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ROMANOS - A GRAÇA CUMPRE A LEI | 162 | REFLEXÕES BÍBLICAS ESTUDO 44 A LIBERDADE CRISTÃ Leituras diárias Segunda Rm 6.1-6 Terça Rm 6.7-11 Quarta Rm 6.12-15 Quinta Rm 6.16,17 Sexta Rm 6.18-20 Sábado Rm 6.21-23 Domingo Rm 8.12-15 Texto bíblico: Romanos 6 Texto básico: Romanos 6.15-23 Texto áureo: Gl 5.25 Qual o seu conceito de liberdade? O teólogo Edgar Young Mullins tem esta colocação: “A verdadeira liberdade é a determinação da pessoa para o que é bom moral e espiritualmente(La Religion Criatiana en su Expresion Doctrinal). Para esta época, em que muito se argumenta contra os padrões estabe- lecidos, torna-se tarefa delicada situar o assunto. Qualquer modelo proposto parece negar a criatividade, a expressão individual e espontânea, o modo de ser de cada um. Mentalmente armado contra qual- quer padrão, o homem acaba escravo da falta de padrões, que é anarquia. Escravo de vícios, de palavras torpes, de costumes condenáveis, de amizades inconvenien- tes, de noites perdidas, de tempo ocio- so, de talentos desperdiçados. A criança, por exemplo, quer liberdade para brin- car com uma faca afiada. Convém dar- lhe a faca? Resolve atravessar, sozinha, a rua movimentada e perigosa. Convém deixar? A partir da adolescência, a gen- te sabe usar a faca para ferir o próximo. Convém apoiar? Sabe dirigir um carro em alta velocidade, nessa rua movimentada e perigosa. Convém proibir? O assunto é complexo, porque a simples proibição costuma não educar. Necessário é dialo- gar, esclarecer, conduzir. Afinal, gerar é bem mais simples do que criar. Basicamente, o problema é espiritual e ético (Rm 8. 7,8). A lição de hoje discute a liberdade cristã no contexto teológico da lei mosaica. Essa liberdade também contou e conta com diversidade de in- térpretes, muitos deles extremamente liberais. Paulo conhecia alguns e a pene- tração que tentavam conseguir na comu- nidade cristã. LIBERDADE SEM LIBERALISMO - Rm 6. 15,16 Liberalismo é interpretação de liber- dade, mas tende a reinterpretar doutrinas e práticas bíblicas com ideias avançadas demais que agradem a todos os espíri- tos “evoluídos”. É a repetição do ensino

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162 | R E F L E X Õ E S B Í B L I C A S

ESTUDO 44

A LIBERDADE CRISTÃ

Leituras diárias

Segunda Rm 6.1-6Terça Rm 6.7-11Quarta Rm 6.12-15Quinta Rm 6.16,17Sexta Rm 6.18-20Sábado Rm 6.21-23Domingo Rm 8.12-15

Texto bíblico: Romanos 6Texto básico: Romanos 6.15-23Texto áureo: Gl 5.25

Qual o seu conceito de liberdade?

O teólogo Edgar Young Mullins tem esta colocação: “A verdadeira liberdade é a determinação da pessoa para o que é bom moral e espiritualmente” (La Religion Criatiana en su Expresion Doctrinal).

Para esta época, em que muito se argumenta contra os padrões estabe-lecidos, torna-se tarefa delicada situar o assunto. Qualquer modelo proposto parece negar a criatividade, a expressão individual e espontânea, o modo de ser de cada um.

Mentalmente armado contra qual-quer padrão, o homem acaba escravo da falta de padrões, que é anarquia. Escravo de vícios, de palavras torpes, de costumes condenáveis, de amizades inconvenien-tes, de noites perdidas, de tempo ocio-so, de talentos desperdiçados. A criança, por exemplo, quer liberdade para brin-car com uma faca afiada. Convém dar-lhe a faca? Resolve atravessar, sozinha, a rua movimentada e perigosa. Convém deixar? A partir da adolescência, a gen-

te sabe usar a faca para ferir o próximo. Convém apoiar? Sabe dirigir um carro em alta velocidade, nessa rua movimentada e perigosa. Convém proibir? O assunto é complexo, porque a simples proibição costuma não educar. Necessário é dialo-gar, esclarecer, conduzir. Afinal, gerar é bem mais simples do que criar.

Basicamente, o problema é espiritual e ético (Rm 8. 7,8). A lição de hoje discute a liberdade cristã no contexto teológico da lei mosaica. Essa liberdade também contou e conta com diversidade de in-térpretes, muitos deles extremamente liberais. Paulo conhecia alguns e a pene-tração que tentavam conseguir na comu-nidade cristã.

LIBERDADE SEM LIBERALISMO - Rm 6. 15,16

Liberalismo é interpretação de liber-dade, mas tende a reinterpretar doutrinas e práticas bíblicas com ideias avançadas demais que agradem a todos os espíri-tos “evoluídos”. É a repetição do ensino

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de Protágoras, filósofo grego do século 5o a. C., para quem a verdade é o que a cada um pareça verdade. Aplica-se ao li-beralismo teológico ou ético, conforme esteja em questão a doutrina ou a con-duta.

Precisamos libertar-nos de tudo o que escravize, não há dúvida, até mesmo no ambiente evangélico. Mas estamos dis-cernindo o que escraviza? Batemos pal-ma para qualquer desordeiro e subversi-vo, fora da igreja ou dentro dela, desde que ele se mostre avesso às estruturas tradicionais? Ou preferimos refletir e criar espaço para os questionamentos rele-vantes?

