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| ROMANOS - A GRAçA CUMPRE A LEI 146 | REFLEXÕES BÍBLICAS UMA PALAVRA INTRODUTÓRIA CARTA AOS ROMANOS Realça na Epístola aos Romanos a justiça de Deus, que contém o aspecto punitivo sem excluir o conteúdo misericordioso. O confronto entre a Lei e a Graça é destaque nesta carta. Paulo dá ênfase ao privilé- gio que o cristianismo oferece a judeus e gentios. O evangelho não faz discriminações mesquinhas. Com razão se afirma que Romanos é carta polêmica e conciliatória. Polê- mica porque apresenta a Graça em oposição à Lei como recurso para a justificação. É a justiça divina confrontando a justiça humana. Conciliatória porque busca harmonizar judeus e não-judeus, lamentando os conflitos causados por questões de pouca im- portância, conforme se pode constatar nos capítulos 14 e 15. Romanos registra ensinos sobre a soberania de Deus, a salvação, a paz, o compor- tamento cristão, a liberdade, a obra missionária, o evangelho sem fronteiras, e vários outros enfoques de aplicação constante aos crentes atuais. Proclama a vitória dos cristãos sobre as circunstâncias contrárias. Com sabedoria o autor trata da lei e da graça, do espírito e da carne, colocando ênfase no Espírito Santo como quem deve motivar nosso agir. Conjuga razão e fé; une teoria e prática. Oportuno é acrescentar que a doutrina da Justificação é fundamental na epístola aos Romanos. FMR

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146 | R E F L E X Õ E S B Í B L I C A S

Uma palavra introdUtória Carta aos romanos

Realça na Epístola aos Romanos a justiça de Deus, que contém o aspecto punitivo sem excluir o conteúdo misericordioso.

O confronto entre a Lei e a Graça é destaque nesta carta. Paulo dá ênfase ao privilé-gio que o cristianismo oferece a judeus e gentios. O evangelho não faz discriminações mesquinhas. Com razão se afirma que Romanos é carta polêmica e conciliatória. Polê-mica porque apresenta a Graça em oposição à Lei como recurso para a justificação. É a justiça divina confrontando a justiça humana. Conciliatória porque busca harmonizar judeus e não-judeus, lamentando os conflitos causados por questões de pouca im-portância, conforme se pode constatar nos capítulos 14 e 15.

Romanos registra ensinos sobre a soberania de Deus, a salvação, a paz, o compor-tamento cristão, a liberdade, a obra missionária, o evangelho sem fronteiras, e vários outros enfoques de aplicação constante aos crentes atuais. Proclama a vitória dos cristãos sobre as circunstâncias contrárias.

Com sabedoria o autor trata da lei e da graça, do espírito e da carne, colocando ênfase no Espírito Santo como quem deve motivar nosso agir. Conjuga razão e fé; une teoria e prática.

Oportuno é acrescentar que a doutrina da Justificação é fundamental na epístola aos Romanos.

FMR

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o aUtor da Carta

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Leituras diárias

Segunda Rm 1.1-12Terça Rm 1.13-17Quarta At 28.1-10Quinta At 28.11-14Sexta At 28.15-18Sábado At 28. 19-23Domingo At 28. 24-28

Texto bíblico: Romanos 1.1-17; At 28.14-31Texto básico: Romanos 1.1,7-15; At 28.14,15,30,31Texto áureo: At 9.15

Você já fez parte de uma igreja com diferentes raças representadas? Em algu-mas regiões do Brasil essa experiência é frequente. Torna-se um tanto árdua, nes-sa conjuntura, a tarefa do pastor, tratando com pessoas de procedência e costumes diversos; pontos-de-vista e exigências discordantes; possíveis preconceitos e desajustes que desafiam a liderança.

O remetente da carta aos Romanos tem destinatários judeus e gentios, de culturas conflitantes. Com a palavra gen-tios, mencionada várias vezes na epís-tola, Paulo se dirige a gregos, romanos e qualquer outro que não seja judeu. O capítulo 16 relaciona nomes de origem grega e romana. No texto desta primeira lição, o apóstolo se dispõe a pregar em Roma porque se considera devedor a ju-deus e a gentios.

Pensam alguns estudiosos que a igre-ja em Roma se formou com “forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos” (At 2.10), sob o impacto do Pentecostes. Fruto de trabalho, de testemunho corajo-so. Repete-se hoje essa conquista do Rei-no, através de cristãos que levam a outros a “preciosa semente” com santo zelo.

