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REFLEXÕES ACERCA DAS CONTRIBUIÇÕES DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA LUTA PELA GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS SOUZA, Lynara Ojeda 1 MIGUEL, Katarini Dra. 2 RESUMO: O presente artigo busca discutir, de forma teórica e reflexiva, a atuação dos movimentos sociais, entendidos, em linhas gerais, como grupo organizados em prol de justiça social, na efetivação e manutenção dos direitos humanos. Para tanto, propomos uma revisão bibliográfica sobre a evolução histórica, normativa e, principalmente, conceitual dos direitos humanos, relacionando com o papel determinante que os movimentos sociais exercem nesse processo. Buscamos ainda, preliminarmente, relacionar movimentos sociais, direitos humanos e comunicação, na tentativa de compreender os pilares importantes na busca pela inclusão social, pelo respeito à dignidade humana e pela garantia plena do exercício da cidadania. Palavras-chave: Direitos Humanos; Movimentos Sociais; Cidadania; Comunicação. 1 INTRODUÇÃO O processo histórico brasileiro pela qual os direitos fundamentais foram criados nos textos constitucionais e nas legislações contou com a efetiva participação da sociedade por meio dos movimentos sociais. Os direitos humanos e fundamentais adquirem significado e efetividade no processo da defesa da cidadania no Brasil, muitas vezes porque são pautados pelos movimentos: grupos que assumem uma função mediadora no processo de dar visibilidade aos temas sociais, tornando-se protagonistas na defesa da inviolabilidade 1 Jornalista, mestranda em Comunicação (linha de pesquisa: Linguagens, Processos e Produtos Midiáticos) do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), email: [email protected] . 2 Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (linha de pesquisa: Linguagens, Processos e Produtos Midiáticos) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e-mail: [email protected] . Anais do XIV Congresso Internacional de Direitos Humanos. Disponível em http://cidh.sites.ufms.br/mais-sobre-nos/anais/

REFLEXÕES ACERCA DAS CONTRIBUIÇÕES DOS MOVIMENTOS SOCIAIS ... · bibliográfica sobre a evolução histórica, normativa e, principalmente, conceitual dos direitos humanos, relacionando

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REFLEXÕES ACERCA DAS CONTRIBUIÇÕES DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA LUTA PELA GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS

SOUZA, Lynara Ojeda1

MIGUEL, Katarini Dra.2

RESUMO: O presente artigo busca discutir, de forma teórica e reflexiva, a atuação dos movimentos sociais, entendidos, em linhas gerais, como grupo organizados em prol de justiça social, na efetivação e manutenção dos direitos humanos. Para tanto, propomos uma revisão bibliográfica sobre a evolução histórica, normativa e, principalmente, conceitual dos direitos humanos, relacionando com o papel determinante que os movimentos sociais exercem nesse processo. Buscamos ainda, preliminarmente, relacionar movimentos sociais, direitos humanos e comunicação, na tentativa de compreender os pilares importantes na busca pela inclusão social, pelo respeito à dignidade humana e pela garantia plena do exercício da cidadania. Palavras-chave: Direitos Humanos; Movimentos Sociais; Cidadania; Comunicação.

1 INTRODUÇÃO

O processo histórico brasileiro pela qual os direitos fundamentais foram criados nos

textos constitucionais e nas legislações contou com a efetiva participação da sociedade por

meio dos movimentos sociais. Os direitos humanos e fundamentais adquirem significado e

efetividade no processo da defesa da cidadania no Brasil, muitas vezes porque são

pautados pelos movimentos: grupos que assumem uma função mediadora no processo de

dar visibilidade aos temas sociais, tornando-se protagonistas na defesa da inviolabilidade 1 Jornalista, mestranda em Comunicação (linha de pesquisa: Linguagens, Processos e Produtos Midiáticos) do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), email: [email protected]. 2Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (linha de pesquisa: Linguagens, Processos e Produtos Midiáticos) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e-mail: [email protected].

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da dignidade humana e do discurso contra-hegemônico; atuando de forma autoreflexiva,

conforme interpretam autores como Laraña (1999), Melucci (2001) e Gohn (2011).

