3
ROMANOS - A GRAÇA CUMPRE A LEI | REFLEXÕES BÍBLICAS | 177 A VIDA CRISTÃ NA IGREJA ESTUDO 49 Leituras diárias Segunda Rm 12.1-3 Terça Rm 12.4-8 Quarta Rm 12.9-14 Quinta Rm 12.15-18 Sexta Rm 12.19-21 Sábado 1 Jo 2.9-12 Domingo 1 Jo 2.13-15 Texto bíblico: Romanos 12.1-8; I Co 12.1-13.13 Texto básico: Romanos 12.1-8 Texto áureo: Romanos 12.2 Primeiro a fundação; depois as pare- des. Primeiro Paulo lançou os alicerces doutrinários; agora manda construir so- bre eles uma vida cristã estável. A teolo- gia e a prática conjugadas. Doutrina que não se traduz em conduta é alicerce trin- cado. Evangelho é vida. Vida condizente com a doutrina. Neste aspecto, a justiça de Deus não dispensa a justiça do ho- mem. Desde o Antigo Testamento Deus in- dica as duas direções da vida: a vertical e a horizontal. Uma aponta para o céu; a outra, para a terra; relações com Deus e com o próximo. Basta examinar os Dez Mandamentos e ver uma parte pedindo adoração correta e outra cobrando vida social irrepreensível. Jesus teve sérias preocupações com a vida cristã de seus discípulos. Prova disso é o sermão da montanha (Mt 5 a 7). Exaltou a justiça de Deus e solicitou a justiça perante os ho- mens (Mt 3.15 e 5.20). Como Deus realizará na História obje- tivos elevados, se a justiça do seu povo não for elevada? Qual a força do testemu- nho, se precisamos de leis humanas que nos imponham a retidão social? Recor- de-se “a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus” (Rm 8.2). As leis do crente devem operar de dentro para fora, criando dispo- sições santificadas. A vida que Cristo nos deu tem produzido vida? Tendo em mente que o título desta lição nos coloca na comunidade cristã, pensemos na igreja como expressão de vida. VIDA DE SANTIDADE - Rm 12.1,2 1. Qual a motivação? Está no con- texto. Acabara o escritor de ensinar sobre o amor de Deus. Misericórdia imerecida, que os leitores não podiam negar nem diminuir. Dádiva sem preconceito de raça. Esta é a base do apelo. Os crentes deveriam sentir-se motivados “pela com- paixão de Deus” para honrar a Deus. E como honrá-lo com atitudes profanas? 2. Qual o conteúdo? “(...) os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agra- dável a Deus”. Paulo não participa do conceito grego de que a matéria é má e, por consequência, o corpo era um des- prezível túmulo da alma. Sua cultura filosófica depurada pela teologia cristã rejeita essa posição ( que parece estar em

ReflexoesBiblicas-AVidaCristaNaIgreja-Estudo49

Embed Size (px)

DESCRIPTION

ReflexoesBiblicas-VitoriaNaVidaSocial

Citation preview

Page 1: ReflexoesBiblicas-AVidaCristaNaIgreja-Estudo49

R O M A N O S - A G R A Ç A C U M P R E A L E I |

R E F L E X Õ E S B Í B L I C A S | 177

a vida cristã na igreja

ESTUDO 49

Leituras diárias

Segunda Rm 12.1-3 Terça Rm 12.4-8Quarta Rm 12.9-14Quinta Rm 12.15-18Sexta Rm 12.19-21Sábado 1 Jo 2.9-12Domingo 1 Jo 2.13-15

Texto bíblico: Romanos 12.1-8; I Co 12.1-13.13Texto básico: Romanos 12.1-8 Texto áureo: Romanos 12.2

Primeiro a fundação; depois as pare-des. Primeiro Paulo lançou os alicerces doutrinários; agora manda construir so-bre eles uma vida cristã estável. A teolo-gia e a prática conjugadas. Doutrina que não se traduz em conduta é alicerce trin-cado. Evangelho é vida. Vida condizente com a doutrina. Neste aspecto, a justiça de Deus não dispensa a justiça do ho-mem.

Desde o Antigo Testamento Deus in-dica as duas direções da vida: a vertical e a horizontal. Uma aponta para o céu; a outra, para a terra; relações com Deus e com o próximo. Basta examinar os Dez Mandamentos e ver uma parte pedindo adoração correta e outra cobrando vida social irrepreensível. Jesus teve sérias preocupações com a vida cristã de seus discípulos. Prova disso é o sermão da montanha (Mt 5 a 7). Exaltou a justiça de Deus e solicitou a justiça perante os ho-mens (Mt 3.15 e 5.20).

