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MARCOS - O EVANGELHO DO SERVIÇO | REFLEXÕES BÍBLICAS | 133 JESUS REVELA SUA AUTORIDADE ESTUDO 37 Leituras diárias Segunda Mc 11. 1-11 Terça Mc 11. 15-19 Quarta Mc 11. 27-33 Quinta Mc 12. 1-12 Sexta Mc 12. 13-17 Sábado Mc 12. 28-34 Domingo Mc 12. 38-44 Texto básico: Marcos 11.27-33; 12.13-17 Texto áureo: Lucas 10.22 Certa vez os principais sacerdotes e os fariseus reuniram o sinédrio para o se- guinte assunto: “Que faremos? porquanto este homem vem operando muitos sinais. Se o deixarmos assim, virão os romanos, e nos tirarão tanto o nosso lugar como a nos- sa nação” (Jo 11.47,48). Temiam perder espaço, e formaram conselho para eli- minar Jesus. O testemunho da multidão sobre o poder do Filho de Deus provocou esta reação: “Vede que nada aproveitais? Eis que o mundo inteiro vai após ele” (Jo 12.17-19). O texto de hoje põe Jesus outra vez em choque com a liderança religiosa. Aquele que veio trazer a paz cria con- flito! O evangelho produz paz entre os homens, mas à medida que eles aceitam essa paz. Se os inimigos de Deus não conseguem ser amigos do povo de Deus, surge um mal-estar. É o choque da verda- de com o erro; do bem com o mal. Era, portanto, inevitável a divergência entre Cristo e as autoridades religiosas de seu tempo, que não reconheciam nele auto- ridade divina. AUTORIDADE POSTA EM DÚVIDA (Mc 11.27-33) Provavelmente terça-feira da última semana de Jesus na terra. O milagre da figueira seca e a purificação do templo motivaram a pergunta do v. 28. Não uma pergunta de quem desejava aprender com o divino Mestre, mas de quem pre- tendia chamá-lo às contas e confundi-lo. Diferente da pergunta do jovem rico, que parece bem intencionada. Apreciemos o texto sob dois aspectos: 1. Uma pergunta arrogante (v. 28). Que exigiam de Jesus para que o res- peitassem? Uma investidura oficial? A au- torização do sinédrio? Se reconhecessem nele o Messias, o Verbo que se fez carne, o Filho do Deus vivo, ungido pelo Espíri- to Santo, não fariam qualquer pergunta nesses termos. Está faltando a verdadeira fé a muitos observadores hoje. A autori- dade de Jesus não dependia de institui- ções terrenas ou de sacerdotes, escribas e anciãos. Era como a vida que possuía e dava, sem ter recebido de alguém. Estava nele, inerente. Para os incrédulos e presunçosos fa- riseus, Jesus não tinha licença de agir, e funcionava como um impostor, exorbi- tante, intruso. Eles sempre tiveram seus fiéis representantes em líderes poderosos

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R E F L E X Õ E S B Í B L I C A S | 133

Jesus revela sua autoridade

ESTUDO 37

Leituras diárias

Segunda Mc 11. 1-11Terça Mc 11. 15-19Quarta Mc 11. 27-33Quinta Mc 12. 1-12Sexta Mc 12. 13-17Sábado Mc 12. 28-34Domingo Mc 12. 38-44

Texto básico: Marcos 11.27-33; 12.13-17Texto áureo: Lucas 10.22

Certa vez os principais sacerdotes e os fariseus reuniram o sinédrio para o se-guinte assunto: “Que faremos? porquanto este homem vem operando muitos sinais. Se o deixarmos assim, virão os romanos, e nos tirarão tanto o nosso lugar como a nos-sa nação” (Jo 11.47,48). Temiam perder espaço, e formaram conselho para eli-minar Jesus. O testemunho da multidão sobre o poder do Filho de Deus provocou esta reação: “Vede que nada aproveitais? Eis que o mundo inteiro vai após ele” (Jo 12.17-19).

O texto de hoje põe Jesus outra vez em choque com a liderança religiosa. Aquele que veio trazer a paz cria con-flito! O evangelho produz paz entre os homens, mas à medida que eles aceitam essa paz. Se os inimigos de Deus não conseguem ser amigos do povo de Deus, surge um mal-estar. É o choque da verda-de com o erro; do bem com o mal. Era, portanto, inevitável a divergência entre Cristo e as autoridades religiosas de seu tempo, que não reconheciam nele auto-ridade divina.

