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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 125 / Agosto, 2007 / N o 2.141

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES

Editorial

A vida e o aborto na visão espírita

Entrevista: Salvador Martín

O Movimento Espírita espanhol

Presença de Chico Xavier

Consciência ferida – Maria da Glória

Esflorando o Evangelho

Ao partir do pão – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Há 120 anos nascia o Esperanto – Affonso Soares

Seara Espírita

A questão do aborto (Capa) – Juvanir Borges de Souza

Indiferença espiritual – Joanna de Ângelis

Vida – Maria Dolores

5o Congresso Espírita Mundial comemorará

Sesquicentenário

Cidadania com caridade – Richard Simonetti

Aborto delituoso – Emmanuel

No Brasil Império, um ecologista – Kleber Halfeld

O Livro dos Espíritos – 150 anos espargindo sabedoria –

Umberto Ferreira

Castelo de Yverdon sedia comemoração dos 150 anos

de O Livro dos EspíritosEm dia com o Espiritismo – Interrupção voluntária da

gravidez na adolescência – Marta Antunes Moura

Seminário sobre “Dimensões Espirituais do Centro

Espírita” na FEB-Rio

Este será o milênio da paz? – Ivone Molinaro Ghiggino

150 anos de dedicação – Ricardo Alves da Silva

Uma visão médico-espírita sobre o aborto –

Aborto, sim e não – Luiz Cláudio de Pinho

Esquizofrenia – Leonardo Machado

Equipe da FEB desenvolve curso em Portugal

Ante a violência – Mauro Paiva Fonseca

13o Congresso Estadual de Espiritismo

Resposta dos Céus – Castro Alves

Jaime dos Santos Batista

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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Editorial

4 Reformador • Agosto 2007 229900

ser humano é um Espírito imortal, por Deus criado simples e ignorante,sujeito a reencarnações sucessivas, submetido às Leis Naturais do Pro-gresso Moral e Intelectual.

• Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem?“O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nemde fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal.” 1

• Em que momento a alma se une ao corpo?“A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o ins-tante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laçofluídico, que cada vez mais se vai apertando até o instante em que a criança vê a luz. [...].” 2

Existindo como indivíduo desde o instante da concepção, o ser humano temdireito à vida que o Criador lhe deu, de manter e preservar a sua existência, dentroou fora do útero materno.

• Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação? “Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, comete-rá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso queimpede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estavaformando.” 3

O atentado à vida do ser humano, em qualquer fase de sua existência, é contrá-rio às Leis de Deus que regem a nossa vida e preconizam: “Não matarás” e “Nãofaçamos aos outros o que não queremos que os outros nos façam”.

• “[...] Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos daalma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossemdois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir. [...]” 4

Ao instalar-se no organismo materno um novo ser, em início de nova existência,ele passa a ter o mesmo direito à vida que todo ser humano possui, acrescido, nestecaso, do direito ao afeto, ao amparo e à proteção maternal e paternal decorrente doseu estado de dependência.

Diante dos desafios da maternidade e da paternidade assumidos, que muitosenfrentam desprovidos de esclarecimento e necessitados de orientação e amparo, osespíritas somos convidados para a tarefa de esclarecer sobre o significado da vida eas dolorosas conseqüências do aborto. E a ampliar, quanto possível, a maternidadeassistida, durante e depois da gravidez, proporcionando ao recém-nascido o afetoque lhe é devido, base de uma existência sadia e útil, objetivo da sua reencarnação.

O

A vida e o aborto na visão espírita

1O Livro dos Espíritos, questão 880. Ed. FEB.

2Idem, questão 344.

3Idem, questão 358.

4O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXII, item 3. Ed. FEB.

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5Agosto 2007 • Reformador 229911

eacenderam-se as discus-sões sobre o aborto, com avisita do papa Bento XVI

ao Brasil, ao declarar-se contrárioa essa prática, reafirmando a posi-ção da Igreja Católica em relaçãoa esse crime contra a vida.

O pronunciamento do chefe daIgreja provocou declaração do Pre-sidente da República, dizendo-sepessoalmente contrário ao aborto,mas ressalvando que, sendo laicoo Estado, a questão foge à sua opi-nião pessoal.

A declaração presidencial nãofoi muito pertinente, uma vez que aquestão do aborto não está vincula-da à laicidade do Estado, mas estáregulada por disposições consti-tucionais e legais em plena vigên-cia, tais o artigo 5o da Carta Mag-na de 1988, que garante o direito àvida, e o artigo 2o do Novo CódigoCivil, que “põe a salvo, desde a con-cepção, os direitos do nascituro”.

Portanto, o direito de viver, da-quele ser que vai nascer, começacom a concepção, sendo o abortoprovocado um crime contra a vida.

Essa questão nunca deixou deexistir; seja pelo posicionamentodas religiões, coerentes com a defe-

sa da vida, em seu significado maisabrangente, desde a concepção doser humano, seja pelo entendimen-to materialista, que não admite avida humana senão sob o ponto devista material, seja pela iniciativade alguns representantes do povojunto aos órgãos legislativos, apre-sentando projetos de leis que admi-tem a destruição da vida antes donascimento da criatura humana.

No âmago dessa complexa ques-tão, envolvem-se interesses da so-ciedade em geral, das religiões e,particularmente, das mulheres queengravidam, mas não desejam onascimento do ser gerado em seucorpo.

Diante dos diversos ângulos sobos quais se apresenta o abortamen-to provocado, o próprio Estado éenvolvido em suas conseqüências,quando a saúde pública é afetada,pela ocorrência de procedimentosirregulares praticados pelos inte-ressados, direta ou indiretamente,no ato abortivo.

Por isso, membros dos governospronunciam-se a favor da regulari-zação do aborto nos hospitais pú-blicos e particulares, visando evitarque ele seja praticado por pessoas

que não têm qualificação para oato, provocando a morte da gestan-te, o que ocorre em grande número.

A simples exposição do que vemocorrendo no Brasil e em outrospaíses mostra a complexidade daquestão do aborto provocado e asvariadas propostas de soluções pa-ra os problemas por ele gerados.

Para o Espiritismo, o abortoprovocado é um desrespeito à leinatural da reprodução dos sereshumanos destinados a viver nestemundo.

O problema premente, portan-to, não é o da liberação, ou não, doaborto, como muitos pretendem,inclusive órgãos governamentais,mas sim o de resolver a sua clan-destinidade, praticada por pessoassem competência para tal, tendocomo conseqüência a morte degrande número de gestantes.

Não se pode construir um am-biente de paz, individual e coleti-va, sem uma atitude de reverên-cia, por parte de todos, pela vida,em seu sentido mais amplo.

O aborto provocado é um des-respeito à vida de um ser indefeso,que tem o direito de viver o qualprecisa ser defendido por todos os

A questãodo aborto

RJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

Capa

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que têm noção de um compro-misso com os valores éticos e espirituais.

É gratificante constatar que o Mo-vimento derivado da Doutrina Es-pírita é uma corrente de pensa-mentos que não se encontra dividi-da, no que concerne à defesa da vidahumana, desde a concepção do ser.

Entre os espíritas conscientes esinceros, não há discordânciasquanto à necessidade de proscre-ver-se o aborto, salvo no caso danecessidade de preservar a vidada genitora.

A vida humana, neste planeta,começando com a concepção, éum bem inviolável, concedido pe-la Providência Divina, que neces-sita ser compreendido e respeita-do como tal.

Somente à Suprema Lei, queconcedeu a vida, cabe determinaro momento de sua cessação.

Os homens precisam conven-cer-se dessa norma superior eobedecê-la. Aos que já a conhecemcompete o dever de levar o seu co-nhecimento aos que a ignoram.

Como a vida é considerada e de-

fendida em todaa sua abrangên-

cia, sem quaisquerrestrições, pela atual

Constituição, os proje-tos modificativos ou res-

tritivos do dispositivo cons-titucional devem ser comba-

tidos pelos que defendem a vidahumana em toda a sua amplitude.

Na defesa dessa posição a favorda vida e diante dos perigos da ho-ra presente, em que o ateísmo, adescrença, a indiferença e a igno-rância põem em risco o dom deviver, cumpre a todos os espíritaso combate ao aborto indiscrimina-do e aos projetos legislativos quevisam legalizá-lo.

No caminho que o Cristo nosensinou, para o conhecimento daverdade, que o Consolador desven-dou, a vida se apresenta para os ho-mens com uma significação ampla,plena de justiça superior, a regertodas as ações de cada um dos en-volvidos no projeto do novo ser.

Assim, iniciada a vida na Terra,pela concepção, interrompê-la, des-truí-la, constitui grave erro contraa lei divina uma vez que já está es-tabelecido, pela lei natural da re-produção, um vínculo entre o Es-pírito reencarnante e os elementosmateriais oriundos dos pais, alémdas ligações espirituais e moraisgeradas entre todos os comprome-tidos com aquela ação.

O aborto é, sem dúvida, umdesrespeito à vida humana, um cri-me semelhante ao homicídio, comas agravantes da inocência e faltade defesa da vítima.

O Espiritismo, ao lado de ou-tras religiões, oferece esclarecimen-tos valiosos para a compreensão eo despertamento de muitas cria-turas que praticam crimes e agemerradamente, por ignorância, pormaldade e por insensibilidadediante do sofrimento alheio.

Por isso, ao lado de providên-cias legislativas corretas, a reedu-cação moral e o conhecimento dasrealidades espirituais, que a NovaRevelação oferece, são meios efica-zes para prevenir e evitar os crimes,entre os quais se insere o aborto.

A vida do Espírito na Terra, li-gado a um corpo material, é beminviolável, outorgado pelo poderdivino. Seu desrespeito pelos ho-mens constitui crime. Somente àlei divina cabe determinar as con-dições e o momento de sua cessa-ção, cabendo às criaturas conven-cerem-se dessa norma superior eobedecê-la.

O “não matarás” da lei mosai-ca, de inspiração divina, ordena-ção das mais antigas que a Huma-nidade conhece, com conotaçãoampla e irrestrita, aplica-se, semdúvida, ao aborto.

São de Bezerra de Menezes (Es-pírito) as seguintes palavras de suamensagem, pelo médium DivaldoPereira Franco, no encerramentoda Reunião do Conselho Federati-vo Nacional, em 7/11/1993, refe-rindo-se à campanha Em Defesa daVida, lançada pela FEB em setem-

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bro daquele ano (Reformador dedezembro de 1993, p. 368-369):

“A vida, sob qualquer aspectoconsiderada é dádiva de Deus queninguém pode perturbar. Todos osseres sencientes desenvolvem umprograma na escala da evolução,demandando a plenitude, a perfei-ção que lhes é a meta final.

Preservar a vida, em todas assuas expressões, é dever inalienávelque assume a consciência humanano próprio desenvolvimento dasua evolução.........................................................

Não será lícito, portanto, espe-rarmos outra resposta, senão a dadificuldade.........................................................

Não temamos nunca! Estejamosunidos na defesa da Vida em umafamília espiritual digna, suportan-do reveses e incompreensões. Serespírita hoje é o mesmo que ter si-do cristão ontem”.

O direito à vida é amplo e irres-trito, consagrado em todo o mun-do, embora nem sempre obedeci-do em toda a sua amplitude.

O ser humano, como sujeitode direito nas leis brasileiras, exis-te desde a sua concepção no seiomaterno, como previsto no arti-go 2o do Código Civil. A vida é oprimeiro e mais importante des-ses direitos.

A conclusão lógica, baseada noordenamento legal é que o nasci-turo tem a proteção legal da defe-sa de seu bem maior – a vida –contra todas as práticas de abor-tamento. A única exceção admi-tida pela Doutrina Espírita decor-re da necessidade da defesa da vida

da gestante em primeiro lugar,nos casos raros em que se há deescolher entre sua vida e a do feto.

O direito da mulher de provo-car o aborto para a defesa do seupróprio corpo, com a finalidadeda descriminalização do ato pra-ticado, parte de premissa falsa, jáque o corpo do nascituro gera-seno seio da mulher, mas não se con-funde com o corpo dela, vistoque, ao fim de determinado tem-po, dele se separa, com o nasci-mento.

Nem a mulher, ressalvada a ex-ceção acima referida, nem o pai,nem qualquer interessado na des-truição do corpo em formação doser humano têm qualquer direi-to a invocar para justificar ocrime do aborto provocado.

O Espiritismo opõe-se, tam-bém, ao aborto, quando a gravidezdecorre de estupro, assim como aoaborto denominado eugênico.

No primeiro caso, se a mulhernão aceita a criação do filho, porqualquer motivo psicológico, asolução não deve ser a morte dofilho gerado, mas a sua adoçãopor outrem, ou sua entrega auma instituição especializada,particular ou pública, dentre asmuitas existentes.

No caso do denomina-do aborto eugênico, noqual o feto apresentamalformação con-gênita, tambémnão se pode e nãose deve optar pelamorte provocadado ser. A melhor so-lução, recomendada pelo

Espiritismo, nesta hipótese, é cui-dar do nascituro com o desvelonecessário, e aguardar a soluçãonatural, sem provocar-lhe a mor-te, pois aquele ser pode ter pedidoexatamente a provação de nascerem um corpo defeituoso.

Cumpre-nos a todos glorificara vida na Terra, dom superior emcada um de nós, desde o seio ma-terno. Especialmente as mães pre-cisam compreender sua responsa-bilidade perante as leis divinas.

7Agosto 2007 • Reformador 229933

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ão são poucas as pessoasque se encontram engessa-das em conduta materialis-

ta, embora vinculadas a determina-das religiões, que mantêm singularindiferença pela vida espiritual.

O conceito de imortalidade doEspírito se lhes afigura como algoremoto para meditar, enquantoque o seu comportamento perma-nece vinculado ao hedonismo uti-litarista, distante dos ensinamen-tos doutrinários aos quais se vin-culam na crença que professam.

Deixam-se arrastar pelo faustocontínuo das ilusões, supondo-seinatingíveis pelo sofrimento e cre-dores de todas as mercês concedi-das por Deus.

Periodicamente, em automa-tismo de fé, participam dos cre-dos a que se filiam, sem procura-rem aprofundar os conceitos queos constituem, e que, certamente,dar-lhes-iam diferente visão darealidade.

Quando surpreendidas pelos fe-nômenos naturais dos sofrimen-tos, não raro, são dominadas pe-la revolta ou pelo ressentimento,acreditando-se vítimas da injusti-ça divina, que parece as haverolvidado, como se, em algumaocasião, se houvessem recordadoda sua existência. Caso, porém, sepermitissem as reflexões a seu res-peito, bem diferente seria a ma-

neira de conduzir-se, compreen-dendo que a existência física temcaráter educativo e renovador, aoinvés de ser uma representação nofestival da alegria sem fim.

Algumas são dotadas de bonssentimentos, que os não aprimo-ram pelo exercício da caridade,não fazendo o mal, embora tam-pouco operando nas ações digni-ficantes do bem, o que lhes confe-re uma postura de neutralidade,sem que se dêem conta de que aausência da ação do bem é-lhesum grande mal...

Outras são indiferentes a quais-quer apelos em favor da renova-ção moral, optando pela condutaa que se aferram, como se se en-contrassem distantes do bem e domal ou acima de ambos, em regi-me de exceção.

Diversas outras desejam apenasaproveitar o tempo no prazer,considerando a brevidade das for-ças físicas, para depois arrepen-der-se profundamente por nãohaverem utilizado melhor o patri-mônio das horas para a cultura,para a beleza, para as realizações eas experiências enobrecedoras.

Numerosas permanecem dis-tantes de qualquer doutrina espi-ritualista, como se houvessem su-perado a necessidade de integra-ção no pensamento cósmico, nãose preocupando com as necessi-

dades internas que, no futuro, setransformam em vazio existencial.

Entre uma convivência espiri-tual e um divertimento optam pe-lo segundo, às vezes motejandoem relação ao primeiro.

Presunçosas, fingem saber tudo eaparentam haver superado as ques-tões de ordem espiritual, que lhesparecem totalmente ultrapassadas.

Uma que outra vez, estiveramem uma reunião destinada ao te-ma, para logo se afastar, conside-rando-o desnecessário, em face daânsia de desfrutar as horas em al-go mais imediato.