Como Deus realizará na História obje-tivos elevados, se a justiça do seu povo não for elevada? Qual a força do testemu-nho, se precisamos de leis humanas que nos imponham a retidão social? Recor-de-se “a lei do Espírito da vida, em Cristo

Jesus” (Rm 8.2). As leis do crente devem operar de dentro para fora, criando dispo-sições santificadas. A vida que Cristo nos deu tem produzido vida?

Tendo em mente que o título desta lição nos coloca na comunidade cristã, pensemos na igreja como expressão de vida.

VIDA DE SANTIDADE - Rm 12.1,2

1. Qual a motivação? Está no con-texto. Acabara o escritor de ensinar sobre o amor de Deus. Misericórdia imerecida, que os leitores não podiam negar nem diminuir. Dádiva sem preconceito de raça. Esta é a base do apelo. Os crentes deveriam sentir-se motivados “pela com-paixão de Deus” para honrar a Deus. E como honrá-lo com atitudes profanas?

2. Qual o conteúdo? “(...) os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agra-dável a Deus”. Paulo não participa do conceito grego de que a matéria é má e, por consequência, o corpo era um des-prezível túmulo da alma. Sua cultura filosófica depurada pela teologia cristã rejeita essa posição ( que parece estar em

Page 2: ReflexoesBiblicas-AVidaCristaNaIgreja-Estudo49

| R O M A N O S - A G R A ç A c u M p R e A L e i

178 | R E F L E X Õ E S B Í B L I C A S

Rm 7.18 -- “na minha carne não habita bem algum”). Além de elevar o corpo à categoria de santuário do Espírito, aceita que Cristo viveu no corpo sem cometer pecado (Rm 8.3). O versículo 1 de Rm 12 apela à santidade do homem todo. A palavra corpo é apenas uma parte do todo (é a figura metonímia), assim como quando Cristo “derramou a sua alma até a morte”(Is 53.12) , estava ele todo sofren-do por nós. O sacrifício vivo, em contraste com o sacrifício morto, não se efetua so-mente com o corpo.

3. Qual a qualidade? Observe-se que o altar do A T só recebia sacrifícios de animais santificados. O Cordeiro de Deus substituiu todos eles e inaugurou um altar para os crentes santificados. Não mais se trata de vítimas, pois esse altar é de “sacrifício vivo”. Em vez de consumir, revigora. Uma referência ao culto como oferta viva -- a própria vida. Vida não é agitação, barulho, emoções sem con-trole. Deus pede “culto racional” (v.1), a mente transformada , capaz de perceber a vontade de Deus (v.2).

Aplicação a sua vida. Entendendo que o corpo merece atenção, que cui-dados você tem dado a ele?

VIDA DE RECONHECIMENTO - Rm 12. 3-5

A vida em comunidade tem suas imposições, porque inclui o outro. No caso da comunidade cristã, além dos ir-mãos em Cristo, conta-se com o Senhor da igreja. Espera-se um ajustamento que depende de algumas verdades contidas nos versículos acima.

1. Reconhecimento de nossas limi-tações (v.3). Só Cristo é tudo em todos. Ninguém deve cultivar a pretensão de ser absoluto. Tal atitude é de criança mal-educada, que tem prazer em eliminar o outro. Atitude vaidosa, arrogante, anti-pática. Formando conceito de si mesmo acima do que convém, a pessoa acaba em choque com o grupo. Talvez pretenda

a primazia na igreja, como fez Diótrefes (III Jo 9). Muito instrutiva é a leitura de Fp 2.3,4. Tendo consciência de suas li-mitações, o crente mostrará humildade, modéstia, convivendo melhor.

2. Reconhecimento da provisão divina (v. 3). Alvo da graça de Deus, o apóstolo sabe que não há motivo para ostentação. É Deus quem reparte os dons. “Nossa capacidade vem de Deus” (II Co 3.5). Reparte como quer (I Co 12.11). Mais uma amostra de sua soberania.

3. Reconhecimento de nossas dife-renças (v. 4). Paulo se dirige a cada um, pois conhece a individualidade da fé. To-dos os crentes, todavia, formam um só corpo espiritual, sendo Cristo a cabeça. Por sermos membros desse corpo, so-mos membros uns dos outros (I Co 12.27; Ef 4.25). A vida na comunidade respeita o indivíduo, mas exige certa renúncia de “cada um”. As diferenças não devem im-pedir a harmonia. Como o corpo da igreja é muito mais do que uma estrutura e fun-ção biológicas, sofre a interferência da má vontade e da incompreensão. Aceitar o outro é, às vezes, exercício espiritual de alto nível, impossível de praticar sem amor.

4. Reconhecimento de nossas se-melhanças (v.5). Nossa união com Cristo nos torna identificados com os demais membros de seu corpo. “Membros uns dos outros” tem o valor da aproximação e da unidade. Enquanto ficamos a pensar nas diferenças, mantemos distâncias, fa-vorecemos os conflitos e a desintegração. Por que não darmos ênfase às semelhan-ças? Não estamos no mesmo Cristo? Não somos filhos do mesmo Pai? Não somos irmãos? Não fomos batizados “em um só Espírito”?

