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Primórdios do Espiritismo Primórdios do Espiritismo Convulsionários: religião, fanatismo ou charlatanismo? Convulsionários: religião, fanatismo ou charlatanismo? Sono e sonhos Sono e sonhos Primórdios do Espiritismo Primórdios do Espiritismo Convulsionários: religião, fanatismo ou charlatanismo? Convulsionários: religião, fanatismo ou charlatanismo? Sono e sonhos Sono e sonhos R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749 FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 127 • Nº 2.161 • Abril 2009 D EUS , C RISTO E C ARIDADE

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Primórdios do EspiritismoPrimórdios do Espiritismo

Convulsionários: religião, fanatismo oucharlatanismo?Convulsionários: religião, fanatismo oucharlatanismo?

Sono e sonhosSono e sonhos

Primórdios do EspiritismoPrimórdios do Espiritismo

Convulsionários: religião, fanatismo oucharlatanismo?Convulsionários: religião, fanatismo oucharlatanismo?

Sono e sonhosSono e sonhosR$ 5,00

ISSN 1

413

- 1

749

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 127 • Nº 2.161 • Abr i l 2009D EUS , CR I S TO E CAR I D ADE

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 127 / Abril, 2009 / N o 2.161

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

O Centro Espírita – Unidade Fundamental do

Movimento Espírita

Entrevista: Oceano Vieira de Melo

Uso de DVDs para a Difusão do Espiritismo

Presença de Chico Xavier

3o Congresso Espírita Brasileiro focalizará obra de

Chico Xavier

Esflorando o Evangelho

Hegemonia de Jesus – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

“Uma história do mundo espiritual” – Affonso Soares

Reaparece “La Evangelio la9 Spiritismo” – Affonso Soares

Nova Lumo / Nova Luz – Abel Gomes

Seara Espírita

Primórdios do Espiritismo – Juvanir Borges de Souza

Frustrações angustiantes – Vianna de Carvalho

É preciso coerência – Jorge Leite de Oliveira

Visitando Chico Xavier – Therezinha Radetic

No paraíso já – Richard Simonetti

Convulsionários: religião, fanatismo ou charlatanismo? –Christiano Torchi

Jesus e Kardec – Mário Frigéri

Os efeitos do álcool na sociedade e no Espírito imortal (Capa) – Roberto Carlos Fonseca

Em dia com o Espiritismo – Sono e sonhos –

Marta Antunes Moura

Mensagem consoladora aos pais – Clara Lila Gonzalez

de Araújo

Aos Colaboradores População do Brasil – Em 2050 ultrapassará 250

milhões – Gerson Simões Monteiro

Cristianismo Redivivo – Caminho para Deus –

Haroldo Dutra Dias

Retorno à Pátria Espiritual – Antonio de SouzaLucena

O ícone da liberdade – Wellington Balbo

Sejamos bons alunos – Mauro Paiva Fonseca

58

10121417

2022

26

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3134

36

38

3941

4

11

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21

32

33

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual R$ 339,00Número avulso R$ 55,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 335,00

Assinatura dde RReformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mmail: [email protected]

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Editorial

4 Reformador • Abr i l 2009112222

O Centro Espírita

1FEB – CFN – Orientação ao Centro Espírita – Ed. FEB.

Unidade Fundamental doMovimento Espírita

m outubro de 1977 o Conselho Federativo Nacional (CFN) da Federação

Espírita Brasileira (FEB) aprovou um dos primeiros e mais abrangentes tra-

balhos sobre o Centro Espírita, publicado em Reformador de dezembro do

mesmo ano.

Esse trabalho, intitulado A adequação do Centro Espírita para o melhor aten-

dimento de suas finalidades, foi elaborado pelo Movimento Espírita brasileiro,

através dos Conselhos Zonais do CFN, então existentes, com a participação de di-

rigentes e trabalhadores espíritas de todas as partes do País, no período de abril

de 1975, quando o assunto foi escolhido pelo CFN para análise nos referidos

Conselhos Zonais, até outubro de 1977, quando o Conselho Federativo Nacional

aprovou o texto final.

Esse texto, publicado como Anexo I do opúsculo Orientação ao Centro Espírita,1

destaca: o que é ou como entender o Centro Espírita; qual a sua importância para

o estudo, a difusão e a prática da Doutrina Espírita e para o atendimento às necessi-

dades espirituais, morais e materiais do ser humano; e o que, basicamente, cabe ao

Centro Espírita realizar.

Como escola de ensinos morais e espirituais, como oficina de trabalho voltado

ao bem do próximo, como templo de oração e como “pronto-socorro” espiritual, o

Centro Espírita se destaca na condição de posto avançado na difusão do Evangelho

à luz da Doutrina Espírita, tendo por referência as primeiras casas do Cristianismo

nascente, que marcaram a sua ação pela prática do bem incondicional.

Diante dos constantes desafios que os dirigentes e trabalhadores dos centros es-

píritas enfrentam na execução e na manutenção de suas nobres atividades, enten-

demos oportuno destacar a permanente atualidade do referido texto – assim como

a versão atualizada de Orientação ao Centro Espírita, que o desdobra – como ajuda a

todos os que nos encontramos nesse trabalho, visando a preservação de suas dire-

trizes, o apoio nas suas provas e o fortalecimento na sua ação.

E

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Terceira Revelação, a Dou-trina Espírita, é impessoale tem um sentido univer-

salista, pelas verdades e certezasque encerra.

O Codificador da Doutrina, quese preparou por mais de uma en-carnação a fim de se tornar a perso-nalidade confiável para dar ao seutrabalho a segurança e o créditoque só a Verdade pode oferecer, é oprimeiro a reconhecer que o Espi-ritismo representa, em sua essência,os ensinos dos Espíritos superiores,à frente o Espírito de Verdade, refe-rido pelo Cristo quando prometeraenviar o Consolador para relem-brar seus ensinos e trazer conheci-mentos novos à Humanidade.

Assim, tanto Allan Kardec quan-to os médiuns que serviram à in-termediação para o conhecimento,pelos homens, da Doutrina Conso-ladora, conscientizaram-se de queforam eles os instrumentos esco-lhidos para servirem a uma grandemissão, mas os verdadeiros autoresda grande Revelação foram os

Espíritos superiores, a serviço doCristo.

A Doutrina dos Espíritos foirevelada aos homens pelas Inteli-gências que se manifestaram atra-vés de diversos médiuns, que secolocaram a serviço de uma gran-de causa, sob a orientação e su-pervisão de Allan Kardec.

Mas, é o próprio Codificadorda Doutrina que esclarece, na“Introdução” de O Livro dos Espí-ritos (Ed. FEB, item XVII):

[...] Não produzisse este livro

outro resultado além do de mos-

trar o lado sério da questão e de

provocar estudos neste sentido

e rejubilaríamos por haver sido

eleito para executar uma obra

em que, aliás, nenhum mérito

pessoal pretendemos ter, pois

que os princípios nela exarados

não são de criação nossa. O mé-

rito que apresenta cabe todo

aos Espíritos que a ditaram. [...]

É interessante lembrar que, an-tes de se dedicar à organização epublicação das obras que consti-tuem a base do Espiritismo, o de-nominado “pentateuco karde-

quiano”, que se inicia com OLivro dos Espíritos, em 18 de abrilde 1857, e termina com A Gênese,em 6 de janeiro de 1868, a Espiri-tualidade superior julgou útil cha-mar a atenção de grande parteda população terrena para mani-festações ostensivas do mundoespiritual.

Essas demonstrações começa-ram com os fenômenos de Hydes-ville, nos Estados Unidos da Amé-rica, em 1848, espalhando-se pos-teriormente pelo mundo ociden-tal, através das “mesas girantes”,que se tornaram uma diversão naEuropa, antes dos estudos sérios,para que se pudesse entender todaaquela fenomenologia intrigante,propositalmente provocada pelomundo espiritual.

Todas as classes sociais interessa-ram-se por aqueles acontecimentosinexplicáveis, em que os objetos co-muns pareciam ter adquirido mo-vimentos autônomos, independen-temente da intervenção humana.

As experiências inusitadas comas mesas girantes tornaram-se di-vertimento comum na França,Alemanha, Inglaterra, Itália, Espa-nha e em outros países.

Primórdios do

Espiritismo

A

5Abr i l 2009 • Reformador 112233

JU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

Ilustração: Fonte – Allan Kardec: o edu-cador e o codificador, Zêus Wantuil eFrancisco Thiesen, v. 1, p. 259. Ed. FEB.

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6 Reformador • Abr i l 2009 112244

Foram as mesas girantes quechamaram a atenção do professorHippolyte Léon Denizard Rivailpara os fenômenos espíritas.

Percebeu ele que, por trás daque-les fatos aparentemente inexplicá-veis, existia uma causa desconheci-da que deveria ser investigada.

Após as mesas girantes, surgi-ram manifestações escritas comum lápis que se prendia a umacesta de vime, usada na época,pouco depois substituídas pela es-crita diretamente elaborada pelosmédiuns, com suas próprias mãos.

A escrita mediúnica e a palavrados médiuns, nas quais se podiaidentificar a presença e a manifes-tação dos Espíritos comunicantes,foram fenômenos muito mais con-vincentes e expressivos, que tra-riam aos observadores estudiososa certeza da existência de um mundoespiritual paralelo ao mundo ma-terial em que vivemos.

Daí para a frente Allan Kardec,o estudioso e preparado missio-nário, seria o principal instrumen-to dos Espíritos superiores para aformulação da Doutrina Espírita,ou Espiritismo.

Dos trabalhos coordenados e di-rigidos por Allan Kardec, nos quaispodemos perceber a segurança e ométodo do Codificador, visandosempre mostrar a verdade e a reali-dade dos fatos, sem a interferênciade ideias inferiores ou inexatas, noque foi sempre apoiado pela Espi-ritualidade superior, resultaramvárias obras, entre as quais seencontram as cinco que consti-tuem a base fundamental da Dou-trina Espírita: O Livro dos Espíritos

(18/4/1857); O Livro dos Médiuns(1o/8/1861); O Evangelho segundoo Espiritismo (abril de 1864); OCéu e o Inferno (1o/8/1865); A Gê-nese (6/1/1868).

Sobre a personalidade do Codi-ficador, escolhido pelo Alto para adifícil missão, cumprida integral-mente com todo êxito, escreveuAnna Blackwell, escritora inglesaque teve com ele relacionamentopessoal, tratar-se de um Espírito

[...] ativo e tenaz, mas de tempe-

ramento calmo, precavido e rea-

lista até quase à frieza, cético por

natureza e por educação [...]1

A primeira revelação sobre amissão que lhe cabia desempe-nhar chegou ao professor Rivailem 30 de abril de 1856, em casa deseu amigo, Sr. Roustan, através damédium Srta. Japhet.

Sem compreender o motivo desua escolha para tal missão, que re-sultaria na modificação do pensa-mento religioso, filosófico e cientí-fico, pelos novos conhecimentosque traria à Humanidade, e retifi-cando erros milenares de concep-ções e de interpretações, teve oCodificador a confirmação, peloEspírito Verdade, do que já lhehavia sido informado, recomen-dando-lhe, porém, toda discriçãoe informando-o de que, mais tar-de, tomaria conhecimento demuitas outras coisas importan-tes, o que realmente aconteceu.

Finda a grande missão que lhefora atribuída e integralmente cum-prida, desencarnou o missionárioem 31 de março de 1869.

Muitos homens notáveis e estu-diosos, que aceitaram o Espiritis-mo, trouxeram diversos subsídiosà obra do Codificador, como con-sequência natural ao fato de que aDoutrina não é estática no tempo,mas sim evolutiva, sempre apoiadaem novos aspectos da verdade, quevão sendo descobertos, verificadose interpretados inteligentemente.

Toda uma vasta literatura espíri-ta iniciou-se com os denominadosclássicos, entre os quais se inscre-vem Léon Denis, Ernesto Bozzano,Albert de Rochas, Camille Flam-marion, Paul Gibier, Arthur ConanDoyle, Gabriel Delanne, AlexanderAksakof, Antonio J. Freire, J. W.Rochester, José Lapponi, CesareLombroso, Alfred Erny, GustaveGeley, J. Arthur Findlay e outros.

Das cinco obras escritas porKardec, acima mencionadas, eque constituem a fundamentaçãodo Espiritismo, a primeira delas,

1Allan Kardec: o educador e o codifica-dor, Zêus Wantuil e Francisco Thiesen,v. 2, p. 273. Ed. FEB.

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7Abr i l 2009 • Reformador 112255

O Livro dos Espíritos, publicadoem 18 de abril de 1857, é a base eo apoio de todas as demais, porquenele se encontram, conforme es-tá expresso, sinteticamente, em seufrontispício, os Princípios da Dou-trina Espírita, sobre a natureza dosEspíritos e seu relacionamento comos homens, Espíritos encarnados,a imortalidade da alma, a vida pre-sente e a futura, as leis morais e oporvir da Humanidade.

É uma síntese filosófica refle-tindo a realidade da vida, expostacom clareza e acessível a todas asinteligências.

Desse livro originam-se os ou-tros quatro, que desenvolvem par-tes específicas da obra básica.

O êxito inicial de O Livro dosEspíritos foi surpreendente, não sóna França, mas em outros paísesda Europa e das Américas, espe-cialmente no Brasil.

Essa obra correspondeu plena-mente ao objetivo dos Espíritosencarregados de universalizar asverdades que os homens desco-nheciam e de retificar os enganose erros que as religiões e filosofiaspropagaram por séculos.

Os que tomaram conhecimen-to do Espiritismo, o Consoladorprometido por Jesus, são uma mi-noria no mundo em que vivemos.

Mas o tempo é aliado da Ver-dade e dia virá em que essa mino-ria se transformará em maioriaabsoluta, em decorrência das leisdivinas, justas e infalíveis, dentreas quais está a lei do Progresso.

[...] A finalidade do Espiritismo

[conforme o pensamento de Kar-

dec] é tornar melhores os que o

compreendem. Esforcemo-nos

por dar o exemplo e mostremos

que, para nós, a doutrina não é

letra morta. Numa palavra, seja-

mos dignos dos bons Espíritos, se

quisermos que eles nos assistam.

O bem é uma couraça contra

a qual virão sempre quebrar-se

as armas da malevolência.2

A vasta literatura espírita tor-na possível aprofundar-se o ho-mem no conhecimento da Dou-trina, em todos os seus aspectos efundamentos.

Na atualidade, para bem co-nhecermos o Espiritismo, essa“couraça do bem contra o mal”,dispomos não só das obrasbásicas, mas também da litera-tura clássica acima indicada,que ampliou o conhecimentotrazido pelos Espíritos supe-riores, em sua colaboração comAllan Kardec e os médiuns quecom ele trabalharam.

O Consolador prometido conti-nua entre os homens, enriquecidopor novas comunicações da Espiri-tualidade e novos médiuns dedica-dos à renovação dos que o aceitarem.

