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REFORMA TRABALHISTA: QUESTÕES GERAIS Guilherme Guimarães Feliciano São Paulo – setembro/2017

REFORMA TRABALHISTA: QUESTÕES GERAIS · acordo individual escrito , convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por

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  • REFORMA

    TRABALHISTA:

    QUESTES GERAIS

    Guilherme Guimares FelicianoSo Paulo setembro/2017

  • REFORMA TRABALHISTA: PRESSUPOSTOS ECONMICOS

  • PRESSUPOSTOS ECONMICOS PARA UMA REFORMA TRABALHISTA(1)

  • REFORMA TRABALHISTA: LEI n. 13.467/2017. ORIGENS. NEGOCIAO VS. LEGISLADO

  • A REFORMA TRABALHISTA

    O Governo pretendia promover uma minirreformatrabalhista no Brasil. De menos de dez artigos no texto original,porm, chegou-se, com Rogrio Marinho, a mais de cem artigosalterados.

    Originalmente o PL era uma medida provisria, sem osrequisitos constitucionais da necessidade e da urgncia (artigo 62,caput, CF). O Brasil tem pressa. Na redao da Lei n.13.467/2017, a Justia do Trabalho s interfere nos acordos econvenes coletivas de trabalho em caso de vcio de forma (art. 8,par. 3, CLT). Mediocrizao da Justia do Trabalho. Para umdireito menor, uma justia menor. Isto se reinstalou no relatriodo Dep. Marinho: art. 8, par. 3.

    mago ideolgico do PL n. 6.787/2016: prevalncia donegociado sobre o legislado.

  • A REFORMA TRABALHISTA

    Art. 611-A/CLT: as convenes e os acordos coletivos de trabalhoprevalecero sobre leis quaisquer leis - ainda que in pejus - nos seguintescasos:

    (a) livre pactuao da forma de cumprimento da jornada de trabalho,observados os limites constitucionais (no PL n. 6.797/2016, seria desdeque no ultrapassado o limite mensal de 220 horas = aumento indireto dajornada constitucional do trabalhador);

    (b) bancos de horas anual;

    (c) adeso ao programa seguro-emprego, da Lei n. 13.189/2015, quederivou do programa de proteo ao emprego (PPE) do governoanterior (= perenizao de um modelo de flexissegurana que deveria serexcepcional e transitrio);

    (d) horas in itinere? (= prefixao/tabelamento/eliminao?);

  • A REFORMA TRABALHISTA

    Art. 611-A/CLT: as convenes e os acordos coletivos detrabalho prevalecero sobre leis quaisquer leis nos seguintescasos: (...)

    (e) intervalo intrajornada (respeitado o minimum minimorumde trinta minutos; Smula n. 437, II, TST?);

    (f) ultratividade dos instrumentos coletivos da categoria? (v.Smula 277 do TST, com eficcia suspensa pela ADPF n. 323, rel.Min. Gilmar Mendes); impossibilidade legal (art. 614, par. 3,CLT)

    (g) estabelecimento de plano de cargos e salrios; depois:identificao dos cargos que se enquadram como funes de

    confiana (= possibilidade de fraudes, especialmente nacombinao com o art. 8, par. 3);

  • A REFORMA TRABALHISTA

    Art. 611-A/CLT: as convenes e os acordos coletivos de trabalho prevalecero sobreleis quaisquer leis nos seguintes casos: (...)

    (h) regulamento de empresa;

    (i) plano de cargos, salrios e funes compatveis com a condio pessoal doempregado, bem como identificao dos cargos que se enquadram como funes deconfiana;

    (j) regime de sobreaviso, trabalho intermitente, teletrabalho (= possibilidade derelativizao/eliminao de direitos em hipteses como a do teletrabalho, apesar daequiparao feita no art. 6, par. nico, CLT);

    (k) representante dos trabalhadores no local de trabalho;

    (l) remunerao por produtividade (cana de acar? V. Processo n. 0001117-52.2011.5.15.0081, Ministrio Pblico do Trabalho v. Usina Santa F, rel. Des. HlioGrasselli); depois: includas as gorjetas e a remunerao por desempenho individual(inciso IX);

    (m) a modalidade de registro da jornada de trabalho (Direito Tutelar do Trabalho matria de ordem pblica, de absoluta indisponibilidade).

