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1 Reforma Agrária e Meio Ambiente

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APRESENTAÇÃO

Lançamos ao público o segundo número da revista Reforma Agrária e MeioAmbiente, que dá seguimento ao aprofundamento da temática da implantação daagroecologia nos assentamentos de reforma agrária. Esta revista busca enfocar atravésde suas seções um amplo espectro da questão tanto nos aspectos teóricos como norelato de experimentos em andamento.

Na seção “Debates Teóricos” apresentamos três artigos que analisam aspectosdistintos da ciência agroecológica. Em primeiro lugar, um texto escrito pelo prof. Dr.Sevilla-Guzman, da Universidade de Córdoba, Espanha, que trata de discutirconceitualmente o papel e a contribuição da agroecologia em seus vínculos com atransformação da realidade social. O prof. Sevilla sugere que a agroecologia, mais doque um conjunto de técnicas ecológicas, supõe uma postura política dirigida a questionara realidade social e promover ações de mudança social.

O segundo artigo, escrito pelo pesquisador norte-americano radicado no México,Peter Rosset, busca discutir os limites representados por estratégias de transiçãoque visam apenas e tão somente à substituição de insumos e não uma mudançaparadigmática na concepção e práticas da agricultura ecológica, necessárias àreconstrução da agricultura em todo o mundo. Este artigo é uma reedição de um textojá tornado público, mas que se coaduna com o estágio do debate atualmente emcurso no Brasil que propugna a agricultura orgânica, numa perspectiva legalista e desubstituição de insumos, perfeitamente compatível com o padrão dominante edestrutivo, representado pelo agronegócio, como o caminho para construção daagricultura sustentável em nosso País.

O terceiro texto se insere no debate epistemológico, da construção doconhecimento ecológico e procura refletir sobre metodologias participativas de pesquisaem agroecologia, procurando cotejar o que outros pesquisadores já analisaram sobreo tema com a experiência desenvolvida na rede de pesquisa em agroecologia daConcrab. O texto escrito pelo pesquisador Ronaldo de Almeida, ligado à Rede no estadodo Espírito Santo, busca contribuir para um balanço e a proposição de estratégiasmetodológicas para a construção de processos participativos de pesquisa nosassentamentos, num debate que vem se dando desde o início da construção da Redede Pesquisa em Agroecologia e que está longe de se encerrar.

Inauguramos uma segunda seção dessa revista destinada especificamentepara apresentação de relatos de pesquisas em agroecologia. Nessa edição sãoapresentadas duas pesquisas aplicadas em campos específicos das técnicasagroecológicas: os sistemas agroflorestais e a produção de biofertilizantes.

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O trabalho do pesquisador e militante da reforma agrária no Rio Grandedo Sul, Vladimir Moreira, procura refletir e sistematizar a experiência deutilização de plantas no enriquecimento de biofertilizantes caseiros, a partir doleque de técnicas e acúmulos metodológicos desenvolvidos com a frutuosaexperiência de construção da rede Bionatur de produção de sementesagroecológicas.

Por último apresentamos um trabalho do Eng. Florestal Gustavo Assis,que realilza a avaliação de um sistema agroflorestal implantado em mata degaleria do bioma cerrado. Esse trabalho contribui para uma das linhasestratégicas na construção da agroecologia nos assentamentos que seconstitui nos sistemas agroflorestais e agro-silvo-pastoris.

Por outro lado, aproveitamos o lançamento dessa segunda revista paracomunicar nossa intenção de tornar permanente a publicação de uma revistaque discuta, reflita e comunique os resultados das investigações e reflexõessobre a prática e a luta social que busca harmonizar a reforma agrária, aquestão ambiental e o desenvolvimento econômico com inclusão social.

Nesse sentido convocamos aos pesquisadores e militantes interessadospara que apresentem suas reflexões e contribuições de forma a socializá-lase enriquecer o debate em torno dessa temática tão candente. A revista deveráconstar de uma versão eletrônica a ser disponibilizada junto ao site da Concrabe de uma versão impressa com tiragem modesta, adequada à disponibilidadefinanceira.

Outrossim, aproveitamos para agradecer ao Ministério da Ciência eTecnologia – MCT, através da sua Secretaria de Ciência e Tecnologia para aInclusão Social – SECIS, pelo apoio propiciado à implantação da rede depesquisa em agroecologia da reforma agrária e à publicação dessas revistas.

Coletivo de editores,Outubro de 2006

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Instruções para envio de artigosligados ao tema Reforma Agrária e Meio Ambiente:

- Os interessados deverão enviar o(s) artigo(s) para o endereçoeletrônico [email protected];- Os artigos deverão conter no máximo 10 páginas (programa Word,fonte arial, n° 10, espaçamento simples);- De preferência, os artigos deverão vir acompanhados de duas outrês fotografias;- Fica reservado ao Coletivo de editores o direito de decidir pelapublicação ou não dos artigos enviados.

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SUMÁRIO

A CRISE DA AGRICULTURA CONVENCIONAL,A SUBSTITUIÇÃO DE INSUMOSE O ENFOQUE AGROECOLÓGICOPeter M. Rosset 11

AGROECOLOGÍA COMO ESTRATEGIAMETODOLÓGICADE TRANSFORMACIÓN SOCIALEduardo Sevilla Guzmán 4

A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTOATRAVÉS DA METODOLOGIAPARTICIPATIVARonaldo de Almeida 24

A UTILIZAÇÃO DE PLANTASNO ENRIQUECIMENTO DEBIOFERTILIZANTES CASEIROSVladimir Ricardo da Rosa Moreira 38

AVALIAÇÃO DE UM SISTEMAAGROFLORESTALIMPLANTADO EM MATA DE GALERIADEGRADADA DO BIOMA CERRADOGustavo Assis 46

CONCRAB - Confederação dasCooperativas de ReformaAgrária do Brasil

Convênio Concrab/MCT/01.0076.00/2003

Setor Comercial Sul, Quadra 6,

Bloco A, Edifício Arnaldo Villares,

Sala 213, 2° Andar

CEP. 70.310 - 500

Tel/Fax: (61) 3225-8592

Correio eletrônico:

[email protected]

Organização e revisão:

Pedro Ivan Christoffoli

Capa e diagramação:

Fábio Carvalho

Fotos:

Arquivo Concrab

Seção “Debates Teóricos”

Seção “Relatos de Pesquisas”

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La agroecología puede ser definida como elmanejo ecológico de los recursos naturales a travésde formas de acción social colectiva que presentanalternativas a la actual crisis civilizatoria. Y ellomediante propuestas participativas, desde losámbitos de la producción y la circulación alternativade sus productos, pretendiendo establecer formasde producción y consumo que contribuyan a encararel deterioro ecológico y social generado por elneoliberalismo actual. Su estrategia tiene unanaturaleza sistémica, al considerar la finca, laorganización comunitaria, y el resto de los marcosde relación de las sociedades rurales articuladosen torno a la dimensión local, donde se encuentranlos sistemas de conocimiento (local, campesino y/

o indígena) portadores del potencial endógeno quepermite potenciar la biodiversidad ecológica ysociocultural. Tal diversidad es el punto de partidade sus agriculturas alternativas, desde las cualesse pretende el diseño participativo de métodosendógenos de mejora socioeconómica, para elestablecimiento de dinámicas de transformaciónhacia sociedades sostenibles ( Sevilla & GrahamWoodgate, 1997 y 1998).

Para desarrollar tal tarea, la agroecologíaintroduce, junto al conocimiento científico, otrasformas de conocimiento. Desarrolla, porconsiguiente, una crítica al pensamiento científicopara, desde él, generar un enfoque

AGROECOLOGÍA COMO ESTRATEGIA METODOLÓGICA

DE TRANSFORMACIÓN SOCIAL1

Eduardo Sevilla Guzmán2

1 El presente trabajo responde a una demanda del MST brasileño; la precipitación de la misma me ha obligado a sintetizar los aspectos centralesde la Agroecología de los siguientes trabajos publicados en aquel país: E. Sevilla Guzmán, 2001, 2002 y 2005; y E. Sevilla Guzmán, G. Ottmanny M.González de Molina, 2006.2 Instituto de Sociología y Estudios Campesinos de la Universidad de Córdoba, España .

pluriepistemológico que aceptela biodiversidad sociocultural. Laevidencia empírica obtenidadurante las cuatro últimasdécadas desde la Agroecología(Altieri, 1985; Gliessman, 1998;Guzmán Casado, Gonzalez deMolina y Sevilla Guzmán, 2000)ha demostrado que elconocimiento acumulado sobrelos agroecosistemas en elpasado puede aportarsoluciones específicas de cadalugar para resolver los problemassociales y medioambientales.Más aún si han sido distintas lasetnicidades (con cosmovisionesd i f e r e n c i a d a s ) q u e h a n

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interactuado con él en cada momento histórico, lasque aportan su conocimiento para obtener dichassoluciones. Existen múltiples formas deconocimiento en los grupos históricamentesubordinados susceptibles de ser recuperadaspara su incorporación al diseño de estrategiasagroecológicas.

El enfoque agroecológico aparece comorespuesta a la lógica del neoliberalismo y laglobalización económica, así como a los cánonesde la ciencia convencional, cuya crisisepistemológica está dando lugar a una nuevaepistemología, participativa y de carácter político.Y ello, en el sentido de “reinterpretar la cuestión delpoder, insertándola en un modelo ecológico, de loque se desprende que el ámbito real del poder eslo social como organismo vivo, como ecosistema.Es el enfrentamiento entre un modelo de sistemaartificial, cerrado, estático y mecanicista (el Estado);y un modelo de ecosistema dinámico y plural (lasociedad) (Garrido Peña, 1993: 8). La dinámicasociopolítica de la Agroecología, se mueve enformas de relación, con la naturaleza y con lasociedad, de lo que Joan Martínez Alier define comola “ecología popular”, como defensa de susetnoagroecosistemas a través de distintas formasde conflictividad campesina ante los distintos tiposde agresión de la “modernidad” (Martínez Alier yGuha, R., 1998).

Desde una dimensión productiva es posibleestablecer mecanismos participativos de análisisde la realidad que permitan entender elfuncionamiento de los procesos económicos porlos que se extrae el excedente generando de estaforma, la referida acumulación del poder. Este tipode análisis permite establecer propuestasalternativas que (desde el desarrollo de tecnologíasen finca hasta el diseño participativo de métodosde transformación local,) va introduciendoelementos de transformación en dicha estructurade poder (Funtowic, S. and Jerry Ravetz, 1990 y1994).

En este proceso juega un papel central elestablecimiento de redes entre las unidadesproductivas para generar sistemas de intercambiode las distintas formas de conocimiento tecnológicoen ellas producidas. De igual forma, estas redes

han de extenderse hasta los procesos decirculación estableciendo así, mercadosalternativos en los que aparezcan formas deintercambio solidarias como consecuencia de lasalianzas establecidas entre productoresconsumidores. La naturaleza del sistema dedominación política en que se encuentren lasexperiencias productivas que se articulan con lasociedad civil para generar estas redes desolidaridad tiene mucho que ver con el cursoseguido por las estrategias agroecológicas en subúsqueda de incidir en las políticas agrarias. Engeneral puede decirse que, en la situación mundialactual, los cursos de acción agroecológicanecesitan romper los marcos de legalidad paradesarrollar sus objetivos; es decir que las redesproductivas generadas lleguen a culminar enformas de acción social colectiva pretendiendoadquirir la naturaleza de movimientos sociales.

La génesis de esta sustentabilidad socialse ubica en la articulación de una amplia diversidadde formas de acción social colectiva que emergencomo estrategias de resistencia al paradigma dela Modernización, que varían desde los nuevosmovimientos sociales de carácter ciudadano(ecologistas, pacifistas, feministas y deconsumidores), a los movimientos socialeshistóricos (jornaleros, campesinos e indígenas).En muchos casos sus formas de acción socialcolectiva tienen un carácter enmascarado enacciones de su vida cotidiana; constituyendoespacios vacíos de la lógica de la “modernidad”.Sus contenidos históricos han sido teorizadoscomo formas de conciencia agroecológica,constituyendo una aportación histórica de lasformas de acción social colectiva que la sociedadcivil ha generado. Son las conciencias de “especie”o “intergeneracional” (solidaridad con lasgeneraciones futuras); de “clase” (rechazo a laexplotación del trabajo); de “identidad” (aceptaciónde la biodiversidad sociocultural); de “género”(condena a la imposición histórica –y actual endeterminadas etnicidades- de una superioridad delvarón); y, finalmente la “concienciaintrageneracional” o rechazo a cualquier forma deexplotación en un momento histórico vinculado auna posible dominación generacional (caso de losniños de la calle o de los ancianos). Tales logrosdesarrollados fuera del pensamiento científico (y

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que podría situarse al nivel de los “DerechosHumanos”) constituyen un elemento central dela Agroecología, como los componentes de suconcepto de “equidad”.

Las perspectivas de investigaciónen Agroecología

La Agroecología como enfoque quevaloriza y reivindica el conocimiento local,campesino e indígena, responde a lo que MichaelFoucault denominó “la insurrección de lossaberes sometidos”, como uno de losacontecimientos recientes, y que caracteriza enlos siguientes términos: “cuando digo saberessometidos entiendo dos cosas. En primer lugar,los contenidos históricos que fueron sepultadoso enmascarados dentro de coherenciasfuncionales o sistematizaciones formales”, ya querealmente ha sido la aparición de contenidoshistóricos lo que ha permitido: por un lado, haceruna crítica efectiva a instituciones legitimadas enlos sistemas de legalidad hegemónicos. Y, porotro lado, reencontrar “la eclosión de losenfrentamientos y las luchas que los arreglosfuncionales o las organizaciones (se propusieron)enmascarar”, a través de la realización de lacrítica desempeñada por los instrumentos de laerudición.

El segundo aspecto al que Foucault serefiere cuando habla de saberes sometidos esaquel que se refiere a la descalificación por lajerarquía y su consideración como inferior; podríallamarse “saber de la gente (y que no espropiamente un saber común, un buen sentido,sino un saber particular, local, regional, un saberdiferencial incapaz de unanimidad y que sólo debesu fuerza a la dureza que lo opone a todo lo quelo circunda)” (Foucault, 1992:21).

Los contenidos históricos generadoscomo consecuencia de las múltiples formas deresistencia cultural (desde la rebeldía abierta ylos movimientos de protesta, hasta las formasde resistencia pasiva en la cotidianeidad a losdiferentes sistemas de dominación política)fueron forjando determinados valores queaparecen incorporados a las memorias socialesy que la Agroecología rescata junto alconocimiento local campesino e indígena.

Para rescatar tales formas deconocimiento y aplicarlas a las prácticassociales y a las formas de manejo de losrecursos naturales se propone modificar, no solola parcelación disciplinar, sino también laepistemológica de la ciencia; al trabajarmediante la orquestación de las distintasdisciplinas y “formas de conocimiento” quecomponen su pluralismo dual: metodológico yepistemológico, donde las perspectivassociológica e histórica juegan un papel central.El lo se debe a la amplitud del enfoqueagroecológico que, desde el predio, pretendecomprender toda la complejidad de procesosbiológicos y tecnológicos –fundamentalmentedurante la producción-, y socioeconómicos ypolíticos –básicamente durante la circulación delos bienes hasta el consumidor- que intervienenen que una semilla se transforme en un bien deconsumo.

Entendemos por Perspectivas deInvestigación el nivel de indagación en que sesitúan los aspectos empíricos, metodológicosy epistemológicos de la investigación de acuerdocon la posición en que se encuentre la praxis(art iculación entre teoría y práctica) delinvestigador; constituyen, por tanto, los distintosespacios epistemológicos en que se muevenuestro análisis, dicho de otra manera: son lacontestación, en la dinámica de nuestro trabajo,a tres preguntas clave:

(1) ¿Cómo debe llevarse a cabo elmanejo de los recursos naturales para lograragroecosistemas sustentables? Esta preguntanos ubica en un primer nivel; el del diseñotecnológico-agronómico o empírico.

(2) ¿Por qué debe llevarse a cabo de estaforma, y no de otra, tal manejo?; ¿Quién oquienes deciden la manera de implementarlo?Estas cuestiones nos colocan en la situaciónde abordar el segundo nivel; el metodológico.

(3) ¿Para qué o para quienes este tipode manejo resultaría beneficioso?; ¿Qué formade conocimiento permite realizarlo? Respondera estos interrogantes nos sitúa en el nivelepistemológico de nuestra investigación.

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Así, abriendo el espacio de la investigaciónhasta el pluralismo transdisciplinar, primero, ypluriepistemológico después de la Agroecologíaaparecen estos tres niveles de indagación operspectivas de investigación agroecológica3 : laecológico-productiva, la socioeconómica deacción local; y la sociopolítica de transformaciónsocial. Estas perspectivas no son mutuamenteexcluyentes sino que se solapan con un carácteracumulativo que permitan una indagación-accióncada vez más profunda de y en la realidad.

Metodológicamente la dinámica delproceso de construcción agroecológica de lanueva “realidad” es el siguiente: primero, tan soloel cambio productivo en base a la agriculturaecológica; después, el socioeconómico mediantela agricultura participativa y el salto al control detodo el proceso de circulación y los sectores noagrarios de la economía local; y, finalmente a latransformación sociocultural y política, medianteel cambio de las estructuras de poder, con lautil ización del potencial endógeno (deconocimiento local y memoria histórica popular),ya rescatado y reconstruido o generado como algonuevo allá donde no existiera históricamente. Losmétodos y técnicas utilizados en cada Perspectivade Investigación agroecológica difieren según elnivel de análisis en que nos encontremos; es decir,según el “espacio de realidad” que fijemos paradesarrollar nuestra investigación. Así, los nivelesde análisis nos ubican en los espaciossocioculturales de nuestra actuación. Para laAgroecología, usualmente, éstos son: laexplotación o predio; el estilo de manejo de losrecursos naturales (grupo de agricultores conanáloga tecnología, aproximada inserción en elmercado y similares proyectos de reproducciónsocial); la comunidad local (distrito urbano o núcleorural de población vinculado a un territorioadministrativamente dependiente de él); lasociedad local (cuenca o comarcasignificativamente homogénea, que incluyenormalmente a varias comunidades locales; oconjunto de distritos urbanos seleccionados); y lasociedad mayor (región, provincia, estado-nacióno unidad nacional o supranacional adoptada).

La perspectiva ecológico-productivade la agroecología

En esta perspectiva juega un papel centralla caracterización sistemática del conjunto dedatos obtenidos de la realidad que permitedescribirla en forma tal que pueda ser posibleentender la situación de los hechos, sean estossociales o naturales. Se trata de medir, con todala sofisticación que las herramientas de quedisponemos nos permitan, los fenómenos y lasrelaciones entre fenómenos, para expresarloscuantitativamente, con el mayor apoyo estadísticoposible.

Se sitúa aquí la información aportada porel conocimiento de las ciencias agrícolas,pecuarias y forestales en sus aspectos técnicosrespecto al funcionamiento de los recursosnaturales, por un lado; y los contextos sociales enque se inscriben tales procesos articulados consus respectivos procesos sociológicos, por otrolado. En este sentido, las ciencias sociales poseenuna primera tarea etnográfica de descripción, enla que la caracterización rigurosa esimprescindible para abordar posteriores tareasexplicativas. La agroecología se mueve articulandoambos conocimientos naturales y sociales,rompiendo su parcelación disciplinar y orquestandolos hallazgos naturales y sociales en una únicapesquisa de indagación.