Algumas, quando conduzidaspor amigos interessados no seu des-pertamento para uma conferênciaou debate, um estudo ou conversa-ção em torno da vida-além-da-vi-da, demonstram mau humor, co-chilam, mantêm um ar de zomba-ria na face, demonstrando o enfadoque preferem não disfarçar.

Tal conduta revela o primaris-mo da sua sensibilidade emocionalem relação ao futuro espiritual quelhes diz respeito, não se preocu-pando em saber se o terão ou não...

Vivem satisfeitas com o poucojá conseguido ou atormentadaspelo muito que gostarão de amea-lhar para abandonar com a desen-carnação.

Ninguém foge, porém, de simesmo, do processo da evolução,

Indiferençaespiritual

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e momento chega que desperta-rão, talvez, em situação doloro-sa, começando a busca do tesouroque as enriquecerá de plenitude...

Espíritos, que se comportamindiferentes à fé religiosa, lamen-tavelmente não possuem estrutu-ra emocional para os grandes em-bates que a vida apresenta a todosno curso da existência. Normal-mente, quando essas ocorrências,aparentemente negativas, surgem,deixam-se arrastar pelo pessimis-mo, em razão da falta de hábito deconfiar e de lutar para conseguiras realizações em plano superior,ou desesperam-se, arrojando-seagressivamente contra, mais com-plicando a situação que os desafia.

São mais fáceis de tombar dian-te dos testemunhos do que aque-les que aprenderam a confiar naproteção divina e se vinculam aDeus através do pensamento, nele

haurindo vigor para continuar abatalha evolutiva.

Não dispondo do conforto daoração, os primeiros insistem nospensamentos perturbadores, en-quanto os outros renovam-se nacomunhão pela prece com a Di-vindade, que os robustece de ener-gias e de paciência para os en-frentamentos, favorecendo-os comalegria mediante a qual mais fa-cilmente solucionam as questõesmais urgentes.

A fé religiosa, mesmo quandoingênua, transforma-se em pontede luz que permite ao crente alcan-çar os píncaros da Espiritualidade,fruindo de paz e de esperança.

Toda religião, portanto, é precio-so método pedagógico para o Es-pírito entender-se e compreender afinalidade existencial da sua jorna-da, desde que não se permitindo ofanatismo, que é doença da alma.

Quando o fanatismo se expres-sa na conduta religiosa, é o indiví-

duo que, portador de transtornode conduta emocional, desrespei-ta o direito do próximo, qual ocor-re em outros segmentos e condu-tas na sociedade. Encontramo-losna Política, na Filosofia, na Arte,nos mais diversos setores da ativi-dade humana.

Por sua vez, o Espiritismo, nacondição de religião com funda-mentos lógicos e racionais, semprepropõe o amor como recurso valio-so para o entendimento das ocor-rências e mecanismo de solução dasmesmas, ampliando o elenco daspropostas filosóficas para ensejar aharmonia interior que estimula aocrescimento intelecto-moral.

Ninguém transita no mundosem dificuldades, que se consti-tuem mecanismos de crescimentoespiritual para todos.

Desse modo, a segurança na féreligiosa ou numa conduta éticaotimista e humanitária constituielemento fundamental para al-

cançar-se as metas dignifi-cadoras que devem serconquistadas.

Entendemos, desse mo-do, que não é a fé na reli-gião que dignifica ou quesalva o indivíduo de si mes-mo, dos seus males, poréma vivência das suas diretri-zes e a experiência ilumina-tiva que se faz necessária.

A crença em Deus é in-dispensável para a com-pletude individual, para oestado numinoso do serhumano.

Certamente nem todosconcordam com esse con-

9Agosto 2007 • Reformador 229955

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ceito e alguns poderão mesmodizer, como Nietzsche ou Laplace,respectivamente informando comarrogância que Ele já deveria estaraposentado ou não ter sido necessá-rio para elaborar a sua tese, no quese equivocaram lamentavelmente.

De outra forma, muitos outroscientistas e investigadores confes-saram que sem Ele nada pode-riam ter conseguido, deixandoum rastro luminoso de esperançae de bem-estar nos corações.

Semeia luz na treva e grão deamor no solo dos corações.

Nunca poderás avaliar real-mente o que sucederá depois queassinalares o teu caminho com asmensagens de iluminação e deternura, após percorrê-lo.

Muitos desses, que hoje são in-diferentes, provavelmente virãopela mesma senda e encontrarãoos teus sinais, recolhendo-os cominteresse, porque outro será o mo-mento das suas vidas, então assi-naladas por outras disposições enecessidades.

Iguais a ti, que ontem negavas afé religiosa ou caminhavas distraí-do e agora estás desperto, eles tam-bém terão ensejo de acordar, de-sengessando-se da indiferença eabrindo-se à convicção libertado-ra que os tornará felizes.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Dival-

do Pereira Franco, no dia 3 de junho de

2007, na residência de Josef Jackulak, em

Viena, Áustria.)

10 Reformador • Agosto 2007 229966

Não digas, coração, que a vida é triste,

Porque a vida é grandeza permanente

E a Natureza, em tudo, é um cântico de glória,

Desde o sol à semente.

Mágoas? Dizes que as mágoas lembram trevas,

Que nem de longe sabes entendê-las...

Contempla o céu noturno, revelando

Avalanches de estrelas.

Asseveras que os sonhos são feridas,

Quais picadas de espinhos agressores...

Fita o verde das árvores podadas,

Recobertas de flores.

Nos dias de aflição, ante a força das provas,

Recorda, na amargura que te oprime,

Que a ostra faz nascer do próprio seio em chaga

A pérola sublime.

Assim também, nas trilhas da existência,

Se choras sem apoio e caminhas sem paz,

Não te queixes do mundo... Serve, ama,

Espera e vencerás.

A vida!... Toda vida é luz eterna,

Escalando amplidões e buscando apogeus...

E a presença da dor, em qualquer parte,

É uma bênção de Deus.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia da espiritualidade. 5. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 2002. Cap. 1, p. 11-12.

Maria Dolores

Vida

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Reformador: Como está se desen-volvendo o Movimento Espírita naEspanha?Salvador: O Movimento Espíritana Espanha se encontra atualmen-te em uma situação muito promis-sora. Herdeiro de espíritas legendá-rios e de um Movimento Espíritados mais ativos em nível interna-cional até 1936, quando sofreu asconseqüências das proibições doregime franquista, que não con-seguiu eliminá-lo, pois, nos anos80, voltou a legalizar-se. A realiza-ção, em Barcelona, do 1o Congres-so Espiritista Internacional, em 1889,e a de outro, em 1934, dão a idéiaaté onde havia chegado o Movi-mento Espírita naqueles tempos. Naatualidade, embora sendo o Espi-ritismo desconhecido para o cida-dão em geral, surgem novos espíri-tas dia a dia, aparecendo novos cen-tros pouco a pouco, além disso con-ta com grande divulgação atravésda página eletrônica da FederaçãoEspírita Espanhola. Temos a sensa-ção ou a intuição de que é o mo-mento de nos estruturarmos, de queos centros espíritas se organizemcada vez melhor e sejam mais nu-merosos em face de uma divulga-

ção maior e um atendimento maiseficaz dos que buscam consolo ouesclarecimento, e acreditamos quecolocarão o Espiritismo, no futuro,no seu verdadeiro lugar, oferecen-do as respostas mais acertadas anteos grandes enigmas do homem.

Reformador: E o funcionamentoda Federação Espírita Espanhola?Salvador: Formada por centrosespíritas das diversas regiões espa-nholas, temos muitas limitaçõesno plano material e humano. Pen-samos, com Léon Denis, que o Es-piritismo será o que os espíritas fi-zerem dele, e se ele não chega maisdistante será por nossas limitaçõese até por falta de vontade. O cam-po de trabalho é imenso e há mui-ta “terra” para trabalhar com oarado e semeá-la, pois, com certe-za, já estão chegando os tempospara a frutificação. A Federaçãotrata de diversas frentes de traba-lho para otimizar a divulgação,promover a criação de no-vos centros, contribuircom a melhoria dosexistentes, e, atravésde eventos como oCongresso Nacio-

nal de Espiritismo, que realizamossempre em dezembro, abrir asportas da Federação e do Espiritis-mo de forma mais transparente.

Reformador: O Movimento Espíri-ta se espalha pelo interior do país?Salvador: Embora o número decentros e de espíritas pudesse ser

O MovimentoEspírita espanhol

Entrevista com Salvador Martín, presidente da Federação Espírita Espanhola (FEE), com destaque à divulgação espírita pela Internet e às novas perspectivas do

Movimento Espírita na Espanha

SA LVA D O R MA RT Í NEntrevista

11Agosto 2007 • Reformador 229977

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maior nas grandes cidades, poruma mera questão matemática ede proporcionalidade, às vezes fica-mos surpreendidos com os núcleosde estudo que surgem em povoa-ções mais humildes e, sobretudo,quando, repassando a história, en-contramos informações de que ge-ralmente nesses mesmos lugares jáexistiram centros espíritas há cemanos. Porém, não nos surpreende oconhecimento de que seja uma ta-refa em conjunção com os dois pla-nos, que o mundo espiritual estátrabalhando muito, e que os Espíri-tos-espíritas continuam a tarefa deonde a deixaram. É de se destacartambém a situação social que esta-mos vivendo na atualidade devidoà imigração. A Espanha tem o se-gundo maior fluxo de imigração,depois dos Estados Unidos, e estadiversidade cultural pode ter certasvantagens em relação ao arraigadomaterialismo europeu. Tem havidotambém a imigração de espíritasbrasileiros; e é muito comum, antesde virem, nos contatar para sabe-rem se há centros espíritas na cida-de em que viverão. Assim, não es-tão aportando apenas novos espíri-tas aos centros espíritas espanhóis,mas, às vezes, eles mesmos têm si-do os promotores na criação de al-gum novo Centro.

Reformador: No Movimento Espí-rita espanhol há algum programamais difundido junto aos centrosespíritas?Salvador: Os centros adotam di-versos programas de estudo decursos ou sobre os próprios livros,porém, se tivermos que destacar um

programa de estudo, o mais difun-dido e com excelentes resultados é oEstudo Sistematizado da DoutrinaEspírita (ESDE) que, como previaKardec a respeito dos cursos espíri-tas, prepara espíritas mais esclareci-dos. Em geral, os centros espíritas naEspanha se caracterizam por estapreocupação e envolvimento cons-tante no estudo dos espíritas quedeles participam.Se bem que as con-ferências cumprem seu papel de di-vulgação, é nas reuniões, nos deba-tes e nos estudos que estamos for-mando realmente espíritas esclare-cidos e seguramente trabalhadores.

Reformador: Há edições de livros erevistas espíritas na Espanha?Salvador: Atualmente há duas edi-toras espíritas e um Centro Espíri-ta que edita livros para distribuiçãogratuita. Também há revistas espíri-tas que são editadas por alguns cen-tros, mas com distribuição limitadaa outros centros ou espíritas semchegar todavia a cumprir um gran-de papel de divulgação. Porém, têmsurgido recentemente diversos pro-jetos de “reencarnar” antigas revis-tas como Revelación, que foi editadadurante mais de 30 anos, de perio-dicidade quinzenal, no final do sé-culo XIX e princípio do século XX.

Reformador: Na Espanha há difusãoespírita por rádios, TV e Internet?Salvador: Pelo rádio,ocasionalmen-te têm-se realizado alguns progra-mas que são um meio mais sériopara entrevistas que a TV. Até ago-ra, ao menos pela Federação, temosaceitado essas intervenções radio-fônicas ao mesmo tempo que re-

chaçamos as televisivas, que bus-cam mais o ridículo e as distorçõessobre aspectos mediúnicos. En-quanto isso, pela Internet a páginaeletrônica www.espiritismo.es daFederação Espírita Espanhola rece-be mais de 100 mil acessos e co-mentários por mês de usuários dediferentes partes do mundo, e gra-ças ao mecanismo de busca daGoogle, a situa em primeiro lugar,ante diversas buscas de palavrasrelacionadas com o Espiritismo,o que está trazendo muitas pes-soas novas para o conhecimento daDoutrina ou de livros espíritas, e napágina eletrônica há mais de 100livros para cópias diretas e gratui-tas. Também na página eletrônicase realizam estudos semanais, utili-zando-se um “chat” como centrovirtual que reúne participantes dediversos países às segundas e quar-tas-feiras.

Reformador: Como conheceu oEspiritismo?Salvador: Graças à minha família,tenho sido dos espíritas que quan-do lêem pela primeira vez O Livrodos Espíritos têm a estranha sensa-ção de que o estão relendo. Assim,não tenho nenhuma história sobrea hora em que me encontrei com oEspiritismo, como a de León Denisou a do capitão Lagier (o primeiroespanhol que leu O Livro dos Espí-ritos). Sempre tive livros em casa eescutava falar destes assuntos, sen-do ainda o único da classe da esco-la que não participava das aulas dereligião. Nunca me senti bem naIgreja e se por algum motivo meuspais tinham que participar de al-

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gum “ato social” como o batismode um vizinho, sabiam que teriamque me deixar no pátio, porque nasvárias ocasiões em que cruzei osumbrais de um templo católicoentrava em estado de choque e des-maiava.

Meu pai e quatro irmãos fica-ram enfermos e a Medicina não en-contrava a causa, então minha avó,atendendo ao conselho de uma vi-zinha, levou-os a “um homem quecurava”. Tratava-se de um médiumque, sem nunca tê-los visto, disseque ao lado deles havia outro ir-mão desencarnado, que morrera re-centemente de leucemia, com 25anos. Disse-lhes também que se res-tabeleceriam rapidamente porquea enfermidade teve o único objeti-vo de levá-los até ali para teremuma prova da verdade espírita. Po-rém, em realidade, a prova se acha-va em sua própria casa, escondida,já que o irmão desencarnado lhescontara que havia sido médiumpsicógrafo e que nunca comentaranada e agora o demonstraria, indi-cando-lhes, através do médium,onde se encontrava um velho baú,no qual teria guardado, à chave,seus escritos mediúnicos. Ao che-gar a casa e encontrando o baú es-condido, toda a minha família setornou espírita, convencida ante aevidência; posteriormente, surgi-ram faculdades mediúnicas em meupai e em uma de suas irmãs.

Reformador: Vocês mantêm rela-cionamento com outros países ecom o CEI? Salvador: Como representante daEspanha em eventos e reuniões in-

ternacionais do Conselho EspíritaInternacional (CEI), mantenho ne-cessariamente relações com outrospaíses. E, graças a ser o espanhol oidioma oficial de mais de 20 países,diariamente atendemos a numero-sa correspondência, dirigida à pá-gina eletrônica, que é a espírita emespanhol mais visitada do mundo.Creio, com Kardec, na necessidadede um órgão internacional, no co-mitê central que ele explica com cla-reza em “Constituição do Espiritis-mo”, e este órgão é, hoje em dia,com toda certeza, o CEI, que atravésde suas atividades vem cumprindocom muita propriedade e acerto o

seu papel no concerto internacio-nal. Prova disso é ser ele formadopelas federações mais representati-vas dos países, como a FEE.

Reformador: Há algum eventorealizado ou planejado em come-moração aos 150 anos da DoutrinaEspírita?Salvador: No dia 18 de abril e na-quela semana, desenvolveram-sena maioria dos centros espíritas daEspanha diversas atividades, confe-rências, encontros, comercializaçãoe oferta de livros, etc. para home-nagear os 150 anos da publicaçãode O Livro dos Espíritos.

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A comemoração mundial pelos 150 anos da publicação deO Livro dos Espíritos – o Sesquicentenário da Doutrina Espírita –será o 5o Congresso Espírita Mundial, promovido pelo Conse-lho Espírita Internacional e realizado pela Confederação EspíritaColombiana, com o apoio da Federação Espírita da Costa Atlân-tica. O tema central do Congresso é “Doutrina Espírita: 150 Anosde Luz e Paz”, contemplando seminários sobre temas atuais e pai-néis sobre as quatro partes de O Livro dos Espíritos. Haverá tradu-ção simultânea.