AUTORIDADE POSTA EM DÚVIDA (Mc 11.27-33)

Provavelmente terça-feira da última semana de Jesus na terra. O milagre da

figueira seca e a purificação do templo motivaram a pergunta do v. 28. Não uma pergunta de quem desejava aprender com o divino Mestre, mas de quem pre-tendia chamá-lo às contas e confundi-lo. Diferente da pergunta do jovem rico, que parece bem intencionada. Apreciemos o texto sob dois aspectos:

1. Uma pergunta arrogante (v. 28). Que exigiam de Jesus para que o res-

peitassem? Uma investidura oficial? A au-torização do sinédrio? Se reconhecessem nele o Messias, o Verbo que se fez carne, o Filho do Deus vivo, ungido pelo Espíri-to Santo, não fariam qualquer pergunta nesses termos. Está faltando a verdadeira fé a muitos observadores hoje. A autori-dade de Jesus não dependia de institui-ções terrenas ou de sacerdotes, escribas e anciãos. Era como a vida que possuía e dava, sem ter recebido de alguém. Estava nele, inerente.

Para os incrédulos e presunçosos fa-riseus, Jesus não tinha licença de agir, e funcionava como um impostor, exorbi-tante, intruso. Eles sempre tiveram seus fiéis representantes em líderes poderosos

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e dominadores, que escravizam a mente e a consciência do povo. Somente é cor-reto seguir os guias religiosos enquanto eles seguem a Cristo, que é a suprema autoridade.

2. Uma resposta irresistível (vs. 29-33).

Não podendo negar os milagres de Cristo, nem refutar os seus ensinos, que fazem os adversários? Colocam em dú-vida seus direitos de atuar. Querem uma fustificativa (v. 28). Como Jesus reage? Como procedeu em várias ocasiões, ele responde a pergunta com outra pergun-ta (vs. 29,30). Coloca-os diante de um dilema, que é uma situação embaraçosa com duas saídas difíceis e desagradáveis. Um “beco sem saída”. Uma espécie de lança com as duas pontas agudas; uma e outra fisgam. Qualquer resposta dos fariseus seria derrota para eles. Se admi-tissem que o batismo de João era do céu, estariam em falta por não o aceitarem, e deveriam crer no Cristo anunciado por João, seu precursor. Se dissessem que provinha dos homens, criariam um problema com a multidão, grande admi-radora de João Batista. Eis o dilema. Os fariseus deram então uma resposta de ignorantes: “Não sabemos”. Colocados “entre a cruz e a espada”, já estavam ven-cidos.

Aplicação a sua vida. Em que se funda-menta sua autoridade para testemunhar de Jesus?

A AUTORIDADE POSTA EM AÇÃO (Mc 12.13-17)

Pela segunda vez os fariseus se unem aos herodianos, seus inimigos religiosos e políticos. Confira Mc 3.6. A causa era comum aos dois partidos. Curioso é que Herodes e Pilatos fizeram as pazes no processo contra o Senhor (Lc 23.12). Mo-

tivos perversos também unem as pesso-as. O sequestro é um entre muitos. Como é que Jesus manifesta sua autoridade perante seus inimigos? Reprovando sua conduta e autoridade, e propondo atitu-des corretas que os deixam admirados. Observe-se:

1. A hipocrisia desmascarada (vs. 13-15)

O v.13 mostra a perversidade do ob-jetivo dos fariseus e herodianos — apa-nhar Jesus “em alguma palavra”. O v.14 informa um recurso usado para alcançar esse objetivo — demorado elogio segui-do de uma pergunta maliciosa e irritan-te. O v.15 apresenta Jesus identificando a hipocrisia deles e provando que não se deixa enganar. O Mestre poderia ter repetido o ensino de Mc 7.6: “Este povo honra-me com os lábios...”, mas não era preciso repetir.

Qual o valor de um Credo, se fica ape-nas em confissões e recitativos; se está na mente, mas não desce ao coração? No-tou que o elogio a Jesus contém decla-rações solenes? São quatro: 1) Que ele é verdadeiro, 2) que não teme os homens, 3) que não se deixa levar pelas aparên-cias, 4) que ensina o caminho de Deus. Tudo certo, mas recitado apenas com os lábios, como a confissão da jovem a res-peito de Paulo e Silas (At 16.17). O Deus que vê o coração “não aceita a aparência do homem” (Gl 2.6). A autoridade com que Cristo fala em Mateus 23 a esses fal-sos religiosos deve causar temor a qual-quer hipócrita de nossos dias, fora das igrejas ou dentro delas.