  • A REFORMA TRABALHISTA PL n. 6.797/2016 (5)

    Art. 611-A/CLT:

    (n) troca do dia de feriado;

    (o) enquadramento de grau de insalubridade;

    (p) prorrogao de jornada em ambientes insalubres,sem licena prvia das autoridades competentes do

    Ministrio do Trabalho [relativizando, no planocoletivo, a regra do art. 60];

    (q) prmios de incentivo em bens e servios;

    (r) participao nos lucros e e resultados.

  • A REFORMA TRABALHISTA

    Constituio, artigo 7, caput: o rol de direitos sociais strictosensu compreende os direitos dos trabalhadores urbanos erurais, alm de outros que visem melhoria de sua condio

    social.

    O princpio da norma mais favorvel tem status constitucionalno Brasil. Logo, as convenes e acordos coletivos do trabalho tmfuno eminentemente "protetora": sua finalidade bsica melhorar a condio do trabalhador (alterao in melius).

    JEAN-JACQUES JAVILLIER: prevalece a ordem pblicasocial, pela qual o "sempre mais" jurdico conduz ao "sempremelhor social. A negociao coletiva deveria servir para elevar acondio social dos trabalhadores. Para isto, o art. 7, XXVI, CF.

  • A REFORMA TRABALHISTA

    PRINCPIO DA ADEQUAO SETORIAL NEGOCIADA (GodinhoDelgado).Apenas excepcionalmente a negociao coletiva pode reduzir direitos, mascom a devida contrapartida social (porque se trata de negcio jurdico coletivoassimilado transao de concesses recprocas , no s renncias) e nasexclusivas hipteses do texto constitucional: jornada (art. 7, XIII, in fine), salrio(art. 7, VI, in fine) e turnos ininterruptos de revezamento (artigo 7, XIV, in fine).Somente nesses casos. Para mais, normas de indisponibilidade absoluta e relativa.

    Logo, no h autorizao constitucional para a flexibilizao, via negociaocoletiva, do gozo das frias (art. 7, XVII, c.c. art. 134/CLT), do registro de ponto(art. 74/CLT), da participao nos lucros e resultados (art. 7, XI, 1 parte, c.c. Lein. 10.101/2000, art. 3, 2 e 4), das horas in itinere (art. 58, 2, CLT, apesarde decises condescendentes do TST, como no RR n. 414.174/1998.9, rel. Min.Aloysio Corra da Veiga), do banco de horas (art. 59, 2, CLT), do trabalhoremoto (art. 6, par. nico, CLT), do intervalo intrajornada (art. 71/CLT; o TSTreconheceu a sua estrita vinculao com a sade do trabalhador: Smula n. 437,II), da remunerao por produtividade. No h autorizao constitucional paraflexibilizao em matria de sade e segurana do trabalho: intervalos,enquadramento de insalubridade, prorrogao de jornada insalubre e afins. Art.611-B, par. nico: duzentos anos de retrocesso (Peels Act de 1802: Health andMoral s of Apprentices Act).

  • A REFORMA TRABALHISTA PL n. 6.797/2016 (7)

    TEIXEIRA FILHO: quo mais rgida a organizao sindical, maistormentosa a negociao coletiva"; quo mais fortes e representativosso os sindicatos, menor a necessidade de interveno legislativa".

    A ideia vazada na Lei n. 13.467/2017 poderia at ser oportuna e tilse o atual quadro sindical brasileiro apontasse para o predomnio desindicatos fortes e representativos. No o caso:(a) organizao sindical brasileira extremamente rgida;(b) financiamento estatal da atividade sindical (= contribuiessindicais obrigatrias, que tm natureza de tributo); e(c) estrutura sindical em geral frgil e pouco representativa, em razoda unicidade sindical.

    Mais de 17.000 sindicatos, alcanando pouco mais de 17% dostrabalhadores ocupados. Na Argentina e na Alemanha (pluralidadesindical), os sindicatos no chegam centena. Menos de 50% negociamacordos ou convenes coletivas.

  • REFORMA TRABALHISTA (2): HORAS DE PERCURSO, COMPENSAO E JORNADA 12 x 36

  • A REFORMA TRABALHISTA: JORNADA DE TRABALHO

    Art. 7, XIII: So direitos dos trabalhadores urbanos e rurais (...) durao do trabalho normalno superior a oito horas dirias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensao dehorrios e a reduo da jornada, mediante acordo ou conveno coletiva de trabalho.

