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UFOP - CETEC - UEMG REDEMAT REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS UFOP – CETEC – UEMG Dissertação de Mestrado Desenvolvimento e caracterização de compósitos à base de Polietileno de Alta Densidade (PEAD) reciclado e fibras vegetais Autor: Flávio Magno de Carvalho Fonseca Orientador: Dr. Lincoln Cambraia Teixeira Co-orientador: Prof a .Dr a . Sebastiana L. Bragança Lana 04 de novembro de 2005

REDEMAT · 2019. 3. 28. · AGRADECIMENTOS A Deus, pela presença constante em todos os momentos da minha vida, compartilhando minhas alegrias e tristezas, sempre oferecendo um descanso

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UFOP - CETEC - UEMG

REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

UFOP – CETEC – UEMG

Dissertação de Mestrado

Desenvolvimento e caracterização de compósitos à base de Polietileno de Alta Densidade (PEAD)

reciclado e fibras vegetais

Autor: Flávio Magno de Carvalho Fonseca

Orientador: Dr. Lincoln Cambraia Teixeira Co-orientador: Profa.Dra. Sebastiana L. Bragança Lana

04 de novembro de 2005

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UFOP - CETEC - UEMG

Flávio Magno de Carvalho Fonseca

DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS À

BASE DE POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE (PEAD)

RECICLADO COM FIBRAS VEGETAIS

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de

Materiais da REDEMAT, como parte integrante

dos requisitos para a obtenção do título de Mestre

em Engenharia de Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Lincoln Cambraia Teixeira

Co-orientadora: Profa.Dra. Sebastiana Luiza Bragança Lana

Área de concentração: Análise e Seleção de Materiais

Belo Horizonte, 04 de Novembro de 2005

Rede Temática em Engenharia de Materiais

UFOP-CETEC-UEMG

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Catalogação: [email protected]

F676d Fonseca, Flávio Magno de Carvalho. Desenvolvimento e caracterização de compósitos à base de Polietileno de Alta Densidade (PEAD) reciclado com fibras vegetais [manuscrito]. / Flávio Magno de Carvalho Fonseca. – 2005.

xiv, 133f.: il. color., grafs. , tabs. Orientador: Prof. Dr. Lincoln Teixeira Cambraia. Área de concentração: Análise e seleção de materiais. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Ouro Preto. Escola De Minas. Rede Temática em Engenharia de Materiais – UFOP/CETEC/UEMG. 1. Materiais – Análise - Teses. 2. Compostos fibrosos – Tese. 3. Plástico reforçado com fibra – Propriedades mecânicas – Teses. 4. Termoplásticos – Teses. 5. Resíduos industriais – Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. II. Rede Temática em Engenharia de Materiais. III. Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais. IV.Universidade do Estado de Minas Gerais. CDU: 620.1

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela presença constante em todos os momentos da minha vida,

compartilhando minhas alegrias e tristezas, sempre oferecendo um descanso seguro após

cada batalha vencida.

À minha família que tanto amo, sem exceções, mas em particular, aos meus Pais,

que souberam ser meus primeiros Mestres na lição do Amor.

À minha amada namorada, Glau, pelo amor, demonstrando principalmente na

relação de amizade e no incentivo nos momentos de desânimo, além de sua paciência nos

momentos de ausência.

Ao meu orientador, Lincoln Cambraia Teixeira, pela orientação e por acreditar

neste projeto.

À minha co-orientadora, Profa. Sebastiana Luiza Bragança Lana, por sua dedicação

e ética, sendo a primeira a estender a mão no inicio deste projeto.

Ao amigo, Glaucinei Rodrigues Corrêa, pelo compartilhamento de artigos, livros e

dissertações, além da sua disponibilidade irrestrita para discussão de idéias sendo uma grande

referência durante todo o desenvolvimento do trabalho.

A Pinhopó Moagem de Madeira Ltda, pela gentil doação da fibra de madeira

utilizada neste trabalho.

A Edra Eco Sistemas Ltda, pela gentil doação da fibra de bagaço de cana-de-açúcar

utilizada neste trabalho.

A Eastman Chemical Company, pela gentil doação do agente compatibilizante

utilizado neste trabalho.

À Fazenda da Esperança, através do Sr. Frederico, pela confiança depositada no

acesso a linha de produção e pelos esclarecimentos sobre a produção deste novo material

em escala industrial.

À Universidade de Caxias do Sul, através do Laboratório de Tecnologia de

Polímeros, particularmente a Profa Maria Zani Andrade por abrir seu laboratório, ao

Prof. Ademir José Zaterra pela disponibilidade e ao Sr. Jorge Ferreira Gomes, por

trabalhar comigo neste projeto.

Ao Prof. Vagner Roberto Botaro, por abrir as portas do Laboratório de Materiais

Poliméricos (LAMP) da UFOP. Ao pessoal do LAMP pela ajuda e amizade,

particularmente, Fausto e Gilberto.

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À Profa. Kátia Novack, pelas análises térmicas, gentilmente processadas pelo

Leandro.

Ao Prof. Leonardo Godefroaid, pelos ensaios no Laboratório de Testes Físicos na

Escola de Minas da UFOP.

Ao CETEC, através do Laboratório de Testes Físicos Robert Hooke e, em

particular, ao Jorge Milton Elian Saffar, por disponibilizar os testes físicos, à Rosana

Maria Rennó Sommer Gambogi e Ademir Severino Duarte, pela disponibilidade,

dedicação e bom humor.

Ao Prof. Leonardo Lagoeiro do Microlab e, em particular, ao bolsista João, por

me auxiliarem nas micrografias eletrônica de varredura.

Ao Prof. Rodrigo Lambert Oréfice, por aceitar contribuir para este trabalho na

participação da banca examinadora.

A Redemat, por acreditar na realização deste projeto quando ainda era

embrionário.

À Fundação Gorceix, por viabilizar este projeto através do auxilio financeiro.

Aos amigos Paulo Miranda, Alberto Mól e Geraldo Gustavo pelos momentos

compartilhados durante este período.

E finalmente, a todos que contribuíram, de forma direta ou indiretamente, e que por

motivos técnicos não estão declarados.

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“Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança:

sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não

tem Deus, há de a gente perdidos no vai e vem, e a vida é burra. É

o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo

facilitar – são todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave

se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo. Mas, se não tem

Deus, então, a gente não tem licença de coisa alguma! Porque

existe dor. E a vida do homem está presa encantoada – erra rumo

...”

João Guimarães Rosa

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RESUMO

A preocupação com o destino e o impacto ao meio-ambiente causada pelos resíduos sólidos, sejam eles urbanos ou industriais, tem sido uma das principais inquietações da administração dos centros urbanos, indústrias e centros de pesquisa. A atividade de extração e beneficiamento da madeira gera grande quantidade de resíduos que tem reaproveitamento em geração de energia térmica. O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, produzindo aproximadamente 24% do total, resíduo rico em fibras que não têm reaproveitamento em larga escala. Outro fator de grande interesse é o reaproveitamento de resíduos de plástico pós-consumo, sendo que estes poderiam estar envolvidos na produção de compósitos, com potencialidade para diversas aplicações, diminuindo gastos com energia na obtenção de matéria-prima e contribuindo significativamente para a qualidade de vida, transformando lixo em matéria-prima. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi verificar a possibilidade de utilização de fibras vegetais, mais especificamente, de madeira do tipo Pinus elliotti e bagaço de cana, como agentes de reforço para um compósito à base de PEAD reciclado, empregando PPMA como compatibilizante na fabricação de corpos de prova para caracterização termo-mecânica. Para verificar a modificação causada pelas fibras vegetais na matriz polimérica, assim como para analisar o efeito do compatibilizante nesta matriz, definiram-se porcentagens em peso de fibras de madeira, bagaço de cana, termoplástico e compatibilizante a serem incluídos no delineamento experimental. Com isso, nove misturas com 36 repetições foram combinadas, sendo um tipo de termoplástico a 69, 70, 74, 84, 85 e 100%, um tipo de fibra de madeira a 15, 25, e 30%, um tipo de fibra de bagaço de cana a 15 e 25% e um tipo de agente compatibilizante a 0 e 1%. Foram produzidos corpos de prova para caracterização das propriedades mecânicas, segundo ASTM D256, ASTM D638, ASTM D790, ASTM D792, que são resistência ao impacto, tração, flexão e densidade respectivamente. Depois foram analisadas as superfícies de fratura para análise morfológica. Os resultados evidenciaram que: a) a adição de fibras reduz a resistência à tração no ponto de ruptura, sendo mais acentuada esta redução na fibra de bagaço; b) existe ação positiva do PPMA na melhoria da resistência à tração; c) o aumento da resistência à flexão com a adição de fibras independente do tipo de fibra e uso do PPMA; d) o aumento da resistência ao impacto com a adição de fibras até 15%, agindo como reforço; e) verificou-se influência negativa do PPMA na resistência ao impacto; f) a fibra de bagaço demonstrou ser o melhor reforço na resistência ao impacto. Palavras-Chave: Fibras vegetais, compósito termoplástico, compatibilização, propriedades mecânicas.

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ABSTRACT

The concern with the destin and the impact to the environment caused by the solid residues, urban or industrials, has been one of the main fidgets of the administration of the urban centers, industries and centers of research. The activity of extraction and improvement of the wood generates great amount of residues that has reused in generation of thermal energy. Brazil is the largest sugar cane producing of the world, producing approximately 24% of the total, rich residue in fibers that do not have reused in wide scale. Another factor of great interest is the reused of residues of plastic post-consumes, being that these could be involved in the production of composites, with potentiality for diverse applications, diminishing expenses with energy in the raw material attainment and contributing significantly for the quality of life, transforming garbage into raw material. In this context, the objective of this work was to verify the possibility of vegetal fiber use, more specifically, wooden of the Pinus elliotti type and sugar cane bagasse, as agents of reinforcement for a composite to the recycled base of HDPE, using MAPP as compatibilizer in the manufacture of specimens for characterization term-mechanics. To verify the modification caused by vegetal fibers in the thermoplastic matrix, as well as analyzing the effect of the compatibilizer in this matrix, percentages in weight of fibers wooden, bagasse of sugar cane had been defined. The thermoplastic and compatibilizer was enclosed in the experimental delineation. With this, nine mixtures with 36 repetitions had been combined, being a kind of thermoplastic on 69, 70, 74, 84, 85 and 100%, a type of wooden fiber the on 15, 25, and 30%, a type of fiber of sugar cane bagasse on 15 and 25% and a type of compatibilizer on 0 and 1%. The specimens for characterization of the mechanical properties had been performed, according to ASTM D256, ASTM D638, ASTM D790, ASTM D792, that are resistance to the impact, tensile, flexural test and density respectively. After that the surfaces of breaking for morphologic analysis had been analyzed. The results had evidenced that: a) the fiber addition reduced the tensile strength in the point of rupture, being increased this reduction in the bagasse fiber; b) exists positive action of the MAPP in the improvement of the tensile strength; c) the increase of the flexural strength with fiber the independent addition of the type of fiber and use of the MAPP; d) the increase of the impact strength with the fiber addition until 15%, acts as reinforcement; e) verified negative influence of the MAPP in the impact strength; f) the bagasse fiber demonstrated to be the best reinforcement in the impact strength. Key Words: Vegetal fibers, thermoplastic composites, compatibilizer, mechanical properties.

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SUMÁRIO

RESUMO....................................................................................................................vi

ABSTRACT ..............................................................................................................vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...............................................................x

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .....................................................................................xi

LISTA DE TABELAS .............................................................................................xiv

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA.....................................................................15

CAPÍTULO II

OBJETIVOS .............................................................................................................21

CAPÍTULO III

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................23

3. FIBRAS VEGETAIS..............................................................................................24

3.1 MADEIRA ...........................................................................................................24

3.1.1 Composição química da madeira.......................................................................24

3.1.2 Anatomia da madeira.........................................................................................25

3.1.3 Características higroscópicas.............................................................................27

3.1.4 Relação entre a estrutura anatômica da madeira e suas propriedades ...............28

3.1.5 Resíduos da madeira..........................................................................................29

3.2 CANA-DE-AÇÚCAR ..........................................................................................30

3.2.1 Composição físico-química ...............................................................................31

3.2.2 Caracterização morfológica...............................................................................32

3.3 POLÍMEROS .......................................................................................................33

3.3.1 Classificação dos polímeros ..............................................................................33

3.3.2 Morfologia .........................................................................................................34

3.3.3 Fatores que influenciam as propriedades mecânicas.........................................39

3.3.4 Polímeros na engenharia....................................................................................42

3.3.5 Reciclagem ........................................................................................................43

3.4 COMPÓSITO PLÁSTICO REFORÇADO COM FIBRAS.................................51

3.4.1 Aditivos compatibilizadores ..............................................................................53

viii

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3.4.2 Processo de extrusão..........................................................................................62

3.4.3 Visita técnica .....................................................................................................57

CAPÍTULO IV

MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................65

4.1 Seleção dos materiais ...........................................................................................67

4.2 Caracterização térmica .........................................................................................71

4.3 Delineamento experimental..................................................................................71

4.4 Secagem................................................................................................................73

4.5 Pesagem e dosagem..............................................................................................73

4.6 Extrusão................................................................................................................73

4.7 Secagem................................................................................................................75

4.8 Prensagem.............................................................................................................75

4.9 Preparação dos corpos de prova ...........................................................................77

4.10 Caracterização física...........................................................................................77

4.10.1 Densidade ........................................................................................................77

4.10.2 Resistência à tração .........................................................................................77

4.10.3 Resistência à flexão estática ............................................................................78

4.10.4 Resistência ao impacto ....................................................................................78

4.11 Caracterização morfológica................................................................................78

CAPÍTULO V

RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................79

CAPÍTULO VI

CONCLUSÕES.........................................................................................................96

CAPÍTULO VII

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..................................................99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................101

PUBLICAÇÕES .....................................................................................................108

APÊNDICE .............................................................................................................110

ix

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABIQUIM – Associação Brasileira de Indústria Química

ABRE – Associação Brasileira de Embalagens

ABREMPLAST – Associação Brasileira de Recicladores de Materiais Plásticos

ASTM – American Standards Testing of Materials

CETEC – Centro Tecnológico de Minas Gerais

CP – Corpo de Prova

HIPS – Poliestireno de Alto Impacto

ICEB – Instituto de Ciências Exatas e Biológicas

LTPOL – Laboratório de Tecnologia em Polímeros

LAMP – Laboratório de Materiais Poliméricos

PEAD – Polietileno de alta densidade

PP – Polipropileno

PPMA – Polipropileno maleatável

UCS – Universidade de Caxias do Sul

UEMG – Universidade do Estado de Minas Gerais

UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto

x

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1.1 – Descarte de resíduos não controlados ....................................................16

Figura 1.2 – Composição gravimétrica do lixo de alguns países ...............................17

Figura 1.3 – Destinação do lixo em diversos países...................................................18

Figura 3.1 – Anatomia da madeira .............................................................................26

Figura 3.2 – Amostra de resíduos de madeira ............................................................30

Figura 3.3 – Micrografia eletrônica de monocristal de polietileno ............................36

Figura 3.4 – Estrutura para um cristalito de polímero................................................36

Figura 3.5 – MEV mostrando a estrutura da esferulite...............................................37

Figura 3.6 – Representação da estrutura detalhada da esferulite................................38

Figura 3.7 – MEV mostrando a estrutura esferulite de polietileno ............................38 Figura 3.8 – Desenho do arranjo de cadeias moleculares...........................................39

Figura 3.9 – Influência da cristalinidade e do peso molecular no polietileno ............40

Figura 3.10 – Deformação de um polietileno semicristalino......................................41

Figura 3.11 – Resíduos de plástico pós-consumo ......................................................44

Figura 3.12 – Destinação das resinas plásticas em 2002............................................44

Figura 3.13 – Percentual de cada material no lixo brasileiro .....................................45

Figura 3.14 – Percentual de reciclagem de cada material no lixo brasileiro ..............47

Figura 3.15 – Percentual de resíduo plástico consumido pelas recicladoras..............50

Figura 3.16 – Fibras de madeira e bagaço de cana-de-açúcar e plásticos ..................52

Figura 3.17 – Modelo de adesão.................................................................................55

Figura 3.18 – Desenho de extrusora ...........................................................................57

Figura 3.19 – Seção transversal de uma extrusora .....................................................59

Figura 3.20 – Triângulo das velocidades....................................................................60

Figura 3.21 – Foto da extrusora de madeira plástica..................................................62

xi

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Figura 3.22 – Processo de corte da madeira plástica..................................................63

Figura 3.23 – Mesa e bancos fabricados em madeira plástica....................................64

Figura 4.1 – Etapas dos Experimentos .......................................................................66

Figura 4.2 – Consumo de resíduo plástico pelas recicladoras....................................68

Figura 4.3 – Tipos e quantidades de resíduos gerados em Ubá/MG ..........................70

Figura 4.4 – Características da fibra de madeira utilizada .........................................70

Figura 4.5 – Características da fibra de bagaço utilizada ...........................................71

Figura 4.6 –Imagens de termoplásticos, o agente compatibilizante e os resíduos vegetais utilizados...............................................................72

Figura 4.7 – Desenho das zonas de aquecimento da extrusora ..................................74

Figura 4.8 – Extrusora utilizada .................................................................................74

Figura 4.9 – Prensa utilizada na confecção dos corpos de prova ...............................76

Figura 5.1 Análise termogravimétrica dos materiais utilizados .................................81 Figura 5.2 – Influência da incorporação de fibras na densidade ................................82

Figura 5.3 – Influência do tipo de fibra na resistência a tração com PPMA..............84

Figura 5.4 – Influência da adição de PPMA na resistência à tração ..........................85

Figura 5.5 – Ensaios de tração....................................................................................86

Figura 5.6 – Corpos de prova utilizados.....................................................................86

Figura 5.7 – Influência do PPMA na resistência a flexão ..........................................88

Figura 5.8 – Ensaio de flexão .....................................................................................89

Figura 5.9 – CP utilizados e microfibrilamento .........................................................89

Figura 5.10 – Influência da porcentagem de fibra na resistência ao impacto ............92

Figura 5.11 – Influência da porcentagem de PPMA na resistência ao impacto .........92

Figura 5.12 – Corpo de prova utilizado nos ensaios de resistência ao impacto .........93

Figura 5.13 – Fotomicrografias obtidas por MEV com ampliação de 200X .............94

xii

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Figura 5.14 – Fotomicrografias obtidas por MEV com ampliação de 50X ...............95

Gráfico 3.1 – Evolução da média de custos da coleta seletiva. ..................................49

xiii

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Características biométricas comparativas de fibras de diversas ............33

Tabela 3.2 – Propriedades típicas dos materiais.........................................................43

Tabela 3.3 – Evolução da composição do lixo na cidade de São Paulo .....................46

Tabela 3.4 – Etapas envolvidas na reciclagem mecânica secundária de plásticos .....48

Tabela 4.1 – Propriedades do PEAD utilizado na confecção de embalagens ............68

Tabela 4.2 – Características do aditivo utilizado........................................................69

Tabela 4.3 – Combinações utilizadas para confecção dos CPs ..................................72

Tabela 4.4 – Valores de temperatura para cada posição da extrusora........................74

Tabela 4.5 – Parâmetros utilizados na prensagem......................................................75

Tabela 5.1 – Influência da adição de fibra vegetal na densidade ...............................82

Tabela 5.2 – Influência da adição de fibra vegetal resistência à tração......................83

Tabela 5.3 – Influência da adição de fibra vegetal na resistência à flexão.................87

Tabela 5.4 – Influência da adição de fibra vegetal na resistência ao impacto............90

xiv

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS

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No passado, os resíduos sólidos urbanos praticamente não constituíam um

problema, a quase totalidade dos objetos utilizados eram materiais de origem animal ou

vegetal, que, uma vez regressados a terra, se decompunham naturalmente nos seus

constituintes elementares, reintegrando ao ciclo de vida. A densidade populacional era, em

geral, suficientemente pequena, de maneira que se houvesse acumulação desses resíduos,

as conseqüências não seriam graves (FONSECA, 2004).

