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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 125 / Janeiro, 2007 / N o 2.134

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO

Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES

Editorial

Novos Desafios

Entrevista: Creuza Santos Lage

História e ações na Bahia

Presença de Chico Xavier

Médiuns espíritas – Irmão X

Esflorando o Evangelho

O tempo – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Ismael Gomes Braga – Expoente entre os esperantistas

brasileiros – Alberto Flores

Conselho Federativo Nacional

CFN realiza a Reunião Ordinária de 2006

Seara Espírita

Tempos novos (Capa) – Juvanir Borges de Souza

Enganos e tribulações – Joanna de Ângelis

Esperança, caridade e paz – F. Altamir da Cunha

Muitas moradas – Richard Simonetti

São chegados os tempos? – Jorge Hessen

A vitória aparente do mal – Waldehir Bezerra de Almeida

Em atenção à coerência espírita – Maria O’Neil

Em dia com o Espiritismo – O pensamento humano –

Marta Antunes Moura

Atividades das Comissões Regionais do

CFN em 2007

A promoção social e a paz – José Carlos da Silva Silveira

FEB sedia Reunião das Entidades Especializadas

de Âmbito Nacional

Conversa com Jesus – Maria Dolores

Palestras de Raul e Divaldo em Brasília

O Livro dos Espíritos – Lançamento da Edição

Especial

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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Editorial

stamos vivendo uma fase de transição da Humanidade. O Mundo de Expia-

ções e Provas, que tem caracterizado o nível de evolução moral do nosso pla-

neta, gradativamente vai ficando para trás com suas manifestações de violên-

cia, egoísmo, orgulho, prepotência e maldades.

Em seu lugar está surgindo o Mundo de Regeneração, que não é um mundo

superior ou feliz, mas será um local em que os seus habitantes terão a convicção de

que são Espíritos imortais, temporariamente encarnados na Terra, com o objetivo

de aprimorarem-se moral e intelectualmente, já interessados, voluntária e cons-

cientemente, em atender à lei do progresso: Lei de Deus, que a todos impulsiona.

Esse Mundo de Regeneração, todavia, não se apresenta pronto. Será construído,

gradativamente, através do adequado comportamento dos seus habitantes, os quais

estarão empenhados: em amar seu semelhante, silenciando os impulsos de cólera e

ódio; em ser mais honestos, convencidos de que a desonestidade é nociva especial-

mente para quem a exercita; em ajudar o próximo em tudo o que for necessário,

certos de que a solidariedade vivenciada retorna em forma de segurança, paz, har-

monia e justiça social; em ser fortes na prática do bem, cientes de que a ausência do

bem abre espaço para a presença do mal, com os sofrimentos dele decorrentes.

As observações dos Espíritos Superiores acima transcritas não deixam dúvidas:

quando os bons deixarem de ser tímidos e praticarem a bondade no limite das suas

possibilidades, serão mais fortes que os maus e preponderarão.

Todos os que já têm conhecimento dos ensinos espíritas, mesmo que pequeno,

estão em condições de, empenhando-se, colaborar na edificação desse mundo

novo, construindo, em si mesmos, o homem novo, pela prática do Evangelho –

expressão maior da Lei de Deus –, que Jesus ensinou e exemplificou.

A construção desse Mundo de Regeneração já se iniciou. Quanto antes partici-

parmos, individualmente, dessa obra, melhor para nós e para os que nos cercam.

*KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Edição Comemorativa do Sesquicentenário. Rio de Janeiro:

FEB, 2006.

Novos Desafios“932 – Por que, neste mundo, a influência dos maus geralmente sobrepuja a dos bons?

R. – Por fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos.

Quando estes o quiserem, haverão de preponderar.”*

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lei do progresso aplica-se atoda a criação divina.

A Humanidade terres-tre, compreendendo os Espíritosencarnados e desencarnados, emtodos os tempos, juntamente como mundo em que habitam, subor-dinam-se à evolução decor-rente daquela lei.

O progresso é uma dasleis naturais que a Doutrinados Espíritos revelou, jun-tamente com outras, expos-tas na Parte Terceira de OLivro dos Espíritos.

As leis naturais ou divi-nas são as regras e ordensestabelecidas pelo Criadorpara toda a criação, delasresultando a harmonia uni-versal.

Com a Revelação Espíri-ta torna-se possível com-preender que a Providên-cia Divina está presente emtoda parte, regendo a tudona Natureza através de leissábias e perfeitas.

Diante das leis de Deus,ainda incompreendidas pe-la maior parte da populaçãoterrena, apresentam-se inaceitáveisas idéias místicas, as crendices, oscaprichos e tudo o que se torna in-conciliável com o poder divino ecom sua bondade e sabedoria.

Com um mínimo de observa-

ção e de conhecimento da históriahumana, verifica-se que a Huma-nidade transpôs diversas etapasem evolução.

Sem dúvida, convivemos emum mundo atrasado, onde são co-muns os interesses injustificáveis

e escusos, a criminalidade desen-freada, as guerras, as violências, amiséria que atinge contingentesconsideráveis da população, a ig-norância que impõe tantas limita-ções aos seres humanos, ao lado

de outros males e sofrimentos in-dividuais e coletivos.

Mas, de outro lado, se compa-rarmos as condições da vida huma-na de séculos e milênios anteriorescom as que predominam nos diasatuais, verificamos, sem dificulda-

de, que houve grande pro-gresso em todos os senti-dos, refletindo-se nas or-ganizações sociais, nas leishumanas, nos descobri-mentos científicos, nas ar-tes em geral e no bem-estarda população.

A simples comparaçãoentre o lado progressivoalcançado pela populaçãoterrena e as condições ne-gativas que ainda subsis-tem no seio da Humani-dade demonstra a necessi-dade de conjugar as con-quistas no campo mate-rial com as realizações deordem moral.

As primeiras decorremda aplicação da inteligên-cia humana na busca deconhecimentos, como temocorrido nos domínios das

ciências, da tecnologia e de todasas conquistas no terreno da vidamaterial.

As de natureza moral são aqui-sições mais difíceis para o homem.

Transformar-se um ser egoísta,

Tempos novos

AJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

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orgulhoso, ou indiferente à frater-nidade, à solidariedade e ao amoraos seus semelhantes é obra indi-vidual das mais difíceis para o Es-pírito que se deixou dominar porinteresses imediatistas, por crençasdesviadas das realidades e por ins-tituições estagnadas no passado.

Conhecendo essas dificuldades,próprias de um mundo atrasado,Jesus, o Cristo de Deus, na suamissão excepcional de há dois milanos, preocupou-se especialmen-te em proporcionar aos homens desua época, e principalmente aosque nascessem e renascessem nofuturo, os ensinos morais, que Eleresumiu no amor, o sentimento--síntese que se opõe ao egoísmo,ao orgulho e suas conseqüências.

Prometendo enviar, no futuro,o Consolador, que ficaria parasempre com os homens, o Cristoprocurou prevenir os desvios quepudessem ocorrer com relação àsua Mensagem em favor do aper-feiçoamento moral dos homens.

O Consolador Prometido já seencontra no mundo, relembrandoos ensinos do Mestre e trazendonovos conhecimentos, especial-mente no que se refere à vida fu-tura nos mundos espirituais, paraos seres que passam pelas encar-nações na Terra e as relações per-manentes entre os Espíritos en-carnados e os desencarnados.

O nosso mundo está, assim, ap-to a novo círculo de progresso,tanto na parte física quanto namoral, pela evolução dos Espíritosque o habitam.

Ao lado da evolução do homempelas conquistas materiais, progride

a Humanidade pelo cultivo da inte-ligência, do senso moral, e peloabrandamento ou supressão doscostumes bárbaros de épocas pas-sadas.

Resta, então, o contingente da-queles que, utilizando seu livre--arbítrio, desprezam todas asoportunidades de uma transfor-mação para melhor, apegando-seaos velhos costumes, aos crimes, àindiferença e à insensibilidadediante do sofrimento alheio.

Os retardatários que se escravi-zam a velhos modos de vivência,os niilistas, egoístas e insensíveis,ainda representam elevada per-centagem dos habitantes do nossomundo.

Chegados os tempos novos dastransformações positivas, os re-calcitrantes, os que não aprovei-taram as sucessivas reencarnaçõespara progredir, os que desdenha-ram de todas as oportunidadespara melhorar suas individualida-des serão transferidos para mun-dos que condizem com suas con-dições de rebeldia e atraso, ondeaguardarão suas transformaçõesmorais e espirituais.

É uma das formas estabeleci-das pelas leis naturais para aten-der à liberdade na escolha de cadaum, sem prejudicar os que ade-rem ao progresso, acompanhan-do as transformações naturais deum mundo que busca novo e me-lhor estágio.

A Terra – compreendendotambém as esferas espirituais quelhe pertencem –, como mundo deregeneração será habitada porEspíritos encarnados e desencar-

nados que já superaram as incli-nações para o mal.

As gerações atuais serão suce-didas por outras constituídas deseres propensos ao bem, enquan-to os rebeldes, inclinados ao mal,serão encaminhados para outrosmundos.

Tudo ocorrerá de forma natu-ral, com a diferença de que umaparte dos Espíritos, sujeitos àsreencarnações na Terra, transmi-grarão para outros mundos, nosquais continuarão suas experiên-cias vivenciais, sujeitas às mesmasleis divinas, justas e perfeitas.

Segundo as revelações dos Es-píritos Superiores, já estamos vi-vendo a época de transição da Ter-ra, de mundo de expiação e pro-vas para mundo de regeneração.

Esse período estender-se-á pelotempo necessário ao cumprimen-to das leis divinas, sem prejuízopara os Espíritos de diferentes con-dições evolutivas.

Pode ocorrer, por exemplo, quedeterminado Espírito, que se mos-trou rebelde até a atual reencarna-ção, desperte agora para o bem,movido por novas experiências,ou por um conhecimento que ig-norava. Nesse caso, deixa de serum elemento de perturbação paraincorporar-se ao contingente dosque merecem a oportunidade deviver e progredir em um mundomelhor, e então não necessitarátransferir-se para um plano de so-frimentos e provas.

Esse e outros exemplos, que po-dem ocorrer com muitos Espí-ritos, mostram a previsão e a sa-bedoria das leis divinas e a razão

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da longa duração dos períodos detransição.

O progresso intelectual realiza-do pelos habitantes deste orbe,até a atualidade, é inegável e estáevidente. Passaram-se milhares deanos nos quais as buscas de conhe-cimento foram compensadas pordescobertas de várias naturezas:científicas, tecnológicas, de melho-rias nos usos e costumes, na saúdee no bem-estar das criaturas.

Mas todo esse acervo de conhe-cimentos aplicados à vida humananão evitou que o homem fosse do-minado pelo egoísmo, pelo orgulhoe pela indiferença com relação aossofrimentos alheios. A violência eos bolsões de misérias, para só citardois flagelos espalhados por todoo mundo, comprovam que o pro-gresso intelectual, dirigido e aplica-do à vida material, não traz a verda-deira felicidade nem para os indi-víduos, nem para as coletividades.

Para a conquista da felicidadefaz-se necessário e indispensável oprogresso moral da Humanidade,porque é através dele que o ho-mem refreia suas paixões mais va-riadas, para partilhar com seus se-melhantes a paz, a fraternidade, asolidariedade, o amor.

Só com o progresso moral, queo Cristo sintetizou no amor a Deuse ao próximo, os indivíduos e os

povos anularão seus preconceitosde raças, de castas, de superiorida-de, de seitas e de religiões, proscre-vendo as guerras e as violências esubstituindo-as pelo entendimen-to, pela compreensão e pela coope-ração, na solução dos problemas.

O progresso moral, ao lado dasconquistas intelectuais, beneficia-rá toda a Humanidade, que nãomais se dividirá por raças e porcrenças variadas que impõem seusinteresses, mas se voltará para asverdades eternas, patrimônio queserá cultivado e aceito por todoscomo base e fundamento da fra-ternidade, sem oposições incenti-vadas pela ignorância e pela pre-sunção de superioridade.

Para atingir esse ideal, que nosdias atuais parece distante, impos-sível, já que ele pressupõe uma mu-dança essencial nos sentimentosdas massas humanas, apegadas àsmais diferentes religiões, crenças efilosofias de vida, inconciliáveis portradição, torna-se evidente que háde desaparecer o radicalismo in-conseqüente e injustificável.

As gerações que se apegam aosextremismos serão as que deixa-rão o nosso mundo, para possibi-litar o entendimento dos que as-piram ao progresso moral, ao cul-tivo de idéias e ideais mais justos eà aceitação das verdades eternas.

Deixando a Terra, os radicais le-varão consigo seus apegos e errosconcepcionais, possibilitando as-sim a regeneração do nosso mun-do pelo trabalho útil e pelo idea-lismo calcado nos valores verda-deiros derivados do amor frater-nal, que possibilitarão a ascensãoda Humanidade a uma nova fase,mais feliz.

Quanto mais nos aproximar-mos dos novos tempos, maior en-tendimento e compreensão have-rá entre as raças e os povos, comotambém entre as religiões.

A incredulidade e o materialis-mo, deparando-se com a realida-de do Espírito eterno, com a vidaque se desdobra para além damorte do corpo físico, com a prá-tica da caridade e da tolerânciapor toda parte, terão amplas opor-tunidades de rever suas idéias eposicionamentos, para se rende-rem à realidade dos fatos.

As novas gerações vão se depa-rar cada vez mais com os novosensinamentos.

O Espiritismo, como o Conso-lador, representando idéias novasem perfeita consonância com arealidade ainda não percebida pe-la maior parte da Humanidade, en-contrará nos tempos novos e noshomens do futuro aqueles Espíritosque estão à procura da verdade.

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engano constitui fenôme-no psicológico ínsito noprocesso evolutivo.

Há uma inevitável tendênciaexistencial para processos enga-nosos nos diferentes reinos da Na-tureza.

Vegetais disfarçam-se para atrairpresas que lhes possibilitem a ma-nutenção, enganando-as de manei-ra hábil.

Insetos igualmente mudam aaparência de forma que enganama outros, dando prosseguimento àcadeia alimentícia.

Animais diversos, por instinto,adquiriram o hábito de acomo-dar-se em posturas magistrais queenganam os predadores, assimmantendo a prole e a própria vi-da, quando não atacam aquelesque lhes constituem o recurso nu-tritivo preservador da existência.

O ser humano, em face da artee ciência de pensar, engana outroda mesma espécie bem como dediferentes categorias da escala evo-lutiva, propositalmente ou não.