Para comprovação da continui-dade das comunicações preciosas,entre o mundo invisível e o mun-do das formas visíveis, basta ob-servar-se, no Brasil, a riqueza deensinamentos chegados atravésde notáveis médiuns, que dedica-ram suas vidas à grande causa darenovação espiritual, não somentedos que reencarnam neste país –Pátria do Evangelho – mas de to-dos os que, por toda parte, aspirame procuram a verdade e um me-lhor entendimento da vida.

Francisco Cândido Xavier, Di-valdo Pereira Franco, José Raul Tei-xeira, Yvonne do Amaral Pereira,para só citar os mais conhecidos,são responsáveis por inúmeros des-dobramentos dos ensinos e revela-ções antes abordados pelos Espí-ritos reveladores, pelo Codificadore por escritores e pesquisadoresdiversos, enriquecendo assim o co-nhecimento de inúmeros assun-tos, com a abordagem de outrosaspectos que eles encerram semprejuízo do que já era conhecido.

Chico Xavier, para só citar oque ficou escrito pelo médium,já que toda sua vida foi dedicadaao bem, numa demonstração decomo o Espiritismo pode influirsobre quem o aceita e vivencia,chegou a publicar 412 livros, so-bre diferentes assuntos, através dediversas editoras, número que éincomum entre os maiores escri-tores de todos os tempos.

2Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.Revista Espírita, ano 2, jul. 1859, p. 274.Ed. FEB.

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ogo depois da retumbantevitória do imperador Cons-tantino contra Magêncio na

batalha próxima à ponte Mílviasobre o rio Tibre, em 312, o genialvencedor proclamou o Edito deMilão, no dia 13 de junho de 313,tornando o Cristianismo toleradoem todo o Império, como grati-dão aos Céus pela ajuda que rece-bera, levando-o ao triunfo contrao seu maior inimigo...

Aceito pelas multidões sedentasde inovações, que abandonaram opoliteísmo em relação aos deuses--lares e aos do Olimpo, trocando--os por Jesus e Sua doutrina, espa-lhou-se a mensagem com arrou-bos e festas.

Rapidamente os evangelizado-res multiplicaram-se e a difusãoda nova religião ergueu santuá-rios faustosos, em toda parte,

alguns deles, antes povoados pe-los deuses ora em decadência, subs-tituídos pelo Incomparável Mes-tre, Maria Santíssima, os apósto-los e os mártires...

À medida, porém, que o tempotranscorreu na sua marcha ine-xorável, havendo desaparecido asperseguições que vitalizavam a fénobre e pura, começaram a sur-gir as rusgas e disputas por privi-légios sociais e governamentais,surgindo os cultos externos extra-vagantes e as festas ruidosas quãoinsensatas, semelhantes às pagãs

que ressurgiam, e o entusiasmopelo amor e a caridade passou aceder lugar à vulgaridade, quaseà indiferença...

A pompa e o poder temporaltomaram o lugar da simplicidadee da abnegação, dando lugar aoorgulho e à prepotência que, maistarde, se transformariam em ada-ga perversa a serviço do crime eda hediondez, ceifando vidas oumutilando as esperanças...

Nessa ocasião, medraram ospródromos do que seria mais tar-de o monacato com todos os seustormentos, inspirado nos ascetasegípcios que buscavam as furnasno refúgio das montanhas ou osilêncio absoluto no deserto, a fimde preservarem a vida austera e ameditação.

Embora a nobreza da iniciati-va, tornava-se uma afronta à pul-

Frustraçõesangustiantes

8 Reformador • Abr i l 2009 112266

L

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critude da mensagem cristã e aosexemplos de dinamismo de Jesuse dos Seus discípulos, que jamaiscultivaram a ociosidade a pretex-to de busca de elevação, negandoo mundo para o qual se encontra-vam em serviço de iluminação.

A nova onda sensibilizou mui-tos Espíritos ingênuos que deseja-vam ser fiéis à doutrina, renun-ciando ao mundo, que considera-vam perturbador, e às suas insi-nuações que tinham em contade tentações da carne, desde asambições tormentosas, às paixõesasselvajadas.

Multiplicaram-se os lugares pa-ra a fuga aos enfrentamentos hu-manos, onde são trabalhadas as ba-talhas do autoaprimoramento e dailuminação interior.

O século, representando as ne-cessidades das massas infelizes,oprimidas e necessitadas, deveriaservir de oficina enriquecedora deexperiências para a aquisição dasvirtudes essenciais, ao invés de pe-rigoso campo minado pelo Tenta-dor e seus asseclas.

Como era inevitável, a existênciacontemplativa e ociosa, por maisque se apresentasse de inícioatraente e bela, terminava por pro-duzir o estado de akedía ou acídia,ou marasmo, ou inutilidade, coma descoberta da perda de sentidopsicológico, de objetivo, gerandosofrimentos insuportáveis.

Qual ocorre com todas as vi-das, que passam por crises exis-tenciais em determinados perío-dos, quando o indivíduo faz umaavaliação do que realizou e sente--se incompleto, insatisfeito por

considerar que foram quase inú-teis os seus dias.

A akedía passou a significar-lhesesse estado melancólico, depressi-vo, que se fixava em forma de eva-são da realidade e reação a elacom o decorrente sentimento deanimosidade contra os demaismembros da comunidade no mo-nacato onde buscavam refúgio.

O ser humano existe para fo-mentar e acompanhar o desenvol-vimento intelecto-moral, a con-quista do infinito e jamais para aparalisia.

O corpo é concedido ao Es-pírito para a ação, a multiplica-ção e preservação das suas for-ças e possibilidades, nunca porém,para a inutilidade.

A mente não pode parar depensar, de enfrentar a multiplici-dade de ideias que seleciona e de-senvolve como expressão da inte-ligência.

A monotonia mântrica e a dasjaculatórias criam um estado or-gânico e psicológico de apatia, dedistanciamento da ação, empur-rando o ser para a incompletude.

Esse fenômeno passou a serdenominado como o demônio-do--meio-dia, pela forma como seapossa do indivíduo, e, naquela oca-sião, dos religiosos especialmente.

A ignorância medieval, aliada àastúcia de alguns teólogos ines-crupulosos, que adulteraram as li-ções de Jesus, adaptando-as aosseus interesses inconfessáveis, co-mo reação decretaram que se tra-tava, essa acídia, de verdadeiro pe-cado mortal, por ser de inspiraçãodemoníaca, objetivando arrancar

as almas que aspiravam ao Céupela negação do mundo para osabismos infernais.

Por efeito danoso, a deserçãodos claustros, a loucura e o suicí-dio infelicitaram aqueles Espíritosenganados, que se permitiram aestranha conduta, distante dos de-safios propostos por Jesus, que osviveu e os venceu com estoicismoe valor.

O mundo, em si mesmo, não émau nem é bom, senão conformeaqueles que o habitam e que delefazem o que lhes é peculiar.

A doutrina do Rabi galileu éuma proposta renovadora de va-lores, firmada numa filosofia exis-tencial de amor e de perdão, decaridade e de misericórdia, me-diante cuja conduta alteram-se assombrias paisagens morais, ense-jando harmonia e plenitude.

Sem dúvida, naquelas mentesvazias, os demônios das paixõesmal administradas, das necessi-dades biológicas à força subme-tidas, dos conflitos psicológicosmal disfarçados, constituíam umséquito semelhante a Legião, ahorda que atormentava o obses-so gadareno.

Diferindo daqueles seres espi-rituais que afligiam o infeliz, essesdemônios da acídia eram inter-nos, viviam homiziados no âma-go dos seres que preferiam igno-rá-los, tornando-os mais comba-tivos e, portanto, permitindo-lhesas vitórias sobre os esforços des-prendidos.

A função da reencarnação é ade propiciar ao Espírito depurar--se das mazelas que o impedem de

9Abr i l 2009 • Reformador 112277

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avançar no rumo da Grande Luz,de trabalhar-se, lapidando as ares-tas morais que permanecem des-de o passado no seu processo deevolução.

Serve-se a Deus, ajudando-se oser humano a ser feliz e ajudando--se a si mesmo a encontrar a har-monia entre o ser que se apresen-ta e aquele que se é, o interior.

Jesus é sempre o exemplo emtodos os Seus passos, jamais se per-mitindo a inutilidade, a fuga darealidade e da responsabilidade.

Quando buscou o deserto, an-tes do ministério, para orar e je-juar, fê-lo por um breve períodopreparatório para a incomparávelsaga da Sua entrega de amor a to-das as criaturas.

Não há, portanto, como conci-liar a ação do Evangelho liberta-dor com a inútil existência mona-cal ou a fuga para regiões distan-tes da comunhão com os demaisseres humanos.

Essa tarefa grandiosa, elucida edesenvolve-a o Espiritismo, con-clamando o ser humano à auto-iluminação e à libertação da ig-norância generalizada, medianteo trabalho eficaz, o conhecimen-to que decifra os enigmas exis-tenciais e a caridade que digni-fica e proporciona a paz entretodos.

Vianna de Carvalho

(Página psicografada pelo médium Dival-

do Pereira Franco, na sessão mediúnica

da noite de 9 de julho de 2008, no Cen-

tro Espírita Caminho da Redenção, em

Salvador, Bahia.)

10 Reformador • Abr i l 2009 112288

Ao contemplar a vastidão do espaço,

Em bela noite, um sábio refletia:

De que me vale toda esta ciência,

Se o mais das vezes, falo o que não faço?

Então ouviu a voz que lhe dizia:

É preciso coerência...

E disse ao vento com estardalhaço:

De que me vale, ó Deus, tanta teoria?

E ouviu de novo a voz, que bem sabia

Provir de sua própria consciência,

Que, novamente, a sós, lhe repetia:

É preciso coerência...

Eu bem sei disso, mas o que queria

Para, envolvendo todos num abraço,

Poder lhes alertar sobre o que via,

É ter, como Jesus, a presciência.

Mas a voz, implacável, insistia:

É preciso coerência...

Então compreendeu o que não via:

Ninguém alcança a luz sem persistência.

Tão bem quanto saber, Jesus fazia

E nisso estava toda a sua Ciência,

Pois, para alguém segui-lo, passo a passo,

É preciso coerência.

Jorge Leite de Oliveira

É precisocoerência

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Reformador: Como surgiu a moti-vação para a divulgação do Espiri-tismo por DVDs?Oceano: A partir do lançamento,em 2004, em parceria com aFederação Espírita Brasileira e oConselho Espírita Interna-cional, de “Espiritismo– De Kardec aos Diasde Hoje” e da recu-peração do “Pinga--Fogo I e II”, quan-do disponibilizamosambos para o grandepúblico.

Reformador: Há alguns registrosmarcantes de DVDs espíritas quefizeram sucesso?Oceano: O DVD duplo com oshistóricos programas “Pinga-FogoI e II” e o de Minha vida na outra

vida, filme que confirmacaso verídico de re-

encarnação porpessoa não-espí-rita, o qual foirealizado por

produtores quedesconhecem o

Espiritismo. Aoacrescentarmosextras espíritas, es-sa produção setransforma num

filme 100%espírita.

Reformador: Esses DVDs estãochegando ao meio leigo?Oceano: Nossos maiores clientessão lojas, livrarias e sites não--espíritas. Algumas livrarias espí-ritas que divulgam o Espiritismopor meio digital também são nos-sos clientes.

Reformador: Qual sua avaliaçãodos DVDs recentes, que lançou, so-bre Chico Xavier?Oceano: Envolvo-me emocio-nalmente como espírita e comopesquisador. Precisamos trans-mitir para as futuras geraçõesque fomos contemporâneos deChico Xavier, que testemunha-mos sua humildade e grandiosi-dade como homem e como mé-dium espírita.

Reformador: Para o Centenáriode Chico Xavier surgirão outrosDVDs?

11Abr i l 2009 • Reformador 112299

O C E A N O VI E I R A D E ME LOEntrevista

Uso de DVDs para a

Difusão do EspiritismoOceano Vieira de Melo é pesquisador e documentarista espírita, responsável por disponibilizar o Espiritismo em DVDs, tais como “Saulo Gomes entrevista

Chico Xavier” e “Pinga-Fogo”, produzir e dirigir os filmes Chico Xavier – O GrandeMédium Espírita, Eurípedes Barsanulfo – Educador e Médium e

Divaldo Franco – Humanista e Médium Espírita. Relata preparativospara o Centenário de Chico Xavier

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Oceano: Sim, junto com a FEB esta-mos produzindo um documentáriosobre o Centenário de Chico Xavier.Também estamos restaurando asgravações em áudio que deram ori-gem aos livros Instruções Psicofônicase Vozes do Grande Além, realizadasem Pedro Leopoldo, em 1954 e 1955,pelo Sr.Arnaldo Rocha. Iremos ouviras vozes de Emmanuel, André Luiz,Cairbar Schutel, Batuíra, Dias daCruz e outros Espíritos, através dapsicofonia de Chico Xavier. Será umDVD com vídeo e um CD com áu-dio de 35 mensagens com duraçãode cerca de cinco horas.

Até abril de 2010, teremos tam-bém um filme sobre o Centro Es-pírita Luiz Gonzaga, de Pedro Leo-poldo, fundado por Chico Xavier eseu irmão José, e a Escola Jesus Cris-to, em Campos, no Estado do Rio deJaneiro, fundada por Clóvis Tavares.

Reformador: Que sugestões tem pa-ra o melhor aproveitamento dosDVDs espíritas nos centros espíritas?Oceano: Recomendamos que elessejam exibidos como documentoseducativos e históricos, pertencen-tes ao Espiritismo e à Humanidade.

Reformador: Qual a sua mensa-gem para os leitores de Refor-mador?Oceano: Que leiam e estudem mais

as obras da Codificação Espíritae as de Emmanuel, André Luiz,Humberto de Campos/Irmão X eYvonne A. Pereira.

12 Reformador • Abr i l 2009 113300

Vim me banhar no eflúvio de bondadeque no teu coração se faz essência;quero aprender contigo a caridadeque espalhas a mãos cheias na existência.

Teu mandato nos prova que há verdade em tuas mãos, tão plenas de clemência;que a vida além da morte é claridadebrilhando na sublime quintessência.

Beijo-te a face quase como um sonho! Neste pequeno verso que componho deixo-te o coração, minha ternura.

Amenizando a dor, a desventuraque o mundo sofre sem poder contê-las tu brilharás, um dia, entre as estrelas!

Visitando Chico XavierTherezinha Radetic

(Este soneto foi escrito quando de uma visita nossa ao querido médium.)

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13Abr i l 2009 • Reformador 113311

Presença de Chico Xavier

O “Projeto Centenário de Chico Xavier” abrangevárias ações e tem por objetivo enfatizar a obra deChico Xavier e contribuir com a preservação de suamemória.