Sobretudo ao longo do último século, todo este panorama se alterou com o

desenvolvimento de um potencial tecnológico/científico que permitiu a síntese de uma

grande variedade de novos materiais. Todavia, a utilização desse potencial em larga escala

ocorre sem avaliar as conseqüências em longo prazo. Algumas vezes avaliou-se, mas

ignoraram-se os resultados, em nome de interesses imediatos (FONSECA, 2004).

De acordo com o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, lixo é tudo aquilo que

não se quer mais e se joga fora; coisas inúteis, velhas e sem valor. Segundo a ABNT –

Associação Brasileira de Normas Técnicas – na NBR 10004-87 define o resíduo sólido

como: os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis,

indesejáveis ou descartáveis, podendo-se apresentar no estado sólido, semi-sólido ou

líquido, desde que não seja passível de tratamento convencional.

Normalmente os autores de publicações sobre resíduos sólidos se utilizam

indistintamente dos termos lixo e resíduos sólidos. Resíduo sólido ou simplesmente lixo é

todo material sólido ou semi-sólido indesejável e que necessita ser removido por ter sido

considerado inútil por quem o descarta em qualquer recipiente destinado a este ato (Figura

1.1).

Figura 1.1 – Descarte de resíduos não controlados.

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Há de se destacar, no entanto, a relatividade da característica inservível do lixo,

pois aquilo que já não apresenta nenhum valor para quem o descarta, para outro pode se

tornar matéria-prima para um novo produto ou processo. Nesse sentido, a idéia do

reaproveitamento do lixo é um convite à reflexão do próprio conceito clássico de resíduos

sólidos. É como se o lixo pudesse ser conceituado como tal, somente quando a inexistência

de alguém para reivindicar uma nova utilização dos elementos então descartados.

Segundo Matoski (2002), a geração de resíduos no mundo tem crescido quase que

exponencialmente, e, entre os diversos tipos de resíduos, os sólidos têm importante

participação. A composição e a quantidade de resíduos produzidos estão diretamente

relacionados com o modo de vida dos povos, sendo que, nos países mais industrializados

as quantidades envolvidas são maiores e a composição é mais problemática.

As características do lixo podem variar em função de aspectos sociais, econômicos,

culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos fatores que também diferenciam as

comunidades entre si e as próprias cidades. A Figura 1.2 expressa a variação das

composições do lixo em alguns países, deduzindo-se que a participação da matéria

orgânica tende a se reduzir nos países mais desenvolvidos ou industrializados,

provavelmente em razão da grande incidência de alimentos semi-preparados disponíveis no

mercado consumidor.

Composição gravimétrica do lixo de alguns países (%)

0

10

20

30

40

50

60

70

Brasil Alemanha Holanda EUA

Mat. Orgânica Vidro Papel Metal Plástico

Figura 1.2 – Composição gravimétrica do lixo de alguns países (%). Fonte: http://www.resol.com.br.

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Em relação ao lixo urbano, são recolhidas diariamente 241 mil toneladas em todo

Brasil, das quais somente 20% são reaproveitadas, um desperdício de 4,8 bilhões de reais

ao ano, equivalendo a 0,6% do PIB nacional (FURTADO, 2000).

Nos aterros sanitários, a presença do plástico prejudica as trocas líquidas e gasosas

necessárias à decomposição da matéria orgânica presente. Devido à baixa densidade

aparente do material plástico e à forma de muitos artefatos, ocorre uma migração desses

refugos para a superfície causando poluição visual e principalmente diminuindo o tempo

de vida útil do aterro.

O decréscimo do volume disponível nos vazadouros é um problema mundial, o que

torna a diminuição da taxa de utilização desses espaços uma meta a ser atingida. Nos EUA,

dois dos maiores vazadouros do país, segundo Myers (1994), têm as maiores porcentagens

de seus volumes ocupadas com plástico (7%) e papel (20%). A Figura 1.3 mostra os

percentuais dos diversos tipos de tratamentos do lixo empregados em diferentes países.

Destinação do lixo em diversos países

0 20 40 60 80 100

Austria

Dinamarca

EUA

Holanda

Itália

Suécia

Suiça

Paí

ses

Percentual

Reciclagem Usina de Compostagem Depósito em aterros Incineração

Figura 1.3 – Destinação do lixo em diversos países. Fonte: Guadagnine (2001).

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19

Um dos compromissos firmados na Conferência Mundial do Meio-Ambiente

realizada no Rio de Janeiro em 1992 - ECO 92 - foi a Agenda 21, que propõe diretrizes

para o tratamento do lixo pela população mundial, divididas em três pontos básicos

conhecidos como os 3 Rs:

1. Reduzir a produção;

2. Reutilizar;

3. Reciclar.

Dados da organização norte-americana EPA - Environmental Protection

Agency - mostram que a taxa de geração de lixo nos EUA tem diminuído desde 1994. Isto

pode ser atribuído a uma renovação de esforços para a reciclagem, relacionados à

programas de compostagem de resíduos orgânicos nas comunidades e à busca da

diminuição da geração do lixo em sua fonte. Entre 1990 e 1996, estes esforços foram

responsáveis por um decréscimo de 17% no volume de lixo destinado aos vazadores

daquele país. Em dez anos, o volume total dos resíduos sólidos urbanos americanos com

esta mesma destinação diminuiu de 83% em 1986 para 55,4% em 1996. Uma alternativa

para a diminuição do corte de árvores e para a despoluição ambiental é a utilização de

plásticos descartados, presentes no lixo urbano, na forma de diversos produtos, como

matéria-prima (GUADAGNINE, 2001).

No Brasil, em algumas das principais cidades se identificam problemas

relacionados com a falta de áreas disponíveis para a instalação de aterros sanitários, que a

cada dia ficam mais distantes e, em alguns casos, a total inexistência dessas áreas, criando

uma situação preocupante, pois a taxa de crescimento populacional - apesar da redução -

continua bastante alta e a tendência é de maior geração de lixo com a massificação de

produtos descartáveis. As prefeituras devem criar incentivos (fiscais, estruturais etc.) para

motivar e conscientizar os cidadãos e as empresas a participarem ativamente do processo,

bem como incentivar a utilização de produtos reciclados.

Considerando-se esses fatores, acrescidos do fato de que o aumento do poder

aquisitivo da população acarreta maior consumo, contribuindo para a geração de mais lixo,

torna-se necessário uma tomada de posição urgente por parte dos governantes, para que

estudos e projetos visando à resolução de um problema tão crítico e desafiador sejam

iniciados.

Sendo assim, a produção de materiais que utilizem matérias primas recicladas,

constituem um importante passo para sustentabilidade da sociedade contemporânea, assim

como a amenização de problemas relativos aos insumos gerados pela população,

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equalizando fatores de consumo com a otimização de tecnologias. Este trabalho estuda a

reutilização de polímeros pós-consumo adicionando resíduos vegetais com baixo valor

agregado e sem utilização em larga escala, visto que, atualmente, observa-se um grande

interesse relacionado ao desenvolvimento sustentável.

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CAPÍTULO II

OBJETIVOS

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Objetivo geral

Verificar a possibilidade de utilização de fibras vegetais, mais especificamente, de

madeira do tipo Pinus elliotti e bagaço de cana-de-açúcar, como agente de reforço para um

material compósito à base de polietileno de alta densidade reciclado, empregando

polipropileno maleatável (PPMA) como agente compatibilizante na fabricação de corpos

de prova para caracterização termo-mecânica deste compósito produzido.

Objetivos específicos

• Observar a adesão das fibras vegetais na matriz polimérica.

• Verificar o desempenho de cada fibra na matriz polimérica;

• Analisar o efeito do agente compatibilizante nas ligações das fases;

• Determinar o efeito da porcentagem de cada material nas propriedades

físico-mecânicas do compósito produzido;

• Determinar as propriedades físico-mecânicas segundo normas específicas;

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CAPÍTULO III

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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3. FIBRAS VEGETAIS

As fibras vegetais estão se tornando alternativas econômicas e ecológicas para uso

como reforço e cargas em termoplásticos. Há quem preveja a gradual substituição de

aditivos sintéticos tradicionais, particularmente fibras de vidro, por estes materiais, abrindo

respeitáveis perspectivas de mercado para países de vocação agrícola (NOTHENBERG,

1996 apud PAIVA, 1999).

3.1 MADEIRA

A madeira é um componente importante na formação do compósito, objeto de

estudo nessa pesquisa. Pretende-se fazer uma introdução dos principais pontos e

conhecimentos sobre este material.

3.1.1 Composição química

Segundo Panshin (1980) apud Corrêa (2004), os componentes químicos da madeira

são formados basicamente por carbono, hidrogênio e oxigênio podendo estar reunidos em

dois grupos: componentes primários que formam a estrutura da parede celular e os

componentes secundários.

No primeiro grupo, os componentes fundamentais são a celulose, hemicelulose e a

lignina. O segundo grupo de substâncias, encontrado em maior quantidade, consiste

principalmente em:

a) alimentos armazenados nas células;

b) substâncias tóxicas aos fungos, como taninos e componentes de base

fenólica, constituindo agentes naturais de proteção e ação dos

microorganismos;

c) sais minerais.

Lima (1998) apud Corrêa (2004), cita as proporções aproximadas de biomassa, de

cada elemento, independente da espécie vegetal considerada:

• carbono ..................... 50%

• oxigênio .................... 44%

• hidrogênio...................6%

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Os compostos orgânicos ou materiais que compõem a madeira são:

a) celulose: com proporção aproximada de 50%. É o composto predominante

da madeira, que compõe as paredes das fibras, sendo formada à partir da união de

múltiplos monômeros constituídos por glicose (C6H12O6);

b) lignina: com proporção aproximada de 30%. É responsável pela rigidez da

parede celular;

c) hemicelulose: proporção aproximada de 20%. Está intimamente associada à

celulose, definindo as propriedades estruturais da parede celular, além de

desempenhar funções na regulação do crescimento e desenvolvimento das plantas;

d) outros materiais: são resinas, amidos, taninos, óleos, ceras, etc, que são

depositados nas cavidades das células e que produzem coloração e cheiro

característicos de cada espécie de vegetal.

3.1.2 Anatomia da madeira

A madeira é um conjunto heterogêneo de diferentes tipos de células com

propriedades específicas para desempenharem as funções vitais de condução de líquidos:

de transformação, armazenamento e transporte de substâncias nutritivas e de sustentação

do vegetal como mostrado na Figura 3.1 (BURGER, 1991).

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Figura 3.1 – Anatomia da madeira. Fonte: Burger (1991) apud Corrêa (2004).

As partes que compõem um tronco são:

a) casca: é constituída interiormente pelo floema (conjunto de tecidos vivos

especializados para a condução da seiva elaborada) e exteriormente pelo córtex,

periderme e ritidoma (tecidos que revestem o tronco). Além do armazenamento e

condução de nutrientes exercidos pelo floema, a casca tem como função proteger o

vegetal contra ressecamento, ataques fúngicos e variações climáticas. A casca é de

grande importância também na identificação de árvores vivas. As cascas de

algumas espécies são exploradas comercialmente para a obtenção de cortiças,

tanino, canela, produtos farmacêuticos, perfumaria, etc;

b) câmbio: é um tecido meristemático, ou seja, apto a gerar novos elementos

celulares, constituído por uma camada de células situada entre o xilema e o floema,

sendo visível ao microscópio. Permanece ativo durante toda a vida do vegetal e é

responsável pela formação dos tecidos que constituem o xilema (condução de seiva

bruta) e a casca. A atividade cambial é sensivelmente influenciada pelas condições

ambientais;

Anéis de cerscimento

Medula

Raios

Cerne

Alburno

Cambio

Floema (casca

Ritidoma (casca externa)

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c) anéis de crescimento: em regiões caracterizadas por clima temperado, os

anéis de crescimento representam habitualmente o incremento anual da árvore. A

cada ano é acrescentado um novo anel ao tronco, razão pela qual são também

denominados anéis anuais, cuja contagem permite conhecer a idade da árvore. Em

anel de crescimento típico, distinguem-se duas partes, sendo o lenho inicial, que

corresponde ao crescimento da árvore no início do período vegetativo

(normalmente primavera) e o lenho tardio, que, com a aproximação do fim do

período vegetativo as células vão diminuindo suas atividades fisiológicas;

d) cerne e alburno: o cerne constitui a parte interna do tronco, onde as células

que compõem o tecido lenhoso não participam mais do processo vital das árvores

quando se atinge a idade adulta, cumprindo apenas a função de sustentação. No

cerne há a deposição de vários componentes secundários que são responsáveis pela

menor ou maior durabilidade e coloração da madeira. A proporção de cerne e

alburno varia dentro da própria árvore, e além de outros fatores, dependem da

espécie, idade, solo e clima;

e) raios: são faixas horizontais de comprimento indeterminado formado por

células parenquimáticas, ou seja, elementos que desempenham primordialmente a

função de armazenamento de substâncias nutritivas, dispostas radialmente no

tronco. Na maioria das madeiras eles não são visíveis a olho nu. Além do

armazenamento, os raios têm a função de fazer o transporte horizontal de nutrientes

na árvore;

f) medula: parte que ocupa normalmente o centro do tronco.

3.1.3 Características higroscópicas

A madeira é um material higroscópico que, com a variação das condições

ambientais, pode continuar indefinidamente a absorver e eliminar água, trocando-a com o

ambiente. Portanto, mesmo depois de muitos anos de amadurecimento, ela ainda reserva

uma proporção de água (REIS, 1998).

A umidade em um pedaço de madeira é a quantidade de água que contém, expressa

em porcentagem de seu peso anidro, ou seja, absolutamente seco. O estado anidro da

madeira pode ser obtido deixando-se o corpo-de-prova em uma estufa ventilada com

temperatura de 103ºC até que a massa atinja um valor constante. Este método, aplicado

somente em laboratório, pode ser caracterizado como destrutivo por sua irreversibilidade.

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A umidade percentual da madeira depende principalmente das condições termo-

higrométricas ambientais (temperatura e umidade relativa do ar), das suas variações, das

dimensões, do estado superficial da peça e sua porosidade.

A madeira é extremamente porosa e a quantidade de água que ela pode conter

depende de seu volume de vazios, ou seja, do espaço não ocupado pela substância lenhosa.

Denomina-se Pa o peso específico aparente da madeira e Pr o peso específico real, o

volume Vv de vazios na madeira pode ser expresso pela fórmula:

Vv=1-Pa/Pr (3.1)

O valor de Vv exprime a porosidade da madeira.

Se as condições ambientais permanecem constantes, a madeira tende (tempo médio

120 dias a partir do corte) a equilibrar seus valores, que em média são muito similares

entre as espécies (REIS, 1998).

3.1.4 Relação entre a estrutura anatômica da madeira e suas propriedades

Uma das grandes limitações para a utilização da madeira é sua heterogeneidade,

anisotropia e variabilidade. Nem mesmo dois pedaços de madeira de uma mesma espécie

são absolutamente iguais. Essas diferenças podem ser atribuídas às condições do meio

ambiente onde o vegetal cresce, a localização do vegetal no tronco (altura, distância da

medula e posição do anel de crescimento) e defeitos na madeira (BURGER, 1991).

A composição do lenho, a estrutura e a organização de seus constituintes são fatores

que determinam as propriedades físicas das madeiras e sua aptidão para o uso comercial.