Inconscientemente o indivíduodeixa-se enganar por sintomas di-versos do organismo, que lhe pro-piciam prazer ou insatisfação, pas-sando a atender-lhes os impositi-vos, submetendo-se-lhes de ma-neira tácita, sem maiores preocu-pações.

Fugas psicológicas facilitam aexistência de muitos homens e mu-lheres que se deslocam dos pro-

blemas, transferindo-os de tempoe lugar, embora saibam que elesretornarão logo depois com as co-branças compatíveis.

Enfermidades são escamoteadaspor terapias inócuas ou ilusórias,enganando os pacientes que resol-vem por adiar as soluções, por seconsiderarem incapazes de fazê-loneste momento, que é o adequado.

Da mesma forma, deixam-se en-ganar por soluções falsas de ocor-rências que lhes dizem respeito, natentativa de evitar-se preocupa-ções e aborrecimentos.

Os enganos multiplicam-se naárea dos sentimentos, quando têmlugar os arroubos de paixões de vá-ria ordem, dando a impressão deque se tratam de atitudes defini-doras dos rumos do futuro.

De igual maneira, as reaçõesemocionais enganam as criaturas,facultando a vivência de condutasirrefletidas que parecem favoráveisao bem-estar, mas que não passamde recursos momentâneos que nãoresolvem os desafios da existência.

Relacionamentos afetivos apres-sados ou pagos enganam a sede deamor real e tentam preencher ovazio interno, sem que resolvamas necessidades da emoção ou darazão.

Ilusões bem elaboradas pelamente ociosa enganam a realidadeque se tenta postergar, avançando--se sem rumo nem discernimento.

Promessas variadas são cultiva-

das no plano mental, enganando aconsciência do Eu, que deveria es-tar vigilante para alcançar os ob-jetivos do processo evolutivo.

O hábito do engano é tão corri-queiro, que mesmo diante de deci-sões impostergáveis e ocorrênciasinadiáveis, tenta-se enganar a vi-da, evitando-se o enfrentamentocom a realidade, como nos casosda desencarnação, dos desafiosexistenciais que fazem parte doprograma de crescimento interior.

A consciência tem como finali-dade desenvolver no Espírito osenso crítico em relação às ocor-rências do cotidiano existencial,iluminando-as e ajudando--as na fixação de naturezaprofunda, de forma que,selecionadas pelas quali-dades fundamen-tais de que serevistam, con-tribuam para asua felicidade.

Quando se al-cança a autocons-ciência, valores novosenriquecem os senti-mentos e direcionam avontade sempre emsentido ascensional,despertando interessesnão habituais, com osquais a vida se tornarelevante e significativa.

Enganos e tribulaçõesO

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Nessa fase, em que se viaja daconsciência geral para a autocons-ciência, a escala de valores éticossofre significativa alteração, mu-dando do conteúdo convencional,simples e oportuno, para outrosduradouros e representativos dasaspirações de auto-iluminação eliberdade.

Os enganos habituais, que fazemparte do esquema do desculpismoem relação à responsabilidade, ce-dem lugar ao enfrentamento dosfatos conforme se apresentam, en-sejando a vivência compatível comas conquistas da inteligência e dosentimento de nobreza.

Enquanto isso não sucede, osenganos deixam de ser naturaispara transformar-se em condutasindignas, estimulando atitudes deastúcia e de perversidade, median-

te as quais o egoísmo predo-mina a serviço das ambi-ções desarrazoadas.

A mentira, a calúnia,a difamação, a farsa to-mam o aspecto de más-caras enganosas de quese utilizam os indiví-duos frágeis moralmen-te para suportar a lutasem quartel, na qual se

encontram, sem as es-truturas emocio-

nais e morais necessárias para obom desempenho.

Utilizando-se da astúcia, ao in-vés de competir, lutando com em-penho pessoal para conquistar ostítulos de sabedoria, enganam-se,investindo contra os demais, quesupõem impedimentos para a suacomodidade, utilizando-se dessesrecursos nefários, comprometen-do-se perante a própria assim co-mo a Consciência Cósmica.

Esse tipo de comportamento fei-to de enganos, ao próprio agenteengana, porque traz próximas efuturas tribulações que lhe tor-nam a existência um fardo insu-portável de ser carregado.

Engana-se todo aquele que pres-supõe lograr o triunfo de qualquernatureza através de métodos escu-sos. A vitória aparente de que des-fruta pode ser considerada a dePirro, insignificante e destituída derepresentatividade, abrindo espa-ços emocionais para os conflitosque surgem no momento próprio.

É inevitável a ação do mecanis-mo de desenvolvimento espiritualdo ser humano, que sempre semanifesta por impositivo da LeiDivina.

Pode-se ignorar por momen-tos, enganando-se, mediante aidéia de que tudo se regularizaráespontaneamente, e que o proble-ma de agora será auto-resolvido,mas o automatismo da evoluçãocoloca-o na via de acesso e ter-mina por alcançar o infratorque lhe foge da presença.

O engano automático, pois,que se observa em a Nature-za, não pode ser transfor-

mado em atitude moral que pre-judique as demais pessoas, na con-dição de egoísmo avassalador in-justificável, para usufruir-se auto-benefícios.

Por isso medram tribulaçõesmúltiplas nas paisagens humanas,que se avolumam e desarticulammultidões.

É Lei da Vida a convivência so-cial, e para que ela frutifique aben-çoada, a honradez, a veracidade, avigência do sentimento de respei-to e de amor fazem-se impositivas.

Evita enganar-te consciente-mente, assumindo posturas equi-vocadas, que disfarçam os objetivosque deves alcançar, lutando comsinceridade pela tua transformaçãomoral para melhor, e pela renova-ção dos teus sentimentos que de-vem fluir do âmago do ser que és.

Da mesma forma, não enganesa ninguém através de ardis e decondutas que te projetam a pata-mares que ainda não alcançaste,sendo autêntico mas não agressi-vo na forma de conduzir-te, deapresentar-te, de viveres...

Quem busca a libertação espi-ritual dos vícios e dependênciasnefastas não se pode permitir oópio dos enganos cujo efeito logopassa, devolvendo a realidade daqual se pretende fugir.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Dival-

do Pereira Franco, no dia 11 de maio de

2006, na residência de Euda Kummer, em

Mannheim, Alemanha.)

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firmou-nos Jesus que, setivéssemos a fé do tama-nho de um grão de mos-

tarda, teríamos o poder de trans-portar montanhas e nada nos se-ria impossível.

As montanhas representam asdificuldades que surgem em nos-sas vidas, e precisamos estar pre-parados para superá-las.

É através da fé que encontra-mos a força necessária para ven-cer os desafios que se apresentamde formas variadas.

Hoje um problema de saúde,amanhã dificuldades no âmbitofamiliar, outro dia o problema fi-nanceiro; sempre desafios convi-dando-nos a lutar e confiar nobom resultado.

Sendo a esperança filha da fé,quando esta nos falta aquela seextingue, e passamos a não acre-ditar na vitória. Conseqüente-mente, somos derrotados por an-tecipação.

Se criarmos o hábito de apren-der com a própria vida, veremosque os exemplos são muitos, deproblemas que pareciam sem so-lução, e o tempo associado à espe-rança se encarregaram de trans-formá-los em passado.

Dias existem em que somosvitimados pela desesperança epassamos a ver e sentir os aconte-cimentos de forma distorcida.

Tudo perde o sentido; o desâni-

mo nos domina, e todo esforçoparece ser em vão. Derramamos acinzenta tinta do derrotismo emnossa existência, como se a escuri-dão de uma noite não fosse ape-nas um momento, a terminarcom o esplendoroso aparecimen-to da luz solar, anunciando umnovo dia.

É importante compreender-mos que fazem parte da vida osbinômios: luz e treva, alegria etristeza, verão e inverno, saúde e doença, cada um com sua im-portância, contribuindo para oequilíbrio no Planeta.

Por que perdermos a esperan-ça, se sabemos que tudo passa e avida continua abundante em todaparte, fazendo-nos entender que opresente de hoje será o passado deamanhã?

Plantemos a semente da espe-rança, pois as desventuras de hoje,estarão relegadas ao passado noporvir.

Alguém já disse que o homemnão morre apenas quando deixa ocorpo físico, mas também quandoperde a esperança.

O convite da vida é para queaprendamos a valorizar os mo-mentos de tristeza, tanto quantoos de alegria.

Se, por invigilância, o desâni-mo bater à nossa porta, busque-mos nas lições de Jesus a forçaalentadora, e mais intensa será a

luz da nossa esperança. Afirmou--nos Ele: “Pedi e se vos dará; bus-cai e achareis; batei à porta e sevos abrirá”. (Mateus, 7:7.)

É preciso acreditar e insistir pa-ra sermos vitoriosos; concentrar--nos mais na solução do proble-ma, do que no problema em si.

Para aquele que olha semprepara o céu, nada significam as pe-dras do caminho, que, mesmo lheferindo os pés, jamais lhe impedi-rão a caminhada.

Toda provação, na vida, traz asua mensagem: cumprir-se deacordo com as nossas necessidades enão de conformidade com os nossosdesejos.

De nada adianta fugir dos pro-blemas, isto é, das nossas carên-cias evolutivas. Eles estarão co-nosco até que os solucionemos.Podemos, sim, suavizá-los. A fór-mula mais eficaz, encontramo-laquando unimos a oração sincera àcaridade. A oração nos conforta ea caridade é crédito em nossacontabilidade espiritual, cumprin-do a afirmativa do apóstolo Pedro(I, 4:8) de que “o amor cobre amultidão de pecados”.

É dando que se recebe. Princi-palmente quando se dá comamor; pois as atitudes de amor setransformarão em suporte de sus-tentação, por renovar-nos as for-ças da alma e conduzir-nos aoporto seguro da paz.

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AF. ALTA M I R DA CU N H A

Esperança, caridade e paz

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Reformador: Como foram os mo-mentos iniciais do Espiritismo noEstado da Bahia?Creuza: Na Cidade do Salvadoraconteceram as primeiras lutas emprol da implantação do Espiritis-mo no Brasil. Luís Olímpio Teles deMenezes, professor, oficial da Bi-blioteca Pública e jornalista, fundouem 1865 o primeiro núcleo espíri-ta brasileiro – o Grupo Familiardo Espiritismo – e em 1869 o pri-meiro periódico de propagandaespírita em terras brasileiras – OEco d’Além-Túmulo. Outras figuras

importantes juntaram-se ao gran-de pioneiro, como Inácio José daCunha e Agrário de Souza Menezesentre outros. De grande importân-cia para o Espiritismo baiano foiJosé Petitinga. Trabalhador abne-gado, dedicou-se à tarefa de unifi-car os espíritas da Bahia, e em 1915criou a União Espírita Bahiana,como marco histórico do federati-vismo baiano. Como conseqüên-cia do “Pacto Áureo” e da visita daCaravana da Fraternidade a Salva-dor, foi fundada em 2 de novem-bro de 1950 a União Social Espí-rita da Bahia (USEB) com a fina-lidade de congregar os espíritas epromover a união das sociedades,

trabalhando ativamente pe-la difusão dos postuladosespíritas e pela integraçãodo Espiritismo no contex-

to moral e cultural da co-munidade baiana. Na ses-são de encerramento doIII Congresso Espírita doEstado da Bahia, em 1972,sob a direção do Dr. Ar-mando de Oliveira Assis,presidente da FederaçãoEspírita Brasileira, foi assi-

nado o Acordo de Uni-ficação entre a União SocialEspírita (USEB) e a União

Espírita Bahiana (UEB), dando lu-gar ao surgimento da FederaçãoEspírita do Estado da Bahia (FEEB).

Reformador: E agora, no que con-siste o Movimento Espírita na Bahia?Creuza: O Movimento Espírita naBahia, nos tempos atuais, reflete otrabalho de companheiros abne-gados que agregaram à tarefa suasexperiências, espírito de renúnciae compromisso com os princípioskardequianos. Figuras como Fran-cisco Bispo dos Anjos, Ildefonsodo Espírito Santo, Jayme Batista eDivaldo Pereira Franco são teste-munhos vivos das lutas em prolda implantação do federativismona Bahia e da difusão do Movi-mento dentro dos objetivos unifi-cadores da FEB. Lançaram estescompanheiros as bases do Movi-mento Espírita em terras baianas,consolidadas pelas ações dos pre-sidentes e trabalhadores que se se-guiram. No momento temos umtrabalho mais atuante junto às ins-tituições espíritas, buscando con-solidar uma rede de relações quepermita atingirmos os princípiosdo Movimento: União dos Espíri-tas, Unidade dos Princípios e Or-ganização do Movimento.

História e açõesna Bahia

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Creuza Santos Lage, presidente da Federação Espírita do Estado da Bahia,

relata a história e as ações atuais do Movimento Espírita baiano

CR E U Z A SA N TO S LAG EEntrevista

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Reformador: Quais as principaislinhas de ação da FEEB?Creuza: A Federação Espírita doEstado da Bahia, considerandosuas finalidades, definiu sua visãoe missão, seguidas de diretrizesbalizadoras das suas ações. A Mis-são é contribuir para o aperfeiçoa-mento das casas espíritas no seupropósito de difundir solidaria-mente o Espiritismo, no meio so-cial, estimulando a moralização doHomem. A Visão é ser reconheci-da como instituição presente emtodo o Estado da Bahia, através deações que propiciem a união dosespíritas, a unidade doutrinária ea qualidade do Movimento. Assimconsiderado, a FEEB estabeleceucomo focos estratégicos, investi-mentos contínuos e progressivos:na qualidade da Comunicação noMovimento Espírita; na cultura daProsperidade, em suas atividades;expansão do Movimento Espíritaem todo o Estado da Bahia; nasrelações interpessoais com vistas àunião entre os espíritas. A FEEBdesenvolve anualmente uma Agen-da Federativa que vem se consoli-dando e procura reproduzir a es-trutura federativa do CFN da FEB.Principais ações: Caravana Baianada Fraternidade, Encontros Ma-crorregionais, Seminários do Sa-ber Espírita, Encontro Estadual deDirigentes Espíritas; e também ou-tras ações estão representadas pe-los denominados Projetos Fede-rativos: Programa Integrado deAção Espírita (PAI); Estudo Siste-matizado da Doutrina Espírita(ESDE); Capacitação Administra-tiva para Dirigentes Espíritas

(CADE); Projeto Manoel Philo-meno de Miranda (Seminário pa-ra Multiplicadores de AtividadesMediúnicas); Projeto da Rede So-cial Espírita; Campanha Família,Vida e Paz; Curso para Passistas;Curso para Expositores Espíritas.