Como ações deste Projeto estão previstos eventos epromoções: a) Realizar o 3o Congresso Espírita Bra-sileiro, em Brasília, conforme decisão da Reunião doCFN de novembro de 2007, destacando o Centenário deNascimento de Chico Xavier; b) Providenciar uma edi-ção especial comemorativa da primeira obra psicográfi-ca de Chico Xavier – Parnaso de Além-Túmulo –, paralançamento no 3o Congresso Espírita Brasileiro; c)Preparar a elaboração de DVD e de livro que sintetizemas obras e as ações de Chico Xavier, para lançamento no3o Congresso Espírita Brasileiro; d) Providenciar o lan-çamento de Selo Personalizado comemorativo, paralançamento no 3o Congresso Espírita Brasileiro; e) Des-tacar nas edições de Reformador, durante o ano de 2010,as obras psicográficas de Chico Xavier e lançar umaEdição Especial desta revista em abril de 2010; f) Elabo-rar e disponibilizar às Entidades Federativas Estaduaisum encarte sobre o Centenário de Chico Xavier paraeventual circulação na imprensa espírita e leiga na 1a

semana de abril de 2010; g) Estimular a realização pelasEntidades Federativas Estaduais de eventos regionais eestaduais para ampliar a divulgação da obra de ChicoXavier e, consequentemente, da Doutrina Espírita.

Os preparativos para a realização do 3o CongressoEspírita Brasileiro já se encontram em andamento. Oevento está previsto para os dias 16, 17 e 18 de abrilde 2010, nas dependências do Centro de ConvençõesDr. Ulysses Guimarães, em Brasília.

O programa desse Congresso estará subordinadoaos seguintes objetivos: dar foco nas obras de ChicoXavier; destacar a influência da obra psicográfica deChico Xavier no Movimento Espírita Brasileiro e noMundo; destacar as obras de Emmanuel e de AndréLuiz; destacar o exemplo de vida de Chico Xavier;respeitar o direito à privacidade pessoal e espiritualde Chico Xavier. Terá como tema central: “Chico Xa-vier: Mediunidade e Caridade com Jesus e Kardec”.

O CFN também já aprovou um rol de temas parao programa do Congresso: Chico Xavier – Mediu-nidade e Caridade com Jesus e Kardec; A interpreta-ção do Evangelho nas obras de Emmanuel; Orien-tações para a infância e para a juventude nas obraspsicográficas de Chico Xavier; Proposta educacionalnas obras psicográficas de Chico Xavier; MomentoLírico com Base em Parnaso de Além-Túmulo; Coe-rência entre as obras da Codificação e de Chico Xa-vier; Atualidade da obra psicográfica de Chico Xavier– Antecipação de informações científicas; AndréLuiz e o Mundo Espiritual; Contribuições às provas da imortalidade da alma; A vida moral nas obras deEmmanuel; Amor – Fonte de vida; As cartas familia-res; Compreensão da Justiça Divina – Consolo e es-perança; Missão do Brasil na ótica de livro de Hum-berto de Campos; Bezerra de Menezes, Chico Xaviere o trabalho de unificação; Coerência entre a vida e aobra de Chico Xavier; Contribuição das obras deChico Xavier para a Doutrina e para o MovimentoEspírita; O Livro Espírita – Orientação para umaNova Era; Apresentação de números artísticos combase na obra psicográfica de Chico Xavier.

3o Congresso Espírita Brasileirofocalizará obra de Chico XavierO Conselho Federativo Nacional da FEB aprovou, em Reunião ocorrida em novembro de 2008, o “Projeto Centenário de Chico Xavier”, que inclui a

realização do 3o Congresso Espírita Brasileiro em 2010

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14 Reformador • Abr i l 2009 113322

ouco antes de se deitar, asós no escritório, em suacasa, Onofre lia O Evange-

lho segundo o Espiritismo.No capítulo XI, item 4, deteve-

-se em oportunos comentários deAllan Kardec:

“Amar o próximo como a si

mesmo: fazer pelos outros o

que quereríamos que os outros

fizessem por nós”, é a expressão

mais completa da caridade,

porque resume todos os deveres

do homem para com o próxi-

mo. Não podemos encontrar

guia mais seguro, a tal respeito,

que tomar para padrão, do que

devemos fazer aos outros, aqui-

lo que para nós desejamos.

Interrompendo a leitura, Ono-fre pôs-se a imaginar como a Hu-manidade seria feliz se a Lei deAmor fosse plenamente cumprida.

A Terra seria promovida a paraíso.

Bem, coletivamente os homensestavam longe dessa meta maravi-lhosa, mas nada o impediria deatingi-la no plano individual. De-cidiu enfrentar o desafio de amar opróximo como a si mesmo e fazerpor ele o que gostaria de receber.

No quarto, beijou, carinhoso, aesposa já acomodada no leito, di-zendo que a amava e desejando--lhe um sono tranquilo.

Joana endereçou-lhe um olhardesconfiado.

O que teria aprontado o mari-do? Aquela manifestação inusita-da de carinho estava cheirando ador de consciência…

– Há algo que você queira di-zer-me, Onofre?

– Não, querida, apenas exprimimeu desejo de que você sonhecom os anjos.

Querida! – espantou-se a esposa,ante a súbita afetividade do marido.

Não obstante, aconchegou-se aele e dormiu feliz.

Pela manhã, na sala de refeições,Joana avisou:

– Espere um pouco, meu bem.A Maria está atrasada. Irei à pada-ria buscar os pães.

Ele se adiantou:– Pode deixar, querida. Eu vou

rapidinho...Joana conteve o impulso de co-

locar a mão em sua testa, a ver seestava com febre. Não estava ha-bituada à colaboração do maridonos contratempos do cotidiano.

Ganhando a rua, Onofre foiabordado por um homem de apa-rência humilde, expressão sofrida.

– Por favor, senhor…Cortou a conversa.– Sinto muito. Estou com pressa!Mal dera alguns passos e logo a

consciência cobrou o cumprimen-to de sua resolução na véspera:

O que gostaria que fizessem porele se tentasse falar com alguém?

Voltou e dispôs-se a ouvir o ho-mem que o abordara.

– Perdoe incomodá-lo. É ver-gonhoso, bem sei! Nunca acon-teceu comigo, mas minha situa-ção é desesperadora! Estou de-sempregado há um ano. Tenhoquatro filhos pequenos, a esposaestá doente e não há o que co-mer em casa…

Com a sensibilidade dos que secompadecem e a lucidez dos quesintonizam com bons Espíritos,Onofre convenceu-se de que eleestava falando a verdade.

– Acompanhe-me, por favor.Na padaria, providenciou para

ele pães, margarina, queijo e al-guns litros de leite.

O pobre homem, em lágrimas,agradeceu:

– Deus lhe pague! O senhor sal-vou-me a vida! As pessoas me tra-

No paraíso jáP

RI C H A R D SI M O N E T T I

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tam como se eu fosse um bandi-do. Ando desesperado! Cheguei apensar em me matar! Agora sintoque nem tudo está perdido. Hágente boa neste mundo.

Conhecedor do assunto, Ono-fre preocupou-se com aquela men-ção ao suicídio.

– Pelo amor de Deus, jamaispermita que essa ideia malfazeja oenvolva! É saltar da frigideira parao fogo…

Passou-lhe algumas informa-ções sobre as consequências fu-nestas do suicídio e lhe deu o en-dereço do Centro Espírita que fre-quentava, prometendo que ali te-ria o apoio de que carecia.

De retorno ao lar, Joana estra-nhou sua demora.

– É que encontrei um infeliz apedir auxílio. Está desempregado,família numerosa… sua situaçãoé desesperadora. Levei-o até a pa-daria e lhe entreguei provisões.O pior é que andou pensando emsuicídio… Incrível como a gentenão tem ideia do que se passa nacabeça das pessoas!

– Conversou com ele?– Sim, já o orientei e lhe dei o

endereço do Centro.Pouco depois, Onofre partia.

Joana ficou a cismar:Decididamente, o marido es-

tava mudado. Parecia outra pes-soa… Certamente algum bicho omordera. Abençoado bicho, queinjetara solidariedade em suasveias!

No trânsito, um motorista im-prudente cortou-lhe a frente.

Reflexo rápido, Onofre brecouincontinenti, enquanto o autor daproeza o agredia com xingamen-tos, como se o erro fosse dele.

Sentiu o sangue subir à cabeçae teve ganas de retrucar no mes-mo diapasão, com meia dúzia depalavrões e o impertinente vá pa-ra o diabo que o carregue!.

Antes que o fizesse, veio a lem-brança:

“Amar o próximo como a si

mesmo: fazer pelos outros o

que quereríamos que os outros

fizessem por nós”.

A recomendação de Jesus re-frescou-lhe o cérebro, neutrali-zando o impulso agressivo.

E se o motorista imprudente esti-vesse com grave problema a esquen-tar seus miolos, perturbando-o?Talvez um familiar gravemente en-fermo… De qualquer forma, eraum irmão comprometido naquelemomento com a agressividade.

Melhor orar do que amaldi-çoar, considerou sabiamente.

Ligando o rádio, ouviu o noti-ciário. Crime tenebroso mobilizavaa opinião popular. Uma multidãocercava a residência do assassino! Fa-lava-se em linchamento! Ele deveriapagar com a vida por sua crueldade!

E seria bem merecido! – con-cordou Onofre.

No entanto, a história de colo-car-se no lugar do outro, comoexemplificara Jesus, o fez pensar.

O Mestre situava aqueles que secomprometem com o mal como

doentes que precisam de trata-mento, não de execração.

E se o criminoso fosse um alie-nado, sem governo sobre suasações? E se estivesse sob grave in-fluência obsessiva?

Em qualquer dessas situações,seria digno de piedade.

Modificando a reação inicial,orou pela vítima e pelo algoz.

Tão logo entrou em sua empresa,o chefe da contabilidade veio solici-tar-lhe a demissão de uma secretária.

Argumentou que ela já fora boafuncionária, mas andava displi-cente e faltando muito.

– Se é assim… – começouOnofre, concordando com osubordinado.

A frase ficou em suspenso, an-te a lembrança de que era precisocolocar-se no lugar do outro.

Repetiu, reticente:– Se é assim…– Podemos dispensá-la?–…vamos conversar com ela.O subordinado espantou-se.– Conversar para quê, chefe? Já

lhe disse que é caso para demissão!– É funcionária antiga. Vamos

ver o que está acontecendo.Em breves momentos, ela en-

trava na sala.Em lágrimas, explicou que

atravessava um momento muitodifícil. O marido a abandonaracom dois filhos. Sumira no mun-do. A mãe, viúva, paciente termi-nal, necessitava de seus cuidados.Reconhecia que seus problemasestavam afetando a atividade pro-fissional e pedia um pouco de

15Abr i l 2009 • Reformador 113333

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paciência aos seus superiores.O emprego lhe era indispensável.

Compadecido, Onofre provi-denciou para que ela entrasse emférias, com a promessa de que teriatoda a assistência da empresa, aju-dando-a em suas dificuldades.

Após o expediente, nosso heróidirigia o automóvel, de retorno aolar. O trânsito estava terrível, ex-tremamente moroso.

Onofre, que costumava irritar-senaquela situação, surpreendente-mente sentia-se calmo. Ligou o rádio.

Alguém cantava a música famosade Tom Jobim e Vinícius de Morais:

Vai tua vida

Teu caminho é de paz e amor

A tua vida é uma linda canção

[de amor

Abre os teus braços e canta

A última esperança

A esperança divina de amar em

[paz

Se todos fossem iguais a você

Que maravilha viver…

Onofre enxugou os olhos,emocionado.

Ah! se todos fossem iguais aJesus, não na grandeza espiritual,que longe dele estamos, masiguais na vivência do amor maior

que ensinou e exemplificou – cui-dar do próximo.

Lembrou os últimos aconteci-mentos.

Reconheceu que tivera um diamaravilhoso, não pela ausênciade problemas, mas porque ele re-solvera o problema maior – suainadequação aos valores do Evan-gelho.

Uma característica do Espíri-to superior é a sua capacidade desíntese e a clareza de suas ideias.

As escolas psicológicas devas-sam a personalidade humana, emcomplicadas lucubrações, bus-cando traçar caminhos para a curade transtornos da emoção e dopensamento, que infelicitam ospacientes...

A psiquiatria prescreve fortesmedicamentos, que interferem naquímica cerebral para neutralizardisfunções que produzem dese-quilíbrios e perturbações...

Toneladas de tinta são usadaspara a publicação de incontáveismanuais de autoajuda, em queos autores traçam extensasorientações, que pretendemsejam originais e decisivas pa-ra ensinar as pessoas a seremfelizes.

No entanto, Jesus, com umaúnica lição, em poucas pala-vras, indica-nos o caminhopara o equilíbrio, a cura denossos males, a conquistada felicidade: simplesmen-te fazer ao semelhante to-do o bem que desejaríamos

receber dele.

16 Reformador • Abr i l 2009 113344

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as questões 481 a 483 de OLivro dos Espíritos, Kardectratou de um tema pouco

estudado entre os espíritas: “osconvulsionários”. Para entendê--lo melhor, é preciso conhecer umpouco da história do diácono1

jansenista François Pâris, cujo tú-mulo era visitado por peregrinosque ali eram tomados por convul-sões, daí o nome “convulsioná-rios”. Os jansenistas eram adeptosda doutrina religiosa sobre a gra-ça, o livre-arbítrio e a predestina-ção, muito difundida no seio docatolicismo, na França, entre osséculos XVII e XVIII, seguidoresdo bispo e teólogo católico ho-landês Cornélio Jansênio (1585--1638). Aos mais curiosos, reco-mendamos a leitura do excelenteartigo sob o título “Os convulsio-

nários e sua história”, publicadona revista Reformador,2 de outu-bro de 1985, isso porque, no pre-sente trabalho, daremos ênfase aoutros aspectos singulares desper-tados por essa mesma questão.

Na Revista Espírita,3 Kardec re-produz um fato que se tornousímbolo do jansenismo, o qualauxilia a compreender melhor aorigem dos convulsionários:

Notícia – François Pâris, famo-

so diácono de Paris, morto em

1727, aos 37 anos, era o filho

mais velho de um conselheiro

do Parlamento, a quem natu-

ralmente devia suceder no car-

go. Preferiu, no entanto, abra-

çar a carreira eclesiástica. Após

a morte do pai, deixou os bens

para o irmão e, durante algum

tempo, ensinou catecismo na

paróquia de São Cosme, encar-

regando-se da direção dos cléri-

gos e fazendo-lhes conferên-

cias. O Cardeal de Noailles, a

cuja causa estava ligado, quis

nomeá-lo cura dessa paróquia,

mas sobreveio um obstáculo

imprevisto. O abade Pâris con-

sagrou-se inteiramente ao re-

tiro. Depois de ter experimen-

tado diversos eremitérios, con-

finou-se numa casa do subúr-

bio de São Marcelo. Lá se en-

tregou sem reserva à prece, às

práticas mais rigorosas da peni-

tência e ao trabalho manual. Fa-

zia meias para os pobres, que

considerava como seus irmãos;

morreu nesse asilo.

[...]

Tendo seu irmão mandado eri-

gir-lhe um túmulo no pequeno

cemitério de Saint-Médard, os

Convulsionários:religião, fanatismoou charlatanismo?

NCH R I S T I A N O TO RC H I

1Eclesiástico abaixo dos sacerdotes, quetem por função ajudar o celebrante noaltar.

2SOUZA, Edemilton Cabral de. Op.cit., n.1.879, p. 21(305)-23(307), out. 1985.