Burger (1991) cita as principais propriedades tecnológicas e utilizações em relação

às estruturas anatômicas da madeira:

• Massa específica e resistência mecânica: a massa específica é

provavelmente a característica tecnológica mais importante da madeira. Dela

dependem a resistência mecânica e o grau de instabilidade dimensional pela perda

ou absorção de água. Quanto maior o volume de fibras, maior será a massa

específica e a resistência mecânica. Os vasos, devido a sua grande dimensão e as

paredes delgadas, são estruturas fracas, e sua abundância, tamanho e distribuição

influenciam na resistência mecânica da madeira;

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• Durabilidade natural: é o grau de susceptibilidade da madeira ao ataque de

agentes destruidores, os fungos e insetos, e à ação de intempéries. Geralmente, as

madeiras de alta massa específica, por apresentarem uma estrutura mais fechada e

frequentemente elevado teor de substâncias especiais (sílica, alcalóides, tanino e

substâncias fenólicas) impregnando as paredes das células, são mais resistentes à

ação destes agentes. A presença dessas substâncias produz uma coloração mais

escura na madeira;

• Permeabilidade: característica importante para a secagem, preservação de

madeiras e fabricação de polpa e papel. Em geral, madeiras com alta massa

específica são mais difíceis de serem secas e impregnadas com soluções

preservativas por apresentarem volume menor de espaços vazios para a circulação

de fluidos. A permeabilidade é influenciada pelo tamanho, abundância, distribuição

dos poros e a presença ou não de substâncias obstrutoras (resinas, tilos, etc). O

cerne é menos permeável do que o alburno devido a sua estrutura mais compacta,

presença de substâncias obstrutoras;

• Instabilidade dimensional: a madeira é um material altamente higroscópio e

apresenta os fenômenos de contração e inchamento pela perda ou absorção de

umidade. Madeiras que possuem uma abundância de células de paredes espessas

(alta massa específica) apresentam este fenômeno em grau mais acentuado.

3.1.5 Resíduos da madeira

Em geral, nas atividades industriais à base de madeira há muita geração de

resíduos, tendo o setor de manufatura de produtos de madeira a maior quantidade de

insumos, em torno de 70% do total, conforme Graedel (1995). Diversas atividades da

indústria de base florestal colaboram para a produção de resíduos, entre estas se podem

citar a tecnologia utilizada, diversidade de espécies e defeitos e patologias existentes na

madeira. As ocorrências de fungos causam danos como manchas, decomposição e

deterioração nas peças de madeira (WILSON, 1984).

Estudos se fazem necessários visando melhorar o uso e a reutilização na indústria

madeireira. É comum mencionar que os resíduos de madeira, Figura 3.2, são destinados

para geração de energia térmica nas indústrias do setor de base florestal e também em

outros setores industriais, contudo amplos reforços devem ser feitos para abranger os

múltiplos usos dos resíduos (SILVA, 2001).

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Durante muito tempo o uso de madeira e outras fibras vegetais têm sido

empregadas extensivamente como carga para compostos termoplásticos e termofixos.

Décadas atrás estes materiais eram utilizados em pequenas atribuições especiais ou

produtos de baixo valor agregado como materiais absorvedores de ruídos nas partes

internas dos carros.

Figura 3.2 – Amostra de resíduos de madeira.

3.2 BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCAR

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, produzindo

aproximadamente 24% do total, em aproximadamente 4 milhões de hectares. O bagaço da

cana-de-açúcar é um resíduo lignocelulósico fibroso remanescente do colmo da cana-de-

açúcar obtido na saída do último moinho da usina açucareira e constitui um conjunto

heterogêneo de partículas de diferentes tamanhos, que oscilam entre 1 e 25mm,

apresentando um tamanho médio de 20mm (MITRANI et al., 1999).

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3.2.1 Composição física e química

Do ponto de vista físico, segundo Mitrani et al. (1999), o bagaço é constituído por

quatro frações cuja porcentagem média é:

• Fibra ou bagaço 45%

• Sólidos insolúveis 2-3%

• Sólidos solúveis 2-3%

• Água 50%

A fibra é a fração sólida orgânica insolúvel em água, presente no colmo da cana-de-

açúcar, que se caracteriza por sua marcante heterogeneidade, do ponto de vista químico e

morfológico.

Os sólidos insolúveis de natureza orgânica são compostos, fundamentalmente, por

terra, pedras e outras matérias estranhas. Os sólidos solúveis formam a fração que se

dissolve na água composta fundamentalmente por sacarose. A água presente no bagaço

está retida nele através de mecanismos de absorção e capilaridade. Este fenômeno

desempenha um papel de grande importância em alguns processos tecnológicos a que é

submetido o bagaço, para o seu aproveitamento como matéria-prima para materiais

compósitos.

O bagaço é composto de celulose, hemicelulose e lignina, como principais

polímeros naturais. A biomassa do bagaço é a seguinte:

• Carbono 23%

• Oxigênio 22%

• Hidrogênio 3%

• Cinzas 2%

• Água 50%

Se considerarmos esta composição desidratada, pode-se mudar para:

• Carbono 46%

• Oxigênio 44%

• Hidrogênio 6%

• Cinzas 4%

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Densidade e umidade

A densidade e a umidade são duas das propriedades físicas mais importantes, que,

encontram intimamente relacionadas para realizar qualquer tipo de cálculo de engenharia,

relacionado com os processos de utilização industrial do bagaço. Pela sua constituição, o

bagaço apresenta uma alta tendência a livre compactação, estes valores estão reportados de

forma diretamente proporcional à altura da coluna, medida da base até o ponto de

alimentação (MITRANI et al., 1999).

Segundo Mitrani et al. (1999), a umidade do bagaço possui relação direta com o

alto nível de higroscopicidade da fibra, bem como da elevada porosidade das partículas.

Segundo a literatura, o conteúdo de umidade pode atingir valores de 80 a 85% sem que

haja excesso de água.

3.2.2 Caracterização morfológica

A composição do bagaço está diretamente relacionada com a morfologia da cana-

de-açúcar, onde se encontram fibras exteriores do colmo ou da casca, feixes

fibrovasculares e outras formas fibrosas que dão resistência ao colmo do vegetal, e também

tecido parenquimatoso, chamado popularmente como miolo ou medula (MITRANI et al.,

1999).

Na saída dos moinhos se obtém uma fração rica em medula, que, ainda, contém

fibras e microfibras que passam através dos tamises, denominadas comumente bagacilhos,

o qual se envia tradicionalmente às caldeiras das usinas, para sua queima ou então é

utilizado como fonte de alimento animal enriquecido com outros produtos e processos

tecnológicos.

As fibras do bagaço são caracterizadas pela sua rigidez, apresentando uma

longitude menor que a usual em outros tipos de fibras como a da madeira, o que é uma

limitante para algumas produções como a de papel de alta resistência (MITRANI et al.,

1999).

A epiderme, camada fina que cobre o colmo e o protege, atua como

impermeabilizante do suco, no qual abundam componentes não-fundamentais da cana-de-

açúcar, que são quimicamente classificados como extrativos (MITRANI et al., 1999).

A casca, composta de fibras muito lignificadas, apresenta características principais,

como parede celular grossa, longitude e rigidez, que protegem o colmo dos efeitos

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mecânicos e exteriores. Estas fibras têm como missão fundamental servir de sustento à

planta. Na área interna do colmo se encontra o tecido parenquimatoso, cuja função é

armazenar o suco. Neste tecido, aparecem os feixes fibrovasculares, compostos por fibras e

vasos, que dividem a função de sustentação com a de conduzir a seiva ao longo do colmo

da planta (MITRANI et al., 1999).

De acordo com Mitrani et al. (1999), ao ser moída a cana, esta ordem se perde, do

ponto de vista estrutural e as diferentes partículas se misturam entre si. A Tabela 3.1

compara as propriedades biométricas das fibras de bagaço com as de outras fontes fibrosas

usadas de forma convencional na indústria da celulose, de polpa e papel.

Tabela 3.1 – Características biométricas comparativas de fibras de diversas.

Tipo de Longitude Diâmetro Largura Relação de Índice de

fibra média (mm) médio (m) parede (m) estreiteza flexibilidade

Bagaço 1,5 20 4,0 75 0,60

Pinheiro 2,0 28 3,0 100 0,75

(Pinus Silvestris )

Eucalipto 1,0 13 1,6 77 0,75

Fonte: Mitrani et al. (1999).

3.3 POLÍMEROS

Segundo Solomons (1987), polímeros são materiais que consistem de moléculas

muito grandes, compostas por unidades que se repetem. As subunidades moleculares

usadas para sintetizar os polímeros denominam-se monômeros e as reações pelas quais os

monômeros se unem são chamadas de reações de polimerização.

3.3.1 Classificação de polímeros

Segundo Mano (1999), pode-se classificar um polímero qualquer de diversas

maneiras. Nessa dissertação, objetivou-se enfatizar características de fusibilidade e/ou

solubilidade e comportamentos mecânicos.

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Quanto às características de fusibilidade e/ou solubilidade os polímeros podem ser

agrupados em termoplástico e termorrígidos. Os polímeros termoplásticos se fundem por

aquecimento e se solidificam por resfriamento, em um processo reversível. São materiais

relativamente macios e dúcteis devido às ligações intermoleculares do tipo Van der Walls

que são ligações fracas que permitem a reversibilidade. Os polímeros termorrígidos por

aquecimento ou outra forma de tratamento assumem estrutura reticulada, com ligações

cruzadas, tornando-se uma reação química irreversível ou infusível.

De acordo com Grulke (1994), devido às ligações cruzadas, os polímeros

termorrígidos mantêm sua forma e resistência após vários ciclos de resfriamento e

aquecimento. Entretanto, as ligações cruzadas tendem a fazer com que estes sejam frágeis

e tenham baixa resistência ao impacto.

De acordo com o comportamento mecânico dos polímeros, os materiais

macromoleculares podem ser divididos em três grandes grupos: borrachas ou elastômeros,

plásticos e fibras. As faixas que demarcam, embora muito fluidamente, os limites do

módulo elástico diferenciando borrachas, plásticos e fibras, são: 101 a 102, 103 a 104 e 105 a

106 psi (1psi = 0,07kg/cm2 = 7x103Pa), respectivamente.

3.3.2 Morfologia

Segundo Billmeyer (1984) apud Faria (2002), muitos polímeros, incluindo fibras,

são parcialmente cristalinos. A evidência mais direta deste fato é fornecida por estudos de

difração de raio X. Os testes padrões destes estudos em polímeros cristalinos mostram

ambas características justamente associadas com as regiões de ordem tridimensional e com

características mais difusas de substâncias moleculares mostrando que regiões ordenadas e

desordenadas coexistem na maioria de polímeros cristalinos. A evidência adicional a este

efeito vem de outras propriedades dos polímeros, tais como densidade, que são

intermediárias entre aquelas calculadas para a espécie completamente cristalina e amorfa.

A relação próxima entre a regularidade da estrutura e da cristalinidade molecular

tem sido reconhecida por muito tempo. Os polímeros cristalinos típicos são aqueles cujas

moléculas são química e geometricamente regulares na estrutura. As irregularidades

ocasionais, tais como as cadeias que ramificam no polietileno ou na copolimerização de

uma quantidade menor de isopreno com polisobutileno como na borracha butil, limitam a

extensão da cristalização, mas não impedem sua ocorrência (BILLMEYER, 1984).

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Morfologia de polímeros cristalinos

Segundo Sperling (1992) e Callister (2000), existem alguns modelos propostos para

descrever a morfologia dos polímeros cristalinos que apresentam morfologia específica e

características próprias.

1) Cristalitos ou micélio com borda

Um dos modelos mais antigos, que foi aceito durante muitos anos, propõe que um

polímero semicristalino fosse composto por pequenas regiões cristalinas (cristalitos ou

micélios), onde cada uma destas regiões fosse provida de um alinhamento preciso, em que

estas estivessem envolvidas por uma matriz amorfa, composta por moléculas

aleatoriamente orientadas. Desta forma, uma única molécula da cadeia poderia passar

através de vários cristalitos, bem como das regiões amorfas intermediárias.

2) Lamelas

Recentemente, as investigações se centralizam em monocristais de polímeros que

crescem a partir de soluções diluídas. Esses cristais consistem em plaquetas delgadas (ou

lamelas) com formato retangular, de aproximadamente 10 a 20nm de espessura e com

comprimento da ordem de ���m. Com certa freqüência, essas plaquetas formam uma

estrutura com múltiplas camadas, como aquela que está mostrada na micrografia eletrônica

de um monocristal de polietileno (Figura 3.3). Acredita-se, que, as cadeias moleculares

dentro de cada plaqueta se dobram para frente e para trás sobre elas mesmas, com as

dobras ocorrendo nas faces; essa estrutura, chamada apropriadamente de modelo da cadeia

dobrada (Figura 3.4).

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Figura 3.3 – Micrografia eletrônica de monocristal de polietileno. Ampliação de 20.000x. Fonte: Callister (2000).

Figura 3.4 – Estrutura com cadeia dobrada para um cristalito de polímero em forma de placa. Fonte: Callister (2000).

3) Esferulitas

Muitos polímeros volumosos que são cristalizados a partir de uma massa fundida

formam esferulites. Como o próprio nome indica cada esferulite pode crescer até adquirir

uma forma esférica, conforme encontrada na borracha natural, ilustrado na Figura 3.5. A

esferulite consiste em um agregado de cristalitos com cadeias dobradas e com formato de

uma fita (lamelas), com aproximadamente 10nm de espessura, que se estendem

radialmente do centro para fora. Nessa micrografia eletrônica, essas lamelas aparecem

como finas linhas como pode ser visto na Figura 3.6, que ilustra também os cristais

lamelares individuais, com suas cadeias dobradas, os quais se encontram separados por

material amorfo. As moléculas de ligações das cadeias, que atuam como elo de entre as

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37

mesmas e, ainda as ligações entre lamelas adjacentes, passam através destas regiões

amorfas. À medida que a cristalização de uma estrutura esferulítica se aproxima da sua

conclusão, as extremidades das esferulites adjacentes começam a se chocar umas com as

outras, formando contornos e fronteiras mais ou menos planos; antes deste estágio, elas

mantêm as suas formas esféricas. Essas fronteiras estão evidenciadas na Figura 3.7.

Figura 3.5 – Micrografia eletrônica de transmissão, mostrando a estrutura da esferulite em uma amostra de borracha natural. Ampliação de 30.000x. Fonte: Callister (2000).

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38

Figura 3.6 – Representação esquemática da estrutura detalhada de uma esferulite. Fonte: Callister (2000)

Figura 3.7 – Fotomicrografia de transmissão usando luz polarizada cruzada mostrando a estrutura esferulite de polietileno. Ampliação de 525x. Fonte: Callister (2000).

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39

3.3.3 Fatores que influenciam as propriedades mecânicas

Cristalinidade

Segundo Callister (2000), o estado cristalino pode existir nos materiais poliméricos.

Entretanto, este estado envolve moléculas em vez de apenas átomos ou íons, como ocorre

em metais e em cerâmicas, os arranjos atômicos serão mais complexos no caso de

polímeros. Imagina-se a cristalinidade dos polímeros como sendo o empacotamento de

cadeias moleculares visando a produção de uma matriz atômica ordenada. As estruturas

cristalinas podem ser especificadas em termos de células unitárias, com freqüência bastante

complexa. A Figura 3.8 mostra a célula unitária para o polietileno e a sua relação com a

estrutura molecular da cadeia, sendo que esta célula possui uma geometria ortorrômbica O

grau de cristalinidade pode variar desde completamente amorfo até quase totalmente (até

aproximadamente 95%) cristalino.

Figura 3.8 – Desenho esquemático do arranjo de cadeias moleculares em uma célula unitária para o polietileno. Fonte: Callister (2000).

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40

Peso molecular

A magnitude do módulo de tração não parece sofrer influência direta do peso

molecular. Por outro lado, para muitos polímeros foi observado que o limite de resistência

à tração eleva em função de um aumento do peso molecular. De acordo com Callister

(2000), esta relação pode ser verificada matematicamente sendo o limite de resistência à

tração (LRT) uma função do peso molecular médio pelo número de moléculas, de acordo

com a seguinte relação:

LRT=LRT��- A/Mn (3.2)

onde LRT� representa o limite de resistência à tração no caso hipotético de um peso

molecular infinito, e A é uma constante.

O comportamento descrito por esta equação pode ser explicado pelo aumento no

número de embaraços e entrelaces na cadeia com o aumento de Mn (Figura 3.9).

Figura 3.9 – Influência do grau de cristalinidade e do peso molecular sobre as características físicas do polietileno. Fonte: Callister (2000).

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Pré-deformação por estiramento

Em termos comerciais, uma das técnicas mais importantes utilizadas para aprimorar

a resistência mecânica e o módulo de tração consiste em se deformar o polímero

permanentemente em tração. Esse procedimento é algumas vezes chamado de estiramento.

Durante o estiramento, as cadeias moleculares deslizam uma sobre as outras e se tornam

altamente orientadas (Figura 3.10).

Figura 3.10 – Deformação de um polietileno semicristalino, com duas lamelas com cadeias dobradas adjacentes e o material amorfo interlamelar, mostrando sua orientação dos segmentos de blocos e cadeias de ligação com o eixo de tração. Fonte Callister (2000). Tratamento térmico

O tratamento térmico nos polímeros semicristalinos leva à modificações no

tamanho e na perfeição dos cristalitos, bem como nas estruturas esferulíticas. Para

materiais que não tenham sido estirados e que são submetidos a tratamento térmico com

tempo constante, o aumento da temperatura de recozimento leva ao seguinte:

1) Um aumento no módulo de tração,

2) Um aumento do limite de escoamento,

3) Uma redução da ductilidade.

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3.3.4 Polímeros na engenharia

De acordo com Grulke (1994) apud Faria (2002), antes de 1930 a maior parte dos

artefatos domésticos, bens duráveis e de produtos industriais eram feitos de madeira,

metais, vidro, papel, couro e borracha natural vulcanizada. A partir de então, os plásticos

substituíram muitos daqueles materiais devido à facilidade de conformação e

adicionalmente, ao baixo custo. Os plásticos podem competir com outros materiais

estruturais conforme mostrado na Tabela 3.2. O módulo de elasticidade (E) e a resistência

�1��GRV�PDWHULDLV�IRUDP�XVDGRV�SDUD�FDUDFWHUL]á-los em aplicações estruturais.