O v. 5 declara nossa interdependên-cia. Dependemos uns dos outros em casa, na rua, na escola, no emprego e na igreja também. Queiramos ou não. Mais uma vez o amor é indispensável. Se a fé nos une a Cristo, o amor nos une aos ir-mãos. Como falhamos, às vezes!

Page 3: ReflexoesBiblicas-AVidaCristaNaIgreja-Estudo49

R O M A N O S - A G R A ç A c u M p R e A L e i |

R E F L E X Õ E S B Í B L I C A S | 179

Aplicação a sua vida. Não há duas pes-soas iguais. A fim de preservar a comu-nhão, como você deve lidar com quem possui atitudes diferentes das suas?

VIDA DE SERVIÇO - Rm 12. 6-8

A figura do sacrifício envolve serviço. O próprio culto é uma atividade cristã. A igreja é um centro de trabalho. Em ter-mos de evangelização, as quatro paredes de um templo significam pouco. É pre-ciso sair “pelos caminhos e valados” (Lc 14.23). Mas o texto fala de serviço dentro da comunidade, para edificação do cor-po de Cristo (Ver também Ef 4.15,16). A santificação vem antes, como preparação e garantia de um serviço produtivo. Duas observações gerais:

1. Os dons são diferentes (v.6), co-municados pela graça de Deus. Nada de vanglória, inveja, críticas presunçosas. A cada um cabe usar corretamente suas habilidades “segundo a medida da fé”. Não apenas a medida do conhecimento, da inteligência ou das emoções. A igreja é uma comunidade de fé, embora sem des-prezo da razão. O versículo 1 recomenda o “culto racional”, inteligente, mas quanto maior for a fé, maiores os resultados. Nas diferentes medidas, a fé motiva e produz frutos de fé. Ter fé correta é ser inteligen-te.

2. Os serviços são diferentes (vv.6-8). A profecia é a palavra da pregação, do aviso com autoridade sobrenatural, seja referência ao passado, ao presente ou ao futuro (Êx 7.1; At 15.32; I Co 15.1). O ministério é o serviço de cada crente. A palavra grega diaconia se aplica ao diá-cono ou a qualquer outro servo na igreja. Todo crente pode e deve ministrar (pres-tar serviços). O ensino é necessário ao fortalecimento das convicções evangé-licas. Quem ensina deve estar apto para ensinar. Rm 15.4 valoriza o ensino conti-do no AT (“segundo as Escrituras”), para melhor compreensão do Novo. Mt 13.52 aprova o escriba instruído nas coisas do Reino. At 13.1 menciona mestres na igre-ja de Antioquia. “Haja dedicação ao ensi-no” - exorta o mestre Paulo (Rm 12.7). A

exortação deve acompanhar o ensino. É um estímulo à vontade, um meio de confortar e fortalecer (At 15.32;). Bem diferente de repreender, irritar. Damos graças pelos irmãos que sabem exortar (At 11.23; 14.22; 15.32). A contribuição elogiada em II Co 8 caracterizou-se pela “riqueza da generosidade”. Foi uma graça concedida (vv.1 e 2). Pedindo um coração liberal a quem reparte, Paulo exalta mais a qualidade do que a quantidade. Como precisamos dessa graça!

A liderança zelosa preserva, integra, harmoniza, edifica. São vários os que pre-sidem nas igrejas. A misericórdia se ex-pressa em doações. Doações de quê? De ajuda material, de afetos, simpatia, boa vontade, perdão. Misericórdia para com os enfraquecidos, os enfermos, os angus-tiados, os desvalidos. Fazer isso com ale-gria é boa marca da vida vitoriosa. As mi-sericórdias de Deus a nós não merecem essa retribuição?

Aplicação a sua vida. A misericór-dia é virtude cristã. Por que meios você é capaz de praticá-la?

PARA SUA REFLEXÃO1. Você consegue profanar apenas

uma parte de seu ser? Um crente que usa vícios prejudiciais ao corpo profana so-mente o corpo? E o que mente, calunia ou pratica outras injustiças, profana so-mente o espírito?

2. Com que atitude você adora? Em que sentido o culto é um “sacrifício vivo”? Depende do ruído estrepitoso dos instru-mentos? Do volume das vozes dos que cantam? De orações gritadas? De prega-dores agitados?

3. Como é seu relacionamento na igreja? Consegue amar e honrar a todos?

Ou dá mais atenção aos que têm seu nível social e pensam como você? Já entendeu que você forma com seus ir-mãos um só corpo em Cristo?

4. Reconheço que já faltei com o amor cristão. Já tive dificuldades em perdoar. Qual é sua experiência nessa área?