Puede definirse la perspectiva ecológico-productiva de la agroecología como aquella formade indagación en la que la posición que ocupa elinvestigador es externa a la situación que se quiereinvestigar, moviéndonos en un espacio puramenteproductivo o empírico; generándose, un tipo dedatos: con carácter técnico-agronómico productode la investigación que proporcionan las cienciasagrarias convencionales, por un lado; y de carácterestadístico o “distributivo” proveniente de lasciencias sociales, por otro lado. En el primero delos casos es necesario especificar que laagroecología selecciona de entre las técnicas ytecnologías adoptadas aquellas que no degradansignificativamente los recursos naturales, como esel caso de aquellas tecnologías que no utilizan

3 Constituyen éstas una adaptación de la propuesta de Jesús Ibáñez (1979, 1985; 1994:51-85), respecto a la investigación social, que define comoperspectivas distributiva, estructural y dialéctica.

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agroquímicos u otras propias de laagricultura ecológica. Análogamente, en elsegundo de los casos (el de las ciencias sociales)la agroecología selecciona los productoscientíficos que no generan formas de explotaciónde unos grupos sobre otros, que degradan lasociedad.

El manejo convencional o moderno de losrecursos naturales ha sido construido en términossemejantes al cuestionario por el ‘investigadoragrosilvoforestal’ (que en realidad no suele ser tal,ya que la investigación convencional requiere‘especialistas’), reduciéndolo a una meraoperación técnica a la que se atribuye unasecuencia fija de procesos de trabajo, que sonsustraídos del tiempo y del espacio y sobre todode su matriz sociocultural en la que cobran sentido(Iturra, 1993: 135-152). Las ciencias agronómicasconvencionales han ignorado la existencia de unagricultor específico en un terreno específico, enun año específico; es decir nos movemos en undiscurso puramente tecnológico donde las tareasde la ciencia -descripción sistemática, explicacióny predicción- tienen un nivel simplementedistributivo donde aunque se pierdan la subjetividady especificidad se articula un importante acervode conocimientos cuantitativos sobre elfuncionamiento de los recursos naturales(necesario aunque no suficiente para laAgroecología).

La perspectiva de socioeconómica

Ésta Perspectiva constituye laoperativización del plano socioeconómico ycultural de la Agroecología por lo que busca generardinámicas participativas, desde los intereses delos propios productores, tal como ellos los definen.Para ello pretende obtener el discurso de losactores para incorporarlo a las metodologíasparticipativas, dotando de un sentido socioculturala los procesos generados sean éstos naturales osociales. En esta instancia se plantea como tareacentral explicar las relaciones existentes entre losfenómenos analizados, en términos de lapercepción de los sujetos intervinientes en losmismos, y los discursos elaborados por éstos. Yello para incorporarlos después a las prácticasproductivas surgidas de sus dinámicas de acción

social participativa.

No obstante, en Agroecología la obtencióndel discurso de los agricultores tiene lugar en uncurso dinámico de naturaleza productiva y en elinterior de procesos de interacción agronómica,por lo que tal técnica se reestructura en el tiempode acuerdo con la naturaleza de la interacciónentre técnicos y agricultores. Así, constituye unelemento central para la Agroecología, el partir deuna crítica a la agricultura convencional. Eldiscurso de los actores vinculados al manejo delos recursos naturales es desvelado por laAgroecología a través de “técnicas cualitativas”para mostrar la dimensión sociocultural de losprocesos productivos; así como la necesidad desu incorporación, a través de “técnicasparticipativas”, para obtener un manejo ecológicode los recursos naturales. La “cualificación” de losdiscursos y su “incorporación participativa” almanejo es algo que se mueve entre estaperspectiva y la de transformación social (queconsideraremos a continuación); mediantetécnicas desarrolladas desde el nivel de predio oexplotación agrícola (historia predial y desarrolloparticipativo de tecnologías en finca) hasta el nivelde comunidad local (diagnósticos ruralesparticipativos), pasando por el nivel de “estilo demanejo” (grupo de discusión caracterizador detecnologías tradicionales).

Aunque la Agroecología parte delreconocimiento de las ventajas del abordajesistémico (holístico, interdisciplinario,considerador de lo objetivo y de lo subjetivo; y conuna relación de interacción de diálogo con losproductores) frente al abordaje agronómicotradicional (reduccionista, disciplinar, objetivo y conuna relación externa con los productores) se pasaa desarrollar un análisis crítico del mismo, paraevitar la tendencia a la diferenciación social de losproductores, al delimitar las fronteras de suestudio sin considerar “los efectos de surelacionamiento con el sistema económico global”.

La Perspectiva de transformación socialde la agroecología.

Esta perspectiva constituye la culminación

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del proceso de investigación agroecológica ya quearticula las dos perspectivas anteriores eincorpora una nueva situación en la relación quese establece en todo proceso de investigaciónentre los investigadores y la parcela de la realidadinvestigada. En esta “instancia” han sidoincorporados al proceso investigador, elconocimiento del funcionamiento delagroecosistema; los aspectos tecnológicosrespecto al manejo ecológico; y la caracterizaciónde los actores colectivos involucrados en el“problema”. Igualmente contamos ya con elconjunto de explicaciones obtenidas de lainterrelación cualitativo-cuantitativa acumulada enel proceso de investigación sobre las estructurasintegrantes de nuestro “problema” aportadas porla perspectiva socioeconómica. Se trata ahora deintervenir y articularse con la parcela de la realidadque delimita nuestro “problema de investigación”,para incidir, en forma crítica, en el curso de sutransformación.

En el contexto procesual y acumulativoen que estamos definiendo las perspectivas deinvestigación de la agroecología, la detransformación social constituye la fase másavanzada del proceso; supone dotar a las“dimensiones productiva y, socioeconómica ycultural” de un contenido sociopolítico. Se refierea la realización de actividades conjuntasinvestigador-agricultor para el diseño participativode acciones productivas y de cambio social quemejoren su nivel de vida. Ahora, no sólo se tratade dar la voz a “lo investigado” (al reconocer lalógica de sus prácticas productivas), sino deaceptar que éste adquiera el papel de“investigador” (tomando la responsabilidad einiciativa de las acciones), como conductor delcurso dinámico de sus prácticas económicas,sociales y políticas. La generación de redes deintercambio y estrategias de acción productivas,de comercialización y creación de mercadosalternativos e infraestructuras organizativas esla práctica más habitual; dentro de una dinámicavinculada a movimientos sociales rurales (SevillaGuzmán y Martínez Alier, 2004).

En esta perspectiva, se rompe, por partedel investigador, la actitud de distanciamiento dela realidad investigada, y por ende, se deja de

separar claramente su discurso del de aquelloque está escrutando. Lo investigado deja decolocarse en posición de ‘objeto distante’, conlo que la captación de discursos (generada enla perspectiva socioeconómica), que suponíaya una implicación parcial del investigador conel objeto estudiado toma un nuevo significadoal dejar de ser tal para transformarse en objetocreador de datos: el experimento científico dejade estar supuestamente en las manosexclusivas del investigador. Este es el nivel quese define como de investigación acciónparticipativa; donde se rompe la estructura depoder sujeto-objeto de la metodología científicaconvencional provocando lo que Tomás R.Villasante (1998) denomina la “rebelión dellaboratorio”, generando la posibilidad de uncambio en las acciones sociales dentro desucesos de actuación como “analizadoreshistóricos” (R. Villasante, et. al., 2001); portanto, ambos planos, el de la enunciación y eldel enunciado se despliegan en todas suspotencialidades.

La Agroecología pretende generar unaruptura epistemológica que libere a lasCiencias Agropecuarias y Forestales de lasrelaciones de poder que atribuyen a aquellosque son objeto del poder (los investigados) lasituación de ignorar, dotándoles al tiempo deun saber ilusorio que recubre la realidad de loque ignoran, ocultando el hecho del poder ysu brutalidad. La reproducción de estasrelaciones de poder, desde las cienciasagropecuarias y forestales, tiene lugar por laposición que éstas atribuyen al investigador-sujeto-que-sabe, frente a lo investigado-objeto-que-ignora; así “el poder consiste enapropiarse el azar, ser inexplicable eimpredecible, y atribuir a la norma poderexplicar y predecir” (Ibáñez, 1979: 23).

Bibliografia

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11Reforma Agrária e Meio Ambiente

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A CRISE DA AGRICULTURA CONVENCIONAL,

A SUBSTITUIÇÃO DE INSUMOS E O ENFOQUE AGROECOLÓGICO¹

Peter M. Rosset

¹Tradução livre, do espanhol para o português, por Francisco Alves Filho, Eng° Agr°

A agricultura sustentável será capaz de tirara agricultura industrializada moderna do estado decrise que se encontra? Este ensaio se propõe adar uma resposta a esta questão fundamental.Partindo de uma análise das dimensõeseconômicas, sociais e ecológicas da crise,ressalta-se a necessidade de abordar estesaspectos mediante um modelo alternativo.

No movimento agrícola alternativo seexaminam duas opções: a substituição de insumosquando isso se coloca como fim em si mesmo ea transformação agroecológica dos sistemas deprodução. Se argumenta que a primeira diminuiconsideravelmente o potencial da agriculturasustentável, já que a simples substituição deinsumos se dirige principalmente para o aspectoecológico e oferece poucas esperanças dereverter a degradação acelerada dos recursos paraa produção futura ou de resolver os problemas deredução de receitas e do endividamentogeneralizado dos agricultores em todas as partesdo mundo.

Agricultura sustentável e a crise agrícola

A pergunta chave deste trabalho é:Será capaz a agricultura sustentável de tirar osagricultores, tanto do primeiro mundo como doterceiro mundo, da grande crise em que mergulhoua agricultura “moderna” industrializada do estiloRevolução Verde? Para responder esta questãocomeçaremos fazendo um esboço das dimensõeseconômicas, sociais e ecológicas da crise, na baseda qual se procura um modelo alternativo quepermita reverter a situação.

Na seqüência, examinaremos o conceito deagricultura sustentável à luz de cada uma destasdimensões, verificaremos a contradição quepersiste internamente em virtude do domínio dodiscurso da substituição de insumos (sobretudonos países capitalistas), através do qual asindústrias transnacionais tem se apropriado doconceito de sustentabilidade para seus própriosbenefícios.

Na nossa opinião, a predominância dodiscurso da substituição de insumos diminui

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consideravelmente o potencial da agriculturasustentável para combater as causas da crisesocioeconômica e ecológica que enfrenta aagricultura moderna. A estratégia de substituiçãode insumos se baseia unicamente na busca deinsumos agrícolas alternativos, menos prejudiciaisao meio ambiente, sem questionar, nem aestrutura dos monocultivos, nem a dependênciade insumos externos que caracterizam ossistemas agrícolas.

Dimensões econômicas e sociais da crise

Ainda que a crise da agriculturaconvencional moderna seja universal e afete tantoas economias desenvolvidas como as do terceiromundo, é conveniente começar com os EstadosUnidos, onde supostamente se origina a agriculturaindustrial. A Figura 1 mostra a considerável reduçãodo número de agricultores nos Estados Unidosdurante o período pós-guerra, o que caracteriza oprimeiro indício da crise.

A evidência mostra que 3 milhões deprodutores ficaram fora da jogada por razõeseconômicas e não especificamente ecológicas.Isso ocorreu porque as alternativas que se ocupamdo lado ecológico da questão, sem considerar olado econômico, estão condenadas ao fracasso.

O que acontece é que os agricultoresamericanos estão caminhando para uma situaçãode insolvência, ocasionada pelos custos cada vezmais altos da tecnologia moderna, que consomequalquer aumento das receitas agrícolas, comomostra adiante a Figura 2.

Devido à superprodução e o monopólio dacomercialização por empresas transnacionais, ospreços dos alimentos mantém-se estáveis pormuito tempo, entretanto os custos dos insumosindustrializados tem se elevado consideravelmente(Wessel Y Hantmann, 19883; Strange, 1988; NRC,1989; Krebs, 1991; Guither, Baumes e Meyers,1994).

Os agricultores tem se endividado paracomprar tratores de US$ 40,000 e colheitadeirasde US$ 100,000, e em geral, as pequenasmargens de renda não são suficientes para cobriros juros de suas dívidas, o que tem provocadofalências e até encerramento de atividades. Ummodelo alternativo terá que reduzir a dependênciade insumos e equipamentos externos para ajudaros agricultores a sair da crise.

É importante assinalar que tanto asuperprodução como os altos custos de produçãosão resultados da mesma tecnologia produtivista,a qual é responsável pelas dificuldadeseconômicas que se encontram os agricultores,tanto do lado dos custos como dos preços.

Figura 2 . Receitas e despesas líquidas de produçãoagrícola nos Estados Unidos, 1910-86. Fonte: U. S.Department of Agriculture, 1990

Figura 1 – Número de propriedades rurais, 1945-1992 Fonte:Vogeler, 1981; Holmes, 1994.

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Dimensões ecológicas

A prova mais clara da crise ecológica é adesaceleração dos rendimentos médios daslavouras nos Estados Unidos (Figura 3).

Em alguns lugares dos Estados Unidos edo mundo, os rendimentos se encontram emfranco descenso (Hewitt e Smith, 1995). Asopiniões quanto as causas deste fenômeno variam.Há quem pensa que os rendimentos estão senivelando devido ao alcance de índices próximos amáxima produtividade potencial das variedadesatuais, motivo pelo qual se julga necessário recorrerà engenharia genética para melhorar as espéciescultivadas (Tribe, 1994).

Os agroecólogos, por sua vez, opinam queo nivelamento se deve a uma constantedegeneração da base produtiva da agricultura,através de práticas insustentáveis (Hewitt e Smith,1995, Altieri e Rosset, 1995). Os mecanismos que

explicam este processo incluem a degradação dasterras mediante a erosão do solo, a compactação,a diminuição da matéria orgânica e abiodiversidade associada a ela, a salinização, oesgotamento das águas do subsolo, odesmatamento e a desertificação; assim como oaparecimento de pragas devido a generalizaçãoda monocultura, a uniformidade genética, aeliminação de inimigos naturais e a resistência aosagrotóxicos desenvolvida por insetos, o surgimentode ervas daninhas e doenças nos cultivos (Altieri,1995; Carroll, Vandermeer e Rosset, 1990;Goering, Norberg-Hodge e Page, 1993; Hewitt eSmith, 1995).

A redução da eficácia dos agrotóxicos é umsintoma destes problemas. Nos primeiros 30 anosdo período pós-guerra, o uso de agrotóxicos nosEstados Unidos aumentou 10 vezes, mas aporcentagem das perdas nas lavouras devido aoataque de pragas duplicou (Botrell, 1979). Umpadrão similar se observa com os fertilizantesquímicos, já que atualmente é necessário aplicardoses muito maiores para aumentar o rendimento,quando se poderia alcançar incrementos com ouso de menor quantidade de insumos ímicos(McGuiness, 1993).

As causas da crise

As causas destes problemas residem nocontexto socioeconômico onde teve origem a maiorparte da agroindústria moderna. Desde o princípio,a ciência agrícola americana esteve orientada paraaumentar, ao máximo, a produtividade daquelefator que mais limitava o desenvolvimento da suaeconomia – a mão-de-obra. Assim, amecanização precoce das práticas agrícolasconduziu inexoravelmente à monocultura, apesarda redução da produtividade por unidade de área.

A ciência agronômica se concentrou nadefinição de variedades e na densidade de plantioaplicadas à monocultura e nos fertilizantes químicos,que permitiriam substituir as práticas maistrabalhosas (tais como a aplicação de adubo

Figura 3. Rendimentos médios de lavouras específicas,nos Estados Unidos. Fonte: U.S. Department of Agriculture,1995 a, 1995 b; FAO-AGROSTAT, 1990-1996

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orgânico e a rotação de culturas) por uma simplesadubação química. Os fertilizantes favoreciam aespecialização, ou seja, a separação das áreas depecuária e de lavouras, o que caracterizaria maistarde os significativos investimentos na mecanizaçãonecessária para colheita em solo cultivado.

A monocultura extensiva, com sua prática deutilizar basicamente fertilizantes solúveis, provocouo surgimento de pragas que seriam controladas cominseticidas sintéticos, também poupadores de mão-de-obra (Perelman, 1977; Buttel, 1990; Carrol et al.,1990; Goering et al., 1993; Altieri, 1995).

Assim sendo, a natureza das forçassociais e econômicas que deram impulso ageração de tecnologia, tem sido a mesma, o quenos conduziu para a crise atual. Os custos domaquinário, dos produtos químicos agrícolas eoutros insumos, tem favorecido às propriedadesrurais de grande porte, além da adoção damonocultura, da mecanização e daespecialização da produção.

Ao mesmo tempo, muitos agricultoresfaliam devido porque os preços dos produtos semantinham constantes e as rendas auferidaseram insuficientes para pagar as dívidascontraídas, mesmo que subsidiadas. Além disso,a falta de rotação de culturas e de diversificaçãode culturas eliminou os mecanismos deautocontrole, convertendo as monoculturas emagroecossistemas altamente vulneráveis,dependentes de grandes quantidades de insumosquímicos (Altieri, 1995).

A exportação da mesma tecnologia para oterceiro mundo causou efeitos ainda maiscatastróficos. Desenvolvida para maximizar aprodutividade do recurso mais escasso no primeiromundo, a mão-de-obra, esta tecnologia temdemonstrado ser dispendiosa em terra e capital.No caso dos países com problemas crônicos dedesemprego e ou com escassez de capital, temconduzido rapidamente a uma enorme migraçãocampo-cidade, com seus consequentesproblemas sociais, e à penetração do capitalestrangeiro na agricultura (Perelman, 1997; Wright,

1990; Goodman e Redcilft, 1991; Shiva, 1991;Vandermeer e Perfecto, 1995; Altieri, 1995).

Além disso, quando os sistemas deprodução baseados na monocultura foramtransferidos para as regiões tropicais, às custasdos agroecossistemas diversificados,oprolongamento do cultivo durante todo o ano temocasionado que o problema das pragas e dosagrotóxicos entrem em uma espiral ascendenteincontrolável (Altieri, 1995; Conroy et al., 1996).

Um indicador importante da crise daagricultura convencional é o grau de utilização decapital e isso tem contribuído para intensificar asdimensões sociais, econômicas e ambientais dacrise (Buttel, 1990; Lewontin, 1982; Lewontin eBerlan, 1986; de Janvry, 1983; Goodman e Redclift,1991; Hamilton, 1994).

Historicamente, o capital tem se “apropriado”dos elementos do processo produtivo, substituindoos mecanismos naturais de controle de pragas pelouso de agrotóxicos, a fertilidade natural do solo pelaaplicação de adubos químicos e assimsucessivamente (Goodman e Redclift, 1991). Oresultado inevitável de tudo isso é o conflito deinteresses, identificado pela grande quantidade dedinheiro entram em jogo para manter uma agriculturaindustrializada, que depende de fortes inversões decapital, o qual converte, tanto os países, como osagricultores, em entidades dependentes dosfornecedores de insumos e equipamentos. Semdúvida, muitos lucros deixariam de ser auferidos sehouvesse uma mudança para caminhos alternativose tradicionais, o que conduziria a uma menordependência dos agricultores pelos insumos externos(van den Bosch, 1978; Perelman, 1977). Essa perdapotencial de receitas provoca a relutância àsmudanças de todo o sistema agrário (Hamilton, 1994).

Agricultura sustentável:uma resposta adequada a crise?

A crise da agricultura possui duas dimensões:uma ecológica e outra socioeconômica; ambas

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interrelacionadas e procedentes das condiçõeshistóricas da agricultura americana, assim comoda penetração do capital, fato que tem servido paraaprofundar a crise e impedir mudançasfundamentais. Qualquer modelo alternativo queofereça possibilidades de tirar a agricultura da criseem que se encontra, deve considerar as questõesecológicas, sociais e econômicas. Sendo assim,qualquer exercício que se concentre em apenasreduzir os impactos ambientais, por exemplo, semenvolver a difícil realidade social dos agricultoresou as forças econômicas que perpetuam a crise,está condenado ao fracasso. Esta é,precisamente, nossa preocupação quandodefendemos a agricultura sustentável.