O evento ocorrerá em Cartagena de Índias (Colômbia), de 10a 13 de outubro de 2007, no Centro de Convenções de Cartagenade Índias, junto ao Centro Histórico da tradicional cidade. A ins-crição pode ser realizada em qualquer lugar do mundo por meioda página eletrônica: www.consejoespirita.com/portal, e tambémse pode pagá-la por meio de transferência bancária ou cartão decrédito. No Brasil: o interessado poderá fazer sua inscrição envian-do via e-mail sua solicitação e pagamento à Secretaria Geral doCEI, pelo e-mail: [email protected]

Mais informações podem ser obtidas na página eletrônica:www.consejoespirita.com e pelos correios eletrônicos: [email protected]; [email protected] (Ver Encarte com ocartaz.)

5o Congresso Espírita Mundial comemorará Sesquicentenário

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eus amigos.

Deus nos ampare.

Depois de minha primeira visita, eis que tor-

no à vossa casa, que funcionou para mim como um ni-

nho de socorro e um tribunal de justiça.

Mulher padecente, trazia enlaçado a mim, qual se fora

erva sufocante sobre árvore ferida, o espírito revoltado de

meu próprio filho, cuja reencarnação impedi, num proces-

so de aborto, no qual, por minha vez, perdi a existência.

Leviana e surda ao dever, adquiri compromissos com

a maternidade, detestando-a.

E, por odiar o rebento que me palpitava no seio, pro-

curei destruí-lo, usando venenosa beberagem que igual-

mente me furtou a vida corpórea.

Entretanto, se supunha que a morte fosse um ponto final

à minha tragédia íntima, estava profundamente enganada,

porque da poça de sangue a que se me reduziram os despo-

jos, levantou-se, diante de mim, uma sombra acusadora.

A princípio, dessa nuvem amorfa nascia o choro inces-

sante de uma criança recém-nata.

Tentando emudecer aqueles vagidos angustiosos, inutil-

mente rezei, usando orações decoradas na infância...

A nuvem, porém, jazia algemada ao meu próprio pei-

to, através de laços cuja consistência ainda hoje não posso

definir.

Abandonei, amedrontada, o meu aposento de mulher

solteira e, esquecendo o culto do prazer a que me dedicara,

procurei fugir, como se eu pudesse escapar de mim mesma.

Perdi a idéia de rumo...

Esqueci o calendário.

De minha memória desapareceu a noção de tempo.

Guardava a consciência de que a nuvem e eu corría-

mos sem cessar...

Houve, contudo, um momento em que a sombra se

converteu na forma de um homem, que me perseguia,

amaldiçoando:

– Desnaturada! Assassina!... Assassina!...

Anelei, assim, depois da morte, a vinda de outra morte

que me afundasse no esquecimento.

Sentindo sede, debruçava-me no charco...

Torturada de fome, atirava-me aos detritos dos ani-

mais mortos no campo...

Ah! como será possível alguém adivinhar na Terra,

enquanto a bênção do corpo físico é uma graça para

o espírito que opera entre os homens, o tormento

da consciência que edificou em si mesma o inferno que

a envolve?

Minha existência passou a ser um suplício constante,

terrível, inominável...

Chegou, todavia, a noite em que, à maneira de náu-

frago fatigado, vim dar à praia de vosso templo.

Mãos amigas apartaram-me da sombra agressiva a

que me prendia, agoniada...

O alívio surgiu, por fim...

Entretanto, de alma conturbada, roguei esclarecimen-

to para o meu desvario, embora conhecendo a minha

culpa de pecadora penitente.

Recebi, de imediato, a resposta.

Um de vossos amigos1 – justamente aquele que me

acompanha aqui, nesta noite, com fins educativos – sub-

meteu-me a longa intervenção magnética e, fazendo com

que minhas reminiscências recuassem no tempo, vi-me

no Rio, menina malnascida, amparada por nobre mulher.

Para ser mais explícita, devo adiantar que essa cria-

tura era Dona Mariana Carlota, a Condessa de Bel-

monte, aia do Imperador D. Pedro II, ainda criança.

Fui conduzida ao leito de pálida menina enferma, que

morria pouco a pouco...

Essa menina era a Princesa Dona Paula, que se afei-

çoou a mim, com natural carinho.

Mas, por morte dela, eu ficava aos treze anos nova-

mente desamparada.

No entanto, benfeitores do palácio estenderam-me

braços generosos e fui mantida em São Cristóvão, na

posição de criada humilde.

Consciência ferida

14 Reformador • Agosto 2007 330000

M

Presença de Chico Xavier

1Refere-se a entidade a um dos Benfeitores espirituais que nos as-sistem as tarefas. – Nota do organizador.

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Aos vinte de idade, desposei um artesão da Casa Real.

Miguel era o nome de meu marido.

Duas filhas vieram ao nosso encontro.

A tentação dos prazeres carnais, porém, fascinava-me

o espírito inferior.

Foi assim que aceitei a proposta indigna de um ho-

mem que me arrancou do lar para delituosa aventura.

Na tela de minhas recordações, surgiu então a noite do

dia 4 de setembro de 1843, noite festiva que consagrou o

casamento daquele que era o Imperador do Brasil.

Mulher moça, esposa e mãe, olvidei minhas obrigações

e fui à procura de quem passara a ser o adversário de

minha felicidade, a fim de receber-lhe a companhia, na

rua Direita, junto ao Arco do Triunfo, com o qual se

comemorava a grande cerimônia.

O Rio, nessa data, acolhia a nova imperatriz dos brasi-

leiros.

É necessário me detenha nesses fatos – esclarece o ben-

feitor que me auxilia –, para marcar em nossa lição que o

tempo não desaparece com o passado, continuando vivo

em nosso presente, como estará também vivo para nós,

no grande futuro...

Na noite a que me reporto, fui surpreendida por meu

esposo, numa atitude de desconsideração aos compro-

missos que abraçara.

Miguel não resistiu.

Respondeu-me à loucura com o suicídio.

Transformou-se-me, então, a vida.

Dificuldades sobrevieram.

Enjeitei minhas filhas.

Partilhei o destino do aventureiro que, em seguida à

minha irreflexão, me atirou ao resvaladouro das mulhe-

res de ninguém...

Entretanto, a sombra de meu companheiro suicida

nunca mais se apagou de meus passos.

Seguiu-me, não obstante desencarnado, agravou-me

as provações e reuniu-se a mim, quando me desliguei do

corpo de carne, num asilo de alienados mentais, depois

de atribulada peregrinação pelo meretrício.

Escuros tempos assomaram-me à lembrança.

O caminho expiatório é um trilho de sofrimentos e

reparações, e nós éramos dois condenados, respirando a

escuridão de noite profunda...

Uma noite imensa, povoada de gemidos, de blasfêmias,

de dor... até que renasci na carne, novamente em corpo de

mulher. Amando-me e odiando-me ao mesmo tempo,

Miguel intentara ser meu filho, contudo, arruinei-lhe os

propósitos, recusando a maternidade menos feliz, retor-

nando nós dois, desse modo, às trevas de onde vínhamos.

Agora, tudo de novo a recomeçar...

Um século, meus amigos...

Um século de um erro a outro erro...

Vede o martírio da mulher que em cem anos nada

mais fez senão transviar-se por invigilância!

De 1943 até o ano findo, padecimentos novos me exa-

cerbaram a luta, até que a prece e o amor me socorreram.

Venho, pois, compartilhar-vos a oração, a fim de que

me renove, de modo a partir dignamente ao encontro do

esposo que buscou reaproximar-se de mim, na condição

de filho, para, de alguma sorte, ensaiarmos juntos a jor-

nada reparadora.

Com a presente narrativa, não tenho outro intuito

senão dizer-vos que a vida está continuando...

Que o trabalho não cessa...

Que o tempo não morre...

E que ai daqueles que caem, porque o soerguimento,

muitas vezes, constitui fogo e fel no coração.

Sou um Espírito em reajuste.

Alguém que vos bate à porta, rogando amparo.

Pobre mulher que fala às outras, avisando-as quanto

ao flagelo que nos aguarda, cada vez que o nosso coração

foge aos princípios superiores da senda de elevação...

Expresso-me, assim, porque os homens, até certo

ponto, são produto de nossa influência e domínio.

Os homens que nos partilham o leito, que se nutrem do

pão que amassamos, que nos absorvem os pensamentos e

que nos ouvem as palavras são nossos filhos e nossos irmãos,

dependendo de nós para a vitória da Justiça e do Bem.

Que o Senhor nos dê consciência de nosso mandato!

Que as companheiras presentes me ajudem com as suas

preces, aproveitando igualmente a experiência aflitiva da

mísera irmã que, em se perdendo, há tanto tempo, ainda

não conseguiu recuperar-se...

Que Deus nos ilumine!...

Fonte: XAVIER, Francisco C. Instruções psicofônicas. Diversos Es-píritos. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 29, p. 137-142.

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Pelo Espírito Maria da Glória

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em um princípio religioso,como acontece ao viajorque anda tateando pelo

caminho, a Humanidade tem seaproximado do caminho ideal,desenvolvendo idéias que lem-bram algo do Evangelho.

Tal, por exemplo, é o conceitode cidadania, bastante divulgadohoje nas sociedades civilizadas.

Cidadão é o indivíduo cons-ciente de seus direitos e de seusdeveres perante a sociedade.

A consciência de cidadania,quando exercitada pela popula-ção, melhora o relacionamento eo bem-estar social.

Deveres elementares:Não furar a fila do cinema…Não jogar lixo na via pública...Não sonegar impostos.Não elevar o som do rádio, per-

turbando o sossego alheio.Direitos básicos:Saber como funcionam e como

recorrer aos órgãos de Defesa doConsumidor, às associações declasse, às associações de morado-res, à assistência judicial, médica,psicológica...

A cidadania é, sem dúvida, umprogresso no relacionamento so-cial. Mas parece que falta algo.

Não basta ter consciência dosdireitos e deveres, porque, se malorientada, a cidadania pode origi-

nar uma exaltação do egoísmo, ge-rando problemas entre indivíduose coletividades.

É preciso usar de caridade.Num casamento que vai mal,

os cônjuges têm o direito de pro-videnciar uma separação, dispos-tos a assumir seus deveres no cui-dado dos filhos, dividindo atri-buições. Não obstante, haveráproblemas. Um lar que se dissolveé sempre traumatizante para os fi-lhos. Não seria interessante tentarsuperar as diferenças, visando obem-estar das crianças?

Um motorista desastrado entrana traseira de um automóvel, que-brando o pára-choque e as lanter-nas. O proprietário pensa em re-correr à Justiça e exigir o ressarci-mento das despesas de conserto,mas constata que se trata de pes-soa pobre. Embora seu carro pos-sa ser arrestado numa pendênciajudicial, não seria melhor relevar,considerando que o surrado veí-culo é o seu instrumento de traba-lho e que ele, literalmente, nãotem onde cair morto?

A Europa, onde o conceito decidadania está bastante desenvol-vido, vive hoje sérios problemasde xenofobia, a rejeição de imi-grantes, sob a alegação de queconturbam o relacionamento so-cial e inflacionam a oferta, no

mercado de trabalho, gerando de-semprego. Conflitos violentos sur-gem por isso. Não seria melhorusar da caridade, considerandoque os imigrantes precisam deajuda?

No Oriente Médio vemos aexacerbação de ódios raciais depovos – o judeu e o árabe – quedefendem seus direitos até as últi-mas conseqüências, partindo parauma guerra, sem considerar os es-tragos que estão produzindo, osofrimento para seus próprios ir-mãos. Não seria interessante umapitada de caridade, cada lado pen-sando nas carências e necessida-des do outro, buscando sentarem--se à mesa de negociações, ao in-vés de se agredirem?

O mesmo acontece no Iraque,onde sunitas e xiitas, galhos deuma mesma árvore, o Islamismo,empenham-se em furiosos com-bates para defender seus direitos,em nome de Alá. Se exercitassema caridade, tudo seria mais fácil.

Não basta reivindicar direitos eexaltar deveres. É preciso um com-ponente aí – a caridade, o pensarno outro, sem o que jamais have-rá paz na sociedade humana.

Nos Estados Unidos, onde oconceito de cidadania está larga-

Cidadania com caridade

SRI C H A R D SI M O N E T T I

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mente difundido, exaltando-se aconsciência de direitos e deveres,a sociedade está organizada emtorno de sindicatos, associaçõesde moradores, organizações nãogovernamentais, fundações, queressaltam a consciência de direitose deveres.

Comentava um confrade quenos condomínios residenciais, asassociações de moradores defen-dem os direitos dos proprietáriose ao mesmo tempo cobram porseus deveres. As casas por fora sãomuito bem cuidadas, ajardinadas,pintura impecável. Se houver des-cuido haverá pesadas multas.

Curiosamente, onde a cidada-nia está mais difundida é onde sãomais numerosas as ações judiciais.

Não é novidade nenhuma quenos Estados Unidos os serviçosmédicos e odontológicos são ca-ríssimos, porque os profissionaisde saúde são obrigados a fazerseguros dispendiosos para aten-der a ações indenizatórias que con-tra eles são movidos, por pacien-tes não satisfeitos com o atendi-mento ou que se sentem prejudi-cados em relação a algum proce-dimento cirúrgico.

Há tamanho emaranhado dereivindicações e interesses de ad-vogados, que decisões bizarras aca-bam acontecendo na exaltação dosdireitos do cidadão.

Por ter se queimado com umaxícara de café quente derramadaem seu colo, a cliente processouuma rede de comida rápida. Rece-beu três milhões de dólares de in-denização. Detalhe: ela própria,descuidada, derramara o café.

Uma senhora recebeu setecen-tos e oitenta mil dólares de inde-nização de uma loja de móveispor ter tropeçado numa criançaque corria solta pela loja. Na que-da quebrou o tornozelo. Detalhe:a criança era filha da cliente.

Um homem ficou preso na ga-ragem de uma casa, cujos morado-res viajaram. Durante oito diasalimentou-se de ração para ca-chorros e refrigerantes ali arma-zenados. Foi à justiça e recebeudo proprietário uma indenizaçãode quinhentos mil dólares, sob aalegação de que a situação lhecausara profunda angústia men-tal. Detalhe: era um assaltantedesastrado que entrou na gara-gem por dentro da casa e nãoconseguiu sair porque o portãoestava travado e a porta de aces-so, com mola hidráulica, fechouquando ele passou.

Um ancião foi indenizado emquatorze mil e quinhentos dóla-res, mais despesas médicas, de-pois de ter sido mordido pelocachorro do vizinho. Detalhe:o cachorro estava preso numa

coleira e só reagiu quando ocidadão pulou a cerca e atiroucontra ele usando uma espingar-da de chumbo.

Um restaurante foi condenadoa pagar cento e treze mil e qui-nhentos dólares a uma cliente queescorregou no piso molhado equebrou o cóccix. Detalhe: elaprópria molhara o chão ao atirarum copo de refrigerante no na-morado, durante uma discussão.

Uma jovem processou o pro-prietário de uma casa noturna,por ter caído no banheiro e que-brado dois dentes da frente. Re-cebeu doze mil dólares, mais des-pesas dentárias. Detalhe: ela esta-va tentando fugir pela janela, paranão pagar a conta.

O exacerbamento dos direitosindividuais, na exaltação da cida-dania, acaba gerando problemasdessa natureza que conturbam orelacionamento social.

Não basta cogitar de direi-tos pessoais ou respeitar direitos

alheios.

17Agosto 2007 • Reformador 330033

Cidadania com caridade:plantemos essa idéia paraos nossos companheirosde jornada

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Entre um e outro, é fundamen-tal a introdução da caridade paraque, pensando no outro, não mi-nimizemos nossos deveres, nemmaximizemos nossos direitos.

Pensando assim, entendemospor que Jesus dizia, no sermão daMontanha (Mateus, 5:38-42):

Ouvistes que foi dito aos antigos:Olho por olho e dente por dente.Eu, porém, vos digo: não resistais

ao homem mau. Se alguém te baterna face direita, oferece-lhe tambéma outra.

E se alguém quiser demandarcontigo e tirar-te a túnica, deixa--lhe também a capa.

Se alguém te obrigar a caminharmil passos, vai com ele dois mil.

Dá a quem te pedir, e não te des-vies daquele que quiser que lheemprestes.

