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MARCOS - O EVANGELHO DO SERVIÇO | 112 | REFLEXÕES BÍBLICAS ESTUDO 31 SOBRE O REINO DE DEUS Leituras diárias Segunda Mc 4.1-9 Terça Mc 4. 10-20 Quarta Mc 4. 21-25 Quinta Mc 4. 26-29 Sexta Mc 4. 30-34 Sábado Mt 13. 24-30 Domingo Mt 13. 44-52 Texto básico: Marcos 4.21-32 Texto áureo: Marcos 4.30,31 Este estudo trata de um reino supe- rior, que não pertence ao mundo, em- bora esteja no mundo (Jo 18.36); um reino espiritual (Lc 17.20,21) que traz ao homem justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14.17), privilégio dos regene- rados (Jo 3.5). No Antigo Testamento a nação de Is- rael expressava o reino de Deus. Abraão e Moisés muito contribuíram para a forma- ção desse povo, sendo o trono de Davi altamente significativo. Mas o Filho de Davi (isto é, o Cristo) é que revela o rei- no de modo especial, não para sentar-se num trono terreno, mas para reinar no coração de seus súditos. Aquele Filho que o próprio Davi reconheceu como seu Senhor (Mc 12.35-37). Como Jesus proclama seu reino? Qual sua forma preferida de ensinar? Marcos 4.2 informa: “Então lhes ensinava muitas coisas por parábolas”. Por que esse méto- do? Os discípulos, estranhando, pergun- taram a razão do método, e receberam uma resposta que até hoje causa discus- são (Mt 13.10-16). Faltava a muitos, desde os tempos de Isaías, reverência e docili- dade para com a mensagem. O materia- lismo e a perversidade produziam indife- rença e até cinismo. Então uma parábola era escuridão para quem não queria en- tender, ao mesmo tempo que iluminava as mentes acessíveis, revelando-lhes o mistério do reino. Curioso, não é? Apreciemos três das parábolas com que o Mestre ilustra o reino de Deus: da Candeia, da Semente e do Grão de mos- tarda O REINO E A RESPONSABILIDADE MIS- SIONÁRIA (Mc 4.21-25) Apreciemos duas advertências nessa parábola: 1. A mensagem do reino é luz que não se deve ocultar (vs. 21-23)

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112 | R E F L E X Õ E S B Í B L I C A S

ESTUDO 31

Sobre o reino de deuS

Leituras diárias

Segunda Mc 4.1-9Terça Mc 4. 10-20Quarta Mc 4. 21-25Quinta Mc 4. 26-29Sexta Mc 4. 30-34Sábado Mt 13. 24-30Domingo Mt 13. 44-52

Texto básico: Marcos 4.21-32Texto áureo: Marcos 4.30,31

Este estudo trata de um reino supe-rior, que não pertence ao mundo, em-bora esteja no mundo (Jo 18.36); um reino espiritual (Lc 17.20,21) que traz ao homem justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14.17), privilégio dos regene-rados (Jo 3.5).

No Antigo Testamento a nação de Is-rael expressava o reino de Deus. Abraão e Moisés muito contribuíram para a forma-ção desse povo, sendo o trono de Davi altamente significativo. Mas o Filho de Davi (isto é, o Cristo) é que revela o rei-no de modo especial, não para sentar-se num trono terreno, mas para reinar no coração de seus súditos. Aquele Filho que o próprio Davi reconheceu como seu Senhor (Mc 12.35-37).

Como Jesus proclama seu reino? Qual sua forma preferida de ensinar? Marcos 4.2 informa: “Então lhes ensinava muitas coisas por parábolas”. Por que esse méto-do? Os discípulos, estranhando, pergun-taram a razão do método, e receberam

uma resposta que até hoje causa discus-são (Mt 13.10-16). Faltava a muitos, desde os tempos de Isaías, reverência e docili-dade para com a mensagem. O materia-lismo e a perversidade produziam indife-rença e até cinismo. Então uma parábola era escuridão para quem não queria en-tender, ao mesmo tempo que iluminava as mentes acessíveis, revelando-lhes o mistério do reino. Curioso, não é?