O conceito de agricultura sustentável é umaresposta relativamente recente à degradação dosrecursos naturais ou da base produtiva daagricultura moderna (Altieri, 1995). Os problemasda produção agrícola tem deixado de serpuramente técnicos, convertendo-se em umaquestão mais complexa, envolvendo dimensõessociais, culturais, políticas e econômicas. Oconceito de sustentabilidade tem sido controvertidoe difuso, em decorrência dos conflitos de interessese das diversas interpretações do seu significado(Lélé, 1991; Allen e van Dusen, 1990; Allen, 1993).Esse conceito tem gerado muita discussão, assimcomo múltiplas propostas para alcançar ajustesimportantes na agricultura convencional, de modoque seja mais viável aos níveis ambiental, social eeconômico. O enfoque principal tem sido asubstituição dos produtos agroquímicosresponsáveis pelos problemas associados aagricultura convencional, por insumos menosnocivos.

A ênfase atual dirige-se a utilização deinsumos de composição biológica que podem seradquiridos, como o Bacillus thuringiensis, umpraguicida microbiológico amplamente utilizado nolugar dos inseticidas de origem química ecomercializado através de grandes laboratórios,com marcas como Dipel® e Javelin®.

Este tipo de tecnologia está relacionadocom o enfoque técnico dominante, conhecido como

“substituição de insumos”. O impulso ébasicamente tecnológico e se caracteriza porconservar a mesma mentalidade do fator limitanteque tem dirigido a pesquisa agrícola convencionalno passado.

Os agrônomos e outros cientistasagrícolas tem sido capacitados, por gerações, comteorias baseadas na “lei do mínimo”, como dogmacentral. De acordo com esse princípio, em umdeterminado momento, há somente um fator quelimita o incremento de rendimento; e esse fatorpode ser superado mediante um insumo externoapropriado.

Uma vez superada a barreira do primeirofator limitante – deficiência de nitrogênio, porexemplo, para o qual se considera a uréia como oinsumo apropriado – os rendimentos podem voltara aumentar até que outro fator – uma praga, porsuposição – se torne limitante. Esse fator, então,requer outro insumo – inseticida, neste caso – eassim sucessivamente, perpetuando umprocedimento que alivia sintomas em vez deeliminar as causas reais do desequilíbrio ecológico.

Este enfoque apresenta muitos problemas.De um lado se concentra nos níveis maissuperficiais de integração do agroecossistema,levando em conta uma só espécie, ou seja, ocultivo, e somente um fator limitante, seja bióticoou abiótico. Por outro lado, nega as abundantesbases científicas proporcionadas pela ciênciaagroecológica enquanto sua importância dos níveismais altos de interação, incluindo a sinergia, oantagonismo e as interações direta e indireta dasdiversas espécies.

Do ponto de vista prático, o resultadobaseado no do enfoque do fator limitante conduzinevitavelmente para um caminho, pois, a medidaque o agricultor “resolve” um problema, éconfrontado por outro, “inesperado”. Se o agricultorutiliza uréia para solucionar o problema da falta denitrogênio como fator limitante, por exemplo, logopode surgir outro fator limitante, infestação depragas, cuja quantidade evolui dramaticamente àmedida que aumenta a disponibilidade de nitrogênio

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solúvel na seiva das plantas, das quais sealimentam (McGuiness, 1993). Estes fatoreslimitantes, nos quais se dedica a agronomiaclássica, podem ser vistos pela nova ciência deagroecologia como sintomas que encobrem asdeficiências de um agroecossitema.

No caso hipotético da falta de nitrogênio,em vez de se tratar de um fator limitante, podeser considerado como um sintoma de deficiênciasistêmica das plantas ou uma restrição físicaprovocada no solo, que iniba os mecanismos decirculação de nutrientes. No caso de terrasexploradas mediante métodos convencionais àlongo prazo, o problema real pode ser que o soloesteja estéril, contaminado por produtos químicose com pouca matéria orgânica. Um solo assimnão é adequado para o fluxo de nitrogênioproveniente da matéria orgânica emdecomposição ou para a sua fixação biológica.Paralelamente, sua baixa porosidade e naturezacompacta conduzem a uma rápida perda dasfontes de nitrogênio de origem química provenientede fertilizantes aplicados no solo.

Em contraste com isso, um solo“saudável”, biologicamente rico, com abundantematéria orgânica e uma diversidade demicroorganismos, inclui em sua estrutura,bactérias que produzem e fixam nitrogênio, aotempo que vivem livremente e mineralizam esteelemento a partir da mesma matéria orgânica. Emvez de aplicar uréia, o agricultor deveria iniciar umprocesso para recompor a estrutura do solo e amatéria orgânica, com uma comunidade bióticasaudável que se mantém por si (Magdoff, 1993).

Assim, a agroecologia é um enfoquealternativo que vai mais além do uso de insumosalternativos para desenvolver agroecossistemasintegrais com uma dependência mínima dosinsumos externos.

A ênfase está na formulação de sistemasagrícolas complexos, nos quais as interaçõesecológicas e a sinergia entre componentesbiológicos dotam os insumos dos mecanismosnecessários para a manutenção da fertilidade do

solo, a produtividade e a proteção dos cultivos(Altieri, 1995).

A prática vigente é alarmante

Neste contexto, consideramos que apredominância do modelo de substituição deinsumos (corretamente localizado em umatransição programada da agricultura convencionalpara a agroecológica), sem contemplar umatransição mais adiante, é um problema.

A mera substituição de insumos naagricultura alternativa ou “sustentável” é alarmante,uma vez que não altera o sistema da agriculturaconvencional, com suas fortes inversões decapital (sobretudo nos países capitalistas) e suadependência na monocultura.

Todas as mudanças são relativamentepequenas. Substitui-se um agrotóxico por umproduto biológico. No lugar da uréia, ou junto comela, são colocadas quantidades consideráveis deesterco ou compostos comerciais de alto custo.Mesmo que estas mudanças sejam consideradascomo avanço numa direção mais benéfica para omeio ambiente, os mecanismos que operam nacrise agrícola permanecem como estão:monocultura extensiva, controle de insumos pelaindústria transnacional, dependência decombustíveis fósseis e uma forte necessidade decapital. Este enfoque não leva em conta oendividamento em que se encontram osagricultores, devido aos altos custos do maquinárioe dos insumos, nem as bases ecológicas dadiminuição de rendimentos – a redução dabiodiversidade funcional e os agrossistemas.

De uma forma geral, existem evidênciasda hegemonia que vai adquirindo este enfoquefalsamente sustentável. A agricultura orgânica,vista genericamente como um conceito holístico,se encontra agora altamente comercializada edominada pelo capital. As publicações dirigidasaos agricultores orgânicos estão repletas deanúncios de inseticidas biológicos de alto custo,

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compostos comerciais, inimigos naturais criadosem insetários comerciais, extratos vegetaisvendidos por grandes companhias agroquímicas ecoisas similares. As casas comerciais de alimentosnaturalistas estão abarrotadas de produtosprocessados como os supermercados comuns,com a diferença somente de que os ingredientessão “naturais” ou “orgânicos”, e que, ao serprocessados, não perdem as fibras.

Por último, o Manejo Integrado de Pragas(MIP), uma prática anteriormente atacada pelascompanhias de produtos agroquímicos (van denBosch, 1978), é agora promovida amplamente porelas (Moore, 1995; Western Crop ProtectionAssociation, 1995). A que se deve isso? Osplanejadores corporativos de deram conta quepodem fazer negócios mais lucrativos com aspráticas alternativas do que com a agriculturaconvencional, mantendo os agricultoresdependentes de tecnologias externas.

Os inseticidas são um exemplo disso. Osconvencionais, de amplo espectro, que foram asbases de toda uma indústria no passado, estãodesaparecendo rapidamente do mercado porqueas pragas estão cada vez mais resistentes a eles.Paralelamente, as patentes originais dessesprodutos estão vencendo e os custos impostos pelaregulamentação governamental, para colocarnovos produtos químicos no mercado são cada vezmais proibitivos.

Os inseticidas biológicos, e toda uma novageração de praguicidas, oferecem uma saída fácilpara as companhias preocupadas com a suaresponsabilidade, em um mundo que já conheceuvárias tragédias decorrentes do uso de agrotóxicos.Por outro lado, esses produtos oferecem tambémuma oportunidade para que as companhias sepromovam como membros “responsáveis” dasociedade civil, conforme publicado recentementepor um grupo industrial em um panfleto sobre o MIP(Western Crop Protection Association, 1995, pp.9,20-21): O MIP não é uma fórmula para eliminar oureduzir o uso de inseticidas...Todos os aspectosda agricultura tem respondido a demanda deinseticidas de mínimo risco...

Os agricultores estão mais conscientes dosproblemas ambientais e tem melhorado as técnicasde cultivo...Como resultado disso, os fabricantes deinseticidas têm investido milhões de dólares empesquisa, desenvolvendo e comercializando novosprodutos dirigidos a pragas específicas e menosnocivos ao meio ambiente.

Atualmente assistimos a uma revoluçãovirtual na pesquisa e desenvolvimento deinseticidas, que proporcionará ainda melhoresopções de controle de pragas para os agricultores,com menores riscos. O desafio que enfrentam oslegisladores é reconhecer e recompensar essainiciativa...(itálico no original).

As indústrias do terceiro mundo produzematualmente o metil-paration (o principal culpado doenvenenamento de agricultores e trabalhadoresrurais por inseticidas em todo o mundo), produtoeste com patente já vencida, mas que pode seradquirido na América Central, por exemplo, a umcusto de US$ 7.00 por litro. Devido ao seu usoextremamente perigoso e a perda de grande parteda sua eficácia através do tempo, os programas deMIP com financiamento internacional, assim comoos extensionistas de entidades governamentais erepresentantes de casas comerciais recomendamaos agricultores o uso de novos produtos biológicosinofensivos e eficazes, tais como o Javelin®, quepode custar aproximadamente US$ 150.00 por litro,ou o Avermec®, ao preço de US$ 400.00.

Estes produtos são, na realidade, maisinofensivos e, em muitos casos, mais eficazes queo metil-paration. Entretanto, é necessário fazer aseguinte pergunta, de forma direta: O que é maisnocivo a saúde de uma família de agricultores, cujarenda anual pode ser muito abaixo de US$ 1,000.00anuais, expor-se ocasionalmente ao metil-parationou ter que pagar US$ 393.00 adicionais por uminsumo essencial para a produção? Em termosgerais, se os produtos alternativos elevam oscustos de produção para os agricultores do primeiroe terceiro mundo (em dificuldades econômicas) eaumentam a sua já excessiva dependência defornecedores de insumos externos, então osinseticidas biológicos não oferecem uma saída para

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a crise. A exceção seria nos casos onde aprodução é local, com matéria prima da região esem grandes custos, como é o caso dosCentrosReprodutores de Entomófagos eEntomopatógenos (CREEs), em Cuba (Rossetand Benjamin, 1994; Rosset, 1996).

Sem dúvida, a indústria agroquímica sabepara onde sopram os ventos. Ainda que os dadosatuais sejam segredos comerciais zelosamentevigiados, em todo o mundo se acredita que maisda metade do capital investido na pesquisa edesenvolvimento na indústria de agrotóxicos vaipara os produtos biológicos. Como se trata deprodutos novos, recém patenteados, podemcobrar benefícios e obter amplos lucros, além decontar com um engodo publicitário em meio atendência geral para o MIP e outras alternativas.

Pode parecer fácil adotar-se uma posturaconformista diante dessa situação, apoiando-sena noção de que é melhor que a indústria obtenhalucros a partir de produtos inofensivos ao meioambiente e mais adequados, do que com produtosque o contaminam. Nós também compartiríamosesta idéia, se não fosse pelo fato de que osagricultores não podem suportar mais aumentosnos custos de produção. Mais ainda, a tecnologiade substituição de insumos não oferece umasolução às implicações ecológicas da crise.Finalmente, existe uma alternativa melhor, que éa agroecologia.

Para um método agroecológico

A agroecologia tem se convertido em umadisciplina que proporciona os princípios ecológicosbásicos para estudar, formular e administraragroecossitemas alternativos que influem, não sónos aspectos ecológico-ambientais da crise daagricultura moderna, mas também aos aspectoseconômicos, sociais e culturais (Altieri, 1995).

A agroecologia vai mais além do panoramaunidimensional da genética, da agronomia e daedafologia dos agrossitemas para compreenderos níveis ecológicos e sociais da sua evolução,

da estrutura e da função. Em vez de enfocar-seem um componente isolado do agroecossistema,a agroecologia enfatiza a inter-relação de todoseles, assim como as complexas dinâmicas dosprocessos ecológicos. As tendências atuais daagroecologia convidam os pesquisadores aenvolver-se com os conhecimentos e habilidadesdos agricultores e a identificar o potencial paraalcançar uma biodiversidade que dê condição auma sinergia benéfica e possibilite a manutençãoou a recuperação de uma situação relativamenteestável. A aproximação à etno-ciência (sistema deconhecimento oriundo de um grupo étnico, deforma local e natural) tem demonstrado que oconhecimento do camponês sobre o meioambiente, a flora, a fauna e os solos, pode ser bemdetalhado (Altieri, 1995). Este conhecimento gera,constantemente, estratégias multidimensionais eprodutivas do uso do solo que resultam, comdeterminadas limitantes ecológicas e técnicas, naauto-suficiência alimentar de algumascomunidades. Uma vez entendidas ascaracterísticas ecológicas da agricultura tradicional– a saber, sua capacidade para enfrentar riscos, aeficácia da rotação de cultivos na produção, areciclagem de materiais, a dependência dosrecursos locais e o germoplasma e a exploraçãode uma ampla margem de microambientes – épossível obter informações importantes para odesenvolvimento de estratégias agrícolasadequadas às necessidades, preferências erecursos de grupos específicos de agricultores eagroecossitemas regionais.

O comportamento dos agroecossistemasdepende basicamente da interação dos diversoscomponentes bióticos e abióticos. Ao organizaruma biodiversidade funcional, é possível iniciar umasinergia que proporcione a geração de processosecossitêmicos mediante determinadas funçõesecológicas, tais como a ativação da biologia dosolo, a reciclagem de nutrientes e o melhoramentoe a manutenção dos inimigos naturais de pragas.

As tecnologias agroecológicas não seconcentram no estímulo da produtividade diante deótimas condições, como as tecnologias daRevolução Verde, mas asseguram a continuidade

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da produção sob uma ampla gama decondições climáticas e de solo, especialmentede condições marginais que geralmentepredominam na agricultura em pequenaspropriedades. O que importa, não é o enfoqueem tecnologias específicas, mas em umelenco de tecnologias que incorporem diversoscultivos, a rotação à base de legumes, aintegração de animais, a reciclagem e omanejo de biomassa e resíduos.O sistema de produção deve:

1. Reintroduzir níveis funcionais debiodiversidade ao sistema;

2. Reduzir o uso de energia e de recursos, eregular a sua quantidade que entra no sistema,de maneira que se tenha uma relação de altaprodutividade;

3. Diminuir a perda de nutrientes do solomediante o controle eficaz da lixiviaç ão e daerosão, e melhorar a reciclagem de nutrientesatravés do uso de plantas leguminosas, aduboorgânico e compostos, bem como outrosmecanismos adequados similares;

4. Fomentar a produção local de alimentosadaptados ao contexto natural esocioeconômico;

5. Manter a produção desejada, preservandoos recursos naturais (por meio da redução dadegradação do solo);

6. Reduzir os custos e aumentar a eficácia,melhorando a viabil idade econômica dapequenas e médias propriedades rurais, demaneira que se alcance um sistema agrícoladiversificado e resistente (Altieri, 1995).

Os componentes básicos de umagroecossistema sustentável são:

1. Uma cobertura vegetal como medida eficazpara a conservação do solo e da água, criadamediante práticas de plantio direto, o uso de

mulch, e emprego de cultivos de cobertura eoutras práticas relacionadas;

2. Uma fonte constante de matéria orgânica, pormeio da introdução constante de esterco ecompostos, bem como a promoção de atividadebiológica do solo;

3. Mecanismos de reciclagem de nutrientes pormeio da rotação de culturas, integração delavouras e criações, e outras práticasrelacionadas;

4. Controle de pragas através do aumento daatividade de agentes de controle biológico, obtidamediante a introdução e/ou conservação deinimigos naturais;

5. Diversificação dos agroecossitemas noespaço físico (policulturas, lavouras/florestas,etc.) e no tempo (rotação de culturas, integraçãode lavouras e criações, etc.) Altieri e Rosset,1995).

Conclusões: A substituição de insumosversus o enfoque agroecológico, ou umpasso para uma agricultura agroecológica?

Conforme enfatizado neste artigo, oobjetivo da estratégia agroecológica paraalcançar uma produtividade agrícola sustentávelé se posicionar contrária a estrutura domonocultivo, assim como a dependência deinsumos externos ao criar agroecossitemasintegrais. Esta é a única aproximação compossibilidades de considerar tanto os aspectossocioeconômicos da crise – ao reduzir adependência de insumos caros de origemexterna, sejam estes biológicos ou químicos –como a devastação ecológica da agriculturaindustrial moderna. Não só é possível deter acontínua degradação da base produtiva daagricultura, como também pode ser revertida,já que muitas das tecnologias agroecológicastem demonstrado que permitem a recuperaçãode ecossistemas de solos deteriorados.

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O resultado f inal do sistemaagroecológico é a sustentabilidade econômicae ecológica do agroecossitema. Os sistemasde manejo alternativos deverão estar de acordocom a base local de recursos e as condiçõesambientais e socioeconômicas.

Por outro lado, a susbstituição deinsumos não aproveita os efeitos benéficosresultantes da integração da biodiversidadevegetal e animal, ao reforçar a interaçãocomplexa e a sinergia. A substituição deinsumos pode reduzir alguns dos impactosdiretos da agricultura sobre o meio ambiente,como os resíduos de agrotóxicos e a resistênciadas pragas, mas não diminui a vulnerabilidadeda monocultura.

Além disso, substitui insumos baratos eecologicamente nocivos por outros menosdanosos, mas com custos mais elevados,aumentando assim as despesas, perpetuandoa crise econômica que enfrentam osagricultores de todo o mundo. A comparaçãodo enfoque agroecológico com as tecnologiasconvencionais e de substituição de insumoscoloca em destaque as vantagens dos sistemasde cult ivo integrais criados com critérioagroecológico. Estas vantagens incluem umaredução da vulnerabilidade às pragas, doençase ervas daninhas; uma menor dependência deinsumos externos; menor demanda de capitale uma maior eficácia no uso da terra, aspectoassociado às policulturas. O Quadro 1 mostraum resumo das característ icas maisimportantes dos sistemas criados comenfoques convencionais, de substituição deinsumos e agroecológicos. Em geral, astecnologias agroecológicas sãoeconomicamente viáveis e ambientalmentecorretas, já que de uma forma reduzem oscustos de produção ao basearse nos recursoslocais e, por outro lado, promovem umaestruturação biológica eficiente, o qual assegurao funcionamento do sistema.

Os agricultores que se decidem por esta

alternativa podem dispor de recursos biológicose de fontes de insumos locais, em vez deinsumos externos, o qual gera consideráveisbenefícios sanitários, ambientais esocioeconômicos. A agroecologia nos ofereceum novo panorama e um conjunto de diretrizesorientadoras a uma agricultura mais produtivae mais diversificada, em harmonia com o meioambiente e capaz de preservar os laçoscomunitários das populações rurais.

Entretanto, este panorama não pode serreal izado plenamente se não exist ir ascondições necessárias para o desenvolvimentode uma política apropriada que promova um tipode agricultura verdadeiramente sustentável.Para chegar à estas condições será necessárioeliminar determinados fatores que impedem asmudanças e substituí-los por incentivos. Aparticipação ativa de grupos de agricultores comoutras instituições será essencial para gerarpolíticas realmente funcionais, inclusive paradesafiar os projetos de pesquisa, à serviço dosinteresses corporativos e às custas dosagricultores e do meio ambiente (Pretty, 1995).