Comparando aos materiais estruturais tradicionais, os polímeros exibem uma

grande fluência sobre a carga. Para muitas aplicações estruturais, esta deficiência pode ser

corrigida adicionando um reforço, particularmente as fibras que são ligadas ao polímero.

As fibras reduzem o alongamento, produzindo materiais mais frágeis, porém mais

resistentes. Os polímeros não se submetem ao ataque oxidativo rápido no ambiente, em

comparação aos materiais ferrosos. As cores e os estabilizadores da luz podem ser usados

para fornecer a cor uniforme na peça, visto que a maioria dos polímeros tem a resistência a

solvente razoável (GRULKE, 1994).

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Tabela 3.2 – Propriedades típicas dos materiais.

Modulo de Elasticidade (E) Resistência (1�*SD 0SD

Aço doce 207 414

Alumínio 69 124

Latão 97 345

Titânio 107 650

Vidro 69 69

Polipropileno 1,1 36

Polietileno de alta densidade 1,1 26

Polietileno de baixa densidade 0,2 14

Material

Fonte: Callister (2000).

Segundo Mano (2000), os materiais de engenharia podem ser distribuídos em duas

grandes divisões: os clássicos (ou convencionais) que são as madeiras, os vidros, as

cerâmicas e os metais; e os não clássicos que são os polímeros sintéticos.

Polímeros sintéticos são produtos químicos obtidos por via sintética que apresentam

longas cadeias, e dentre eles se encontram importantes materiais de engenharia. Os

polímeros industriais sintéticos podem ser utilizados na engenharia, tanto individualmente,

quanto em sistemas mistos (MANO, 2000).

3.3.5 Reciclagem

Em função dos objetivos desta dissertação, foi dada uma maior ênfase a reciclagem

de materiais poliméricos termoplásticos.

A reutilização de materiais plásticos pós-consumo é tema de grande importância

(Figura 3.11), não somente pela sua possível contribuição econômica dentro de um

processo produtivo, como também devido à redução do impacto ambiental gerado pela

quantidade de resíduo produzido pela sociedade (KIPPER, ?).

Segundo Ávila (2003), a geração de resíduos plásticos nas cidades está aumentando

em torno de 25% por ano, enquanto, neste mesmo período, as ampliações dos aterros

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municipais cresceram somente 7,5%. Com isso, estima-se que em 2015 não haverá aterros

disponíveis para estes resíduos. Segundo a Associação Brasileira de Indústria Química

(ABIQUIM), a maior parte das resinas plásticas produzidas em 2002, foram destinadas a

embalagens plásticas que se transformaram em curto prazo em resíduos e com isso, um

grave problema social, como pode ser visto na Figura 3.12. O processo de reciclagem é

uma possível solução para esta questão tão discutida, mas sem solução aparente.

Figura 3.11 – Resíduos de plástico pós-consumo.

14,6%

4,7%

7,7%

8,0%

11,6%

13,7%

39,7%Embalagem

Contrução Civil

Descartáveis

Componentes Técnicos

Agrícolas

Utilidades Domésticas

Outros

Àre

as

Percentual

Figura 3.12 – Destino das resinas plásticas em 2002. Fonte: ABIQUIM.

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É conhecido que, mesmo contando com uma experiência de mais de trinta anos, o

reaproveitamento do plástico no Brasil ainda permanece uma atividade incipiente. Mas a

previsão para o futuro é diferente, a reciclagem de resíduos plásticos deverá se expandir e

despontar como uma atividade amplamente produtiva, visto o potencial altamente rentável

aliado à preocupação e adequação às recentes leis ambientais de geração de resíduos

sólidos. Em comparação com países desenvolvidos, o Brasil já apresenta os fatores

necessários para o investimento em reciclagem, sendo os principais, a falta de aterros, a

reação da população frente a aberturas destes, as leis ambientais e as freqüentes crises de

matéria prima virgem (KIPPER, ?).

A reciclagem / reutilização de materiais plásticos é uma condição essencial para o

gerenciamento do lixo devido ao crescimento deste resíduo evidenciado na cidade de São

Paulo e que podemos ver na Tabela 2.2. Segundo Furtado (2000), o plástico representa um

volume de aproximadamente 19% de todo o lixo urbano (Figura 3.13), seu desvio do aterro

contribuirá significativamente para o melhor aproveitamento dos recursos e conseqüente

melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Percentagem de cada material no lixo brasileiro

49%

24%

1%

3%

4%

19%

Matéria orgânica

Papel

Plástico

Metais

Vidro

Outros

Mat

eria

is

Percentual

Figura 3.13 – Percentual de cada material no lixo brasileiro. Fonte: Guadagnine (2001).

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Tabela 3.3 – Evolução da composição do lixo domiciliar na cidade de São Paulo (dados em %).

1927 1957 1969 1976 1991 1996 1998 2000

Matéria orgânica 82,5 76 52,2 62,7 60,6 55,7 49,5 48,2

Papel 13,4 16,7 19,2 21,4 13,9 16,6 18,8 16,4

Plásticos 1,9 5 11,5 14,3 22,9 16,8

Metais ferrosos 1,7 2,2 5,8 3,9 2,8 2,1 2 2,6

Alumínio 0,1 0,7 0,7 0,9 0,7

Vidros 0,9 1,4 2,6 1,7 1,7 2,3 1,5 1,3

Madeira 2,4 1,6 0,7 1,3 2

Fonte: Tenório (2003).

Embora haja, em certos casos, algumas limitações e restrições para a utilização do

oriundo do lixo urbano (não pode ser usado para embalagens de alimentos, produtos

farmacêuticos e hospitalares e alguns tipos de brinquedos), se adequadamente tratado, esta

matéria-prima pode ser utilizada na fabricação de muitos produtos, mantendo quase que as

mesmas propriedades daqueles feitos com matéria-prima virgem como verificado por

Ávila (2003) e alguns casos com desempenho superiores aos materiais virgens como

observado por Mano (1999). Portanto, o preconceito que ainda existe impedindo um uso

maior desta matéria-prima reside na falta de informação e também na existência de alguns

transformadores que insistem na tese de que a competitividade só é alcançada quando se

tem baixo preço, não importando a qualidade do produto. Deve ser ressaltado que existem

normas técnicas e especificações que devem ser atendidas, não importando se a matéria-

prima é virgem ou reciclada.

O percentual de reciclagem de cada material no lixo brasileiro está exposto na

Figura 3.14, sendo latas de alumínio (87%), papel ondulado (77,3%), pneus (57%), latas de

aço (45%), vidro (44%), papel de escritório (41%), garrafas PET (35%), óleo lubrificante

(23%), plástico rígido (17,5%), plástico filme (17,5%), embalagens longa vida (15%) e

matéria orgânica (1,5%).

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1,5%

17,5%

15%

17,5%

23%

35%

41%

44%

45%

57%

77,3%

87%Latas de alumínio

Papel ondulado

Pneu

Latas de aço

Vidro

Papel de escritório

Garrafas PET

Óleo lubrificante

Plástico filme

Plástico rígido

Embalagens longa vida

Matéria orgânicaM

ate

ria

is

Percentual reciclado

Figura 3.14 – Percentual de reciclagem de cada material no lixo brasileiro. Fonte: CEMPRE (2002).

Tipos de reciclagem

Segundo Bonelli (1993), a reciclagem de plásticos pode ser dividida em quatro

grandes grupos, segundo a fonte de material e a tecnologia empregada no processo:

recuperações primárias, secundárias, terciárias e quaternárias.

A recuperação primária utiliza refugos obtidos no processo de fabricação dos

produtos de plásticos, apresentando grau de contaminação muito reduzido ou inexistente.

Consiste moagem de rebarbas, canais de injeção e sobras de materiais, posteriormente

incorporados, como carga, na matéria-prima virgem.

A primeira fonte de material que pode ser reciclado é, sem dúvida, resíduo do

processo de fabricação, qualquer que seja a tecnologia utilizada na transformação de

plástico, sempre há certa quantidade de material residual. Por outro lado, a maior parte dos

resíduos plásticos se encontra no lixo (ou seja, material pós-consumo) residencial e

estabelecimentos comerciais (MANO, 1991).

A recuperação secundária é caracterizada pelo reaproveitamento de resíduos

plásticos, que são processados e reutilizados, geralmente em produtos de menor exigência

técnica. A performance destes materiais esta intimamente relacionada ao grau de

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contaminação da matéria-prima, à geometria das peças a serem fabricadas e, também, ao

grau de degradação química sofrido pelas cadeias poliméricas desde o descarte dos

produtos plásticos até seu reprocessamento. Os estágios convencionais deste tipo de

recuperação são também conhecidos como reciclagem mecânica e podem ser vistos na

Tabela 3.4.

Tabela 3.4 – Etapas envolvidas na reciclagem mecânica secundária de plásticos pós-consumo segundo Bonelli.

Etapas Descrição

Identificação dos plásticos

PEBD, PEAD, PVC, PP, OS, PET, e outros

Trituração Moagem e lavagem

Secagem

Aglutinação

Extrusão

Granulação

Aditivação

Peletização

Reciclagem Transformação em novo produto

Separação

Regeneração

Pós-tratamento

A recuperação terciária, conhecida como reciclagem química, consiste na

transformação dos polímeros presentes nos refugos plásticos em seus respectivos

monômeros ou oligômeros, através de processos térmicos ou químicos.

A recuperação quaternária, também conhecida de reciclagem energética, consiste

na transformação da energia química de ligação entre os átomos e moléculas dos polímeros

e dos aditivos utilizados na fabricação dos produtos em energia térmica, pela incineração

controlada do material plástico. De acordo com as diferenças de poder calorífico, os

materiais a serem incinerados são classificados de acordo com a quantidade de energia

liberada por massa, como materiais de baixa, média e alta combustão.

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De acordo com Scott (2000), no Brasil a reciclagem mecânica é a mais utilizada. A

reciclagem química é pouco utilizada em nosso país e a reciclagem energética ainda não

faz parte de nossa realidade. A reciclagem mecânica e a química parecem ser as mais

interessantes, pois exigem etapas anteriores ao reprocessamento propriamente dito, etapas

de coleta e separação que podem gerar empregos para nossa população.

Viabilidade econômica

O estudo da viabilidade econômica da reciclagem de plástico é um fator

preponderante quando se quer um processo eficiente. A viabilidade de um processo de

reutilização de plástico é, de modo geral, função da coleta dos resíduos, dos custos da

reciclagem e do preço do produto reciclado. Com isso para se obter um reciclado

economicamente viável e, portanto de alto valor agregado, é de suma importância que, a

operação de reciclagem seja realizada da maneira mais eficiente possível garantindo assim

um produto de qualidade. Como pode ser visto no Gráfico 2.1 os custos de reciclagem no

Brasil vem tendo uma queda considerável o que ajuda no desenvolvimento de novos

núcleos de reciclagem.

Gráfico 3.1 – Evolução da média de custos da coleta seletiva (US$).

*US$1,00=2,95 Fonte: www.cempre.com.br

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De acordo com informações da Associação Brasileira de Embalagens – ABRE

(2003) – o Brasil, mesmo quando comparados com alguns países desenvolvidos, apresenta

elevados índices de reciclagem. Por exemplo, são reciclados hoje no Brasil 21% dos

plásticos rígidos e filmes consumidos no país, equivalendo a 200 mil toneladas ano.

No Brasil, 17,5% dos plásticos rígidos e filmes consumidos retornam a produção

como matéria-prima. Deste total, 60% provêm de resíduos industriais e 40% do lixo

urbano, segundo estimativa da Associação Brasileira de Recicladores de Materiais

Plásticos (ABREMPLAST).

No ano de 1999, foram produzidos cerca de 3,5 milhões de toneladas de resinas

termoplásticas, no Brasil; desse total, mais de 65% foram destinados às indústrias de

embalagens plásticas. Depois de absorvidas pelo mercado consumidor, tais embalagens são

descartadas como resíduo pós-consumo e se tornam um sério problema ambiental, por não

serem biodegradáveis. Esse material, usualmente rejeitado, poderia ser parcialmente

utilizado como matéria-prima para a produção de compósitos termoplásticos (MACIEL,

2003).

As recicladoras compram o kilogramo de resíduo plástico pós-consumo pelo valor

médio de R$0,70 (os preços podem variar em função da região e do tipo de plástico).

Depois de processados vendem os plásticos em três formas: a) moídos, a R$1,10; b)

aglutinados (no caso de filmes), a R$0,90; c) em forma de pellets, a R$1,60 (CORRÊA,

2004). A Figura 3.15 mostra o percentual de resíduos plásticos consumidos pelas empresas

recicladoras nos estados pesquisados.

7,2%

9,2%

9,9%

12,6%

14,9%

15,3%

30,9%PEBD

PP

PET

PEAD

PS

PVC

OUTROS

Tipo

s de

res

íduo

s

Percentual reciclado

Figura 3.15 – Percentual de resíduo plástico consumido pelas empresas recicladoras. Fonte: Corrêa (2004).

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3.4 COMPÓSITOS PLÁSTICOS REFORÇADOS COM FIBRAS

Segundo Callister (2000) e Corrêa (2004), compósitos são materiais resultantes da

mistura ou combinação de dois ou mais constituintes, que se diferem na forma e

composição química e que são essencialmente insolúveis um no outro, com a finalidade de

se obter qualidades superiores aos seus constituintes individualmente. Geralmente um

material é a matriz, que é o meio de transferência da força aplicada, e o outro é o reforço,

que fornece a principal resistência ao esforço.

Segundo Banks (2002), a incorporação de carga mineral em compostos poliméricos

é prática comum, pois além de conferir resistência mecânica, térmica e elétrica, age para

diferenciar propriedades de rigidez, módulos de elasticidade, de temperaturas de deflexão,

resistência ao envelhecimento, tração e influencia ainda na processabilidade do material e

acabamento superficial do produto.

Com o passar dos anos estas cargas minerais, tais como carbonatos de cálcio, talco,

entre outras, encontraram nos materiais poliméricos uma ampla gama de aplicações e,

portanto já podemos encontrar escassez destes recursos, que passaram a serem aplicados,

sobretudo, nas indústrias de tintas e cremes dentais; que faz com que em determinadas

épocas do ano, seu custo ser elevado e a oferta das mesmas diminuídas (KOKTA, 1985 e

BANKS, 2002).

Em contrapartida, novas cargas, podem ser aplicadas com eficiência vindo a suprir

a demanda muito disputada por diferentes mercados. Assim, para aplicações especificas e

diferenciadas, na criação de novos materiais e produtos de diferentes aplicabilidades

podem ser desenvolvidos materiais poliméricos reforçados por meio de finos de madeira,

uma carga orgânica que encontra hoje disponibilidade de recursos (BANKS, 2002).

De acordo com Oksman (1998), o principal motivo de introduzir finos de madeira

em compósitos termoplásticos é a redução de custo por unidade de volume adicionado à

melhoria nas propriedades mecânicas do material.

Este compósito que utiliza fibras vegetais com plástico está se desenvolvendo

rapidamente no mundo todo, por causa de sua versatilidade de uso aliado a sua

durabilidade. Este novo produto se mostra vantajoso por utilizar como matéria-prima

(Figura 3.16) materiais muito acessíveis e, além disso, elimina problemas que estes causam

ao meio ambiente aumentado sua vida útil (KOKTA, 1985, SANADI, 2002 e JOSEPH,

2002).

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Figura 3.16 – Fibras de madeira e bagaço de cana-de-açúcar e plásticos.

De acordo com Marcovich (2002), devido à limitada estabilidade térmica da

madeira, somente termoplásticos que tem ponto de fusão ou que podem ser processados

abaixo de 200°C são utilizados em compósitos de plástico-madeira (CPM). Atualmente a

maioria dos CPM’s são fabricados com polietileno, tanto virgem como reciclados, embora

sejam utilizados também polipropileno, PVC, poliestireno e acrinolitrila-butadieno-

estireno (ABS). O material plástico é sempre selecionado baseado nas propriedades,

necessidades de produção, disponibilidade, custo e familiaridade do fabricante com o

material.

A madeira plástica apresenta vantagens em relação à madeira tradicional ou

compensados de madeira, atualmente utilizados como resistência à umidade, putrefação,

resistência ao ataque de insetos, entre outras. Além disso, o resíduo de madeira é um

reforço barato para a matriz polimérica ajudando a aumentar a dureza do produto

(SANADI, 2002; NASCIMENTO, 2003 e PILZ, 2004).

De acordo com Guadagnine (2001), os compósitos de plástico e madeira têm

vantagens como, a baixa densidade, baixo custo, alta resistência específica e alto módulo

de elasticidade. Para a produção destes compósitos alguns problemas podem ocorrer:

• Incompatibilidade entre as fibras de madeira que são hidrofílicas, e o material

polimérico que apresenta características de hidrofobicidade, causando baixa

dispersão e molhamento superficial inadequado na carga;

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• Dificuldades na homogeneização da mistura entre fibras e plástico na

alimentação da máquina extrusora devido a diferenças de densidades;

• Fraca adesão das fibras com a matriz polimérica, devido à absorção de água na

superfície das fibras de madeira, tornando impossível o molhamento total da

carga;

• Falta de interação química na interface carga-polímero, devido à ausência de

reatividade entre o plástico e as fibras.

• Instabilidade química das fibras de madeira a 200°C, valor próximo às

temperaturas de fusão dos polímeros utilizados;

O autor sugere algumas formas de solucionar estes problemas como medidas de

processo que promovam a rápida dispersão e o molhamento das fibras de madeira no

polímero fundido; modificação da característica polar da superfície da celulose pela

graftização com segmentos termoplásticos compatíveis e monômeros vinílicos; adição de

vários aditivos, monômeros vinílicos e agentes compatibilizantes durante o período de

formulação; modificação da matriz polimérica apolar com monômeros hidrofílicos ou

grupos polares.

A tecnologia de produção dos compósitos termoplásticos utiliza o plástico

polietileno de alta e baixa densidade e o polipropileno, em mistura com partículas e fibras

vegetais, além de agentes compatibilizadores, como matérias-primas principais (KOKTA,

1985).