Neste trabalho, fruto de um amplo levantamento bibliográfico para

desenvolvimento da dissertação de mestrado “O discurso do portal Campo Grande News

na cobertura jornalística sobre Direitos Humanos”3, reconhecemos que diversos avanços

no agendamento de temas urgentes na sociedade e a criação de diferentes mecanismos de

defesa dos direitos humanos se devem ao engajamento de movimentos que trabalham de

modo a contribuir para a visibilidade do tema, principalmente porque os meios de

comunicação tradicionais, que deveriam pautar e promover os debates sobre os assuntos

relacionados aos direitos humanos na sociedade acabam se furtando de exercer a função de

dar notoriedade a temáticas sociais e um lastro de sentido a essas questões.

Nesse sentido, buscamos realizar uma discussão teórico-reflexiva sobre o papel

desempenhado pelos movimentos sociais, com foco nos Novos Movimentos Sociais, na

consolidação dos direitos humanos, entendidos como processos provisórios de luta

(SANTOS, 1989; FLORES, 2009). E, preliminarmente, relacionar movimentos sociais,

direitos humanos e comunicação, na tentativa de compreender os pilares importantes na

busca pela inclusão social, pelo respeito à dignidade humana e pela garantia plena do

exercício da cidadania.

2 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A CONSTRUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Os direitos humanos e sua efetivação são temáticas recorrentes em nossa sociedade,

principalmente quando nos deparamos com acontecimentos violadores da dignidade

humana. Ao se pensar na luta histórica por direitos humanos, é possível defini-la como

uma busca pela alteridade, pela responsabilidade e compromisso com inviolabilidade do

outro (ARENDT, 2012; COMPARATO, 2010; PIOVESAN, 2007). Percebemos, assim,

uma necessidade da humanidade em identificar instrumentos ou mecanismos que

permitissem a garantia à liberdade individual, o ir e vir, o livre pensar, a livre manifestação

3 Pesquisa iniciada em 2016 no Programa de Pós-Graduação Mestrado em Comunicação da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (FAALC/UFMS).

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de idéias, enfim assegurar ao indivíduo a possibilidade de ser ele mesmo e de manifestar

sua presença no mundo.

Para Luño (1990, p. 48), os direitos humanos podem ser reconhecidos como “um

conjunto de faculdade e instituições que, em cada momento histórico, concretizam as

exigências da dignidade, da liberdade e da igualdade humana, as quais devem ser

reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos a nível nacional e internacional”.

Assim, percebe-se que o ponto central dessa organização é a pessoa e a preservação de sua

dignidade.

É no período axial, que decorre entre o ano 800 a.C. e o ano 200 a.C., que a idéia de

igualdade entre todos os homens nasce. Porém, como assinala Comparato (2010, p. 24),

“foram necessários vinte e cinco séculos para que a primeira organização internacional a

englobar a quase totalidade dos povos da Terra proclamasse, na abertura de uma

Declaração Universal de Direitos Humanos, que todos os homens nascem livres e iguais

em dignidade”.

Desde o advento da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 e

reiteração na Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993, a sociedade ocidental

tem se organizado de modo a tentar compreender essa concepção como um conjunto

mínimo de direitos que cada ser humano possui baseado no respeito e garantia de sua

dignidade. É daí que decorre a importância dos direitos humanos no mundo

contemporâneo, bem como a incorporação do tema nos discursos e atividades por parte de

diversos segmentos da sociedade, principalmente governos, movimentos sociais e veículos

de comunicação.

O sentido de dignidade, igualdade e inviolabilidade da honra de todas as pessoas

passa a nortear todos os registros dos direitos humanos ao longo do tempo. Como na

Declaração do Povo da Virgínia de 12 de junho de 1776, que indica que a igualdade de

todos os homens é algo intrínseco a sua existência. “A busca pela felicidade, que foi o

paradigma da declaração de Independência dos Estados Unidos, é a razão de ser desses

direitos inerentes à própria condição humana, razão de ser imediatamente aceitável por

todos os povos” (COMPARATO, 2010, p. 38). Essa idéia de liberdade e igualdade é

retomada e reafirmada na Revolução Francesa, no artigo primeiro da Declaração dos

Direitos do Homem e do Cidadão quando afirma que “os homens nascem livres e iguais

em direitos”. Porém, como indica Comparato (2010), foi somente em 1948, com a

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Declaração Universal dos Direitos Humanos, que a idéia de organização e respeito de uma

vida comum e solidária entre os homens foi reconhecida.