Considerando a contundentesuperioridade do enfoque agroecológico,acreditamos que é urgente resistir-se a propostade uma agricultura sustentável ou orgânicabaseada somente na substituição de insumos,a qual deixa aberta uma entrada aosagronegócios, e assegura a manutenção docontrole sobre os agricultores. O enfoque dasubstituição de insumos nos deixa com umabastecimento alimentar biologicamentevulnerável, com instabilidade ecológica e com adependência, endividamento e empobrecimentoda maioria dos agricultores. Na mudança, aagroecologia oferece a esperança de ter umaeconomia agrícola mais independente e viável,capaz de abastecer com alimentos saudáveis àsociedade e de proteger o meio ambiente paraas futuras gerações.

Entretanto, a substituição de insumostem seu lugar na transição programada para a

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QUADRO 1 – Características comparativas dos sistemas de cultivo convencional, substituição de insumos e agroecológico.

agricultura agroecológica. Quando se decidepela conversão de uma propriedade ruralconvencional, se inicia com o solo que foiesterilizado por décadas de abuso de produtosagroquímicos e um elenco de inimigos naturaisdevastados por agrotóxicos. Requer temporestaurar a vida do solo, sua estrutura e amatéria orgânica, assim como recuperar a faunabenéfica. Durante este período de conversão,que pode ser curto ou longo, segundo a inversão

de matéria orgânica e o uso intencional debiodiversidade, os insumos substitutos, taiscomo os inseticidas biológicos e osbiofertilizantes, são indispensáveis.

Mas, a meta à médio prazo é reduzirseu uso e, portanto a dependência do agricultorde insumos caros, na medida que o sistemaagroecológico vai adquirindo a capacidade deautosustentar suas necessidades de fertilidadee de manejar as pragas e as doenças.

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Estamos atualmente em umaencruzilhada civilizatória, caracterizada pelaquestão socioecológica (degradação ecológicae exclusão social, simultânea). Esta questão noscoloca a necessidade de uma opção ética pelaspessoas que sofrem os impactos negativos domodelo econômico e social vigente, que são asmaiorias populacionais. Visões de mundoestáticas perdem efeito em um mundo demudanças. Processos derivados destas visõesde mundo, como os métodos de pesquisa queignoram o ambiente em que querem “depositar”seus achados, têm pouca possibilidade deserem socialmente apropriados (Canuto, 2005).

Há muito se fala sobre as tradições dos

agricultores e suastécnicas produtivas, aponto de achar que oagricultor não era capaznem mesmo de adaptarsuas própriastecnologias, o quedemonstra a visãopreconceituosa emrelação ao camponês eseu meio de trabalho.

Essa visão foireproduzida por muitotempo para os técnicos,o que caracteriza ocamponês apenas comoum aplicador de técnicas.Mas com o movimento de

A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

ATRAVÉS DA METODOLOGIA PARTICIPATIVA

Ronaldo de Almeida

Assentamento Santa Fé, município de Muqui, Espírito Santo.revalorização da cultura camponesa, permitiu-se que enxergasse que não seria possível parao camponês, sobreviver as mudanças , semque este tivesse implícito em si a capacidadede pesquisar mesmo que de uma forma maissimplificada.

Poderíamos buscar ainda asinformações históricas que nos relata asquestões da domesticação das atividadeseconomicamente exploradas hoje, e iríamosdireto ao encontro dos primeiros camponesesque através da experimentação selecionaramespécies que poderiam ser usadas para suaalimentação. Este foi o primeiro processodescrito de experimentação camponesa, apartir daí, inúmeros outros puderam serobservados e em diversas níveis, desde osmais simples aos atuais, que em alguns casos

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se apresentam bastante complexos.

Vejamos como exemplo as técnicas demanejo do cafeeiro no Espírito Santo, em suamaioria foram inicialmente desenvolvidas peloprocesso camponês de pesquisa queposteriormente e em alguns casos baseou aspesquisas cienti f icas de insti tuições epesquisadores. Ou seja, ninguém “inventou aroda”, simplesmente adaptou e ou melhorou algojá inicialmente utilizado, o que não tira o méritoda pesquisa, mas justifica a experimentaçãocamponesa.

Poderíamos ainda citar inúmeros outrosexemplos conhecidos como a seleção devariedades de milho, feijão até chegar nascondições e variedades de hoje, sempre emalgum momento a experimentação camponesaesteve presente e foi fator fundamental para seuacontecimento..

Essa base camponesa para construçãodo conhecimento sempre foi material de ampladiscussão e contradições em meio cientifico,acadêmico e sociedade em geral. Portanto oprocesso de construção deve passar de algumaforma, por uma discussão ampla, com umapart icipação relevante em termos derepresentantes das categorias sociais, evitandoassim a citada e persistente degradaçãoecológica e exclusão social.

Esta estratégia serve para criar uma redede informações amplas geradas sobre uma baseconsolidada, para tanto é necessário que estemesmo processo de construção tenha definidoscom clareza os papeis dos atores queparticiparão da elaboração, assim como tambéma definição das fases deste. Isto é necessáriopara que a produção gerada seja validada erealmente construa o desenvolvimento para qualsua geração está justificada.

Com as l imitações e problemas doparadigma atual, nasce então a necessidade deconstrução de um modelo capaz de gerarbenefícios para todos os envolvidos no contextoatual de produção. Para tanto são necessáriosmeios de fortalecer a base agroecológica paraque esta venha calçada e passe pelos

espinhosos caminhos a serem percorridos.

No sentido de ajudar a ampliar e fortificaresta base à rede de pesquisa nacional emagroecologia vem juntar esforços para estaconstrução, partindo do pressuposto que aconstrução do modelo agroecologico deve serde forma participativa e assim sendo não podeser diferente no segmento da pesquisa.

O modelo de pesquisa vigente demonstraclaramente a insuficiência de resultados emgrande medida devido ao método empregado.Sendo assim faz-se necessário criar ouremodelar uma alternativa ao método empregadohoje, para que assim seja possível uma maioranálise do objeto em pesquisa de forma maissistêmica, evitando a descomplexificação domeio, o que torna quase sempre a pesquisareducionista e duvidosa acerca do real uso deseus resultados, principalmente naagroecologia.

Com relação ao método não existe aindauma formatação que indique um usogeneralizado. Isso é ruim por que diz respeito àfalta de informação necessária para se avançarno campo da pesquisa participativa, por outrolado é bom por que se evita a criação de umpacote metodológico para geração de pacotespara a agroecologia.

Com o reconhecimento da importânciada experimentação, muito se viu em relação àpesquisa convencional feita em centros depesquisa. Agora está se tornando moda falar emexperimentação participativa em todas asinstâncias principalmente as públicas. Isto sedá pela necessidade imposta pela sociedadeque começa a perceber a duras penas o altocusto ambiental que está se pagando pela formaconvencional de produzir.

Sendo assim, mesmo que a ciênciatenha contribuído bastante para odesenvolvimento da agricultura, não se podeexcluir a parcela de contribuição daexperimentação camponesa que pode serequiparada aos avanços promovidos pelaciência e tecnologia.

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As formas de experimentação hojeempregadas são as mais variadas possíveisdesde aquela fechada nos centrosexperimentais até aquela desenvolvida peloscamponeses sem a participação de técnicos. Oque se pode dizer é que ainda não há traçadouma metodologia que seja totalmente aceitacomo a forma mais adequada para o momentoque se passa à pesquisa.

Entre os dois extremos metodológicoscitados acima ainda existem intermediações emdiversos níveis. Por exemplo, há algum tempoatrás era comum ver ensaios de variedadescrioulas de milho em propriedades decamponeses, mas que eram totalmentecontrolados pelos técnicos e o camponês sófornecia a área e a mão de obra. Isso foi muitocomum no estado do Espírito Santo, mas oresultado foi que ao final dos ciclos, não haviauma apropriação efetiva dos resultados por partedos maiores interessados, que eram oscamponeses. Isto se dava principalmente,porque os produtores não contribuíam para ométodo o que acarreta abandono dasexperiências e quando não, dos resultados.

Em outra situação a experimentaçãocamponesa propriamente dita, não há aparticipação do técnico, o que também acarretaperdas principalmente na sistematização dosdados e em relação ao controle dasexperiências. Por outro lado é louvável odesenvolvimento promovido pelos própriosagricultores em relação à experimentação acampo em suas parcelas e por iniciativa própria,promovendo uma melhoria nas técnicasutilizadas. Um exemplo que pode ser citado emrelação a esta situação é a atuação dosagricultores que selecionaram as variedades dearroz por conta própria na Ásia. Outro caso é odos agricultores da América central que por anosseguidos trabalham a cultura da mucuna anã emconsorcio com o milho desenvolvendo técnicase manejos para cult ivo destes e sem aparticipação de técnicos.

A pesquisa participante é aquela queresponde especialmente a necessidade depopulações que compreendem as classes mais

carentes nas estruturas sociaiscontemporâneas – levando em conta suasaspirações e potencialidades de conhecer e agir.É a metodologia que procura incentivar odesenvolvimento autônomo (autoconfiante) apartir das bases e uma relativa independênciado exterior (Borda, citado por Gil, 1999).

O que normalmente se busca naestratégia de geração de conhecimento, no quepoderíamos chamar de “geração individual oucomum de conhecimento”, é a produção de umamatriz baseada em fatores isolados de umacadeia interativa, ocorrendo assim umdesmembramento dos fatores interligados doprocesso, desfalcando do conhecimento osresultados das interações.

Na chamada agricultura moderna asinovações chegam aos agricultores em pacotese receitas, apresentadas como aplicativossimplificados, numa caixa-preta de difícildecodif icação pelo agricultor. Práticassimplificadas estão relacionadas com formassimplificadas de pensamento, onde o papel daobservação é acessório. A agricultura comenfoque agroecológico se apresenta comoconhecimento de “código aberto”, onde oacesso é l ivre (domínio público) e asmodificações e ajustes podem ser feitos porqualquer ator social. Nestas condições surgeminfinitas possibilidades de desenho e de gestãodos agroecossistemas. Aqui a observação écondição essencial (Canuto, 2005).

A construção de conhecimentoconvencional ou específica é marcante edecisiva na construção de pacotes tecnológicos(caso da agricultura),que são amplamentedifundidos no sistema convencional deprodução. Esse conhecimento geradorepassado em forma de pacote raramenteconsidera as interações referentes ao equilíbriodo meio onde será aplicada. Geralmente sãoaplicadas de forma generalizada, sem adequadadiscussão e possíveis estratégias de adequaçãolocal, com abordagem de suas possíveisimplicações, considerando apenas osresultados das pesquisas realizadas de formapontual buscando resolver problemas

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específicos e desconsiderando-os como partede um complexo e interativo ambiente.

O envolvimento dos agricultores emprocessos participativos de pesquisa favorecea recuperação da capacidade de observação,tanto por parte dos agricultores como dostécnicos. Em conseqüência, melhora tambéma capacidade de interpretação dos problemase de formulação própria de respostas. Com apesquisa participativa fica reforçada a posiçãode protagonismo social e a auto-estima dosagricultores, fatores fundamentais para atransição agroecológica (Canuto, 2005).

Um pesquisador ou uma instituiçãopoderá dar muito ou pouco valor aoconhecimento do contexto que envolve suainovação: as pessoas, as relações sociais eculturais, a rede econômica, as condiçõesecológicas. Do ponto de vista da eficiência, háuma grande probabilidade de que a pesquisaque considera o contexto acerte mais o alvodo que a que trabalha sob a orientação subjetivado pesquisador, que se ancora mais na tradiçãocientífica do que na inovação filosófica emetodológica (Canuto, 2005).

Uma das peças para a leitura do contextoé a análise dos atores sociais e dos sistemasde interesse implicados no processo. Sem umaidéia sobre eles, é provável que cheguemos arespostas genéricas e de difícil aplicação emlocais ou situações sociais e ecológicasespecíficas (Canuto, 2005).

Há uma enorme diversidade de valorese visões de mundo entre diferentes grupos deatores. É importante que na pesquisa se leveem conta esta diversidade e, em seguida,dedique-se a encontrar as zonas deconvergência de interesses. Com um mapa dosatores e das relações entre eles, o pesquisadortem um instrumento vigoroso para trabalharcentrado em necessidades reais (Canuto,2005).

O conhecimento dos sistemas deinteresse em uma comunidade e a detecçãodos temas convergentes, ajudam na definição

do problema de pesquisa. Mais que isso: gerama necessidade de diálogo entre saberes. Umdesconforto metodológico inicial pode ocorrer,mas é freqüentemente compensado pelo melhorajuste e foco da pesquisa e pela maioraplicabilidade dos seus resultados (Canuto,2005).

O conhecimento dos atores não é tarefafácil, não só pelo ainda insuficiente exercíciometodológico, mas também porque: i. hátambém contradições internas em umacomunidade ou grupo; ii. os sistemas deinteresse não são imaculados, masinfluenciados pela mídia e por várias formas desocialização; iii. sempre se verificam mudançasnos sistemas de interesse, conforme mudamas condições externas. Ainda assim, um mapade atores e relações sociais essenciais constituiuma providência simples para evitar uma visãodemasiado subjetiva ou desfocada da realidade(Canuto, 2005).

O método em estudo

Mesmo com este evidente avançoproporcionado sem a presença do técnico sefaz necessário saber: será que a metodologiaempregada em ambas às situações, passapelas mesmas etapas? Rhoades (1987) citadopor Buckles, afirma que sim, as etapas seriamiguais mesmo em níveis diferentes de aplicação.

Seminário de planejamento e avaliação da rede de pesquisa emAgroecologia, ocorrido no Centro de Formação Maria Olinda -CEFORMA, ES.

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Nesta situação as etapas seriam: aidentificação dos problemas, a formulação deuma hipótese, o processo de experimentação eaceitar ou não a hipótese. Sem dúvidas estasetapas são as seguidas pelos cientistas, masserá que os camponeses a seguem de forma ajustificar essa afirmação? A resposta para estaquestão só poderá ser dada com oacompanhamento minucioso das experiênciascamponesas em todas as suas etapas e emcada situação. Isto deverá ser feito em todos osambientes, no caso do Brasil, principalmente pelacultura diferenciado dos camponeses do “Brasilcontinental”.

Se a afirmação é verdadeira, então não éesta a questão central, mas sim a forma que seencara estas etapas e que diferenciam ostrabalhos feitos pelos cientistas e camponeses.Uma situação clara que se pode citar é o exemploda formulação do problema. O cientistanormalmente encara esta, como uma situaçãoque se vai estudar sobre um problema, enquantoo camponês encara como a chance de resolvero problema. Esta situação pode ser explicada deforma simples. O camponês enxerga a resoluçãodo problema como algo vital para suapermanência na atividade e também para garantiro retorno esperado desta, enquanto o cientistanão tem normalmente ligação tão grande com oproblema, ou seja, se resolver o problema ótimo,demonstra que o trabalho é bom, do contrário asua vida continuará praticamente sem serafetado pela não resolução do problema, poiseste continuará a receber seu salário e a efetuarnovos trabalhos que sejam de suaresponsabilidade.

Outra diferença que pode ser citada é aforma de descrição do problema. O cientistanormalmente usa de reflexões e conceitosprecisos e às vezes de forma complexa para ocamponês entender, enquanto que o camponêsnormalmente formula o problema sem sepreocupar muito com as definições econceituações do problema em questão.

Com relação à formulação de hipóteses,podemos citar o exemplo da rede de pesquisano estado do Espírito Santo. Neste local,

normalmente, impera apenas dúvidas referentesàs técnicas ou aos processos usados, o quereflete uma questão que é identificável em todasas situações de experimentação camponesa.Ou seja, como não se enxerga a experiênciaapenas como teste, mas, sim, como umapossibilidade de resolver um problema, não hápreocupação em refutar ou não uma hipótesee, sim, de adaptar algo a uma real necessidade.Tudo isto é advindo de situações anteriores quelevam a não formulação clara da hipótese. Mas,mesmo assim, em algumas situações isto ficaclaro como, por exemplo, quando se trata dafuncionalidade de uma determinada técnica demanejo. Normalmente, se questionasimplesmente seu funcionamento. Se positivoa resposta, continua seu uso. Do contrário,começa a busca por adaptações. Mesmo queem algumas situações não f ique claro adefinição de hipóteses (mas acontece de nofinal haver refutação da experiência porconstatação, o que leva a refletir sobre um outronível de formulação de questionamentos docamponês), tudo isso só se torna claro ao finalde uma experiência, não tornando estaafirmação uma regra.

Um exemplo prático foi o uso de umaleguminosa, a canavalia, que apesar dosbenefícios comprovados para a agricultura,depois de introduzida seu uso por algunsagricultores no Espírito Santo, teve seu usopraticamente extinto. Isto se deu pela verificaçãode seu habito agressivo de crescimento,dificultando o manejo das lavouras mesmo comdemais benefícios. Ou seja, foi uma observaçãoá parte das inicialmente formuladas que levarama refutação de uma experiência.

Participação do pesquisador

No atual contexto agrícola brasileiro emundial a pesquisa está sendo desenvolvidaamplamente pelo segmento privado e de formacada vez mais reduzida pelo setor publico. Acaracterística comum aos dois segmentos é ametodologia empregada que acaba por se tornar

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excludente na sua forma de aplicação e mais,se pensarmos na sua aplicação iremos notarfacilmente a exclusão do setor da agriculturafamiliar, ou seja, toda a pesquisa realizada estáde certa forma falha na sua concepção bemcomo falha no seu aproveitamento atendendosomente setores especif icas ou cadeiasprodutivas especificas.

Neste processo convencional de pesquisae conseqüente geração de conhecimento, atémesmo aqueles, aplicados a agroecologia,normalmente a figura predominante e dominante éa figura do pesquisador, que tende a gerar ecoordenar toda a cadeia produtiva da tecnologia, oque acaba por se tornar um processo independentede geração de conhecimento, desconsiderando aparticipação dos possíveis beneficiários doresultado deste estudo. Ao desconsiderar ametodologia participativa o pesquisador corre orisco de gerar algo que não tenha o resultadoesperado, além de não conseguir suprir anecessidade para a qual o conhecimento foi gerado.

Este processo de construção , consolidadopelo segmento privado, tem atribuições e objetivosbem definidos, como, por exemplo, podemos citara maximização produtiva, sem considerar asinterações decorrentes da implantação de umconhecimento gerado com uma participaçãoínfima.

Na perspectiva de construção deconhecimento pelo modelo participativo, o papeldo pesquisador torna-se mais abrangente tendoeste que atuar também como consultor. A atuaçãonesta metodologia requer muito do pesquisadorque deixar de ser pesquisador/ conhecedor epassa a ser pesquisador/consultor. Este papeldeve ser bem exercido para que assim ao trabalhoa ser desenvolvido não nasça de forma aoconvencional desconsiderando aspectos chavespara o sucesso de sua utilização futura. Estadeverá ser através de um processo participativoonde o pesquisador/consultor, juntamente com osdemais atores deverá considerar todas aspossíveis variações até mesmo aquelas nãoquantificáveis, mas que são plausíveis deobservações por parte de qualquer ator quecomponha a pesquisa participativa.

Neste sistema o papel do pesquisador sevaloriza. Este deixa de ser apenas extensionistade origem e passa a ser consultor, responsávelpor vários processos como capacitação,coordenação, administração de projetos, apoiotécnico de monitores de grupos e outras atividadesrelacionadas. Isto reflete um crescimento doprofissional que agora participa de todo oprocesso, desde a geração até a transmissão deseus resultados e aplicação, isto tudo através dametodologia participativa.

