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| ROMANOS - A GRAçA CUMPRE A LEI 180 | REFLEXÕES BÍBLICAS ESTUDO 50 VITÓRIA NA VIDA SOCIAL Leituras diárias Segunda Rm 12.16 Terça Rm 12.17 Quarta Rm 13.1-3 Quinta Rm 13.7,8 Sexta Rm 13.10 Sábado Rm 13.13,14 Domingo Gl 6.9 Texto bíblico: Romanos 12. 14-13:14 Texto básico: Romanos 12.14-21; 13.1 Texto áureo: Romanos 13.10 Recordemos. Até o cap 11 de Roma- nos a ênfase está na justiça de Deus. A partir do cap 12 ensina-se a justiça no viver cristão. A justiça de Deus salvando o homem e a justiça do homem vivendo a salvação. O crente não possui justiça própria que lhe dê mérito salvador, mas tem justiça adquirida que lhe permite testemunhar a justiça de Deus. A unidade entre esta lição e a ante- rior se vê na continuidade do apelo ético, com uma diferença: esta não se refere ao corpo de Cristo especificamente; coloca- nos do lado de fora da comunidade cris- tã, para as relações com os que estão de fora. Estão de fora, mas desejamos que entrem. Se não entram porque ninguém lhes abre a porta, somos achados em fal- ta. Se não entram porque alguém lhes fecha a porta com um péssimo testemu- nho, mais grave é a falta. Pecamos por não falar e por não viver. VITÓRIA NAS RELAÇÕES PESSOAIS - Rm 12.14-21 Os versículos 9-13 de Romanos 12 fi- cam entre a lição anterior e esta, servindo de luminoso contexto. Dos dons concedidos por Deus e exer- cidos na comunidade cristã, que não fru- tificam sem amor, passa o escritor sacro a alguns ensinos diretos sobre o amor, que se aplicam à igreja e ao mundo. Como conseguir vitórias na vida social? 1. Suprimindo a vingança (vv. 14,17,19,20,21). Paulo bebe na fonte sa- lutar do sermão da montanha (Mt 5.39,44 ). A misericórdia para com o inimigo é instrução que começa no AT (Êx 23.4; Lv 19.18; Pv 24.17,29; 25.21; Jó 31.29; Sl 7.4, etc). Isso não exclui o castigo aos inimi- gos e perseguidores (Lc 18.7; I Co 16.22; II Ts 1.6-10; II Tm 4.14). Em Ap 6.10 há um clamor pela vingança divina. Note-se que o texto de hoje deixa com Deus a vingan- ça. Nossas fraquezas, às vezes, nos fazem assumir essa função divina, não é verda- de? As brasas que Deus nos permite lan- çar sobre o inimigo são o bem que lhe façamos. Amontoadas sobre sua cabeça - um bom símbolo da consciência quei- mando de culpa. Ações benevolentes funcionam como brasas que tiram ao ini- migo a tranquilidade pelo mal praticado e podem despertá-lo para o bem. É uma

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180 | R E F L E X Õ E S B Í B L I C A S

ESTUDO 50

vitória na vida social

Leituras diárias

Segunda Rm 12.16Terça Rm 12.17Quarta Rm 13.1-3Quinta Rm 13.7,8Sexta Rm 13.10Sábado Rm 13.13,14Domingo Gl 6.9

Texto bíblico: Romanos 12. 14-13:14Texto básico: Romanos 12.14-21; 13.1Texto áureo: Romanos 13.10

Recordemos. Até o cap 11 de Roma-nos a ênfase está na justiça de Deus. A partir do cap 12 ensina-se a justiça no viver cristão. A justiça de Deus salvando o homem e a justiça do homem vivendo a salvação. O crente não possui justiça própria que lhe dê mérito salvador, mas tem justiça adquirida que lhe permite testemunhar a justiça de Deus.

A unidade entre esta lição e a ante-rior se vê na continuidade do apelo ético, com uma diferença: esta não se refere ao corpo de Cristo especificamente; coloca-nos do lado de fora da comunidade cris-tã, para as relações com os que estão de fora. Estão de fora, mas desejamos que entrem. Se não entram porque ninguém lhes abre a porta, somos achados em fal-ta. Se não entram porque alguém lhes fecha a porta com um péssimo testemu-nho, mais grave é a falta. Pecamos por não falar e por não viver.

VITÓRIA NAS RELAÇÕES PESSOAIS - Rm 12.14-21

Os versículos 9-13 de Romanos 12 fi-cam entre a lição anterior e esta, servindo de luminoso contexto.