Em Origens do totalitarismo, Arendt (2012), com base em seus estudos e vivências

durante e pós Segunda Guerra Mundial, defende que são as relações estabelecidas no

espaço público com os outros homens que vão garantir o caráter digno de sua existência.

Somente dentro da teia das relações humanas é que o indivíduo fará com que suas ações

atinjam o restante da comunidade e, assim, seus atos ganham relevância, sendo reflexos de

si mesmo. Para a autora, a dignidade de pertencer a uma comunidade traz consigo a

responsabilidade de se estabelecer uma humanidade comum e decente. Deste modo,

Arendt (2012) explica que os direitos humanos não são um dado, mas um constructo, uma

invenção humana, em constante processo de construção e reconstrução que depende das

relações estabelecidas pelos indivíduos.

A autora reconhece a idéia de cidadania atrelada ao entendimento de que todos os

homens têm o direito de ter direito, para tanto a cidadania se fundamenta como um espaço

público e comum de construção e vivência coletiva. Assim, a vida em sociedade e o

respeito à dignidade continuam no centro do entendimento de direitos humanos.

Além disso, é preciso reconhecer que a chave para a compreensão histórica dos

direitos humanos está no entendimento de que eles sempre foram pensados e estabelecidos

a partir de grandes violências. Neste sentido, Piovesan (2014) complementa ao indicar que

os direitos humanos estão inseridos em um terreno de disputa simbólica: A ética emancipatória dos direitos humanos demanda transformação social, a fim de que cada pessoa possa exercer, em sua plenitude, suas potencialidades, sem violência e discriminação. É a ética que vê no outro um ser merecedor de igual consideração e profundo respeito, dotado do direito de desenvolver as potencialidades humanas, de forma livre, autônoma e plena. Enquanto um construído histórico, os direitos humanos não traduzem uma história linear, não compõem uma marcha triunfal, nem tampouco uma causa perdida. Mas refletem, a todo tempo, a história de um combate, mediante processos que abrem e consolidam espaços de luta pela dignidade humana (PIOVESAN, 2014, p. 337).

E Comparato reforça:

A compreensão da dignidade suprema da pessoa humana e de seus direitos, no curso da História, tem sido, em grande parte o fruto da dor física e do sofrimento moral. A cada grande surto de violência, os homens recuam, horrorizados, à vista da ignomínia que afinal se abre claramente diante de seus olhos; e o remorso pelas torturas, pelas mutilações em massa, pelos massacres coletivos e pelas explorações aviltantes faz nascer nas consciências, agora purificadas, a exigência

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de novas regras de uma vida mais digna para todos (COMPARATO, 2010, p. 50).

O que observamos é que a busca e defesa dos direitos humanos sempre surgiram

em terreno de lutas simbólicas, e tais direitos muitas vezes foram pensados somente no

decorrer de acontecimentos trágicos, fruto de extrema violência, como na Segunda Guerra

Mundial, que resultou na criação da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945, para

que assim fossem estabelecidas ações conjuntas entre os Estados para promoção e garantia

da paz. Foi a partir de então que surgiu a preocupação no sentido de elaboração de uma

Declaração de Direitos que definisse as diretrizes para reorganização dos Estados. E,

assim, no dia 10 de dezembro de 1948, tal documento foi aprovado, recebendo o nome de

Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Após a Segunda Guerra Mundial, os direitos humanos adquiriram uma força

autônoma culminando na massificação do processo de internacionalização desses direitos,

com instituições e corpos de leis específicos para sua garantia. Com as grandes tragédias

genocidas da guerra, essas instituições, em consonância com a sociedade civil, ganharam

proeminência e passaram a representar simbolicamente a luta pelos direitos humanos.

Igualmente, elas representaram o início de uma perspectiva de sociedade civil global

(SANTOS, 2013).

Para Comparato (2010), a criação e sua oficialização propiciaram a esses direitos a

sua expansão e aliada a isso, toda a concepção dos direitos humanos nascida basicamente

em dois países, Estados Unidos e França, foi transportada para outras realidades sociais

que se apoderaram das ideias e as alinharam com a necessidade da reformulação do

Estado.