Apreciemos três das parábolas com que o Mestre ilustra o reino de Deus: da Candeia, da Semente e do Grão de mos-tarda

O REINO E A RESPONSABILIDADE MIS-SIONÁRIA (Mc 4.21-25)

Apreciemos duas advertências nessa parábola:

1. A mensagem do reino é luz que não se deve ocultar (vs. 21-23)

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Qual o valor de uma lâmpada escon-dida? Que nos ensina Jesus em Mt 5.13-16? Nossa luz precisa resplandecer, e a finalidade é impressionar de tal modo que as pessoas glorifiquem a Deus. Há nisto um ideal missionário: a promoção do reino. Para que esse reino venha à luz, é preciso que haja filhos da luz dispostos a proclamá-lo. Um dos símbolos do evan-gelho é a luz, desde a profecia de Isaías (9.2) até os escritos de João e outros.

Terrível advertência é esta: “Se, por-tanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são essas trevas!” (Mt 6.23). Como manifestar a luz sem estar na luz? Paulo exorta: “Andai como filhos da luz” (Ef 5.8). Confira 1Jo 1.5-7.

2. A mensagem do reino exige amor e dedicação (vs. 24,25)

Enquanto os versos 21-23 apelam a uma atividade missionária manifestando o reino de Deus ao mundo, os versos 24 e 25 parecem chamar a atenção para a receptividade da mensagem. É a respon-sabilidade dos que pregam e dos que ouvem. Mas textos semelhantes aos vv. 24 e 25, em contextos diferentes, fazem pensar que Jesus falava à boa vontade dos crentes na entrega da mensagem. Compare Mt 7.2; 25.29; Lc 8.16-18.

O crente precisa dispor-se generosa-mente. Dispor-se de quê? De talentos, tempo, serviço, dinheiro, o que for pos-sível e necessário aos sublimes ideais do reino. Servir sabendo que o “trabalho não é vão no Senhor” (I Co 15.58). Sabendo ainda que a negligência resulta em per-das de privilégio. Tudo que usamos mal ou deixamos de usar bem é dom des-perdiçado. Corre-se o risco de habilida-des perdidas por falta de uso. É o erro de

omissão. É como se não houvesse habi-lidade concedida por Deus, pois na ver-dade não se chegou a possuí-la de modo dinâmico e prático. Essa deve ser a razão da linguagem em Lc 8.18: “Até o que pare-ce ter lhe será tirado”.

Que incoerência! Jesus proíbe que se esconda a mensagem, e nós escondemos recursos dos quais depende a proclama-ção dessa mensagem. E ela fica debaixo do alqueire ou da cama com os nossos dons.

Aplicação a sua vida. Pesa sobre nós a responsabilidade missionária. Você busca oportunidade para testemu-nhar de Jesus? Onde? Como?

O MISTERIOSO DESENVOLVIMENTO DO REINO (Mc 426-29)

A parábola da semente é mencionada só em Marcos. Atentemos para as seguin-tes verdades:

1. A semente como símbolo da Palavra (Mt 13.19). A Palavra é “viva e eficaz”(Hb 4.12). Representa poder e transformação. Na explicação da parábo-la do joio, os filhos do reino são a boa se-mente, em contraste com o joio, que sãos os filhos do maligno (Mt 13.38). Se vamos a 1Jo 3.9, aprendemos que a semente de Deus permanece no crente. Sendo assim, os filhos do reino ficam responsabiliza-dos. Se a palavra de Deus está em nós, há vida em nós a ser comunicada. Comuni-camos essa vida?

2. O admirável modo como o evan-gelho opera (v 27). “Sem ele saber como”, diz o texto. Faz recordar o mistério

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do novo nascimento (Jo 3.8). O poder de crescer está na própria semente, e não no semeador, do mesmo modo como o po-der de desenvolvimento está no reino de Deus, e não nos pregadores. Um poder inerente e misterioso. A terra é condição, não causa para a semente brotar. Assim o coração humano. Na parábola do se-meador fica bem claro que os resultados diversos correm por conta dos terrenos diversificados (as pessoas), e não da boa semente (a Palavra de Deus).

