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Redes de indignação e esperança – Movimentos Sociais na era da internet Prof. Paulo Venício

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Redes de indignação e esperança – Movimentos Sociais na era da

internetProf. Paulo Venício

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Nós o Povo

• Perdeu a confiança.• Dissolução do Contrato Social • Retorno a luta defensiva pela sobrevivência.• Limitação da capacidade de propiciar aos

seres humanos a faculdade de viver juntos e compartilhar sua vida com a natureza.

• Ultrapassagem das ideologias e publicidade para conectar-se as preocupações reais.

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O Espaço das Redes Sociais

• Espaço de autonomia.• Fora do controle do Estado e das empresas.• Espaço onde se compartilha dores e

esperança.• Espaço livre – Internet• Espaço de conecção e concepção de projetos,

onde a rede se formam a despeito de suas opiniões pessoais ou filiações organizacionais.

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Da segurança dos ciberespaço as pessoas de todas as idades e

condições passaram a ocupar o espaço público, num encontro as cegas entre si e com o destino que desejam forjar, ao reivindicar o direito seu direito de

fazer história.

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Elementos motivadores

• A humilhação provocada pelo cinismo e pela arrogância das pessoas no poder, seja ele financeiro, político ou cultural, aqueles que transformaram medo em indignação e indignação em esperança de uma humanidade melhor.

• Era a busca por dignidade

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Tipologia dos Movimentos Sociais

• No mundo árabe foram confrontado com violência assassina das ditaduras locais.

• Na Europa pelo gerenciamento equivocado.• Nos EUA por governos que se colocaram ao

lado das elites financeiras responsáveis pela crise. Occupy Wall Street.

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Em todos os casos os movimentos ignoraram partidos políticos, desconfiaram da mídia, não

reconheceram nenhuma liderança e rejeitaram toda organização formal,

sustentando-se na internet e em assembleias locais para o debate coletivo e a tomada de decisões.

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Como compreender os novos rumos da mudança social em nossa época?

• A partir das relações de poder, aqui entendida (Communication Power, 2009) , como constitutiva da sociedade porque os que detém o poder constroem as instituições segundo seus valores e interesses.

• O poder é exercido por meio da coerção e ou pela construção de significado nas mentes das pessoas, mediante mecanismo de manipulação simbólica.

• Estão embutidas nas instituições principalmente nas do Estado.

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Relação de poder e contrapoder

• Capacidade de os atores sociais desafiarem o poder embutido nas instituições da sociedade com o objetivo de reivindicar a representação de seus próprios valores e interesses.

• O Estado se configura nessa relação (coerção e construção de significados na mente das pessoas).

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Construção de significados na mente

• Os sistemas não perduram baseados unicamente na coerção.

• Se as maioria pensa de forma contraditória em relação aos valores e normas institucionalizadas em leis e regulamentam aplicados pelo Estado, o sistema vai mudar...não necessariamente para concretizar as esperanças dos agentes da mudança social.

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A luta fundamental pelo poder é a batalha pela construção de significado

na mente das pessoas.

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Construção de significados na mente

• Criam a partir da interação com o ambiente natural e social.

• Conecção das redes neurais com as redes da natureza e com as redes sociais.

• É constituída a partir do ato de comunicação(entendido como o processo de compartilhar significado pela troca de informação).

• A principal fonte em sociedade é o processo de comunicação socializada.

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Comunicação socializada

• Existe no domínio público, além da comunicação interpessoal.

• A continua transformação da tecnologia da comunicação na era digital amplia o alcance dos meios de comunicação para todos os domínios da vida social, numa rede que é simultaneamente global e local, genérico e personalizada , num padrão em constante mudança.

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Os processos de construção simbólica tem uma caracteristica em comum,

eles dependem amplamente das mensagens e estruturas criadas,

formatadas e difundidas nas redes de comunicação multimídia.

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Assim a mudança do ambiente comunicacional afeta diretamenteas

normas de construção de significados, portanto a produção de relações de

poder.

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A mudança fundamental no domínio da comunicação foi a emergência do que chamei de auto comunicação – o

uso da internet e das redes sem fio como plataformas da comunicação

digital.

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o uso da internet e das redes sem fio

• Comunicação de massa – processa mensagens de muito para muitos, com o potencial de alcançar uma multiplicidade de receptores e de se conectar ao a um número infindavel de redes.

• Auto – comunicação – porque a produção da mensagem é decidida de modo autônomo pelo remetente, a designação do receptor é autotodirecionada e a recuperação de mensagens das redes de comunicação é autoselecionada.