O processo de universalização dos direitos humanos permitiu, por sua vez, a

formação de um sistema normativo internacional de proteção. E, a partir da aprovação da

Declaração Universal e da concepção contemporânea de direitos humanos por ela iniciada,

começa a se desenvolver uma normativa internacional dos direitos humanos, estabelecendo

a adoção de tratados internacionais voltados para a proteção de direitos fundamentais.

Para Piovesan (2014), a Declaração Universal confere lastro de valor a esse campo

do direito, com ênfase na universalidade, na indivisibilidade e na interdependência dos

direitos humanos. Como afirma Bobbio (1988, p. 30), “os direitos humanos nascem como

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direitos naturais universais e desenvolvem-se como direitos positivos particulares (quando

cada constituição incorpora declarações de direito), para finalmente encontrarem sua plena

realização como direitos positivos universais”.

Compreendemos, então, que historicamente a concepção contemporânea de direitos

humanos caracteriza-se pelos processos de universalização e internacionalização desses

direitos, reconhecidos sob o prisma de sua indivisibilidade. Ressaltamos ainda que a

Declaração de Direitos Humanos de Viena, de 1993, reitera a concepção da Declaração de

1948, quando, em seu parágrafo 5o, afirma: “Todos os direitos humanos são universais,

interdependentes e inter-relacionados. A comunidade internacional deve tratar os direitos

humanos globalmente de forma justa e equitativa, em pé de igualdade e com a mesma

ênfase”.

Assim, os direitos humanos tornaram-se cerne do debate constitucional

internacional na segunda metade do século XX. Reconhecemos que o universo dos direitos

humanos não apenas permeia as mais variadas cortes internacionais, como também

constituem os seus maiores problemas, isso porque a temática não envolve apenas uma

perspectiva jurídica. Pelo contrário, uma das maiores chaves, senão a maior, da questão

dos direitos humanos é o fato de que a construção desses direitos demanda uma análise

muito além do plano jurídico. E, por isso, os direitos humanos como fruto direto das

experiências sociais têm uma história repleta de contradições.

Os direitos humanos, tais como genericamente entendidos, são fruto das

transformações de concepções políticas e sociais ao longo da recente história, que se faz

presente para compreender os dilemas atuais desses direitos.

Em outras palavras, a noção de direitos humanos e o ideal de sua universalização são resquícios de uma utopia da modernidade, de um projeto não apenas inconcluso, mas já sem chance de realização? Ou estão na ordem do dia e constituem fatores importantes de propulsão de lutas emancipatórias, base para a difusão de demandas sociais, políticas e culturais internas de cada de cada nação e de diretrizes pacifistas para a regularização de conflitos internacionais? Pragmaticamente: é inútil ou cabe lutar pela defesa e universalização dos direitos humanos?(VENTURI, 2010, p. 10).

Nesse mesmo caminho, Piovesan (2014, p. 338-339) fala da necessidade de reconhecer a

importância das especificidades de cada sujeito de direito:

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Torna-se, contudo, insuficiente tratar o indivíduo de forma genérica geral e abstrata. Faz-se necessária a especificação do sujeito de direito, que passa a ser visto em suas peculiaridades e particularidades. Nesta ótica determinados sujeitos de direitos, ou determinadas violações de direitos, exigem uma resposta específica e diferenciada. Isto é, na esfera internacional, se uma primeira vertente de instrumentos internacionais nasce com a vocação de proporcionar uma proteção integral, genérica e abstrata, refletindo o próprio temor da diferença [...] percebe-se, posteriormente, a necessidade de conferir a determinados grupos uma proteção especial e particularizada, em face de sua própria vulnerabilidade. Isto significa que a diferença não mais seria utilizada para a aniquilação de direitos, mas ao invés, para a promoção de direitos.

Ainda assim, o que se entende é que a concepção de garantia dos direitos humanos

ganha forças e se torna imperativo após a criação da Declaração Universal dos Direitos do

Homem, porque esse conceito de direito nasce de uma idéia revolucionária de liberdade e

passa a ser a linguagem imperativa de emancipação.