Reformador: Qual a atividade maisexpressiva promovida pela FEEB?Creuza: O Congresso Espírita daBahia tem ao longo dos anos seconsolidado como a atividade maisconhecida e esperada pelo Movi-mento e por simpatizantes espíri-tas. São doze congressos que se ca-racterizaram como a forma maisexpressiva de divulgação do Espiri-tismo na Bahia. Esses eventos reu-niram palestrantes de renome noBrasil, fizeram surgir outras figurasno cenário da divulgação espíritanacional. Sempre em consonânciacom os objetivos do MovimentoEspírita brasileiro e as propostas doCFN, os congressos têm se debru-çado sobre temas da atualidade soba visão espírita. Pela sua qualidade,esses eventos tornaram-se um re-ferencial em âmbito regional e qui-çá nacional. Outra atividade muitoimportante é a Confraternizaçãodas Juventudes Espíritas da Bahia.A qualidade desse evento, seu inves-timento prospectivo tornam-noparticularmente caro ao Movi-mento Espírita na Bahia. Esta Con-fraternização configura-se comoelemento motivador da evangeli-zação infanto-juvenil no Estado.

Reformador: Como a FEEB se in-sere nas ações do CFN?Creuza: Como as demais federati-

vas, a FEEB se insere no CFN par-ticipando atentamente das análisese decisões ali tomadas; oferecendoa sua contribuição através das ex-periências desenvolvidas no Movi-mento Espírita baiano; integran-do-se aos grupos de trabalho quan-do solicitada; divulgando junto àscasas espíritas e administração fe-derativa as resoluções aprovadasnaquele Conselho. Vem ao longoda sua participação implementan-do as campanhas, planos e proje-tos aprovados no CFN em suas ati-vidades federativas; estimulando esensibilizando as instituições es-píritas da Bahia a colocarem essasresoluções em suas atividades.

Reformador: Quais as suas expec-tativas com o Ano do Sesquicente-nário?Creuza: Esperamos que o Ano doSesquicentenário contribua paraum salto de qualidade e dinamis-mo no Movimento Espírita baia-no. Por certo, o Congresso e as ati-vidades programadas em todoBrasil darão maior visibilidade aoEspiritismo, sobretudo na mídia.Por isso, será importante que ascasas espíritas se preparem parareceber um público cada vez maisávido de conhecer o Espiritismo.Outra expectativa diz respeito àmaior inserção dos espíritas nosdiferentes segmentos da socieda-de. Precisamos ocupar esses espa-ços, consolidando a posição socialdo Espiritismo. Finalmente, espe-ramos que o Ano do Sesquicente-nário seja o de compromisso dosespíritas com a União e a Unifica-ção do Movimento.

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ocê quer saber, meu amigo, a maneira pelaqual os médiuns são interpretados na VidaEspiritual.

Creio não tenhamos aqui qualquer diferença nopadrão de aferi-los. Contudo, diante do apreço comque a sua indagação está formulada, será lícito ali-nhavar algumas notas em torno do assunto, aindamesmo somente para dizer que, para nós, Espíritosdesencarnados, os médiuns são criaturas humanascomo as outras.

Admito, porém, que devemos qualificá-los, paradeterminar situações e definir responsabilidades.

Em boa sinonímia, a palavra médium designa ointermediário entre os vivos e os mortos, ou melhor,entre os encarnados e desencarnados.

Você não ignora que a existência de sensitivos ha-bilitados a estabelecer o intercâmbio do homem como Mais Além corresponde, em todos os tempos, anecessidades fundamentais da mente humana. Anti-gamente, eram chamados oráculos, magos, sibilas epitonisas e achavam-se em Tebas, Jerusalém, Olím-pia, Roma... Ontem classificados por bruxos e feiti-ceiros, viam-se lançados às fogueiras da Idade Médiapelo fanatismo religioso. E, se examinados pelo pris-ma da simples curiosidade, são igualmente médiuns,nos dias de hoje, os videntes e psicômetras, faquirese adivinhos, habitualmente remunerados, que pulu-lam nas metrópoles modernas.

À vista disso, presumimos seja recomendável de-nominar médiuns espíritas os medianeiros em tare-fas nas casas espíritas-cristãs, de vez que todas as pes-soas que estejam agindo sob a influência dos que jáse desenfaixaram do veículo físico são médiuns.Lutero, ouvindo vozes do Mundo Espiritual, era mé-dium reformista. Teresa d'Ávila, relatando visões de

outros planos, era médium católica. E ninguém podenegar que, em condições inferiores, quantos se mo-vimentem, dominados por entidades perturbadas ouinfelizes, sejam também médiuns. Assim é que mé-diuns espíritas, em nosso despretensioso parecer, sãoaqueles que se dispõem a interpretar as Inteligênciasdomiciliadas nas regiões espirituais, seareiros dobem, consagrados à Doutrina do Espiritismo, indica-da a restaurar os princípios cristãos na Terra.

Falemos, assim, dos médiuns espíritas, nossos com-panheiros de ideal e de luta.

Não cremos sejam eles de estalão incomum. Sãoindividualidades terrestres, positivamente naturais.Tanto assim que os médiuns espíritas devem ter pro-fissão e vida social digna.

Nada os impede de casar e constituir a própria fa-mília, quando desejem tomar compromissos no ma-trimônio.

Não se lhes pode exigir certidão de santidade, en-tre os seres humanos de cujas características partici-pam; entretanto, qual ocorre com todos os seres hu-manos responsáveis, são convocados a lutar contraas tentações que lhes aguilhoam a carne.

Os problemas do sexo, de modo geral, nas organi-zações mediúnicas, são parecidos com os das outraspessoas. Inquietações, frustrações, inibições, exigên-cias, anseios... No entanto, como acontece a todas aspessoas interessadas na educação própria, são convi-dados pelas circunstâncias a se conformarem nas pro-vações orgânicas que tenham trazido ao renascer,tanto quanto a honrarem o lar que porventura hajamerguido, mantendo carinho e fidelidade para com ocompanheiro ou a companheira, sem trilhas de aces-so à devassidão ou à poligamia. Em suma, no quetange às ligações afetivas, carecem de hábitos morige-

Médiunsespíritas

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V

Presença de Chico Xavier

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rados, no interesse real deles mesmos, competindo--lhes viver em paz com a natureza e com os imperati-vos da reta consciência, na intimidade doméstica.

No que se reporta à alimentação, estamos convic-tos de que lhes é permitido comer de todos os acepi-pes, consumidos por homens e mulheres de bomsenso, escusando-se à gula, ao álcool e aos agentestóxicos. E, na apresentação social, decerto não neces-sitam mostrar a palidez e o desconsolo dos primiti-vos ascetas, a fim de evidenciarem a própria fé; en-tretanto, nada justifica se exibam nos excessos e dis-parates que se praticam, de tempos a tempos, emnome da moda.

Evidentemente que os instrutores desencarnadosanelam sejam eles criaturas modestas sem afetação erespeitáveis sem luxo, com disciplinas de atividade e repouso, banho e oração.

Atribui-se-lhes a obrigação de estudar sempre,elevando o nível dos conhecimentos que possuam,compreendendo-se que o Espiritismo não aplaude aignorância, e cabe-lhes trabalhar intensamente, naextensão do conhecimento espírita, notadamente nosocorro ao próximo, porquanto médiuns espíritasnão existem sem a cobertura da caridade, e é for-çoso que sirvam espontaneamente, persuadidos deque, auxiliando os outros, auxiliam a si mesmos,para que não estejam no apostolado mediúnico, queé construção cristã de bondade e alegria, instrução econforto, esclarecimento e progresso, lembrandoanimais descontentes, atrelados à canga.

Em hipótese alguma devem cobrar honorários pe-los benefícios que prestem e, em nenhum momento,se justificará qualquer iniciativa tendente a situá-losem regime de privilégios, mas, também por seremmédiuns espíritas, não será justo que se lhes tumul-tue o lugar de trabalho, aniquilando-se-lhes a possi-bilidade do ganha-pão honesto, em nome do bem, enem é lícito, a pretexto de fraternidade, que se lhesconvulsione a residência e se lhes devasse a vida. Porserem médiuns espíritas, não estão obrigados a fazertudo o que se lhes peça, a título de beneficência ousolidariedade, e nem a assumir atitudes em desacor-do com a própria consciência, para satisfazer ao sen-timentalismo superficial, inferindo-se que pela

mesma razão de serem médiuns espíritas é que pre-cisam agir com segurança e discernimento, convictosde que não podem e nem sabem tudo, porque sabere poder tudo é apanágio de Deus.

Indiscutivelmente, se lançam a mediunidade ainfluências políticas ou discriminações sociais, dei-xam de ser médiuns espíritas, porque o Espiritismose baseia no Cristianismo vivo, que considera ir-mãos todos os homens, com o dever de os mais for-tes se constituírem apoio aos mais fracos.

Não, não conhecemos médiuns espíritas maioresou menores. Todos são credores de estima e acata-mento, na prática criteriosa das faculdades que exer-çam. No dia em que os espíritas ou os Espíritos in-tentassem estabelecer qualquer casta mediúnica, osmédiuns espíritas desapareceriam, porquanto surgi-ria, em lugar deles, toda uma nobiliarquia religiosa.Todos sabemos que, perante os ensinamentos doCristo, rótulos e brasões, comendas e apelidos hono-ríficos, embora respeitáveis nas convenções políticasdo mundo, são, diante do Evangelho, autênticas pa-tacoadas.

E, quanto aos médiuns espíritas que se esforçampelo engrandecimento da verdade e do bem, ofere-cendo de si quanto lhes é possível, em louvor dossemelhantes, tratemo-los com o apreço que nos me-recem, mas fujamos de perdê-los com lisonja e ido-latria.

Se você encontra demasiada severidade em nossasopiniões, recorde o conceito do próprio Cristo, quan-do definiu o maior no Reino dos Céus como sendoaquele que se fizer, na Terra, o servidor de todos.

Não desconhecemos que nós, Espíritos desencar-nados e encarnados, em dívidas volumosas perante aLei, estamos atualmente procurando reviver o Evan-gelho, na Doutrina Espírita, e, compulsando oEvangelho, é fácil verificar que, em torno de Jesus,apareciam talentos de renovação e oportunidades detrabalho para todos, mas não houve adulações e nemmedalhas para ninguém.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Contos desta e doutra vida. Ed.

Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 37, p. 177-182.

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Pelo Espírito Irmão X

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iz Jesus (João, 14:1-3):Não se turbe o vosso co-

ração.Credes em Deus, crede também

em mim.Há muitas moradas na casa de

meu Pai…

Comenta Kardec, em O Evan-gelho segundo o Espiritismo (ca-pítulo III, item 2):

A casa do Pai é o Universo. Asdiferentes moradas são os mundosque circulam no espaço infinito eoferecem, aos Espíritos que nelesencarnam, moradas corresponden-tes ao adiantamento dos mesmosEspíritos.

Afirmativa temerária, porquan-to no século dezenove, quandofoi codificada a Doutrina, não seadmitia a possibilidade de vidaextraterrestre. Nosso planeta se-

ria uma exceção no Universo,bem como a existência de umaestrela, o Sol, com família plane-tária.

Curiosamente, nos próprioscírculos religiosos não eram leva-das em consideração as afirma-tivas de Jesus. Situava-se a Terracomo o centro do Universo; as-tros e estrelas como enfeites numlampadário celeste.

De lá para cá desdobrou-se oconhecimento humano a respeitodo assunto. Graças aos avançosda astronomia, sabe-se hoje queestá mais próxima de uma regraa existência de estrelas com fa-mília planetária. Dezenas de pla-netas foram descobertos até o pre-sente, em outros sistemas, e essenúmero não pára de crescer.

Concebem os cientistas quesomente na Via Láctea, a galáxia

a que pertence nosso sistema so-lar, composta de perto de cembilhões de estrelas, haja pelo me-nos dez mil planetas com vidainteligente. Isso sem falar nos bi-lhões de galáxias que existem noUniverso.

As pessoas perguntam: Se hátantos mundos, até mais evoluí-dos do que a Terra, por que seushabitantes não entram em con-tato conosco?

Aqui o assunto é complicado.Os espaços que separam os

sistemas estelares são imensos,tão grandes que a medida que seusa para calcular distâncias cós-micas é a luz, que se movimentaà velocidade de trezentos mil qui-lômetros por segundo. Desta-que-se que, conforme demonstraEinstein, é a velocidade limite doUniverso.

Imaginemos uma estrela a milanos-luz da Terra. Isso significa

Muitas moradasD

RI C H A R D SI M O N E T T I

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que, avançando naquela veloci-dade espantosa, uma nave leva-ria mil anos para chegar lá, o quetorna as viagens interestelares al-go para a ficção científica.

Parece que Deus estabeleceuessas distâncias colossais para quehabitantes de um planeta não per-turbem os de outros, à semelhan-ça do que tem ocorrido na Terra,onde culturas são extremamenteprejudicadas e até extintas, namedida em que são visitadas edominadas por estrangeiros.

Kardec comenta, na questão188, de O Livro dos Espíritos, queo planeta Marte seria habitadopor uma coletividade mais atra-sada que a terrestre, enquantoque Júpiter teria uma populaçãomais adiantada.

As pessoas versadas em Astro-nomia estranham essa colocação.Sabe-se hoje que esses planetasnão têm vida, porquanto ou sãoquentes demais, como Mercúrioe Vênus, ou muito frios, comoJúpiter, Marte, Netuno, Plutão,Saturno e Urano. Sondas espa-ciais americanas têm pousadoem Marte e constatado que o pla-neta é estéril.

Os detratores do Espiritismoproclamam que semelhantes des-cobertas indicam que as teses es-píritas são fantasiosas.

Bem, vamos considerar, emprincípio, que seria estranho hou-vesse Deus criado mundos semfinalidade, apenas para seu delei-te, como uma criança a brincarcom bolas de gude.

E quando a Doutrina fala daexistência de vida em todos osmundos que giram no espaço, nãose reporta à vida biológica apenas,mas, também, à vida espiritual.

Detalhe importante, envol-vendo um mistério que intrigaos cientistas há décadas. A somadas estrelas e galáxias detectáveispor telescópios corresponde acinco por cento de toda a massaque deveria haver para explicaralguns efeitos gravitacionais ob-servados, como, por exemplo, oritmo de rotação de galáxias (queé mais rápido do que deveria serse as estrelas e o gás fossem tudoo que há por lá).

À massa faltante os cientistasderam o nome de matéria escura,invisível, e ninguém até hoje sa-be o que ela é de fato.

