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Ao som de Bach, Cello Suite No.1 em Sol. Antes de escrever, tudo parecia tão fácil de descrever. Mas agora, sentado aqui, pelado, com vertilador ligado e o Bach tocando (não da forma que eu queria, de forma ininterrupta), parece ainda mais difícil falar o que eu quero falar. Conclusão rápida: não sei o que quero, nem o que quero te falar, nem o que sou, nem o que sinto, nem o que você sinto. Sou eu na minha forma mais clássica. Não consigo nem escolher o picolé na saída do restaurante. Relembrando as coisas que pensei no chuveiro (a água tem esse efeito de fazer a gente pensar na vida né?): nunca alguém me fez tão completo, ao ponto de me fazer ignorar todo o tipo de lógica, e nunca alguém me cavou tamanho buraco naquilo que - acho que fica na parte inferior da barriga - chamam de alma. É assim. Parece que só você enche a alma até o fim. É estranho, não sei explicar. Já aconteceu tantas vezes. Por que acontece novamente? Tenho vontade de me comunicar eternamente com você e, ao mesmo tempo, sinto que estou falando sozinho. Será que vou ter coragem de te mostrar isso? Uns 3 anos atrás, escrevia uma poesia falando que só escrevia para me livrar da dor. Na verdade, escrevia para alimentar a falta que você fazia na minha vontade de você. E agora, depois de tanto e de tudo, faço o mesmo. Um solilóquio que imagina ser lido, mas que, tal qual o autor, não sabe de nada. Mas sabe que é verdadeiro e que busca o que sente até o fim. Até o fim do fim, do começo do recomeço do fim. Você é tão doce. Sua voz, mesmo quando cheia de pimenta, tem sabor doce. Dói, mas eu gosto. É, boa, você é como pimenta, tempero que eu gosto muito. É uma delícia, e o sabor fica na boca um bom tempo.

Reflexões - Ao Som de Mischa Maisky Plays Bach Cello Suite No

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Reflexões - Ao Som de Mischa Maisky Plays Bach Cello Suite No

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Ao som de Bach, Cello Suite No.1 em Sol.

Antes de escrever, tudo parecia to fcil de descrever. Mas agora, sentado aqui, pelado, com vertilador ligado e o Bach tocando (no da forma que eu queria, de forma ininterrupta), parece ainda mais difcil falar o que eu quero falar. Concluso rpida: no sei o que quero, nem o que quero te falar, nem o que sou, nem o que sinto, nem o que voc sinto. Sou eu na minha forma mais clssica. No consigo nem escolher o picol na sada do restaurante.Relembrando as coisas que pensei no chuveiro (a gua tem esse efeito de fazer a gente pensar na vida n?): nunca algum me fez to completo, ao ponto de me fazer ignorar todo o tipo de lgica, e nunca algum me cavou tamanho buraco naquilo que - acho que fica na parte inferior da barriga - chamam de alma. assim. Parece que s voc enche a alma at o fim. estranho, no sei explicar. J aconteceu tantas vezes. Por que acontece novamente? Tenho vontade de me comunicar eternamente com voc e, ao mesmo tempo, sinto que estou falando sozinho. Ser que vou ter coragem de te mostrar isso? Uns 3 anos atrs, escrevia uma poesia falando que s escrevia para me livrar da dor. Na verdade, escrevia para alimentar a falta que voc fazia na minha vontade de voc. E agora, depois de tanto e de tudo, fao o mesmo. Um solilquio que imagina ser lido, mas que, tal qual o autor, no sabe de nada. Mas sabe que verdadeiro e que busca o que sente at o fim. At o fim do fim, do comeo do recomeo do fim.Voc to doce. Sua voz, mesmo quando cheia de pimenta, tem sabor doce. Di, mas eu gosto. , boa, voc como pimenta, tempero que eu gosto muito. uma delcia, e o sabor fica na boca um bom tempo.