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| ROMANOS - A GRAçA CUMPRE A LEI 174 | REFLEXÕES BÍBLICAS ESTUDO 48 DEUS DIRIGE A HISTÓRIA Leituras diárias Segunda Rm 9.1-5 Terça Rm 9.5-10 Quarta Rm 9.14-18 Quinta Rm 9.20-24 Sexta Rm 9.25-28 Sábado Rm 10.1-5 Domingo Rm 10.8-11 Texto bíblico: Romanos 9.1-11:36 Texto básico: Romanos 9.20-27; 10.5-10 Texto áureo: Romanos 10.13 A visão cristã da História é mais do que a mecânica sucessão de fatos sem direção e objetivos. Mais do que uma evolução científica desprovida de impli- cações morais. Não é barco sem leme, como pode parecer. E não é qualquer pessoa no leme. É Deus. Onde fica o homem? Que parte ele tem nos acontecimentos? Não é óbvio que a História que Deus dirige sofre seus descaminhos por causa do homem indis- ciplinado? Foi essa a experiência com o povo escolhido. Se fosse máquina auto- mática, o homem jamais desobedeceria. Bastaria apertar os botões de controle, como se faz a um computador. Enquanto os planetas seguem suas órbitas ordena- damente, o homem exorbita (sai da órbi- ta) com frequência, em nome da liberda- de. Eis o problema. Você mesmo, como crente, sabe que é livre para transgredir, embora não seja livre para impedir as consequências dessa transgressão. Resta saber se isso é liberdade. Como Deus dirige a História? DIRIGE COM SOBERANIA - Rm 9. 20-27 A meditação nos versículos 6 a 18 de Rm 9 não afasta o mistério da soberania de Deus, mas pode ajudar muito como contexto instrutivo. Leia-os A história sagrada invade a história profana (profana apenas como não sa- grada, ou secular) e dá aos acontecimen- tos humanos um novo sentido. Em lugar de um determinismo cego, uma intenção divina. Acima da inegável realidade física e social, enxergamos a mão do Senhor marcando o destino que julga por bem, usando circunstâncias, condições, meios diversos. Exemplo: a causa da salvação é a graça (não a fé), mas a graça não se re- aliza sem a fé, que funciona como condi- ção. A graça pertence à soberania divina, ao passo que a fé, ainda seja um dom de Deus, manifesta a liberdade humana. Tem o homem o direito de rebelar-se contra a obra de Deus? (v.20). A sobera- nia permite a Deus fazer do homem ou pelo homem o que Ele quiser: aceitá-lo

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| R O M A N O S - A G R A ç A c u M p R e A L e i

174 | R E F L E X Õ E S B Í B L I C A S

ESTUDO 48

Deus Dirige a história

Leituras diárias

Segunda Rm 9.1-5Terça Rm 9.5-10Quarta Rm 9.14-18Quinta Rm 9.20-24Sexta Rm 9.25-28Sábado Rm 10.1-5Domingo Rm 10.8-11Texto bíblico: Romanos 9.1-11:36

Texto básico: Romanos 9.20-27; 10.5-10 Texto áureo: Romanos 10.13

A visão cristã da História é mais do que a mecânica sucessão de fatos sem direção e objetivos. Mais do que uma evolução científica desprovida de impli-cações morais. Não é barco sem leme, como pode parecer. E não é qualquer pessoa no leme. É Deus.

Onde fica o homem? Que parte ele tem nos acontecimentos? Não é óbvio que a História que Deus dirige sofre seus descaminhos por causa do homem indis-ciplinado? Foi essa a experiência com o povo escolhido. Se fosse máquina auto-mática, o homem jamais desobedeceria. Bastaria apertar os botões de controle, como se faz a um computador. Enquanto os planetas seguem suas órbitas ordena-damente, o homem exorbita (sai da órbi-ta) com frequência, em nome da liberda-de. Eis o problema. Você mesmo, como crente, sabe que é livre para transgredir, embora não seja livre para impedir as consequências dessa transgressão. Resta saber se isso é liberdade.