3KARDEC, Allan. Os convulsionários deSaint-Médard. Op. cit., ano 2, p. 455-457,nov. 1859. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

17Abr i l 2009 • Reformador 113355

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pobres socorridos pelo piedo-

so diácono, alguns ricos que ele

havia edificado e algumas mu-

lheres que tinha instruído pa-

ra lá se dirigiam, a fim de fazer

preces. Houve curas que parece-

ram maravilhosas e convulsões

que foram consideradas perigosas

e ridículas. A autoridade4 viu-se

enfim obrigada a fazer cessar

esse espetáculo, determinando o

fechamento do cemitério no dia

27 de janeiro de 1732. Então os

mesmos entusiastas foram pro-

vocar suas convulsões em casas

particulares. Na opinião de mui-

ta gente, o túmulo do diácono

Pâris foi o túmulo do jansenis-

mo. Mas algumas pessoas julga-

ram ver o dedo de Deus, tor-

nando-se mais ligadas a uma

seita capaz de produzir tais ma-

ravilhas. Há diferentes histórias

desse diácono, do qual talvez

jamais teriam falado se não o

houvessem querido transformar

num taumaturgo.5

Entre os fenômenos estranhos

apresentados pelos Convulsio-

nários de Saint-Médard citam-

-se: a faculdade de resistir a gol-

pes tão terríveis que os corpos

deveriam ficar triturados; a de

falar línguas ignoradas ou es-

quecidas; um desdobramento

extraordinário da inteligência:

os mais ignorantes entre eles

improvisaram discursos sobre a

graça, os males da igreja, o fim

do mundo etc.; a faculdade de

ler o pensamento; postos em

contato com os doentes, apre-

sentavam dores no mesmo local

daqueles que os consultavam;

[...]

A insensibilidade física produ-

zida pelo êxtase deu lugar a ce-

nas atrozes. A loucura chegou a

ponto de realmente crucifica-

rem vítimas infelizes, a fazer-

-lhes sofrer todos os detalhes da

Paixão do Cristo. E estas víti-

mas [...] solicitavam as terríveis

torturas, designadas entre os

Convulsionários pelo nome de

grande socorro.

A cura dos doentes se operava

pelo simples toque da pedra tu-

mular ou pela poeira que en-

contravam à sua volta e que to-

mavam com alguma bebida ou

aplicavam sobre as úlceras. Bas-

tante numerosas, estas curas fo-

ram atestadas por milhares de

testemunhas, muitas das quais

são homens de ciência, no fun-

do incrédulos, que registraram

os fatos sem saber a que os atri-

buir. (Grifo nosso.)

Enfim, convulsionários era onome pelo qual eram conhecidas,no passado, as pessoas que se en-tregavam a certos tipos de práti-cas, por efeito do magnetismo, daexaltação religiosa ou do pensa-mento. Os convulsionários da-vam-se a histerias, que degenera-vam em crueldades e indecência,chegando muitos deles a se auto-flagelarem em espetáculos públi-cos, em meio aos quais eclodiam,também, certos fenômenos, entre

eles a faculdade de ler pensamen-tos e a insensibilidade à dor. Co-mo eram Espíritos de pouca ele-vação aqueles que concorriam pa-ra tais fatos, as pessoas que a elesse entregavam, invigilantes e per-missivas, favoreciam o contágiocoletivo no seio dos que eramsimpáticos a tais ideias, isto é, quese encontravam na mesma sin-tonia.

Além dos convulsionários deSaint-Médard, Kardec menciona,na Revista Espírita6 de janeiro de1868, um artigo publicado emMonde Illustré, de 19/10/1867,sobre os árabes da tribo dos Aïs-saouas, seita religiosa espalhadana África, cujo articulista teste-munhou, na Argélia, diversoseventos, em que os adeptos, sub-metidos às mais cruéis mortifica-ções corporais, a tudo suporta-vam sem sentir qualquer dor.

Em outro relato jornalístico(Petit Journal, de 30/9/1867),mencionado no mesmo númeroda Revista Espírita, são registradosvários casos, entre eles os dos en-golidores de brasas acesas, os doscomedores de vidro e de serpen-tes, fenômenos esses produzidospelos integrantes da “companhiaAïssoua” (corpo de balé muçul-mano), que se apresentou em Pa-ris, no teatro do Campo de Marte,e depois na sala da arena atléticada rua Le Peletier, espetáculo quetambém recebeu a cobertura doMoniteur, de 29/7/1867. Graças à

18 Reformador • Abr i l 2009 113366

4Representante da administração do Ce-mitério de Saint-Médard, em Paris.

5Taumaturgo: pessoa a quem se atribui aautoria de milagres.

6KARDEC, Allan. Os aïssaouas. Op. cit.,ano 11, p. 37-43, jan. 1868. 2. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2006.

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enorme repercussão, os coadju-vantes desses fenômenos ficaramconhecidos como os “convulsio-nários da rua Le Peletier”.

Ressalvando a questão culturale outras motivações aqui nãoabordadas, relativamente a essescostumes, creio não haver exageroalgum em classificar estas e outrascondutas extremistas no rol dofanatismo que, sem dúvida, é algodeplorável e leva as pessoas, mui-tas vezes, a assumirem comporta-mento mórbido.

O fanatismo existe em todas asreligiões e até fora delas, inclusi-ve no esporte e na política. Detriste lembrança é o episódioocorrido na Guiana, em 1978,quando, induzidas por um faná-tico, cerca de 900 pessoas suici-daram-se, estarrecendo o mundo.Em busca de solução mágica dos

problemas, muitos indivíduossujeitam-se a ser enganados, navã crença de que as leis divinaspodem ser revogadas ao seu bel--capricho.

Quando o homem se conduzcom fanatismo e com fins escu-sos ou fúteis, atrai a presença deEspíritos inferiores, que podemgerar lamentáveis desvirtuamen-tos, abrindo brechas ao charlata-nismo, que consiste na explora-ção da credulidade pública, pormeio de engodos e mentiras, cir-cunstância que contribui muitopara fomentar desequilíbrios.

O charlatanismo sempre exis-tiu, não só nas religiões, comotambém em todos os segmen-tos da sociedade, inclusive nosmeios científicos, mas nem porisso devemos tachar todos os fe-nômenos de fraudulentos pelo

simples fato de que alguémabusou das coisas mais respeitá-veis. Kardec lembra que o desin-teresse absoluto, na prática dobem, é a maior garantia contra ocharlatanismo, e recomenda, en-fático, aos espíritas:

92. Entre os adeptos do Espiri-

tismo, encontram-se entusias-

tas e exaltados, como em todas

as coisas; são, em geral, os pio-

res propagadores, porque a fa-

cilidade com que, sem exame,

aceitam tudo, desperta des-

confiança.

O espírita esclarecido repele

esse entusiasmo cego, obser-

va com frieza e calma, e, as-

sim, evita ser vítima de ilusões

e mistificações. À parte toda a

questão da boa-fé, o observa-

dor novato deve, antes de tudo,

19Abr i l 2009 • Reformador 113377

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atender à gravidade do caráter

daqueles a quem se dirige.7

Apesar dos aspectos bizarros dosfenômenos relatados, eles permi-tem tirar conclusões interessantessobre a independência entre o espí-rito e a matéria, como, por exem-plo, nos casos da insensibilidade àdor.8 Muitos cristãos, levados ao

martírio, nos circos romanos,suportaram heroicamente as tortu-ras físicas e psicológicas, “porque obrando anestésico das potênciasdivinas lhes balsamizou o coraçãodorido e dilacerado no tormentosomomento”.9 O Espiritismo ofereceexplicações racionais que retiramde tais eventos a crença no maravi-lhoso e no milagre, mostrando-oscomo fatos regidos por leis natu-

rais, muitas vezes desconhecidasdas ciências ordinárias.10

A fé cega cada vez mais vemcedendo espaço à fé raciocinada,que oferece ensanchas de culti-varmos os bons sentimentos pormeio do estudo, do discernimentoe da prática do bem, que nos pre-servam da exposição ao ridículo edos extremismos que nos alheiamda realidade, do bom senso e doequilíbrio.

20 Reformador • Abr i l 2009 113388

9XAVIER, Francisco C. Há dois mil anos.Pelo Espírito Emmanuel. 4. ed. especial.2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. P. 2,cap. 5, p. 320.

7KARDEC, Allan. O que é o espiritismo.55. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 2,item Charlatanismo.

8Ver, especificamente, a nota de Kardec àquestão 483 de O livro dos espíritos. Ed. FEB.

10KARDEC, Allan. A gênese. 52. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2008. Cap. 14, item 29.

Vencendo a adversidade,Jesus foi – de prélio em prélioE de cidade em cidade –Pregando em fuga o Evangelho.

Desde o primeiro rebateContra a missão que se eleva,Kardec sofre o combateDos que rastejam na treva.

Na área da Educação,Ambos agem com proveito– O Cristo, sem convenção;– Kardec, sem preconceito.

Ao semear as virtudesDo Reino Espiritual– Jesus reclama atitudes;– Kardec, aprumo mental.

Levando a todo momentoReconforto à multidão– Jesus vibra o Sentimento;– Kardec esperta a Razão.

Entre dramas e conflitos,Trazendo conceito novo– Jesus consola os aflitos;– Kardec esclarece o povo.

Revelando o vir-a-serQue rege a humana ascensão– Jesus fala em Renascer;– Kardec, em Reencarnação.

No campo sério de estudoDa obra codificada– Kardec e Jesus são tudoÀ compreensão almejada.

E sob o áureo fulgorQue desce da Eternidade– Jesus convida ao AmorE Kardec, à Caridade.

Por fim, para quem se importaEm abrir da mente o leque– Jesus Cristo é a Porta;– A Chave é Allan Kardec.

Fonte de consulta: Página “O Mestre e o Apóstolo”, de Emmanuel, psicografada por Francisco Cândido Xavier. In: Opiniãoespírita, 9. ed. CEC. p. 23.

Mário Frigéri

“Eu vos enviarei o Consolador e ele vosconduzirá a toda a Verdade.” – JESUS.

Jesus e Kardec

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Hegemonia de Jesus

21Abr i l 2009 • Reformador 113399

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos

digo que, antes que Abraão existisse, eu sou.”

(JOÃO, 8:58.)

Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida 28. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 133.

impossível localizar o Cristo na História, à maneira de qualquer personali-

dade humana.

A divina revelação de que foi Emissário Excelso e o harmonioso conjun-

to de seus exemplos e ensinos falam mais alto que a mensagem instável dos mais

elevados filósofos que visitaram o mundo.

Antes de Abraão, ou precedendo os grandes vultos da sabedoria e do amor na

História mundial, o Cristo já era o luminoso centro das realizações humanas. De

sua misericórdia partiram os missionários da luz que, lançados ao movimento da

evolução terrestre, cumpriram, mais ou menos bem, a tarefa redentora que lhes

competia entre as criaturas, antecedendo as eternas edificações do Evangelho.

A localização histórica de Jesus recorda a presença pessoal do Senhor da Vinha.

O Enviado de Deus, o Tutor Amoroso e Sábio, veio abrir caminhos novos e estabe-

lecer a luta salvadora para que os homens reconheçam a condição de eternidade

que lhes é própria.

Os filósofos e amigos ilustres da Humanidade falaram às criaturas, revelando em

si uma luz refratada, como a do satélite que ilumina as noites terrenas; os apelos

desses embaixadores dignos e esclarecidos são formosos e edificantes; todavia,

nunca se furtam à mescla de sombras.

A vinda do Cristo, porém, é diversa. Em sua Presença Divina temos a fonte da

verdade positiva, o sol que resplandece.

É

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1. Introdução

O álcool, do árabe al-kuhl (es-sência) é uma das drogas mais an-tigas da Humanidade. Inicialmen-te se acreditava que teria surgidoem 6000 a.C., no Egito, onde fo-ram encontradas ruínas de umafábrica de cerveja. Porém, recen-temente, pesquisadores descobri-ram vestígios de uva apodrecidaem locais habitados por homenspré-históricos, a qual tinha em tor-no de 5% de teor alcoólico, de-monstrando que o seu consumo éancestral. No início, a utilizaçãode bebidas alcoólicas pelas socie-dades estava muito ligada à práti-ca religiosa, pois acreditava-se queelas facilitavam o contato com osdeuses. Ainda hoje, de forma dife-renciada, o álcool serve de símbo-lo para muitas religiões. Outrosentido para o uso de alcoólicosera a sua utilização tanto como

dissipador de preocupações e dorquanto como elemento abortivo.

Com a Revolução Industrial, fo-ram desenvolvidas bebidas destila-das como o uísque (usquebaugh –água da vida), as quais possuem umteor extremamente alto, gerandoinúmeros malefícios ao corpo hu-mano. Acompanhando a Revolu-ção Industrial, as bebidas fermenta-das também passaram a conter umgrau etílico maior, aumentando onúmero de dependentes em álcool.

O alcoolismo decorre do uso pro-longado, geralmente entre 20 e 25anos, de substâncias alcoólicas. Nes-ta fase, o hábito de consumir a bebi-da já está relacionado ao ritmo devida do indivíduo, sendo muito difí-cil convencê-lo a parar de ingeri-la.

2. Efeitos no cérebro

Acreditar que o álcool é so-mente um estimulante é um gran-

de engano. Ele, num primeiro mo-mento, ao agir diretamente no lo-bo frontal do cérebro, desinibe oindivíduo, modificando sobrema-neira seu comportamento social,mas sua principal característicaé provocar a depressão. Seus efei-tos podem ser observados em trêsfases:

Na primeira, o indivíduo, viade regra, perde seu senso moral,seus medos e inibições, passandoa se comportar conforme pendo-res íntimos que estavam reprimi-dos por medo das Leis do Estadoe pelos costumes vigentes no gru-po social em que se relaciona. Setinha comportamento tímido, pas-sa a se soltar, principalmente emrelação ao sexo oposto. Se eraquieto, torna-se loquaz.

Na segunda, podem ocorrerfalta de coordenação motora, des-controle dos reflexos, descontro-le emocional e agressividade. Isto

Os efeitos do álcoolna sociedade e no

Espírito imortal

22 Reformador • Abr i l 2009 114400

RO B E RTO CA R LO S FO N S E C A

Capa

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explica a mudança brusca decomportamento, visualizada ge-ralmente quando ocorrem atos deviolência após o consumo de be-bidas alcoólicas. Muitos pais defamília, que fazem uso de alcoóli-cos, ao retornarem ao lar acabampor extravasar seus pendores deviolência na esposa e nos filhos.

A terceira é caracterizada peladepressão, condição em que o in-divíduo reclama de tudo e de to-dos, da vida, do salário, e normal-mente extravasa suas angústiaspor meio de lágrimas. Ocorremtambém problemas digestivos co-mo: vômitos, diarreias, dores decabeça, sono, mal-estar geral, co-ma etc. Esta fase é mais perigo-sa, pois a depressão alcoólica po-de levar ao suicídio, principalmen-te em alcoolistas que, ao retorna-rem à realidade, percebem quenão conseguiram ficar sem a bebi-da. Este sentimento de fracasso éagente impulsionador do compor-tamento suicida.