Não estaria nessa massa des-conhecida a dimensão espiritual?Deus, que nada faz sem uma fi-nalidade, construiu os mundosdo Universo visível com a finali-dade de servirem de âncoras pa-ra mundos invisíveis, onde sefixam populações imensas, aten-dendo às suas necessidades evo-lutivas.

É o que temos em planetas co-mo Marte, Júpiter e os demais dosistema solar. Não comportandovida biológica, abrigam Espíritosna dimensão espiritual, feita dematéria, diga-se de passagem,quintessenciada, como explicaKardec, que os cientistas chama-riam de matéria escura, porquenão a vêem.

Miríades de mundos habitadospor seres biológicos ou por Espí-ritos dividem-se em várias cate-gorias, definidas por Allan Kar-dec, em O Evangelho segundo o Es-piritismo (capítulo III, item 4):

� [...] mundos primitivos, des-tinados às primeiras encar-nações da alma humana;

� mundos de expiação e provas,onde domina o mal.

A essa categoria pertence aTerra, o que se pode verificar fa-cilmente pelas motivações do ho-mem terrestre, de um modo ge-ral sempre voltado para a satis-fação de suas ambições e desejos,pouco compromissado com oBem e a Verdade.

� mundos de regeneração, nosquais as almas que ainda têmo que expiar haurem novasforças, repousando das fadi-gas da luta;

� mundos ditosos, onde o bemsobrepuja o mal;

� mundos celestes ou divinos,habitações de Espíritos depu-rados, onde exclusivamentereina o bem.

Imagino que estes mundos es-tão na dimensão espiritual, ina-cessível ao olhar humano.

A beleza da Doutrina Espíritaestá na concepção de que não háescolhidos, nem preferências deDeus.

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Todos somos seus filhos, igual-mente amados, criados simples eignorantes, dotados de livre-ar-bítrio, e governados por leis quenos conduzem à gloriosa angeli-tude. Seremos Espíritos puros eperfeitos um dia. Chegaremos on-de Jesus está, tanto quanto Ele es-teve, um dia, onde estamos.

Como a criação de Espíritos éinfinita, natural que os tenhamosem vários degraus evolutivos,habitantes de mundos compatí-veis com sua condição.

É bom destacar que a Terrapossui, na dimensão espiritual,diferentes planos, habitados porEspíritos que a eles se ajustam.

André Luiz, em monumentaislivros psicografados por Francis-co Cândido Xavier, descreve ci-dades espirituais, em nosso pla-neta, habitadas por multidões deEspíritos desencarnados.

Antigos imaginavam nossomundo como uma grande cebola.Ao centro, a crosta terrestre, ha-bitada pelos homens. A partir dela,várias camadas, representando oscéus para onde iriam as almas, deacordo com seu merecimento. Daía expressão viver no sétimo céu,aplicada a pessoas muito felizes.

Os grandes missionários, nos-sos instrutores, aqueles que vêmà Terra nos ensinar os caminhosdo Bem e da Verdade, habitamesses planos mais altos, em cole-tividades perfeitamente harmo-nizadas com as leis divinas.

Mostrando-nos a grandiosi-dade do Universo, a espraiar-seinfinitamente, em múltiplos pla-nos, a Doutrina Espírita eviden-cia nossa pequenez, esmagandoo orgulho que tantos entravesopõe à nossa evolução, convi-dando-nos à humildade.

Por outro lado, essa visão glorio-sa do Universo, atendendo à orde-nação divina, onde nos está reser-vada gloriosa destinação, ajuda-nosa superar as angústias existenciais.

Por que a preocupação exacer-bada com a saúde, com os negó-cios, com o futuro?

Por que sofrer tanto por umamor não correspondido?

Por que cultivar ressentimen-tos e mágoas?

Por que tanta dor pela mortede um ente querido?

Não sabemos que a vida pros-segue sempre, muito além dossonhos mais ardentes, em lumi-noso porvir?

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ão chegados os tempos?Para os que em nada crê-em, essas palavras não têm

qualquer legitimidade e não lhestoca a consciência. Para a maioriados crentes, elas apresentam qual-quer coisa de místico e de sobrena-tural, prenunciadoras da subversãodas leis da Natureza. Para Kardec,as duas posições são errôneas: “[...]a primeira, porque envolve umanegação da Providência; a segunda,porque tais palavras não anunciama perturbação das leis da Natureza,mas o cumprimento dessas leis”.1

Afirma Astolfo Olegário de Oli-veira Filho no jornal O Imortal:[...] O advento do mundo de rege-neração não se dá nem se comple-ta em pouco tempo. Que a transi-ção de planeta de provas e expia-ções para regeneração já começou,não padece dúvida. Na RevistaEspírita há inúmeras informaçõesque o atestam. O equívoco é datar,é precisar, é fixar uma época emque tal processo estará concluído”.2

A rigor, todas as leis da Natu-reza são obras eternas do Criador,não de uma vontade acidental ecaprichosa, mas de uma vontadeimutável. “[...] Quando, por con-

seguinte, a Humanidade está ma-dura para subir um degrau, podedizer-se que são chegados os tem-pos marcados por Deus [...]”.3

“O Espiritismo não cria a reno-vação social; a madureza da Hu-manidade é que fará dessa reno-vação uma necessidade. Pelo seupoder moralizador, por suas ten-dências progressistas, pela ampli-tude de suas vistas, pela generali-dade das questões que abrange, oEspiritismo é mais apto, do quequalquer outra doutrina, a secun-dar o movimento de regeneração;por isso, é ele contemporâneo des-se movimento. [...]”4

A evolução dos mundos habita-dos ocorre no mesmo ritmo da dosseres que habitam cada um deles.Os mundos habitados, segundo oEspiritismo, podem ser classifica-dos como: mundos primitivos, des-tinados às primeiras encarnaçõesdo Espírito; mundos de expiação eprovas, onde domina o mal entreos Espíritos; mundos de regenera-ção, nos quais os Espíritos aindatêm o que expiar; mundos ditosos,onde o bem sobrepuja o mal, e osmundos celestes ou divinos, ondeexclusivamente reina o bem.

Na condição de expiação e pro-vas, a Terra viveu “época de lutasamargas, desde os primeiros anosdeste século* a guerra se aninhoucom caráter permanente em quasetodas as regiões do planeta. A Ligadas Nações, o Tratado de Versalhes,bem como todos os pactos de segu-rança da paz, não têm sido senãofenômenos da própria guerra, quesomente terminarão com o apogeudessas lutas fratricidas, no processode seleção final das expressões espi-rituais da vida terrestre”.5

O século XX, recentemente fin-do, foi, sem dúvida,

São chegadosos tempos?

SJO RG E HE S S E N

*Emmanuel faz referên-cia ao século XX.

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o século mais sangrento de todos.Após a Segunda Guerra Mundial,já tivemos 160 conflitos bélicos e40 milhões de mortos. Se conta-bilizarmos desde 1914, estes nú-meros sobem para 401 guerras e187 milhões de mortos, aproxi-madamente.

Apesar de terroristas agirem emtoda parte, tropas se confrontaremem muitas regiões, a economia sedescontrolar, sistemas e valores en-trarem em colapso, instituições tra-dicionais como a Igreja e a Famíliaserem violentamente abaladas, teó-ricos pregarem o fim da História,não faltam as vozes otimistas queapregoam um porvir renovado soba luz de uma nova era.

Não há como se desconhecer aviolência que assola a Humanidadeterrestre. Ela está presente no trân-sito, destruindo vidas e mutilandocorpos; na prostituição infanto-ju-venil, sob o assédio dos malfeito-res; em segmentos da polícia, sub-vertendo suas obrigações patrióti-cas de proteger e auxiliar o povo;nas drogas, levando os jovens à de-pendência dessas substâncias alu-cinógenas; nas religiões, onde fa-náticos insanos lutam e se aniqui-lam, disputando qual o “deus” maisforte e mais poderoso; no lar, pelaintolerância dos pais para com osfilhos e vice-versa, dispensando odiálogo fraterno, que, se houvesse,faria de suas vidas uma tranqüilaexperiência de conviver com amor.

Percebemos que há um grandenúmero de pessoas aderindo àssugestões do mal, por simples ig-norância. Estas serão renovadasno desdobramento de suas expe-

riências, particularmente com amagna dor, em reencarnações re-generadoras. O problema maiorestá com aqueles em quem o malpredomina nas entranhas de seuscorações, o que constitui uma mi-noria. Estes, pela lei da seleção na-tural dos valores morais, serão ex-purgados do nosso convívio, as-sim que houver chegado a hora.

Temos a impressão de que osatos violentos, praticados por men-tes insanas, banalizam-se no cursodo tempo, mas, apesar de essa vio-lência sufocar, confundir, assustare cercear o homem na sua liberda-de de ir-e-vir, nunca se assistiu atantas pessoas boas e pacíficas mo-bilizarem-se em prol de programasassistenciais aos irmãos menosafortunados, trabalhando volunta-riamente por um mundo melhore mais justo, e com total despren-dimento e espírito cristão.

É claro que não podemos des-considerar os perigos reais que noscercam: desastres nucleares; o bu-raco na camada de ozônio; o des-matamento desordenado de nossasflorestas; a poluição das nossas lím-pidas águas, etc., mas se olharmoso momento em que vivemos sob aótica da revelação espírita, teremosmotivos suficientes para crer que adesesperança, conseqüente do pes-simismo que prevalece atualmenteentre os homens, precisa ser substi-tuída pela ação eficaz.

A Terra está entrando em umafase de transição para mundo deregeneração, obedecendo às leisnaturais de evolução. Mensagensda Espiritualidade, que nos vêmsendo transmitidas no Movimen-

to Espírita desde o final do séculoXX, têm confirmado tal fato, e ohomem não tem como vetar osDecretos de Deus.

Percebe-se que tudo está setransformando muito rapidamen-te, trazendo mais conforto e me-lhor qualidade de vida ao habitan-te da Terra. A dor física está, rela-tivamente, sob controle; a longe-vidade, ampliada; a automação davida material está cada vez maior,em face da tecnologia fascinante,especialmente na área da comuni-cação e informática. Quando po-deríamos imaginar, por exemplo,há 50 anos, o potencial da Internet?

Já no século XIX, Kardec asse-verava: “A Humanidade tem reali-zado, até o presente, incontestá-veis progressos. Os homens, coma sua inteligência, chegaram a re-sultados que jamais haviam alcan-çado, sob o ponto de vista dasciências, das artes e do bem-estarmaterial. [...]”.6

Neste século XXI, o Planeta pas-sa por um processo acelerado detransformação. É com muito oti-mismo que percebemos, no tecidosocial contemporâneo, a gestaçãode vários investimentos, que envol-vem cientistas, filósofos, religiosose educadores os quais se inclinampara a formulação de um mundorenovado. Busca-se um novo con-ceito do homem e um novo idealde sociedade, alicerçados em para-digmas revolucionários da NovaFísica.

Se atentarmos apenas para a In-formática e a Medicina, enquantofatores de progresso humanos embenefício da Humanidade, perce-

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beremos que Deus autorizou osEspíritos protetores a fazerem apor-tar, na Terra, os admiráveis avan-ços científicos que alcançamos.

“O Espiritismo, na sua missãode Consolador, é o amparo domundo neste século [XX] de de-clives da sua História; só ele pode,na sua feição de Cristianismo re-divivo, salvar as religiões que seapagam entre os choques da forçae da ambição, do egoísmo e dodomínio, apontando ao homemos seus verdadeiros caminhos. Noseu manancial de esclarecimentos,poder-se-á beber a linfa cristalinadas verdades consoladoras doCéu, preparando-se as almas paraa nova era. [...]”.7

A transição de uma categoria demundo para outra não se processasem abalos, pois toda mudança ge-ra conflitos. Há um momento emque o antigo e o novo se confron-

tam, estabelecendo a desordem euma aparência de caos.“[...] a vul-garização universal do Espiritismodará em resultado, necessariamen-te, uma elevação sensível do nívelmoral da atualidade.”8

Fugindo-se da paranóia de da-tação da vinda do mundo de rege-neração, se quisermos atuar verda-deiramente, auxiliando o adventode um mundo melhor, tratemos detrabalhar incansavelmente pela di-vulgação das idéias espíritas, corri-gindo as distorções (facilmente ob-servadas) no rumo do movimen-to que abraçamos, a fim de que oscondicionamentos adquiridos emoutros arraiais religiosos não ve-nham a contaminar nossa ação,pela também intromissão de ati-tudes dogmáticas e intolerantes.

“Não é possível esperar a chega-da do mundo de regeneração debraços cruzados. Até porque, semos devidos méritos evolutivos, boaparte de nós deverá retornar a essemundo pelas portas da reencarna-ção. Se ainda quisermos encontraraqui estoques razoáveis de água do-

ce, ar puro, terrafértil, menos lixoe um clima está-vel – sem os fla-gelos previstos pe-la queima crescen-te de petróleo, gáse carvão que agra-vam o efeito estufa– deveremos agiragora, sem perda detempo.”9

Para habitarmosum mundo regenera-do, mister se faz que

o mereçamos. Para tanto, urge quepratiquemos a caridade, não restri-ta apenas à esmola, mas que abran-ja todas as relações com os nossossemelhantes. Assim, perceberemosque a caridade é um ato de relação(doação total) para com o próximo.Desta forma, estaremos atendendoao chamamento do Cristo, quandodisse: “Amarás o Senhor teu Deus,de todo o coração, e de toda a tuaalma, e de todo o teu espírito; este éo maior e o primeiro mandamento.

E aqui tendes o segundo, seme-lhante a este: Amarás o teu próxi-mo como a ti mesmo. – Toda a leie os profetas se acham contidosnesses dois mandamentos”.10

Referências:1KARDEC, Allan. A gênese. 50. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. XVIII, item 1.2Cf. Jornal O Imortal, publicado em outubro

de 2006.3KARDEC, Allan. A gênese. 50. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. XVIII, item 2.4Idem, ibidem. Item 25.5XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da

luz. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. XXIV, item “Lutas

renovadoras”, p. 208.6KARDEC, Allan. A gênese. 50. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. XVIII, item 5.7XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da

luz. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. XXV, item “O

Evangelho e o futuro”, p. 213-214.8KARDEC, Allan. Obras póstumas. 26. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 1978. Primeira Parte,

“As aristocracias”.9Matéria publicada no Boletim SEI – Ser-

viço Espírita de Informações, 30/4/2005.10Cf. Mateus, 22:34-40.

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“Aquele que faz caso do dia,

para o Senhor o faz.”

PAULO – (ROMANOS, 14:6.)

O tempo

maioria dos homens não percebe ainda os valores infinitos do tempo.