Como Deus dirige a História?

DIRIGE COM SOBERANIA - Rm 9. 20-27

A meditação nos versículos 6 a 18 de Rm 9 não afasta o mistério da soberania de Deus, mas pode ajudar muito como contexto instrutivo. Leia-os

A história sagrada invade a história profana (profana apenas como não sa-grada, ou secular) e dá aos acontecimen-tos humanos um novo sentido. Em lugar de um determinismo cego, uma intenção divina. Acima da inegável realidade física e social, enxergamos a mão do Senhor marcando o destino que julga por bem, usando circunstâncias, condições, meios diversos. Exemplo: a causa da salvação é a graça (não a fé), mas a graça não se re-aliza sem a fé, que funciona como condi-ção. A graça pertence à soberania divina, ao passo que a fé, ainda seja um dom de Deus, manifesta a liberdade humana.

Tem o homem o direito de rebelar-se contra a obra de Deus? (v.20). A sobera-nia permite a Deus fazer do homem ou pelo homem o que Ele quiser: aceitá-lo

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ou rejeitá-lo; torná-lo vaso honroso ou desonroso (v.21). Impõe-se que percor-ramos com reverência e cuidado o cami-nho da soberania de Deus em relação à liberdade do homem, sabendo que pisa-mos terra santa. O texto sugere algumas relações:

1. Soberania e poder (vv. 21,22). A imagem do Deus-oleiro é do Velho Tes-tamento, a começar no Éden. Merecem menção três textos de Isaías e um de Je-remias. Is 29.16 -- uma chamada ao reco-nhecimento; Is 45.9 -- uma censura à arro-gância; Is 64.8 -- um gesto de humildade; Jr 18.6 -- a indiscutível autoridade que o Oleiro tem de moldar o endurecido barro da casa de Israel. Assim, as forças da Na-tureza e da História estão sob o senhorio de Deus (Rm 9. 6-33), parecendo não ha-ver espaço para a rebeldia humana nesse processo. É uma questão de ênfase que faz sobressair a soberania do poderoso Senhor de tudo (I Co 3.21-23).

2. Soberania e juízo (v.22). É parte da soberania divina manifestar ira e exer-cer juízo sobre os impenitentes. Consulte Rm 2.16; 4.10-12 e II Co 5.10. Merecemos menos do que o castigo? Quem pode ar-gumentar com Deus sobre a doutrina do inferno?

3. Soberania e misericórdia (vv. 23,26). Compare Ef 2.3,4. A depravação humana justifica a ira divina. Estando, porém, o homem desprovido de recursos para sua recuperação, Deus revela “as ri-quezas de sua glória”. Os vasos da ira se transformam em vasos de misericórdia (vv. 22 e 23). O Deus paciente suportou os vasos da ira; mudou o nosso compor-tamento, para que façamos transbordar a misericórdia que nos livrou da perdição.

4. Soberania e liberdade (vv. 21,25). Refiro-me à liberdade do Criador. Seu direito de dar o perdão a uns e negá-lo a outros. Importa recordar que Deus di-

rige a história de homens pecadores. Ele não é obrigado a oferecer misericórdia a ninguém. A doutrina da predestinação se fundamenta no beneplácito (con-sentimento) divino, e não nos méritos humanos. Daí a improcedência de qual-quer queixa. Se os eleitos não merecem a eleição, os não eleitos a merecem? Qual a injustiça? Os versículos 25 e 26 registram Deus recebendo de volta os rebeldes e lhes chamando filhos. Esta é a mensagem de Lucas 15, nas três “parábolas da graça”. O filho pródigo merecia o perdão ou o pai lhe deu o perdão porque quis?

5. Soberania e seleção (v.27). Rema-nescente é restante, resíduo. Na história de Israel é uma espécie de Israel espiritu-al dentro do Israel nacional. Um restante entra na terra prometida; um restante volta do cativeiro; um restante cumpre as promessas messiânicas; um restante for-ma o “Israel de Deus”. Identifica-se com o “pequeno rebanho”, na linguagem de Jesus.