À primeira vista, parecerá ab-surdo um comportamento dessanatureza, passível de nos causarprejuízos.

Mas tudo muda de figura seaplicarmos a caridade nessas si-tuações, o pensar no outro, nassuas necessidades e limitações,com o que nos livraremos dosmales maiores, relacionados como ódio, o ressentimento, o ran-cor...

Na ótica do egoísmo, não fazeracordo algum é melhor do queum acordo insatisfatório.

Na ótica da caridade, um acor-do insatisfatório é sempre melhordo que nenhum acordo.

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omovemo-nos, habitual-mente, diante das grandestragédias que agitam a

opinião.Homicídios que convulsio-

nam a imprensa e mobilizam lar-gas equipes policiais...

Furtos espetaculares que ins-piram vastas medidas de vigi-lância...

Assassínios, conflitos, ludí-brios e assaltos de todo jaez criama guerra de nervos, em toda par-te; e, para coibir semelhantes fe-cundações de ignorância e de-linqüência, erguem-se cárceres efundem-se algemas, organiza-seo trabalho forçado e em algumasnações a própria lapidação de in-felizes é praticada na rua, semqualquer laivo de compaixão.

Todavia, um crime existe maisdoloroso, pela volúpia de cruel-dade com que é praticado, nosilêncio do santuário domésticoou no regaço da Natureza...

Crime estarrecedor, porque avítima não tem voz para supli-car piedade e nem braços robus-tos com que se confie aos movi-mentos da reação.

Referimo-nos ao aborto deli-tuoso, em que pais inconscien-tes determinam a morte dos pró-

prios filhos, asfixiando-lhes aexistência, antes que possam sor-rir para a bênção da luz......................................................

Homens da Terra, e sobretu-do vós, corações maternos cha-mados à exaltação do amor eda vida, abstende-vos de seme-lhante ação que vos desequi-libra a alma e entenebrece ocaminho!

Fugi do satânico propósitode sufocar os rebentos do pró-prio seio, porque os anjos ten-ros que rechaçais são mensagei-ros da Providência, assomantesno lar em vosso próprio socor-ro, e, se não há legislação huma-na que vos assinale a torpitudedo infanticídio, nos recintos fa-miliares ou na sombra da noite,os olhos divinos de Nosso Paivos contemplam do Céu, cha-mando-vos, em silêncio, às pro-vas do reajuste, a fim de quese vos expurgue da consciênciaa falta indesculpável que per-petrastes.

Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C. Religião

dos espíritos. 20. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2007. p. 17-18.

Abortodelituoso

C

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arrou-me o fato o ilustreprofessor Vitório Bergo,Membro Titular da Acade-

mia Juiz-forana de Letras e respei-tável ocupante da cadeira de por-tuguês do Instituto MetodistaGranbery, hoje já desencarnado.

Acabara de ser impressa pelaAcademia Brasileira de Letras aobra Pequeno Vocabulário Ortográ-fico da Língua Portuguesa. Marca-do seu lançamento, comparece àsolenidade o Ministro da Educa-

ção e Cultura, professor GustavoCapanema.

Ao final da reunião, um dospresentes deseja colher a impres-são da respeitável autoridade:

– O que o senhor acha do livro?Imperturbável, mas deixando-

-se trair através dos olhos argutos,responde o conhecido homempúblico, autor de uma das maispolêmicas reformas do setor edu-cacional do Brasil:

– Bem, não posso dizer seja eleótimo, porquanto este verbete não

consta no livro...Em poucos minutos to-

mam todos conhecimentodeste diálogo. Ato contí-nuo passam a folhear aobra, não encontrando,de fato, o termo ótimo,aliás tão comum em nos-so vocabulário.

Hoje, nenhum dicioná-rio poderá igualmente

omitir o verbete ecolo-gia (e seus derivados).Porque nunca se usoutanto nos últimos tem-

pos esse vocábulo, em-bora continue ainda aNatureza sobremodo

aviltada por nós hu-

manos. Isso, malgrado o esforço dealguns heróis chamados ecologistas.Heróis, confessemos, já existentesde longa data em nosso país, reali-zando uma tarefa extraordináriaem favor do meio que nos cerca.

Ao tempo do Brasil Império,por exemplo, destacou-se um no-me no setor ecológico. Refiro-mea Adolfo Bezerra de Menezes Ca-valcanti, nascido no Riacho doSangue, Ceará, em 29 de agostode 1831, e que na cidade do Riode Janeiro militou na política, co-mo vereador e deputado durante30 anos!

Espírita realmente atuante, eraconhecido como “Médico dos Po-bres”, em decorrência de seus sis-temáticos gestos de caridade a fa-vor das populações carentes. Rela-tam seus biógrafos que chegouum dia a entregar o anel de for-matura a uma pobre senhora quenão possuía recurso para pagar aconsulta e, igualmente, os medi-camentos.

Escritor de renome, deixouobras de conhecido valor comoOs carneiros de Panúrgio; A casaassombrada; A loucura sob novoprisma; Espiritismo – estudos filo-sóficos (3 vols.) e outras.

No Brasil Império,um ecologista

NKL E B E R HA L F E L D

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Em 1883, apresentou um pro-jeto de lei, segundo o qual o gover-no brasileiro ficaria incumbido deorganizar um serviço florestal nasmontanhas que cercavam a entãocapital do Império. Alertava aindapara a urgente necessidade da con-servação das matas nativas no quedizia respeito ao plantio e replan-tio das áreas constantemente des-truídas com o fim especulativo defazer queima de carvão. Inúmerosforam os projetos que apresentouno decorrer de sua atividade polí-tica, objetivando a preservação domeio ambiente.

Sua firme atitude despertouimediatamente a reação de inúme-ros grupos interessados na satisfa-ção de escusos desejos, todavia,não recusou jamais manter a lutaa favor daquela que no dizer deBreard de Neuville – conhecido ju-risconsulto francês – “é o primei-ro ministro de Deus” – a Natureza!

Aliás, focalizando no presenteartigo o pendor de Bezerra de Me-nezes para o setor da ecologia, re-cordo ao leitor o excelente trabalhoque Reformador de fevereiro do anoem curso publicou, assinado peloconfrade João Marcos Weguelin,quando tomamos conhecimento

de que Bezerra de Menezes “muitoantes de tornar-se espírita [...] le-vantou a voz pela emancipação dosescravos”, deixando-nos entreveroutra faceta de sua personalidade.Divisa-se, desta forma, em Bezer-ra, o médico, o espírita, o político,o abolicionista, o ecologista!

Se a abolição da escravaturateve desfecho favorável em nossopaís com a promulgação da LeiÁurea, assinada em 13 de maiode 1888, pela princesa Isabel, de-pois da Lei dos Sexagenários eda Lei do Ventre Livre, fato seme-lhante não tem ocorrido com osetor da ecologia, quando aindadiminutos têm sido os esforçosdiante de uma avalanche de pers-pectivas negativas. (Inclusive, aque-la referente ao aumento do calorglobal.)

O plano espiritual maior não semantém distanciado dessa proble-mática, inspirando principalmenteos meios de comunicação no sen-tido de uma campanha que esti-mule a não-agressão à Natureza.

O mundo maior, por exemplo,através da palavra de André Luiz,em Conduta Espírita (cap. 32, “Pe-rante a Natureza”, p. 133, Ed. FEB),nos dá estes conselhos:

“De alma agradecida e serena,abençoar a Natureza que o aca-lenta, protegendo, quanto possí-vel, todos os seres e todas as coisasna região em que respire.

A Natureza consubstancia osantuário em que a sabedoria deDeus se torna visível.........................................................

Cooperar espontaneamente naampliação de pomares, tanto quan-to auxiliar a arborização e o reflo-restamento.

A vida vegetal é moldura prote-tora da vida humana”.

Hoje, quando começamos anos preocupar de forma maisconstante e consciente com a Na-tureza que nos cerca; na oportu-nidade em que segmentos do go-verno passam a sentir o peso desua responsabilidade diante doproblema ecológico, de suma jus-tiça exaltar a figura de Adolfo Be-zerra de Menezes Cavalcanti, umecologista do Brasil Império.

Se, como abolicionista, consi-derava a escravidão “uma lamen-tável aberração do espírito huma-no”, da mesma forma poder-se-áconsiderar como aberração a im-piedosa agressão que tem sido fei-ta à Mãe Natureza!

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Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho,

e como deles foi conhecido ao partir do pão.”

(LUCAS, 24:35.)

Ao partir do pão

uito importante o episódio em que o Mestre é reconhecido pelos discí-

pulos que se dirigiam para Emaús, em desesperação.

Jesus seguira-os, qual amigo oculto, fixando-lhes a verdade no coração com as

fórmulas verbais, carinhosas e doces.

Grande parte do caminho foi atravessada em companhia daquele homem,

amoroso e sábio, que ambos interpretaram por generoso e simpático desconhecido

e, somente ao partir do pão, reconhecem o Mestre muito amado.

Os dois aprendizes não conseguiram a identificação nem pelas palavras, nem

pelo gesto afetuoso; contudo, tão logo surgiu o pão materializado, dissiparam todas

as dúvidas e creram.

Não será o mesmo que vem ocorrendo no mundo há milênios?

Compactas multidões de candidatos à fé se afastam do serviço divino, por não

atingirem, depois de certa expectação, as vantagens que aguardavam no imediatismo

da luta humana. Sem garantia financeira, sem caprichos satisfeitos, não comungam

na crença renovadora, respeitável e fiel.

É necessário combater semelhante miopia da alma.

Louvado seja o Senhor por todas as lições e testemunhos que nos confere, mas

continuarás muito longe da verdade se o procuras apenas na divisão dos bens

fragmentários e perecíveis.

M

Fonte: XAVIER, Francisco C. Pão nosso. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 129, p. 273-274.

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ecentemente, foi publicadauma relação dos livros quemais influenciaram a Hu-

manidade. Nenhum livro espíritafoi incluído entre eles. No futuro,entretanto, isso, com certeza, ocor-rerá. E O Livro dos Espíritos – quecompletou 150 anos –, sem dúvida,será o primeiro a ser relacionado.

O espírita estudioso, que seinteressa por conhecer a essênciadas coisas, não tem dúvida emafirmar que esse livro monumen-tal é o que maior influência exer-ce sobre a sua vida.

As maiores necessidades do ho-mem são de ordem moral, e oEvangelho de Jesus contém as di-retrizes para a conquista do pro-gresso nesse campo.

Todavia, O Livro dos Espíritosnos fornece os elementos neces-sários para se compreender,com mais clareza e profundi-dade, os ensinamentos evangé-licos, muitos deles apresenta-dos sob forma alegórica.

Conscientes disso, os Espí-ritos tiveram o cuidado detransmitir-nos, primeiramente, osensinamentos que constituem asbases doutrinárias do Espiritismo,

isto é, O Livro dos Espíritos. Semele, correríamos o risco de perma-necer presos à letra bíblica, semcompreender bem a essência dosensinamentos do Mestre.

Esse livro magistral tem caracte-rísticas enciclopédicas; abrange osmais diversos campos do conheci-mento e oferece ao homem pen-sante, sedento de sabedoria, as res-postas às principais dúvidas por eleformuladas ao longo dos séculos.

Muitos dos assuntos nele abor-dados têm sido motivo de espe-culação filosófica, investigaçãocientífica e discussão religiosa co-

mo, entre outros, a existência deDeus, a origem do homem e doUniverso, a natureza do homem, aexistência e imortalidade do Espí-rito, a vida espiritual, as leis mo-rais, evolução, reencarnação, plu-ralidade dos mundos habitados, avida futura.

Codificada por Allan Kardec,não é obra de um só Espírito, masde vários. Entre eles estão muitosque foram filósofos, sábios, ho-mens de ciência, eminentes vultosdo Cristianismo, elevados Espíri-tos colaboradores de Jesus, semnomes conhecidos na Terra, taiscomo: Sócrates, Platão, João Evan-gelista, Santo Agostinho, São Vi-

cente de Paulo, São Luís, Fénelon,Franklin, Swedenborg, o Espí-

rito de Verdade, entre outros.Quem não aproveita a

oportunidade de ler, estu-dar e reestudar esse trata-do de sabedoria age co-mo o homem impruden-te que edifica a sua casa

sobre a areia; quem, aocontrário, a aproveita asse-

melha-se ao homem pruden-te que edifica a sua casa sobre a

rocha...

O Livro dos Espíritos

espargindo sabedoria150 anos

RUM B E RTO FE R R E I R A

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A União dos Centros de Estu-dos Espíritas na Suíça (UCESS),com o apoio do Conselho EspíritaInternacional (CEI), promoveucomemoração dos 150 anos de OLivro dos Espíritos, no Castelo deYverdon, na cidade de Yverdon--les-Bains (Suíça).

No Castelo de Yverdon funcio-nou o Instituto dirigido por JohannHeinrich Pestalozzi, de 1805 a1825, local onde estudou o jovemHyppolyte Léon Denizard Rivail,durante sete anos, a partir de 1815.Atualmente, o Castelo sedia o Mu-seu de Yverdon e Região, com ma-terial histórico desde os temposdos gauleses e do domínio roma-no, com destaque para o quarto dePestalozzi.

O evento foi realizado utilizan-do-se a sala para palestras e um

grande hall, onde foram expostoslivros em vários idiomas, destacan-do-se a edição especial de O Livrodos Espíritos, da FEB, e as do CEI(em francês e inglês). O tradutorEvandro Noleto Bezerra autografoua referida edição especial da FEB.

A reunião comemorativa daUCESS e do CEI desenvolveu-seno período da tarde do dia 23 dejunho de 2007, tendo sido abertae encerrada pela presidente daUCESS Gorette Newton e pelosecretário-geral do CEI NestorJoão Masotti. As palestras foramproferidas por: Charles Kempf,“Pestalozzi e Rivail”; EvandroNoleto Bezerra, “Lançamento deO Livro dos Espíritos” e AntonioCesar Perri de Carvalho, “Ciênciae Religião”. Ao final, os exposi-tores e o secretário-geral do CEI

responderam a questões propostaspelo auditório.

O evento foi histórico e mar-cante pelo local de sua realização,por reunir representantes de to-das as instituições espíritas daSuíça e por ter sido a maior reu-nião espírita ocorrida naquelepaís, com cerca de 150 participan-tes, dentre os quais, provenienteda região de Winterthur e Zurich,uma caravana que lotou dois ôni-

bus. Em todos os momen-tos reinou ambientede confraternização ede alegria.

Castelo de Yverdonsedia comemoração dos 150 anos de

Vista lateral do Castelo de Yverdon

Mesa-redonda, vendo-se Evandro Noleto Bezerra, Antonio Cesar Perride Carvalho, Nestor João Masotti e Charles Kempf

O Livro dos Espíritos

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partir de 1985, considera-do o Ano Internacional daJuventude pela Organiza-

ção das Nações Unidas (ONU),teve início um fértil período defóruns, debates e encontros sobregravidez, sexualidade e aborto naadolescência, em razão do signifi-cativo aumento dos índices de ex-periência sexual, gravidez e abor-to precoces. Passadas duas déca-das (1985-2006), o percentual dejovens grávidas diminuiu, espe-cialmente nos países ricos, devidoàs campanhas de saúde voltadaspara prevenção da gravidez. Emrelação ao aborto, porém, o qua-dro continua desolador.1, 2

A Organização Mundial da Saú-de (OMS), define adolescência co-mo a fase de transição entre a infân-

cia e a idade adulta, caracterizadapor profundas alterações anatômi-cas, fisiológicas, mentais e sociais.O período etário situado entre os10 e 14 anos é denominado pré--adolescência, sendo que a adoles-cência, propriamente dita, abrangea faixa dos 15 aos 19/20 anos.2, 3 Oinício muito precoce da atividadesexual favorece o aumento das ta-xas de gravidez e as de aborto najuventude por se tratarem, em ge-ral, de maternidade não planejada.