Dos dons concedidos por Deus e exer-cidos na comunidade cristã, que não fru-tificam sem amor, passa o escritor sacro a alguns ensinos diretos sobre o amor, que se aplicam à igreja e ao mundo. Como conseguir vitórias na vida social?

1. Suprimindo a vingança (vv. 14,17,19,20,21). Paulo bebe na fonte sa-lutar do sermão da montanha (Mt 5.39,44 ). A misericórdia para com o inimigo é instrução que começa no AT (Êx 23.4; Lv 19.18; Pv 24.17,29; 25.21; Jó 31.29; Sl 7.4, etc). Isso não exclui o castigo aos inimi-gos e perseguidores (Lc 18.7; I Co 16.22; II Ts 1.6-10; II Tm 4.14). Em Ap 6.10 há um clamor pela vingança divina. Note-se que o texto de hoje deixa com Deus a vingan-ça. Nossas fraquezas, às vezes, nos fazem assumir essa função divina, não é verda-de?

As brasas que Deus nos permite lan-çar sobre o inimigo são o bem que lhe façamos. Amontoadas sobre sua cabeça - um bom símbolo da consciência quei-mando de culpa. Ações benevolentes funcionam como brasas que tiram ao ini-migo a tranquilidade pelo mal praticado e podem despertá-lo para o bem. É uma

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vingança em alto estilo. Temos consegui-do essa vitória, ou simplesmente ficamos “queimados” pelas ofensas sofridas?

O v. 14 não sugere apenas suportar os perseguidores, mas abençoá-los, invocar sobre eles uma bênção. Jesus recomenda a oração por eles (Mt 5.44). Precisamos praticar mais essa oração. O v.17 encon-tra verdade paralela em I Pe 3.9. Compa-re-os. Andar a segunda milha e oferecer a outra face são atitudes que parecem abater, humilhar. Na realidade exaltam o crente. São armas da vitória. “Armas da luz” (Rm 13.12), “armas da justiça” II Co 6.7), poderosas para demolição de forta-lezas (II Co 10.4). O golpe acertado contra o mal é o bem. Só o amor vence o ódio. Oferecer pão e água ao inimigo faminto e sedento é recurso para ganhá-lo. Desfaz a inimizade e faz o amigo. Não como o “amigo” da parábola de Lc 11, que resol-veu dar o pão para ficar livre do pedinte. Imaginemos se aquele visitante fosse um inimigo!

2. Praticando a solidariedade (v.15). Solidariedade é participação, comunhão de interesse Entre participar das alegrias e participar das tristezas do próximo, que é mais fácil? Rir ou chorar com ele? Im-porta saber o mais útil, não o mais cômo-do. Ir a uma festa de aniversário é bem mais cômodo do que a uma cerimônia fúnebre, mas esta tem um apelo mais for-te do que aquela. Carece de maior aten-ção. Quem está alegre precisa de ajuda? Visitar uma casa onde existe dor é servi-ço; visitar alguém para um gostoso cafe-zinho é descanso.

Vale notar que o texto recomenda as duas emoções, dado que o homem tem vitórias e derrotas. Qualquer que seja seu estado de alma, deseja a presença do amigo. Quer contar tristezas e ale-grias, e espera receber uma lágrima ou um sorriso. A mulher citada em Lc 15.8,9 convidou as “amigas e vizinhas” para se alegrarem com ela. O bom samaritano de Lc 10.33 é a resposta a um coração que

chora. Jesus soube estar presente no sor-riso e no pranto: nas bodas de Caná e na morte de Lázaro.

3. Cultivando a humildade (v.16). Esta virtude evita a ambição fora da me-dida, vaidade intelectual, falta de unani-midade. O “vínculo da perfeição”, que é o amor, não se manifesta onde predomina o espírito altivo (Cl 3.14). A humildade produz coerência, integração, modés-tia, como eloquente mensagem numa sociedade contraditória, desintegrada e presunçosa. As divergências costumam escandalizar. Que dizer do desejo exa-gerado de posições e honras sociais? A megalomania (mania de grandeza) trans-mite uma imagem negativa do crente na sociedade. Quanto mais ele se estriba em seu próprio entendimento, menos segu-ro fica (Pv 3.5). A confiança demasiada nas luzes da razão merece a reprovação bíblica (Fp 2.1-4). Filipenses 4.5 recomen-da que a moderação seja “conhecida de todos os homens”. Rm 12.16 repete par-te de Pv 3.7. Alguém, por exemplo, não admite que seja contrariado seu ponto-de- vista . Somente sua palavra vale, seja numa empresa, numa comissão, num sindicato. Longe está esse crente da vida social vitoriosa.