2. A postura sábia (vs. 15-17) Se no primeiro texto (11.27-33) Jesus

arma um dilema contra seus adversários, agora é a vez deles. A questão do tributo. Roma dominava a Palestina. Vinha exi-gindo, por longos anos, um imposto que simbolizava a servidão dos judeus. Na an-tiguidade o poder de um governo estava

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presente onde circulava sua moeda, e as moedas com sua efígie (retrato) e inscri-ção (palavras ao redor da moeda) eram propriedade dele. Daí a pergunta de Je-sus no v.16: “De quem é esta imagem e inscrição?”

Em que consistiu o astucioso dilema? Se Jesus respondesse a pergunta do v. 14 com um sim, estaria recomendando a submissão a Roma, e seria considerado um judeu “entreguista”, desfibrado, covar-de. Ali pertinho se encontravam fariseus para acusá-lo prontamente. Se respon-desse não, passaria por um revolucioná-rio inconveniente. Ali havia herodianos (partido de Herodes) para denunciá-lo a César. Certamente eles esperavam ape-nas “sim” ou “não”, mas certas perguntas não devem receber reposta com uma só palavrinha. Jesus respondeu com várias palavras (v.17). Foi tão sábia a resposta, que colocou os dois grupos diante de dois tribunais: o de César e o de Deus. As-sim o v. 17 revela sua autoridade posta em ação. Cobrou de seus inquiridores (que eram também inquisidores) uma cida-dania correta nos dois reinos: o da terra e o do céu. Os representantes da religião tinham deveres políticos, assim como os políticos possuíam deveres religiosos. A resposta de Cristo significa uma postura sábia e orientadora capaz de emudecer o auditório. Leia Lc 20.26.

Como crentes somos mais respon-sabilizados, pois estudamos a Bíblia e reconhecemos a dupla cidadania. O questionamento sobre tributos tem sido constante na História. A sonegação de impostos, ao mesmo tempo, cria pro-blemas de sobrevivência para o Estado e favorece a sobrevivência do cidadão. Cristo deu o exemplo até nesse aspecto (Mt 17.24-27). Longe de ser um revolu-cionário político, sabia cooperar com os magistrados e viver como cidadão irre-preensível. Sua expressão no v.17 ficou célebre como síntese (resumo) da sepa-ração entre a Igreja e o Estado.

Afinal, o que é de César? Somente o di-nheiro exigido por lei? Também o respei-

to, a cooperação, o apoio moral em tudo aquilo que não entre em conflito com os direitos exclusivos de Deus, a quem so-mos devedores acima de qualquer outro compromisso. Jesus nunca mandaria dar a César o culto que só a Deus pertence. E a Deus pertence tudo. Ele apenas permi-te que César receba uma parte para pro-mover o bem social do próprio homem, mas sem usurpar posições e desrespeitar consciências.

Aplicação a sua vida. 1) Como você avalia sonegação de impostos? 2) Por que a resposta a certas perguntas não deve ser apenas SIM ou NÃO? Pode dar exemplo?

REFLITA UM POUCO MAIS 1. De vários modos Jesus manifestava

autoridade: 1) Rompendo com o legalis-mo, 2) repreendendo enfermidades, 3) controlando a natureza, 4) expulsando demônios, 5) perdoando pecados, 6) de-terminando padrões de conduta social, cívica e religiosa. Você tem aceitado essa benéfica autoridade em seu viver?

2. A autoridade de Jesus não resulta na escravidão humana. Ao contrário, é a defesa da liberdade humana (Mt 11.29-30). Quem a ele se submete sabe disso. Essa verdade está em sua experiência? Como?

3. Os assuntos difíceis e controverti-dos devem ser levados a quem seja capaz de ajudar, mas precisa haver sinceridade e submissão. Os fariseus e herodianos fi-zeram bem indo a Jesus, mas fizeram mal na intenção com que foram. Mateus clas-sifica essa intenção como malícia, Marcos como hipocrisia, e Lucas como astúcia (Mt 22.18; Mc 12.15; Lc 20.23). Com que atitude você faz seus questionamentos?

4. Nesta lição “descascamos” os fa-riseus na sua hipocrisia. Não temos nós também alguma “casca” precisando ser removida, para que fique às claras o que somos? Como é nossa prática religiosa? Quais as atitudes para com Deus? E o re-lacionamento com o próximo?