3.4.1 Aditivos compatibilizantes

Compósitos de plástico reforçados com fibras de madeira são normalmente

produzidos ou pela mistura de fibras de madeira com polímero ou pela adição de fibras de

madeira como agente de reforço na matriz polimérica, pelo processo de prensagem ou

moldagem com alta pressão e temperatura. A maioria dos polímeros, principalmente os

termoplásticos, são apolares (hidrofóbicos), substâncias que não são compatíveis com as

fibras polares da madeira (hidrofílica) (LU et al., 2000).

Agentes de ligação são substâncias que são usadas em pequenas quantidades para

tratar/modificar a superfície da madeira e dos termoplásticos para melhorar a adesão e

afinidade entre eles. Nesse grupo estão incluídos os agentes dispersantes e os

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compatibilizadores. Agentes de união agem como uma ponte de ligação entre polímeros

termoplásticos e as fibras de madeira por um ou mais mecanismos: ligação covalente,

combinações de cadeias poliméricas e interações secundárias como o caso da ligação do

hidrogênio. Compatibilizadores são usados para melhorar a compatibilidade entre

polímeros imiscíveis, reduzindo a tensão interfacial (CORRÊA, 2004).

Alguns compatibilizadores como anidrido acético e o isocianato metil são reagentes

monofuncionais, eles diminuem a energia superficial da fibra transformando-a apolar,

como a matriz termoplástica. Alguns agentes de união como o polipropileno maleatado

(PPMA), estireno-etileno/butileno-estrireno maleatado (SEBS-MA) e anidrido maleico-

estireno (AME), também agem como compatibilizadores. Agentes dispersantes reduzem a

energia interfacial da matriz polimérica e das fibras de madeira, ajudando a dispersão

uniforme da fibra da madeira na matriz polimérica sem aglutinação e, portanto, facilitando

a formação de novas interfaces.

Um dos fabricantes do polipropileno maleatado (PPMA), a Atofina, que produz o

Overac CA100, sugere a utilização na proporção de 1%. Segundo dados técnicos da

empresa, a adição de 1% do PPMA melhora a resistência ao impacto em 80% e resistência

à tração de 40% (ATOFINA – boletim técnico, 2001).

Outro fabricante do polipropileno graftizado (modificado) com anidrido maleico

(PPMA), a Eastman, produz o Epolene E-43 Wax e recomenda a utilização do PPMA de

0,5 a 6 % em compósitos de poliolefinas e fibras de madeira (celulose). De acordo com as

informações técnicas da empresa, o PPMA melhora a resistência à tração e outras

propriedades físicas dos compósitos de poliolefinas-celulose (EASTMAN – boletim

técnico, 1997).

Segundo Costa (1997), a adição de 1% de polipropileno maleatado (PPMA) em um

compósito formado com fibras de madeira (70-85%) e polipropileno (15 a 30%) aumentou

significativamente a resistência à tração, à flexão e o modulo de tração. No entanto, não

houve melhora adicional dessas propriedades quando o teor de PPMA foi aumentado de 1

a 3%. Além de proporcionar uma menor absorção de água, o tratamento das fibras de

madeira com PPMA permitiu uma incorporação eficiente do material na interface

polímero/fibra, formando um compósito reforçado.

Para o autor, a adesão entre dois substratos é um fenômeno complexo que ainda não

foi completamente elucidado. A adesão envolve um grande número de noções e conceitos

que podem variar dependendo da forma como o fenômeno é estudado: em nível

microscópico ou molecular. Nenhuma teoria geral ou modelo de adesão descreve

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completamente o fenômeno. Os modelos mais importantes de adesão podem ser divididos

em mecânicos e adesão específica, em ambos os tipos os requisitos essenciais para uma

boa adesão envolve basicamente: grau adequado de umidecimento da superfície do

substrato pelo adesivo e sua conseqüente penetração nos interstícios da superfície;

solidificação do adesivo e a suficiente flexibilidade da massa polimerizada, a fim de

reduzir os efeitos das tensões elásticas quando submetidas a esforços localizados.

A adesão mecânica é o resultado do entrelaçamento (interlocking) mecânico de

polímeros em poros ou asperezas superficiais de um substrato. A Figura 3.17 mostra os

princípios desta teoria proposta por McBain e desenvolvida mais especificamente para

adesão de madeiras. Essa adesão se caracteriza pela penetração espontânea do adesivo, por

capilaridade, para o interior dos interstícios do substrato tomando seu contorno e

dificultando sua saída após a solidificação do adesivo.

Figura 3.17 – Modelo de adesão. Fonte: Costa (1997).

A adesão especifica engloba, dentre outros modelos, o da difusão, de absorção

termodinâmica e o da adesão química. A teoria da difusão explica a adesão entre polímeros

idênticos quando em perfeito contato, pela interpenetração de cadeias poliméricas nas

camadas superficiais dos substratos. Neste caso é imprescindível que estas superfícies

sejam solúveis e compatíveis, e que as macromoléculas apresentem alta mobilidade a uma

adequada temperatura. De acordo com este modelo, a adesão de duas macromoléculas em

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contato íntimo, resulta na interdifusão iniciada por suas extremidades. Essa interdifusão

permite a formação de uma zona de transição ou interface entre duas superfícies.

A adesão por adsorção termodinâmica é também chamada de modelo de

molhamento. Quando uma gota de líquido é depositada sobre uma superfície sólida polida

e plana, quando em equilíbrio com seu vapor, a gota tende a tomar uma configuração de tal

modo a minimizar a energia do sistema e favorecer interações entre as superfícies do

líquido e do sólido.

A adesão através de ligações químicas se dá por meio de ligações primárias

(iônicas, covalentes, coordenadas e metálicas) e/ou através das forças secundárias

intermoleculares, geradas na região interfacial dos substratos em contato.

3.4.2 Processo de extrusão

Dentre os processos de produção de compósitos plásticos reforçados com fibras

será discutido somente o processo de extrusão voltado à indústria polimérica que é o

objetivo desta dissertação.

Introdução histórica

Segundo Fisher (1964), no desenvolvimento da indústria em torno dos anos 1845-

1850, quando os processos de extrusão foram usados primeiramente em escala industrial

nos Estados Unidos e na Alemanha, aplicado ao látex e isolamento dos condutores de

cobre. O primeiro cabo submarino foi construído com sucesso por extrusão em 1851.

As extrusoras usadas inicialmente e a partir das quais a indústria da extrusão

cresceu, eram todas do tipo de matriz e foram operadas manualmente, mecanicamente, ou

hidraulicamente. Neste processo de extrusão, o látex quente é pressionado aleatoriamente

em uma caixa matriz através da qual o condutor de cobre era guiado. O látex extrudado no

orifício da caixa matriz revestia o condutor com uma camada isolante. Tais máquinas

tinham uma desvantagem por sua operação não ser contínua e tinha que parar em

intervalos regulares para realimentar ou mudar o cilindro. Várias tentativas foram feitas

para superar esta limitação resultando finalmente na adaptação do princípio do parafuso na

extrusão (FISHER, 1964).

De 1845 aproximadamente até o desenvolvimento dos polímeros sintéticos e do

princípio da atual indústria dos plásticos, o processo de extrusão foi confinado à

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57

manipulação do látex, da borracha, do nitrato de celulose. Durante os anos 1920-1930

muitas resinas termoplásticas novas foram desenvolvidas e examinadas do ponto de vista

da extrusão. Nos anos 20 houve o início de um grande número de mudanças importantes na

indústria da extrusão. A extrusão de pequena escala do acetato de celulose atraía a atenção

das empresas tais como os britânicos Xylonite Companhia e Erinoid Ltda. Durante o

mesmo período, na Alemanha, a nova resina de poliestireno era experimentada, devido a

suas propriedades elétricas proeminentes, e as tubulações rígidas de resinas inflexíveis de

vinil estavam sendo fabricado em escala experimental (FISHER, 1964).

Até esta época as máquinas de extrusão usadas para o trabalho experimental e

produção eram operadas por matriz ou do tipo parafuso, diferindo pouco das primeiras

máquinas que foram projetadas para o látex e a borracha e patenteada por Gray em 1879. A

fonte de calor destas máquinas eram a vapor, tal fato mostrou ser um limitador quando se

utilizava os novos polímeros ou parafusos curtos (FISHER, 1964).

Uma das extrusoras de parafuso comercialmente disponíveis que tinha sido

projetada especialmente para materiais termoplásticos foi desenvolvida por Paul Troester,

em 1935. Nesta época Horst Heidrich Berlim produziu sua primeira extrusora para

materiais plásticos e alguns anos mais tarde, 1937-1938, Francis Shaw, nos Estados

Unidos, produziu também tal máquina. Estas máquinas novas foram equipadas com

parafusos mais longos e aquecidas por óleo como meio de transferência ou diretamente por

calefatores de resistência elétrica (FISHER, 1964). A Figura 3.18 mostra um desenho

esquemático.

Figura 3.18 – Desenho de extrusora. Fonte: Faria (2002).

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Conceitos básicos

Fundamentalmente, o processo de extrusão consiste em converter uma matéria-

prima apropriada em um produto de seção transversal específica forçando o material

através de um orifício ou de uma matriz sob condições controladas. A fim de este conceito

simples possa ter o valor prático, existem determinadas exigências que devem ser

satisfeitas a respeito do equipamento e da matéria-prima. O equipamento deve ser capaz de

fornecer a pressão suficiente continuamente e uniformemente ao material, e em alguns

casos devem também ter meios de amolecer ou de outra maneira de condicionar o material

de modo que se torne extrudável. O material deve ser tal que quando acondicionado

apropriadamente fluirá sob pressão e solidificará quando estas condições são removidas ou,

alternativamente, para solidificar em conseqüência de alguma mudança química que pode

continuamente ser causada (FISHER, 1964).

Segundo Fisher (1964), a técnica de extrusão de plásticos podem ser divididas em

três classes: extrusão molhada, extrusão rotativa, e extrusão seca.

• Extrusão molhada: a matéria-prima é acondicionada ou amolecida pela adição

prévia de solventes, de modo que nenhum outro amolecedor adicional, exemplo o

calor, é requerido durante a extrusão. Em alguns casos, este método tem

determinadas vantagens sobre a extrusão seca, onde o amolecimento é obtido pelo

calor e pela pressão. Com um material como o nitrato de celulose, que é altamente

inflamável e perigoso quando superaquecido, é aconselhável para todas as

operações manipulativas ocorrerem em uma condição molhada, em temperaturas

relativamente baixas e com um mínimo de esforço compressivo e de efeito de

atrito. Por outro lado, este tipo de extrusão tem determinadas desvantagens como

uma operação especial é requerida na preparação da matéria-prima e os solventes

usados geralmente são caros; o produto final não pode tornar-se dimensionalmente

estável até a evaporação total dos solventes utilizados; para viabilização de uma

planta de produção é necessária a instalação de uma planta de recuperação de

solvente que é cara.

• Extrusão rotativa: contém um grande número de furos muito finos através do qual

o material sintético filtrado em forma de fibra é forçado pela ação de uma bomba.

Esta extrusão é posicionada geralmente no sentido descendente e os

monofilamentos, que estão inicialmente na forma de jatos finos líquidos,

solidificará em várias maneiras, dependendo da forma requerida do material.

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• Extrusão a seco: neste processo somente o calor é utilizado para amolecer o

material, podendo usar a força da matriz em que o material é separadamente pré-

aquecido para atingir o grau requerido antes de pressionar ou pode ser forçada pela

matriz através de uma câmara de aquecimento especial, como um tipo de máquina

de molde de injeção.

Zonas da extrusora

Na zona 1 tem-se o funil de alimentação da máquina e no fundo tem-se um furo,

aproximadamente do tamanho da entrada da extrusora para a rosca de movimentação. A

zona 2 é uma parte da extrusora que está colocada abaixo do ponto de amolecimento do

plástico, é geralmente resfriada com água. A zona 3 é aquecida e a temperatura dentro da

máquina aumenta da zona 2 para a zona 3. As forças de atrito mudam de sólido seco para

um sólido lubrificado e o material se transforma de uma massa de grãos consistente em

uma camada de plástico derretido. No fim da zona 3, o plástico está começando a agir

como um líquido viscoso e se aproxima da temperatura desejada. Na zona 3, o plástico

comporta-se quase como um líquido viscoso. Ele está sendo homogeneizado e aproxima da

temperatura completamente uniforme. As medidas da temperatura ao longo do parafuso

mostram que em sua ponta o parafuso pode ser aquecido acima da temperatura do

revestimento pelo trabalho de atrito (SIMONDS et al., 1952). A Figura 3.19 mostra um

desenho representativo de uma extrusora típica.

Figura 3.19 – Seção transversal de uma extrusora mostrando as zonas de aquecimento. Fonte: Faria (2002).

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60

Comportamento do material granular

A alimentação do material granular na extrusora pode ser tratada em alguma

extensão como um problema de força de atrito exercida pelo tambor e parafuso, o qual

causa uma crosta de material sólido ao longo do parafuso. Muitos materiais granulares,

flocos, e mesmo pó, são compactados em uma massa consistente logo após a alimentação

até passar pela extremidade do parafuso e nenhum corte ou movimento relativo da camada

ocorre até que a temperatura do material aproxime do ponto de fusão. Então, durante este

estágio inicial, quando o material está sendo aquecido em uma massa consistente, a lei

clássica de atrito pode ser aplicada ao movimento da massa e a relação obtida fornece a

pressão em algum ponto ao longo do parafuso e mostra o efeito do perfil da rosca no

mecanismo (FISHER, 1964).

O movimento do material na extremidade da alimentação de uma extrusora pode

ser tratado de uma maneira similar. Considerando as velocidades relativas do material, da

superfície do parafuso e da superfície do tambor, uma relação pode ser estabelecida entre a

saída, a velocidade do parafuso e o perfil da rosca. Fisher (1964) propõe a seguinte

expressão:

4� ��'1ZK�VHQN�FRVN�– tg . ) (3.3)

onde Q é a vazão na saída, D é o diâmetro do parafuso, N é a relação Rev/min do parafuso,

w é o avanço, h é a profundidade da rosca, N é o ângulo da hélice da rosca e . é o ângulo

entre o vetor velocidade do material e a normal ao vetor relativo da velocidade como

mostrado na Figura 3.20.

Figura 3.20 – Triângulo das velocidades. Fonte: Faria (2002).

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Exigências de calor e potência

Uma das principais funções de uma extrusora de plásticos é elevar a temperatura do

material que está sendo alimentado, em geral à temperatura ambiente, até a temperatura na

qual o material possa fluir e ser, adequadamente trabalhado para adquirir a forma desejada.

É, portanto, necessário fornecer a energia térmica ao material em uma taxa que produza as

temperaturas necessárias para esta operação. Além da energia necessária para aquecer o

material, uma potência deve ser fornecida ao parafuso para girá-lo de encontro às

resistências de atrito e viscosidade do material na hélice do parafuso (FISHER, 1964).

A resistência elétrica de indução é o método mais usado para fornecer a energia

térmica ao material plástico por condução, o parafuso é conduzido por um motor elétrico

ou por um motor hidráulico. Ambos os mecanismos de energia estão intimamente

relacionados, visto que, uma alteração na taxa de um produzirá uma mudança no outro, por

exemplo, o aumento na temperatura do material plástico diminui a energia requerida para

girar o parafuso.

Tempo de residência

Para se aumentar a vazão em uma máquina com um dado diâmetro de parafuso é

necessário aumentar a velocidade de rotação do parafuso, como conseqüência, pode ser

necessário aumentar também o comprimento do parafuso para se obter um tempo mínimo

de residência para o material alcançar a homogeneização completa. Tal fato tem como

conseqüência, a potência requerida e o torque. O tempo de residência pode ser calculado a

partir da equação (3.4) (FISHER, 1964).

TR = Vs /Q (3.4)

onde R é o tempo de residência, Vs é o volume total de material de saída e Q é a vazão.

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62

3.4.3 Visita Técnica

Na complementação da revisão bibliográfica foi realizada uma visita técnica em

uma das poucas unidades que produzem o compósito termoplástico em escala industrial da

chamada Madeira Plástica que, segundo Nascimento (2000), é um nome comercial de um

tipo de material que pode ser basicamente classificado por blenda de resíduos plásticos e

que visa ser manuseada e empregada como se fosse madeira. Embora sua produção seja

disseminada por diversos países, no Brasil sua produção é quase desconhecida.

A Fazenda da Esperança está situada na cidade paulista de Guaratinguetá, possui

um sistema de produção desta madeira plástica pelo processo de extrusão através de uma

extrusora que é fruto de uma doação do governo alemão à instituição Obra Social Nossa

Senhora da Glória que trata recuperação de dependentes de drogas. Nesta instalação,

mostrada na Figuras 3.21, 3.22 e 3.23, que passou a funcionar em 1996, resíduos plásticos

de coleta seletiva e origem industrial foram testados para obter um bom produto a partir de

uma oferta de resíduos de uma região específica do Brasil em um processo importado sem

nenhum tipo de adaptação.

Figura 3.21 – Fotos da extrusora de madeira plástica

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O processo de produção empregado apresenta características diferenciadas das

características dos processos normais de reciclagem usados, uma das mais importantes é a

eliminação da limpeza prévia dos resíduos, uma etapa que representa considerável

consumo de energia e gera efluentes contaminados, que por si constituem outra fonte de

problemas ambientais; os resíduos recolhidos são fragmentados ou floculados e estocados

em silos; posteriormente são dosados em proporções adequadas, quando então são

misturados, fundidos e moldados em peças com cerca de três metros de comprimento, com

geometria transversal dependente do molde empregado, que é variado, embora apresente

sempre um limite dimensional inferior de quatro centímetros.

Figura 3.22 – Processo de corte da madeira plástica que é igual da madeira tradicional.

Os resíduos normalmente utilizados nesta planta são poliestireno de copos de

iogurte descartados na produção, acrilonitrila-butadieno-estireno (ABS) oriundo de pára-

choques e painéis de automóveis, polietileno de alta e baixa densidade e polipropileno de

embalagens.