No âmbito agroecologico a utilização dessaestratégia participativa torna-se evidenciada devido,as ações não serem consideradas isoladas doprocesso como um todo. Dessa forma assim comoos fatores interagem no âmbito produtivoagropecuário e conservacionistas, devem interagirtambém os atores dessa geração deconhecimento, de forma que sua construçãoconsidere o máximo de experiência possível parao bom desenvolvimento da agroecologia e toda suaabrangência social.

Etapas para implantaçãode um projeto participativo

Dentre os espaços criados junto aosagricultores/pesquisadores, o pesquisadorconsultor tem que criar um espaço de interlocuçãocom alguns objetivos definidos, como:

1. Facilitar a aceitação: no processo defacilitação da aceitação por parte dos atoresenvolvidos, principalmente daqueles que não estãoenvolvidos a mais tempo neste processo degeração de novos conhecimentos ou que estão amargens das mudanças conceituais, comotambém aqueles que almejam mudanças nosistema e do sistema produtivo, adotando umponto de equilíbrio antes da tomada de decisão;

2. Motivar para a ação: é um processoque demanda mais da articulação (capacidade dearticular), do que conhecimento especifico, assimsendo, é necessário que o consultor interaja com

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o ambiente e demais atores envolvidos para quea mobilização para a ação surta efeito;

3. Mobilizar para o projeto: estamobilização requer muito do consultor no sentidode que durante o processo informativo, e etapassubseqüentes, o direcionamento para asinformações geradas darão a base para oengajamento no projeto de construção doconhecimento que obrigatoriamente passará pelasetapas de geração de informação técnica ecultural, que se torna o divisor de águas nomomento de decisão quanto à participação nassuas diversas modalidades e graus;

4. Organizar seminários: esta etapa sedá principalmente quando da realização comsucesso das etapas anteriores. Esta etapa éimportante para gerar e ou registrar as informaçõesnecessárias para o desenvolvimento do saber,bem como para trocas de informações que serãocomplementares no processo construtivo.

Nesta etapa é importante ainda formularhipóteses para novos processos de levantamentoe construção do saber, isto baseadoprincipalmente no saber popular, ou seja, nosconhecimentos gerados pelos agricultores/pesquisadores ao longo dos anos através daexperimentação intuitiva que também poderíamoschamar de empírica.

O agricultor na pesquisa

Dentro dos diferentes estágios dapesquisa participativa, o que revela uma maioreficiência é aqu=-ele com uma participaçãoefetiva do agricultor/pesquisador. Nestametodologia de construção de conhecimento, opapel mais importante é o desenvolvido peloagricultor. Aqui ele não é enxergado no fim dacadeia tecnológica, onde convencionalmentefunciona como um receptor final do conhecimentogerado pela pesquisa, mais sim como ator muitoimportante de toda a cadeia de geração detecnologia.

A rede no Espírito Santo se preocupa emformalizar a participação do agricultor desde oinicio, das primeiras reuniões a verificação eaplicação dos resultados da pesquisa. Isto alemde valorizar o conhecimento e trabalho doagricultor, valoriza também o trabalho dostécnicos e, conseqüentemente, da pesquisa nasua forma participativa.

Assim sendo como se pede na pesquisaparticipativa toda informação gerada, sai dasdiscussões, e é nestas conversas que seevidencia a participação do agricultor como fonteinicial de informação, diferentemente dametodologia de pesquisa convencional, onde afonte inicial de conhecimento básica é umarevisão geralmente bibliográfica, instigada porsuposições ou curiosidades do própriopesquisador de forma isolada.

A participação dos atores é condição delegitimidade da pesquisa. Substituem-se asações de intervenção unilateral por ações comos agricultores. A legitimidade é também fruto deum bom ajuste entre os sistemas de interessedos técnicos (pesquisadores, extensionistas,assessores) e dos agricultores. A participaçãodos agricultores não só não substitui anecessidade dos técnicos, como a reforça e dásentido. De parte dos agricultores, a possibilidadede participação é um exercício de expansão dacidadania e de geração de oportunidades. Éinteressante para tanto que os agricultorespossam, de preferência, participar de todas asfases da pesquisa, como diagnóstico, desenho,execução, acompanhamento e avaliação(Canuto, 2005).Assentamento Santa Fé, município de Muqui, Espírito Santo.

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Com essa informação nas mãos, o grupoformado pelo pesquisador/consultor, agricultor/pesquisador e demais componentes do grupo,elabora uma linha de pesquisa a ser adotada.

O agricultor/pesquisador tem a função deservir como referência para trabalhos de pesquisaa realizar, alem de formarem o grupo que irá fazeras observações. Num processo de pesquisaparticipativa as observações vão muito alem do quenormalmente se realizariam. Nestas observaçõessão considerados muitos outros eventos quenormalmente não se considerariam, o que tornao processo muito mais complexo. Aqui é ondese observa mais uma vez a importância doagricultor que com seu olhar mais sensível amuitas alterações, contribuem junto com oconhecimento técnico para que a pesquisa deum resultado muito mais adaptável ao local a quese realizar. Esse é o caso do exemplo citadoanteriormente, sobre a canavalia, onde o quelevou ao abandono da espécie como alternativa,não tinha nada com os objetivos iniciais para qualesta tinha sido usada, e sim por outra observaçãofeita pelo agricultor, graças a sua sensibilidadenatural para a pesquisa.

Outro aspecto importante é a valorizaçãodo conhecimento do agricultor acumulado aolongo do tempo, admitindo-o e sempre quepossível utilizando nas pesquisas. Alguns dessesconhecimentos já podem até ser repassadoscomo resultados de anos de pesquisa. Oagricultor sempre foi o pesquisador maisimportante do setor agrícola, sempre gerandonovas tecnologias, sem dinheiro e apoio algum,daí tão grande o valor de seu trabalho alem dovalor cientifico naturalmente obtido destes.

A participação em um projeto de pesquisa

A participação é fator fundamental paradesenvolvimento da pesquisa participante, porisso é importantíssimo que se identifique o tipode participação que se pode ter no ambiente aque se realizar o trabalho. Essa identificaçãoajudará a traçar métodos mais adequados deelaboração e criação de metodologias de trabalho

mais compatíveis com o grupo que se trabalha.

Segundo Henri Desroche, existem cincomodalidades de participação que são:

• Cooperação calculista: é um tipode cooperação que se tem umobjetivo pessoal traçado e esperaque através da cooperação esteseja alcançado. Neste tipo departicipação geralmente, não seobserva prejuízo que podem,ocorrer ao grupo, desde que oobjetivo pessoal seja alcançado.Esta participação pode tambémser grupal, onde o objetivo não ésó de um integrante, mas de todoo grupo, com as mesmascaracterísticas do individual.

• Adesão/envolvimento: é o tipo departicipação mais indicado paraque o produto ou processo geradotenha realmente alcanceesperado. È a participação ondeos objetivos são grupais e oenvolvimento é geral sem medode perdas pessoais.

• Consenso: grau de participaçãoonde o grupo entre em acordopara a solução de algo que éimportante a todos, mas sem umenvolvimento do tipo “vestir acamisa”.

• Apoio limitado: grau de atuaçãolimitado até o ponto que deinteresse do grupo ou individuo,sem assumir responsabilidadessenão aquelas referentes aoobjetivo almejado.

• Atuação própria: grau departicipação individualizado, ondenão se entra em acordos grupaise as ações acontecem de formaisolada quer sejam objetiva ou decooperação com algum tipo detrabalho.

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O levantamento das informações básicas(experiências)

O processo de organização deinformações é importante para formular questõesbásicas a serem respondidas através dapesquisa. A informação deve ser organizadapelo pesquisador consultor, mas com acolaboração das fontes que são os agricultorespesquisadores.

Para o levantamento dessas informaçõesé necessário que se crie algumas dinâmicasque funcione, para que as informações coletadasrealmente representam o que deve serrespondida pela pesquisa. Esta dinâmica deveser adaptada a cada situação e local, sempreprocurando adequá-la as condições culturais,assim pode-se dizer que, o que funciona em umlocal pode não funcionar em outro, sem quenecessariamente estes estejam afastados porgrandes distâncias.

De acordo com cada situação váriasmetodologias podem ser usadas, dentre elas amais apl icada é a “verbalização” dasinformações das experiências, feita em reuniõescom os agricultores envolvidos no processo edemais colaboradores. Neste processo oagricultor expõe suas experiências, sempre sepreocupando em separar os avanços,dificuldades...(categorizando), neste tipo demetodologia a participação do pesquisador/consultor é de grande importância na elaboraçãoda metodologia, ajudando na coordenação dasreuniões, e principalmente na sistematizaçãodas informações.

Durante estas reuniões deve procurarextrair e expor, o máximo de informações dosparticipantes, que vai embasar toda a construçãoda pesquisa que poderá ou não responder asquestões levantadas.

Outro trabalho importante é o desistematização das informações verbalizadas,estas que devem ser trabalhadas de formacuidadosa para que a l inha de pesquisaadequada não sofra alteração em virtude de

arranjos de informação mal feitos.

Cada local requer aplicações de métodosque melhor respondam a necessidademomentânea ou local e atinja o resultadoesperado. Outras metodologias que podem serusadas são os diagnósticos, montagem deorganogramas pelos agricultores com fluxo deinformações e outros, sempre com apreocupação de adequá-las a cultura local.

Após o levantamento das informaçõesbásicas que servem para criar e ou decidir aslinhas de pesquisa, é importante sistematizaras informações de forma que fique sintética eentendível pelos integrantes da pesquisapart icipativa, faci l i tando a difusão deinformações.

Com as informações organizadas, deveser feito um levantamento das experiênciasanteriores que existem, sobre a linha depesquisa adotada. Este levantamento sempreque possível pode também ser bibliográfico ede outras experiências praticas dos agricultoresimplantadas na mesma linha de trabalho.

O passo seguinte seria a elaboração doplanejamento da pesquisa fundamental para queas ações sejam feitas de acordo com asfinalidades. Dentro deste planejamento deveestar detalhado todo o resultado que se esperaou no mínimo deixar de forma clara os objetivos,sem se esquecer das possíveis interações queaconteceram e que normalmente não serãoprevistas.

Qual o desenho mais adequado à pesquisa participativa?

Hoje, há falta de desenhos experimentaise formas de análise de dados inovadoresinspirados conjuntamente nos métodos dapesquisa científica e na experiência acumuladapelos agricultores. Assim, um dos desafios éconjugar a participação com protocolos mínimosde experimentação, resguardando-se aconfiabilidade (Canuto, 2005).

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A construção de métodos participativosainda está em suas etapas iniciais e há umatendência de simplesmente negar os métodosclássicos. Nesse contexto cabem muitasperguntas. Como chegar a definições sobre odesenho experimental em um projetoparticipativo? Devemos manter categorias comoparcelas, repetições, testemunhas ou háalternativas a elas para uma nova proposta dedelineamento? Devemos combinar fases depesquisa em estação experimental com fasesde experimentação em unidadesexperimentação participativa com agricultores?Como vamos definir indicadores, instrumentosde registro e de análise de dados respeitandoas formulações dos agricultores? Podemosoptar por análises estatísticas consagradas?Podemos conjugar métodos quantitativos equalitativos? (Canuto, 2005).

Os principais pontos de discussão dassituações experimentais entre cientistas ecamponeses, ainda é o desenho utilizado porestes. Vejamos o caso do camponês: nestasituação o camponês acaba em uma situaçãodicotômica em que em alguns casos seusprogramas experimentais são holísticos, comum maior numero de fatores envolvidos e emoutras situações são reducionistas observandoapenas um aspecto. No caso do cientista oreducionismo permitiu um avanço enorme noempoderamento da ciência, o que tornoupossível criar desenhos simples até situaçõescomplexas de experimentação, explicadas pelaestatística. Em ambas situações, não fica claro,qual seria exatamente o desenho maisapropriado, para se usar em pesquisaparticipativa, mas fica claro, a necessidade deuma reflexão para construção de um método quepossibilite o uso dos fatores importantes emcada uma das situações.

Uma situação que merece também umaobservação é o caso de quantas vezes se faznecessário à repetição de uma experiência paraaceita-la como algo importa para a qual estásendo testada. O camponês normalmente fazrepetições aleatórias de acordo mais com a suanecessidade do que da comprovação de uma

técnica. Enquanto que o cientista procurametodologicamente a repetição paracomprovação ou não da hipótese formulada. Istopode ser um reflexo da não formulação clara deuma hipótese por parte do camponês, refletindoos resultados de forma que não seja resposta auma pergunta clara. Isto caracteriza umasituação mais de necessidade de resolução doproblema, como exposto anteriormente, do quede resposta a uma hipótese formulada.

Como citado anteriormente, pela nãopreocupação de confeccionar uma hipótese, ocamponês em algumas situações não sepreocupa em negar ou aceitar uma hipótese.Outra situação que acaba impondo esta situaçãode refutar ou não uma hipótese é a falta de umaestrutura social forte para comparação ediscussão dos dados obtidos. Esta falta deestrutura social se deve principalmente devido aerosão cultural sofrido pelos camponeses emgeral. Há a necessidade que neste novo modelometodológico de pesquisa participativa, que seconstrua formas e locais para possibilitar essacomparação necessária.

A ciência por sua vez tem toda umaestrutura que permite as comparaçõesnecessárias para aceitar ou não uma hipótese,isto se deve principalmente a sua metodologiareducionista. A ciência com o tempo, se permitiucriar esta teia de informações que justificamquase qualquer forma de comparação necessárianeste processo de experimentação.

Posteriormente a esta questãometodológica de aceitação ou não, uma etapaque reflete muito melhor um processo outecnologia experimentada é a avaliação e adoçãode uma tecnologia. Há muito tempo esteprocesso é comum entre os camponeses. Adiferença é que normalmente a forma que erafeita anteriormente esta avaliação e ou adoçãose mostrava quase inconsciente, semnecessidade de todo o processo de comparaçãoexistente hoje.

No espírito santo, por exemplo, há muitose fazia consórcio de abóbora com milho e feijão,empiricamente essas culturas foram sendo

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experimentadas e seus resultados avaliadosquase que inconscientemente em conjunto deforma que hoje esta é uma prática comum entreagricultores familiares de praticamente todo oestado. E se forem indagados de onde obtiverama informação ou os resultados de pesquisas queos levaram a fazer isto, a resposta quase comcerteza seria que, é uma forma que vempassando de geração em geração, sem quetenha algum autor desta importante pesquisa,ou em periódico oficial que divulgaria taisresultados.

Acreditamos que há uma grandenecessidade de integração entre métodos evisões de mundo. Ao nos debruçarmos sobre oproblema da concepção de métodos depesquisa adequados a um ambiente departicipação, encontramos que grande parte dosprocedimentos consagrados não têm nenhumacaracterística intrínseca que recomende suaexclusão. O que não está ainda claro é comoestes métodos podem adequar-se a projetos depesquisa complexos e relacionados com asnecessidades do desenvolvimento local(Canuto, 2005).

A ciência requer para sua aceitação quepesquisas sejam feitas seguindo um padrãoconvencionalizado com métodos estatísticosdentre outros. Estes del ineamentos têmalgumas vantagens como a possibilidade deanálise de resultados, um maior controle localdentre outras premissas para sua implantação.Estas vantagens são mais acentuadas quandoa pesquisa se trata de problemas pontuais quese procura resolver.

O que poderia se citar comodesvantagem destes métodos é sua limitaçãoquando da necessidade de se observar fatoresdifíceis de quantificar ou de quantificação maisduvidosa, alem de não permitir um grandenumero de observações no relevante asinterações. Esta limitação nos leva a buscarmetodologias alternativas para realizar estasobservações e validá-las principalmente notocante do seguimento agroecológico.

No segmento agroecológico onde visa

uma observação de muitos fatores interligadosou não, e até mesmo alguns eventuaisacontecimentos, há a necessidade deadaptações de forma que cientificamente seutilize um delineamento existente e ao mesmotempo seja permitida uma serie de observaçõesque podem ou não ser analisadasestatisticamente, mas que independente dotrabalho aplicado, os resultados possam serutilizados como indicadores de resultados deprodução científ ica e tecnológica, eprincipalmente contribua para o crescimento doprincipal interessado, o agricultor.

Para tanto é necessário que se crie ouadapte métodos para que estas informaçõesgeradas não sejam perdidas e sim utilizadascomo resultado de pesquisa, é mais importanteque isto, permitir que estes sirvam de parâmetropara avaliação de técnicas a serem utilizadas.A concepção de métodos de pesquisaparticipativa em agroecologia impõe um duploesforço: integrar tanto a complexidade socialcomo a complexidade ecológica,freqüentemente negligenciadas nos esquemasclássicos de pesquisa científica. Este desafiofoi aceito por diversos pesquisadores eorganizações, com resultados muitointeressantes, e está inserido em um processode qualificação metodológica crescente. Talconstrução converge hoje para um diálogo coma pesquisa clássica, buscando melhorar o rigor,seja na geração de dados como na forma deanálise dos mesmos.

Embora, os métodos não tenham por sipróprios uma autonomia ou importância maiorque as questões ecológicas e sociais de fundo,trazem em sua estrutura o reflexo delas, quefreqüentemente se encontram na forma deperguntas “submersas” e não respondidas. Aopção “natural” do pesquisador formado emnossas escolas e no trabalho dentro dasinstituições tem sido a de primar pelo método,já que as boas intenções da pesquisa seriamóbvias e indiscutíveis. O resgate de perguntaschave, colocadas antes da escolha dosmétodos, sobre o quem e o para quê, temcolocado a todos os pesquisadores a

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necessidade de um processo que responda àsnecessidades das maiorias, que garanta umvalor científico aceitável e que, além disso,promova o livre pensar e a criatividade humana(Canuto, 2005).

Ainda se está trabalhando em busca deuma metodologia, que promova uma produçãode produtos e ou processos de forma quegaranta o desenvolvimento sustentável, atravésda pesquisa . Há ainda muito a se estudar efazer até que se divulgue um método querealmente atenda as necessidades reaisimposta atualmente e que possa serdeclaradamente participativo.

A construção de gruposde pesquisas participativas

Para a construção de pesquisapart icipativa é necessário que algumasobservações sejam feitas com o grupo que sepretende trabalhar. Primeiramente, é precisocriar metodologia de trabalho que dinamizem aparticipação, deixando todos os participantescômodos para participar das discussões edecisões que devem ser tomadas. Isto, alémde valorizar o trabalho, valoriza também oparticipante como indivíduo, tornando-o maisapto no momento de tomar as decisões,participando mais efetivamente da construçãoda pesquisa participativa.

Um passo seguinte é vislumbrar juntoaos grupos os ganhos e novas perspectivas queserão construídas com o trabalho de pesquisaa ser realizado. Mais importante é mostrar estesganhos de forma sistemática nuncaisoladamente.

Isto é importante porque quando sepermite visualizar ganhos, há um maiorempenho em participar, e até para busca denovos parceiros. Deve-se sempre procurarrelacionar todos os fatores motivacionaisinternos e externos que podem ajudar namotivação para a participação.

Na etapa de planejamento, é importanteque os temas relacionados possibilitem que osparticipantes remetam aos interesses do grupo,ou seja, é importante que os temas sejamadequados aos part icipantes do grupo,considerando ainda fatores culturais, de gêneroe até as diferentes gerações envolvidas. Aoconsiderar todos esses fatores existe apossibilidade de que o sucesso do processode pesquisa atinja níveis mais elevados, do quequando não se os considera.

Para uma outra análise, é importanteverificar se os indivíduos são representativosem relação ao grupo que se pretende alcançarcom os resultados da pesquisa. Se isso nãoacontece, não se pode garantir que osresultados dos trabalhos de pesquisa,realmente, atinjam o público esperado, nãojustif icando a denominação de pesquisaparticipativa, já que os trabalhos atenderiam eseriam feitos por interesses de um gruporeduzido de pessoas. A rede em seu trabalhono Espírito Santo procura se adequar àrealidade dos produtores e da comunidade.Inicialmente, seu trabalho está sendo realizadocom grupos já organizados, isto para garantirque os indivíduos sejam realmenterepresentativos em relação a todos os possíveisbeneficiários da pesquisa participativa.