Vamos ao texto. A passagem da lei de Moisés para a graça de Cristo foi uma li-bertação, mas nunca o rompimento com a disciplina cristã, como alguns entende-ram nos dias de Paulo. Um cristianismo fácil, relaxado, sem comprometimento com o bem não possui conteúdo liberta-dor. É tapeação, engano. Não é produto da graça. Se a graça nos liberta do peca-do, como permaneceremos no pecado? (Rm 6.1, 2). Se o pecado gera a morte, como seria ele um meio de manifestar a liberdade? Se nossa relação é com o Cris-to vivificado e vivificante, como daremos frutos para a morte? (Rm 7. 5). Somos servos do pecado ou da obediência? (Rm 6.16).

Como ocorre ainda hoje, falsos intér-pretes se introduziam nas igrejas pro-pondo um afrouxamento da ética cristã, alegando que o pecado era boa ocasião para Deus revelar sua compassiva graça, cobrindo com o manto da misericórdia todas as leviandades cometidas. A graça não é isso. É uma lei interior que nos põe no caminho da santificação, desejosos sempre do bem. Opera de dentro para fora, ao contrário da lei externa carrega-da de proibições e ameaças. Oportuno é o conselho de Pedro no sentido de não

se usar a liberdade como “capa da malí-cia”, ou “pretexto da malícia (I Pe 2.16). A BÍBLIA VIVA, da Editora Mundo Cristão, traduz: “Vocês estão livres da lei, porém isso não quer dizer que estão livres para fa-zer o mal”. Agir sem limites, em nome da liberdade? Ser livre para escandalizar o irmão? Cuidado com certas “mentes are-jadas”, que usam da liberdade “para dar ocasião à carne” (Gl 5.13).

Aplicação a sua vida. Neste tempo caracterizado pelo rompimento com padrões de conduta, que é liberdade para você?

LIBERDADE COM SUBMISSÃO - Rm 6.17-20

O homem não escapa à posição de servo: do pecado ou da justiça; do mal ou do bem; do diabo ou de Deus. Servir ao pecado degrada, avilta, humilha, en-quanto servir à justiça enobrece, exalta, santifica. Que é melhor? Que tipo de ser-vo tenho sido?

Servo é um dos títulos do crente na Bíblia, que Paulo soube usar e viver, tor-nando-se cada dia mais livre pela sub-missão a Cristo. Na humilde submissão foi que o filho pródigo reencontrou a liberdade. O v.19 faz um contraste entre iniquidade e justiça. O apelo convence. Convertidos que já serviram à iniquida-de devem agora servir à justiça. Como se explica um crente que não saiba valorizar sua liberdade em Cristo? Que serviu “de coração” ao mundo, mas só depois de chorosos apelos serve a sua igreja.

Paulo se vale de linguagem bem hu-mana para se comunicar (“falo como ho-mem”), fazendo analogias que favorecem a compreensão (Rm 3. 5; I Co 9.8; Gl 3.15).

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Aplicação a sua vida. Na sua experiên-cia, em que sentido a submissão é liber-dade?

LIBERDADE E VIDA - Rm 6. 21-23

Usando a figura da lavoura, qual o fruto da conduta pecaminosa? Que con-sistência apresenta? O que se colhe é a vergonha. Uma história de libertinagem nada tem de bom a recordar. Resta a de-cepção e a morte (v.21).

Há dois cursos de vida em oposição: servindo ao pecado e servindo a Deus. E dois frutos diferentes. A relação entre fruto e serviço está no v. 22. Tanto o bem quanto o mal frutificam, mas perceba a diferença. Em vez de o pecado dominar o homem, Cristo assume a direção como Senhor (v. 23). Afinal de contas, cada um dá o que tem. O primeiro senhor (o peca-do) escraviza; o segundo (Cristo) liberta. E o crente sofre a vergonha de haver ser-vido ao primeiro senhor. Bendita vergo-nha!

“Não passe dos 80”. Este antigo ape-lo do DETRAN (hoje um pouco diferente) é escravidão ou liberdade? É morte ou vida? Quem possui carro sente-se des-pojado de sua liberdade por essa lei? Sente-se ameaçado de morte ao obede-cer? Sabe-se que as estatísticas mostram uma considerável redução de acidentes nas estradas, graças a certas imitações impostas. O trem bitolado pelos trilhos

corre livre e oferece segurança aos passa-geiros. Saindo, facilmente mata.

As normas racionais do evangelho significam segurança e vida. Mais do que vida longa. É vida elevada, livre de acidentes morais. Ser livre não é arriscar uma escolha entre o bem e o mal. É esco-lher apenas o bem. Tal escolha resulta em santificação e vida eterna (v. 22), que são dons gratuitos de Deus em Cristo (v. 23) e expressão final da liberdade cristã.

Aplicação a sua vida. Em Gl 5.13, o apóstolo recomenda que não usemos da liberdade para dar ocasião à carne. Como isso acontece hoje?

PARA SUA REFLEXÃO

1. Você considera errado o crente fu-mar, beber uma cervejinha, jogar na loteria, copiar os modelos sensuais de roupa etc, desde que seja uma vez ou outra e ele mantenha a fidelidade doutrinária, e esteja bem integrado na igreja?

2. Como você recebe o jugo de Jesus oferecido por ele próprio, em Mt 11. 29,30? Não lhe parece uma contradi-ção com a liberdade cristã?

3. No seu serviço a Cristo você encontra prazer? Obedece de coração, confor-me Rm 6.17, ou se considera oprimi-do por uma lei?