Existem efetivamente os que abusam dessa concessão divina. Julgam que

a riqueza dos benefícios lhes é devida por Deus.

Seria justo, entretanto, interrogá-los quanto ao motivo de semelhante

presunção.

Constituindo a Criação Universal patrimônio comum, é razoável que todos

gozem as possibilidades da vida; contudo, de modo geral, a criatura não medita na

harmonia das circunstâncias que se ajustam na Terra, em favor de seu aperfeiçoa-

mento espiritual.

É lógico que todo homem conte com o tempo, mas, se esse tempo estiver sem luz,

sem equilíbrio, sem saúde, sem trabalho?

Não obstante a oportunidade da indagação, importa considerar que muito raros

são aqueles que valorizam o dia, multiplicando-se em toda parte as fileiras dos que

procuram aniquilá-lo de qualquer forma.

A velha expressão popular “matar o tempo” reflete a inconsciência vulgar, nesse

sentido.

Nos mais obscuros recantos da Terra, há criaturas exterminando possibilidades

sagradas. No entanto, um dia de paz, harmonia e iluminação, é muito importante

para o concurso humano, na execução das leis divinas.

Os interesses imediatistas do mundo clamam que o “tempo é dinheiro”, para, em

seguida, recomeçarem todas as obras incompletas na esteira das reencarnações... Os

homens, por isso mesmo, fazem e desfazem, constroem e destroem, aprendem

levianamente e recapitulam com dificuldade, na conquista da experiência.

Em quase todos os setores de evolução terrestre, vemos o abuso da oportunida-

de complicando os caminhos da vida; entretanto, desde muitos séculos, o apóstolo

nos afirma que o tempo deve ser do Senhor.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.Cap. 1, p. 17-18.

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Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

A

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aparente do mals manifestações de violên-cias física e moral, tais co-mo assassínios, seqüestros,

corrupção, improbidade adminis-trativa do bem comum, manifes-tações de ódio, de fanatismo e depreconceitos, que assolam o mun-do atual, induzem-nos a crer queo mal esteja levando a melhor...Mas, na realidade, seu recrudesci-mento é sinal do seu desespero esua vitória é aparente.

As investidas do mal não esca-pam da dialética que regula o pro-cesso evolutivo da Natureza. Cadamanifestação sua traz implícita aproposta de medidas para sanearseus efeitos deletérios. Dessa for-ma, o mal praticado pelo homemvai forçando a sua própria trans-formação, pois, como Espíritoimortal e submetido à lei de causae efeito, colhe os frutos de sua másemeadura como medida corretiva.

A tese de que o bem poderá flo-rescer do mal é para os materialis-tas contraditória e absurda. O chãoendurecido deve ser rasgado pelalâmina afiada do arado, tornan-do-o receptivo à semente e à ab-sorção da bênção divina da chuva;sem a violência do cinzel a pedra

bruta e disforme não se transfor-mará em obra de arte; e, com ofustigo causticante do forno, a ar-gila mole e sem beleza torna-secerâmica valiosa e útil.

Acreditemos, o homem não émau por natureza. Confúcio ensi-nava que a tendência natural dohomem é para o bem, assim comoa tendência da água é fluir para bai-xo. Pode-se represar a água e fazê--la subir morro acima, contrarian-do sua natureza. Quando o homemé forçado a fazer o que não é bom,sua natureza está sendo manipu-lada, tal como a água represada.

A grande maioria dos homenstem dificuldade em compreenderque o mal é transitória criação nos-sa. Essa dificuldade reside no fatode não se admitir a reencarnação;que a existência atual do indiví-duo e da sociedade reflete as açõesdas anteriores; que colhemos, naatualidade, o bem e o mal queplantamos em existências passadas.

Tem-se perguntado onde estáDeus, que não vê tamanhas esca-brosidades, e por que, pelo ato desua vontade não transforma tudo...Responde com muita sabedoria oMentor Gúbio – “[...] o Senhor do

Universo aperfeiçoa o caráter dosfilhos transviados de Sua Casa,usando corações endurecidos, tem-porariamente afastados de SuaObra [...]”.1

Enganam-se, portanto, os ho-mens maus, quando acreditamque estão trabalhando contra oBem, porque, na realidade, sãoferramentas divinas a serviço dalei de evolução, que faz com quetodos nós sejamos conduzidos aDeus. Logo, o próprio homem éum instrumento de que Deus seserve para atingir seus fins, que sãoa perfeição.

O mal é o bem enfermado. Kha-lil Gibran coloca na boca do seuprofeta um elevado conceito domal, ao responder aos anciãos quelhe pediam falassem do bem e domal. “Do bem que está em vós –disse o profeta – poderei falar, masnão do mal. Pois que é o mal senãoo próprio bem torturado por sua fo-me e sede?”2 (Grifamos.)

O Codificador, preocupado coma maldade humana, interrogou osEspíritos:

“Bastante grande é a perversi-dade do homem. Não parece que,pelo menos do ponto de vista mo-

AWA L D E H I R BE Z E R R A D E AL M E I DA

A vitória

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ral, ele, em vez de avançar, cami-nha aos recuos?”

“Enganas-te. Observa bem oconjunto e verás que o homemse adianta, pois que melhor com-preende o que é mal, e vai dia a diareprimindo os abusos. Faz-se mis-ter que o mal chegue ao excesso,para tornar compreensível a neces-sidade do bem e das reformas.”3

A resposta do Espírito foi pro-fética, pois o bem nunca estevetão presente entre nós, à medidaque o mal se excede. Façamos umexercício e recuemos na linha dotempo por pouco mais de meioséculo e lá não encontraremos asleis de proteção à criança, ao jo-vem, ao idoso; nem aos necessita-dos de cuidados especiais e à mu-lher violentada; nem o amor e oscuidados especiais aos animaisdomésticos e a proteção aos sil-vestres; nem à Natureza como umtodo. Todas essas leis e avançossentimentais surgiram em razãodo abuso desmesurado da ganân-cia, do egoísmo e desumanidadede alguns. Atualmente, presencia-mos manifestações de solidarie-dade de homens bons, que nãotêm registro no passado, a não serem casos isolados, merecendo, porisso mesmo, destaque. Não po-demos ficar indiferentes ao sur-gimento de organizações não--governamentais destinadasà orientação, proteção e am-paro de segmentos minoritá-rios da sociedade, de criançasabandonadas, de velhos semfamília, de mães solteiras, dedoentes execrados pelo pre-conceito, admitindo ser

tudo isso sinal da evolução dosentimento de solidariedade deforma contínua e organizada, enão apenas manifestado em mo-mentos de calamidades públicas,quando falam mais alto as emo-ções e a sedução da mídia.

A Terra é a escola milenar denossa recuperação – Espíritos quenos rebelamos contra o Regimen-to Divino. Para que o Planeta gal-gue a condição de escola regenera-dora, nada mais justo que sejamossubmetidos ao processo de burila-mento, exigindo-se de nós o exer-cício da paciência ativa, da fé comobras, do amor incondicional aopróximo e da justiça social. E sãoos temporariamente maus os nos-sos treinadores.

Prezado leitor, temos todos amesma preocupação: a de extin-guir o mal. Mas como fazer issose não nos dispormos a comba-tê-lo? Ensina-nos a Sabedoria doAlto que o mal é oriundo da ne-gligência do bem. Logo, devemosseguir o exemplo de Jesus, não ape-nas pregando a Boa Nova paraquem nos queira ouvir, mas, aci-ma de tudo, guerreando o mal

com o bem; aprimorando a prá-tica da caridade em todas as dire-ções; transformando o trabalhoem fonte de paz; não permitindoque o desânimo nos impeça derealizar boas obras; cultivando apaciência nos momentos difíceisda provação; admitindo que ooutro sofre tanto ou mais quecada um de nós; ouvindo a vozda consciência, sem dar azo àsconveniências a nosso favor; con-fiando sempre na vitória da luz,mesmo quando tudo pareça estarsob o domínio das sombras...Confiando com Jesus, que o Rei-no dos Céus se fará entre nós.

Referências:1XAVIER, Francisco Cândido. Libertação.

Pelo Espírito André Luiz. Ed. Especial,

Rio de Janeiro: FEB, 2003. Cap. 2, p. 35.2GIBRAN, Gibran Khalil. O profeta. Tra-

dução de Mansur Challita. 8. ed. ilustra-

da, Rio de Janeiro: Editora Civilização

Brasileira. p. 61.3KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

88. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Ques-

tão 784.

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s tempos que correm apre-sentam os inúmeros pro-blemas que devem ser fa-

ceados, corajosamente, por todosos que assumiram compromissoscom o Cristo, primordialmente,

por aqueles que conseguem captare entender as vozes que, do País daImortalidade, derramaram ins-truções ao mundo.

Dentre tais problemas, inclusi-vamente, destacamos a coerênciada fé, ou o amadurecimento dacrença na realidade espiritual.

O tempo transcorrido, desdeAllan Kardec até os dias de ago-ra, impõe-nos a observância deque já é tempo de desprender acrença espírita dos elementos mí-ticos que inundam tantas outrasvisões de crenças, tantas outrasformas ou vias de entendimentoespiritual.

A logicidade das idéias, a coe-rência dos argumentos, a seriedadedos veículos, a pertinência dasquestões tratadas, tudo isso é fa-tor de gritante importância paraque o nosso Movimento Espíritaesteja atento, para que não deixe-mos que se desenvolva ou que seaninhe entre nós qualquer sentidode crendices que, nada obstantepossa fazer sentido para almas in-gênuas, inexpertas ou parvas, nãopode encontrar apoio ou susten-tação no campo espírita.

Há necessidade de enfatizar ocaráter racional da grandiosa Dou-trina. Há urgência em dar senti-do às preocupações do Codifica-dor, no que diz respeito à unida-de do pensamento espírita em to-da parte.

Com isso, não nos cabe pro-crastinar providências nem incen-tivar qualquer espírito acomoda-tício em nossos arraiais.

O mundo dos Espíritos estáeivado de Inteligências felizes edignas, encarregadas de dissemi-nar a luz e o bem, o amor e o tra-balho; porém, há outras tantas

Em atenção àcoerência espírita

O

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almas que se incumbem de dis-seminar sombras e dissensões,equívocos e confusões que, senão logram destruir o edifício doEspiritismo, conseguem, sim, e du-rante longo tempo, causar per-turbações que retardam a movi-mentação e a penetração salutardo Espiritismo por entre as cons-ciências. Deveremos todos estaratentos a isso, pois, muitas vezesa grande parte dos problemasdessa índole tem mais a ver como relaxamento da vigilância dosencarnados do que com a inci-dência obsessiva de desencarna-dos infelizes. Por outro lado, es-ses desencarnados desatinadoscontam, invariavelmente, com aarticulação das mentes presunço-sas de encarnados que se adapta-ram às lidas discrepantes de serdo contra, sempre que as idéias e

conceitos expostos no seio do nos-so Movimento não correspondamao que eles próprios adotam edesejam.

O exercício, assim, da lúcidareflexão, dos estudos dedicados,e a busca permanente de maioratilamento, conseguirão desco-nectar-nos dessas insidiosas defi-ciências.

Os tempos de agora convocam--nos a retomar a integridade doEspiritismo como Allan Kardecno-lo entregou.

Que possamos todos, nessa re-lação fraterna, unindo o velho aonovo mundo, ajustar o nosso Mo-vimento Espírita ao íntegro, lógi-co e lúcido pensamento do Espi-ritismo.

Recebam, caríssimos irmãos, asaudação muito fraterna dos co-rações espíritas portugueses, os

que mourejam no corpo físico efora dele, com esse anseio de vitó-ria e de ventura para todos nós.

Maria O’Neil*

(Mensagem psicografada pelo médiumRaul Teixeira, em 11/11/2006, durante aReunião do Conselho Federativo Nacionalda FEB, realizada em Brasília.)

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*Escritora portuguesa, foi uma das pri-meiras senhoras a fazer parte da Academiade Letras. Sendo membro-fundadora da Fe-deração Espírita Portuguesa, em 1926, in-tegrou os seus Corpos Sociais. Oradora es-pírita, conjuntamente com o Dr. AntónioJoaquim Freire, percorreu Portugal deNorte a Sul, levando, com suas palestras, oconhecimento da Doutrina a todos os rin-cões do país. Esteve algumas vezes no Bra-sil realizando palestras e, na última viagem,ao regresssar de navio a Lisboa, desencar-nou, sendo o seu corpo lançado ao mar.

(Dados fornecidos pela Sra. Maria IsabelSaraiva.)

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pensamento humano éentendido como a expres-são do Espírito, o proces-

so mental que permite o conheci-mento da realidade. André Luizesclarece que o pensamento oufluído mental é “[...] secreção su-til não do cérebro, mas da mente[...] vitalizando e dirigindo todo ocosmo biológico [...].

Esse fluido ou matéria mentaltem sua ponderabilidade e as suaspropriedades quimio-eletromag-néticas específicas, definindo-seem unidades perfeitamente men-suráveis [...] ”.1

Por sua natureza, o pensamen-to pode ser analítico ou lógico; ver-bal; simbólico e abstrato, afirma oprofessor Ricardo Gattass, do Ins-tituto de Biofísica da Universida-de Federal do Rio de Janeiro, emartigo publicado na revista Mentee Cérebro, no 10.

No pensamento analítico o in-divíduo coordena de forma lógicamodelos mentais relacionados àprevisão ou à dedução de algo. Nopensamento verbal “vivencia” opensamento, como se fosse possí-

vel ouvir seus sons, sua voz. Uti-liza então da linguagem, escrita,falada ou gestual para transmitiridéias, sentimentos ou relatar fa-tos. Pelo pensamento simbólicose consegue analisar mentalmenteum modelo formal, numa pers-pectiva de três dimensões, perce-bendo, por exemplo, a estruturaquímica de uma molécula de pro-teína ou a maquete da construçãode um edifício. Fazem parte tam-bém do pensamento simbólicoo conhecimento musical e o lin-güístico (inclusive o aprendizadode diferentes línguas). O pensa-mento abstrato é imaginativo eperceptivo. Os modelos mentaisformados neste tipo de pensa-mento estão desvinculados darealidade física e, muitas vezes, re-presentam eventos imaginados oucaptados de forma extra-senso-rial. A intuição, nesse tipo de pen-samento, substitui a lógica. Opensamento simbólico e o abstra-to, em especial, estão desenvolvi-dos nas pessoas portadoras demediunidade ostensiva, capazesde perceberem idéias e imagens

oriundas dos planos físico e espi-ritual.