3. A dependência

Denomina-se alcoolismo a de-pendência à bebida alcoólica, ca-racterizada pelo consumo com-pulsivo de álcool, com progressivatolerância à intoxicação produzi-da pela droga e desenvolvimento desintomas de abstinência, quan-do o consumo é interrompido. Ossintomas mais comuns no caso deuma crise de abstinência são su-dorese, aceleração cardíaca, insô-nia, náuseas e vômitos. Num esta-do mais avançado, ela se caracte-riza como delirium tremens, cau-

sando confusão mental, alucina-ções e convulsões.

Inicialmente, o alcoolista eradiscriminado, sendo tratado co-mo um ser de personalidade fra-ca. Mas, com o avanço da Ciênciae dos tratamentos, chegou-se àconclusão de que o alcoolismo é uma doença, potencialmente for-te e destruidora do caráter do in-divíduo, que faz de tudo para tersatisfeita a sua vontade de beber:mente, rouba, trai, seduz.

O alcoolismo gera deterioraçãopsicológica e física. O indivíduo,aos poucos, pela perda dos neurô-nios, tem sua capacidade mentalreduzida, descuida-se da sua apre-sentação, torna-se impontual etem a concentração nas atividadescorriqueiras limitada.

Para esta doença não há cura, oque existe é um tratamento inin-terrupto, a fim de que jamais ocor-ra novamente o consumo, sob ris-co de retornar todo o prazer em

sorver os alcoólicos, colocandoa perder todo o tratamento já realizado.

4. O álcool e asociedade

Impulsionado pelos costumessociais, pela tradição das festase comemorações múltiplas, o ho-mem não se dá conta de que oálcool é um dos maiores males queexistem na face da Terra. É agenteimpulsionador da violência, pos-sui inúmeras doenças atreladas aoseu uso abusivo, e está entranhadoem quase todas as ocasiões em queum grupo humano se reúne, comose fosse impossível conversar, tro-car ideias, tomar decisões na vidaparticular ou em sociedade, semestar com um copo na mão.

Aliado ao baixo custo de pro-dução, tornando-o uma drogaacessível a qualquer grupo social,e às políticas de governo pouco

23Abr i l 2009 • Reformador 114411

Fonte: Palestra realizada pela Fundação Universidade Federal doRio Grande – Centro Regional de Estudos, Recuperação e

Prevenção de Dependentes Químicos

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eficazes no combate ao seu consu-mo indiscriminado, ele se tornaum verdadeiro destruidor de vi-das, de carreiras e da sociedade.

5. Considerações

Se o indivíduo bebe uma vezpor semana, é um bebedor social;se de três a quatro vezes, é umbebedor excessivo; mas se bebe to-dos os dias, é considerado bebe-dor dependente. Nem todo bebedorsocial vai ser um bebedor depen-dente, porém todo dependente,um dia, já foi bebedor social. Nafase da dependência, ele dificil-mente sairá sem ajuda; é precisosolicitar auxílio a parentes, ami-gos e especialistas.

A maior dificuldade de se com-bater o uso abusivo de alcoólicosestá em ser o álcool uma drogasocialmente aceita. A maioria daspessoas tem o seu primeiro con-tato com o álcool dentro do pró-prio lar.

6. O álcool e o Espírito imortal

Joanna de Ângelis nos alerta queo uso de alcoólicos reflete o de-clínio dos valores espirituais dasociedade, sendo aceito como há-bito social. Enfatiza que a vicia-ção alcoólica inicia-se pelo aperi-tivo inocente, repete-se através dohábito social, impõe-se aos poucoscomo necessidade e converte-se emdominação absoluta pela depen-dência. Alerta também que a de-sencarnação se dá através do suicí-dio indireto, graças à sobrecargadestrutiva que o dependente deálcool depõe sobre o corpo físico.1

Os efeitos do consumo desta subs-tância transcendem os umbrais damorte, vão além dos danos causadosao corpo físico, instrumento de tra-balho da alma reencarnada, que o

devolve à terra após o desenlace, amorte. Esta substância deixa inú-meras marcas no perispírito e namente do dependente alcoólico, quese refletirão na próxima encarnação.

Da análise do texto de ManoelP. de Miranda no livro Nas Fron-teiras da Loucura, psicografia deDivaldo P. Franco, podemos con-cluir que a intoxicação alcoólicatraz os seguintes prejuízos a quemdela se torna dependente:

1. Libera toxinas que impreg-nam o perispírito;

2. Introduz impurezas amorte-cendo as vibrações;

3. Entorpecimento psíquico;4. Insensibilidade ao tratamen-

to espiritual;5. A dependência prossegue

depois da morte;6. As lesões do corpo físico

refletem-se no corpo espiritual;7. O perispírito imprime as

lesões nas futuras organizaçõesfisiológicas;

24 Reformador • Abr i l 2009 114422

1FRANCO, Divaldo P. Após a tempestade.Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 8. ed. Sal-vador (BA): LEAL, 1985. Cap. 9, Viciaçãoalcoólica, p. 49.

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8. O perispírito plasma no novocorpo físico a predisposição orgânica.

Segundo o autor espiritual, oalcoolista se transforma em peri-goso instrumento dos Espíritosinferiores, pois alimenta a simesmo e a dois tipos de entidadesque o obsidiam: os viciados, que sealimentam dos alcoólicos, e osque se aproveitam da fraqueza doobsidiado.2

Se pudéssemos visualizar umambiente onde se consomem subs-tâncias alcoólicas, seja um bar, umafesta ou no próprio lar, estaríamosa observar diversas entidades es-pirituais viciadas em álcool a sor-verem fluidos alcoólicos que saemdas vísceras dos bebedores. Por is-so é que muitas vezes a propensãopara começar ou continuar a be-ber é extremamente forte, pois háum Espírito induzindo-o constan-temente ao consumo, o qual so-mente desta forma consegue tersua vontade saciada, tendo em vis-ta não ser possível ao Espírito de-sencarnado o consumo direto dasubstância.

Neste contexto, Emmanuel nosesclarece que:

O viciado ao alimentar o vício

dessas entidades que a ele se

apegam, para usufruir das mes-

mas inalações inebriantes, atra-

vés de um processo de simbiose

em níveis vibratórios, coleta em

seu prejuízo as impregnações

fluídicas maléficas daqueles,

deixando o viciado enfermiço,

triste, grosseiro, infeliz, preso à

vontade de entidades inferiores,

sem o domínio da consciência

dos seus verdadeiros desejos.

Como se manter longedas drogas?

Cultive um bom ambiente fa-miliar, tenha em seu lar a visuali-zação de um local de aprendizadopara a vivência no mundo exte-rior, na vida em sociedade. Segun-do Emmanuel, no livro O Conso-lador, questão 110, Ed. FEB,

[...] a melhor escola [de prepa-

ração das almas reencarnadas

na Terra] ainda é o lar, onde a

criatura deve receber as bases

do sentimento e do caráter.

Se conheces alguém que façauso abusivo ou é dependente deálcool, oferece-lhe ajuda atravésda Casa Espírita, onde ele poderáencontrar diversos tratamentos queo conduzirão a uma posição favo-rável ao não prosseguimento douso, tais como: o passe, a águafluidificada, as reuniões de desob-

sessão, as preces e os ensinamentos,com base no Evangelho de Jesus,encaminhando-o a uma instituiçãoespecializada no tratamento dealcoolistas, para que estas terapias,em conjunto, consigam auxiliá--lo em sua recuperação. Lembran-do sempre que é imprescindí-vel o acompanhamento médico,e que o tratamento ambulatorialjamais deve ser interrompido.

Bibliografia:Inteligência. Qual o tamanho da sua?

Revista Superinteressante, ano 22, n. 8,

ago. 2008. São Paulo: Editora Abril S/A.

Palestra realizada pela Fundação Univer-

sidade Federal do Rio Grande – Centro

Regional de Estudos, Recuperação e Pre-

venção de Dependentes Químicos.

SANTOS, Rosa Maria Silvestre. “A pre-

venção de drogas à luz da ciência e da

doutrina espírita – Reflexões para jovens

e educadores”. Apostila.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Secretaria

Nacional Antidrogas. Prevenção ao uso

indevido de drogas: Curso de Capacita-

ção para Conselheiros Municipais. Brasí-

lia: 2008.

Sites pesquisados: <www.senad.gov.br>;

<www.cebrid.epm.br>.

VILELLA, Ana Luisa Miranda. “Drogas”.

Apostila.

25Abr i l 2009 • Reformador 114433

2Idem. Nas fronteiras da loucura. Pelo Espí-rito Manoel P. de Miranda. Salvador, BA:LEAL, 1982. Cap. 11, Efeitos das drogas, p. 88.

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m termos biológicos, sono éum estado comum a todosos animais vertebrados, ma-

nifestado na forma do ciclo so-no–vigília que, no homem, é acom-panhado por graus variáveis deinconsciência e de relativa inativi-dade. Exames específicos (ativida-de elétrica cerebral e muscular, fre-quência cardíaca e respiratória,pressão arterial, reações bioquí-micas) indicam que durante o so-no ocorrem mudanças fisiológi-cas significativas: queda da tem-peratura corporal, diminuição naprodução da urina, variações dafrequência cardíaca, respiratória eda pressão sanguínea, ativação dasfunções nervosas autônomas, au-mento do metabolismo e fluxo san-guíneo no cérebro, modificaçõesdas taxas usuais de alguns hor-mônios, como as do HC (hormô-nio do crescimento),do ACTH (ade-nocorticortrópico), do HL (hor-mônio luteinizante), do cortisol eda prolactina.1

Os estudos acadêmicos e as pes-quisas científicas relacionam umasérie de possíveis causas que justi-ficariam essas e outras alterações fi-siológicas, ocorridas durante osono. A hipótese da existência da al-ma, atuando em outro nível de exis-tência, ainda não é cogitada. Con-tudo, a explicação espírita é maisviável entre elas, não há dúvida:

“[...] o Espírito jamais está ina-

tivo. Durante o sono, afrou-

xam-se os laços que o prendem

ao corpo e, então, não precisan-

do o corpo de sua presença, o

Espírito se lança no espaço e en-

tra em relação mais direta com

os outros Espíritos”.2

Nesta situação, a alma afasta-sedo seu corpo físico, mas a ele per-manece ligada por meio do peris-pírito, o qual, por sua vez, trans-mite ao veículo somático as im-pressões, boas ou más, vindas doEspírito, conforme a natureza das

atividades que ele desenvolve naoutra dimensão. Importa consi-derar que

“[...] o Espírito se acha preso ao

corpo qual balão cativo ao poste.

Ora, da mesma forma que as

sacudidelas do balão abalam o

poste, a atividade do Espírito rea-

ge sobre o corpo e pode fatigá-lo”.3

Kardec faz outras considera-ções, igualmente importantes:

O corpo repousa durante o so-

no, mas o Espírito não tem ne-

cessidade de repousar. Enquan-

to os sentidos físicos se acham

entorpecidos, a alma se des-

prende parcialmente da matéria

e goza das suas faculdades de

Espírito. O sono foi dado ao ho-

mem para reparação das forças

orgânicas e morais. Enquanto o

corpo recupera os elementos que

perdeu por efeito da atividade

de vigília, o Espírito vai retem-

26 Reformador • Abr i l 2009 114444

E

Sono esonhos

MA RTA AN T U N E S MO U R A

Em dia com o Espiritismo

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perar-se entre os outros Es-

píritos. Naquilo que vê, no que

ouve e nos conselhos que lhe dão,

haure ideias que, ao despertar,

lhe surgem em estado de intui-

ção. É a volta temporária do exi-

lado à sua verdadeira pátria. É

o prisioneiro restituído mo-

mentaneamente à liberdade.

Mas, como se dá com o presi-

diário perverso, acontece que

nem sempre o Espírito aprovei-

ta esse momento de liberdade

para seu adiantamento. Se con-

serva instintos maus, em vez de

procurar a companhia de Espí-

ritos bons, busca a de seus iguais

e vai visitar os lugares onde

possa dar livre curso às suas

inclinações.4

O conhecimento atual sobre osmecanismos do sono revelam queeste passa por cinco estágios oufases, durante os quais as ondascerebrais diminuem de intensida-de até atingir um estado de rela-xamento profundo, consequentede ação no hipotálamo – impor-tante área do cérebro, ligada aoestado de consciência, reguladorade processos metabólicos e autô-nomos do organismo –, e no cór-tex cerebral – camada mais exter-na do cérebro, rica de neurônios,local de realização de funçõescomplexas como memória, aten-ção, consciência, linguagem, per-cepção e pensamento.

Admite-se que nas quatro fases,conhecidas como não-REM (Ra-pid Eyes Moviment – MovimentosOculares Rápidos), há uma transi-ção, cada vez mais profunda, entre

a vigília e o sono. Na quinta fase,designada por REM, ocorre osono, propriamente dito, demons-trado por um relaxamento cor-poral profundo. É o período noqual, efetivamente, a pessoa sonhae, em geral, recorda o que sonhou.

O conceito de sonho nãoapresenta consenso científico, masabordagens bem fundamentadas,divulgadas por diferentes escolas.A Medicina, geralmente, determi-na que o sonho é uma espécie deimaginação, a ocorrência de ideias,emoções e sensações percebidasdurante o sono. A Psicologia ensi-na que é a forma do inconscienteexpressar-se. Alguns neurocientis-tas defendem a tese de que o sonhoseria o trânsito de informações

necessárias à manutenção das fun-ções cerebrais e mentais, algumasespecíficas, como as relacionadasà memória. Tais conceitos não ex-plicam, contudo, sonhos nítidos, ló-gicos e objetivos que muitos cien-tistas, artistas, inventores, literatosetc., tiveram. Thomas Edison, porexemplo, sonhou com o fonógrafoe outros inventos, antes de cons-truí-los. Durante uma viagem àAlemanha, em 1619, René Descar-tes (1596-1650) sonha com umsistema filosófico que desenvol-veria, mais tarde, com o nomede Discurso do Método, base dametodologia científica dos séculosseguintes.

O sonho apresenta cunho mís-tico e premonitório, benéfico ou

27Abr i l 2009 • Reformador 114455

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maléfico, para a maioria das tra-dições religiosas. No Velho Tes-tamento, quase todos os profetaspossuíam a capacidade de preveracontecimentos por meio dos so-nhos. Podemos ilustrar com ossonhos proféticos e as interpreta-ções oníricas de Daniel (7:1-28),assim como os de Salomão (1Reis,3:5-15). No Novo Testamento,destaca-se a figura de José, querecebe avisos do anjo Gabriel:Mateus, 1:18-25 – O nascimentode Jesus Cristo; Mateus, 2:13-14 –A fuga para o Egito; Mateus, 2: 19--21 – A volta do Egito.

É preciso analisar com sensocrítico a interpretação dos sonhosque, corriqueira nas Escrituras enos tempos antigos, tomou dois ru-mos: um banal e supersticioso, mui-to ao gosto na população, em geral,e outro restrito aos estudiosos e àelite intelectual, que o vestiram deroupagem científica, em especialcom os trabalhos de dois médicos:o austríaco Sigmund Freud (1856--1939), considerado Pai da Psica-nálise, e o psiquiatra suíço CarlGustav Jung (1875-1961).