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Figura 3.23 – Mesa e bancos fabricados em madeira plástica.

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65

CAPÍTULO IV

MATERIAIS E MÉTODOS

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66

A Figura 4.1 mostra, de forma simplificada, as etapas realizadas:

([WUXVmR

6HFDJHP 1mR�VHFDJHP

6HOHomR�GRV�PDWHULDLV

'HOLQHDPHQWR�H[SHULPHQWDO

6HFDJHP

3HVDJHP�H�GRVDJHP

&DUDFWHUL]DomR�WpUPLFD

3UHQVDJHP

3UHSDUDomR�GRV�&3V

&DUDFWHUL]DomR�ItVLFD

$1È/,6(�'26�5(68/7$'26

&DUDFWHUL]DomR�PRUIROyJLFD

Figura 4.1 – Etapas dos Experimentos.

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4.1 Seleção dos materiais

Seleção do termoplástico

Segundo Faria (2002), o problema de reciclagem dos materiais poliméricos ainda

não é resolvida em nível satisfatório, sendo que apenas 30% dos polímeros descartados são

reciclados. Uma maneira razoável de tratar o descarte de tais produtos poliméricos como

poliolefinas (PEAD, PEBD e PP) é a reciclagem do material. Os resíduos poliméricos

industriais são relativamente fáceis de reciclar porque a contaminação geralmente é

insignificante. Todavia os resíduos plásticos domiciliares descartados são complicados de

se reprocessar, devido seu alto grau de contaminação.

Para definição dos termoplásticos reciclados, fez-se uma pesquisa no contexto

nacional, levando-se em conta a quantidade de plástico presente no lixo, através da coleta

seletiva e no lixo urbano.

Para a seleção dos termoplásticos utilizaram-se basicamente três critérios:

1) O que representa a maior quantidade no lixo urbano;

2) O que tem ponto de fusão abaixo de 200ºC, sendo que acima desta temperatura

há uma instabilidade química das fibras de madeira segundo Marcovich (2002);

3) O polímero com alto peso molecular para facilitar a movimentação do material

fundido na extrusão segundo English et al. (1996).

Entre os termoplásticos mais consumidos, de acordo com informações citadas

(Figura 4.2), e que agrega os critérios utilizados na escolha, está o polietileno de alta

densidade (PEAD). A Tabela 4.1 mostra algumas características deste polímero escolhido

para este trabalho. De acordo com Yam et al. (1990), as propriedades mecânicas do PEAD

reciclados são equivalentes às propriedades do material virgem tendo a vantagem de custar

em média metade do valor do material virgem.

Vários estudos, Clemons (2002), Rizvi (2002), Pendleton (2002), Oksman (1998) e

Kokta (1985), confirmam que o PEAD constitui um termoplástico com boas propriedades

para o compósito com fibras vegetais, principalmente usando o processo de extrusão.

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68

7,2%

9,2%

9,9%

12,6%

14,9%

15,3%

30,9%PEBD

PP

PET

PEAD

OS

PVC

Outros

Tip

os d

e re

sídu

os

Percentual reciclado

Figura 4.2 – Consumo de resíduo plástico pelas recicladoras. Fonte: Corrêa (2004).

Tabela 4.1 – Propriedades do PEAD utilizado na confecção de embalagens.

Ponto de Fusão (ºC) 130

Temperatura de Transição Vítrea (ºC) -75,4

Temperatura de Processamento Máxima (ºC) 210

Condutividade Térmica (W/m.K) 0,37

Densidade Média (g/cm3) 0,96

Limite de Resistência à Tração (MPa) 16,8

Tensão de Escoamento sob Tração (MPa) 24,9

Tensão de Escoamento sob Compressão (MPa) 21,3

Módulo de Elasticidade para Tração (MPa) 880

Resistência ao Impacto "Izod" com entalhe (J/m) 200

Propriedades Valor

Fonte: Faria (2002).

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Seleção do aditivo compatibilizador

O aditivo compatibilizador da matriz polimérica com as fibras foi fornecido pela

Eastman Chemical Company, com denominação comercial de Epolene E – 43 Wax na

forma de pastilhas, com as características demonstradas na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Características do aditivo utilizado.

Propriedades físicas Epolene E - 43 Wax

Poliolefina PP

MN 3,900

Mw 9,100

Ponto de amolecimento e fusão, ºC 157

Densidade 0.934 Fonte: EASTMAN

Seleção das fibras vegetais

A proposta para o desenvolvimento do compósito é utilizar os resíduos de madeira,

que atualmente são utilizados para a queima, como forma de geração de energia ou

utilizados para forração de pisos em granjas haras ou simplesmente para a queima a céu

aberto.

Segundo levantamento feito por Corrêa (2004), que pode ser visto na Figura 4.3, no

pólo moveleiro de Ubá, que é uma região representativa no Brasil de produção de móveis e

com isso consumidora de madeira em potencial, os resíduos de Pinus são em maior

quantidade de madeira sólida utilizada e, portanto tem uma maior porcentagem de resíduos

gerados.

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70

9,2

9,6

13,8

17,0

39,6

46,9

51,0

54,0

103,4

171,5Aglomerado cru

MDF cru

Aglomerado BP

Pinus

Aglomerado FF

Eucalipto

Louro vermelho

Pau-peixe

Caixeta

EmbiremaT

ipo

de r

esíd

uo

Quantidade em tonelada

Tipos e quantidades de resíduos gerados mensalmente no pólo moveleiro de Ubá - MG

Figura 4.3 – Tipos e quantidades de resíduos gerados mensalmente no pólo moveleiro de Ubá/MG. Fonte: Corrêa (2004).

Estudos realizados por Clemons (2002), Oksman (2002) e Krzysik (1991),

pesquisaram madeira sólida de Pinus elliotti com uma granulometria que varia de 40 a 100

mesh. Neste trabalho foram utilizadas fibras vegetais de Pinus elliotti que tem densidade

aproximadamente de 0,48g/cm3. Foram fornecidas pela Pinhopó Moagem de Madeiras

Ltda, com a granulometria mostrada na Figura 4.4.

15,1%

35,9%

27,7%

12,7%

5,7%2,9%

590 420 250 180 > 150 < 150

Po

rcen

tag

em

reti

da e

m p

eso

Dimensão (µm)

Figura 4.4 – Características da fibra de madeira utilizada.

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Decidimos também pela utilização de um tipo de fibra típica brasileira, o bagaço de

cana-de-açúcar por sua grande quantidade de resíduos gerados na produção de açúcar e

álcool para combustíveis em larga escala. As fibras de bagaço de cana-de-açúcar utilizadas

neste trabalho foram fornecidas pela Edra Eco Sistemas Ltda, especializada em fibras de

bagaço de cana-de-açúcar, com a granulometria mostrada na Figura 4.5.

37,2%

27,3% 27,9%

4,2% 3,1%

> 850 > 500 > 250 > 180 < 180

Po

rcen

tag

em

reti

da e

m p

eso

Dimensão (µm)

Figura 4.5 – Características da fibra de bagaço utilizada.

4.2 Caracterização térmica

A estabilidade térmica das amostras de PEAD, PPMA e fibras vegetais foram

avaliadas através de análise termogravimétrica feita em um equipamento da marca

Universal V3.9A TA Instrument modelo SDT 2960 simultaneos DTA-TGA sob atmosfera

de nitrogênio e utilizando uma velocidade de aquecimento de 20ºC/min.

4.3 Delineamento experimental

Para verificar a modificação causada pelas fibras vegetais na matriz polimérica,

assim como, para analisar o efeito do agente compatibilizante o PPMA nesta matriz,

definiu-se quais seriam as misturas, porcentagem de fibras de madeira, bagaço de cana,

termoplásticos e agentes compatibilizante a serem incluídos no delineamento experimental.

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72

Para o delineamento mostrado na Tabela 4.3, nove misturas com trinta e seis

repetições, que foram combinados um tipo de termoplástico em seis níveis, a 69, 70, 74,

84, 85 e 100% em peso, um tipo de fibra de madeira em três níveis, sendo 15, 25, e 30%

em peso; um tipo de fibra de bagaço de cana em dois níveis, sendo 15 e 25% em peso e um

tipo de agente compatibilizante em dois níveis, 0 e 1% em peso (Figura 4.6).

Tabela 4.3 – Combinações utilizadas para confecção dos corpos de prova.

% Bagaço de cana

1 100 0 0 0

2 85 15 0 0

3 84 15 0 1

4 74 25 0 1

5 70 30 0 0

6 69 30 0 1

7 85 0 15 0

8 84 0 15 1

9 74 0 25 1

% CompatibilizanteMisturas % Plásticos % Madeira

Figura 4.6 – Mostra as imagens das partículas de termoplásticos, o agente compatibilizante e as fibras vegetais utilizadas nos experimentos.

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73

4.4 Secagem

O processo de secagem foi realizado nas fibras vegetais com o objetivo de reduzir a

umidade, sendo que estes materiais se comportam de forma hidrofílica, como foi dito

anteriormente, prejudicando a compatibilidade entre matriz/fibra. A retirada da umidade

foi feita em estufa no Laboratório de Tecnologia em Polímeros (LTPOL) na Universidade

de Caxias do Sul (UCS) com temperatura de 105ºC durante um tempo mínimo de 24 horas.

4.5 Pesagem e dosagem

O material foi pesado em uma balança de capacidade de 6 Kg no LTPOL, de

acordo com delineamento experimental e então misturados manualmente de forma mais

homogênea possível.

4.6 Extrusão

O objetivo da extrusão das misturas é a homogeneização das mesmas para que, ao

confeccionar os corpos de prova, obtenhamos estes os mais homogêneos possíveis. A

temperatura de extrusão foi determinada considerando análise termogravimétrica realizada,

onde procuramos trabalhar abaixo da temperatura de degradação dos constituintes, sendo

assim a temperatura de extrusão máxima foi limitada em 180ºC. Esta etapa foi realizada no

LTPOL.

Na saída da extrusora tem-se um “pellet” que é mergulhado em um compartimento

de refrigeração e em seguida é picotado em uma picotadeira elétrica. Para este processo foi

utilizada uma extrusora monorosca da marca Seibt modelo ES35F-R que possui três zonas

de aquecimento e matriz. A Figura 4.7 mostra um desenho esquemático identificando as

zonas de aquecimento e a matriz enquanto a Figura 4.8 é uma ilustração da extrusora

utilizada no estudo. As temperaturas de trabalho foram fixadas levando-se em conta as

temperaturas de fusão dos constituintes, a Tabela 4.4 exibe os valores adotados para cada

posição. A velocidade de rotação do parafuso foi mantida constante para este trabalho em

52 RPM.

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74

Figura 4.7 – Desenho esquemático das zonas de aquecimento da extrusora utilizada.

Figura 4.8 – Extrusora utilizada na obtenção dos pellets.

Tabela 4.4 – Valores de temperatura (ºC) escolhidos para cada posição da extrusora.

Zona 1 Zona 2 Zona 3 Matriz

160 170 180 180

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75

4.7 Secagem

Antes do processo de prensagem houve a necessidade de fazer uma nova etapa de

secagem nos pellets contendo fibras vegetais com o objetivo de tentar reduzir a umidade,

pelo mesmo processo realizado na secagem anterior. O pellet contendo somente de

polímero reciclado não houve necessidade deste processo devido sua natureza hidrofóbica.

4.8 Prensagem

A prensagem dos corpos de prova foi realizada no Laboratório de Materiais

Poliméricos (LAMP) no Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB II) da

Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Para a prensagem dos corpos de prova utilizou-se uma prensa hidráulica

MARCONI modelo MA 095 como visto na Figura 4.9, com aquecimento elétrico e ajuste

independente de temperatura das partes inferior e posterior e controle de pressão aplicada.

Os valores de força, tempo de aquecimento e massa a serem utilizados foram

obtidos através de ensaios preliminares. A determinação da carga de prensagem foi

realizada tomando-se como base a obtenção de um corpo de prova onde à adesão

permitisse a formação de uma superfície com menor índice de porosidade possível.

Experimentalmente, observou-se que para uma carga de 6 toneladas conseguia-se um grau

de porosidade aceitável.

A massa utilizada foi obtida através dos cálculos do volume ocupado pelos corpos

de prova no molde estabelecidos pelas normas ASTM. O tempo de aquecimento e a

temperatura foram determinados de forma a permitir a adesão matriz/reforço sem que

houvesse a degradação físico-química dos constituintes. Os ciclos de prensagem foram de

40 minutos e com uma temperatura de 135ºC, como pode ser visualizado na Tabela 4.5.

Tabela 4.5 – Parâmetros da prensagem.

Força (KN) Temperatura (ºC) Ciclo de prensagem (min.)

60 135 20

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76

Figura 4.9 – Prensa utilizada na confecção dos corpos de prova.

Etapas da prensagem:

1. Pesa-se a massa a ser utilizada no molde;

2. Coloca-se dentro do molde espalhando-a de forma homogênea;

3. Fecha-se o molde com a parte superior;

4. Posiciona-se o molde na prensa;

5. Liga-se o controlador de temperatura programável;

6. Ajusta-se a temperatura estabelecida;

7. Aplica-se a pressão estabelecida;

8. Controla-se o tempo estabelecido;

9. Após o tempo estabelecido é desligado o sistema elétrico de aquecimento;

10. Retira-se o molde da prensa;

11. O molde é resfriado a temperatura ambiente;

12. Depois de resfriado é retirado o CP do molde;

13. Terminado o processo o CP é numerado e guardado.

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77

4.9 Preparação dos corpos de prova

Os corpos de prova foram confeccionados de acordo com as normas ASTM D 638

(1997), D 790 (1997), ASTM D 792 (1991) e D 256 (1993a) que são as normas

estabelecidas para os ensaios mecânicos de tração, flexão, densidade e impacto

consecutivamente.

4.10 Caracterização física

Os testes físico-mecânicos realizados foram:

3.10.1 Densidade

3.10.2 Resistência à tração;

3.10.3 Resistência à flexão estática;

3.10.4 Resistência ao impacto.

4.10.1 Densidade

Foram utilizados 10 corpos de prova de seção retangular obtidos pelo processo de

prensagem como estabelece a norma ASTM D 792 (1991). Estes ensaios foram realizados

no Laboratório de Testes Físicos Robert Hooke localizado na Fundação Centro

Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), em uma balança analítica Mettler.

4.10.2 Resistência à tração

Foram utilizados 10 corpos de prova do tipo M–V obtidos pelo processo de

prensagem, sendo que foram considerados apenas 5 como estabelece a norma ASTM D

638 (1997) adaptada. Estes ensaios foram realizados no Laboratório de Testes Físicos

Robert Hooke localizado no CETEC, em uma Máquina Universal de Ensaios Instron

modelo 5869 com transferência de força de 5KN. A velocidade de separação das garras

usadas foi de 50mm/min.

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4.10.3 Resistência à flexão estática

Foram utilizados 10 corpos de prova de seção retangular obtidos pelo processo de

prensagem como estabelece a norma ASTM D 790 (1997) adaptada para ensaios com 3

pontos de apoio. Estes ensaios foram realizados no Laboratório de Testes Físicos Robert

Hooke localizado no CETEC, em uma Máquina Universal de Ensaios Instron modelo 5869

com transferência de força de 5KN. A velocidade de separação das garras usadas foi de

16mm/min.

4.10.4 Resistência ao impacto.

Segundo Guadagnini (2001), quando as diferenças entre as resistências ao impacto

forem reconhecidamente grandes, é indicado o método Izod devido a maior amplitude na

captação de resultados, enquanto que para visualização de pequenas variações para esta

característica, o método Charpy é o mais indicado, pois consegue captar menores

amplitudes de valores.

Foram utilizados entre 7 e 9 corpos de prova com entallhe obtidos pelo processo de

prensagem, sendo que a norma utilizada ASTM D 256 (1993a) especifica no mínimo de 5

amostras. Estes ensaios foram realizados no Laboratório de Testes Físicos do

Departamento de Engenharia Metalúrgica (DEMET) na Escola de Minas da UFOP em

máquina de ensaios de resistência ao impacto pelo método Charpy em equipamento Alfred

J. Amsler & Co, com capacidade de 100cmkg.

4.11 Caracterização morfológica

Os estudos morfológicos foram realizados por análise micro-estrutural em amostras

fraturadas nos ensaios de tração e nas fibras vegetais, todas as amostras foram coladas em

porta-amostras de alumínio, pintadas com tinta prata e revestidas com uma fina camada de

carbono.preparadas no MICROLAB/DEGEO com o recobrimento de carbono na

Evaporadora de Carbono Modelo JEOL JEE-4C. Logo depois da preparação as amostras

foram observadas em microscópio eletrônico de varredura (MEV) modelo JEOL 5510,

onde foram feitas micrografias e análises de EDS, utilizando modo de contraste emissivo

(elétrons secundários) e voltagem de aceleração de 20kV.

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CAPÍTULO V

RESULTADOS E DISCUSSÕES

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5.1 Caracterização térmica

Foram realizadas, como forma de caracterização térmica, análises

termogravimétricas dos materiais utilizados no processamento deste compósito (Figura

5.1). Estas análises serviram de parâmetros para controle do perfil térmico no processo de

produção deste novo material.

Pode-se observar que pelo perfil térmico do PEAD, que mesmo sendo um material

reciclado, com isso esperava-se que poderia ter impurezas incorporadas que influenciaria

no perfil térmico, isso não ficou demonstrado no ensaio. Verificamos que o perfil térmico

do PEAD é bastante característico, tendo como ponto de processamento máximo

aproximadamente 200ºC sem que haja perda de massa. O agente compatibilizante

utilizado, o PPMA, que aos 200ºC, constata-se uma perda em massa de 5% do material.

A análise feita da fibra de madeira observou-se que ocorre uma redução de

aproximadamente 8% em massa à temperatura entre 71 a 110ºC, que se estende até 190ºC,

onde ocorre perda gradual de massa até sua deteriorização. Esta perda constatada

possivelmente se refere à perda da água residual existente no interior da fibra.