    Smula 444/TST: validade da jornada 12 x 36, em carter excepcional, mediante ACT ouCCT.

    Art. 59. (...) 5 O banco de horas de que trata o 2 deste artigo poder ser pactuado poracordo individual escrito, desde que a compensao ocorra no perodo mximo de seis meses. 6 lcito o regime de compensao de jornada estabelecido por acordo individual, tcito ouescrito, para a compensao no mesmo ms.

    Art. 59-A. Em exceo ao disposto no art. 59 desta Consolidao, facultado s partes, medianteacordo individual escrito, conveno coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horriode trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observadosou indenizados os intervalos para repouso e alimentao.Pargrafo nico. A remunerao mensal pactuada pelo horrio previsto no caput deste artigoabrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, esero considerados compensados os feriados e as prorrogaes de trabalho noturno, quandohouver, de que tratam o art. 70 e o 5 do art. 73 desta Consolidao.

    OJ SDI-1 n. 388: jornada mista que compreenda a totalidade do perodo noturno: adicionaldevido.

    Smula 444: remunerao em dobro dos feriados trabalhados.

  • A REFORMA TRABALHISTA: JORNADA DE TRABALHO

    Art. 59-B. O no atendimento das exigncias legais para compensao dejornada, inclusive quando estabelecida mediante acordo tcito, no implica arepetio do pagamento das horas excedentes jornada normal diria se noultrapassada a durao mxima semanal, sendo devido apenas o respectivoadicional.

    Pargrafo nico. A prestao de horas extras habituais no descaracteriza oacordo de compensao de jornada e o banco de horas.

    Smula n. 85: a prestao de horas extras habituais descaracteriza o acordo decompensao de jornada !

    Art. 60. [prorrogao de jornada em atividade insalubre]

    Pargrafo nico. Excetuam-se da exigncia de licena prvia as jornadas de dozehoras de trabalho por trinta e seis horas ininterruptas de descanso.

    Horas de percurso: Smula 90/TST. Inteligncia do art. 4/CLT (perodo em queo trabalhador est disposio do empregador, aguardando ou executandoordens). Mas agora h expressa previso em contrrio: art. 58, par. 2, CLT. Quidiuris? Revogou-se o par. 3.

  • REFORMA TRABALHISTA (3): TRABALHO A TEMPO PARCIAL

  • A REFORMA TRABALHISTA: TRABALHO A TEMPO PARCIAL

  • REFORMA TRABALHISTA (4): GESTANTES E LACTANTES

  • A REFORMA TRABALHISTA: GESTANTES E LACTANTES

    Art. 394-A. Sem prejuzo de sua remunerao, nesta includo o valor do adicional deinsalubridade, a empregada dever ser afastada de:I - atividades consideradas insalubres em grau mximo, enquanto durar a gestao; [regrado atual 394-A]II - atividades consideradas insalubres em grau mdio ou mnimo, quando apresentaratestado de sade, emitido por mdico de confiana da mulher, que recomende oafastamento durante a gestao;III - atividades consideradas insalubres em qualquer grau, quando apresentar atestado desade, emitido por mdico de confiana da mulher, que recomende o afastamento durante alactao. [...] 2o Cabe empresa pagar o adicional de insalubridade gestante ou lactante, efetivando-se a compensao, observado o disposto no art. 248 da Constituio Federal, por ocasio dorecolhimento das contribuies incidentes sobre a folha de salrios e demais rendimentospagos ou creditados, a qualquer ttulo, pessoa fsica que lhe preste servio. [= impactoprevidencirio por renncia de receita; art. 114/ ADCT, EC n. 95/2016] 3o Quando no for possvel que a gestante ou a lactante afastada nos termos do caput desteartigo exera suas atividades em local salubre na empresa, a hiptese ser considerada comogravidez de risco e ensejar a percepo de salrio-maternidade, nos termos da Lei no 8.213,de 24 de julho de 1991, durante todo o perodo de afastamento.

    CF, art. 201, II (proteo maternidade, especialmente gestante), art. 227 (princpios daproteo integral e da absoluta prioridade da criana, com garantia do direito sade e alimentao).

  • REFORMA TRABALHISTA (5): FRIAS

  • A REFORMA TRABALHISTA; FRIAS

    Art. 134. [...]