3. O desenvolvimento gradual e or-denado (v 28). A vida cristã deve ter um processo normal de evolução. É como a própria vida material, biológica. O reino de Deus é ordem, como a vida cristã. Do acúmulo de experiências saudáveis vêm os frutos abundantes. Não se consegue esse santo ideal de um dia para o outro. O alvo é a maturidade com seus frutos fartos e saborosos (vv. 28,29).

Aplicação a sua vida. Sabendo que a igreja conta com a participação de seus integrantes, de que modo você tem feito parte no desenvolvimento da sua?

AS SURPREENDENTES CONQUISTAS DO REINO (Mc 4.30-32)

A linguagem de Jesus não pretende ser científica, nem é a Bíblia um tratado de Botânica. Mas Jesus em nada ofende a ciência ao declarar que o grão de mostar-da “é a menor de todas as sementes” e pro-duz “a maior de todas as hortaliças”. Cer-tamente era a menor semente conhecida de seus ouvintes, e que produzia grande

planta bem conhecida na época. A maior de sua classe ou espécie. Linguagem per-feita para os camponeses da Galileia. Lá a mostarda atingia vários metros de altura e servia de pousada aos pássaros. Não convém ver nessas aves qualquer símbo-lo de espíritos maus explorando o reino de Deus, conforme alguns místicos extra-vagantes. O ensino fundamental do tex-to é a desproporção entre o começo do reino (a pequenina semente) e os resul-tados obtidos (a árvore frondosa). Quem poderia esperar que de tão pequeno grupo de semeadores pelas estradas da Palestina surgiriam tantos crentes e igre-jas com um intenso programa de missões mundiais? É a diferença entre At 1.15 e At 4.4. Primeiro, apenas 120 discípulos; depois, quase 5000! São surpresas que acompanham a evangelização e fortale-cem o ânimo dos mensageiros.

Como explicar o desenvolvimento do reino de Deus? Algo existe além de nossa capacidade de observação. É uma força sobrenatural. Força que multiplica esfor-ços e abençoa os trabalhadores. A graça divina contando com a instrumentali-dade humana vai revelando a surpreen-dente capacidade de conquista inerente ao reino. Note que Jesus achou por bem exaltar a fé na figura do grão de mostarda (Lc 17.6).

Aplicação a sua vida. 1) É Deus quem dá o crescimento, mas o homem pode semear, cuidar da planta e ceifar frutos (Jo 4.35). Qual tem sido sua atuação? 2) Não falta o joio para prejudicar a fru-tificação do trigo. Como você percebe o joio?

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REFLITA UM POUCO MAIS

1. Jesus ensinou a orar assim: “Venha o teu reino” (Mt 6.10). Pode haver dois aspectos do reino nessa oração: intensi-vo e extensivo. Intensivo como realidade crescente da liderança de Cristo na vida cristã, desejando e permitindo que Ele reine no coração crente. Extensivo como bênçãos que se destinam a outros tam-bém, e precisam ser comunicadas pela pregação, estendendo o reino. É missões. Você tem dado lugar ao domínio de Cris-to? Tem ajudado alguém a reconhecer esse Rei?

2. Zacarias 4.10 manda reconhecer “o dia das coisas pequenas”. Como você aplica isso ao reino de Deus? Um breve escrito de Lutero tocou no coração de João Bunyan, autor de O Peregrino. Um folheto de João Wicliff foi levado a um

homem na Boêmia, e esse homem se tor-nou o imortal João Huss. Você crê mesmo na vitória do reino de Deus?

3. Não falta o joio do mal para inter-ferir na semeadura do bem, mas a ceifa final se aproxima e o mal será punido. Em estado de alerta, o crente deve viver esta mensagem do hino 109 do Cantor Cris-tão: “Há pouco tempo pra velar, orando, e contra o inimigo batalhar; há pouco tempo para aqui, chorando, lançar semente pra depois ceifar”

4 Nos vs. 23 e 24 de Marcos 4, Jesus apela à fidelidade no ouvir. Como os dis-cípulos transmitiriam bem, se ouvissem mal? “Vede, pois, como ouvis” (Lc 8.18). Quem ouve errado comunica errado. Quem interpreta errado doutrina errado. É grande a responsabilidade do intérpre-te. Que tipo de ouvintes somos nós?