Pelo pensamento, ainda segun-do André Luiz, “[...] carreiam-se[...] não apenas as disposiçõesmentossensitivas das criaturas,em atuação recíproca, mastambém as imagens quetransitam entre os cérebrosque se afinam pela reflexãonatural e incessante [...]”.2

O pensamento ou matériamental se manifesta pela uti-lização das estruturas neuro-lógicas do cérebro. “O com-ponente básico do processa-mento da informação no cé-rebro é o neurônio, uma cé-lula capaz de acumular etransmitir atividade elé-

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O

O pensamentohumano

Em dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

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trica. Existem, aproximadamen-te, 100 bilhões de neurônios nocérebro humano, e cada um podeconectar-se a milhares de outros,permitindo que os sinais da in-formação fluam em grande quan-tidade e em muitas direções aomesmo tempo.”3

O professor madrileno Fran-cisco Mora, pesquisador e docen-te da Faculdade de Medicina da

Universidade de Iowa, EstadosUnidos, informa que o neurônioé uma unidade celular extrema-mente ativa “que tem seu própriocódigo de funcionamento, com oqual integra toda a informação re-cebida (o que inclui ignorar certasmensagens que lhe chegam) e criaassim sua própria informação, quetransmite ao neurônio seguinte.Desse modo, ainda que a base de-finitiva de uma função específicado cérebro se encontre no circuitoou conjunto de uma série de neu-rônios, tal circuito funciona inte-grando os códigos e as mensagensde cada um dos neurônios”.4

As pesquisas atuais no campodas neurociências têm disponibi-lizado inestimáveis contribuiçõesrelativas ao funcionamento do cé-rebro, aos processos de aprendiza-gem, à manifestação e ao desenvol-vimento da inteligência, entre ou-tros, devido à utilização de ima-gens de alta resolução técnica, ori-ginárias não do cadáver, mas docérebro de indivíduos vivos (en-carnados). A Ciência só não avan-ça mais nessa área porque descon-sidera o Espírito, inserido nas di-mensões física e extrafísica.

De qualquer forma, grandeparte dessas análises e conclusõescientíficas não se constituem emnovidade para o estudioso espíri-ta. A título de exemplo, destaca-mos alguns breves registros, en-

tre os tantos existentes na lite-ratura espírita, que tratam daespecialização celular (à seme-lhança do que ocorre comos neurônios) retirados ape-nas de uma única obra es-

pírita, já citada, Evolução em doismundos, que a FEB vem publican-do desde 1958:

� André Luiz relata o impor-tante estudo que ele e outrosdesencarnados estavam de-senvolvendo sobre “a estru-tura mental das células”, ad-mitindo que o aprendizadosuperior desse tema requermaior conhecimento a res-peito dos fluidos, “todos elesde origem mental”. (Op. cit.,Primeira Parte, cap. 2, item“Estrutura mental das célu-las”, p. 33.)

� Esclarece que “são os centrosvitais fulcros energéticos que,sob a direção automática daalma, imprimem às células aespecialização extrema, pelaqual o homem possui nocorpo denso, e detemos to-dos no corpo espiritual [...]”.(Op. cit., item “Centros vi-tais e células”, p. 33.)

� A diferenciação e a especiali-zação celular são processosevolutivos naturais: “Com otranscurso dos evos, sur-preendemos as células comoprincípios inteligentes de fei-ção rudimentar, a serviço doprincípio inteligente em es-tágio mais nobre nos animaissuperiores e nas criaturashumanas, renovando-se con-tinuamente, no corpo físico eno corpo espiritual, em mo-dulações vibratórias diversas,conforme a situação da inte-ligência que as senhoreia, de-pois do berço ou depois dotúmulo”. (Op. cit., cap. 5,

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item “Princípios inteligentesrudimentares”, p. 51.)

� “Dispostas na construção daforma em processo idênticoao da superposição dos tijo-los numa obra de alvenaria,as células são compelidas àdisciplina, perante a idéiaorientadora que as associa egoverna [...].”(Op. cit., item“Motores elétricos micros-cópicos”, p. 52-53.)

� “É assim que são funcioná-rias da reprodução no centrogenésico, trabalhadoras dadigestão e absorção no cen-tro gástrico, operárias da res-piração e fonação no centrolaríngeo [...], auxiliares da in-teligência e elementos de li-gação no centro cerebral, eadministradoras e artistasno centro coronário, amol-gando-se às ordens mentaisrecebidas e traduzindo naregião de trabalho que lhes éprópria a individualidade queas refreia e influencia, comjustas limitações no tempo eno espaço.” (Op. cit., p. 53.)

Referências:1XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.

Evolução em dois mundos. Pelo Espírito

André Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2004. p. 124-125.2Idem, ibidem. p. 126.3OCDE (Organização de Cooperação e De-

senvolvimento Econômicos). Compreen-

dendo o cérebro. Trad. Eliana Rocha. São

Paulo: SENAC, 2003. p. 72.4MORA, Francisco. Continuum – como fun-

ciona o cérebro? Trad. Maria Regina Borges-

-Osório. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 20.

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Atividades das

do CFN em 2007Comissões Regionais

Como parte das Comemorações do Sesquicentenário da Dou-trina Espírita, as Comissões Regionais do CFN farão ReuniõesEspeciais, neste ano. Haverá uma Reunião centralizada dasquatro Comissões Regionais, antecedendo à abertura do 2o

Congresso Espírita Brasileiro, nas dependências do Centro deConvenções Ulysses Guimarães, em Brasília, no dia 12 de abrilde 2007, das 8h30 às 17h30.

Temas:

Área do Atendimento Espiritual no Centro Espírita: “O Livro dosEspíritos – Leis Morais em Busca do Homem de Bem”.

Área da Atividade Mediúnica: “A Mediunidade em O Livro dosEspíritos – A Intervenção dos Espíritos no Mundo Corporal”.

Área da Comunicação Social Espírita: “Planejamento estratégicoda Comunicação Social Espírita”.

Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita: “A Contri-buição do Estudo Sistematizado na Construção de um MundoMelhor”.

Área da Infância e Juventude: “Os 150 anos da Doutrina Espí-rita e a Evangelização Infanto-Juvenil”.

Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita: “OSAPSE e as Questões Morais de O Livro dos Espíritos”.

Reunião dos Dirigentes: “As Organizações Espíritas em face dalegislação – Direitos e Deveres. Relação com as Leis Morais deO Livro dos Espíritos”.

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e acordo com as informa-ções divulgadas pela mí-dia, o Prêmio Nobel da Paz

de 2006 foi concedido ao BancoGrameen (Banco Rural), de Ban-gladesh, e ao seu fundador, o eco-nomista Muhamad Yunus, porcriarem uma rede de microcrédi-tos para os mais pobres, sem qual-quer garantia financeira. O Comi-tê Norueguês da Fundação Nobel,ao anunciar o prêmio, declarou:“A paz duradoura não pode seralcançada a menos que grandesgrupos da população encontremmeios de sair da pobreza”. Desta-que-se que esse sistema de micro-crédito, criado por Yunus, já foicopiado em mais de 100 países,inclusive nos Estados Unidos.

O prêmio concedido ao econo-mista bangalês traz à baila a ques-tão da promoção social, prática quenão se coaduna com o chamadoassistencialismo – mera doação debens, sem maiores compromissoscom a integração do indivíduo nasociedade. Com efeito, Yunus, queé também denominado Banqueirodos pobres, não dá esmolas, masajuda os pobres a ajudarem a simesmos, proporcionando-lhes oensejo de iniciar seus próprios in-vestimentos, por menores que se-

jam. Desse modo, ge-ra produtividade, in-corporando à econo-mia os chamados ex-cluídos sociais, pormeio da criação deoportunidades de tra-balho. Por outro lado,a premiação em apre-ço faz ressaltar o vín-culo entre a promo-ção do indivíduo, comsua integração no mer-cado de trabalho, e apaz. Sob essa ótica éinteressante observar que, para aOrganização Internacional do Tra-balho (OIT), a impossibilidade deacesso de certas populações, prin-cipalmente os jovens, aos benefí-cios da economia internacional éa causa geradora de muitos confli-tos sociais, estimulando a crimi-nalidade nas grandes cidades emesmo o terrorismo.

Na esteira dessas observaçõescumpre ressaltar, entretanto, que avisão espírita da promoção socialpossui abrangência maior, uma vezque se baseia no verdadeiro sentidoda palavra caridade, como a enten-dia Jesus: “Benevolência para comtodos, indulgência para as imper-feições dos outros, perdão das

ofensas”.1 À vista desse princípio edos demais ensinos dos EspíritosSuperiores, pode-se dizer que “pro-mover o ser humano é, acima detudo, oferecer-lhe condições parasuperar a situação de penúria só-cio-econômica-moral-espiritualem que se encontra. Na mais amplaacepção da palavra, promoção éauxílio para que o homem ultra-passe as suas limitações, reconhe-cendo que essas limitações, embo-ra sejam características da sua atualpersonalidade, são transitórias emsua individualidade espiritual: ne-nhum ser foi criado para o mal oupara os infortúnios eternos. Fazê-losentir-se Espírito livre e responsá-vel pelo seu destino é descortinar-

A promoçãosocial e a paz

DJO S É CA R LO S DA SI LVA SI LV E I R A

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-lhe as amplas possibilidades quetraz adormecidas em seu interiore que precisam ser trabalhadaspor meio do próprio esforço, nasexperiências do dia-a-dia, a fim deque adquira o de que necessita nãosó em termos materiais, mas,principalmente, espirituais. Issocontribuirá de maneira relevantepara que se vá processando o res-gate de suas faltas pretéritas e paraque a construção de um futuroespiritual, onde impere a real feli-cidade, seja a tônica constante emsua vida”.2 Essas são característicasgerais da promoção social sob aoitiva espírita. Ainda que o co-nhecimento do Espiritismo nãodeva ser imposto às pessoas quebuscam o Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita (SAPSE),todos sabemos que o Espiritismopode constituir-se em relevante fa-tor promocional, pela compreen-são, à luz da lei de causa e efeito,das razões dos sofrimentos atuais.

Deflui do exposto a finalidadeeducativa da promoção social es-pírita.

“O ‘amai-vos uns aos outros’, doEvangelho de Jesus, orienta-nosquanto à postura a adotar peranteos semelhantes e, no caso, peranteo ser em situação de carência eco-nômico-social: fraternidade, sim-patia e respeito, buscando ver neleum irmão em Cristo, para que elese ligue também a nós pelos laçosda fraternidade. Nesse inter-rela-cionamento, em que cada um secoloca diante do outro como re-ceptor e doador, inicia-se um pro-cesso de intercâmbio e, sobretudo,de auxílio e nutrimento no mais

amplo sentido. É um processo emi-nentemente educativo, em que am-bos dão e recebem informações ereferenciais, suporte e vibrações deinteresse e compreensão.

O homem se transforma e ad-quire forças para se auto-realizarpor meio da educação. Quandoconsegue sentir a amplitude do de-ver e a responsabilidade que temcomo ser encarnado, filho de umDeus Generoso, Justo e Bom, passaa colaborar de forma consciente naObra Divina, desenvolvendo a pró-pria individualidade e o meio a quepertence. O SAPSE apresenta-se,portanto, como um trabalho pro-mocional de renovação social ondese procura sensibilizar o indivíduoe a família, a fim de que empreen-dam a própria transformação so-cial e espiritual.”3

Essa vivência da fraternidadepreconizada pela Doutrina Es-pírita irá construindo, paulatina-mente, a paz social.

Como se vê, as idéias expressaspelo Comitê Norueguês da Funda-ção Nobel e a Organização Interna-cional do Trabalho (OIT), estabele-cendo o vínculo entre a promoçãosocial e a paz, estão em consonân-cia com o pensamento espírita,embora este, de maior amplitude,além de aprofundar o conceito depromoção, à vista do verdadeirosignificado da caridade, destaqueoutro elemento naquele vínculo: afraternidade. É nesse sentido quese expressa Allan Kardec: “‘Amar opróximo como a si mesmo: fazerpelos outros o que quereríamosque os outros fizessem por nós’, éa expressão mais completa da cari-

dade, porque re-sume todos os de-veres do homempara com o próxi-mo. Não podemosencontrar guia maisseguro, a tal respei-to, que tomar para padrão, do quedevemos fazer aos outros, aquiloque para nós desejamos. Com quedireito exigiríamos dos nossos se-melhantes melhor proceder, maisindulgência, mais benevolência edevotamento para conosco, do queos temos para com eles? A práticadessas máximas tende à destruiçãodo egoísmo. Quando as adotarempara regra de conduta e para basede suas instituições, os homenscompreenderão a verdadeira fra-ternidade e farão que entre eles rei-nem a paz e a justiça. [...]”.4

Sendo assim, neste ano consa-grado à paz pela Organização dasNações Unidas, possamos desen-volver, no âmbito das casas espíri-tas, a proposta de promoção so-cial apresentada pelo Espiritismo,contribuindo, com o nosso traba-lho, para a construção da paz nagrande obra de regeneração daHumanidade.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 88. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2006. Questão 886.2Manual de apoio. Serviço de assistência e

promoção social espírita. Rio de Janeiro:

FEB, 2006. p. 30-31.3Idem, ibidem. p. 32-33.4KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2006. Cap. XI, item 4.

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Na tarde do dia 9 de novembrode 2006, realizou-se a Reunião dasEntidades Especializadas de Âmbi-to Nacional, credenciadas junto aoConselho Federativo Nacional, nasdependências da FEB, em Brasília.Feita a prece de abertura, o presi-dente da FEB, Nestor João Masotti,saudou os presentes e comentouque se tratava da primeira Reuniãodestas Entidades, em consonânciacom a proposta por elas apresenta-das e com a deliberação da Reuniãodo CFN de novembro de 2005.

Participantes

Associação Brasileira de Divul-gadores do Espiritismo: FátimaAparecida Ferreira (representante)e Saara Nousiainen (assessora);Associação Brasileira dos Magistra-dos Espíritas: Zalmino Zimmer-mann (representante); AssociaçãoMédico-Espírita do Brasil: Marle-ne Rossi Severino Nobre (repre-sentante) e Márcia Regina Cola-sante Salgado (assessora); Cruza-da dos Militares Espíritas: JoséPlínio Monteiro (representante) eEloy Carvalho Villela (assessor);Instituto de Cultura Espírita doBrasil: Jorge Pedreira de Cerqueira(representante); Ivone Maria Mo-linaro Ghiggino (assessora). PelaFederação Espírita Brasileira: Nes-tor João Masotti, (presidente); Altivo

Ferreira e Ilcio Bianchi, (vice-presi-dentes); Antonio Cesar Perri de Car-valho, (secretário-geral do CFN).