Retrocessos conjunturais e localizados à parte, a história tem demonstrado que, no atacado, o desenvolvimento moral das sociedades nacionais em direção à universalização dos direitos é tendencialmente irreversível. Não pela determinação de alguma força suprema ou pela inexorabilidade de algum destino da humanidade. Mas pelo simples fato de que – exceto se destituídos de direitos civis e políticos – não ocorre aos sujeitos de direitos, uma vez tendo tomado consciência dos mesmos, abrir mão de sua titularidade (VENTURI, 2010, p. 14).

Ainda sobre o projeto emancipador do sujeito, uma gama de problemas foram

introduzidos na história da ideia dos direitos humanos. Ao elaborar uma crítica a essa

percepção, Hannah Arendt (2012, p. 327) esclarece que:

Os direitos do homem, supostamente inalienáveis, mostraram-se inexequíveis – mesmo nos países cujas constituições se baseavam neles – sempre que surgiam pessoas que não eram cidadãos de algum Estado soberano. A esse fato, por si já suficientemente desconcertante, deve acrescentar-se a confusão criada pelas numerosas tentativas de moldar o conceito de direitos humanos no sentido de defini-los com alguma convicção, em contraste com os direitos do cidadão, claramente delineados.

Nesse sentido, Santos (2013) justifica que, após 1948, os direitos humanos passam

a ser centrados no Estado, e estes passam a ter o monopólio dos direitos. Desse modo, o

direito perde o caráter revolucionário que ganhou durante a Revolução Americana e

Francesa, nas quais a centralidade dos direitos estava na idéia de liberdade e independência

do homem.

Percebemos que mesmo havendo um esforço para a ampla garantia da dignidade

humana e pela inviolabilidade de direitos estabelecidos em todo o mundo, na prática, ainda

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existe um abismo que separa o que foi estabelecido em declarações e convenções e a

vivência plena desses direitos para muitos sujeitos.

O objetivo de adotar declarações internacionais e de regime e instituições internacionais de direitos humanos visava garantir mínimos de dignidade aos indivíduos sempre e quando os direitos de pertença a uma coletividade política não existissem ou fossem violados. Ao longo dos últimos duzentos anos, os direitos humanos foram sendo incorporados nas constituições e nas práticas jurídico-políticas de muitos países e foram reconceptualizados como direitos de cidadania, diretamente garantidos pelo Estado e aplicados coercitivamente pelos tribunais: direitos cívicos, políticos, sociais, econômicos e culturais. Mas a verdade é que a efetividade da proteção ampla dos direitos de cidadania foi sempre precária na grande maioria dos países (SANTOS, 2013, p. 50).

Assim, Santos (2013) problematiza que os direitos humanos são ao mesmo tempo

afirmados e reconhecidos para uns acabam, na prática, sendo negados ao restante. Na pior,

ou melhor, das hipóteses, os direitos humanos fornecem um padrão de crítica aos seus

governos.

A questão é que, como defende Arendt (2012), a garantia do respeito à dignidade

depende de que as pessoas assumam uma postura ativa por direitos, que esses indivíduos

estabeleçam esses valores para boa vivência em comunidade. Os demais setores da

sociedade, incluindo organizações por direitos humanos podem apenas sustentá-los. Um

Estado que adota certos direitos formalmente se vê menos propício à violação daqueles,

embora não seja impossível. “Estamos diante de um processo de filogênese da moralidade

– ou seja, de um desenvolvimento moral da espécie humana que, no entanto, não se

manifesta necessariamente em cada indivíduo, nem no conjunto deles” (VENTURI, 2010,

p. 11).

Isto indica que o entendimento da sociedade em relação à necessidade de efetivar

os direitos humanos e o seu engajamento na luta por essa garantia é algo essencial para que

a dignidade e sua inviolabilidade sejam estabelecidas. A sociedade atuando consciente e de

forma organizada é fundamental para o respeito aos direitos humanos. Nesse sentido, está a

atuação dos movimentos sociais para garantir a aplicação normativa e a reflexão necessária

sobre os direitos humanos.

2. 1 MOVIMENTOS SOCIAIS COMO MEDIADORES DE LUTAS

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No Brasil, o grande marco na democratização do país foi a Constituição Federal de

1988, “colocando-se entre as Constituições mais avançadas do mundo” (PIOVESAN,

2007, p. 25), e que garantiu, em seu ordenamento jurídico, os direitos fundamentais

estabelecidos pelos documentos internacionais dos quais o país é signatário.