A falsa ideia judaica de que Deus es-tava comprometido com uma raça, por meio de uma eleição irrevogável, resul-tou em vanglória e abusos. Só aos fiéis pertence a promessa, não importa a raça.

Aplicação a sua vida. Por vezes, pa-rece que Deus está ausente, até na história dos crentes. Você já sentiu esse “abandono”? Compartilhe.

DIRIGE COM PROPÓSITO MESSIÂNICO - Rm 10. 5-10

Uma interferência divina nos atos hu-manos pode dar-lhes uma direção espe-cial. Até de catástrofes Deus tira proveito. Ele domina os fenômenos do universo físico e os feitos humanos, mas sempre com um propósito. Dominou o Mar Ver-

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melho e atravessou no caminho de Faraó, retendo-lhe os passos, em favor do povo escolhido. Era o desenvolvimento de um plano redentor que mudaria o rumo da História.

Romanos 10.4 lembra que Cristo cumpriu as exigências da lei, a fim de jus-tificar judeus e gentios mediante a fé. A justiça que vem da lei exclui o Messias da promessa. É o homem proclamando sua autossuficiência e fazendo sozinho sua história. História de conquistas sem Deus, anunciando um individualismo arrogan-te, menosprezando a fé.

Paulo mostra a distinção entre Moisés e Cristo; entre as obras mortas e a fé viva. Cristo é a palavra da fé, bem presente, ao alcance de todos (v.8). Entrou na His-tória para lhe imprimir o verdadeiro sig-nificado. O centro da História é o Verbo que se fez carne e habitou entre nós. Vem para propor ao homem o caminho cer-to, a direção segura. Vendo a multidão desorientada, comparou-a com “ovelhas sem pastor” (Mt 9.36). Oferecendo sua graça, ele quer libertar o homem do pe-cado. Não traz um sistema econômico, um esquema político, um plano científi-co, um esboço filosófico, com que outros messias pretendem salvar o mundo. Ele aprova qualquer proposta justa, idônea, que promova o bem-estar social do ser humano, mas conhece o motivo básico para todos os desajustamentos e confli-tos. Se a causa é o pecado, convém que o homem vença o pecado. Como o pecado maior é não crer em Seu santo nome, está em ordem anunciar “a palavra da fé”.

A redenção foi consumada na cruz, mas não na História, visto que muitos são “inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3.18).

Chorando, Paulo o dizia, pois não confes-saram a Jesus como Senhor (Rm 10.9). É o que falta ainda hoje. Eliminando-se a causa, cessará o efeito. Se o mundo acei-tasse a paz de Cristo, não haveria guerra. Vivendo-se a justiça social da Bíblia, aca-bará a fome.

Os versículos 11 a 15 de Rm 10 refor-çam o propósito messiânico e salvador com que Deus dirige a História. Para tan-to, usa mensageiros humanos no teste-munho da pregação. No tempo próprio aparecerá novamente o Messias, em glória e majestade, para descer a cortina e julgar todo o espetáculo. Que tipo de comediantes somos nós?

Aplicação a sua vida. Que exemplos você tem da direção divina em sua tra-jetória?

PARA SUA REFLEXÃO

1. Você participa daquela ideia de que Deus anda frustrado na direção da Histó-ria? Aparentemente, não é isso mesmo? O Messias não é rejeitado pela maioria? Não parece, por vezes, que tudo está per-dido? Como você enfrenta essa crítica ao Senhor da História? Como fica sua posi-ção de servo?

2. Seu vaso de misericórdia pode ser apresentado como testemunha da graça e do poder de Deus? Esse vaso represen-ta um benefício a outros com quem você convive?

3. Você, como parte do remanescen-te de Deus, encontra motivos satisfató-rios para exaltar a misericórdia divina, ou para se exaltar?