    1o Desde que haja concordncia do empregado, as friaspodero ser usufrudas em at trs perodos, sendo que um delesno poder ser inferior a quatorze dias corridos e os demais nopodero ser inferiores a cinco dias corridos, cada um.

    2o (Revogado). [= frias particionadas tambm para menoresde 18 e maiores de 50 anos]

    3o vedado o incio das frias no perodo de dois dias queantecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. (NR)

    Fim da regra da concesso das frias em um s perodo. No PLoriginal, seria s por ACT/CCT...

  • REFORMA TRABALHISTA (6)

    ...E O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL?

  • O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009----2017)2017)2017)2017)

    2007/2009:

    em 2007, STF reconhece a legitimidade das greves de estudantes e dos seusmtodos de luta, incluindo a ocupao, e do contedo poltico dasreivindicaes. Art. 9/CF (aos trabalhadores compete decidir sobre aoportunidade de exerc-lo e sobre os interesses que devam por meio deladefender, sendo fixado tambm o pressuposto de que mesmo a lei no poderestringir desproporcionalmente a greve, cabendo lei, ao revs, proteg-la).So constitucionalmente admissveis todos os tipos de greve: grevesreivindicatrias, greves de solidariedade, greves polticas, greves de protesto(Mandado de Injuno n. 712, Min. Relator EROS ROBERTO GRAU).

    MI ns. 670, 708 e 712 (rel. Min. CARMEN LCIA): aplicao da Lei n.7.783/1989 para os casos de greve nos servio pblico, at que o Parlamentoregulamente a matria.

    Reclamao n. 16337. Competncia da Justia do Trabalho para julgamentodos interditos possessrios em matria de greve. Min. DIAS TOFFOLI:competncia da Justia do Trabalho para tratar de questes que envolvem odireito de greve, nos termos da Smula Vinculante n. 23, do STF, o que envolveinclusive os piquetes.

  • O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009----2017)2017)2017)2017)

    2007/2009:

    Rcl n. 11536 GO, rel. Min. CRMEN LCIA; Rcl n. 11847-BA, rel. Min.JOAQUIM BARBOSA. O mero exerccio do direito de greve no enseja o cortede ponto. No mesmo sentido, Reclamao n. 16535 (Min. LUIZ FUX): reformadeciso do Tribunal de Justia do Rio (TJ-RJ) quanto ao corte de ponto dosprofessores da rede estadual em greve: "A deciso reclamada, autorizativado governo fluminense a cortar o ponto e efetuar os descontos dosprofissionais da educao estadual, desestimula e desencoraja, ainda que deforma oblqua, a livre manifestao do direito de greve pelos servidores,verdadeira garantia fundamental".

    RE n. 565.714/SP (2008): embora inconstitucional o clculo do adicional deinsalubridade sobre o salrio mnimo (art. 192/CLT), no possvel aoJudicirio modificar essa base de clculo, de modo que, at haver alteraoda CLT, as empresas devem seguir pagando o adicional com o clculo eivadode inconstitucionalidade (objetando a analogia que o TST realizara naSmula n. 228: clculo do adicional sobre o salrio contratual, maneira doadicional de periculosidade).

  • O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009----2017)2017)2017)2017)

    A partir de 2009:

    a) ADI 3934 (2009), rel. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI:constitucionalidade do pargrafo nico do artigo 60 e do inciso I, do artigo 83da Lei de Recuperao Judicial (Lei n. 11.101/05), que, respectivamente, negaa sucesso trabalhista na hiptese de alienao promovida em sede derecuperao judicial e limita o privilgio do crdito trabalhista em 150salrios.

    b) ADC 16 (2010), rel. Ministro CSAR PELUSO: constitucionalidade do art. 71,da Lei n. 8.666/93, que dispe no ser o ente pblico sequer responsvel pelosdireitos trabalhistas dos empregados que lhes prestam servios por intermdiode empresa terceirizada, ressalvados os casos de dolo ou culpa doadministrador pblico. P-de-cal sobre o item IV da Smula TST n. 331.

    c) RE 586.453 e RE 583.050 (fevereiro de 2013), relatores Ministros JOAQUIMBARBOSA e CESAR PELUSO (Fundao PETROS e Banco Santander BanespaS/A, respectivamente): competncia da Justia Comum para julgar os conflitosenvolvendo a complementao de aposentadoria dos ex-empregados daquelasentidades, em razo da inexistncia de relao trabalhista entre obeneficirio e a entidade fechada de previdncia complementar.