A Constituição Federal foi promulgada em 05 de outubro de 1988 e em seu artigo

1° traz que “a República Federativa do Brasil, formada pela união indissociável dos

Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito

em tem como fundamentos: II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana”.

Já no artigo 4° afirma que “a República Federativa do Brasil rege-se nas suas

relações internacionais pelos seguintes princípios: I – prevalência dos direitos humanos; V

– igualdade entre os Estados; VI – defesa da paz; IX – cooperação entre os povos para o

progresso da humanidade”. A partir da Constituição, observamos que a dignidade humana

pode ser considerada como o fundamento do Estado brasileiro. E como fonte de valor, é

dessa dignidade humana que decorre todos os demais direitos humanos.

E tal avanço jurídico foi construído a partir de lutas travadas por organizações da

sociedade brasileira que reivindicaram o direito a participação na elaboração do

documento, priorizando demandas vindas de grupos que não tinham seus direitos humanos

garantidos.

Nesse período, reivindicavam-se a criação de espaços de participação, em que a sociedade civil organizada pudesse canalizar suas demandas e influir nos processos decisórios de políticas públicas. Essa vertente de reivindicações visava a encontrar soluções para o enfrentamento do crescente déficit social das classes urbanas de baixa renda nas áreas de saneamento, urbanização, saúde e habitação (ROCHA, 2002, p. 134-135).

O que demonstra o papel fundamental da sociedade civil organizada no

agendamento das demandas de grupos minoritários. Sendo, assim, precisamos reconhecer

que no processo histórico brasileiro pela qual os direitos fundamentais foram criados nos

textos constitucionais e nas legislações contou com a efetiva participação da população por

meio dos movimentos sociais.

É muitas vezes pelas lutas e os movimentos sociais que os direitos humanos e

fundamentais adquirem significado e efetividade no processo da defesa da cidadania no

Brasil. Castells (2013, p. 157) afirma que “ao longo da história, os movimentos sociais

foram e continuam a ser as alavancas da mudança social”.

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Gohn (1997) explica que as pautas defendidas por esses movimentos sociais estão

alinhadas aos princípios norteadores dos direitos humanos, ficando a dignidade, liberdade e

inviolabilidade no centro do discurso.

Os valores defendidos pelos movimentos em si não contêm nada de novo, pois eles se referem "aos princípios e exigências morais acerca da dignidade e da autonomia da pessoa, da integridade das condições físicas da vida, da igualdade e participação e de formas pacíficas e solidárias de organização social (GOHN, 1997, p. 167).

Pautados na defesa de direitos humanos, os movimentos ocupam espaços

buscando dar visibilidade a diferentes grupos da sociedade e diminuir as desigualdades.

Assim, observamos que diversos avanços normativos e a criação de mecanismos de defesa

dos direitos humanos se devem ao trabalho de movimentos que trabalham de maneira

autoreflexiva e permitem que a sociedade enxergue de forma lúcida suas mazelas;

contribuem ainda na vigilância social e no agendamento de temas em uma mídia que,

muitas vezes, se furta de exercer a função de dar notoriedade a temáticas sociais e

contribuir para dar um lastro de sentido a essas questões.

Nesse contexto, é preciso compreender que abordamos aqui, essencialmente, os

Novos Movimentos Sociais, que segundo Gohn (1997), caracterizam-se como grupos

sociais descentralizados e não hierárquicos focados em ações coletivas sem ter

propriamente uma base classicista, como os primeiros movimentos de operários e

camponeses. Os Novos Movimentos recusam a política de cooperação entre as agências estatais e os sindicatos e estão mais preocupados em as segurar direitos sociais - existentes ou a ser adquiridos para suas clientelas. Eles usam a mídia e as atividades de protestos para mobilizar a opinião pública a seu favor, como forma de pressão sobre os órgãos e políticas estatais. Por meio de ações diretas, buscam promover mudanças nos valores dominantes e alterar situações de discriminação, principalmente dentro de instituições da própria sociedade civil (GOHN, 1997, p. 125).