A carta que estamos apreciando tem sido classificada como o mais expressi-vo escrito de Paulo. “O principal livro do Novo Testamento e o mais puro evange-lho”, no dizer de Lutero. Para Calvino, esta epístola “abria as portas a todos os tesou-ros das Escrituras”. Merril C. Tenny chama-a de “espinha dorsal da teologia cristã”.

Da pena ilustre de um autor como Paulo não se podia esperar menos do que a profundidade doutrinária e ética deste sagrado livro. Muito mais do que um discípulo de Gamaliel, foi ele um pie-doso seguidor de Cristo.

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SAUDAÇÃO INSTRUTIVA - Rm .1,7

Como o autor se identifica?

1. “Servo de Jesus Cristo”. Paulo é no-tável como judeu, como cidadão roma- no, como cristão, missionário, pionei-ro do cristianismo, pensador e escritor. Tudo isso porque se fez servo. A força do termo grego é escravo, propriedade do Senhor Jesus. Bem mais fácil é cantar “Cristo é meu” do que “Sou de Jesus”, não é verdade?

Ainda em nossos dias, depois de hu-milhados pelo domínio de um mundo cruel, muitos decidem mudar de senhor e se fazem escravos de Cristo. É assim que encontram a liberdade. Descobrem que o jugo desse Senhor é disciplina libertado-ra (Mt 11.29,30). Longe de espezinhar o homem, tal Senhor o exalta. Ao invés de lhe embaraçar os passos, ensina-o a ca-minhar, pois se apresenta como Mestre e amigo.

2. “Chamado para ser apóstolo”. Em Gl 1.1, o autor afirma o sentido sobrenatural de sua chamada. Não é da parte de ho-mem, mas de Deus. É mensageiro divina-mente credenciado.

Há mais de uma chamada. Deus es-colheu uns poucos para o apostolado, tem vocacionado muitos para pastores e missionários, mas deseja que todos se salvem, se santifiquem e o sirvam. Esta última é a chamada geral, que não isenta nenhum crente. Você também está inclu-ído.

3. “Separado para o evangelho de Deus”. Aqui está a procedência divina do evangelho. Paulo é apenas porta-voz de um recado que provém de seu Senhor. Porta-voz convicto. Ler Gl 1.15; At 13.2;

26.16-18. Separado, antes, para o farisa-ísmo; agora, porém, para o cristianismo. Como bom fariseu, afastava-se do povo, orientado por escrúpulos próprios de uma religiosidade exclusivista. Como cristão, vai afastar-se dos padrões de fé e conduta próprios do incrédulo e per-seguidor Saulo de Tarso. Tanto fariseu como santo contêm a ideia de separa-ção, mas os motivos são bem diferentes. Os fariseus se separavam até do Santo Filho de Deus, e confundiam santidade com superstição e fanatismo.

4. “A todos os que estais em Roma”. Sendo o ponto de encontro das nações da época, Roma era lugar estratégico para um contato por carta e uma visita. A epístola prepara o caminho para essa visita.

Aplicação a sua vida. O mesmo Cristo que transformou Paulo continua mudando o ser humano. Que diferença Ele fez em sua vida?

OBREIRO VIRTUOSO -- Rm 1.8-15

Vejamos como o texto adorna o cará-ter desse “servo de Jesus Cristo”

Reconhece o testemunho dos cren-tes (v.8). Reconhecimento aos crentes, mas gratidão a Deus, por Cristo -- fonte de toda a graça.

Está nossa influência repercutindo por onde passamos e merecendo reco-nhecimento? Sabemos valorizar o teste-munho e o trabalho de outros? Reflita sobre Rm 16.19.

Intercede pelos crentes (v.9). A ora-ção intercessória tem o calor da solidarie-dade; do interesse pelo outro. É atitude

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evangélica. Se os obreiros desejam as orações dos crentes em seu favor, não se esqueçam de que os crentes desejam as suas também. Uma “troca” de grande proveito.

Planeja visitar os crentes (vv. 10-13). Perceba a finalidade da visita. Há benefícios para quem visita e para quem é visitado. Os vv. 11 e 12 são expressivos e claros. Nos contatos com os crentes, o obreiro deve dar e receber. Aparente-mente, apenas dá. Mas recebe, em mui-tos casos, alento e edificação. Quantos crentes inspiram e confortam o seu pas-tor, que é também humano e limitado!