Assuntos tratados

Os representantes prestaraminformações sobre as ações desen-volvidas pelas Entidades Especia-lizadas e apresentaram propostasde interação entre elas e com aFEB, no tocante às Campanhas Fa-mília, Vida e Paz, principalmentenos assuntos relacionados com osesclarecimentos sobre aborto e eu-tanásia; nas Comemorações doSesquicentenário da Doutrina Es-pírita; e, em geral, na difusão do Es-piritismo. Discutiu-se a necessida-de de se levar, de forma adequada,a mensagem espírita às várias fai-xas sociais da população. A Asso-ciação Médico-Espírita propõe-sea assessorar as Entidades Federati-vas Estaduais para que os Centros

Espíritas recebam orientações so-bre a montagem de Ambulatóriose também acerca da assistência ajovens, gestantes e idosos.

As Entidades Especializadasapresentaram seus planos sobre asatividades de Comemoração dos150 anos da publicação de O Livrodos Espíritos.

Ainda em consonância com aproposta das Entidades Especiali-zadas, aprovada na Reunião doCFN de 2005, foi instalada, pelaFEB, uma Secretaria de Apoio pa-ra a integração de suas atividades,que será exercida pelo diretor daFEB Antonio Cesar Perri de Car-valho. A próxima Reunião das En-tidades Especializadas de ÂmbitoNacional ocorrerá no dia 12 deabril de 2007, antecedendo à aber-tura do 2o Congresso Espírita Bra-sileiro, nas dependências do Cen-tro de Convenções Ulysses Gui-marães, em Brasília.

FEB sedia Reunião das EntidadesEspecializadas de Âmbito Nacional

Grupo formado por representantes e assessores das Especializadas

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A FEB e o Esperanto

onheci o professor Ismael Gomes Braga noano de 1952, em Recife (PE), quando ali serealizava o 13o Congresso Brasileiro de Espe-

ranto, de que Ismael participava na condição device-presidente e representante da Liga Brasileira deEsperanto. Sempre afável, diligente, dedicado e efi-ciente no seu trabalho como divulgador do querido

esperanto, ele era efetivamente um esperantistacompleto.

Conhecendo o idioma em profundidade, sua in-tensa atividade o revelava como gramático, diciona-rista, escritor, tradutor, editor, jornalista, crítico, pro-fessor, exímio orador e propagandista entusiasmadoda idéia interna do esperantismo, atuando em jornais,revistas, boletins, tribunas e até mesmo pelo rádio. Aonobre ideal esperantista Ismael ofereceu tempo, tra-balho, dinheiro e, mesmo, a saúde.

Por diversas vezes pude visitá-lo em sua residênciade dois andares no bairro da Urca, rua Ramón Francono 63, no Rio de Janeiro. Era ali que ele e sua amávelesposa Maria (Filhinha) recebiam os amigos com pra-zer e espírito fraternal.

Sempre observei como Ismael era capaz de redigircom facilidade, diretamente em esperanto, seus arti-gos, que se destinavam tanto aos mais modestos bole-tins como aos mais renomados periódicos internacio-nais, mencionando-se as revistas Esperanto, órgão ofi-cial da Associação Universal de Esperanto, Oomoto,Heroldo de Esperanto, La Praktiko, Nica Revuo, BrazilaEsperantisto, entre tantas outras.

Ismael nasceu em 14 de julho de 1891, na peque-na fazenda Braguinha, em Córrego Alegre, nas pro-

ximidades de Ubá (MG). Ele era um dos 10filhos do casal de camponeses José Ferreira

Braga e Arminda Gomes Braga, honestose inteligentes, mas de pouca instrução.

Ismael Gomes BragaExpoente entre os esperantistas brasileiros*

CAL B E RTO FLO R E S

*Preleção feita durante o Encontro Esperan-tista do Vale do Paraíba, em Resende (RJ), em2005.

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Ismael freqüentou a escola primária durante apenasum ano letivo (9 meses), destacando-se como o primei-ro aluno da classe. Sendo uma criança ávida de conhe-cimentos, Ismael lia tudo o que lhe vinha à mão, com oque se tornou, pouco a pouco, num autodidata muitoesclarecido e culto, tendo aprendido o francês sem auxí-lio de mestre e o esperanto através de um curso por cor-respondência da Liga Brasileira de Esperanto.

Sua adesão à Liga se deu em 1910, como sócio no

13, e logo iniciou correspondência com co-idealistasda Alemanha e outros países.

Graças à perseverança nos estudos, Ismael se fezpoliglota, conhecendo bem o latim, o italiano, o espa-nhol, o francês, o inglês e o hebraico. Também tinhaconhecimento menos profundo do árabe, do russo,do holandês e do grego.

Em 14 de julho de 1951, fundou no Rio de Janeiro,juntamente com o Dr. Braz Cosenza e outros co-idea-listas, a “Cooperativa Cultural dos Esperantistas”, queaté hoje funciona como importante editora, vendedo-ra de livros e centro de estudos de esperanto.

Ismael, na vida profissional, era contador. Além defiel esperantista, destacava-se também como espíritamuito ativo, conhecia profundamente a Doutrina emuitos artigos escreveu para a importante revistaespírita Reformador (artigos sobre Espiritismo e sobreesperanto), usando diferentes pseudônimos: M. Sou-za Martins, Lincóia Araucano, Antônio Túlio (ou A.T.), Lino Teles (ou L. T.), Cristiano Agarido (ou C. A.),Lauro Gomes, Ismar Brando, Israel Gomes, I. G. B.entre outros.

No ano de 1937, Ismael fez ver, com sucesso, ao Dr.Luís Olímpio Guillon Ribeiro, então presidente daFEB, a semelhança de ideais existente entre Espiri-tismo e esperanto, além da utilidade em colocar o es-peranto a serviço da divulgação mundial do Espiri-tismo e da comunicação entre os espíritas de todas asnações. Logo se fundou, em 1o de março daquele ano,a Secção de Propaganda do Esperanto, na FEB, sendoIsmael nomeado seu diretor. Teve início então a edi-ção de diversos livros em esperanto e sobre o esperan-to: manuais, dicionários, gramáticas e, naturalmente,obras doutrinárias. É de Ismael a excelente traduçãode O Evangelho segundo o Espiritismo para a Língua

Internacional. Outras obras ele também traduziu oucolaborou em sua tradução. Deve-se, portanto, aoprestígio e trabalho de Ismael o apoio, o auxílio que aFEB tem sempre dado à difusão e uso do esperanto,no Brasil e no Mundo.

Nosso saudoso homenageado faleceu no Rio de Ja-neiro, em 18 de janeiro de 1969, com a idade de 77 anos.

Ismael foi um dos mais cultos e amados vultos doesperanto no Brasil. Trabalhou devotada e ininter-ruptamente pelo ideal durante cerca de 60 anos, pe-lo que devemos sempre lembrar-nos dele com res-peito e gratidão.

Bibliografia:WANTUIL, Zêus. I 7mael Gomes Braga. Tradução para o esperan-

to de A. K. Afonso Costa. Rio de Janeiro: FEB, 1971.

Kooperativismo. Ano I. Número 7. Rio de Janeiro: Kultura Koope-

rativo de Esperantistoj, 1957. Número especial sobre o Jubileu

de Ouro dos trabalhos de Ismael Gomes Braga. em favor do

esperanto.

Recordações pessoais do compilador, Alberto Flores.

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Ismael Gomes Braga na Hora Espírita Radiofônica

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Abertura e Expediente

Na manhã do dia 10, feita aprece de abertura, o presidenteda FEB e do CFN, Nestor JoãoMasotti, saudou os presentes,enaltecendo a presença dos re-presentantes das 27 Entidades Fe-derativas Estaduais e informouque, atendendo à deliberação daReunião do CFN de 2005, no diaanterior havia sido realizada aReunião das Entidades Especia-lizadas de Âmbito Nacional, asquais participam como convi-

dadas nesta Reunião. Apresentouos convidados: Arnaldo Carva-lhais da Silveira Costeira, presi-dente da Federação Espírita Por-tuguesa; Maria Isabel Saraiva,presidente da Assembléia Geralda Federação Espírita Portugue-sa, acompanhada de seu esposo,o Sr. Joaquim Saraiva; e JorgeBerrio (Colômbia), integrante daComissão Organizadora do 5o

Congresso Espírita Mundial, queserá realizado naquele país, emCartagena de Índias, em outubrode 2007.

Foram aprovadas por unanimi-dade as Atas das Reuniões doCFN, realizadas em novembro de2005 – cuja súmula consta da Edi-ção Especial de Reformador, demaio/2006 –, e da Reunião Ex-traordinária de 6 de maio de 2006.

Por proposta do presidente daFEB e após análise do CFN, foiaprovada por unanimidade a “Men-sagem aos Espíritas” (já divulgadaem Suplemento de Reformador,edição de dezembro de 2006), so-bre a “Preservação dos PrincípiosDoutrinários na Prática Espírita”.

Conselho Federativo Nacional

CFN realiza a ReuniãoOrdinária de 2006

A Reunião Ordinária de 2006, do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita

Brasileira, ocorreu em Brasília, no período de 10 a 12 de novembro,

com a participação das 27 Entidades Federativas que o constituem,

e de vários convidados, como as Entidades Especializadas de Âmbito Nacional

e representantes de Portugal e da Colômbia

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Abertura da Reunião (aspecto da Mesa)

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Ordem do Dia

Fazemos uma síntese dos as-suntos constantes da Ordem doDia, ficando o registro completopara a Edição Especial a ser publi-cada num dos próximos meses.

Sesquicentenário daDoutrina Espírita

O secretário-geral do CFN An-tonio Cesar Perri de Carvalho dis-correu sobre as providências paraas Comemorações do Sesquicen-tenário da Doutrina Espírita, a sa-ber: apresentação do slogan “Es-piritismo: 150 Anos de Luz e Paz”e da logomarca; de campanha pu-blicitária elaborada por agênciaespecializada; o lançamento deEdição Comemorativa de O Livrodos Espíritos, com base em tradu-ção de Evandro Noleto Bezerra; arealização das Reuniões das Co-missões Regionais do CFN e deReunião Extraordinária do CFN,no dia 12 de abril de 2007, emBrasília; o andamento da elabo-ração do “Plano de Trabalho parao Movimento Espírita”; a EdiçãoEspecial de Reformador; o lança-mento de um pacote comemora-

tivo com DVD e O Livro dos Espí-ritos e, pelos Correios, do Selo Per-sonalizado. Em seguida, o coorde-nador da Subcomissão para o Con-gresso, João Pinto Rabelo, apre-sentou informações sobre os pre-parativos para o 2o CongressoEspírita Brasileiro, programadopara os dias 12 a 15 de abril de2007, em Brasília.

Na seqüência, os representan-tes das Entidades Federativas Es-taduais apresentaram o planeja-mento das Comemorações doSesquicentenário nos seus respec-tivos Estados.

Plano de Trabalho para oMovimento Espírita

A minuta para o Plano de Tra-balho, sistematizada pela Secreta-ria Geral do CFN, foi analisadaem dinâmica de grupo, na tardedo dia 10, contando com a parti-cipação de representantes das En-tidades Federativas Estaduais, daComissão do CFN para as Come-morações do Sesquicentenário ede convidados.

Em horário à parte, houve reu-nião da Comissão constituída pe-lo CFN, na Reunião de 2005, paraanalisar o anteprojeto do “Plano

de Trabalho para o MovimentoEspírita”, que contou com a pre-sença de todos os seus membros,sob a coordenação do secretário--geral do CFN.

O anteprojeto do Plano de Tra-balho foi aprovado pelo CFN, de-vendo merecer desdobramentos,até a sua aprovação na Reunião doCFN prevista para o dia 12/4/2007.

Atividade Federativa

Comissões Regionais O secretário-geral do CFN e

coordenador das Comissões Re-gionais fez rápido comentário so-bre os trabalhos desenvolvidosnas reuniões de 2006 das Comis-sões Regionais do Norte, Nordes-te, Centro e Sul, e lembrou que arevista Reformador registrou asprincipais ocorrências dessas reu-niões nos meses de junho a se-tembro de 2006. Apresentou a re-lação de temas definidos, em cadaÁrea, para a Reunião Especial dasComissões Regionais, que ocor-rerá em Brasília, antecedendo àabertura do 2o Congresso EspíritaBrasileiro. Distribuíram-se rela-tórios das Coordenadorias dasÁreas das Comissões Regionais:

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Aspecto do Plenário

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Atendimento Espiritual no Cen-tro Espírita; Atividade Mediúni-ca; Comunicação Social Espírita;Estudo Sistematizado da Doutri-na Espírita; Infância e Juventude;e Serviço de Assistência e Promo-ção Social Espírita.

Relato das Entidades queintegram o CFN

Todas as Entidades apresenta-ram relatório escrito e algumastambém na forma de posters sobresuas atividades em 2006 e prin-cipais programações para 2007,sendo que algumas destacaram,no Plenário, as suas ações maissignificativas.

Orientação ao Centro EspíritaO secretário-geral do CFN in-

formou que completado o perío-do para a recepção de propostassobre a nova versão do texto Orien-tação ao Centro Espírita, as suges-tões foram resumidas numa mi-nuta, sendo realizadas consultasaos coordenadores de Áreas dasComissões Regionais do CFN eao Conselho Diretor da FEB.Com base nestas sugestões a novaversão do texto deverá atender àscaracterísticas gerais dos Centrosdo País, observando-se: funda-mentar-se nas Obras Básicas daCodificação Kardequiana; ofere-cer subsídios gerais de orientaçãopara as reuniões e atividades dosCentros; manter simplicidade eobjetividade; manter o caráternormativo do texto, evitando-sedetalhamentos, particularizações,programas e propostas temporaise regionais.

No período da tarde do dia 10,os membros e convidados doCFN atuaram em forma de dinâ-mica, constituindo oito gruposde estudo, sob a direção doscoordenadores de Área das Co-missões Regionais e da equipe daSecretaria Geral do CFN. Os re-latores dos grupos apresentaramas conclusões em Plenário, asquais mereceram análises e pro-postas dos membros do CFN. Namanhã do dia 12, o CFN apro-vou o novo texto de Orientaçãoao Centro Espírita, sem prejuízoda revisão de redação e de for-matação, que será feita por Co-missão indicada pelo próprioCFN e integrada por Dalva SilvaSouza (ES), Francisco Ferraz Ba-tista (PR), José Antonio Luiz Ba-lieiro (SP), Lacordaire AbrahãoFaiad (MT), Sandra Maria BorbaPereira (RN) e pela SecretariaGeral do CFN. A nova edição deOrientação ao Centro Espíritadeverá ser lançada até o 2o Con-gresso Espírita Brasileiro.