A fibra de bagaço de cana tem uma estabilidade térmica até aproximadamente

200ºC depois deste período inicia uma queda brusca com a quebra das ligações celulósicas,

causando sua degradação, porém mantendo uma porcentagem de resíduo de

aproximadamente 30%.

O material denominado, na Figura 5.1, como madeira plástica é uma análise que foi

realizada de um material granular desenvolvido pela empresa Plasnew, que pode ser

utilizado, segundo a empresa, diretamente em qualquer extrusora. Esta análise foi feita

para usarmos como referencia na caracterização prévia de um material semelhante ao que

seria estudado. Sendo que até 200ºC, observa-se uma perda muito pequena de

aproximadamente 2%, que pode ser explicado pela esterilização da fibra pela matriz

polimérica.

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Figura 5.1 – Análise termogravimétrica dos materiais utilizados no processamento para obtenção deste novo compósito.

5.2 Caracterização física

5.2.1 Densidade geométrica

Avaliando os resultados apresentados na Tabela 5.1 e na Figura 5.2, pode-se

concluir que a adição de fibras vegetais na matriz polimérica aumenta a densidade

aparente, proporcionalmente à adição, sendo assim, podemos afirmar que esta propriedade

do compósito é função da adição de fibras.

Estudos de Caraschi (2002) confirmam estes resultados encontrados, demonstrando

que a densidade aparente é função da adição de fibras vegetais em compósitos

lignocelulosicos. Porém este aumento é muito menor comparado ao de compósitos

termoplásticos reforçados com cargas minerais. A incorporação de 40% em peso de fibra

de bagaço em uma matriz de polipropileno resulta em uma densidade aparente de

aproximadamente 1,0g/cm3, enquanto esta mesma proporção adicionando talco é obtido

1,20g/cm3, causando um aumento de 20% na densidade do compósito.

Yam et al. (1990), incorporou até 60% em peso de fibras de madeira em compósito

utilizando PEAD reciclado usando processo de extrusão. Neste caso, também houve

PPMA

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aumento da densidade do compósito em função do aumento da porcentagem de fibra,

exibindo um valor de 1,20g/cm3 para a incorporação máxima de 60% de fibra em peso.

Portanto, este comportamento deverá influenciar em outras propriedades analisadas

neste estudo, visto que, o aumento da densidade deverá influenciar na dispersão das fibras,

na resistência ao impacto, entre outras características do compósito.

Tabela 5.1 – Influência da adição de fibra vegetal, tipo de fibras e PPMA na densidade geométrica do compósito produzido.

0 15 25 30

(g/cm3) 0,88 0,94 - 0,98

(%relativa) 100 107 - 111

(g/cm3) - 0,94 0,96 0,98

(%relativa) - 107 109 111

(g/cm3) 0,88 0,92 - -

(%relativa) 100 105 - -

(g/cm3) - 0,92 0,93 -

(%relativa) - 105 106 -

Densidade (g/cm3)(ASTM D 792)

% fibra em pesoUnidadeMatriz

Bagaço

PEAD

Tipo de fibra

-

c/aditivo

Pinus

-

c/aditivo

0,84

0,88

0,92

0,96

1

0 5 10 15 20 25 30 35

Porcentagem de fibra (em peso)

De

ns

ida

de (

g/c

m3)

Madeira

Bagaço

Figura 5.2 – Influência da incorporação de fibras na densidade relativa do compósito produzido.

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83

5.2.2 Resistência à tração

Os resultados de resistência à tração dos compósitos estudados estão mostrados na

Tabela 5.2, onde houve variação do tipo e da porcentagem de fibra vegetal utilizada.

Tabela 5.2 – Influência da adição e do tipo de fibra vegetal e PPMA na resistência à tração do compósito produzido.

0 15 25 30

(MPa) 24,1 15,2 - 12,4

(%relativa) 100 63 - 51

(MPa) - 18,3 15,2 14,2

(%relativa) - 76 62 59

(MPa) 24,1 11,4 - -

(%relativa) 100 47 - -

(MPa) - 13,2 11,6 -

(%relativa) - 55 48 -

Resistência a tração (Mpa)(ASTM D 638)

% fibra em pesoUnidadeMatriz

Bagaço

PEAD

Tipo de fibra

-

c/aditivo

Pinus

-

c/aditivo

Podemos observar que a incorporação de fibras vegetais na matriz polimérica reduz

sua resistência à tração no ponto de ruptura, independente da adição de PPMA, como pode

ser visto na Figura 5.3. Quanto maior a porcentagem em peso de fibras incorporadas na

matriz polimérica menor é o valor da resistência à tração encontrado, comparado com a

mistura contendo somente termoplástico.

Segundo Yam et al. (1990), a resistência à tração de compósitos de poliolefina

reforçados com fibras de madeira diminui com a adição de fibras, enquanto alguns estudos

exibem o contrário. Esta discrepância pode ser atribuída a diferentes tipos de fibras,

processos de tratamentos e técnicas de produção utilizadas.

Caraschi (2002) em seu estudo com polipropileno e fibra de bagaço observa a perda

da resistência a tração em função da adição de fibra e conclui que este comportamento é

resultante da falta de afinidade química do termoplástico com a fibra de bagaço, além da

alta cristalinidade e peso molecular da celulose que contribuem para a fraca adesão entre as

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duas fases, sendo necessário um tratamento na fibra para melhorar esta afinidade química

entre os constituintes.

10

14

18

22

26

0 5 10 15 20 25 30 35

Porcentagem de fibra (em peso)

Te

nsã

o n

a r

up

tura

(M

Pa

)

Madeira

Bagaço

Figura 5.3 – Influência do tipo de fibra na resistência à tração com adição de agente compatibilizante no compósito produzido.

Estudos de Vianna et al. (2004) afirmam que a incorporação de fibras vegetais em

compósitos de matriz termoplástica diminui drasticamente a tenacidade, que é a capacidade

do material absorver energia deformacional, podendo ser avaliada através de ensaios de

tração e impacto. De maneira geral, independente do tipo de matriz termoplástica, a adição

de resíduo de madeira a termoplásticos tende a reduzir a porcentagem de deformação na

ruptura, sendo observados em outros sistemas relacionados na literatura: polipropileno com

40% de resíduos de madeira (CORREA, 2003) e polipropileno de alto impacto reciclado

com 30%de farinha de madeira Pinus elliotti (DESIDERÁ, 2002).

A redução nos valores de tração no ponto de ruptura corrobora para confirmação

destes estudos citados, sendo que esta diminuição é função da redução da tenacidade do

material com o aumento da concentração de esforços. A adição de 15 % em peso fibras de

madeira causou uma redução de 37% na resistência à tração, enquanto a adição da mesma

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porcentagem de fibra de bagaço de cana causou uma redução de 53 % comparados com o

PEAD reciclado sem adição de fibras.

A diferença entre as perdas nesta propriedade pode ser explicada, entre outros

fatores, segundo Okino et al. (1997) pela granulometria das fibras que são determinantes

para esta propriedade. A fibra de bagaço tem uma dimensão maior (65% em peso entre 500

e 850µm) do que as fibras de madeira (64% em peso entre 250 e 400µm), com isso, ocorre

a perda na interação entre fibra/matriz, em função da menor reatividade.

Wall (1987) apud Yam et al. (1990) afirma que fibras de menores dimensões

produzem maior resistência mecânica, nestes casos, devido a melhora na dispersão com

tendência a melhor interação entre fibra/matriz.

Nos resultados encontrados conclui-se que ocorreu uma maior interação entre

fibra/matriz nas fibras de madeira, adicionado a densificação destas fibras por área e que

poderá ser confirmada com a caracterização morfológica.

Os compósitos que receberam adição de PPMA, misturas 3, 6 e 8, obtiveram um

aumento da resistência a tração em relação aos sem aditivo, como pode ser visto na Figura

5.4. Esta mistura contendo de 15% de fibra de madeira apresentou aumento de

aproximadamente 20% na resistência à tração enquanto misturas com bagaço este aumento

foi de aproximadamente 16%.

1 2 ,41 4 ,2

1 5 ,2

1 8 ,3

15 30

P orce nta ge m (e m pe so)

Re

sist

ên

cia

a t

raç

ão

S e m ad itivo C o m ad itivo

Figura 5.4 – Influência da adição de PPMA na resistência à tração do compósito produzido.

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86

O aumento de resistência à tração observados nas amostras com adição de

compatibilizante indica uma melhor transferência de tensão da matriz para o esforço

celulósico na interface, decorrente provavelmente do mecanismo de ancoramento

mecânico ou de interações químicas de grupos orgânicos da celulose na interface

fibra/matriz.

As Figuras 5.5 e 5.6 ilustram o ensaio de tração realizado e os corpos de prova

utilizados na análise desta propriedade.

Figuras 5.5 – Ensaios de tração.

Figuras 5.6 – Corpos de prova utilizados.

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87

5.2.3 Resistência à flexão estática

Resistência à flexão estática é a resistência que o corpo de prova, apoiado entre dois

suportes, oferece quando sujeito a uma força aplicada a seu centro até a sua ruptura. O

módulo de ruptura (MOR) e o módulo de elasticidade (MOE) são os dois parâmetros

normalmente determinados nos ensaios de flexão estática.

Os valores da Tabela 5.3 exibem os resultados determinados no ensaio de flexão

estática no módulo de ruptura, onde houve a variação do tipo e da porcentagem em peso de

fibra empregado na matriz polimérica e a presença ou ausência de agente compatibilizante.

A incorporação de fibras na matriz polimérica causou um decréscimo na resistência

à flexão estática comparando com resultados encontrados para mistura constituída somente

polímeros, todavia se considerarmos, somente o compósito como referência, veremos um

aumento proporcional ao aumento da porcentagem em peso de fibra.

Este comportamento pode ser explicado, entre outros fatores, pelo aumento de

densidade do compósito com a adição de fibras provocando uma transição no material de

dúctil para frágil. Segundo Kelly (1977), uma das variáveis que podemos destacar com

maior influência na resistência a flexão estática são a orientação das fibras juntamente com

a densidade.

Tabela 5.3 – Influência da adição e do tipo de fibra vegetal e PPMA na resistência à flexão.

0 15 25 30

(MPa) 26,5 21,4 - 23,6

(%relativa) 100 81 - 89

(MPa) - 21,2 23,2 24,3

(%relativa) - 80 88 92

(MPa) 26,5 19,8 - -

(%relativa) 100 75 - -

(MPa) - 22,1 20,2 -

(%relativa) - 83 76 -

Matriz

Bagaço

PEAD

Tipo de fibra

-

c/aditivo

Pinus

-

c/aditivo

Resistência a flexão (Mpa)(ASTM D 790)

% fibra em pesoUnidade

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Considerando somente as misturas compósitas, a composição com 25% de fibra de

madeira apresentou um aumento de 9% em relação ao compósito inicial com 15%, ou seja,

na incorporação de 10% de fibra houve o aumento de 9% na resistência a flexão, enquanto

na adição de 30% de fibra houve acréscimo de 15% nesta propriedade. De acordo com

estes resultados, os compósitos apresentaram uma função proporcional linearmente de

porcentagem de fibra por aumento na resistência a flexão. Este comportamento pode ser

comparado ao comportamento da densidade relativa, com isso, confirmamos que, a

resistência à flexão no ponto de ruptura (MOR) tem influência direta da densidade no

comportamento mecânico deste material.

A adição de agente compatibilizante não apresentou diferença relevante em

comparação com os compósitos sem aditivo, este comportamento também pode ser

observado pela irrelevância do tipo de fibra empregado na resistência do compósito,

confirmando alguns estudos encontrados na literatura que revelam que a adição de agente

compatibilizante não melhora de forma significativa às propriedades de flexão. Estes

resultados podem ser visualizados na Figura 5.7, que demonstra a influência da fibra de

madeira, assim como, à adição de agente compatibilizante na resistência a flexão do

compósito.

20

22

24

26

28

30

10 15 20 25 30 35

Porcentagem de fibra (em peso)

Res

istê

ncia

a fl

exão

na

rupt

ura

(MP

a) Sem aditivo

Com aditivo

Figura 5.7 – Influência do PPMA na fibra de madeira na resistência a flexão.

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As Figuras 5.8 e 5.9, ilustram o ensaio de flexão realizado mostrando o dispositivo

utilizado, assim como, os corpos de prova, detalhando o tipo de fraturas do material e a

deformação dos corpos de prova.

Figuras 5.8 – Ensaio de flexão.

Figuras 5.9 – Corpos de prova utilizados e microfibrilamento causado pelo ensaio.

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5.2.4 Resistência ao impacto.

Segundo Paiva (1999) apud Clegg (1993), entre as propriedades de um material

polimérico, a resistência ao impacto pode ser destacada devido sua importância, tornando

muito importante porque falhas devido a cargas repentinas são muito comuns em

condições de serviço e ocorrem até mais freqüentemente do que quando as forças são

aplicadas vagarosamente. Isso acontece porque as forças de impacto são aplicadas tão

rapidamente que as relaxações da estrutura molecular não acompanham o processo,

resultando em fratura, relacionada com a quebra da cadeia e/ou separação das interfaces.

Os resultados de resistência ao impacto podem ser vistos na Tabela 5.4. Observa-se

que a adição de 15% de fibra na matriz de PEAD provocou um aumento na resistência ao

impacto, mostrando que as fibras, neste caso, atuam como reforço na matriz.

Segundo Rizvi et al. (2002), a incorporação de fibras neste tipo de compósitos

provoca aumento na dureza e abaixa o custo, porém abaixam a ductilidade e a resistência

ao impacto devido o aumento da densidade, com a diminuição da porosidade.

Tabela 5.4 – Influência da adição e do tipo de fibra vegetal e PPMA na resistência ao impacto do tipo Charpy do compósito produzido.

0 15 25 30

(J/m) 79 85 - 69

(%relativa) 100 106 - 87

(J/m) - 76 65 62

(%relativa) - 96 82 78

(J/m) 79 92 - -

(%relativa) 100 116 - -

(J/m) - 81 76 -

(%relativa) - 103 96 -

Resistência ao impacto Charpy (J/m)(ASTM D 256)

% fibra em pesoUnidadeMatriz

Bagaço

PEAD

Tipo de fibra

-

c/aditivo

Pinus

-

c/aditivo

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Em relação ao tipo de fibra utilizado, as fibras de bagaço demonstraram maior

aumento desta propriedade com relação às fibras de madeira, na adição de 15% de fibra na

matriz polimérica verificou-se aumento de aproximadamente 10% da fibra de bagaço

(92J/m) em relação à fibra de madeira (85J/m).

Este comportamento pode estar ligado ao fato de que as fibras de maior

comprimento apresentam uma maior capacidade de absorção e distribuição da energia do

choque em altas velocidades. Estudos relacionados na literatura observam este mesmo

comportamento, Vianna et al. (2004) demonstra que a redução da tenacidade à fratura com

o aumento da concentração de esforços é observada na resistência ao impacto e na

resistência a tração no ponto de ruptura.

De acordo com Joseph et al. (1996), compósitos termofixos contendo fibras

vegetais apresentam uma melhoria em suas propriedades mecânicas com o aumento do

comprimento das fibras até certo limite, pois pode ocorrer diminuição nos valores de

propriedades, como resistência à tração, com o aumento do comprimento de fibras, devido

ao contato fibra/fibra que ocorre na confecção do corpo de prova na prensagem.

A melhoria da resistência ao impacto em função da adição de fibras vegetais foi

observada até um certo ponto, podemos observar Figura 5.10, que com o aumento

gradativo da porcentagem de fibra no compósito aumenta até certo ponto e depois inicia

uma tendência de queda gradativa que pode ser explicado pela dificuldade de propagação

de trincas com a densificação de fibras na matriz.

Pode-se observar também na Tabela 5.4, que a adição de agente compatibilizante

no compósito resultou na redução da resistência ao impacto em todas as amostras

analisadas. A Figura 5.11 ilustra este comportamento no compósito contendo 15% em peso

de fibra com adição de 1% de PPMA resultou em resistência de 85J/m para 75J/m na fibra

de madeira e 91J/m para 81J/m para a fibra de bagaço exibindo em ambos os casos um

decréscimo na resistência ao impacto de 10%. Estudos confirmam a eficácia da adição de

agente compatibilizante ou dispersante melhoria da adesão fibra/matriz (COSTA (1997),

LU et al. (2000), CORRÊA, (2004)). Todavia nem sempre esta melhor interação entre

fibra/matriz levará a uma maior resistência ao impacto, pois uma aplicação de cargas

repentinas na interface da matriz não irá liberar a fibra da matriz e se a adesão for muito

forte, o microfibrilamento (trinca) pode se propagar pela matriz. Se a adesão não for muito

forte, a fibra é liberada resultando em cavidade deixada pela fibra na matriz (mecanismo

pulled out) e a energia de impacto é absorvida (ELIAS, 1984).

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92

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

0 5 10 15 20 25 30 35Porcentagem de fibra (em peso)

Re

sist

ên

cia

ao

im

pa

cto

(J/m

)Madeira

Bagaço

Figura 5.10 – Influência da porcentagem de fibra com PPMA na resistência ao impacto Charpy

92

81

79

85

76

0 15 15 c/aditivo

Porcentragem de fibra (em peso)

Res

istê

ncia

ao

impa

cto

(J/m

)

Bagaço Madeira

Figura 5.11 – Influência da porcentagem de PPMA na resistência ao impacto Charpy

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93

A Figura 5.12 apresenta as amostras utilizadas nos ensaios de resistência ao

impacto Charpy, observando que não houve a ruptura total do corpo de prova, porém sua

resistência estrutural interna foi rompida.

Figura 5.12 – Corpo de prova utilizado nos ensaios de resistência ao impacto Charpy.

5.3 Caracterização morfológica

Através da microscopia eletrônica de varredura (MEV) foi possível avaliar a

eficiência do processo de dispersão da carga celulósica na matriz termoplástica e a

capacidade de molhamento da superfície da fibra pela matriz como forma de avaliar a

eficiência do agente compatibilizante.