No final dos anos 90, os índicesde abortamento na adolescênciarevelavam uma certa estabilidade,representada oficialmente porcerca de 20/21% do universo dapopulação jovem. Sabe-se, porém,que os registros oficiais indicamapenas uma percentagem ínfima

dos valores reais. Predominavamos 94% dos abortamentos entreadolescentes de 15 a 19 anos. Essevalor, contudo, está se deslocan-do, de maneira assustadora, parao grupo de jovens com idade en-tre 10 e 14 anos.2, 4, 5

Dados estatísticos recentes indi-cam que 83/85% dos jovens consi-deram a possibilidade de aborto,quando defrontados por gravideznão prevista.5 Temerosos da reaçãodos pais, do abandono do namora-do e das críticas dos amigos, vizi-nhos, colegas da escola ou de fami-liares, a idéia do aborto é forte-mente delineada na mente juvenilpara, em seguida, ser colocada emprática. Despreparada e desespera-da, a jovem provoca o abortamen-to, por si ou com auxílio de uma

A

Em dia com o Espiritismo

Interrupção voluntária da

gravidez na adolescênciaMA RTA AN T U N E S MO U R A

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amiga – igualmente desorientada–, utilizando métodos precários,sem higiene, produtores de seqüe-las físicas e psíquicas, às vezes irre-versíveis numa reencarnação.

As condições desumanas deabortamento, associadas ou não acertas práticas primitivas, às quaisos jovens se submetem, com ousem assistência médica, é algo es-tarrecedor. Informações do Mi-nistério da Saúde3 atribuem aoaborto, espontâneo ou voluntário,a principal causa de morte naadolescência e a quarta causa demorte materna. Na verdade, essesdados fornecem uma dimensãomuito superficial da realidade,visto que estão fundamentadosapenas nos registros das interna-ções hospitalares ou nos atestadosde óbitos. São resultados subesti-mados, em virtude do silêncio dasmulheres sobre suas experiênciase dos incalculáveis casos que ocor-rem na clandestinidade.1, 2, 6

Em todas as publicações queanalisam a questão do aborta-mento na adolescência, háconsenso a respeito das moti-vações que provocam o atoimpensado: o sentimento dedespreparo para a maternida-de e a falta de condições finan-ceiras.2, 3, 4 As adolescentes queabortam são vítimas da falta deorientação sanitária e educati-va sobre o assunto; em geral,isolam-se das demais pessoas,abraçando a solidão, quandose defrontam com a gravideznão programada; fato notórioé a inexistência ou escassez dediálogo familiar. São relevantes

os dados que apontam para o fatode grande parte dos pais desconhe-cerem que as suas filhas adolescen-tes engravidaram e abortaram.1, 2, 3

O aborto provocado, indepen-dentemente da faixa etária em queacontece, contraria o mais elemen-tar dos direitos humanos: o deviver. Trata-se de uma transgres-são da lei de Deus, conforme es-clarece a questão 358 de O Livrodos Espíritos: “[...] Uma mãe, ouquem quer que seja, cometerá cri-me sempre que tirar a vida a umacriança antes do seu nascimento,por isso que impede uma alma depassar pelas provas a que serviriade instrumento o corpo que seestava formando”.7

As campanhas em defesa da vi-da, continuamente enfatizadas pe-las instituições espíritas, assim co-mo por algumas comunidades re-ligiosas e civis, têm como finalida-de despertar a população para o

significado e o sentido da vida. Sãomovimentos pacíficos caracteriza-dos pela organização e seriedade,que procuram destacar o dom davida, concedido por Deus a todosos seus filhos, e também neutrali-zar as influências nefastas dasidéias materialistas ainda reinantesno Planeta. Neste contexto, é defundamental importância que osjovens, em especial, tomem cons-ciência de que o aborto delituoso écrime “[…] doloroso, pela volúpiade crueldade com que é praticado,no silêncio do santuário domésti-co ou no regaço da Natureza...

Crime estarrecedor, porque avítima não tem voz para suplicarpiedade e nem braços robustoscom que se confie aos movimen-tos da reação”.8

Os processos obsessivos quese instalam, em decorrência doaborto, atormentam a existênciadas jovens e dos seus parceiros de

Os pais devem acompanhar de perto as atividades dos filhos, apoiando-oscom amor e fraternidade, em qualquer situação desafiante

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delito, transformando-os, ao lon-go da existência, em pessoas desa-justadas, em razão do remorso edas amarguras que trazem na inti-midade da alma. Neste contexto,os obsessores atrelam-se a essesirmãos, em regime de convivênciaíntima, espoliando-lhes as ema-nações vitais em declarado pro-cesso de vampirismo energético ede parasitose mental.

[…] Pelo ímã do pensamen-

to doentio e descontrolado, o

homem provoca sobre si a con-

taminação fluídica de enti-

dades em desequilíbrio,

capazes de conduzi-

-lo à escabiose e à ul-

ceração, à dipso-

mania e à loucura,

à cirrose e aos

tumores benig-

nos ou malignos

de variada pro-

cedência, tanto

quanto aos vícios

que corroem a vida

moral, e, através do

próprio pensamento

desgovernado, pode fabri-

car para si mesmo as mais

graves eclosões de alienação

mental, como sejam as psicoses

de angústia e ódio, vaidade e

orgulho, usura e delinqüência,

desânimo e egocentrismo, im-

pondo ao veículo orgânico pro-

cessos patológicos indefiníveis,

que lhe favorecem a derrocada

ou a morte.9

As lideranças espíritas, sobre-tudo as que desenvolvem tarefas

junto ao público infantil e jovem,devem priorizar ações em defesada vida, investindo nas medidaseducativas de esclarecimento eprevenção do aborto. As orienta-ções transmitidas não podem serlimitadas a mero caráter informa-tivo, mas devem suscitar trocas deidéias que conduzem, de formanatural, à reflexão e à conscienti-zação morais. Os jovens e adultos,assim preparados, optam pela vi-da, jamais pelo aborto, ainda que

surpreendidos por uma gravideznão planejada. Os pais, por outrolado, devem acompanhar de pertoas atividades dos filhos, apoiando--os com amor e fraternidade, emqualquer situação desafiante, des-ta ou de outra natureza. As ado-lescentes grávidas, amparadas pe-

los pais e familiares, não abortam,aprendendo, por maiores que se-jam, com os percalços e as dificul-dades que surgem na sua existên-cia.

Referências:1VIEIRA, Leila Maria. Abortamento na ado-

lescência. Revista Ciência e Saúde Coleti-

va. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2006.2Organização Mundial da Saúde (OMS). El

embarazo y el aborto en la adolescencia.

Genebra: OMS, 1975.3Idem, ibidem. Aborto provocado. Infor-

me de un grupo científico de la OMS.

Genebra, 1978.4Ministério da Saúde. Planeja-

mento familiar: manual para o

gestor. Brasília: Ministério da

Saúde, 2002.5SOUZA, Ariani I.; AQUINO,

Márcia M.; CECATTI, João

Luiz P. S. Epidemiologia do

abortamento na adolescên-

cia. Revista Brasileira de Gi-

necologia e Obstetrícia, Rio

de Janeiro, v. 21, n. 3, 1999.6PERES, Simone O.; HEILBON,

Maria Luiza. Cogitação e prática

do aborto entre jovens em contexto

de interdição legal: o avesso da gravidez

na adolescência. Rio de Janeiro, Caderno

de Saúde Pública, v. 22, n. 7, 2006.7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Rio

de Janeiro: FEB, 2006. Questão 358.8XAVIER, Francisco C. Religião dos espíritos.

Pelo Espírito Emmanuel. 6. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 1985. “Aborto delituoso”, p. 17.9______. Instruções psicofônicas. Por Di-

versos Espíritos. Organizado por Arnaldo

Rocha. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 34,

“Parasitose mental”, (mensagem do Espí-

rito Dias da Cruz), p. 160.

Jovens e adultos preparadosoptam sempre pela vida

26 Reformador • Agosto 2007 331122

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Sob a direção conjunta dosdiretores Tânia de SouzaLopes (manhã) e AffonsoSoares (tarde) e o concurso deMozart Leite, diretor da Áreade Divulgação do ConselhoEspírita do Estado do Rio deJaneiro (CEERJ), realizou-se,das 9 às 16 horas do dia 16 dejunho, na Sede Seccional daFEB, no Rio de Janeiro, o se-minário sobre “Dimensões Es-pirituais do Centro Espírita”, acargo da escritora e expositoraSuely Caldas Schubert, tema inspi-rado em seu livro, de mesmo título,recém-lançado pela FEB.

Discorrendo sobre assuntos fun-damentais, como Alicerces Espiri-tuais do Centro Espírita, Direção eEquipe Espiritual, Recursos Mag-néticos de Defesa do Centro Espíri-ta, Reuniões e Trabalhos do CentroEspírita, Equipe Mediúnica e Desa-fios para os Centros Espíritas noTerceiro Milênio, Suely evidencioua verdade fundamental segundo aqual um Centro Espírita é a con-cretização de amplíssimo planeja-

mento cujas raízes estão nas re-giões espirituais superiores.

A atualidade e profundidade dotema, bem como a autoridade epopularidade da expositora, en-sejaram a que acorressem à SedeHistórica da FEB cerca de 450adeptos, cujo interesse também semanifestou nas dezenas de per-guntas, bastante pertinentes, que odesenvolvimento da matéria lhessuscitou, as quais receberam deSuely esclarecimentos definitivos.

O evento reforçou a convicçãosobre a excelência da iniciativaque a FEB e o CEERJ escolherampara, em fraterna parceria, evo-car, durante todo o corrente ano,os 150 anos do surgimento de O Livro dos Espíritos.

Seminário sobre“Dimensões Espirituais do Centro

Espírita” na FEB-RIO

Suely Caldas Schubertfala ao público

Aspecto parcial do público na Sede Seccional da FEB no Rio de Janeiro

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omo tudo que é portador de real progressopara as sociedades, o esperanto também temsuas raízes no mundo espiritual. É lá, em es-

feras do Invisível próximas à crosta planetária, on-de o problema lingüístico ainda permanece noschamados espaços das nações, que a Língua Inter-nacional Neutra tem suas origens.

Assim o revelam Espíritos bastante conhecidos erespeitados em nossos círculos, tais como Francis-co Valdomiro Lorenz, através de Francisco Cândi-do Xavier, e o autor espiritual de Memórias de umSuicida, Camilo Cândido Botelho (Camilo CasteloBranco), na psicografia de Yvonne A. Pereira.

Camilo, aludindo a lições ministradas numaAcademia de Esperanto sediada na Cidade Univer-sitária da Colônia Correcional mantida pela Mãede Jesus para assistência a suicidas, menciona as di-ficuldades que se levantam contra o progresso da“[...] Humanidade, a debater-se contra as ondas atéhoje insuperáveis da multiplicidade de idiomas edialetos, dificuldades que figuravam ali como umdos flagelos que assolam a atribulada Humanidade,complicando até mesmo o seu futuro espiritual,porquanto no próprio Mundo Invisível se luta con-tra estorvos motivados pela diferença de lingua-gem, nas zonas inferiores ou de transição, ondeprolifera o elemento espiritual pouco evolvido ouainda muito materializado”. Essas dificuldades se-riam removidas com o advento e a generalização“[...] de um idioma que será patrimônio universal”e promoverá “a difusão da cultura em geral, a apro-

ximação dos povos para o triunfo da unidade devistas, a felicidade das criaturas!”.1

Francisco Valdomiro Lorenz, que em vida físicafoi um dos mais eminentes adeptos do esperantoem todo o mundo, confirma as revelações de Ca-milo em mensagem ditada a Chico Xavier na cida-de de Uberaba (MG), em 19 de janeiro de 1959, in-titulada “O Esperanto como Revelação”, de quetranscrevemos este sugestivo trecho:

“[...] E além da paisagem propriamente terrestre, ascriaturas libertas do carro físico, se excepcionalmenteevoluídas, no intervalo das reencarnações necessárias,via de regra não conseguiam transcender a fronteira derealizações dos grupos raciais a que se viam jungidas.

[...] Verificando as imensas dificuldades para o in-tercâmbio de tribos e povos desencarnados, especia-listas espirituais de fonética, etimologia e onomato-péia empreenderam a formação de um idioma inter-nacional para entendimento rápido nas regiões espa-ciais vizinhas do Globo, multiplicando, em vão, ten-tames e experiências, até que um dos grandes mis-sionários da Luz, consagrado à concórdia, tomou a sio exame e a solução do problema”.

Criação do Esperanto entre os Espíritos

“Novas perspectivas descerram-se, promissoras.

Há 120 anos nascia oEsperanto

CAF F O N S O SOA R E S

1Memórias de um suicida. 6. ed. FEB. Terceira parte, cap. “Últimostraços”, p. 667-668.

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A FEB e o Esperanto

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Cercando-se de assessores eficientes, o constru-tor da unificação iniciou dilatados estudos e, con-jugando as mais conhecidas raízes idiomáticas devários povos, concretizou, em quase meio séculode trabalho, a sublime realização.

Auxiliado pelas numerosas equipes de colabora-dores que se lhe afinavam com o ideal, o gênio daconfraternização humana, que conhecemos porLázaro Luís Zamenhof, engenhara, com a inspira-ção divina, o prodígio do Esperanto, estabelecen-do-se a instituição de academias respectivas, nosplanos espirituais conexos às nações mais cultasdo Planeta.”

Zamenhof desce aos cenários terrenos para reen-carnar, em 15 de dezembro de 1859, na pequena Bia-lystok, cidadezinha da Polônia então anexada ao Im-pério Russo. Renascem com ele os grandes Espíritosde sua falange que colaboraram na criação do idio-ma internacional nas esferas espirituais e que lhe da-riam na Terra o indispensável sustento para que o es-peranto superasse os naturais obstáculos que inva-riavelmente se erguem contra os ideais de progresso.

O primeiro livro de esperanto já estava prontoem 1885, mas as dificuldades com editores e de na-tureza financeira só permitiram sua publicação em26 de julho de 1887.

A pequena brochura destinava-se aos povos delíngua russa e apresentava os seguintes dizeres nacapa: Dr. Esperanto. Língua Internacional. Prefácioe Manual Completo, para russos. Para que uma lín-gua seja mundial, não basta dar-lhe esse nome.Varsóvia. Tipo-Litografia de Ch. Kelter, rua No-volipje no 11. 1887. Seu conteúdo resumia-se emum prefácio, o alfabeto da Língua Internacional,as 16 regras gramaticais sem exceções, o Pai Nos-so, trechos da Bíblia, um modelo de carta, poemasoriginais e traduzidos e um vocabulário de 918raízes.

A pequena semente germinou, desenvolveu-seno seio das sociedades e hoje se faz frondosa árvo-re cujos belos frutos já vão alimentando as almasgenerosas que pelo mundo praticam os ideais dejustiça e fraternidade encerrados na criação dobondoso oculista de Varsóvia, Lázaro Luís Zame-nhof, o Dr. Esperanto.

Capa do primeiro livro publicado, no mundo, em Esperanto

Foto de Lázaro Luís Zamenhof:o “Dr. Esperanto”

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ais um ano que passa,novo ano que surge...

Tempo de mudanças...Bons propósitos e votos são

elaborados nas mentes e noscorações dos homens. E, sem dú-vida, entre esses votos, há totalunanimidade na emissão de umforte anseio pela paz!

Se os últimos séculos inega-velmente se caracterizaram peloavanço intelectual da Humani-dade terrestre, os queridos ben-feitores do Plano Maior já nosinformam que é momento ina-diável para que o mundo co-mece a imprimir em si mes-mo o selo da sensibilidade,do progresso moral.

Então, afirmamos, comveemência, que deseja-mos estabelecer realmen-te um processo cres-cente de paz,envolvendo oorbe, anu-lando dissen-sões, violências,incompreensões,d e s e n t e n d i m e n -tos!...

Queremos paz!Mas, que paz? Qual o conceito

que temos dela?Será desviando-a de seu ver-

dadeiro sentido, como faziam osromanos na época antiga, queafirmavam ser necessário pos-

suir-se um poderoso exército afim de, pelo medo, manter a pazcom seus vizinhos... (Si vis pa-cem, para bellum, isto é, “Se que-res a paz, prepara a guerra”).

Será a sensação de alegria mal-sã do desavisado que a confundecom paz, quando, vingativo, vêseu desafeto em sofrimento?

Será a satisfação de fugir ao tra-balho para aquele que, de modoimpensado, cultiva a inércia para-lisante, externa e internamente?