Para alcançar resultados sociais, nãobasta apenas a inclusão formal dedeterminados especialistas nas equipes depesquisa ou do contato entre técnicos eagricultores. É também fundamental investir emformas mais democráticas de trabalho, nacapacidade de conviver com certos conflitos eno exercício da liderança circular. Ela équalidade própria de qualquer pessoa e nelatodos os pontos de vista contém verdades.Como cada situação posta necessita dehabilidades específicas para sua solução, cadaator social se torna líder naquela situação.Assim, agentes que detêm a liderança emdeterminado assunto, tornam-se aprendizes emoutros. A liderança circular não é propriedadefixa de ninguém. A liderança circular se orientapelo espírito de diálogo e não de debate. Nodebate há uma tentativa de convencimento,

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alguém que sabe e outro que não sabe, umexercício de poder sobre. O diálogo, por suavez, implica na revelação gradual de mais“camadas” de uma realidade, a partir de umquestionamento apreciativo, onde diversospontos de vista são importantes e onde seexerce um poder compartilhado, um poder com(Canuto, 2005).

Outro levantamento importante é o desaber como é a cooperação de gruposexternos com a pesquisa. Dessa forma, comesses dados é possível realizar ajustes nogrupo, objetivando uma participação maisefetiva, que possibi l i te a geração deconhecimentos que realmente atinjam oobjetivo esperado. Outro aspecto importante éidentif icar a forma de cooperação nasatividades grupais. Assim, é possível identificaralguns problemas de cooperação e solucioná-lo antes que comprometa todo o trabalho.

Da constatação a ação

O trabalho de pesquisa só seráefetivamente implantado se houver a chamadaconstatação da defasagem entre a realidade eos ideais. A forma de constatação pode seratravés de indicadores, que podem sercomparativos (mostrando alguma realidadeque pode ser alcançada) ou por simplesverificação (constatação), que a realidadepresente não é a adequada, evidenciando esistematizando para facilitar a definição dasações.

Os ideais podem ser os chamados“valores culturais de referencia”, ou seja, deacordo com a cultura do grupo envolvidoidentifica-se os ideais comuns ao grupo, parapoder fazer o comparativo com a realidade,conseqüentemente, podendo ser constatada adefasagem que deverá ser superada ousuplantada pelo trabalho participativo a serrealizado.

No contexto agroecológico, estadefasagem pode ter origem de vários aspectos.

Desde os culturais, sociais e alguns maisespecíficos à atividade agrícola, alcançando atéo campo político.

Toda essa defasagem pode serrespondida pelo trabalho de pesquisaparticipativa, evidentemente a pesquisaresponderá a questões técnicas, mas pela suaforma de elaboração e processamento, todasas dúvidas e problemas sociais ficam emcondições de serem mais faci lmenteresolvidos. Mesmo com o levantamento dapossibilidade de resolução ou preenchimentode lacunas identificadas, é necessário que seidentifique as possibilidades das ações, assimcomo as condições necessárias para asrealizações.

No referente às possibilidades pode-seidentificar três níveis de ação:

• A ação direta dos grupos implicadaatravés da sistematização das defasagens eações que o grupo pode realizar para superá-las;

• Ação mediatizada por entidadesexternas: este nível requer que o grupo tenhaa capacidade de art iculação para quepossibilite a ação com apoio de entidadesexternas, não diretamente ao trabalho principal,mas que podem colaborar na suplementaçãodas defasagens;

• Em um outro nível temos a açãoindireta, ocorrida através de grupos maiores,em maior escala, mas sem a mobilização degrupos de base, seria o nível de ação maisdifícil de implantar devido à necessidade de umalto estagio de sensibilização dos gruposenvolvidos.

Quanto às condições para realizaçãodas ações, independentemente dos níveisabordados para esta, é neces- sário que osgrupos reúnam algumas características como:

• Capacidade de reflexão;

• Análise e estratégia;

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• Clareza dos objetivos;

• Liderança;

• Apoio institucional ou de movimentossociais;

• Outros apoios que podem referendara ação a ser implantada.

Todas essas características não serãoencontradas em um só indivíduo, daí aimportância do grupo evidenciada e,conseqüentemente, a necessidade de que esteconsiga se articular para aproveitar as qualidadesindividuais para o crescimento do grupo. Istoproduzirá um trabalho realmente participativo ecom menor possibilidades de ocorrer erros.

Considerações finais

A situação da agricultura hoje com aatividade humana visando o econômico, e inseridonum modelo antrópico insustentável, nos leva asentir claramente os impactos na questãosociológica que pode ser observada facilmente.Toda esta visão da insustentabilidade nos leva apensar em alternativas sociais e sustentáveispara a manutenção ou busca da qualidade devida, de forma que estas superem-na.

Assim, a agroecológia pode serapresentada como uma resposta a questãosociológica, já que está embasada em princípiosda diminuição de dependência de insumosexternos, bem como, redução de custos, equilíbrioecológico, criação de oportunidades de trabalhojustos e com um menor desgaste do ser humano.Existe ainda a visão da reciclagem dos materiaiso que possibilita a aproximação de um sistemasustentável em cadeia. Muitas outras vantagenspodem ser citadas como, por exemplo, novasalternativas ao consumismo e a dependência deexploração, principalmente de combustível fóssil.O campo de discussão da agroecologia e toda a

cadeia envolvida ao seu redor estão seampliando, o que requer pesquisas que atendamas necessidades de todos os setores envolvidos,mas que principalmente alcance um objetivocomum que seja a busca da sustentabilidade.

A pesquisa participativa é e será ainda maisum fator importante para o avanço e disseminaçãodesta consciência agroecológica, de forma agarantir um futuro para a agricultura e para todosque dependem dela.

Bibliografia

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GUIJT, Irene. Monitoramento participativo:conceitos e ferramentas práticas para aagricultura sustentável; tradução : AnnemarieHohn. 1 ed. Rio de Janeiro: AS-PTA, 1999.

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REIJNTJES, Coen. Agricultura para o futuro;uma introdução a agricultura sustentável ede baixo uso de insumos externos. 2 ed. Riode Janeiro: AS-PTA; LEUDEN, Holanda: ILEIA,1999.

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39Reforma Agrária e Meio Ambiente

INTRODUÇÃO

Os biofertilizantes têm papel fundamentalna transição agroecológica, sendo um recursoalternativo, comumente utilizado para substituiros insumos químicos externos à unidade deprodução camponesa. Um outro fator importantea salientar é que de uma forma indireta obiofertilizante esta presente no dia a dia doscamponeses, pois a sua elaboração é feita apartir de produtos e, principalmente, subprodutosda produção agrícola, especialmente comuti l ização de matérias que estão à suadisposição, como plantas de característicasbenéficas, a exemplo das leguminosas (fontesde nitrogênio), das gramíneas (como fonte de

sílica), das hortaliças (como fonte de vitaminase minerais), além de plantas medicinais eindicadoras. Além disto, os biofertilizantesproporcionam também o aproveitamento deresíduos da pecuária, como esterco, leite e sorode leite.

Uma das metas buscadas com autilização dos biofertilizantes é a independênciados camponeses na aquisição de insumosexternos à unidade de produção. Os insumosquímicos (adubo químico) tem um alto valorcomercial f inanceiro, sendo que, aoscamponeses, o seu custo de obtenção nãocompensa em relação aos rendimentosalcançados. Além do mais, são prejudiciais aossolos (acidez), trazem desequil íbriosnutricionais às plantas (concentrados em NPK)

A UTILIZAÇÃO DE PLANTAS NO ENRIQUECIMENTO

DE BIOFERTILIZANTES CASEIROS

Vladimir Ricardo da Rosa Moreira¹

1 Engenheiro Agrônomo Rede BioNatur de Sementes Agroecológicas

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e são de rápida solubilidade, tendo, portanto, queser aplicados anualmente.

Um outro objetivo é a utilização deinsumos “l impos”, que não agridam aoecossistema onde estão inseridas as unidadesde produção camponesa, preservando as fontesde água naturais, que não acidifiquem o solo etambém não causem problemas de saúde àsfamílias.

CONCEITUALIZAÇÃO

Segundo Gliessman, umagroecossitema é um local de produçãoagrícola, que deve ser analisado como um todo,incluindo seus conjuntos complexos de insumose produção e as interconexões entre as partesque o compõe. Portanto, os agroecossistemaspossuem uma complexidade de elementos,onde podemos citar os elementos bióticos eabióticos, o qual devem estar interagindo efaci l i tando as práticas agrícolas. Osbiofertilizantes são insumos que favorecem asculturas através de aplicações planejadaspreventivamente na transição da agriculturaagroecológica.

Segundo Pinheiro e Barreto, osbiofertilizantes possuem em sua constituiçãoTiamina – (vitamina B1), Piridoxina (vitaminaB2), Ácido Nicotínico (Vitamina PP), ÁcidoPantetônico (Vitamina Bx), Riboflavina (VitaminaB2), Cobalaminas (Vitamina B12), Vitamina C(Acido Ascórbico), Ácido Fólico (Vitamina M),Beta caroteno, Vitamina E, Alfa Milase,Aminoacilase, Aminoácidos, ácidos orgânicos,além de álcoois e fenóis.

Dentro das unidades camponesas, namaioria das vezes os insumos estão àdisposição para a construção de biofertilizantescaseiros, onde podemos citar:

- O esterco procedente dos animais decriação, que servirá como fonte de nutrientes emicroorganismos importantes ao processo de

fermentação e desdobramentos químicos ebiológicos;

- O leite e o soro de leite, derivado dosanimais em lactação, que servirão de elementofermentantes e fontes de cálcio e vitaminas;

- As fontes de açúcar derivados da canade açúcar, do mel entre outros, utilizado para anutrição dos microrganismos, geração de calore aceleração da fermentação;

- As plantas que encontramos no dia adia, onde podemos sal ientar as plantasespontâneas e indicadoras, leguminosas,gramíneas, hortaliças, plantas medicinais entreoutras, que ajudaram no incremento denutrientes e de carbono.

Conforme Sartório et al l i , as plantasmedicinais, espontâneas e cult ivadas,relacionadas abaixo, possuem em suaconstituição e formam como produto final:

• Aveia preta (Avena sativa): rica em ácidosilícico, amido, vitamina B1, B2, B6, K e E,pró vitamina A;

• Mil folhas (Achillea millefolium): contémenxofre, favorecendo os processos depotássio e cálcio;

• Camomila (Matricaria chamomila): rica emenxofre, retém as perdas de nitrogênio eaumenta a eficiência do cálcio, além de óleoessencial contendo camazuleno, matricina,bisabolol, um cicloeteracetileno, flavonóidese colina;

• Urtiga (Urtiga dióica): planta rica em ácidosfólicos, também favorece os processos denutrição de nitrogênio e do ferro;

• Dente de leão (Taraxacum officinale):utilizada por conter cálcio e regular opotássio, ferro, zinco taraxacosídio,taraxasterol, taraxerol, colina, levulina,insulina e pectina. A inulina predomina nooutono. Contém vitaminas A, B e C;

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• Valeriana (Valeriana officinalis): é utilizadoo extrato das flores da planta, pois éconsiderado como capaz de favorecer oequilíbrio do enxofre e do fósforo;

• Confrei (Symphitum officinalis): folhas ricasem proteína, alantoina, tanino, vitaminas,minerais, e acido fólico;

• Caruru (Amaranthus sp) : Rico em cálcio,ferro e fósforo;

• Hortaliças - folhosas em geral: ricas emcálcio, crucíferas são r icas emantioxidantes, vitaminas, minerais e fibra;

• Espinafre (Tetragonia expansa) : rico emferro e potássio;

• Erva de bicho (Poligonon sp) : possuiantocianinas, taninos, ácido gálico, acéticoe butirico;

• Carqueja (Bacharis tr imera) : açãobacteriostática, contém óleo essencial;

• Agrião (Nasturtium officinale): fonte de iodo,ferro, fósforo, enxofre, cálcio, vitaminas A,B2, C, D, E, PP;

• Alecrim (Rosmarinus officinalis): óleoessencial contendo principalmente pinene,canfero, borneol, acetato de bornila ecânfora. Das folhas foi isolado o diterpenorosmaricina;

• Arruda (Ruta graveolens): flavonóides,como rutina e esperidina; cumarinas,chalepeusina e graveliferona, os alcalóidesrutal inium, rutal idina, rutacridona erubalidina, óleo essencial, nas raízes,contendo principalmente pineno e limoneno;

• Milho (Zea Mays) : parte usada osestigmas. Sais minerais de potássio (4 -5%), açúcares, substâncias amargas,ácidos orgânicos (palmítico, esteárico eoutros), esteróis e alantoína (XLIX);

• Hortelã (Mentha sp.): óleo essencial,contendo mentol, mentona, piperitona ementofurano. A planta contém, entreoutros, taninos e flavonóides;

• Tiririca (Cyperus rotundus): rica em auxinas(hormônio de crescimento), principalmentecrescimento de raízes;

• Funcho (Foneiculum vulgare): contém óleoessencial anetol, funchona foeniculina emetilchavicol:

• Serralha (Emilia sonchifolia): possui emseus princípios ativos óleo essencial,mucilagem, taninos, pigmentos,saponinas, flavonoides;

• Tanchasem (Plantagono sp): possuimucilagem (xilose galactose e ácidogalaturonico), tanino, ácidos orgânicos(ácido clorogenico, ácido ursólico) ácidosalicilico, glicosideos: aucubina, alcalóides,enzimas: emulsina e invertina, colina, saisde potássio, vitamina C e as sementesantracnonas.

Segundo Moreira e Capelesso, aoanalisar a palavra biofertilizante, pode-seconstatar que bio significa vida e fertilizantesignifica fertilizar. Então, juntando temos comoresultado a “fertilidade da vida”. Dizemos“fert i l idade da vida”, devido à ação defermentação promovida pelos microrganismos(vidas) que nele se encontram e atuamformando fito hormônios, vitaminas, proteínase nutrientes (fertilidade), sendo elementosimportantes para a nutrição equilibrada dasplantas.

Conforme Chaboussou, uma plantasomente será atacada por doenças e insetosquando ocorrer um desequilíbrio nesta plantae este desequilíbrio forme alimento adequadoe disponível à disposição destes elementos.Isto ocorre devido às plantas formaremproteossintese, formando aminoácidos livresem sua seiva, açúcares e nitratos, em

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42 Reforma Agrária e Meio Ambiente

sonchifolia), tansagem (Matricaria chamomila),entre outras. Também foi utilizado leite, cinzas,açúcar e mel.

Os biofertilizantes foram analisados noCentro de Pesquisa Estadual do Rio Grande doSul (FEPAGRO estações de São Gabriel e deRio Grande), no período de 2000 a 2001.

A partir destes testes, começou-se adisseminação destes biofert i l izantes pordiversos grupos de agricultores agroecologistas,tendo como base os grupos da Rede BioNatur(Sementes Agroecológicas BioNatur) no RioGrande do Sul, Santa Catarina, Paraná, e MinasGerais. Sempre buscou-se observar ascondições locais e o saber popular relacionadoao conhecimento das plantas regionais, sendoutilizado como base os ingredientes comuns atodos, como leite ou soro, açúcar mascavo, melou rapadura, c inzas var iadas (fontes demadeiras diferentes).

ESTUDO DE CASO

Foram analisados quatorzebiofertilizantes, sendo quatro utilizados comotestemunha, sem a adição de plantas, e dez coma adição de plantas. Para efeito de estudo,trabalharemos com um biofert i l izantetestemunha e três biofertilizantes enriquecidos

detrimento da formação da proteólise (síntese daproteína), deixando as plantas suscetíveis aoataque dos microorganismos e insetos.

Estes desequilíbrios ocorrem quandoadicionamos adubos sintéticos ao solo, como oNPK, fosfatos simples e triplo, MAP e DAP, fontesamoniacais, uréias, etc. Também ocorre pelo usode agrotóxicos nas plantas e no solo. Além dosfatores descritos, possuem um custo energéticoelevado, pois são procedentes na sua maioria defontes de recursos naturais não renováveis(petróleo). Dentro desta lógica, os biofertilizantespossuem uma gama de macro e micronutrientesque possibilita um equilíbrio na nutrição dasplantas cultivadas.

Portanto, os biofertilizantes podem seruma alternativa de baixo custo para oscamponeses quando usados paralelamente aoutras práticas de agricultura ecológica, comocompostagens, adubação verde, rotação deculturas, policultivos, entre outras.

O que os camponeses devem buscar é aindependência dos pacotes, sejam elesconvencionais ou orgânicos, pois existem hojeno mercado alguns conjuntos de aminoácidosque podem ser encontrados ao custo de R$200,00 cada litro. Outro fator que devemossalientar é que estes insumos são consideradosinsumos de entrada na unidade de produção,fazendo com que se tornem muito parecidos comos pacotes da revolução verde, influenciando nocusto de produção da unidade camponesa.

Neste trabalho foram testadas váriasformulações de biofertilizantes, utilizando-seplantas cultivadas com aveia preta (Avenasativa), ervilhaca (Vicia sativa), milho (Zea Mays)e espinafre (Tetragonia expansa).

Como plantas espontâneas e medicinaisforam utilizadas funcho (Foneiculum vulgare),guanxuma (Sida rombifolia), tiririca (Cyperusrotundus), urtiga (Urtiga dióica), carqueja(Bacharis tr imera) , maria-mole (Seneciobrasiliensis), camomila (Matricaria chamomila),erva de bicho (Poligonon sp), serralha (Emilia

Biofertilizante caseiro enriquecido com plantas.

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43Reforma Agrária e Meio Ambiente

Os elementos uti l izados nosbiofertilizantes foram:

Biofertilizante 1 – Biofertilizante base e testemunha.

· 180 litros dágua;· 40 Quilogramas de esterco fresco

sem resíduos químicos;· 5 litros de leite de animal não tratado

quimicamente;· Cinco Quilogramas de açúcar

mascavo;· Seis Quilogramas de cinza parceladas

de cinco em cinco dias.

Biofertilizante 2

· 50 litros de água;· Quatro Quilogramas de esterco fresco

não tratado quimicamente;

Biofertilizante 1 (testemunha)

0.70 0.72 1.89 6.42 1.24 0.34 39 72 19 3537 2917

N P K Ca Mg S B Zn Cu Mn Fe

% Mg/l

Mo Na C M.O Umidade C/N PH

nd nd 27.7 47.6 81.5 39/6 6.1

ug/l mg/l % Relação

0.90 0.78 4.40 6.40 2.24 0.36 48 85.3 19,8 2898 1218

N P K Ca Mg S B Zn Cu Mn Fe

% Mg/l

Mo Na C M.O Umidade C/N PH

nd nd 26.4 46.6 83.5 38/6 6,3

ug/l mg/l % Relação

Biofertilizante 3

0.96 0.73 4.68 9 2.21 0.34 46.7 87.4 24.1 1274 1200

N P K Ca Mg S B Zn Cu Mn Fe

% Mg/l

Mo Na C M.O Umidade C/N PH

nd nd 26.8 48.3 95.2 34/7 6.3

ug/l mg/l % Relação

Biofertilizante 4

Observações:

- Os resultados estão expressos com base no peso seco; - nd = Não determinado; - mg/l = ppm; - P2O5 = P x 2.29; - K2O = K x 1.20.