Seguindo o mesmo caminho, ao apresentar os novos movimentos sociais, Santos

(1999) define que os protagonistas das lutas a que se refere são “grupos socais, ora

maiores, ora menores que classes, com contornos mais ou menos definidos em vista de

interesses coletivos por vezes muito localizados, mas potencialmente universalizáveis”

(SANTOS, 1999, p. 225). São grupos que muitas vezes assumem uma função mediadora

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no processo de dar visibilidade aos temas sociais, tornando-se protagonistas na defesa da

inviolabilidade da dignidade humana e do discurso contra-hegemônico.

Santos (2013) destaca a atuação dos movimentos como um dos pilares para a

construção de uma concepção contra-hegemônica de direitos humanos. “O trabalho

político dos movimentos e organizações sociais que lutam por uma sociedade mais justa e

digna: só à luz desse trabalho é possível definir os termos em que a gramática dos direitos

humanos potencia ou limita os objetivos de luta”. (SANTOS, 2013, p. 53).

BARBALHO (2005, p. 29-30) lembra que:

A partir dos anos 1950, e de modo crescente, novos movimentos socais ocupam espaços importantes e colocam outras questões, ao lado das reinvindicações político-econômicas. São as minorias (sexuais, religiosas, étnicas etc.) que implodem o cenário social com suas bandeiras político-culturais, exigindo do Estado não só seguro-desemprego, assistência social e serviços públicos, mas também o reconhecimento de suas diferenças, de suas singularidades, de suas identidades.

Percebemos que nesse espaço de disputas simbólicas pela efetivação dos direitos

humanos, grupos sociais organizados passam a desenvolver um papel fundamental,

incluindo na luta pela inviolabilidade da dignidade do homem o agendamento de questões

urgentes e a mobilização da sociedade. Geralmente se originam de uma crise nas condições de vida que torna insustentável a existência cotidiana para a maioria das pessoas. São induzidos por uma profunda desconfiança nas instituições políticas que administram a sociedade. A conjuminância de degradação das condições materiais de vida e crise de legitimidade dos governantes encarregados de conduzir os assuntos públicos leva as pessoas a tomar as coisas em suas próprias mãos (CASTELLS, 2013, p. 157).

Nesse processo, ao lado dos movimentos sociais, os meios de comunicação

desenvolvem papel também importante na sociedade, pois cabe a eles pautar a população,

levando às pessoas as informações necessárias para a que elas tenham a capacidade de

formar suas opiniões. Ao se tratar de direitos humanos, os veículos de comunicação são

considerados estratégicos e fundamentais para a fiscalização, promoção e divulgação

desses direitos. Muitas vezes, é somente por meio da imprensa que a população toma

conhecimento de serviços de relevância pública ou de direitos que precisam ser acessados

e/ou demandado. Principalmente ao abordar temáticas que problematizam a violação de

direitos humanos de grupos minoritários, como é o caso dos grupos que estudamos

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diretamente na dissertação de mestrado em desenvolvimento, sendo: mulheres, povos

indígenas, crianças e adolescentes.

Para Paiva (2005), um dos maiores desafios da atualidade é a aceitação radical do

outro, por isso, defende que é preciso de um esforço para estabelecer novas relações socais

que contemplem novas estruturas responsáveis pelas mediações sociais. Nesse sentido, ela

chama atenção para o papel da mídia.

Esse esforço deve deter-se necessariamente no entendimento do lugar que a mídia assume um papel de tamanha envergadura, capaz de, se não substituir, definir, de maneira cabal, todas as antigas mediações sociais. Em síntese, a mídia responsabiliza-se hoje por todas as mediações sociais, é ela que regula a relação do indivíduo com o mundo e seus pares (PAIVA, 2005, p. 16).

Sodré (2005, p. 13) indica que “nas tecnodemocracias ocidentais, a mídia é um dos

principais territórios” da luta travada pelas minorias contra o poder hegemônico. O autor

ainda reconhece que, na atualidade, as estratégias discursivas, muitas utilizando os meios

de comunicação, como revistas, jornais e programas de televisão, estabelecem-se como

importantes recursos dessa luta.

Compreendemos, assim, que o trabalho jornalístico garante visibilidade às lutas e

permite que a população tenha as informações necessárias para um debate crítico e pautado

nas complexidades sociais que envolvem as mudanças de paradigmas nos direitos

fundamentais. O que indica que uma prática jornalística dedicada à contextualização das

notícias fortalece a cidadania, auxilia a revigorar e ampliar o capital social, além de

permitir o entendimento da atuação dos movimentos sociais.