Ou será ainda o contentamen-to vicioso do vaidoso ante o in-censo traiçoeiro dos aduladores

pertinazes?E quantos exemplos mais

poderiam ser dados sobreessa pseudo-paz...

Não, não é essa a paz aque aspiramos! A paz que

almejamos é aquela viven-ciada por Jesus, que

nos disse: “A pazvos deixo, a minhapaz vos dou”. Eacrescentou ain-

da: “Não vo-la doucomo a dá o mundo”.

(João, 14:27.)

Este será omilênio da paz?

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IVO N E MO L I NA RO GH I G G I N O

M

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É a paz moral, evangélica, in-vencível, imperturbável, comonos demonstrou o Cristo, e que aDoutrina Espírita vem relembrare apontar caminhos para que aalcancemos.

Necessário se faz, pois, quemeditemos sobre nós e nosso de-sejo de paz. Só haverá paz nomundo quando ela existir no ín-timo de cada um de nós. A pazcomeça em nós!

Sendo a paz uma conquistaindividual, no imo de cada ho-mem, faz-se mister que, cons-cientemente, avaliemos a nossaparticipação nessa tarefa uni-versal.

Será que estamos de fato nospropondo a encetar, com firme-za, a nossa renovação interior, anossa reforma íntima, único meiopara dar forma nova ao “homemvelho” que secularmente preva-lece em nós? Reforma essa que sóse dará pelo processo contínuoda nossa auto-análise, visando oconhecimento de nossa intimi-dade espiritual, para que nos li-bertemos dos nossos erros e im-perfeições, permitindo-nos do-minar a nós mesmos.

Estamos “em obras”... Assim,perseveremos no trabalho de ir--nos despojando paulatinamentede tantos enganos, traiçoeiros e

perigosos, dedicando--nos à sementeira doamor como regra deconduta, amor equili-brado, que harmonizao nosso ser, que edi-fica, que aproxima,que produz o bem,que gera a paz!

Tornemo-nos fo-cos individuais dessapaz através da nossaeducação integral, aqual servirá de exemploe ajuda aos irmãos quecaminham ao nosso lado.

Jesus sempre nos de-monstrou, com seu exemplo,a importância da paz, inclusi-ve afirmando “Meus discípu-los serão conhecidos por muitose amarem” (João, 13:35), já quesó existe a verdadeira paz ondehá amor... E, no Sermão da Mon-

tanha, asseverou ainda que os“mansos” e os “pacíficos” seriamos “bem-aventurados”...

Inegavelmente, cada um denós é uma gota de água no mar.Porém, como dizia Madre Teresade Calcutá, o mar seria menor selhe faltasse uma gota!...

Desse modo, persistamos emnossos propósitos de melhoria,tendo o Excelso Mestre como guiae modelo, a fim de participarmosefetivamente da construção dessaera nova, a era da sensibilidade, daqual, sem dúvida, fará parte a be-leza da paz!

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Inegavelmente,cada um denós é umagota de águano mar.Desse modo,persistamosem nossospropósitos demelhoria

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maioria, senão a totalida-de dos grupos espíritas,está celebrando os 150

anos da primeira edição de O Li-vro dos Espíritos. Muitos se preo-cuparam em realizar uma reuniãoextra em 18 de abril, caso seu ca-lendário normal não reservasseatividades neste dia. Sem dúvidauma data a se comemorar, tendoem vista que representa a lem-brança da base essencial da Dou-trina Espírita, longe da qual pode-mos nos perder em devaneios,aproveitando também para forta-lecer os laços de amizade e cari-nho entre a família espírita.

Em muitos eventos deve ter bri-lhado, nada mais justo, o esforçodo inesquecível Allan Kardec, sobrequem ficou a responsabilidade deorganizar, coordenar e desenvolveras diversas informações que esta-vam surgindo a partir dos simplesfenômenos das mesas girantes. Ho-je, temos todas as condições de re-conhecer o quão grandioso foi esse

trabalho que, graças à dedicação eseriedade de seu realizador, sabe-mos que foi plenamente executado.

Possivelmente, outras figurashistóricas do Movimento Espíritaforam mencionadas por conta dasexpressivas contribuições para ofortalecimento e desenvolvimentodas idéias inicialmente organiza-das em O Livro dos Espíritos.

Como muito já deve ter sidodito, e com mais consistência, so-bre esses luminares do Espiritis-mo, gostaríamos de destacar aquias figuras simples representadaspor todos que, com pequenas vir-tudes e grandes limitações, cola-boram com este movimento emprol do progresso de nossa socie-dade. São diversas essas figuras,entre as quais nos incluímos, quesem expressividade no MovimentoEspírita atuam anonimamente emdiversas áreas. E para destacar essasfiguras simples, presentes em to-dos os momentos desses 150 anos,apresentamo-nos como um cola-

borador simples, sem outros re-cursos além da boa vontade e dadisposição para aprender comquestionamentos que sempre sãobem-vindos em nosso processo decrescimento em amor e sabedoria.

Nosso objetivo não é despertara vaidade nem o orgulho que pos-sam surgir de elogios sem sentidoe fora de oportunidade, mas lem-brar que todos temos muito a darà Doutrina Espírita no círculo denossas ações. Fora o sincero econstante esforço de renovaçãomoral íntima, que Allan Kardecidentificou como o meio mais efi-caz de divulgação do Espiritismo,nossa colaboração é essencial paraa harmonia do grupo onde livre-mente nos vinculamos. Alerta: seé verdade que contribuímos paraharmonizar, nossa capacidade deinfluenciar negativamente tam-bém é grande.

Listamos abaixo algumas ativi-dades que poderiam passar desper-cebidas por aqueles que não estão

150 anosde dedicação

ARI C A R D O ALV E S DA SI LVA

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suficientemente atentos à dinâmi-ca do Centro Espírita:

I. Limpeza e higiene do am-biente físico;

II. Manutenção das instalaçõeselétricas, hidráulicas e civis;

III. Trato da documentação le-gal, quando o grupo espírita estáconstituído como pessoa jurídica;

IV. Organização da biblioteca eda livraria;

V. Recepção e despedida dosfreqüentadores; e

VI. Organização dos ambientespara reuniões públicas e privativas.

Nos restringiremos a essas ati-vidades, certos de que outras po-deriam ser citadas, conforme a di-mensão das atividades do CentroEspírita, para agradecer e parabe-nizar a todos aqueles que as de-senvolvem. O aniversário de 150anos da primeira edição de O Li-vro dos Espíritos perderia muitodo seu valor se não fossem todosaqueles que, ao longo dos anos,têm buscado realizar essas tarefascom o empenho característico dotrabalhador sincero, feliz por co-laborar com a obra monumentalde renovação moral da sociedade.

Que vaidades e orgulhos nãonos assaltem, a fim de não perder-mos de vista o caminho das coisassimples, certos de que, cada umfazendo a sua parte, um belo fu-turo nos aguarda.

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Aborto, sim e não

Uma visãomédico-espírita

sobre o abortoLU I Z CL Á U D I O D E PI N H O

erfeitamente compreen-sível em países como oBrasil, envoltos em pai-

xões variadas, sobretudo as decaráter religioso, vermos teses eposturas apaixonadas referentesao assunto – aborto. No entan-to, do ponto de vista científico eespírita, é perfeitamente cabívelo aborto quando se encontra emrisco de morte a gestante.

A isto, nos reportamos à res-posta categórica registrada porAllan Kardec, na questão 359de O Livro dos Espíritos.

No oposto, seja por conta deum estupro ocorrido, de umabandono paterno, receio dosfamiliares, etc. o aborto deveser evitado.

Há riscos variados, não ape-nas para a saúde física materna,por conta de hemorragias, sen-timentos de culpa com distúr-bios do comportamento, mas,sobretudo, por comprometi-mentos espirituais perante aviolência perpetrada.

Dentro da visão espiritista--cristã, que não concebe fana-

tismos e execrações a quem de-linqüe, o embrião ou feto arran-cado, da maneira como escla-recemos, pode levar o Espíritoreencarnante a tornar-se umterrível perseguidor espiritualpor conseqüência da rejeiçãorecebida.

Nestes termos, não apenas amãe, mas todos que participa-ram direta ou indiretamente, se-ja na condição de práticos damorte ou de financiadores des-ta, adquirem uma dívida de gra-ves conseqüências que só pode-rá ser saldada através de “ado-ções-reajustes”, seja material ouespiritualmente falando.

Apenas o arrependimento,sem o pagamento da dívida, nãorecupera a área lesada. Tam-pouco, acusar aqueles que er-ram contribui para uma toma-da de consciência. Ademais, as-severou Pedro, 4:8:

“[...] o amor cobre a multi-dão de pecados” e quem nuncaerrou, nesta ou em outras vi-das, continue a atirar a primei-ra pedra.

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mbora seja discutida comose fosse uma doença única, aesquizofrenia pode ser consi-

derada como uma síndrome hete-rogênea, ou ainda como um grupode transtornos com causas hetero-gêneas. A sua, pode ser consideradaa história da própria psiquiatria,uma vez que a quantidade de estu-diosos desta enfermidade é vasta.Neste contexto, pois, o psiquiatrafrancês Bénédict Morel (1809--1873) foi quem primeiro se utili-zou do termo démence précoce, oqual seria latinizado, mais tarde,por Emil Kraepelin (1856-1926)como dementia precox. Caberia,porém, ao suíço Eugen Bleuler(1857-1939), em 1911, a criação dotermo “esquizofrenia”, que indica apresença de um cisma entre pensa-mento, emoção e comportamento(esquizo = cisão, frenia = mente).

Muito embora, pense-se ser elaum achado raro, atualmente se sa-be que a sua prevalência é algo emtorno de 1% em todo mundo, en-tretanto, apenas uma pequenaparcela desta população recebe otratamento adequado.

Como há de se convir, não exis-tem características patognomôni-cas da doença, ou seja, os sinais eos sintomas não são exclusivos daesquizofrenia, podendo-se, assim,encontrá-los em outros distúrbiospsiquiátricos e/ou neurológicos.Dessa maneira, a sintomatologia

esquizofrênica se apresenta dema-siado abrangente. É interessantenotar, no entanto, a presença im-portante das alucinações – altera-ção da percepção em que o indiví-duo percebe algo na ausência doobjeto e, por conseguinte, da sen-sação (delírios): há sensação e ob-jeto, mas a percepção da realidadeé alterada, fantasiada.

Neste ínterim, pela complexi-dade do distúrbio, foram diferen-ciados vários tipos de esquizofre-nias, sendo estes os principais sub-grupos: paranóide – caracterizada,fundamentalmente, pela presençade delírios de perseguição ou degrandeza; desorganizada ou hebe-frênica – caracterizada, principal-mente, por uma regressão acen-tuada a um comportamento pri-mitivo; catatônica – caracterizadapor uma acentuada perturbaçãopsicomotora; indiferenciada – naqual pacientes dificilmente seencaixam em um dos outros tipos;residual – em que os delírios e/oualucinações são pobres.

Mas, apesar destas diversidadesde termos, a sua causa, para a Medi-cina oficial, é, ainda, desconhecida.Nada obstante, no aspecto bioquí-mico, observou-se que a atividadedopaminérgica está muito elevadanos indivíduos esquizofrênicos. E,na atualidade, outros neurotrans-missores vêm sendo colocados naimplicação da fisiopatologia desta

doença, tais como a serotonina, anoradrenalina e o GABA. Neuropa-tologicamente falando, o sistemalímbico, que exerce importante pa-pel no controle das emoções, empacientes portadores de tal síndro-me, apresenta, conforme se obser-vou, diminuição no tamanho da re-gião que abrange a amígdala, o hi-pocampo e o giro para-hipocampal.Apesar de este sistema ser, de acordocom os estudiosos, a base fisiopato-lógica da doença, outras áreas cere-brais parecem estar envolvidas, co-mo os núcleos basais, já que estãorelacionados com o controle dosmovimentos, os lobos frontais dotelencéfalo, o tálamo e o tronco ce-rebral. Geneticamente, observa-seque há uma ligação na presença dedistúrbios em membros de umamesma família, sendo esta tantomais forte quanto maior for o grau deparentesco. Modernamente, ainda,os exames sofisticados de imagenscerebrais, tais como a ressonânciamagnética e a tomografia por emis-são de pósitrons, e os eletroencefa-lográficos vêm dando maiores sub-sídios para o estudo.

Um modelo para integração des-tes fatores etiológicos é o estresse--diátese, em que há no portadoruma vulnerabilidade específica, oudiátese, a qual deve ser influenciadapor um estresse para o surgimentoda sintomatologia. De modo geral,tanto a primeira, quanto o segundo,

Esquizofrenia

ELE O NA R D O MAC H A D O

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podem ser biológicos e/ou ambien-tais. Outrossim, mecanismos ditosepigenéticos, como traumas e dro-gas, podem contribuir.

Percebe-se, pois, que a esquizo-frenia é uma síndrome com grandecomponente fisiológico. A par dis-so, porém, fatores psicossociaismerecem grande destaque. Nestesentido, diversas teorias que envol-vem o paciente, a família e os as-pectos sociais foram elaboradas.Como exemplo, tem-se as dadaspela psicanálise, não só as formula-das por Freud, mas também as deSullivan e as descritas por MargaretMahler.

Há de se considerar, no entanto,sempre, a complexidade desta en-fermidade. Sendo assim, imperiosoé lembrar das palavras de Bleuler,quando concluiu ser a esquizofre-nia “uma afecção fisiógena, mascom ampla supereestrutura psicó-gena”. Dessa forma, apesar dasgrandes descobertas, do ponto devista fisiológico, já realizadas atéaqui no campo dos mecanismosetiopatogênicos, é preciso convirque o arsenal ainda não se esgotou.Isso porque, afora as contribuiçõespsicossociais, há que se levar emconsideração o Espírito imortal,agente causal fundamental.

Não são de espantar, portanto,as palavras do sábio grego Sócra-tes, quando dissera: “Se os médi-cos são malsucedidos, tratandoda maior parte das moléstias, éque tratam do corpo, sem trata-rem da alma. Ora, não se achandoo todo em bom estado, impossí-vel é que uma parte dele passebem”.

Neste ínterim, a Doutrina Espí-rita identificando o indivíduo realcomo sendo o Espírito, ser pen-sante do Universo; estudando pro-fundamente as relações deste como corpo material, através do seuenvoltório, ou perispírito, no dizerde Allan Kardec; comprovando aimortalidade da alma, através dascomunicações mediúnicas, e a ca-pacidade que os desencarnadostêm de influenciar os ditos vivos;mostrando a reencarnação e expli-cando os mecanismos evolutivosda lei de ação e reação; mostrandoa loucura por outro prisma; e des-trinchando os mecanismos dasobsessões, vem, por isso mesmo,abrir novos rumos ao entendi-mento desta importante doença.

Desse modo, como já dissera oDr. Adolfo Bezerra de Menezes,“nessa estrutura psicógena”, fala-da pelo eminente psiquiatra suíçosupracitado, situam-se, igualmen-te, “os fatores cármicos, de proce-dência anterior ao berço que pe-sam na consciência culpada...”. Is-so porque, também, o paciente es-

quizofrênico é um Espírito imor-tal em processo de evolução.

Neste contexto, pois, observa-seque a esquizofrenia guarda a suaorigem profunda no Espírito quedelinqüe. Este fica atormentadopela consciência de culpa, devidoaos erros de vidas transladas, osquais, provavelmente, passaramdespercebidos pela justiça terrena,mas não foram capazes de ludi-briar as leis do Criador, porque ins-critas dentro do ser. Conseqüente-mente, tal sentimento impregna operispírito e, mais cedo ou maistarde, em uma nova vida, vai trazerà tona no corpo físico, desde antesda concepção, os fatores necessá-rios para a predisposição à síndro-me e necessária reparação dos cri-mes cometidos.

Não se trata, portanto, de umacisão do pensamento, conformelhe indica o nome, mas de uma di-ficuldade em exteriorizá-lo, em fa-ce do processo complexo supra--explicado que constitui para o es-quizofrênico um impositivo ex-piatório, uma vez que em outras

Pessoas que fazem uso de drogas podem sofrer de esquizofrenia

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tentativas provacionais, em outrasexistências, ele foi malsucedido.