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A autocomunicação de massa fornece a plataforma tecnológica para a

construção da autonomia do ator social, seja ele individual ou coletivo,

em relação as instituições da sociedade. Os governos tem medo e as empresas tem uma relação de amor e

ódio

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Sociedade de Rede

• O poder é multidimesional e se organiza em torno de redes programadas em cada domínio da atividade humana, de acordo com os interesses e valores de atores habilitados.

• As rede de poder exercem sobretudo influenciando a mente humana mediante as redes multimídias de comunicação de massa. ..sendo formas decisivas de construção de poder.

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Essas redes não se fundem , envolve-se em estratégias de parcerias e

competição formando redes ad hoc em tornos de projetos

específicos....mas com o objetivo de definir as regras e normas da

sociedade mediante um sistema político que responde basicamente a

seus interesses e valores.

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Rede política em torno do Estado

• Desempenha papel fundamental no estabelecimento de uma rede geral de poder.

• A operação estável e a reprodução de poder depende das funções de coordenação e regulação do Estado.

• É por meio do Estado que diferentes formas de exercício do poder em distinta esferas sociais relacionam-se ao monopólio da violência, como a capacidade de última estância, impor o poder.

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De que modo as redes de poder se interconectam, embora preservando

sua esfera de ação?• Através a alternancia de poder. A capacidade

de conectar duas ou mais diferentes redes no processo de construir o poder para cada uma delas em seus respectivos campos.

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Quem detém o poder na sociedade de redes

• Os programadores com a capacidade de elaborar cada uma das principais redes de que dependem as pessoas.

• E os comutadores que operam as conexões entre diferentes redes.

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Se o poder é exercido programando e alternando-se redes, então o contra-

poder, a tentativa deliberada de alterar as relações de poder, é

desempenhada reprogramando-se as redes em torno de outros interesses e valores e ou rompendo as alternâncias predominantes, ao mesmo tempo que

se alteram as redes da resistência e mudança social.

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Os cidadãos da era da informação tornam-se capazes de inventar novos

programas para suas vidas com as matérias primas de seus sofrimentos,

suas lágrimas, seus sonhos e esperanças.

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Ao longo da história os movimentos sociais são produtores de novos

valores e objetivos ...eles exercem o contrapoder ... Mediante um processo

de comunicação autônoma. Na sociedade de redes a autonomia de

comunicação é basicamente construídas nas redes da internet e

nas plataformas de comunicação sem fio.

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Outra forma dos movimentos sociais se comunicar com a sociedade é

construindo espaços públicos, criando comunidade livres no espaço urbano. Uma vez que o público institucional, o constitucionalmente designado para a

deliberação, está ocupado pelos interesses das elites dominantes e

suas redes.

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Importância dos espaços ocupados

• Eles criam uma comunidade, e a comunidade se baseia na proximidade.

• Os espaços ocupados não carecem de significados: são carregados de poder simbólicos de invadir áreas do poder do Estado ou de instituições financeiras.

• Construindo uma comunidade livre num espaço simbólico, os movimentos sociais criam um espaço público de deliberação.

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A questão fundamental é que esse novo espaço público, o espaço da

rede, situado ente o espaço digital e urbano, é um espaço de comunicação

autônoma.

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Os movimentos sociais, agora, e provavelmente ao longo da história, são constituídos por indivíduos. Uma questão chave é porque uma pessoa ou uma centena de pessoas decidem, individualmente, fazer uma coisa que foram repetidamente aconselhadas a

não fazer porque seriam punidas.

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De hábitos os teóricos sociais chamam essas pessoas de agencias. Eu as

chamo de indivíduos. Então devemos entender a motivação de cada

indivíduo.No plano individual, os movimentos

sociais são emocionais(afetos negativos e afeto positivo)

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Para que se forme um movimento social, a ativação emocional dos

indivíduos deve concetar-se a outros indivíduos. Isso exige um processo de comunicação, que para operar exigi a consonância cognitiva e um canal de

comunicação.

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Em nossa época, as redes digitais, multimodais, de comunicação

horizontal, são os veículos mais rápidos e mais autonomos,

interativos, reprogramáveis e amplificadores de toda a história.

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As características dos processos de comunicação entre indivíduos

engajados em movimentos sociais determinam as característica dos

próprios movimentos. Quanto mais interativa e autoconfiguravel for a

comunicação, menos hierarquica será a organização e mais participativo o

movimento

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Para que as redes de contrapoder prevaleçam sobre as redes de poder embutidas na

organização da sociedade, elas tem reprogramar a organização política, a econômica, a cultural ou qualquer dimensão que pretendam mudar, introduzindo nos programas das instituições, assim como em suas próprias vidas, outras instruções, incluindo, em algumas versões

utópicas, a regra de não criar regras sobre coisas alguma.

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Redes de indignação e esperança – movimentos sociais na era da internet

Manuel Castells, tradução: Carlos Alberto Medeiros, Ed. Zahar.