0.98 0.73 4.38 9 2.01 0.37 48.9 88.6 19,3 1216 807

N P K Ca Mg S B Zn Cu Mn Fe

% Mg/l

Mo Na C M.O Umidade C/N PH

nd nd 25.2 43.3 97.2 25/7 6,5

ug/l mg/l % Relação

Biofertilizante 2

com plantas medicinais, gramíneas eindicadoras. Foi utilizada a maioria das plantasdescritas no trabalho, e em ambas análisesocorreram resultados muito parecidos quandovariamos a constituição das plantas porbiofertilizantes, conforme análises 1, 2, 3 e 4 aseguir. O biofertilizante um é a testemunha.

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44 Reforma Agrária e Meio Ambiente

· Dois Quilogramas de erva de bicho;· Uns Quilogramas tansagem;· Um Quilograma de maria-mole;· Dois Quilogramas de urtiga dióica;

CONCLUSÕES

- A relação C/N melhora com a adição deplantas em relação aos biofertilizantesbases. Isso facilita a fermentação e tornamais rapidamente disponível o produto paraser aplicado nas plantas;

- A quantidade de macro e micro-elementosaumenta com a adição de plantas;

- Os biofertilizantes demoram de 30 a 50 diaspara que atinjam seu ponto ideal,dependendo muito da temperatura, sendoque no verão é mais rápido e no inverno émais lento;

- Logo após o inicio da construção, começa aocorrer o processo de fermentação aeróbica(foto 1);

- Após a fermentação, o pH se manteveneutro, variando conforme a análise de 6,1na testemunha até 6,5 nas análises com

· 0.500 litros de leite de animal nãotratado quimicamente;

· 0.500 Quilogramas de açúcarmascavo;

· 0.400 mililitros de sangue;·. 0.600 Quilogramas de cinza parceladas

de cinco em cinco dias;· Dois Quilogramas de aveia preta

florescida;· 2 litros de suco de tiririca;· Dois Quilogramas de serralha;· Uns Quilogramas de espinafre;· Um Quilograma de funcho;· Um Quilograma de urtiga dióica.

Biofertilizante 3

· 50 litros de água;· Quatro Quilogramas de esterco fresco

não tratado quimicamente;· 0.500 litros de leite de animal não

tratado quimicamente;· 0.500 Quilogramas de açúcar

mascavo;· 0.600 Quilogramas de cinza

parceladas de cinco em cinco dias;· Dois Quilogramas de fosfato natural;· Dois Quilogramas de aveia preta

florescida;· Uns Quilogramas tansagem;· Um Quilograma de maria-mole;· Dois Quilogramas de urtiga dióica.

Biofertilizante 4

· 100 litros de água;· Oito Quilogramas de esterco fresco

não tratado quimicamente;· 1 litro de leite de animal não tratado

quimicamente;· Um Quilograma de açúcar mascavo;· 1.200 Quilogramas de cinza

parceladas de cinco em cinco dias;· Dois Quilogramas de carqueja;

Foto 1 - Processo de fermentação do biofertilizante.

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45Reforma Agrária e Meio Ambiente

Algumas recomendações já testadas combiofertilizantes em culturas:

· Milho – 3 aplicações. 1°: 4 folhas(2%), 2°: 6 a 8 folhas (4%) e 3º : 10folhas (5%) (foto 3);

· Feijão – 3 aplicações. 1°: 30 dias(2%), 2°: 45 dias (4%) e 3°:Florescimento (5%);

· Hortaliças – Aplicações semanais de1% a 5%, cuidado de fitotoxides paraalface;

· Aveia – 2 aplicações. 1°: início doperfilhamento e 2°: início florescimento.

plantas, podendo ser apl icado emcobertura sem prováveis danos de acidez;

- Em todas as análises não foi determinadoos elementos Mo e Na. Sendo estesmicro elementos de grande importânciapara o metabo l i smo da p lan ta ,recomenda-se a utilização de molibdatode sódio na proporção de 200 gramaspor 200 litros de água;

- Ao ser adicionado fosfato natural àmistura (bioferti l izante 3), ocorre umaumento de fósforo na solução;

- A utilização de sangue deve ser feitaapenas no inverno para que ajude noprocesso de fermentação, já que emcomparação com o verão não adicionouelementos;

- A tempera tu ra e levada é fa to rpreponderante para uma fermentaçãorápida;

- Os biofer t i l izantes funcionam comofitoprotetores e repelentes;

- As doses, quando divididas e aplicadasem maiores frações, ocorrendo paraleloa estes fatores o aumento gradual damesma por fase da cultura, provocamuma melhor resposta das plantas;

- Os b io fe r t i l i zan tes den t ro de umpensamento agroecológico não devemser usados isoladamente, mas, sim,com um con jun to de p rá t i cas edimensionamento dos ecossistemas eagroecossistemas micro regionais;

- O biofer t i l izante, depois de pronto,apresenta um che i ro agradáve l des i l agem, uma co lo ração amare loescuro e a presença de leveduras nasuper f í c ie ( fo to 2 ) , podendo se raplicado com aparelhos costal ou comtração animal;

Foto 2 - Biofertilizante pronto.

Foto 3 – Aplicação biofertilizante em milho e abóbora para sementes.

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46 Reforma Agrária e Meio Ambiente

· Arroz de sequeiro – 2 aplicações. 1°:iníciodo perfilhamento e 2°: na diferenciação doprimórdio floral;

· Arroz irrigado – Aplicação na entrada deágua, método pinga pinga, de 15 em 15 dia;

· Produção de sementes de hortaliças -Aplicações semanais a quinzenais, até oflorescimento, e pós florescimento de 1 a5% (foto 3);

· Enriquecimento de sementes deleguminosas (feijão, feijão de vagem),cenoura, crucíferas de 0,5 a 1%;

· A aplicação deve ser realizada nos períodosde temperatura mais amena, ou seja, logoapós o orvalho pela manha e bem àtardinha;

· Adicionar 100 gramas de farinha de trigocomo espalhante adesivo, principalmenteem plantas que possuem serosidade epoucos pelos nas folhas, como no caso dascrucíferas, cebolas e alho, folhosas em geral.

Hoje os biofertilizantes são usados em largaescala dentro dos assentamentos, com resultadospositivos, tanto em relação à produtividade, quantoem relação à questão social, fazendo com que osagricultores busquem novos paradigmas e enfrentema realidade de custo benefício, contestando osresultados da adubação química utilizada naagricultura convencional.

“No começo, na primeira vez que fiz, nãoacreditava que misturar todos aquelesprodutos fosse dar resultado, mas mesmoassim participei da reunião, construí e apliquei,e logo na primeira aplicação notei a diferença”– Agricultor Sauzen, Núcleo Missões deprodução de sementes agroecológicasBioNatur, Hulha Negra, Rio Grande do Sul.”

“A gente nota a diferença logo após a aplicação,nota que as plantas ficam bem verdinhas ecrescem rápido” - Agricultor Arlindo Khum,Assentamento João Maria, Abelardo Luz,Santa Catarina.”

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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47Reforma Agrária e Meio Ambiente

INTRODUÇÃO

A região do Cerrado é considerada uma dasfronteiras agrícolas do Brasil, oferecendo boascondições para o agronegócio, além de ser vistacomo alternativa ao desmatamento da Amazônia(MMA/SBF, 2002).

Atualmente, cerca de 57% do Cerrado jáfoi completamente destruído e metade das áreasremanescentes encontra-se bastante alterada efragmentada (Machado et al., 2004). Neste sentido,o Cerrado se caracteriza como a maior, mais ricae a mais ameaçada das savanas tropicais (Myerset al., 2000).

Diante do quadro de degradação ambiental,têm sido desenvolvidas tecnologias que visamgarantir a sustentabilidade ambiental, social eeconômica por meio de plantios biodiversos,buscando integrar a agricultura, a floresta e ohomem (Silva, 2002). Neste sentido, atributosmicrobianos, aliados ao teor de carbono orgânicodo solo, também têm sido utilizados para avaliar ograu de sustentabilidade de um sistema agrícola.Um número significativo de autores descrevem osatributos microbianos como indicadores biológicos

para detecção de alterações na qualidade e naspropriedades biológicas do solo, com potencialpara avaliação da sustentabilidade.

A biomassa microbiana do solo (BMS) e oteor de Carbono orgânico parecem possuir umaestreita ligação entre si. As práticas agrícolasafetam as propriedades químicas, físicas ebiológicas do solo, as quais dependem dascondições de solo, clima, tipo de cultura e práticasadotadas. A biomassa microbiana responde àsmudanças do manejo do solo, atuando como umamedida mais sensível das alterações na matériaorgânica do solo.

As práticas agrícolas que objetivam menordegradação do solo e maior sustentabilidade daagricultura têm recebido atenção por partes dospesquisadores como também pelos produtores(Araújo et al., 2005). Dentre estas, destaca-se odenominado sistema agroflorestal - SAF.

Sendo assim, o objetivo deste trabalho foiobter informações sobre o desenvolvimento, após25 meses de implantação, de um dos sistemasagroflorestais em áreas degradadas em mata degaleria do bioma Cerrado, por meio da análise de

AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA AGROFLORESTAL

IMPLANTADO EM MATA DE GALERIA DEGRADADA DO BIOMA CERRADO

Gustavo Assis

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48 Reforma Agrária e Meio Ambiente

características físico-químicas e biológicas do soloe da sobrevivência das espécies vegetais.

DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi realizado entre os meses desetembro a novembro de 2006, na chácaraGeranium, inserida na ARIE JK, localizada entreas cidades de Taguatinga e Samambaia, no DistritoFederal, cuja localização geográfica é 15º50’41.28”S e 48º04’26.58” W.

Segundo a classificação de Köppen (Nimer,1989), o clima da região é do tipo Aw, comtemperatura máxima de 28,5 ºC e mínima de 12ºC. A umidade relativa do ar entre maio e setembroé abaixo de 70% e a umidade mínima ocorre emagosto, com média de 47%, podendo chegar a15%. A precipitação média anual é de 1600 mm,com uma estação seca bem definida quecompreende o período de julho a setembro.

A área estudada é uma fração de mata degaleria, cobrindo uma extensão de um hectare.Esta área está situada no limite norte dapropriedade, às margens do Ribeirão Taguatinga,e possuía ecossistema original de mata de galeriaque, após a derrubada e queima, foi utilizada parao plantio de culturas agrícolas anuais.

Cabe ressaltar que o SAF, objeto desteestudo, foi implantado nesta área somente após autilização da mesma para plantio de culturasanuais, sob sistema convencional de produçãoagrícola (agrotóxicos e adubos prontamentesolúveis).

OS SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Pode-se definir os sistemas agroflorestaiscomo formas de uso da terra que diferem dasoutras formas de uso agropecuário ou florestal facea duas características:

i) Os sistemas agroflorestaiscombinam na mesma unidade deterreno, plantas perenes elenhosas com culturas agrícolase/ou animais, usando alguma

forma de mistura espacial ouseqüencial;

ii) Num sistema agroflorestal,ocorre uma significativainteração ecológica oueconômica entre as diferentesespécies do sistema (VanLeeuwen, 1995).

Dubois et al. (1996) afirmam que, apesarde existirem diversos tipos de sistemasagroflorestais, incluindo ampla faixa de número deespécies utilizadas, desenhos e manejos, abiodiversidade envolvida nesses sistemas deprodução é sempre maior que a existente nasmonoculturas. Dessa forma, será apresentado aseguir três tipos de sistemas agroflorestais:

a) Método Sucessional segundo ErnstGötsch

Segundo a teoria de sucessão elaboradapor Ernst Götsch (Götsch, 1995; Milz 1997;Peneireiro, 1999), a sucessão teria uma direçãoe um sentido que leva ao aumento de qualidade equantidade de vida no ambiente. O sistema queagrupa as primeiras formas de vidas que surgemnum lugar é denominado de Sistema deColonizadores.

Com o surgimento do Sistema deAcumulação, as espécies ocupam o ambienteacumulando hidrocarbono em sistemas de vida,até alcançarem ponto ótimo para cada lugar. Surgeentão o Sistema de Abundância, quando osprodutos gerados pela energia materializadapodem ser exportados do sistema sem prejuízopara o mesmo.

O objetivo deste método é ter produção debiomassa de forma permanente. Onde asucessão de espécies é decorrente das diferentesnecessidades das espécies por luz, nutrientes eespaço de ocupação.

Segundo o método de Götsch (Götsch,1995; Milz 1997; Peneireiro, 1999) as plantasutilizadas para fins de incremento de biomassa efixação de nitrogênio, também denominadas comoplantas de serviço, devem ser manejadas

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49Reforma Agrária e Meio Ambiente

freqüentemente, respeitando-se as especificidades,privilegiando a cultura de interesse comercial ou desubsistência. O método de Götsch prevê a utilizaçãode espécies leguminosas, cuja função principal éminimizar a rebrota de plantas colonizadoras.

As espécies arbóreas funcionam como“guarda-chuvas”, fornecendo sombra e,eventualmente, sofrerão podas drásticas para permitira entrada de luz na época de floração das culturasagrícolas de ciclo curto. O material proveniente dapoda ao ser incorporado ao solo contribui para aformação da matéria orgânica necessária paraproteger, estruturar e fornecer nutrientes ao solo.

b) Quintal Agroflorestal

Este tipo de sistema agroflorestal caracteriza-se pelo domínio das árvores, com uma superfície naordem de um hectare, que a maioria dos pequenosagricultores da Amazônia têm próximo de sua casa.Nos solos de terra firme da Amazônia o quintalagroflorestal é a única forma de agricultura tradicional,em que o mesmo espaço de terra produzininterruptamente durante dezenas de anos (VanLeeuwen e Gomes, 1995).

O sistema surgiu espontaneamente, seminterferência ou estímulo dos serviços oficiais deagricultura, o que sugere sua adequação àscondições dos habitantes da região. Muitos pequenosprodutores agrícolas da Amazônia têm, perto de suacasa, uma área onde estão plantadas diversasespécies de árvores. A casa encontra-se dentro dessepomar, perto da margem, onde há a via de acessopor terra ou água (Van Leeuwen e Gomes, 1995).

O quintal agroflorestal possui as seguintescaracterísticas: i) Geralmente há árvores de muitasespécies diferentes, em grande parte, frutíferas; ii)Superfície pouco extensa, na maioria dos casos comalgo menos de um hectare. Podendo variar entre 0,2 e2,5 hectares; iii) Normalmente os produtores têm, dentrodo pomar, uma pequena criação de aves (galinhas,patos), que durante o dia estão soltas. Quando háporcos, trata-se apenas de um ou alguns, presos ousoltos; iv) Depois da fase de instalação, o pomar pareceuma floresta natural: vegetação densa, muitasespécies, diferentes estratos, grande quantidade debiomassa e uma distribuição irregular das árvores.

O produtor semeia e planta árvores em meioàs culturas agrícolas da roça. Durante os primeirosanos há assim uma roça com culturas anuaiscomposta como a Manihot spp. (mandioca),juntamente com muitas árvores jovens.

Com o desenvolvimento das árvores, não hámais espaço para culturas agrícolas e permaneceapenas uma mistura de diferentes espécies deárvores. Espécies semi-perenes da roça, como oAnanas comosus (abacaxi), que se desenvolvemrelativamente bem na sombra e, portanto, mantêm-se por mais tempo dentro do plantio.

Algumas plantas de Manihot spp. podemtambém ser encontradas durante muitos anos apóso plantio. Mas, analisando bem, trata-se de umplantio de árvores em que o extrato baixo de cultivos,como a Manihot sp. e outros, tendem a desaparecer.

Segundo Van Leeuwen & Gomes (1995), asubstituição de árvores no pomar é feita porunidade. Uma árvore que não é mais desejada porser grande demais ou por produzir pouco éeliminada e no espaço instalam-se outras plantasúteis. É essa eliminação individual que aumenta avariabilidade de espécies e idades, e que faz opomar parecer uma floresta natural.

Van Leeuwen & Gomes (1995) estudandoquintais agroflorestais na Amazônia observaram que,na floresta natural a renovação ocorre também àbase da morte de apenas uma árvore de cada vez.A substituição individual de árvores perturba muitomenos os processos naturais, que o drástico métodode renovação normalmente usado pelo homem.Nos plantios florestais elimina-se ao fim do ciclotodas as árvores de uma parcela, uma área de atédezenas de hectares, com o chamado “corte raso”.Com a eliminação de todas as culturas anuais deuma parcela, grandes superfícies contíguas de terrasão desprovidas de sua cobertura vegetal.

No que se refere ao número de espécies,em 21 pomares de terra firme, em solo pobre, onúmero de espécies arbóreas e arbustivas varioude 9 a 41 por quintal agroflorestal com uma médiade 23. O número total de espécies encontradas foide 61. A composição do pomar varia muito de umapropriedade para outra, mesmo quando no mesmolocal e solo (Van Leeuwen & Gomes, 1995).

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50 Reforma Agrária e Meio Ambiente

c) O Método Alley Cropping – Produção em Aléias

Bertalot & Mendonza (2000) afirmam queneste sistema de produção, os cultivos agrícolas sãoimplementados em “aléias”, que se constituem comofaixas de 2 a 6 metros de largura, separadas por“sebes verdes”, também denominadas por barreirasvivas, constituídas por uma ou mais fileiras densas,plantadas com espécies perenes adubadoras quesão periodicamente podadas ou rebaixadas.

As espécies perenes utilizadas são arbóreasou arbustivas (Ingá edulis, Leucaena leucocephala,Cajanus cajan, Gliricidia sepium, Acacia mangium,Malvavisus spp. dentre outras), semilenhosas deporte menor ou herbáceas (Cympogon nardus eVetiviera zizanioides entre outras) (Bertalot &Mendonza, 2000).

Bertalot & Mendonza (2000) também afirmamque as espécies herbáceas são geralmente utilizadasna formação de barreiras vivas antierosivas, emladeiras. A produção agrícola em aléias é vantajosaem pequenas propriedades onde não existem maiscondições de regenerar a terra com áreas de pousiode longa duração.

O SISTEMA AGROFLORESTAL IMPLANTADO

Na época da instalação do SAF, emnovembro de 2004, a área, coberta inicialmente porBrachiaria sp. (capim braquiária) e Panicummaximum (capim colonião), foi roçada manualmente

apenas uma vez e o plantio se iniciou 15 dias após,em novembro/2004. O sistema implantado foi odescrito como Método Sucessional segundo E.Götsch (1995).

As covas para as arbóreas nativas e paraas frutíferas foram abertas manualmente, comenxadão e cavadeira “boca-de-lobo”.Simultaneamente, foram plantadas duas espéciesde leguminosas, para fins de incremento debiomassa e fixação de nitrogênio, tambémdenominadas como plantas de serviço: Canavaliaensiformis (feijão-de-porco), com espaçamento de20 x 20 cm, e o Cajanus cajan (guandu), comespaçamento de 30 x 50 cm, perfazendo no totaluma densidade de 64 kg/ha e 380 kg/ha,respectivamente.

O plantio das duas espécies de leguminosasfoi realizado no período chuvoso. Na ocasião tambémforam introduzidas, em linha, mudas de espéciesprodutoras de alimento como, por exemplo, Musasp. (banana) e Ananas cosmosus (abacaxi).

As espécies denominadas plantas deserviço, espécies de leguminosas utilizadas para finsde incremento de biomassa e fixação biológica denitrogênio, possuem também a função de controlaras plantas infestantes, proteger o solo e criar omicroclima necessário para a proliferação dosdecompositores da matéria orgânica. Por estemotivo foi realizado o plantio intercalado de espéciesarbóreas e culturas agrícolas, paralelo à linha ondeinicialmente foram plantados Musa sp. (banana) eAnanas comosus (abacaxi) (tabela 1).

Tabela 1. Espécies arbóreas introduzidas no momento deimplantação do SAF, em 24/11/2004.

Nome científico Nome popularAnanás comosus abacaxiSesamum indicum L. gergelimPassiflora edulis algodãoSaccharum officinarum cana-de-açúcarZea mays milhoPhaseolus spp. feijãoPhaseolus spp. feijão-trepadorManihot spp. mandiocaCarica papaya mamãoOryza sativa abóbora

Chácara Geranium, DF.