Dessa maneira, com as contri-buições da ciência espírita, pode-seentender a esquizofrenia comosendo uma síndrome que tem noseu fundamento um transtorno es-piritual. Este gera no corpo osmeios fisiológicos necessários à suaexteriorização, sendo influenciadopor diversos fatores psicossociais.Além disso, é preciso levar em con-ta a influência negativa, através daobsessão, gerada pela(s) antiga(s)vítima(s) do atual doente, o quecontribui para o agravamento doquadro e surgimento de outras dis-funções características do transtor-no. Por isso mesmo, é preciso vê-lacomo sendo um processo misto denatureza espiritual, fisiológica, ob-sessiva, e com fortes influências psi-cossociais.

Mister se faz anotar, ainda, quetodas essas etiologias atualmenteexplicadas pela Ciência são, naverdade, “causas–conseqüências” enão as origens reais, uma vez queestas se encontram no ser causal enão na sua cópia material. Aforaisso, a complexidade sintomatoló-gica e causal está, certa e direta-mente, ligada às intricadas e com-plexas tramas do Espírito e dodestino. Outrossim, aquilo quemuitos têm na cota de alucinaçõese de delírios são, em reiteradasoportunidades, contatos mediúni-cos; não se ignorando, entretanto,que podem ser, também, reflexosda consciência turbilhonada quetraz, de quando em vez, sensaçõesdo passado; ou, ainda, originadaspela desorganização do soma.

Portanto, por se tratar de umasíndrome com grandes compo-nentes fisiológicos, o tratamentofarmacológico com os antipsicóti-cos, proposto pela Psiquiatria, sefaz urgente, tanto para reprimir ossintomas, quanto para tratar aqui-lo que preferimos chamar de “cau-sas–conseqüências”. No entanto,visando ir além, não se deve furtaraos benefícios das diversas aborda-gens psicoterápicas vigentes.

Observando-se, porém, as con-tribuições do Espiritismo o qualvislumbra o ser integral, impres-cindível se faz, com o objetivo deremontar às causas fundamentaisda esquizofrenia, não ignorar aterapêutica espiritual em que figu-ram a desobsessão, a fluidoterapiapela imposição das mãos e pelaágua, a oração e, primordialmen-te, a psicoterapia oferecida pelaDoutrina Espírita, que se baseianos ensinos de Jesus sobre o amore a caridade, e que, um dia nãomuito longínquo, estará impreg-nando os conceitos das academias.

Nada obstante, não se deve espe-rar resultados exageradamente rá-pidos em se tratando de tão graveenfermidade, que tem raízes finca-das em vidas passadas, vez que ou-tra, multimilenares. Além do mais,seres imortais que todos são, os ho-mens não devem vislumbrar ape-nas o momento fugidio, mas, so-bretudo, o relógio do futuro.

Sendo assim, como ser imortalque vive no presente cuidando doporvir, o indivíduo, Espírito que é,deve procurar o trabalho da profila-xia. Neste contexto, como se podededuzir, o Evangelho de Jesus é ain-

da, e sempre será, a melhor alterna-tiva. A sua mensagem de vida abun-dante deve hoje, e deverá amanhã,penetrar a vida de todos em buscada saúde integral. O amor, terapêuti-co e profilático, é, e sempre será, odivino remédio. Neste sentido, pois,mister se faz lembrar destas palavrasdo Mestre, as quais são, ao mesmotempo, claras e simbólicas: “Recon-ciliai-vos o mais depressa possívelcom o vosso adversário, enquantoestais com ele a caminho, para queele não vos entregue ao juiz, o juiznão vos entregue ao ministro da jus-tiça e não sejais metidos em prisão”.E esta prisão, muitas vezes, vem emforma de uma estrutura nervosa de-sajustada, qual a que ocorre em umpaciente esquizofrênico.

Bibliografia:KAPLAN, Harold I.; SADOCK, Benjamin J.;

GREBB, Jack A. Compêndio de psiquiatria:

ciências do comportamento e psiquiatria

clínica. Trad. Dayse Batista. 7. ed. 6ª reim-

pressão. Porto Alegre: Artmed, 1997. Cap.

13, p. 439-466.

DENNIS, L. Kasper [et al.]. Harrison medici-

na interna. 16. ed. Rio de Janeiro: McGraw-

-Hill Interamericana do Brasil Ltda., 2006.

Cap. 371, p. 2684-2865.

FRANCO, Divaldo P. Entre os dois mundos.

Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miran-

da. Bahia: LEAL, 2005. Cap. 13, p. 142-145.

______. Loucura e obsessão. Pelo Espírito

Manoel Philomeno de Miranda. 1o. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 4, p. 49-52.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 90. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2007.

______. O evangelho segundo o espiritis-

mo. 126. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. “In-

trodução”, item IV, p. 46.

Mateus, 5:23-26.

36 Reformador • Agosto 2007 332222

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37Agosto 2007 • Reformador 332233

A convite da Federação EspíritaPortuguesa (FEP),contando com co--promoção do Conselho EspíritaInternacional (CEI), e apoio da Fe-deração Espírita Brasileira (FEB),uma equipe desta última desen-volveu um Curso de Preparaçãode Trabalhadores Espíritas nasdependências da Associação Es-pírita de Leiria, em Leiria, no pe-ríodo de 15 a 17 de junho de 2007.O evento foi aberto pelo presiden-te da Federação Espírita Portugue-sa, Arnaldo Costeira, e pela coor-denadora do evento, Maria IsabelSaraiva, seguindo-se saudaçõesdos coordenadores dos temas, epalestra de Antonio Cesar Perri deCarvalho sobre “Sesquicentená-rio do lançamento de O Livro dosEspíritos”. Durante o sábado (dia

14) e no período da manhã de do-mingo (dia 15), os participantesdo Curso se dividiram nos gruposque trabalharam os temas: “Aten-dimento Espiritual” (Maria EunyHerrera Masotti), “ESDE” (EdnaFabro), “Mediunidade” (Marta

Antunes de Oliveira Moura),“DIJ” (Rute Ribeiro, Maria EmíliaBarros, de Portugal, Cláudia Wer-dine, da Áustria, Mariléa Conde,da Suíça), estas últimas três comorepresentantes do CEI-Europa, e“Gestão Administrativa e Doutri-nária do Centro Espírita” (Anto-nio Cesar Perri de Carvalho). Noencerramento, na tarde do do-mingo, houve reunião plenáriacom saudações dos representantesdos 28 centros espíritas presentes,provenientes das várias regiões dePortugal, e dos coordenadores dostemas desenvolvidos. Ao todo,compareceram 273 participantes.Em seguida, os expositores se di-vidiram e realizaram palestras evisitas em instituições espíritas devárias cidades de Portugal.

Equipe da FEBdesenvolve curso em Portugal

Mesa de abertura das atividades

Aspecto parcial do público

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38 Reformador • Agosto 2007 332244

momento que o planetaTerra vive em todos osseus quadrantes é de

grande aflição! A violência se es-palha criando a insegurança e oinfortúnio. As catástrofes coleti-vas se sucedem, sem que quais-quer medidas preventivas sejamsuficientes para conter as tragé-dias. A impressão é de descontro-le total. Para os ateus, o mundoestá desgovernado; para os queacreditam em Deus, a crença emsua suprema sabedoria e bondadevacila; para os que têm fé robusta,permanece a interrogação: que fa-zer? Como se posicionarem à luzdos ensinamentos trazidos peloEvangelho de Jesus? Como enten-der o que está acontecendo?

De um lado, acicatadas pelaviolência dos elementos, e do ou-tro pela brutalidade originada daignorância e inferioridade moral

do próprio homem, vivem aspopulações mundiais sujeitasa toda sorte de sofrimentos e

dores. Dir-se-ia em pleno vigor oimpério da besta do Apocalipse!Viver torna-se um fardo extrema-mente pesado. Ante as inquieta-ções e surpresas o desequilíbrio seinstala; os fatores de avaliação e osvalores referenciais oscilam, a dú-vida se estabelece e a criatura seperde num complexo emaranha-do de considerações que não lhedão a chave para solução dos pro-blemas do destino e da dor.

Segundo reportagem do saudo-so Francisco Cândido Xavier, sob aassistência do mentor Emmanuel,uma leva de Espíritos, gravementecomprometidos com um passadode erros, faltas, fraquezas, pecadose crimes, reencarnaria na Terra co-mo última oportunidade de seajustarem em nível atual da Huma-nidade que a habita. Esta experiên-cia do médium em desdobramentofoi publicada pelo mensário FolhaEspírita por volta da década de 80.

Por outro lado, a Humanida-de chegou ao clímax de

sua maturação, dentro da faixaevolutiva que lhe é peculiar. Aosaprovados na grande avaliação, odestino de comporem a nova ci-vilização do terceiro milênio emambos os planos da vida. Aos re-calcitrantes, rebeldes e indiferen-tes, aos reprovados enfim, o des-tino de repetirem as provas emamargas experiências, fora da po-pulação do Orbe, sem macularema ventura dos justos.

Ao final do segundo e limiar doterceiro milênio, o planeta passapor um necessário expurgo comvistas à criação de novas condiçõespara a civilização remanescente.Desencarnações em massa se pro-cessam pela fúria dos elementospara Espíritos comprometidos,chamados que são ao resgate cole-tivo. Os rebeldes, indiferentes aquaisquer esforços que os possamlibertar da inferioridade e do mal,provavelmente reencarnarão emplaneta de condição geral inferiorà nossa, onde serão os precursores

Ante a violência

OMAU RO PA I VA FO N S E C A

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13o Congresso Estadualde Espiritismo

A União das Sociedades Espí-ritas do Estado de São Paulo(USE) realizou o 13o CongressoEstadual de Espiritismo, emGuarulhos, no período de 6 a 9de julho, tendo como tema cen-tral “Espiritismo 150 anos: Unirpara Difundir”.

A Sessão de Abertura, dirigi-da pelo presidente José AntonioLuiz Balieiro, contou com a pre-sença do prefeito do Município,de parlamentares dos legislativosfederal, estadual e municipal, derepresentantes de várias insti-tuições espíritas e da FederaçãoEspírita Brasileira (FEB). Peran-te grande público, Divaldo Perei-ra Franco proferiu palestra comabordagem do tema central.

As atividades do Congressotiveram início na manhã do dia7, com exposições e discussõesde quatro Módulos sobre os

subtemas:“Centro Espírita”;“Co-municação Espírita”; “Infânciae Mocidade Espírita”; “UniãoEspírita”. À noite, Suely CaldasSchubert falou para o públicoem geral sobre “Allan Kardec eo processo de regeneração daHumanidade”.

O evento encerrou-se no dia9, pela manhã: às 8 horas – Con-clusão geral dos temas, em ple-nário; às 9 horas – Reunião doConselho Deliberativo Estadual(CDE); às 10 horas – Palestra deJosé Raul Teixeira sobre “Jesus ea união dos Espíritas”.

Houve, ainda, as seguintesatividades extras, dias 7 e 8: nohorário das refeições – Apresen-tações artísticas no Espaço deConvivência; às 19h30 – Salascom temas livres e específicos –estudos, teses, poesias, leituradramática e literatura.

do progresso de coletividades ain-da nos estágios primários do co-nhecimento e da moral. A Terra, deplaneta de expiações e provas quefoi até agora, alcançará na escalasideral a posição de planeta de re-generação, quando gradualmenteserão extintas as expiações indis-pensáveis para os que rejeitaramreincidentemente os argumentosdo bom senso, da lógica e da razão,em flagrante desrespeito às leis di-vinas e aos ensinamentos enviadospelo Criador através do Cristo queno-los legou no seu Evangelho.

O objetivo da existência é oprogresso do Espírito! Até aqui, aTerra tem funcionado como umcadinho de purificação, para se-parar o precioso metal da gangaimpura que lhe impede o brilho eo esplendor. Justos e pecadores emconvívio estreito atenderam aosimpositivos da lei do progressocom duplo objetivo: os ignoran-tes retardatários do bom senso eda razão beneficiando-se, em con-tato com justos e intelectualiza-dos, pelos exemplos que estes ofe-recem; os esforçados e esclareci-dos, já medianamente evoluídos,encontrando nesse contato opor-tunidade de exercitarem os eleva-dos atributos morais da alma,como a tolerância, a paciência, ahumildade, a complacência, a fra-ternidade, o perdão, etc.

Aos espíritas estará outorgadaa tarefa de divulgar e exempli-ficar os ensinamentos do Evan-gelho de Jesus, na tentativa der-radeira de conduzirem os que setransviaram aos caminhos liber-tadores rumo à ventura e à paz.

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Evento da USE-SP, em comemoração ao Sesquicentenáriodo Espiritismo e aos 60 anos de sua fundação

Aspecto da Mesa na Sessão de Abertura

Público que assistiu àabertura do Congresso

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40 Reformador • Agosto 2007 332266

Caminha a Terra e em seu bojo,

Após as sombras medievas,

A vida encharcada em trevas,

É caos e segregação;

Mas, sob a bênção celeste

Mostra Sagres, portentosa,

A rota vitoriosa,

Forjando a navegação.

Século XV! renascem

Novo alento, nova crença,

Segue o homem, sem detença:

Esforço, trabalho, afã...

Papel, a bússola, a pólvora,

A imprensa libertadora,

Traz a mão confortadora,

Talhando a luz do amanhã.

Miguel Ângelo arrebata,

Da Vinci é ciência e estudo,

Pinta e cinzela, contudo,

Perscruta, atento, o porvir;

Nas catedrais que cintilam

Entre mosaicos, vitrais,

A fé não cessa jamais,

De avançar, de evolutir...

Com três naus, frágeis e leves,

Singra os mares com ardor

Colombo, o descobridor

Da América, em sonhos mil.

A Terra espicaça o gênio...

Logo após Cabral, ufano,

Vencendo o mesmo oceano,

Exibe ao mundo o Brasil!

Nos céus das terras noviças,

Brilha a cruz dos tempos novos,

Relembrando junto aos povos,

A mensagem do madeiro...

O caldeamento de raças –

O negro, o índio, o europeu –

Forja a nação que atendeu

Ao chamado do Cordeiro.

Nos domínios guaranis,

A terra excita a cobiça,

Portugueses vão à liça,

Em visões alvissareiras;

Intrépidos e invencíveis,

Adentram sertões e matas,

Vencem rios e cascatas,

Nas Entradas e Bandeiras.

Sobrepujando perigos,

Pais Leme é forte e valente,

Anhangüera é irreverente,

Junto ao índio que obedece...

Acima dos ideais,

Nem esmeraldas, nem ouro,

Mas, sim, o grande tesouro

Da Pátria que se engrandece.

Avança o tempo e não pára...

Jesuítas dão-se às metas,

São Nóbregas e Anchietas

Trazendo, ao gentio, a luz;

Ensinam, falam, consolam,

Trabalhando as cidadelas,

Nas lições claras e belas

Do excelso Mestre Jesus!

As esperanças celestes,

Junto à Terra atormentada,

Plasmam ditosa alvorada

Em Cristo, no amor profundo...

Fazem do Brasil que cresce,

A nação que cedo avança,

Um celeiro de bonança,

Como coração do mundo.

A árvore do Evangelho

Transplanta-se, novamente,

Para a nação expoente

Da alegria e do otimismo;

Revive-se o Cristo e a fé,

O raciocínio defende,

A caridade resplende

Com Kardec e o Espiritismo!

Eis a Pátria do Evangelho,Missionária da Verdade,Com Deus, Cristo e Caridade,Por cintilante divisa...Ensina, aclara, ilumina,Fala do Amor que redime,Com Jesus, a marcha imprime:Segue, educa, evangeliza!

Hoje, às luzes do Planalto,Junto à grandiosa Família,Vejo expandir-se, em Brasília,Esplendorosa e altaneiraA força da fé cristã:Novas Entradas à terra,Nova Luz que se descerra,Nova Cruzada e Bandeira.

Evangelizar é o lema,Afloram luta e serviço;Novamente a fé tem viço,Grandeza, fibra e vigor.A mente examina e pensa,A decisão se faz forte,Desfaz-se o medo da morte,Sob as lições do Senhor.