E reconhecendo a importância do poder estratégico da mídia, percebe-se, então, que

os movimentos sociais e diversas instituições que atuam na proteção e garantia dos direitos

humanos, atualmente, aproveitam esse cenário e criam estratégias de agendamento de

temas ligados à cidadania, estabelecendo parcerias.

Assim, a sociedade civil se mobiliza de modo a sensibilizar e enviar aos meios de

comunicação assuntos importantes para a sociedade, a fim de promover a produção da

notícia de utilidade pública e estabelecer uma parceria com os profissionais da imprensa.

Silva (2010) apud Lago e Benetti (2010, p. 85) afirma que, “pode-se, então, afirmar que o

contra-agendamento de um tema pode ser parte de uma mobilização social; parte de um

Plano de Enfrentamento de um Problema, coorporativo ou coletivo”.

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Desse modo, é relevante observar que a sociedade e os movimentos sociais

organizados têm se apropriado de ferramentas de comunicação e das TICS justamente para

estrategicamente pautar a imprensa, e assim, levar à população as informações necessárias

para o debate acerca da proteção aos direitos humanos e promoção da cidadania.

3 DISCUSSÕES FINAIS

No presente artigo discutimos a evolução histórica, normativa e, principalmente,

conceitual dos direitos humanos, relacionando com o papel determinante que os

movimentos sociais, entendidos, em linhas gerais, como grupo organizados em prol de

justiça social, exercem para efetivação e manutenção dos direitos próprios da dignidade

humana, garantidos por uma declaração que se pretende universal e internacional.

Defendemos a concepção de que esses direitos são um processo, uma construção,

um corpo provisório que precisa de constante renovação e vigilância de uma sociedade

civil organizada, engajada e atenta às demandas sociais mais marginalizadas e oriundas de

uma minoria invisibilizada pelos poderes e, mais especificamente o que nos interessa aqui,

pelo sistema midiático.

Essa discussão integra a dissertação de mestrado que objetiva avaliar a cobertura

jornalística sobre direitos humanos no ciberjornal mais acesso do Mato Grosso do Sul, o

Campo Grande News4, em três temáticas principais: mulher, povos indígenas e crianças e

adolescentes. E preliminarmente já conseguimos corroborar a importância da mobilização

social para pautar esses grupos nas mídias, e provocar que sejam atendidos pelo estado de

direito e por políticas públicas específicas.

Observamos alguns dispositivos legais importantes para a garantia dos direitos

humanos desses grupos minoritários, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (lei

federal 8.069/90), foram frutos de intensa atuação dos movimentos socais que colocaram

as temáticas que envolviam a população infanto-juvenil no centro do debate público,

criando campanhas e mobilizações sociais para a criação do documento.

E isso se repete com a lei 11.340/2006, chamada de Maria da Penha, que é

resultado também dos esforços do movimento feminista e dos movimentos sociais pela 4 Com média de dois milhões de visitas mensais, segundo o site https://www.similarweb.com.

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efetivação dos direitos humanos. Com a lei, foram criados mecanismos para coibir a

violência doméstica e familiar contra a mulher, estabelecendo medidas para a prevenção,

assistência e proteção às mulheres em situação de violência.

No que diz respeito à população indígena, observamos também a efetiva

participação de movimentos sociais que lutam para dar visibilidade aos direitos dessa

população. Entre os temas urgentes na agenda desses movimentos está a atualização e

adequação da legislação específica que atende essa população. Pois desde 1973 está em

vigência no Brasil o Estatuto do Índio (lei 6.001/1973), mas não atende a realidade dos

indígenas. Por isso, diversos projetos de lei já foram apresentados no Congresso Nacional e

Senado, sendo que o último é o de n° 169 /2016, que propõe o novo Estatuto dos Povos

Indígenas.

Tais aspectos nos indicam que para compreender a evolução histórica dos direitos

humanos e a luta por sua visibilidade e efetivação, é preciso reconhecer que a atuação de

movimentos sociais é um dos pilares desse processo. Pois eles recorrem não somente a

mobilizações populares, mas também traçam estratégias de parcerias e articulação com a

mídia, para assim auxiliar na proposição do debate na sociedade sobre temáticas voltadas

aos direitos humanos e cidadania.

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