4. Buscando o que é digno (v.17). O que é honroso, honesto. Aquele porte respeitoso que alcança o respeito dos ho-mens. Um crente acusado de irregulari-dades, de ações duvidosas, pode exercer influências sobre os não crentes? Perden-do a dignidade, desonramos a nós mes-mos e a outros.

5. Promovendo a paz (v.18). Entrei num supermercado. Uma senhora apa-receu zangada, exibindo uma fruta po-dre como um prejuízo em suas compras. Quando o Caixa argumentava que ela mesma havia escolhido a fruta, chegou outro funcionário, pegou a referida fruta e autorizou a troca imediata. Sem discus-são. Foi água no fogo.

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A bem-aventurança dos pacificadores estava na mente de Paulo. Não apenas a tarefa de promover a paz entre duas pessoas em litígio. Estando em jogo mi-nha paz com alguém, não devo esperar mediadores. Eu mesmo devo promover a paz. É o que pede o v. 18. “Se for possí-vel, quanto depender de vós ... “ significa limitação humana e, ao mesmo tempo, requer esforço.

Aplicação a sua vida. Você tem pro-blema de relacionamento pessoal? Como evitar distância e rompimento com seu próximo?

VITÓRIA NAS RELAÇÕES POLÍTICAS - Rm 13.1

O crente é cidadão de duas pátrias, e sua conduta é avaliada por César também (Mt 22.21). Sua vida social inclui relações com o próximo e com o governo, ainda que em todas essas relações seu compro-misso maior seja com Deus, Senhor abso-luto (Ef 6.7). A moral cristã não suprime a moral política. Apreciemos duas verdades em Rm 13.1.

1. O governo é instituição divina. Não significa aprovação de Deus para tudo que as autoridades realizam. Deus não aprova tudo que os crentes fazem, apesar de ser a igreja uma instituição di-vina. O mesmo se aplica ao matrimônio. Jesus falou de um juiz que “não temia a Deus, nem respeitava os homens” (Lc 18.2). Ambos os Testamentos têm exemplos de governos maus. A estrutura política tem erros por causa das falhas humanas, mas a política é de origem divina como siste-ma indispensável, e as autoridades são ministros de Deus (diáconos é o termo grego em Rm 13.4). Darão contas ao Se-nhor pelos serviços prestados. Maiores responsabilidades têm os políticos evan-gélicos.

2. O crente deve obediência ao go-verno. É provável que Paulo, depois de ministrar tanto sobre a liberdade cristã, esteja temendo que os servos do Senhor Jesus não mais se sujeitem ao senhor

César, julgando isso uma escravidão in-digna do crente. Se o próprio Deus ou-torga poder aos homens de Estado para estabelecimento da ordem, como o cren-te recusaria colaborar com essa ordem? Manifestos contra leis injustas têm saído da pena de crentes, mas expressando uma crítica séria, respeitosa e norteado-ra. Derrubadas anárquicas representam ação de anarquistas. Justifica-se a escu-sa ao cumprimento de leis somente em casos de afrontoso atentado à moral e fé cristãs. Foi assim que o Império Romano fez mártires da fé, mas enfrentou deste-midos crentes que preferiram morrer a negar o Senhor da vida.

Aplicação a sua vida. Queira o não, o crente é cidadão neste planeta . Como você convive com leis terrenas, nem sem-pre justas?

PARA SUA REFLEXÃO

1. Você julga um privilégio a vida social carregada de compromissos com tanta gente? Isso não lhe causa enfado? Gostaria de viver sua vida sem prestar obediência a colegas e autoridades? Para quem são pesadas as regras de conduta? Leia Rm 13.3,4.

2. Você já caminhou com alguém a “segunda milha”? Já ofereceu a outra face? Ou tem a tendência de revidar logo, retribuindo o mal com o mal?

3. Já teve o privilégio de aproximar pessoas em discórdia? Já chegou perto de alguém que cultiva ressentimentos contra você? Qual o mais fácil? não é dar conselhos sobre a paz do que seguir a paz? Sugerir a seu irmão que renuncie posições, ceda pontos-de-vista, a fim de recuperar a paz perdida, ou preservá-la quando ameaçada, é bem mais cômodo do que praticar esses conselhos.

4. Recorde vitórias em sua vida so-cial. Se há derrotas, leve-as a Deus e faça o propósito de honrar sua fé. Afinal, o crente não é do mundo mas está no mundo, e com a função nobre de sal e luz (Mt 5.13,14).