O comportamento da fratura em compósitos é afetado por muitas variáveis,

incluindo a natureza da fibra e da matriz, interação fibra/matriz, a orientação das fibras, a

porosidade na matriz, a carga e o ambiente a que foram submetidas às amostras. O estudo

da fratura através do MEV pode revelar áreas nas quais ocorreram algumas possíveis

falhas no compósito, tais como trincas na matriz e falha de ligação interfacial entre

matriz/fibra (SAWYER e GRUBB, 1994).

A Figura 5.13 apresenta micrografias (MEV) das fibras utilizadas neste estudo,

exibindo a diferença de formas e texturas que influenciam muito nas propriedades

mecânicas do compósito produzido. Pode-se observar que a fibra de madeira (5.13a) possui

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a superfície com microfibras mais largas exibindo um aspecto de “degraus” e com

desfribilamento irregular, enquanto a fibra de bagaço de cana (5.13b) possui a superfície

com microfibras mais estreitas apresentando um aspecto de “ondulado” um pouco mais

regular.

(a) (b)

Figura 5.13 – Fotomicrografias obtidas por MEV com ampliação de 200X: a) fibra de madeira; b) foto fibra de bagaço de cana.

Pode-se observar na Figura 5.14 uma micrografia de fratura do compósito de matriz

de PEAD reciclado com incorporação de 15% em peso de fibras de bagaço de cana. É

constatada a ocorrência de mecanismo chamado de “pullout” (5.14a), ou seja, fibras são

liberadas da matriz quando a adesão entre fibra/matriz é insuficiente. Este fato pode

explicar os valores baixos de resistência à tração exibidos por este compósito. Verifica-se

que na adição de PPMA neste mesmo compósito (5.14b) acontece uma melhora

significativa da interface observada através de mecanismos de entrelaçamento entre a

matriz e a superfície rugosa das fibras, melhorando os valores de resistência à tração

relatados para este compósito reforçado com bagaço.

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(a) (b) Figura 5.14 – Fotomicrografias obtidas por MEV com ampliação de 50X: a) compósito com fibra de madeira evidenciando pullout; b) compósito com fibra de madeira e PPMA, mostrando uma maior adesão e dispersão fibra/matriz.

As imagens apresentadas mostram claramente que o compatibilizante possibilita

uma melhoria da adesão interfacial entre a fibra celulósica e a matriz termoplástica. Os

resultados obtidos nos ensaios mecânicos mostram que as amostras compatibilizadas

apresentaram um aumento de resistência à tração em relação às amostras não

compatibilizadas, o que corrobora com os resultados encontrados.

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CAPÍTULO VI

CONCLUSÕES

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O desenvolvimento e caracterização do compósito de matriz polimérica reforçado

com fibras vegetais obtidas pelo processo de extrusão demonstraram vantagens

competitivas em relação aos compósitos convencionais de polipropileno reforçados com

fibra de vidro, carbonato de cálcio e talco. Estas vantagens são evidenciadas,

principalmente, como foi revelado nos ensaios de densidade, que com adição de fibras

vegetais se tem um menor peso especifico deste compósito em relação aos compósitos

convencionais que se utiliza de reforços minerais, outro fator, seria a redução de desgastes

com ferramentaria em função da baixa abrasividade dos reforços vegetais.

Os ensaios de tração no ponto de ruptura evidenciaram tendência à redução da

tenacidade e deformação na ruptura em função da adição de fibras vegetais, que ficou mais

explicito nos ensaios com compósitos de fibras de bagaço de cana devido ao maior

tamanho das fibras, o que dificultou a dispersão das fibras na matriz polimérica. A adição

de agente compatibilizante melhorou o desempenho das fibras com aumento de

aproximadamente 20% nos valores de resistência a tração.

Da resistência à flexão no ponto de ruptura (MOR), com a adição de fibras

verificou-se um aumento gradativo da resistência, confirmando que com o aumento da

densidade influencia diretamente nesta propriedade, independente do tipo de fibra utilizado

neste projeto. Não se observou também melhoria considerável no desempenho desta

propriedade na adição de PPMA.

Os ensaios de resistência ao impacto pelo método Charpy, demonstraram que a

adição de fibras vegetais age como agente de reforço na matriz polimérica até

determinadas concentrações. Na concentração de 15% em peso de fibra de madeira

observamos aumento de aproximadamente 6% na resistência ao impacto, este mesmo

aumento de fibra de bagaço resultou em um aumento de 16% constatando que a fibra de

bagaço de cana evidenciou maiores aumentos na resistência ao impacto. A adição de

agente compatibilizante resultou na redução de aproximadamente 10% nesta propriedade

independente da fibra utilizada. Este comportamento pode ser explicado pela melhor

adesão fibra/matriz, o que facilita a propagação de trincas (microfibrilamento), que foi

comprovado pelas fotomicrografias apresentadas.

As análises de superfícies fraturadas por microscopia eletrônica de varredura

apresentaram evidências conclusivas sobre a importância do agente compatibilizante em

algumas propriedades mecânicas, principalmente sua efetividade quanto a melhor interação

entre fibra/matriz.

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De uma forma geral, o uso de fibras vegetais como agente de reforço para uma

matriz termoplástica de PEAD reciclado, demonstrou boas propriedades mecânicas com

grandes potencialidades de uso em diversas áreas, contribuindo também, e além de tudo,

para o reaproveitamento de resíduos causadores atualmente de grande impacto ambiental.

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CAPÍTULO VII

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

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• Determinar a influência da lignina de diferentes fibras nas propriedades

mecânica dos compósitos de matriz polimérica reforçados com fibras

vegetais;

• Verificar a importância da lignina na dispersão da fibra na matriz

polimérica;

• Identificar a influência da perda de massa da fibra vegetal na morfologia da

estrutura deste compósito;

• Estudar a influência do processamento do compósito em suas propriedades

mecânicas;

• Estudar outras composições deste compósito;

• Utilizar outros parâmetros objetivando melhores resultados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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102

LIVROS

BILLMEYER JR., F. W. Textbook of Polymer Properties. 3a edição. New York: John Wiley & Sons, 1984. BURGER, L. M.; RICHTER, H. G. Anatomia da Madeira. São Paulo: Nobel, 1991. CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2002. 589p. FISHER, E. G. Extrusion of plastics. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1964. GRAEDEL, T. E.; ALLENBYE, B. R. Industrial ecology. 1a edição. New Jersey: Pratice Hall, 1995. GRULKE, E. A. Polymer Process Engineering. New Jersey: PTR Prentice Hall, 1994. HOLANDA, A. B. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Nova Fornteira, 2ª edição. Rio de Janeiro, 1987. MANO, E. B. Polímeros. 2a edição. São Paulo: Editora Edgar Blücher Ltda, 1999. 191p. MANO, E. B. Polímeros como material de engenharia. 2a edição. São Paulo: Editora Edgar Blücher Ltda, 2000. 197p. MITRANI, R. B. et al. Manual dos derivados de cana-de-açúcar. Instituto Cubano de Pesquisa dos Derivados da Cana-de-Açúcar. 1ª edição em português. Brasília: Editora ABIPTI, 1999, Cap.:2.3, 37-48 p,. 474p. PANSHIN, A. J.; ZEEUW, C. Textbook of wood technology. United States: McGraw – Hill, 1980. SIMONDS, H. R.; WEITH, A. J.; SHACK, W. Extrusion of plastics, rubber and metals. New York: Reinhold Publishing Corporation, 1952. SOLOMONS, T. W. G. Química orgânica. 4a edição. Rio de Janeiro: Editora S.A., 1987, 280p. SPERLING, L. H. Introduction to physical polymer science. 2a edição. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1992. 594p.

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103

DISSERTAÇÕES E TESES CÔRREA, G. R. Desenvolvimento, produção e caracterização de compósitos de madeira/plásticos para aplicação na indústria moveleira. 2004. 113f. Dissertação de mestrado. Redemat, UFOP/CETEC/UEMG, Ouro Preto, 2004. COSTA, T. H. S. Preparação e caracterização de compósitos à base de polipropileno e fibras de madeira. 1997. 211f. Tese de doutorado. IMA/UFRJ, Rio de Janeiro, 1997. DESIDERÁ, C. Propriedades de compósitos de poliestireno de alto impacto (HIPS) provenientes de copos descartáveis pós-consumo e resíduos de serralheria. 2002. 138f. Dissertação de mestrado, UFSCar, São Carlos, São Paulo, 2002. FARIA, A. C. A. Análise macromecânica de compósitos poliméricos reciclados. 2002. 134f. Dissertação de mestrado. DEMEC/UFMG, Belo Horizonte, 2002. GUADAGNINE, M. A. Madeiras Plásticas como materiais alternativos para madeiras naturais. 2001. 117f. Dissertação de mestrado. IMA/UFRJ, Rio de Janeiro, 2001. MACIEL, A. S. Chapas de partículas aglomeradas de madeira de Pinus elliotti ou Eucalyptus grandis, em mistura com poliestireno e poliestireno tereftalato. 2001. Dissertação de mestrado. DEF/UFV, Viçosa, 2001. REIS, A. A. Estudo do comportamento de amostras de Eucalyptus grandis tratadas pelo processo sol-gel direcionado para aplicação em design industrial. 1998. Dissertação de mestrado. Redemat, UFOP/CETEC/UEMG, Ouro Preto, 1998. ARTIGOS ÁVILA, A. F.; DUARTE, M. V. A mechanical analysis on recycled PET/HDPE composites. Polymer Degradation and Stability. v. 80, p. 373-382, Dec. 2003. ÁVILA, A. F. et al. A dual analysis for recycled particulate composites: linking micro- and macro-mechanics. Materials Characterization. v. 50, p. 281-291, July 2003. BANKS, A. D. Aproveitamento de Resíduos da Indústria da Madeira. Disponível em: <www.remade.com.br>. Acesso em: Out. 2003. BESHAY, A. D.; KOKTA, B. V.; DANEAULT, C. Use of Wood Fibers in Thermoplastic Composites II: Polyethylene. Polymer Composites, v. 6, nº. 4, p. 261-271, Out. 1985. BONELLI, C. M. C. Reciclagem de Plásticos Pós-consumidos. Revista de Química Industrial. N. 698, 1993. CARASCHI, J. C.; LEÃO, A. L. Sugar Cane Bagasse Fiber as Reinforcement of Polypropylene. . In: Natural Polymers e Composites, 4º, 2002, São Pedro. Anais.

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<www.plasticoonline.com.br/plastico.htm> - Acesso em 15 abr. 2003.

SITES SOBRE O ASSUNTO

http://www.cempre.com.br

http://www.plasticlumber.org

http://www.astm.org

http://www.fpl.fs.fed.us

http://www.abiquim.com.br

http://www.plasticomoderno.com.br

http://www.plasticoonline.com.br

http://www.resol.com.br

http://www.abnt.org.br

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PUBLICAÇÕES

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FONSECA, F. M. C. Desenvolvimento e Caracterização da Madeira Plástica obtida pelo Processo de Extrusão. In: Congresso de Estudantes de Ciência e Engenharia de Materiais do Mercosul, 6º, 2004, Ipatinga. Apresentação oral. Ipatinga: Unileste, Jul. 2004. FONSECA, F. M. C.; MÓL, A. S.; DA SILVA, G. G. X. Eco-Design – Uma Solução para o Controle dos Resíduos Sólidos. In: Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, 6º, 2004, São Paulo. Anais. São Paulo: FAAP – Fundação Armando Penteado, Out. 2004.

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110

APÊNDICE

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111

APÊNDICE A

Análises termogravimétricas

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APÊNDICE AA – Análise termogravimétrica do PEAD reciclado.

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APÊNDICE AB – Análise termogravimétrica do Pinus elliotti utilizado.

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17

APÊNDICE AC – Análise termogravimétrica do PPMA utilizado.

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18

APÊNDICE AD – Análise termogravimétrica da madeira plástica de referência.

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APÊNDICE B

Resultados dos ensaios densidade

Page 119: REDEMAT · 2019. 3. 28. · AGRADECIMENTOS A Deus, pela presença constante em todos os momentos da minha vida, compartilhando minhas alegrias e tristezas, sempre oferecendo um descanso

0 ,89

0 ,86

0 ,85

0 ,87

0 ,88

0 ,88

0 ,92

0 ,88

0 ,86

1 .1

1 .2

1 .3

1 .4

1 .5

1 .6

1 .7

1 .8

1 .9M

istu

ra

De nsida de

0,92

0,97

0,94

0,96

0,95

0,95

0,93

0,93

0,91

0,89

2.1

2.2

2.3

2.4

2.5

2.6

2.7

2.8

2.9

2.10

Mis

tura

Densidade

0,91

0,95

0,94

0,97

0,96

0,92

0,92

0,96

0,98

0,94

3.1

3.2

3.3

3.4

3.5

3.6

3.7

3.8

3.9

3.10

Mis

tura

De nsida de

0,96

0,96

0,96

0,98

0,95

0,93

0,97

0,97

0,99

0,95

4.1

4.2

4.3

4.4

4.5

4.6

4.7

4.8

4.9

4.10

Mis

tura

s

De nsidade

APÊNDICE BA – Resultados dos ensaios densidade das misturas de 1, 2, 3 e 4 respectivamente.

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16

0,96

0,96

0,97

0,95

0,95

1,00

1,00

1,01

0,99

0,97

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5.2

5.3

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5.6

5.7

5.8

5.9

5.10

Mis

tura

De nsidade

0,98

0,96

0,98

0,98

0,96

1,00

1,00

1,01

0,98

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6.1

6.2

6.3

6.4

6.5

6.6

6.7

6.8

6.9

6.10

Mis

tura

Densidade

0,93

0,94

0,92

0,93

0,90

0,90

0,91

0,95

0,95

0,89

7.1

7.2

7.3

7.4

7.5

7.6

7.7

7.8

7.9

7.10

Mis

tura

Densidade

0,93

0,94

0,92

0,93

0,94

0,94

0,91

0,94

0,95

8.1

8.2

8.3

8.4

8.5

8.6

8.7

8.8

8.9

Mis

tura

De nsidade

0,91

0,91

0,93

0,97

0,96

0,88

0,93

0,91

9.1

9.2

9.3

9.4

9.5

9.6

9.7

9.8

Mis

tura

Densidade

APÊNDICE BB – Resultados dos ensaios de densidade das misturas 5, 6, 7, 8 e 9 respectivamente..

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17

APÊNDICE C

Resultados dos ensaios de resistência ao impacto

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82

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1.5

1.6

1.7

1.8

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Mis

tura

Resistência ao impacto (J/m)

83

111

76

83

90

76

97

76

69

2.1

2.2

2.3

2.4

2.5

2.6

2.7

2.8

2.9

Mis

tura

Resistência ao impacto (J/m)

70

70

77

70

70

91

77

91

63

3.1

3.2

3.3

3.4

3.5

3.6

3.7

3.8

3.9

Mis

tura

Resistência ao impacto (J/m)

70

62

77

61

62

63

61

68

61

4.1

4.2

4.3

4.4

4.5

4.6

4.7

4.8

4.9M

istu

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Resistência ao impacto (J/m)

60

66

60

80

53

80

53

73

93

5.1

5.2

5.3

5.4

5.5

5.6

5.7

5.8

5.9

Mis

tura

Resistência ao impacto (J/m)

66

66

66

66

59

66

53

59

6.1

6.2

6.3

6.4

6.5

6.6

6.7

6.8

Mis

tura

Resistência ao impacto (J/m) APÊNDICE CA – Resultados dos ensaios de resistência ao impacto pelo método Charpy, das misturas 1, 2, 3, 4, 5 e 6 respectivamente.

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16

93

86

113

80

93

86

93

7.1

7.2

7.3

7.4

7.5

7.6

7.7M

istu

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Resistência ao impacto (J/m)

82

82

75

89

89

68

75

89

82

8.1

8.2

8.3

8.4

8.5

8.6

8.7

8.8

8.9

Mis

tura

Rsistência ao impacto (J/m)

65

85

98

65

72

85

65

85

65

9.1

9.2

9.3

9.4

9.5

9.6

9.7

9.8

9.9

Mis

tura

Resistência ao impacto (J/m)

APÊNDICE CB – Resultados dos ensaios de resistência ao impacto pelo método Charpy, das misturas 7, 8 e 9 respectivamente.

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APÊNDICE D

Resultados dos ensaios de resistência à tração

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APÊNDICE DA – Resultados dos ensaios de resistência a tração: misturas 1 e 2 respectivamente.

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16

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APÊNDICE DB – Resultados dos ensaios de tração: misturas 3 e 4 respectivamente.

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17

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APÊNDICE DC – Resultados dos ensaios de tração: misturas 5 e 6 respectivamente.

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18

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APÊNDICE DD – Resultados dos ensaios de tração: misturas 7 e 8 respectivamente.

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19

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APÊNDICE DE – Resultados dos ensaios de tração: mistura 9.

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APÊNDICE E

Resultados dos ensaios de resistência à flexão

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APÊNDICE EA – Resultados dos ensaios de flexão: misturas 1 e 2 respectivamente.

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16

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APÊNDICE EB – Resultados dos ensaios de flexão: misturas 3 e 4 respectivamente.

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APÊNDICE EC – Resultados dos ensaios de flexão: misturas 5 e 6 respectivamente.

Page 134: REDEMAT · 2019. 3. 28. · AGRADECIMENTOS A Deus, pela presença constante em todos os momentos da minha vida, compartilhando minhas alegrias e tristezas, sempre oferecendo um descanso

18

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APÊNDICE ED – Resultados dos ensaios de flexão: misturas 7 e 8 respectivamente.

Page 135: REDEMAT · 2019. 3. 28. · AGRADECIMENTOS A Deus, pela presença constante em todos os momentos da minha vida, compartilhando minhas alegrias e tristezas, sempre oferecendo um descanso

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APÊNDICE EE – Resultados dos ensaios de flexão: mistura 9.