Ambos os resultados – banali-zação e cientificação do signifi-cado dos sonhos – indicam que oassunto não é tão simples, co-mo pode parecer à primeira vista.Entretanto, fica evidente que hádois tipos de sonhos: os incoeren-tes e os coerentes. Os primeirossão utilizados por adivinhos, nemsempre bem intencionados, pro-duzindo logro e explorando aboa-fé dos que lhes fazem consul-tas. Os segundos servem de apoioa práticas psiquiátricas e psicoló-

gicas. Revelam, também, algo mais:a atividade da alma nos momen-tos do sono e a existência de fa-culdades do Espírito, muitas delasdesconhecidas ou ignoradas, nomeio acadêmico e no religioso. Taisatributos do Espírito são faculda-des denominadas emancipação daalma, pelo Espiritismo.

É preciso cautela, desenvolvermais ponderação a respeito dosignificado dos sonhos, seguindoeste conselho dos orientadores daCodificação Espírita:

“Procurai distinguir bem essas

duas espécies de sonhos, entre

aqueles de que vos lembrais;

sem isso, cairíeis em contradi-

ções e em erros que seriam fu-

nestos à vossa fé”.5

Na verdade, sonhar é inerente ànatureza humana. Até os bebês,ainda no útero materno, sonham,como o demonstram pesquisascientíficas recentes. Todos os indi-víduos sonham, mesmo que não serecordem dos acontecimentos oudos detalhes. Mas, tal como acon-tece com as demais faculdades psí-quicas, a capacidade de sonhar po-de ser aperfeiçoada e ampliada,pelo exercício e pelo estudo.

Refletindo sobre as orientaçõesque os Espíritos transmitiram so-bre o tema, Kardec esclarece:

“Os sonhos são efeito da emanci-

pação da alma, que se torna mais

independente pela suspensão da

vida ativa e de relação. Daí uma

espécie de clarividência indefi-

nida, que se estende aos lugares

mais distantes ou que jamais

se viu, e algumas vezes até a

outros mundos. Daí também

a lembrança que traz à memó-

ria acontecimentos verificados

na precedente existência ou em

existências anteriores. A extra-

vagância das imagens do que se

passa ou se passou em mundos

desconhecidos, entremeados de

coisas do mundo atual, formam

esses conjuntos bizarros e con-

fusos, que parecem não ter sen-

tido ou ligação.

A incoerência dos sonhos ainda

se explica pelas lacunas pro-

duzidas pela lembrança incom-

pleta daquilo que nos apareceu

em sonho. Seria algo como uma

narração, da qual se truncas-

sem frases ou trechos ao acaso:

reunidos depois, os fragmen-

tos restantes perderiam qualquer

significação racional”.5

Referências:1THOMAS, Clayton. Dicionário médico en-

ciclopédico taber. Tradução de Fernando

Gomes do Nascimento. 17. ed. São Paulo:

Ed. Manole, 2000. p. 1634.2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de Evandro Noleto Bezerra. 3. ed.

Comemorativa do Sesquicentenário. Rio

de Janeiro: FEB, 2007. Q. 401.3______. ______. Q. 412.4______. O evangelho segundo o espiri-

tismo. Tradução de Evandro Noleto Be-

zerra. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 28,

item 38.5______. O livro dos espíritos. Tradução

de Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. Come-

morativa do Sesquicentenário. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2007. Q. 402.

28 Reformador • Abr i l 2009 114466

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29Abr i l 2009 • Reformador 114477

errar os olhos dos filhosamados, especialmente osque desencarnam ainda

crianças, dilacera a ternura dospais, que permanecem a indagar,sem palavras, para onde seus entesqueridos se dirigem, após a mortedo pequeno corpo, impassível esilencioso.

A evidência da morte torna-seum fato cruel e inexorável, tal co-mo se apresenta em nosso meio,desafiando a coragem e a fé dosque acreditam na Justiça Divina.Haverá algo mais desalentador doque a ideia da destruição absolutados filhos que criamos com tantodesvelo? Esta e outras indagaçõessurgem no momento derradeiro,causando-nos amargas afliçõese deixando-nos atônitos diante do doloroso testemunho de vermospartir aqueles que mais amamos.

Entretanto, é preciso crer, in-cessantemente, na imortalidadedo Espírito!

Allan Kardec, no capítulo II, deO Céu e o Inferno, considera:

O homem, seja qual for a escala

de sua posição social [...] tem o

sentimento inato do futuro;

diz-lhe a intuição que a morte

não é a última fase da existên-

cia e que aqueles cuja perda la-

mentamos não estão irremis-

sivelmente perdidos.1

Referindo-se ao fenômeno damorte, Léon Denis (1846-1927),escritor francês, fervoroso divul-gador do Espiritismo, elucida,acertadamente:

[...] A morte [...] em nada muda

a nossa natureza espiritual, os

nossos caracteres, o que constitui

o nosso verdadeiro “eu”; apenas

nos torna mais livres, dota-nos

de uma liberdade, cuja exten-

são se mede pelo nosso grau de

adiantamento. De um, como do

outro lado, temos a possibilidade

de fazer o bem ou o mal, a facili-

dade de adiantar-nos, de progre-

dir, de reformar-nos.2

Cientes da veracidade destaproposição, é preciso encarar amorte como simples passagempara a verdadeira vida, e nos cabeconhecer as condições e vivênciasencontradas no plano invisível, no-ticiadas pelos próprios Espíritos,

ao se utilizarem dos meios de co-municação de que dispõem.

Na obra Entre a Terra e o Céu,de André Luiz, médico desencar-nado, responsável pela autoria devários livros, psicografados porFrancisco C. Xavier, que nosorientam sobre a contextura dosfatos ocorridos entre os doismundos, destaca-se a instituiçãoLar da Bênção que, aos olhos dopreclaro autor espiritual, surgecomo “abençoada e colorida col-meia de amor, harmonioso casa-rio”.3 Trata-se de uma importantecolônia educativa, criada para serescola de mães e domicílio dascrianças que retornam da esfe-ra carnal, conforme afirma oescritor, ao ouvir as explica-ções de Blandina, dedicada sea-reira a serviço da infância, na-quele abençoado refúgio. Diz, agenerosa guardiã:

[...] Tenho tarefas variadas aqui

e alhures, entretanto, sou me-

ra servidora. O nosso educan-

dário guarda mais de duas mil

crianças, mas, sob os meus cui-

dados, permanecem apenas do-

ze. Somos um grande conjunto

Mensagemconsoladora

aos pais

CCL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

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de lares [...] e conosco multidões

de meninos encontram abrigo

para o desenvolvimento que lhes

é necessário [...].4

As crianças, ao desencarnar,não prescindem do período derecuperação; são encaminhadaspara as inúmeras unidades infan-tis existentes no mundo espiritual,atendidas por mães substitutas,companheiras abnegadas, desve-ladas, carinhosas e dedicadas aoserviço do bem. Nesses locais, sãoministrados cuidados especiais,indispensáveis à melhoria dos me-ninos e meninas que lá aportam.

A resposta à questão 381, de OLivro dos Espíritos, relacionadacom o tema, aclara-nos sobre acriança, depois de sua morte, aoreadquirir, como Espírito, oseu precedente vigor:

“Assim tem que ser, pois que

se vê desembaraçado de seu

invólucro corporal. Entretanto,

não readquire a anterior lucidez,

senão quando se tenha completa-

mente separado daquele envoltó-

rio, isto é, quando mais nenhum

laço exista entre ele e o corpo”.5

Os Espíritos que já alcançaramelevada classe evolutiva, de possedo seu equilíbrio mental, adqui-rem o poder de facilmente des-prender-se do corpo material,compreendendo as razões da de-sencarnação prematura. Na obrade André Luiz, citada, sua interlo-cutora, Blandina, afirma conhecer

[...] grandes almas que renas-

ceram na Terra por brevíssimo

prazo, simplesmente com o ob-

jetivo de acordar corações que-

ridos para a aquisição de valo-

res morais, recobrando, logo

após o serviço levado a efeito, a

respectiva apresentação que lhes

era costumeira.6

A dor é o grande e abençoadoremédio7 e é sempre o elementoamigo e indispensável de que dispo-mos para o aprendizado de com-portamentos morais mais sublimes.

O Espírito Neio Lúcio, no livroMensagem do Pequeno Morto, de-dica páginas singelas aos mais jo-vens, oferecendo conhecimentosvaliosos sobre as impressões deum menino, de nome Carlos, des-de os primeiros momentos de seudesenlace do corpo físico e dasparticularidades ocorridas duran-te o seu processo de adaptação naEspiritualidade, amparado por fa-miliares que lhe precederam napassagem pela sombra do túmulo.O estimado Benfeitor, através damediunidade de Francisco C. Xa-vier, registra, de forma sensível, asdificuldades vividas pelo Espírito,no período inicial de sua chegadaà instituição que o acolheu. Relatao infante:

Tanta serenidade infundiu-me

confiança. Contudo, os gritos

que eu ouvia perturbavam-me

o equilíbrio. Por que motivo es-

cutava semelhantes vozes da

30 Reformador • Abr i l 2009 114488

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mamãe, ali, onde não tinham

razão de ser? Imenso mal-estar

apoderou-se de mim. Todas as

dores, que eu sentia anterior-

mente, regressaram ao meu

corpo.8

O Espírito tem consciência dospensamentos que se lhe dirigem enossos esforços devem ser no sen-tido de transmitir vibrações afe-tuosas, em atitude de resignação,para atenuar esses instantes e per-mitir, ao ser que parte, soltar-se,mais facilmente, dos últimos laçosque o acorrentam à Terra.

O lenitivo chega por meio daspalavras benevolentes do EspíritoSanson, ex-membro da SociedadeEspírita de Paris, publicadas em OEvangelho segundo o Espiritismo,capítulo V, item 21. De forma dul-císsima, ele nos aconselha:

[...] Vós, espíritas, porém, sa-

beis que a alma vive melhor quan-

do desembaraçada do seu in-

vólucro corpóreo. Mães, sabei

que vossos filhos bem-amados

estão perto de vós; sim, estão

muito perto; seus corpos fluí-

dicos vos envolvem, seus pen-

samentos vos protegem, a lem-

brança que deles guardais os

transporta de alegria [...]9

Nossos filhos, pois, continuamvivos no mundo espiritual. Preci-samos adquirir convicção inaba-lável a respeito dessa realidade ede sua grandeza! O conhecimen-to da sobrevivência do Espírito éextremamente importante à com-preensão de todos os familiares,

para que não se deixem extenuarpelo excessivo sofrimento, eterni-zando-o.

Com a luz divina no coração,elevemos a nossa visão imaterialpara os novos e mais sublimes ho-rizontes na vida do Infinito. E, co-mo Léon Denis, proclamemos:

Não é, pois, com um hino fúne-

bre que devemos acolher a mor-

te, e sim com um cântico de vi-

da, porque não é o astro da tarde

que se ergue cruel, mas a estrela

radiosa da verdadeira manhã.10

(Grifo nosso.)

Referências:1KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Tradu-

ção de Manuel Justiniano Quintão. Edição

de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 2006. P. 1,

cap. 2, item 1.2DENIS, Léon. O problema do ser, do des-

tino e da dor. 8. ed. 1. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2008. P. 1, cap. 10, p. 183-184.3XAVIER, Francisco C. Entre a terra e o

céu. Pelo Espírito André Luiz. 2. ed. esp.

Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 8, p. 59.4______.______. Cap. 11, p. 75.5KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Tradução de Guillon Ribeiro. 91. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Q. 381.6XAVIER, Francisco C. Op. cit., cap. 10, p.

70-71.7______.______. Cap. 21, p. 147.8______. Mensagem do pequeno morto: a

grande viagem. Pelo Espírito Neio Lúcio.

10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Carinho

e conforto, p. 30.9KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.

13. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,

2008. Cap. 5, item 21, p. 123-124.10DENIS, Léon. O grande enigma. Rio de

Janeiro: FEB, 2008. P. 3, A lei circular, a

missão do século XX, item 15, p. 213.

31Abr i l 2009 • Reformador 114499

Aos ColaboradoresAos nossos prezados colaboradores solicitamos o obséquio

de enviarem suas matérias, de preferência, digitadas no progra-ma Word, fonte Times New Roman, tamanho de fonte 12, régua15, justificado. O texto, para ser devidamente ilustrado, deveconter: até 30 linhas (1 página), até 80 linhas (2 páginas) e até110 linhas (3 páginas).

Nas citações, mencionar as respectivas fontes (autor, títuloda obra, edição, local, editora, capítulo e página), em nota derodapé ou referência bibliográfica.

Em face da grande quantidade de artigos recebidos, a Re-dação não se compromete com a publicação de todos, arquivan-do os não publicados, independentemente de comunicaçãoaos seus autores.

Agradecemos o apoio e a compreensão de todos, e quepossamos continuar unidos na tarefa de divulgação da Dou-trina Espírita.

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nenhum esperantista-espírita passará des-percebido o conteúdo do opúsculo Uma his-tória do mundo espiritual, nascido da inspira-

da sensibilidade de Cecília Rocha e Clara Araújo erecentemente publicado pela FEB

Temos ali, em abordagens adequadas ao públicoinfanto-juvenil, temas do Esperantismo e do Espiri-tismo harmoniosamente entrelaçados e solidamenteembasados em realidades da vida do mundo espiri-tual, como as conhecemos pelasrevelações trazidas por eminen-tes autores desencarnados atra-vés de médiuns respeitáveis.

A história se desenrola numaColônia destinada a acolher Espí-ritos que desencarnaram na idadeinfantil, semelhante, na essência, amuitas instituições congêneresdo além-túmulo, como, por exem-plo, a descrita pelo Espírito IrmãoJacob na obra Voltei, psicografadapor Francisco Cândido Xavier.

Mas, a particularidade da felizconcepção de Cecília Rocha e Clara Araújo reside nofato de que a Colônia é esperantista, abriga Espíritosde crianças de nacionalidades diferentes que para alivão aprender o esperanto.

Quem leu Memórias de um Suicida, ditada porcélebre romancista português à médium Yvonne A.Pereira, pôde informar-se sobre a existência de umaUniversidade Esperantista, sediada em alta esfera domundo espiritual, cujas atividades se estendem a ou-tras regiões do mundo invisível, inclusive aquelasdestinadas ao acolhimento e tratamento de suicidas,

sob a direção da Colônia Maria de Nazaré, o que nosautoriza a crer na existência de colônias de diferentenatureza, dirigidas por aquela Universidade, comovemos concebida na obra em foco.

Outra particularidade da instituição registrada pe-la sensibilidade de Cecília Rocha e Clara Araújo éque de lá, após aprenderem a Língua InternacionalNeutra, os Espíritos se encaminham para outroseducandários do plano espiritual. Aqui tomamos

a liberdade de avançar que taiseducandários se situariam em re-giões espirituais de diversos paí-ses, onde aqueles Espíritos reen-carnariam para o desempenho detarefas nas quais também o espe-ranto entraria como ferramentade trabalho.

Um dos pontos altos do textoestá na ênfase com que as auto-ras se referem ao idioma comofator de aproximação das crian-ças do mundo inteiro, com ofacilitar-lhes a comunicação sem

os entraves da diversidade linguística, assim con-tribuindo para o estabelecimento da fraternidadeuniversal.