Está cônscio de sua missão (v.14). Missão de pregador do “evangelho de Deus”. Paulo se considera devedor a pes-soas instruídas (gregos) e não instruí-das (bárbaros), pois o evangelho é para todos. Ele quer frutos de seu ministério (v.13) e mostra disposição para a obra (v.15).

Aí está um modelo de obreiro para to-dos os tempos. Seguiremos o bom exem-plo?

Aplicação a sua vida. Apesar de fa-lhos, somos portadores de valores. Aponte algumas virtudes que Paulo de-safia você a cultivar.

SEU TESTEMUNHO EM ROMA - At 28.14,15,30,31

Ir a Roma era um velho sonho de Pau-lo (Rm 1.10, 11, 13, 15; 15.19; At 19.2). Estava no plano de Deus: “Como deste testemunho de mim em Jerusalém, assim importa que o dês também em Roma”

(At 23.11). Em que circunstâncias foi ele a Roma? Preso. Broadus David Hale, em sua Introdução ao Estudo do Novo Tes-tamento, relaciona quatro cidades em que Paulo esteve preso, mencionadas em Atos: Filipos (16.23); Jerusalém (22.23 e ss.); Cesareia (25.4) e Roma (28.16 e ss.). Admite que II Co 6.5 e 11.23 indiquem outras prisões também. Confortador é lembrar que essas prisões resultaram em proveito para o evangelho (Fp 1.12-16). Eis algumas de suas experiências em Roma:

1. Visitante desejado (vv.14,15). Vale a fraternidade ao longo da aciden-tada viagem à Cidade Eterna. Em Puté-oli (v.13), conceituado porto ao sul da Itália, o prisioneiro por Cristo recebe o oportuno convite de alguns irmãos, para ficar uma semana com eles. Mais de 50 quilômetros antes de Roma, na praça de Ápio e Três Vendas, uma emocionante recepção (v.15). Crentes de Roma foram ao seu encontro. Somos visitantes dese-jados?

2. Solidariedade restauradora (vv.15,30). Vendo os crentes indo em di-reção a ele, Paulo cobrou ânimo. Que bál-samo! Uma atitude é ir “ao encontro de”. Outra, bem diferente, é ir “de encontro a”. A primeira fala de solidariedade, ajuda, enquanto a segunda pode ser uma des-caridosa abalroada, ou trombada. Uma restaura; a outra abate. Os crentes foram “ao encontro” de Paulo, inclusive na pri-são (v.30). Costumamos ir ao encontro da Causa ou de encontro a ela? Ajudamos os que sofrem ou aumentamos suas afli-ções?

3. Prisioneiro de regalias (vv. 30,31). Embora sob os olhares de um soldado, ficou em casa alugada, ao passo que os demais presos foram entregues ao gene-

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ral do exército (vv.16,20). Nessa casa ele reunia pessoas com quem desejava con-versar (vv. 17,23,30), e com a liberdade de pregar o evangelho (v. 31). Três privi-légios, portanto.

Merecem destaque os contatos feitos por Paulo em Roma. Também sua inspi-rada produção literária naqueles dois anos de prisão. Provavelmente, Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom (as Cartas da Prisão) foram escritas naquele período. Stanley Jones, em seu precioso livro Cristo e o Sofrimento Humano, de-clara que Jesus não simplesmente supor-tou o Calvário, mas usou-o como instru-mento de redenção. Note-se que Paulo soube transformar a cadeia em escritório. Usou sabiamente o tempo e a dor.

Aplicação a sua vida. Deus aprova qualquer tarefa útil, seja religiosa seja secular. Para ser aprovado, como você deve agir na igreja e na sociedade?

PARA SUA REFLEXÃO

1. Estamos diante de “um jovem cha-mado Saulo”(At 7.58), mas um jovem transformado pelo poder do “evangelho de Deus”. Mudança que ocorre ainda neste tempo, na juventude e em outras faixas de idade. Qual é sua experiência com o Cristo que operou na vida daquele Saulo?

2. Paulo percebeu que sua chamada para o evangelho era um privilégio e um compromisso. Tornou-se um “vaso esco-lhido”. Cumpriu seu ministério fielmente. Você, como alvo também da graça de Deus, reconhece que tem compromissos a honrar? Dê exemplo de alguns.

3. Você aceita que qualquer função na causa de Deus deve ser considerada hon-rosa, ou somente aquelas que projetam o crente? O servo pode sempre escolher a tarefa que mais lhe agrade? Qual tem sido seu serviço a Deus? Como você o serve?

4. Suas provações, no serviço cristão ou na vida particular, têm contribuído de algum modo para proveito do evan-gelho?