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    A partir de 2009:

    d) RE 589.998/PI (maro de 2013), rel. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI:nega a estabilidade do art. 41 da CF aos empregados de empresa pblica ede sociedade de economia mista.

    e) ARE 709.212 (novembro de 2014), rel. Ministro GILMAR MENDES:prescrio para cobrar depsitos do FGTS de cinco anos, at o limite de doisanos aps o trmino do contrato de trabalho, declarando ainconstitucionalidade do dispositivo legal (art. 23 da Lei 8.036/1990) queprevia prescrio de trinta anos para essa cobrana (Smula 95, reforadaem 2003, pela Smula 362).

    f) RE 658.312 (novembro de 2014), rel. Ministro DIAS TOFOLLI: decidira-seque o art. 384, da CLT, que prev um intervalo de 15 minutos para asempregadas antes de iniciado o trabalho em horas extras, foi recepcionadopela Constituio de 1988. Deciso anulada, posteriormente, por supostovcio processual; voltou a julgamento no dia 14 de setembro, mas foi retiradade pauta, em virtude do pedido de vista do Min. GILMAR MENDES, comsinalizao de que a deciso anterior ser revista.

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    A partir de 2009:

    g) RE AI 664.335 (dezembro de 2014), rel. Ministro LUIZ FUX: segurado notem direito aposentadoria especial, por atividade insalubre em razo derudo, caso lhe seja fornecido EPI.

    h) ADI 5209 (dezembro de 2014), rel. Ministro RICARDO LEWANDOWISK:acolhe pedido da Associao Brasileira de Incorporadoras Imobilirias(Abrainc), qual esto associadas grandes construtoras, como a AndradeGutierrez, Odebrecht, Brookfield Incorporaes, Cyrela, MRV Engenharia,para suspender a vigncia da Portaria n. 2, de 2011, referente lista dotrabalho escravo. A deciso do Supremo Tribunal Federal baseou-se na ideiade inexistncia de uma prvia norma legtima e constitucional que permitatal conduta da Administrao Pblica. No dia 31 de maro de 2015, adveio aPortaria MTE/SGPR Interministerial n. 2, fixando regras sobre o Cadastro deEmpregadores que tenham submetido trabalhadores a condio anloga deescravo, revogando a anterior Portaria Interministerial n. 2, de 12 de maio de2011. Perda de objeto.

  • O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009----2017)2017)2017)2017)

    A partir de 2009:

    i) ADI 1923 (abril de 2015), rel. Ministro FUX: constitucionalidade da Lei n.9.637/98, que autoriza os entes pblicos a firmarem convnios comOrganizaes Sociais, para administrao dos servios pblicos nas reas dasade (CF, art. 199, caput), educao (CF, art. 209, caput), cultura (CF, art.215), desporto e lazer (CF, art. 217), cincia e tecnologia (CF, art. 218) e meioambiente (CF, art. 225). Terceirizao na Administrao Pblica direta (PL n4330?).

    j) RE 590.415 (abril de 2015), rel. Ministro ROBERTO BARROSO: acolhe-se tesedo Banco do Brasil S/A (e do amicus curiae, a empresa Volkswagen do BrasilIndstria de Veculos Automotores Ltda.), no sentido de conferir validade quitao ampla fixada em clusula de adeso ao PDV, recusando a incidncia,na hiptese, do art. 477, 2 da Consolidao das Leis do Trabalho, querestringe a eficcia liberatria da quitao exclusivamente aos valores e sparcelas discriminadas no termo de resciso exclusivamente.

    l) RE 895.759 (setembro de 2016), rel. Ministro TEORI ZAVASCKI: em decisomonocrtica, adota-se a ratio do RE 590.415 para acolher a validade de normacoletiva que fixa o limite mximo de horas in itinere, mediante apologia donegociado sobre o legislado. Ignora o disposto no 3 do art. 58 da CLT.