Muito mais poderíamos falar sobre a bela e sim-ples produção de Cecília Rocha e Clara Araújo, masfinalizamos, expressando a esperança de que essalarga visão dos benefícios do uso do esperanto e daprática do Esperantismo na educação das criançasvenha a ter fecunda influência no enriquecimen-to do conteúdo dos currículos da evangelizaçãoinfanto-juvenil.

“Uma história do mundo espiritual”

A

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

32 Reformador • Abr i l 2009 115500

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Acaba de ser publicada pela FEB uma edição espe-cial de O Evangelho segundo o Espiritismo, na LínguaInternacional Neutra.

Três edições a antecederam, desde o seu lança-mento em 1947, ocasião em que os Espíritos Cruz eSouza e Abel Gomes saudaram a bela iniciativa,ditando sonetos, respectivamente, aos médiunsFrancisco Cândido Xavier (em português) e Luís da

Costa Porto Carreiro Neto(em esperanto).

Reproduzimos abaixo apeça de Abel Gomes, cons-tante da obra Mediuma Poemaro e psicografada em1/11/1947, com a respectivaversão em prosa.

33Abr i l 2009 • Reformador 115511

Reaparece “La Evangelio la9

Spiritismo”

Nova lumo venis al la Tero,Lumo sankta de la Sankta Dio!Disflui1as tute la misteroSub la forto de l’Evangelio.

Nun la pordoj bronzaj de l’karcero,Entenanta ombron de l’Nescio,Falas brue... Restas nur polvero...For mallumo! hela estas /io!

Vivon novan nun ricevis vortoDe l’eterna Majstro el la fortoDe la flora lingvo Esperanto.

Nun popoloj /iuj vidos klare,Dion bonan dankos, kaj grandareKolekti1os por la nova kanto!

Uma nova luz veio à Terra,Luz sagrada do Deus santo!Dissipa-se completamente o mistérioSob a força do Evangelho.

Agora, as portas brônzeas do cárcere,Em que se encerra a sombra da Ignorância,Caem fragorosamente... Resta apenas pó...Para longe a treva! Tudo se aclara!

Ganha vida nova a palavraDo eterno Mestre, pela forçaDa florescente língua Esperanto.

Todos os povos verão com clareza,Agradecerão ao bom Deus, e, em massa,Se reunirão para entoar um novo canto!

Nova Lumo Nova Luz

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34 Reformador • Abr i l 2009 115522

m estudo do Fundo daOrganização das NaçõesUnidas para a População, di-

vulgado na primeira quinzena denovembro de 2008, revela que atéa metade deste século o Brasil de-verá ter 254,1 milhões de habitan-tes. O estudo mostra ainda que oPaís encerrou o ano de 2008 com194,2 milhões de pessoas, o que ocolocará na quinta posição entre

os maiores do mundo em termosdemográficos.

Porém, com tudo isso, o Bra-sil ainda está longe de chegar aotopo da lista, encabeçada hojepor China, Índia, Estados Unidose Indonésia. Aliás, o primeiro lu-gar deverá ser ocupado pela Ín-dia, que passará do atual 1,1 bi-lhão para 1,6 bilhão, ultrapassan-do a China. De acordo com o mes-mo estudo, até 2050 o mundo pas-sará dos atuais 6,74 bilhões depessoas para 9,19 bilhões. As in-formações foram divulgadas naInternet pelo Jornal do Commer-cio, de Recife, na reportagem “Bra-sil terá população de 254,1 milhõesem 2050”.

De um lado, um contingentepopulacional vivendo em plenamiséria, amargando a fome e asdoenças decorrentes da desnutri-ção. Do outro, nações esbanjandoconforto e riqueza, onde o neces-sário para viver é ultrapassado pe-lo supérfluo em consequência daonda avassaladora do consumis-mo. Em síntese, este é o problemado crescimento demográfico, in-

dissociável da distribuição plane-tária da riqueza. O conflito se esta-belece porque vemos nos paísespobres o aumento da miséria, dafome e das epidemias associadoao seu crescimento populacional,enquanto os países ricos são res-ponsabilizados por muitos malesque ameaçam o futuro do nossoplaneta, como a destruição dasflorestas, da camada de ozônio e dabiodiversidade.

A nosso ver, a magna questãoestá na busca de soluções e políti-cas que promovam o desenvolvi-mento humano e o esclarecimentoàs populações, famílias e indiví-duos, em face da responsabilidadeda reprodução. No entanto, o quenão pode haver é o controle do cres-cimento demográfico que venhaa ferir as liberdades individuais.

A Doutrina Espírita não pregaa procriação descontrolada ou osofrimento como meta, mas evi-dencia os compromissos que oEspírito assume ao encarnar, en-tre eles o de proporcionar a encar-nação de outros seres humanospara a perpetuação da espécie.

População do BrasilEm 2050 ultrapassará 250 milhões

Crescimento demográfico – Miséria e desnutrição – Controle da natalidade

UGE R S O N SI M Õ E S MO N T E I RO

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Os que advogam o controleda natalidade, utilizando a prá-tica do aborto, em razão doaumento demográfico, baseiam--se na tese defendida em 1798 peloinglês Thomas Robert Malthus(1766-1834), ao escrever Um En-saio sobre o Princípio da Popula-ção. Malthus preconizou que aspopulações desapareceriam se nãose impusesse um controle à suamultiplicação. Segundo ele, a pro-dução dos recursos essenciais à so-brevivência do homem cresce emuma progressão aritmética, ao pas-so que o aumento populacionalsegue o ritmo de uma progressãogeométrica.

A espécie humana, no entanto,usando a inteligência de que é do-tada, vem criando formas de pro-dução necessárias à sua manuten-ção no orbe terrestre. Entretanto,elas esbarram em um obstáculo di-fícil de ser superado: o consumodas riquezas do Planeta aliado àsaturação de detritos, a uma veloci-dade que poderá ser insustentávelem virtude do crescimento popu-lacional já existente, como pode-mos constatar nos dados a seguir.

A população mundial estimadaaté 1500, que era de 500 milhões dehabitantes, já em 1961 alcançavaa casa dos três bilhões. No dia 13de agosto de 1987, isto é, 26 anosdepois, o mundo comemorou acasa dos cinco bilhões. Hoje se esti-ma a cifra de 6,5 bilhões. JacquesVallin, em sua obra La PoblaciónMondial 1 enfatiza que, embora sejaconseguida a estabilização do cres-cimento populacional, mesmo naforma mais otimista, ou seja, ade dez bilhões de pessoas no ano de2050, o maior desafio da Humani-dade não será quantos nós seremosno futuro próximo, mas sim comohaveremos de fazer para vivermoscom tanta gente demandando ali-mento, roupa, calçado, transporte,moradia, assistência médica etc.

Diante desse quadro, é com-preensível que as autoridades decada nação estejam cada vez maispreocupadas com o estabeleci-mento do equilíbrio entre a pro-dução e o consumo, com o objeti-vo de evitar o caos social. Con-

tudo, muitas delas não se detêm noaspecto moral para a solução docontrole da natalidade. Neste sen-tido, a preocupação dos espíritas éjusta, com relação às políticas go-vernamentais que favorecem oaborto e outras medidas antina-turais.

A Doutrina Espírita só endos-sa a prática do aborto quandonão há outro meio de salvar avida da gestante,2 e rejeita-o noscasos de estupro, bem como porrazões econômicas ou de máformação dos fetos, inclusivedos anencéfalos. Essa posiçãocontra o aborto é alicerçada nasua filosofia espiritualista e reen-carnacionista, ao considerar quea vida já começa desde a concep-ção,3 e que sua interrupção seconstitui num crime, por impe-dir a volta do Espírito reencar-nante à Terra, a fim de passarpelas provas necessárias ao seuprogresso espiritual.

35Abr i l 2009 • Reformador 115533

1Op. cit. Madrid: Alianza Editorial, 1995.p. 129.

2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 1. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2008. Q. 358 e 359.

3Idem, ibidem. Q. 344.

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s vésperas da sua prisãono Getsêmani, o Mestrereuniu a pequena comu-

nidade dos seus discípulos diletos,com desvelado carinho, revelandoos ásperos testemunhos que osaguardavam, apontando as dire-

trizes do trabalho apostólico econsolando o coração aflito e te-meroso dos seus seguidores.

Naquele momento, entregariao Cristo aos homens a revelaçãoinesquecível acerca da sua pessoae missão: “Eu sou o Caminho, aVerdade, e a Vida. Ninguém vemao Pai a não ser por mim”.1 Oemissário celeste, com vistas à

implantação do Reino de Deus nomundo, estabelecia o sublimeroteiro, consubstanciado no seuEvangelho de Amor.

A presença do Cristo no Orbeera prova de que o Céu descera àTerra, vencendo gigantesco abis-mo, para revelar e provar a bon-dade e a misericórdia infinitas deDeus. Pelo trabalho infatigávelde suas mãos augustas, surgira pa-ra a Humanidade o luminoso cami-nho entre o coração humano e oPai. A comunhão da criatura como Criador tornara-se uma realidade.

A comunidade cristã primitiva,incluindo os apóstolos, costuma-va utilizar em suas citações doAntigo Testamento uma versãogrega, elaborada no século II a.C.,conhecida como Septuaginta ouVersão dos Setenta (LXX).

Na Septuaginta, o vocábulogrego hodos (caminho) traduz apalavra hebraica derek (caminho).No sentido comum, esse termo in-dica o lugar no qual se anda, diri-ge ou marcha. Porém, desde aAntiguidade, a expressão é empre-gada em sentido figurado, signifi-cando “medidas, procedimentos,o meio de atingir o alvo, o estilo e

36 Reformador • Abr i l 2009 115544

À

Cristianismo Redivivo

HA RO L D O DU T R A DI A S

“Eu sou o Caminho.” 1

Caminho para Deus

1Bíblia de Jerusalém. 3. ed. São Paulo:PAULUS, 2004. João, 14:6, p. 1879.

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o modo de realizar algo”, ou ainda“o modo pelo qual se vive”.

Assim, hodos (caminho) podesignificar os atos ou o comporta-mento dos homens, a forma co-mo a vida é conduzida (Êxodo,18:20). A vida como um todo, ounos seus aspectos individuais,pode ser chamada “um caminho”(Salmos, 119:105; Isaías, 53:6).

Nesse contexto, a vida de umapessoa pode ser qualificada de ummodo positivo (Jeremias, 6:16;Provérbios, 8:20) ou de um modonegativo (Jeremias, 25:5; Provér-bios, 8:13). O ponto de referência,no Antigo Testamento, para ava-liar o caminho que o homem se-gue, é a vontade de Deus. Se o ho-mem permite que a vontade Divi-na seja o fator determinante dassuas ações, significa que anda no

caminho de Deus.Caso contrário,ele apenas segueum caminho queescolheu para si(Jeremias, 7:23--24), que é o “ca-minho dos peca-dores” (Salmos,1:1).

Por esta razão,os textos dos Pro-fetas constituemum verdadeirochamamento aoarrependimentodos maus cami-nhos (Jeremias,25:5; Isaías, 55:7).É nesse sentidoque pode serentendido o tra-

balho de João Batista como pre-cursor, ou seja, aquele que prepa-ra o caminho para Jesus, median-te o anúncio da vinda do Messias,e também, mediante o chama-mento ao arrependimento.

Expressando esse ângulo doensinamento, asseverou o Benfei-tor Emmanuel:

Se o determinismo divino é o

do bem, quem criou o mal?

– O determinismo divino se

constitui de uma só lei, que é a do

amor para a comunidade univer-

sal. Todavia, confiando em si

mesmo, mais do que em Deus, o

homem transforma a sua fragili-

dade em foco de ações contrárias

a essa mesma lei, efetuando,

desse modo, uma intervenção

indébita na harmonia divina.

Eis o mal.

Urge recompor os elos sagrados

dessa harmonia sublime.

Eis o resgate.

[...]

O Criador é sempre o pai gene-

roso e sábio, justo e amigo, con-

siderando os filhos transviados

como incursos em vastas expe-

riências. Mas, como Jesus e os

seus prepostos são seus coope-

radores divinos, e eles próprios

instituem as tarefas contra os

desvios das criaturas humanas,

focalizam os prejuízos do mal

com a força de suas responsabi-

lidades educativas, a fim de que

a Humanidade siga retamente

no seu verdadeiro caminho para

Deus.2 (Grifo nosso.)

Não é por outra razão que aexpressão “andar nos caminhosdo Senhor” significa, no AntigoTestamento, agir de acordo com avontade de Deus, revelada emseus mandamentos, estatutos eordenanças (1Reis, 2:3; 8:58).

A lei de Deus é chamada “ocaminho do Senhor” (Jeremias,5:4), e os Profetas se esforçam pa-ra convencer as pessoas da neces-sidade de sua observância, porqueIsrael sucumbe, vezes sem conta,à tentação de evitar as admoesta-ções Divinas (Êxodo, 32:8; Mala-quias, 2:8). Considerando-se asenormes dificuldades encontradaspara manter-se fiel aos desígniosdivinos, pode-se entender a eufo-

37Abr i l 2009 • Reformador 115555

2XAVIER, Francisco C. O consolador. PeloEspírito Emmanuel. 28. ed. 1. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2008. Q. 135.

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ria do salmista: “Guardei os cami-nhos do Senhor” (Salmos, 18:21).

Nessa linha interpretativa, Em-manuel assim se expressa:

A vida deveria constituir, por

parte de todos nós, rigorosa

observância dos sagrados inte-

resses de Deus.3

É por essa razão que vemos oMessias coroando sua obra como sacrifício extremo, tomando acruz da ignomínia sem uma queixa,deixando-se imolar, sem qualquerreprovação aos seus algozes. Do ci-mo do madeiro, exemplificava a suafidelidade a Deus, aceitando serena-mente os desígnios do Céu, em tes-temunho sublime do seu inexcedí-vel amor pelos rebeldes tutelados.

Na hora sombria da cruz, cami-nha humilde, coroado de espinhos,ensinando a renúncia por amor aoReino de Deus, revelando à Huma-nidade o caminho da redenção.

Emmanuel, enfocando essanuance do ensino, relata:

A localização histórica de Jesus

recorda a presença pessoal do

Senhor da Vinha. O Enviado de

Deus, o Tutor Amoroso e Sábio,

veio abrir caminhos novos e

estabelecer a luta salvadora

para que os homens reconhe-

çam a condição de eternidade

que lhes é própria.4

Por fim, no Evangelho de João,a palavra hodos (caminho) se apli-ca à pessoa de Jesus, de modo semigual no Novo Testamento. O dis-cípulo amado registra para a pos-teridade as suaves exortações doSenhor, nos últimos instantes desua presença física entre eles.

Mais uma vez, Emmanuel es-clarece o tema:

Jesus é o nosso caminho per-

manente para o Divino Amor.

Junto dele seguem, esperanço-

sos, todos os espíritos de boa

vontade, aderentes sinceros ao

roteiro santificador.

Dessa via bendita e eterna pro-

cedem as sementes da Luz Ce-

lestial para os homens [...]5

Não podemos nos esquecer.