Extasiado e otimista Quedo-me, agora, indagante Buscando ouvir, neste instante,Novo alento ao coração.E escuto dos Altos Cimos,Em súplica, reverente,Sob o pálio reluzenteA feliz indicação:

– Filho meu, ao mundo aflito,Ao cenário atormentado,Ao homem que, conturbado,Se contorce em dores mil,Prepara o oásis bendito,Pouso da fé renovada,Corajosa e iluminada:O abençoado Brasil.

Castro AlvesFonte: Reformador, agosto de 1982, p. 13

(233).

Resposta dos Céus

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Jaime dos Santos Batista, umdos espíritas mais atuantes na di-vulgação da Doutrina e na Uni-ficação do Movimento Espíritana Bahia, por mais de 50 anos,desencarnou no dia 8 de junhode 2007, aos 81 anos, depois deprolongada moléstia, sendo se-pultado no mesmo dia, no finalda tarde, no Cemitério “Jardimda Saudade”.

Procedente de Sítio do Meio,perto de Alagoinhas, interior doEstado, Jaime, criança pobre, omais velho de dez irmãos, veiopara Salvador, onde, bem jovem,começou como empregado emlanchonete no Largo do Tanquede onde saiu para aprender pró-tese dentária, encantando-se coma profissão.

Formou-se em Odontologia.Foi profissional de sucesso e

professor da Universida-de Federal da Bahia

(UFBA) até aposen-tar-se. Por sua in-fluência, seus irmãostambém vieram pa-ra a Capital, três setornaram protéti-cos de dentistas eum deles tambémprofessor da UFBA.

Deixou viúva aprofessora Maria deLourdes Pena Batista,com quem conviveu por

muitos anos, além detrês filhos: dois médicos

e um dentista. Jaime

ingressou no Espiritismo na me-tade dos anos 50, participandoda Mocidade Espírita Nina Aroeira,no Centro Espírita Caminho daRedenção, fundado e dirigidopor Divaldo Franco e Nilson Pe-reira de Souza. Simpatizou com aatividade federativa do Departa-mento da Infância e Juventude, daUnião Social Espírita da Bahia eintegrou, em julho de 1958, aDelegação ao Órgão (treze mem-bros) à 4a Confraternização deJovens Espíritas do Norte e Nor-deste, promovida pela FEB, emTeresina (PI), iniciando sua pro-fícua jornada na divulgação daDoutrina e unificação do Movi-mento Espírita, no Estado. Teveparticipação ativa na evoluçãodesse Movimento, de que resul-tou, em 1973, a transformação datradicional União Espírita Bahia-na, na Federação Espírita do Es-tado da Bahia (FEEB), com a ex-tinção da União Social Espíritada Bahia (USEB), de que Jaimeera o presidente. Foi tambémpresidente da FEEB nos anos de1978 a 1990.

A Jaime Batista, culto, estu-dioso da Doutrina, humilde, idea-lista, trabalhador eficiente e ami-go, nossas vibrações de paz eamor, em seu retorno à PátriaEspiritual.

Jaime dos Santos Batista

41Agosto 2007 • Reformador 332277

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42 Reformador • Agosto 2007 332288

FEB: Loja virtualEm virtude do crescimento do número de pessoas deoutros países que querem realizar compras de livrospela Loja virtual da Federação Espírita Brasileira, foiinaugurado no dia 22 de junho passado o módulointernacional de venda pela Internet, através de umaparceria com a rede internacional DHL. A FEB esta-rá vendendo seus livros para mais de 220 países e ter-ritórios do mundo inteiro, tornando, assim, mais fá-cil o acesso à literatura espírita a uma quantidade ca-da vez maior de interessados. Já vem sendo testadobanco de dados com 38 mil endereços, através dosquais será desfechado um grande marketing.

Uberlândia (MG): Seminário sobre o SAPSE A Aliança Municipal Espírita de Uberlândia realizou,nos dias 23 e 24 de junho, um seminário sobre oServiço de Assistência e Promoção Social Espírita(SAPSE). O evento ocorreu na sede da AME-Uber-lândia, e contou com a participação dos expositores:José Carlos da Silva Silveira e Ricardo Silva, ambosda FEB, e Márcia Regina de Lima, da União EspíritaMineira (UEM).

Rio de Janeiro (RJ): Seminário sobre Espiritismo e Tecnologia

O Centro Espírita Léon Denis (CELD), localizadono bairro de Bento Ribeiro, na cidade do Rio deJaneiro, sediou o IV Seminário sobre Espiritismo e aTecnologia da Informação, no dia 10 de junho. Otema central do encontro foi “A Função Social daTecnologia da Informação e o Espiritismo”. Ostemas específicos foram: “A Função Social daTecnologia da Informação”, “O Ensino a Distânciacomo Fator de Inclusão”, “Desenvolvimento doEnsino a Distância no Brasil”, e “O Ensino aDistância e a Divulgação da Doutrina Espírita”.Ocorreu, ainda, uma “Oficina Interativa” no evento.O seminário foi transmitido, ao vivo, pela Internet.Outras informações podem ser obtidas no endereçoeletrônico: www.celd.org.br/seti

Divaldo na EuropaDivaldo Pereira Franco, com seus 60 anos de orató-ria espírita, fez longa viagem, à Europa, durante 39dias, em companhia de Nilson de Souza Pereira,sendo visitadas 21 cidades de 10 países, nas quais eledivulgou a Doutrina Espírita. Na Turquia, visitaramÉfeso e estiveram na casa de João Evangelista, ondemorou Maria, Mãe de Jesus, e desencarnou MariaMadalena; em Stambul, Divaldo proferiu conferên-cia para 213 pessoas. Foi a primeira vez que, na Tur-quia, se falou, em público, sobre Espiritismo.

Paraná: Encontro em Foz do IguaçuNo dia 17 de junho, ocorreu na cidade de Foz doIguaçu, nas dependências da Universidade Estadualdo Oeste do Paraná (UNIOESTE), o encontro daInter-Regional Oeste, que abrangeu a 10a, 13a e 14a

Regiões, promovido pela Comissão Inter-Regionalda Federação Espírita do Paraná (FEP). “O Livro dosEspíritos: os pilares da ação espírita (harmonia, ho-mogeneidade, coesão)” foi o tema do seminário geral,seguindo-se quatro seminários setoriais, com as áreasAdministrativa/Institucional, Doutrinária/Difusão,Infância e Juventude e Serviço Assistencial Espírita.

Matão (SP): Homenagem a Chico XavierCom Sessão Solene na Câmara Municipal de Matãoe eventos na Casa da Cultura, realizou-se a “Exposi-ção Chico Xavier”, no período de 25 de junho a 1o dejulho. Houve apresentação audiovisual sobre a vida ea obra do médium, exposição de suas obras psico-gráficas e palestras.

Alagoas: Capacitação de TrabalhadoresA Federação Espírita do Estado de Alagoas pro-moveu nos dias 14 e 15 de julho o lançamento doCurso de Gestão da Casa Espírita, em Maceió. Oseminário de lançamento contou com a participaçãode Roberto Fuina Versiani e Edimilson Nogueira,integrantes da equipe da Secretaria Geral do CFN daFEB.

Seara Espírita

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43Agosto 2007 • Reformador 226600

Inglaterra: Medicina e EspiritualidadeA British Union of Spiritist Societies (BUSS), promo-veu, em Londres, nos dias 30 de junho e 1o de julhoo 1o Congresso Britânico de Medicina e Espirituali-dade. O evento contou com o apoio da AssociaçãoMédico-Espírita Internacional (AME), do ConselhoEspírita Internacional (CEI) e da Federação EspíritaBrasileira (FEB). Reuniu mais de trezentos partici-pantes e representantes de 16 países. Informações:[email protected] e www.medspiritistcon-gress.org

Santa Catarina: Assistência e PromoçãoSocial

A Federação Espírita Catarinense promoveu em Blu-menau, no dia 7 de julho, o 1o Fórum Catarinensesobre Assistência e Promoção Social Espírita, sob acoordenação de Edvaldo Roberto de Oliveira (RJ) eHelio Abreu Filho (SC).

Rússia: Contato EspíritaCristiani Haferkamp, espírita residente em SãoPetersburgo, deseja manter contato com pessoas queresidam naquela cidade ou imediações, para juntosdarem continuidade aos estudos espíritas das obraskardequianas e complementares. Brasileiros ou out-ros que estiverem interessados podem contatá-lapelo e-mail: [email protected]; telefone parachamada internacional: 007-812-312-1694.

Livros em Braille na InternetCom o objetivo de facilitar o acesso do deficientevisual à leitura, a Sociedade Pró-Livro Espírita emBraille (Spleb) criou uma página na Internet. A ini-ciativa possibilita aos usuários o acesso às obras dis-ponibilizadas pelo próprio site, bem como ao Catá-logo Nacional de Publicações para Cegos. Além detextos em Braille, há, também, estudos que podemser acompanhados de forma on-line. A página daSpleb é www.spleb.org A sede fica na Rua TomásCoelho, 51, Tijuca, CEP 20540-110 – Rio de Janeiro

(RJ). Tel.: (21) 2288-9844.

Pará: EIMEP reúne jovensDurante o feriado do carnaval, centenas de jovens dediversos municípios paraenses participaram do XXIIEncontro Intensivo de Mocidades Espíritas do Pará(EIMEP). Este ano, o EIMEP teve como tema “Valo-rizando a Vida”. A página eletrônica da União Espí-rita Paraense é www.paraespirita.com.br

Paraná: Inter-Regional OesteA Comissão Inter-Regional, formada pelas 10a, 13a e14a Regiões – órgãos da Federação Espírita do Para-ná –, estão coordenando a Inter-Regional Oeste, quese realizará no dia 17 deste mês, em Foz do Iguaçu,na UNIOESTE (Av. Tarquínio Joslin dos Santos, 1300– Pólo Universitário. O evento reunirá dirigentes etrabalhadores das casas espírtas das citadas Regiões.

Documentação e Pesquisa do EspiritismoO Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa doEspiritismo Eduardo Carvalho Monteiro (CCDPE--ECM), com sede na Alameda dos Guaiases, 16 –Planalto Paulista – São Paulo (SP), é uma associaçãocivil, científica, cultural, beneficente e sem fins lucra-tivos, que tem a finalidade de reunir num só espaçointensas atividades culturais e de preservação damemória do Espiritismo. Informações pelo e-mail:[email protected]

Bahia: Espiritismo e LiberdadeA XII Jornada Espírita de Porto Seguro (BA), ocorri-da de 26 a 29 de abril, debateu o tema “Espiritismo eLiberdade”. Paralelamente ao evento ocorreu a VIJornadinha Espírita para crianças de 5 a 12 anos. AXII Jornada foi realizada pelo Centro Espírita Portoda Paz.

Sobra da Seara Espírita

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São Paulo: Congresso EstadualA União das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo (USE), promoveu o 13o Congresso Estadual deEspiritismo, no período de 6 a 9 de julho, na cidadede Guarulhos. O evento teve como tema central “Es-piritismo 150 anos – Unir para difundir”, subdivi-dindo-se nos subtemas: “O Centro Espírita”; “Co-municação Espírita”; “Infância e Mocidade Espírita”e a “União Espírita”. Mais informações, pelo correioeletrônico: [email protected]

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13o Congresso Estadual de Espiritismo

A União das Sociedades Espí-ritas do Estado de São Paulo(USE) realizou o 13o CongressoEsdtadual de Espíritismo emGuarulhos, no período de 6 a 9de julho, tendo como tema cen-tral “Espiritismo 150 anos: Unirpara Difundir”.

A Sessão de Abertura, dirigi-da pelo presidente José AntonioLuiz Balieiro, contou com a pre-sença do prefeito do Município,de parlamentares dos legislati-vos federal, estadual e munici-pal, de representantes de váriasinstituições espíritas e da Fede-ração Espírita Brasileira. Peran-te grande público, Divaldo Pe-reira Franco proferiu palestracom abordagem do tema cen-tral.

As atividades do Congressotiveram início na manhã do dia7, com exposições e discussõesde quatro módulos, com os sub-temas: Centro Espírita; Comu-nicação Espírita; Infância eMocidade Espírita; União Espí-rita. À noite, Suely Caldas Schu-bert falou para o público emgeral sobre “Allan Kardec e oprocesso de regeneração da Hu-manidade”.

O evento encerrou-se no dia9, pela manhã: às 8 horas – Con-clusão geral dos temas, em ple-

nário; às 9 horas – Reunião doConselho Deliberatiovo Esta-dual (CDE); às 10 horas – Pales-tra de José Raul Teixeira sobre“Jesus e a união dos Espíritas”.

Houve, ainda, as seguintesatividades extras, dias 7 e 8: nohorário das refeições – Apresen-tações artísticas no Espaço deConvivência; às 19h30 – Salascom temas livres e específicos –estudos, teses, poesias, leituradramática e literatura.

Evento da USE-SP, em comemoração ao Sesquicetenário

do Espiritismo e aos 60 anos de sua fundaçãoo

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do progresso de coletividades ain-da nos estágios primários do co-nhecimento e da moral. A Terra, deplaneta de expiações e provas quefoi até agora, alcançará na escalasideral a posição de planeta de re-generação, quando gradualmenteserão extintas as expiações indis-pensáveis para os que rejeitaramreincidentemente os argumentosdo bom senso, da lógica e da razão,em flagrante desrespeito às leis di-vinas e aos ensinamentos enviadospelo Criador através do Cristo queno-los legou no seu Evangelho.

O objetivo da existência é oprogresso do Espírito! Até aqui, aTerra tem funcionado como umcadinho de purificação, para se-parar o precioso metal da gangaimpura que lhe impede o brilho eo esplendor. Justos e pecadoresem convívio estreito atenderamaos impositivos da lei do pro-gresso com duplo objetivo: osignorantes retardatários do bomsenso e da razão beneficiando-se,em contato com justos e intelec-tualizados, pelos exemplos queestes oferecem; os esforçados e

esclarecidos, já medianamenteevoluídos, encontrando nessecontato oportunidade de exerci-tarem os elevados atributos mo-rais da alma, como a tolerância, apaciência, a humildade, a com-placência, a fraternidade, o per-dão, etc.

Aos espíritas estará outorgada atarefa de divulgar e exempli-fi-car os ensinamentos do Evan-ge-lho de Jesus, na tentativa der-ra-deira de conduzirem os que setransviaram aos caminhos liber-tadores rumo à ventura e à paz.

13o Congresso Estadual de EspiritismoEvento da USE-SP, em comemoração ao Sesquicetenário do Espiritismo

e aos 60 anos de sua fundação

A União das Sociedades Espíritas do Estado deSão Paulo (USE) realizou o 13o Connresso Esta-dual de Espíritismo em Guarulhos, no período de6 a 9 de julho, tendo como tema central “Espiri-tismo 150 anos: Unir para Difundir”.

A Sessão de Abertura, dirigida pelo presiden-te José Antonio Luiz Balieiro, contou com a pre-sença do prefeito do Município, de parlamenta-res dos legislativos federal, estadual e munici-pal, de representantes de várias instituições espí-ritas e da Federação Espírita Brasileira. Perantegrande público, Divaldo Pereira Franco proferiu

palestra com abordagem do temacentral.

As atividades do Congresso tive-ram início na manhã do dia 7, comexposições e discussões de quatromódulos, com os subtemas: CentroEspírita; Comunicação Espírita; In-fância e Mocidade Espírita; UniãoEspírita. À noite, Suely Caldas Schu-

bert falou para o público em geral sobre “Allan Kar-dec e o processo de regeneração da Humanidade”.

O evento encerrou-se no dia 9, pela manhã: às8 horas – Conclusão geral dos temas, em plenário;às 9 horas – Reunião do Conselho DeliberatiovoEstadual (CDE); às 10 horas – Palestra de JoséRaul Teixeira sobre “Jesus e a união dos Espíritas”.

Houve, ainda, as seguintes atividades extras,dias 7 e 8: no horário das refeições – Apresenta-ções artísticas no Espaço de Convivência; às 19h30– Salas com temas livres e específicos – estudos,teses, poesias, leitura dramática e literatura.

Mesa de abertura das atividades (melhorar legenda)

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