  • O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009----2017)2017)2017)2017)

    A partir de 2009:

    m) ADIN 4842 (setembro de 2016), rel. Ministro CELSO DE MELLO:constitucionalidade do art. 5 da Lei n. 11.901/09, que fixa em 12 horas ajornada de trabalho dos bombeiros civis, seguida por 36 horas de descanso e comlimitao a 36 horas semanais, contrariando a limitao diria estabelecida noart. 7, XIII, da Constituio Federal. Precedente para todos os demais casos dejornadas superiores a oito horas, por fora de lei ou negociao coletiva.

    n) Reclamao 24.597 (outubro de 2016), rel. Ministro Dias Tofolli: emreclamao proposta pelo Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina deRibeiro Preto da Universidade de So Paulo (USP) contra deciso do TRT da 15Regio que determinou a manuteno de 70% dos trabalhadores de todos ossetores do hospital durante a greve, acolheu monocraticamente a possibilidadede que os trabalhadores contratados por entidade autrquica sejam privados doexerccio do direito de greve em razo de o servio de sade possuir naturezaessencial e inadivel para a populao atendida pelo Sistema nico de Sade,para da derivar a tese de que atividades das quais dependam a manutenoda ordem pblica e a segurana pblica, a administrao da Justia e a sadepblica no esto inseridos no elenco dos servidores alcanados por esse direito(de greve), apesar do texto expresso do art. 37, VII, e do art. 9 da CF.

  • O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009----2017)2017)2017)2017)

    A partir de 2009:

    o) Medida Cautelar para Arguio de Descumprimento de PreceitoFundamental n. 323 (outubro de 2016), rel. Ministro GILMAR MENDES: emdeciso monocrtica no pedido formulado pela Confederao Nacional dosEstabelecimentos de Ensino, acusou as decises do TST de serem casusticas e defavorecerem apenas a um lado da relao trabalhista; acrescentou aimportncia de valorizar a autonomia coletiva da vontade e daautocomposio dos conflitos trabalhistas e pontificou que o TST, na Smula277, proferiu uma jurisprudncia sentimental, em um ativismo ingnuo oupopularesco, para ento determinar a suspenso de todos os processos emcurso e dos efeitos de decises judiciais proferidas no mbito da Justia doTrabalho que versem sobre a aplicao da ultratividade de normas de acordos ede convenes coletivas.

    p) RE 381.367 (outubro de 2016), rel. Ministro MARCO AURLIO; RE 661.256, comrepercusso geral, e RE 827.833, ambos de relatoria do Ministro LUS ROBERTOBARROSO: por ausncia de previso legal, a desaposentao foi declaradainconstitucional, vetando-se, pois, a possibilidade de aposentados pedirem areviso da aposentadoria quando voltarem a trabalhar e a contribuirobrigatoriamente para a Previdncia Social.

  • O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009O STF E OS DIREITOS SOCIAIS (2009----2017)2017)2017)2017)

    A partir de 2009:

    q) RE 693.456 (outubro de 2016), rel. Min. DIAS TOFOLLI: autorizao dodesconto dos dias paralisados em funo do exerccio do direito de greve,apresentada, por definio, como uma opo de risco do trabalhador,

    2016 em diante (inclusive a pautatrabalhista do dia 14 de setembro de 2016):

    r) ADI 1625 (pendente): possibilidade de se fixar modulao de efeitos navalidade da denncia feita pelo governo FHC, em 1996, Conveno 158 daOIT, mesmo declarando que a denncia foi inconstitucional.

    s) dispensas coletivas (ARE 647.561);

    t) direito de greve (AI 853.275/RJ);

    u) ampliao da terceirizao/constitucionalidade da Smula TST n. 331 (ARE713.211).

  • CONCLUSES

  • O operrio no podia aguentar mais, a revoluo no tinha feito

    mais que lhes agravar as misrias. A partir de 89, os burgueses que

    se enchiam, e to avidamente que nem deixavam o resto no fundo do

    prato para o trabalhador limpar. Quem poderia demonstrar que os

    trabalhadores tinham tido um quinho razovel no extraordinrio

    aumento da riqueza e bem-estar dos ltimos cem anos? Zombaram

    deles ao declar-los livres. Livres para morrerem de fome, isso sim,

    do que, alis, no se privavam. No dava po a ningum o votar em

    malandros que, eleitos, s queriam locupletar-se, pensando tanto nos

    miserveis como nos suas velhas botinas.

    (Excerto de Germinal, de mile Zola. Dilogos entre Etienne, Rasseneur e Souvarine, em comunidade de carvoeiros do sc. XIX, Montsou/Marchienne)

  • ...OBRIGADO!