 1.2. Mtodos e Metodologias 1.3. Metforas

    Tema 2. Metodologias para ensino e aprendizagem de arte 2.1. Metodologias modernas: academicismos 2.2. Metodologias modernas: modernismos 2.3. Metodologias ps-modernas: arte como expresso e cultura

    Tema 3: Isto tambm uma metodologia: duas verses contemporneas de mtodos, metodologias, educao e arte.

    3.1. O professor ironista 3.2. Outras metforas: rvores, rizomas, mapas, a partilha do sensvel

    Tema 4: professor-pesquisador: os outros, os mesmos mapas 4.1. Teoria como A/R/TOGRAFIA: artista/pesquisador/professor

    Tema 5 : Metodologias para a prtica de uma pesquisa ativa 5.1. Etnografia 5.2. Um tipo de pesquisa ativa: a Pesquisa -Ao 5.3. Histria de Vida 5.4. Estudo de Caso

    Rita Luciana Berti Bredariolli

  • Pr-Reitora de Ps-graduaoMarilza Vieira Cunha Rudge

    Equipe CoordenadoraAna Maria Martins da Costa Santos

    Coordenadora Pedaggica

    Cludio Jos de Frana e SilvaRogrio Luiz Buccelli

    Coordenadores dos CursosArte: Rejane Galvo Coutinho (IA/Unesp)

    Filosofia: Lcio Loureno Prado (FFC/Marlia)Geografia: Raul Borges Guimares (FCT/Presidente Prudente)

    Antnio Cezar Leal (FCT/Presidente Prudente) - sub-coordenador Ingls: Mariangela Braga Norte (FFC/Marlia)

    Qumica: Olga Maria Mascarenhas de Faria Oliveira (IQ Araraquara)

    Equipe Tcnica - Sistema de Controle AcadmicoAri Araldo Xavier de Camargo

    Valentim Aparecido ParisRosemar Rosa de Carvalho Brena

    Secretaria/AdministraoMrcio Antnio Teixeira de Carvalho

    NEaD Ncleo de Educao a Distncia(equipe Redefor)

    Klaus Schlnzen Junior Coordenador Geral

    Tecnologia e InfraestruturaPierre Archag Iskenderian

    Coordenador de Grupo

    Andr Lus Rodrigues FerreiraGuilherme de Andrade Lemeszenski

    Marcos Roberto GreinerPedro Cssio Bissetti

    Rodolfo Mac Kay Martinez Parente

    Produo, veiculao e Gesto de materialElisandra Andr Maranhe

    Joo Castro Barbosa de SouzaLia Tiemi Hiratomi

    Liliam Lungarezi de OliveiraMarcos Leonel de Souza

    Pamela GouveiaRafael Canoletti

    Valter Rodrigues da Silva

    Marcador 1Vdeo da DisciplinaMetodologias para a prtica de uma pesquisa ativa5.1. Etnografia5.2. Um tipo de pesquisa ativa: a Pesquisa -Ao 5.3. Histria de Vida5.4. Estudo de CasoEm concluso

    Para saber mais: Referncias Bibliogrficas:Ementa:

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