38 Reformador • Abr i l 2009 115566

Retorno à Pátria Espiritual

Desencarnou em 26 de janei-ro deste ano, no Rio de Janeiro(RJ), onde residia, o confradeAntonio de Souza Lucena, natu-ral da cidade de Recife (PE), naqual nasceu em 22 de abril de1922. Conceituado repórter fo-tográfico, trabalhou para as rá-dios Tupi, Nacional e MayrinkVeiga, e gravadoras como a RCAe a CBS.

Tornando-se espírita, aindajovem, participou do I Con-gresso de Mocidades Espíritasdo Brasil, em 1948, e da Mocida-de do Centro Espírita Cristófilo,no bairro de Botafogo. Atuou naformação de várias casas espí-ritas e, também, com DeolindoAmorim e outros confrades, nafundação da Associação Brasilei-

ra de Jornalistas e Escritores Es-píritas (Abrajee), atual Associa-ção Brasileira dos Divulgadoresdo Espiritismo (Abrade), do Mu-seu Espírita (na extinta Liga Es-pírita do Brasil), e do Institutode Cultura Espírita do Brasil(ICEB). Foi, ainda, um dos sig-natários, em 1958, da ata de fun-dação do Lar Fabiano de Cristo.

Lucena conseguiu reunir umacervo de cerca de 2.500 biogra-fias e fotos de trabalhadores es-píritas, doado ao ICEB. Publicoudois livros: Personagens do Espi-ritismo (Edições FEESP) e, em par-ceria com Paulo Alves Godoy, Pio-neiros do Espiritismo.

Ao seareiro do Consolador,em seu retorno à Pátria Espiritual,rogamos as bênçãos de Jesus.

Antonio de Souza Lucena

Fonte: Sei – Serviço Espírita de Informações –, n. 2.132, de 7/2/2009.

3Idem. Caminho, verdade e vida. Pelo Es-pírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2008. Cap. 21.

4Idem, ibidem. Cap. 133, p. 282.

5Idem. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel.29. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008.Cap. 25.

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xuberante escritor, filósofo,novelista, poeta. O francêsVoltaire (1694-1778), foi o

personagem mais relevante do re-nascimento francês, suas ideias fo-ram de grande importância para aRevolução Francesa de 1789. Maisque isso, seu pensamento livre depreconceitos e alicerçado na liber-dade de expressão influencioudecisivamente grandes figuras daHumanidade, tais como: Benja-min Franklin, Thomas Jefferson,James Madison...

Inteligente, perspicaz, sagaz, suairreverência o colocou váriasvezes na prisão.

Certa feita, se indispôscom jovem aristocrata, ocavaleiro de Rohan; sua elo-quência deu-lhe a vitória noembate verbal, contudo, ocavaleiro, sentindo-se me-nosprezado, mandou dar--lhe uma surra e prendeu-onovamente na Bastilha.

Sua produção literária ultra-passa as 30.000 páginas. Versátil,escreveu contos, novelas, cartas,peças de teatro e livros de Filosofiae História.

Seus ideais de liberdade e tole-rância religiosa mostram a facetanobre e digna de sua alma.

Para Voltaire, o ser humano ti-nha o direito de se expressar e mos-trar a todos sua visão da vida, semsofrer retaliações e constrangimen-

tos por pensar de forma oposta.Era ele um genuíno democrata!

Atribui-se ao célebre filósofo aseguinte frase:

“Não concordo com uma sópalavra do que dizes, mas defen-derei até o último instante teudireito de dizê-la”.

E foi na França de Voltaire, queo cântico de liberdade ecoou atra-vés das vozes esclarecedoras dosEspíritos.

O também democrata AllanKardec compilou sem preconcei-tos aquelas teorias novas, belas,sublimes, que abririam oportuni-dades de instrução para todos oseducandos da Terra.

A liberdade com respeito, quetanto pregava Voltaire, transborda-

va agora nas páginas de O Livro dosEspíritos. Na questão 827, Kardec in-daga dos mentores que o assistem:

A obrigação de respeitar os di-

reitos alheios tira ao homem o de

pertencer-se a si mesmo?

“De modo algum, porquanto

este é um direito que lhe vem

da natureza.”

Notável! A liberdade, desde quenão ultrapasse os limites do bomsenso e não traga prejuízo a outrem,é direito sagrado do ser humano.

Temos o inalienável direitode comandar as nossas vi-

das, de escolher nossosdestinos!

Temos o inalienável di-reito de discordar e o ina-lienável dever de, mesmodiscordando, respeitar!

Porém, mesmo em plenoséculo XXI, muitos não se dão

conta disso e tentam constran-ger, humilhar, impor...

Ah! como seria útil se cônjugesciumentos, pais autoritários e ami-gos intransigentes se familiarizas-sem com as ideias de Voltaire.

Em lamentável esquecimento dasindividualidades, alguns agem comose fossem donos do semelhante,pro-nunciando frases do tipo: Não façaisso! Não faça aquilo! Não diga is-so! Não me contrarie! Faça comoeu faço! Pense como eu penso!

O ícone da liberdade

EWE L L I N G TO N BA L B O

Voltaire

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Hoje, não se recorre à prisãocomo se fazia à época de Voltaire,no entanto, agarra-se à violênciaem suas mais tristes formas:

A violência física, que se expri-me através da agressão.

A violência verbal, que se mate-rializa na leviandade da intriga.

A violência psicológica, que sefaz através da imposição de teo-rias e doutrinas que incutem o me-do e impedem o livre pensar.

A violência econômica, que setraduz em exploração de pessoasque trabalham em regime de se-miescravidão em troca de ínfimosrecursos.

Todas essas facetas tolhem a liber-dade de expressão, de sentimentoe de pensamento do ser humano.

Lembro-me de um amigo quetinha enormes dificuldades deexteriorizar seus sentimentos, vi-via travado, com medo até mes-mo de se apaixonar por alguém,tudo porque quando criança forapor várias vezes admoestado pelo

pai por chorar em público ou dardemonstrações públicas de afeto.

Faltou ao pai respeitar os senti-mentos do filho, dando-lhe liber-dade de expressão. Ora, o que fa-zia o garoto de errado para que opai lhe chamasse a atenção?

Ah! o respeito, este anda lado alado com a liberdade.

Inexiste liberdade sem respeito!O respeito jamais se fará atra-

vés da violência, e a Humanidadenão se libertará do jugo da igno-rância enquanto houver fortesoprimindo fracos, inteligentesdesdenhando obtusos, ricos dis-criminando pobres...

A ignorância é um dos grandescárceres da Humanidade.

Voltaire era preso e jogado naBastilha, todavia, o filósofo estavasolto, com o pensamento livre paracriar, produzir; um de seus poemasmais aplaudidos – “Henriade”–, foiproduzido justamente à época emque estava preso.

Encarcerados estavam todosaqueles queo prendiam,pobres coi-tados, eramprisionei-ros da ig-norância.

Só há o mal onde se ignora obem, só há o ódio onde se ignorao amor, só há trevas onde se igno-ra a luz.

E a luz faz-se cada vez maisesplendorosa onde há liberdadeàs formas de pensar, às indivi-dualidades, às limitações, aosdesejos...

E por falar em desejos, será querespeitamos os desejos, as apti-dões e damos liberdade àquelesque caminham conosco no cená-rio do mundo?

Será que não tolhemos sua li-berdade de expressão?

É imperioso que não algeme-mos nossos afetos do coração,por mais que os amemos e lhesqueiramos bem, é salutar dar-mos a eles a liberdade de se com-portarem de acordo com seuestágio evolutivo.

Em realidade, somos com-panheiros de viagem, Espíritosviajores do Universo que apren-dem nessa intensa troca de ex-periências.

Manipular, podar, tolher, devemficar apenas nos livros de História,servindo de parâmetro para quevejamos como éramos e comoestamos hoje.

Pensemos nisso!

Bibliografia:HART, Michael H. As cem maio-

res personalidades da histó-

ria. Trad. Antonio Canavarro

Pereira. 5. ed. Rio de Janei-

ro: Difel, 2002. p. 417-422.

KARDEC, Allan. O livro dos es-

píritos. 91. ed. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2008. Q. 827.

40 Reformador • Abr i l 2009 115588

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Terra é uma escola de Deus,onde além dos sofrimentoscausados pelas enfermida-

des, cujo objetivo é o nosso aper-feiçoamento, viemos aprender noconvívio com os irmãos ainda tãoimperfeitos quanto nós a suportar--lhes o egoísmo, o orgulho, a vai-dade, a traição, o ciúme, a falsida-de, a prepotência, a indiferença ea ignorância, sem nos deixarmoscontaminar por esses vírus que seconstituem em chagas da alma.

Lancemo-nos no combate semtrégua para vencer as imperfeiçõesque ainda nos mantêm cativos dainferioridade moral. Não desper-dicemos esta dádiva, abençoadaoportunidade redentora, que é avida na matéria. Somente o esfor-ço coroará de êxito nosso períodoreencarnatório.

Os prazeres materiais são ilusõestemporárias que logo se desvane-cerão, mas o resultado concreto dasemeadura do bem é con-quista definitiva e eternada alma, constituin-do-se em luz quelhe definirá a po-sição no con-certo universal.Cada Espírito,ao desencar-nar, gravitaautomatica-mente para asituação que

lhe seja peculiar, carregando a in-tensidade de luz que criou para simesmo ou a treva que conquistou,cedendo à inferioridade.

O período da vida material éum átimo ante a eternidade da es-piritual. Procuremos vivê-la coma visão voltada para o progressodo Espírito. Não permitamos queo lazer, os gozos materiais e as pai-xões mundanas se tornem for-ças impeditivas do nosso progres-so, anestesiando-nos a consciên-cia e o coração. A ação dessas for-ças é sutil e elas se instalam comraízes tanto mais profundas quan-to maior a importância que lhesdispensemos. A situação que nosaguardará na verdadeira vida es-tará a depender do quanto nos es-forcemos para superar as imper-feições e fraquezas que ainda nosprendem à inferioridade moral.

Deveremos dar à nossa vida umsentido superior, entendendo que

as conquistas originadas do nossoesforço serão patrimônio eterno doEspírito! A importância exageradaque dermos aos atrativos e prazeresda vida material adensará a nature-za do nosso perispírito, dificultan-do-nos a ascensão às esferas espiri-tuais superiores. Isto é o que acon-tece com a grande maioria dos de-sencarnados, presos que ficam, porlongo período durante a erraticida-de, aos interesses da vida material.

Não devemos imaginar que,apenas por termos despido a indu-mentária física, nos transformare-mos em “anjos” ou “santos”, comelevadas prerrogativas de poder eliberdade. A morte nada mais é quea continuação da vida, e o esforçopara conquistarmos a vitória apóso período da existência materialprecisa ser feito já! Agora! Conta--se aos milhões o contingente de

decepcionados que aportamao plano espiritual revol-tados e arrependidos por

não haverem aprovei-tado a oportunida-

de da reencarna-ção otimizando otempo, este mestredo nosso progresso

e verdugo da nossainércia. Por isso, sen-

tenciou o Meigo Naza-reno: “A cada um, con-forme suas obras”. (Ma-teus, 16:27.)

Sejamos bons alunos

AMAU RO PA I VA FO N S E C A

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Seara Espírita

São Paulo: Eventos sobre o ESDEe Centros Espíritas

A União das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo promoveu o Curso de Preparação de Monito-res e Coordenadores para o ESDE, no dia 1o de mar-ço, em sua sede, na Capital, coordenado por JúliaNezu Oliveira. Nos dias 14 e 15 de março, realizou-sena sede da USE Municipal de Bauru reunião de es-clarecimentos e preparativos para implantação doCurso “Gestão de Centros Espíritas”, coordenada pe-lo secretário-geral da USE-SP, Paschoal A. Bovino, eparticipação de Roberto Fuina Versiani e Edmar Ca-bral Júnior, da equipe da Secretaria-Geral do CFN.No dia 15 de março, na USE Municipal de Araçatuba,houve seminário sobre o tema “Centro Espírita –Finalidades e Atividades”, com atuação de Célia Ma-ria Rey de Carvalho e Antonio Cesar Perri de Car-valho (FEB). Informações: [email protected]

Paraíba: Movimento de IntegraçãoContando com realização conjunta da AssociaçãoMunicipal de Campina Grande, CoordenadoriaEspírita de Borborema e instituições espíritas deCampina Grande, ocorreu nos dias 21 a 24 de fe-vereiro, na referida cidade, o 36o Movimento deIntegração do Espírita Paraibano. Informações:www.miep.com.br

Ceará: Seminário sobre Centro EspíritaA Federação Espírita do Estado do Ceará promo-veu, no dia 28 de fevereiro, o seminário “CentroEspírita: Finalidades e Atividades”, dentro da pro-gramação de Reunião Zonal realizada na cidade deGuaiúba, com a participação de Marco Leite eEdimilson Nogueira, da equipe da Secretaria-Geraldo CFN. Informações: [email protected]

Pernambuco: Cursos e EncontrosA Federação Espírita Pernambucana realizou nosdias 7 e 8 de março, em sua sede, um curso so-bre passe, desenvolvido por Maria Euny HerreraMasotti (FEB). No dia 15, ocorreu o “Encontro Es-

tadual sobre o Idoso na Casa Espírita” e, nos dias21 e 22 de março, dentro do programa do INTECEPE – Integração dos Centros Espíritas dePernambuco –, desenvolveu-se o seminário “Di-mensões Espirituais do Centro Espírita”, em Na-zaré da Mata. Informações:www.federacaoespiritape.org

Mato Grosso: Seminário da AME-MTA Associação Médico-Espírita de Mato Gros-so realiza, nos dias 18 e 19 de abril, no SENAIPORTO – Av. 15 de Novembro s/no, Cuiabá – oSeminário “A Oração e a Trilogia da Caridade(Benevolência, Indulgência e Perdão) como Mé-todos Terapêuticos”, com os expositores João Ne-ves (BA), Edvaldo Roberto de Oliveira (RJ) e Ro-berto Lúcio Vieira de Souza (MG). O evento des-tina-se a 500 participantes com idade mínima de15 anos. Informações: www.ame-mt.org.br

Amazonas: Confraternização dasMocidades

No período de 21 a 25 de fevereiro foi promovi-da a 27a Confraternização das Mocidades Espíri-tas do Amazonas. Com o tema “Do outro lado davida, a vida continua”, o evento contou com a participação do expositor Aluisio Almeida (PA).Informações: www.feamazonas.org.br

Bahia: Caravana da FraternidadeNos dias 27, 28 e 29 de março, a Federação Es-pírita do Estado da Bahia desenvolveu a CaravanaBaiana da Fraternidade, um projeto voltado paraa união e unificação das instituições espíritas eo fortalecimento do Movimento Espírita na Bahia.A Caravana é realizada pelas CoordenadoriasRegionais e Distritais, que constituem a estruturaorganizacional da Federação Espírita do Estado daBahia, e compreende visita às instituições espíri-tas do Estado da Bahia a fim de fortalecer os vínculosde fraternidade e união entre estas e a FEEB. Infor-mações: www.feeb.com.br