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Simultaneamente ao plantio das espéciesflorestais também foram introduzidas culturas deciclo curto (tabela 2).

Após a colheita das culturas de ciclo curtofoi realizado a capina seletiva da área paraprivilegiar a Musa sp. e Bactris gasipaes,consideradas como culturas comerciais (fotos 5).

A deposição da biomassa oriunda da capinaseletiva do SAF em estudo proporcionou umacobertura de aproximadamente 5 cm, nos pontosde menor deposição, e 10 cm, nos pontos de maiordeposição.

A prática da capina seletiva do SAF tem sidorealizada uma vez ao ano, no período que antecedeo início da estação chuvosa e justifica-se porfavorecer a retenção da umidade no solo, reduzir aamplitude térmica do solo, repor parte dos nutrientesnecessários às plantas e contribuir para aconservação da estrutura do solo.

ANÁLISES DE SOLOS

Foram coletadas amostras de solo utilizandotubo de PVC de 5 cm de comprimento, emprofundidade de 0-5 cm e realizadas as análises noLaboratório de Ecologia da Universidade de Brasília,para determinação de pH, teor de umidade ebiomassa microbiana. Sendo que, paradeterminação de umidade e pH foram coletadas 3amostras simples, enquanto que para adeterminação da biomassa microbiana foramcoletadas 3 amostras compostas, constituídas por5 subamostras cada. Para a realização das análisesde fertilidade foi utilizado enxada em profundidadede 0-20 cm e realizadas análises de textura,fertilidade, pH, no laboratório de solos da EmbrapaHortaliças.

As amostras de solo destinadas às análisesde pH, determinação do teor de umidade e dabiomassa microbiana foram retiradas em duasetapas, sendo a primeira coleta realizada no períodoseco, em 18/09/2006, e a segunda no períodochuvoso, em 06/11/2006. As amostras de solodestinadas às análises de fertilidade e textura foramcoletadas no dia 21/11/2006, quando o períodochuvoso já havia se iniciado.

DETERMINAÇÃO DE pH

Obteve-se os valores de pH em 25ml de H2Oe em 25ml de KCl 1N, na proporção de 1:2,5. Astrês amostras de solo, referentes a cada uma das 3repetições, retiradas entre 0-5 cm de profundidade,foram previamente secas a temperatura ambiente,destorradas em peneiras com malha de 2mm e,

Foto 5. Cobertura do solo com material provenientedas podas, com a finalidade de aumentar a coberturade matéria orgânica do solo, em 13/10/2005.

Tabela 2. Culturas agrícolas introduzidas no momento deimplantação do SAF, em 24/11/2004.

Nome científico Nome popularAnnona sp. araticumAnadenanthera macrocarpa angicoMagonia pubescens tinguíCopaifera langsdorffii copaíbaHymenaea courbaril L. jatobáLeucaena leucocephala leucenaOchroma pyramidale pau-de-balsaSwietenia macrophylla mognoSchizolobium parahyba guapuruvuBactris gasipaes pupunhaCoffea arabica caféLuffa cylindrica buchaMangifera indica mangueiraEugenia jambolana jamelãoEuterpe oleracea Mart. açaíInga spp. ingáBixa orellana L. urucum

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52 Reforma Agrária e Meio Ambiente

posteriormente, pesou-se 10g de solo seco embéqueres de teflon de 50ml para cada uma das duasmetodologias utilizadas na determinação de pH. Aofinal do processo, em ambos os casos, a leitura dopH foi realizada por meio do potenciômetro.

DETERMINAÇÃO DO CARBONO DABIOMASSA MICROBIANA DO SOLO

A biomassa microbiana foi determinadapelo método clorofórmio fumigação-incubação CFI(Jenkinson & Powlson 1976 modificado por Silva,2004), método que permite estimar a biomassamicrobiana pela diferença da taxa de evolução deCO2 entre amostras de solo fumigadas e nãofumigadas.

As amostras foram coletadas com o auxíliode tubos de PVC com 5 cm de diâmetro. Os tubosforam enterrados no solo até 5 cm de profundidade.Foram preparadas a mesma quantidade de sub-amostras compostas para fumigação e não-fumigação. No quinto dia de incubação, as amostrasdestinadas à fumigação, foram fumigadas por 48horas com clorofórmio livre de álcool. Do 7º ao 17 ºdia, tanto as amostras fumigadas quanto as nãofumigadas foram incubadas em frascoshermeticamente fechados, contendo em seu interiorum frasco de vidro com 10 mL de KOH 0,3N. Aquantidade de CO2 evoluído das amostrasfumigadas e não fumigadas foi determinada por meioda titulação com HCl 0,1N, usando fenolftaleínacomo indicador.

DETERMINAÇÃO DA FERTILIDADE ETEXTURA DO SOLO

A análise de nutrientes disponíveis e cátionstrocáveis foi realizada em duas etapas seqüenciais:primeiro é feita a extração e, em seguida, adeterminação ou quantificação do que foi extraído.

Na primeira etapa foram utilizadas soluçõesextratoras para simular a ação das raízes no solo.Os nutrientes e os cátions extraídos permaneceramsolubilizados num sobrenadante, no qual foideterminado o quanto se extraiu.

A amostra composta destinada às análisesde fertilidade e textura, coletada em 21/11/2006,

foi formada por dez sub-amostras retiradas empontos dispostos em ziguezague, em profundidadesentre 0 a 20 cm, por toda a área de 1 hectare. Apósa coleta, todas as sub-amostras foram depositadasem um único recipiente e transferidas para um únicosaco plástico, constituindo assim a amostracomposta de 500g de solo.

DETERMINAÇÃO DO TEOR DEUMIDADE DO SOLO

Para a determinação do teor de umidadedo solo a área foi subdividida em três subáreas eem cada uma destas foi retirado uma amostra desolo entre 0-5 cm de profundidade, perfazendo umtotal de três amostras simples, que posteriormenteforam acondicionadas e lacradas em três latas dealumínio devidamente identificadas.

Para esta determinação do teor de umidadedo solo foi utilizado o método gravimétrico, tantopara a amostra coletada no período seco quantopara o período chuvoso. Em laboratório foi realizadaa pesagem do solo úmido (solo fresco), a secagemem estufa a 105 ºC por 72 horas e para obtençãodo peso seco.

LEVANTAMENTO DA COMPOSIÇÃOFLORÍSTICA DO SAF

Gerou-se uma lista das espéciesintroduzidas que permaneceram na área,acrescidas das espécies que se estabeleceramapós a implantação do sistema agroflorestal,visando conhecer a flora, estimar a riqueza e adiversidade do referido SAF.

O processo de identificação das espéciessobreviventes e o levantamento das espécies quenão se adaptaram às condições locais contou cominformações fornecidas pelos agricultores locais,por meio de entrevistas e levantamento in loco.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No que se refere à análise dacomposição florística, foram encontradasvárias espécies de porte arbóreo queapresentaram um desenvolvimento satisfatório

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quando comparadas às mesmas espécies emcondições de maior exposição à luminosidade, nasbordas do SAF (tabela 3).

Apesar do sombreamento excessivo,proporcionado por indivíduos de Musa sp.(bananeira), no interior do SAF, foi possívelidentificar algumas espécies heliófitas. Estasespécies introduzidas não apresentaramdesenvolvimento satisfatório quando comparadasàs mesmas espécies em condições de maiorexposição à luminosidade, nas bordas do SAF(tabela 4).

Segundo relatos colhidos no local,inicialmente, o crescimento das espécies Euterpeoleracea Mart., Mauritia flexuosa, Moringa oleíferaLam e Musa sp., bem como a produtividade doSAF atenderam às expectativas dos agricultores.O que não ocorreu no período em que os indivíduosde Musa sp. Passaram a limitar a incidência de

luminosidade em todo o SAF. Neste contexto, noque diz respeito à produtividade do SAF como umtodo, é possível que a sombra provocada porindivíduos de Musa sp. tenha exercido um impactonegativo.

Foi observado pelos agricultores locaisentrevistados que a espécie passou Musa sp. alimitar o crescimento das demais espécies quecompõem o sistema produtivo em estudo, a partirdo momento em que atingiu sua fase adulta. Nestesentido, o potencial de sustentabilidade econômicado SAF, fica comprometido pela medianasustentabilidade agroflorestal que se movimentaem direção a baixa sustentabilidade e baixorendimento não-madeireiro.

As referidas condições podem seramenizadas por meio de ações maisdeterminadas no que diz respeito à condução depodas e raleamento dos indivíduos de Musa sp.,para fins de promover o crescimento do sistemacomo um todo. No entanto, tais práticas não foramadministradas nas devidas proporções.

Parron (2003), estudando solos de Mata deGaleria no Distrito Federal, registrou valoresmédios de pH do solo em água variando entre 4,5e 4,6 e verificou eu não houve variação entre asestações seca e chuvosa. Valores próximos foramregistrados na área do SAF da Chácara Geranium(4,83 no período seco e 4,95 no período chuvoso).No entanto, apesar da pequena variação nosvalores encontrados na área do SAF, foi possívelobservar que, durante o período estudado, houveuma relação direta entre o valor médio do pH e aincidência de chuvas, pois tenderam a ser maiselevados durante o período chuvoso.

Tabela 5. Valores de pH nas amostras coletadas em 18/09/06 (períodoseco) e em 06/11/06 (período chuvoso).

Período seco Período chuvoso

H2O KCl H2O KCl

1 4,85 4,54 4,89 4,45

2 4,82 4,53 4,98 4,5

3 4,84 4,55 5 4,51

Média 4,836 4,54 4,956 4,486

Repetição

Nome científico Nome popular

Hymenaea courbaril L. jatobá

Magonia pubescens tinguí

Copaifera langsdorffii copaíba

Erythrina sp. mulungu

Euterpe oleracea Mart. açaí

Mauritia flexuosa Buriti

Moringa oleífera Lam moringa

Tabela 3. Espécies que apresentaram desenvolvimento satisfatório.

Nome científico Nome popular

Ananas comosu abacaxi

Bixa orellana L. urucum

Leucaena leucocephala leucena

Dipteryx alata Vog. baru

Canavalia ensiformis feijão-de-porco

Anadenanthera macro- angico

carpa (Benth.)

Pterodon emarginatus Vogel sucupira

Tabela 4. Espécies introduzidas que não apresentaramdesenvolvimento satisfatório.

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O teor de umidade na profundidade 0-5cm correspondente ao período seco (18/09/06) foilevemente inferior ao período chuvoso (06/11/06),visto que a média registrada no primeiro períodofoi de 53,21%, enquanto que a média no segundoperíodo foi de 64,43% (tabela 6).

Ao considerar que o solo amostradoapresenta teor de argila equivalente a 55% (tabela8), deve-se considerar a possibilidade de que adiferença entre os valores de umidade registradosnos dois períodos poderia assumir maioresproporções caso a amostra de solo referente aoperíodo chuvoso pudesse ser coletada ao finaldeste período, e não apenas no período quecoincidiu com o início da estação chuvosa.

Silva (2004), estudando o Cerrado strictosensu na Reserva Ecológica do Instituto Brasileirode Geografia e Estatística, registrou valores deumidade do solo equivalentes a 15%, durante omês de setembro/2002, e 24% durante o mês denovembro/2002. No mesmo período, Silva (2004),estudando áreas de campo sujo, registrou valoresde umidade do solo equivalentes a 24%, emsetembro/2002, e 23%, em novembro/2002.

No entanto, comparando os valoresencontrados por Silva (2004) aos valoresencontrados no SAF da chácara Geranium, não épossível inferir que o manejo adotado no SAF, coma proteção do solo por meio do aporte eincorporação da matéria orgânica produzida nolocal. Cabe considerar também que o solo estásob condição hidromórfica e, portanto, há umamaior conservação da MO no solo.

Correia et al. (2001), pesquisando ainfluência de fatores edáficos na distribuição de

espécies em Matas de Galeria, encontrou emsolos hidromórficos arenosos os teores a seguir:Ca (4,2 cmolc.Kg¯¹), Mg (7,8 cmolc.Kg¯¹) evalores de pH mais baixos em água (5,0 e 4,3).Enquanto que em latossolos foram verificadosníveis ainda mais baixos de Ca (2 cmolc.Kg¯¹) eMg (4 cmolc.Kg¯¹) e níveis intermediários de pHem água (5,0 e 5,7).

Os valores acima, quando comparadosaos encontrados na chácara Geranium: Ca (5,6cmolc.Kg¯¹) e Mg (2,2 cmolc.Kg¯¹), sugerem queo teor de Ca está acima do valor encontrado emsolos hidromórficos estudados por Correia et al.(2001), enquanto que o valor de Mg foi inferior(tabela 7).

Mendes & Vivaldi (2001), estudando adinâmica de biomassa e atividade microbiana emMata de Galeria no DF, em solos Gley-pouco-húmicos de textura média, encontraram os teorespH (4,7), H+ Al (20,6 cmolc/dm³), Ca + Mg (0,14mg/dm³), P (5,9 mg/dm³) e K (182 mg/dm³).

Tabela 7. Resultado da análise química da amostra de solo coletada em 21/11/06.

Amostra 1

7,8 5,6 2,2 0,65 20,6

Ca+Mgcmolc/dm³

Cacmolc/

dm³

Mgcmolc/

dm³

Alcmolc/

dm³

H+Alcmolc/

dm³

7,8 5,6 2,2 16,5 206,8 7,55

Ca+Mgcmolc/

dm³

Cacmolc/

dm³

Mgcmolc/

dm³

Smg/dm³

M.Og/dm³

m%

Pmg/dm³

Kmg/dm³

Namg/dm³

13,8 63 56 0,65 20,6

Alcmolc/

dm³

H+Alcmolc/

dm³

5,00 0,05 10,50 3,60 12,10 0,40

Mnmg/dm³

Bmg/dm³

pHem água(1:2,5)

Cumg/dm³

Femg/dm³

Znmg/dm³

Período seco Período chuvoso U% U%

60,61 67,15

48,09 62,66

50,92 63,49

53,21 64,43

1

2

3

Média

Repetição

Tabela 6. Valores de umidade atual nas amostras coletadas em 18/09/06 (período seco) e em 06/11/06 (período chuvoso).

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55Reforma Agrária e Meio Ambiente

No que se refere ao resultado da análisetextural, obteve-se para o solo amostrado 55%de argila, 35% de areia e 10% de silte, sendoclassificado como de textura argilosa (tabela 8).

Paula et al. (2002) estabeleceram umarelação diretamente proporcional entre infiltraçãode água no solo e o valor de carbono dabiomassa microbiana e afirmam que quantomaior a infiltração de água no solo, maior o valorde carbono da biomassa microbiana naprofundidade de 0-5 cm.

Esta tendência pôde ser observada nosbaixos valores da biomassa microbianaencontrados nas amostras de solo retiradas noperíodo chuvoso (06/11/06), especialmente ovalor 113,9 mg C. Kg¯¹solo (tabela 9), registradona segunda repetição. Principalmente aoconsiderar que, no ponto de coleta da referidaamostra, o solo apresentava características demal drenado.

De-Polli & Guerra (1997) afirmam que deacordo com a condição de armazenagem eprocessamento da amostra, modificaçõesmensuráveis na biomassa microbiana podemocorrer e interferir no resultado final. Afirmamtambém que a amostra deveria ser indeformada,isenta de raízes, macroanimais e de restosorgânicos, ser processada imediatamente apósa coleta e apresentar um teor de umidadeadequado. No presente trabalho não foi possívelatender rigorosamente a todas estas condições,pois a amostra de solo refere ao períodochuvoso apresentou grande quantidade deraízes e de restos orgânicos e teor de umidadesuperior ao da primeira amostragem.

Considerando apenas o valor médio dabiomassa microbiana registrado no período seco(18/09/06), equivalente a 966,93 mg C. Kg¯¹solo,e comparando-o aos valores médiosencontrados por Silva (2004) em setembro/2002,equivalentes a 700 mg C. Kg¯¹solo em camposujo e 300 mg C. Kg¯¹solo em Cerrado strictosensu, é possível observar que ambos sãoinferiores ao primeiro valor.

Parron (2003) estudando solos de Matade Galeria do encontrou, em solos de umidadeconsiderada intermediária, valores entre 1132 a2332 mg C Kg solo¯¹ e em solos consideradossecos, valores variando entre 994 a 1797 mg CKg solo¯¹. Alvarenga (1999) estudando umLatossolo Vermelho-Escuro distrófico em áreadescrita como Cerrado natural de relevo plano asuave ondulado, com textura muito argilosa,observou 511,2 mg C. Kg¯¹solo.

Parron (2003) cita Mendes & Vivaldi(2001) para afirmar que, em solos de Mata deGaleria do Córrego Vereda Grande – DF, osvalores encontrados valores variaram entre1.100 a 1.232 mg C. Kg¯¹solo. Neste contexto,também é possível afirmar que o valor médio dabiomassa microbiana, equivalente a 966,93 mgC. Kg¯¹solo, registrado no SAF durante o períodoseco (18/09/06), está próximo dos valoresencontrados por Parron (2003). Porém,considerando que a área em estudo estádegradada e em fase de regeneração, o valorencontrado pode ser considerado elevado. Omesmo não se aplica aos valores encontradosnas amostras coletadas no período chuvoso (06/11/06).

Portanto, é possível afirmar que o manejoadotado na condução do SAF, com a práticaanual de incorporar matéria orgânica ao solo, aolongo dos 25 meses após sua implantação, podeter influenciado no valor médio da biomassamicrobiana encontrado.

Conforme o mapa de balanço hídrico domês de setembro (INMET), referente ao períodode realização da primeira coleta de amostra desolo (18/09/2006), o valor de precipitação variouentre 50 e 80 mm. Enquanto que nos meses

Areia 2,000-0,050 mm 350

Silte 0,050-0,002 mm 100

Argila 0,002 mm 550

COMPOSIÇÃO

GRANULOMÉTRICA ( g/kg )Amostra 1

Tabela 8. Resultado da análise textural da amostra de solo.

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seguintes a precipitação variou entre 300 e 380mm em outubro e entre 180 e 240 mm emnovembro. Cabe ressaltar que, mesmo commuito pouca precipitação em setembro o soloapresentava teor de umidade superior a 50%,isto é, também permaneceu encharcado noperíodo seco.

CONCLUSÃO

O SAF tem cumprido com os objetivosde promover a recuperação da Mata de Galeria,visto que tem atraído animais silvestres,favorecido a preservação das condições do soloe proporcionado o retorno da vegetação nativa.

O manejo adotado anualmente nacondução do SAF, denominado capina seletiva,ao longo dos 25 meses após sua implantação,pode ter influenciado no valor médio da biomassamicrobiana encontrado.

A pesquisa em SAF focado narecuperação de ambientes como Mata deGaleria demanda mais tempo e investimento ecarece de ações conjuntas entre diversosatores, devido à distância atual que nossasociedade tem dos sistemas complexos.

A impossibi l idade em atenderrigorosamente a todas condiçõesrecomendadas para amostragem (não-deformada, isenta de raízes, macroanimais e derestos orgânicos e apresentar um teor deumidade adequado) pode ter influenciado nos

valores de biomassa microbiana encontrados.

O excesso de umidade e a deficiênciana drenagem do solo tenham influenciado osresultados obtidos na análise de biomassamicrobiana da amostra referente ao períodochuvoso.

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Período seco Período chuvosoRepetiçãomg C/kg solo

1 884,4 53,2 265,8 64,4

2 955,1 53,2 113,9 64,4

3 1.061,3 53,2 493,6 64,4

Média 966,93 291,1

U%mg C/kg solo U%

Tabela 9. Valores da biomassa microbiana nas amostras coletadasem 18/09/06 (período seco) e em 06/11/06 (período chuvoso).

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