Atividade Editorial

Difusão do Livro O presidente da FEB e o vice-

-presidente Ilcio Bianchi,que supervisiona o De-partamento Edito-rial e Gráfico daFEB, comentaramos esforços para oaprimoramento dotrabalho de difusãodo livro espírita, tan-to na qualidade dasua edição como na

da sua distribuição. O presidentereferiu-se à participação da FEBcom estandes na 19a Bienal Inter-nacional do Livro de São Paulo,juntamente com outras editorasespíritas, em março de 2006, e naFeira Internacional do Livro deFrankfurt (Alemanha), de 4 a8/10/2006. Juntamente com o con-frade Evandro Noleto Bezerra,tradutor da obra, prestou esclare-cimentos sobre a Edição EspecialComemorativa de O Livro dos Es-píritos (já lançada em dezembrode 2006).

ReformadorO editor de Reformador co-

mentou sobre o projeto de am-pliação de assinaturas, com oapoio das Entidades FederativasEstaduais, mediante parceria, edistribuiu um kit alusivo ao proje-to. Solicitou que estas enviem in-formações históricas sobre o Mo-vimento Espírita em seus Estados,para integrarem a Edição Especialde Reformador de abril de 2007,alusiva ao Sesquicentenário daDoutrina Espírita.

Movimento EspíritaInternacional

Arnaldo Carvalhaisda Silveira Costeira,

presidente da Fede-ração Espírita Por-tuguesa, e Maria Isa-bel Saraiva, presi-

dente da AssembléiaGeral da referida Fe-deração, usaram dapalavra, informandoArnaldo Costeira

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das atividades e dosregistros históricosdo Movimento Espí-rita português e suarelação com o Movi-mento Espírita brasi-leiro, destacando a união queexiste e que deverá ser cada maisfortalecida com realizações inte-gradas. Jorge Berrio (Colômbia),integrante da Comissão Organi-zadora do 5o Congresso EspíritaMundial, promovido pelo CEI,apresentou informações sobre ospreparativos e as inscrições parao evento, que ocorrerá em Carta-gena de Índias, Colômbia, em ou-tubro de 2007.

Como assessor da ComissãoExecutiva do Conselho EspíritaInternacional, Antonio CesarPerri de Carvalho fez apresen-tação sobre as atividades inter-nacionais promovidas pelo CEI,algumas com a participação daFEB, durante o ano de 2006, des-tacando: 11a Reunião Ordináriado CEI, realizada em Assunção(Paraguai); a Reunião da Coorde-nadoria do CEI da Europa, emHoorn (Holanda); os Semináriospara Trabalhadores e DirigentesEspíritas, em Guayaquil (Equa-

dor), Leiria (Portugal), SanMartín de Valdeiglesias(Espanha), Pompano

Beach e San Diego(Estados Unidos),

Londres (Grã-Breta-nha), e durante a Reu-nião da Coordenado-ria da Europa (Holan-

da); a participação no 2o Encon-tro Espírita da Itália, em Lecco;estande da FEB na Feira Interna-cional do Livro de Frankfurt(Alemanha); o apoio ao 1o Con-gresso Médico-Espírita dos Es-tados Unidos com participação;manutenção da edição de La Re-vue Spirite, em parceria com aUnião Espírita Francesa e Franco-fônica, em idiomas francês, es-panhol, inglês e esperanto, e napágina eletrônica do CEI, emrusso; edição pelo CEI de O Livrodos Espíritos em inglês e húngaroe do livro Caminho, Verdade e Vi-da, em inglês; e início das ativi-dades da TVCEI.

Cadastro das InstituiçõesEspíritas do Brasil

Houve o relato sobre o anda-mento do “Cadastro das Institui-ções Espíritas do Brasil”, dispo-nibilizado na página eletrônicada FEB, e que se encontra em fa-se de reformulação do sistemapara a agilização do processo. Foiapresentado Relatório, com da-dos por Estado, enfatizando-sea importância das FederativasEstaduais no trabalho de divul-gação junto às instituições espí-ritas de seus Estados, para opreenchimento do Cadastro etambém o acompanhamento dasua evolução.

Campanhas “Família,Vida e Paz”

Pela coordenação das Campa-nhas Viver em Família, Em Defesada Vida e Construamos a Paz Pro-movendo o Bem!, foi informado oandamento das ações que abrange-ram quase todos os Estados do País,sendo ressaltada a grande procuraque houve do material disponibili-zado pela FEB, dos sete opúsculose cartazes, e também do livro Fa-mília, Vida e Paz, que contém asorientações para implementaçãodas referidas Campanhas. Os re-presentantes das Entidades Fede-rativas Estaduais relataram o an-damento das Campanhas nos Es-tados, que envolvem eventos espe-cíficos, temas em Congressos e Se-minários Estaduais, distribuiçãode materiais e outros.

Assuntos Gerais

Apresentação de DVDsForam apresentados DVDs e

esclarecimentos sobre a web tv(TV pela Internet) – a TVCEI(www.tvcei.com), 24 horas no ar,iniciada pelo CEI em 2006; sobreo programa de TV man-tido pela FEB; e, tam-bém, sobre a atuaçãosocial da Federação Es-pírita Amazonense.

Jorge Berrio

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Raul Teixeira naReunião do CFN

Divaldo fala aosmembros do CFN

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Próximas Reuniões do CFNSerão realizadas a Reunião Ex-

traordinária no dia 12 de abril de2007 e a Reunião Ordinária nosdias 9, 10 e 11 de novembro de2007.

Participação Especial

No período da Reunião doCFN contou-se com a presença eparticipação de José Raul Teixei-ra e Divaldo Pereira Franco.

José Raul TeixeiraNa sexta-feira (dia 10), por ins-

piração mediúnica, recebeu o so-neto “Grandioso facho”, pelo Espí-rito S. Lasneau (publicado em Re-formador de dezembro/2006, p. 9);no sábado (11), pela manhã, psico-grafou a mensagem “Em atençãoà coerência espírita”, do EspíritoMaria O’Neil, que foi uma daspioneiras do Movimento Espíritaportuguês (ver p. 24-25 desta edi-ção); e, à noite, proferiu palestrapública no Teatro Pedro Calmon,de Brasília.

Divaldo Pereira FrancoDirigiu-se aos membros do

CFN, ao final dos trabalhos dodia 11; na manhã de domingo,dia 12, no encerramento da Reu-nião do CFN, recebeu, por viapsicofônica, a mensagem “Vi-vência do Amor”, do EspíritoBezerra de Menezes (publicadaem Reformador de dezembro/2006, p. 8-9): à tarde proferiupalestra pública no Teatro PedroCalmon.

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Senhor! Não lastimamos tantoContemplar no caminho a penúria sem nome,Porque sabemos que socorrerásOs famintos de pão e os sedentos de paz;Dói encontrar na vidaOs que fazem a fome.

Ante aqueles que choramNão lamentamos tanto,Já que estendes o braçoAos que gemem de angústia e de cansaço;Deploramos achar nas multidões do mundoOs que abrem na Terra as comportas do pranto.

Não lastimamos tanto os que se esfalfamCarregando a aflição de férrea cruz,De vez que nós sabemos quanto assistesOs humildes e os tristes;Lastimamos os cérebros que brilhamE sonegam a luz.

Não deploramos tanto os que suportamSarcasmo e solidão na carência de amor,Porquanto tens as mãos, hora por hora,No consolo e no apoio a todo ser que chora;Lamentamos fitar os amigos felizesQue alimentam a dor.

É por isso, Jesus, que nós te suplicamos:Não nos deixes seguir-te o passo em vão,Que o prazer do conforto não nos vença,Livra-nos de tombar no pó da indiferença...Inda que a provação nos seja amparo e guia,Toma e guarda em serviço o nosso coração.

Maria Dolores

Conversa com Jesus

Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia da espiritualidade. 5. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2002. Cap. 36, p. 109-110.

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Palestras deRaul e Divaldo

em Brasília

No alto: Palestra de Raul Teixeira e público no Teatro Pedro Calmon, na noite de 11/11/2006.Abaixo: Palestra de Divaldo Pereira Franco e público no Teatro Pedro Calmon, na tarde de 12/11/2006.

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a manhã do dia 9 de de-zembro de 2006, a SedeSeccional da FEB, no his-

tórico prédio da Av. Passos no 30,no Rio de Janeiro, foi o ambien-te acolhedor para o início das co-memorações do Sesquicentenárioda Doutrina Espírita. Os convida-dos e visitantes conheceram as de-pendências da recém-reformadaLivraria, onde estava exposta aEdição Especial de O Livro dosEspíritos, traduzida por EvandroNoleto Bezerra, e, em seguida, par-ticiparam, no Auditório, do even-

to que assinalava o lançamentoda referida edição. Às 10 horas, aSessão foi aberta com saudação eprece proferidas pelo presidenteda FEB, Nestor João Masotti, queapresentou os integrantes da Me-sa: o ex-presidente Juvanir Borgesde Souza, os diretores EvandroNoleto Bezerra e Antonio CesarPerri de Carvalho, este últimotambém coordenador das Co-missões do Sesquicentenário, e odiretor do Conselho Espírita doEstado do Rio de Janeiro AloísioGhiggino.

Primeiro a expor, Antonio Ce-sar Perri de Carvalho teceu consi-derações históricas sobre as pes-quisas do Prof. Rivail que culmi-naram com a elaboração e o lança-mento de O Livro dos Espíritos nodia 18 de abril de 1857. EvandroNoleto Bezerra explicou as razõesque levaram à nova tradução eàs notas que recuperou entre a 2a

e a 12a edições francesas, inseridasna Edição Especial. Juvanir Borgesde Souza destacou a significaçãoda obra inicial de Allan Kardec,como Revelação dos Espíritos, efez oportunas digressões sobre aevolução do pensamento religio-so através dos tempos.Encerrando a soleni-dade, a prece foiproferida por Aloí-sio Ghiggino.

O tradutorEvandro No-leto Bezerraatendeu auma longa fi-la de interessa-dos em receberseu autógrafo naobra lançada.

N

Solenidade na Sede Seccional do Rio de Janeiro

Aspecto do público no Auditórioda Av. Passos

Aspecto da Mesa: Abertura da Solenidade pelo Presidente

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s 16 horas do dia 10 de de-zembro de 2006, no Audi-tório da Sede da FEB, em

Brasília, ocorreu o lançamento daEdição Especial de O Livro dos Es-píritos, traduzida por EvandroNoleto Bezerra, assinalando o iní-cio das comemorações do Sesqui-centenário da Doutrina Espírita.

O presidente da FEB, NestorJoão Masotti, compôs a Mesa, in-tegrada pelo vice-presidente Alti-vo Ferreira, pelos diretores Evan-dro Noleto Bezerra e Antonio Ce-sar Perri de Carvalho e por CéliaDiniz, vice-presidente do CentroEspírita Luiz Gonzaga, de PedroLeopoldo (MG). Após a prece de

abertura, o presidente da FEBpassou a palavra a AntonioCesar Perri de Carvalho,que, utilizando recursos

audiovisuais, focalizou a atuaçãodo Prof. Rivail no estudo dos fe-nômenos e aspectos históricos so-bre o lançamento de O Livro dosEspíritos, no dia 18 de abril de1857. Evandro Noleto Bezerraprestou esclarecimentos sobre onorteamento que adotou para atradução da obra inicial da Codi-ficação Kardequiana e informoutambém que haverá prossegui-mento da publicação da traduçãode Guillon Ribeiro. Altivo Ferreiradestacou em sua palestra o signi-ficado básico e a abrangência deO Livro dos Espíritos,realizando oportu-na apreciação so-bre o conteú-do central e ainter-relaçãode suas qua-

tro Partes. O presidente da FEBfalou sobre os preparativos para arealização do 2o Congresso Espíri-ta Brasileiro (Brasília, 12 a 15 deabril de 2007) e convidou a Sra.Célia Diniz para proferir a precede encerramento.

O tradutor Evandro Noleto Be-zerra atendeu a dezenas de com-panheiros que solicitaram seu au-tógrafo no livro lançado.

O evento da FEB foi trans-mitido ao vivo pela TVCEI(www.tvcei.com), havendo a con-firmação de que espíritas de diver-sos Estados brasileiros e de dozepaíses (Alemanha, Austrália, Áus-tria, Bélgica, Estados Unidos, Espa-nha, França, Japão, Porto Rico, Por-tugal, Reino Unido, Suíça) estavamacompanhando a solenidade.

Solenidade na Sede Central, em Brasília

ÀAspecto da Mesa: Abertura da Solenidade pelo Presidente

Aspecto do público no Auditórioda Sede, em Brasília

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Seara Espírita

Paraná: Cinco milhões de mensagens A Federação Espírita do Paraná (FEP) alcançou, nomês de setembro, a marca de cinco milhões de men-sagens espíritas impressas desde que, em março de1999, de forma regular, se comprometeu com o Mo-vimento Espírita estadual em lhe oferecer volantesde conteúdo espírita. As mensagens são remetidasmensalmente, de acordo com as necessidades doscentros espíritas, sejam eles filiados ou não à FEP.Os temas, variados, contemplam assuntos específicosem datas especiais como Natal, Dia das Crianças eoutras. No Dia de Finados, por exemplo, a impressãochegou a 150.000 exemplares em uma única tiragem.

Pará: Presidente da FEB na UEP Nos dias 1o, 2 e 3 de dezembro de 2006, o presidenteda FEB, Nestor João Masotti, participou de uma sériede eventos nas cidades de Belém e Barcarena, emcomemoração ao Centenário da União EspíritaParaense. No dia 1o, fez a palestra pública “A impor-tância do livro espírita para a Humanidade”, na sedehistórica da UEP, em Belém. Na nova sede da UEP,participou de um Encontro Fraterno para troca deexperiências sobre as atividades do Movimento Es-pírita paraense. No Centro Espírita “Trabalhadoresda Paz”, em Barcarena, encontrou-se com os espíritasdo 13o CRE (Conselho Regional Espírita).

Bolívia: Encontro Espírita A Federação Espírita Boliviana já iniciou os prepa-rativos para o 5o Encontro Espírita Boliviano, que serealizará na cidade de Santa Cruz de la Sierra, noperíodo de 6 a 8 de abril de 2007, o qual contará coma presença de Divaldo Pereira Franco. O tema é: “OLivro dos Espíritos”, em comemoração dos 150 anosde seu lançamento, por Allan Kardec, em 18 de abrilde 1857.

Eventos Médico-Espíritas Três eventos promovidos por Associações Médico--Espíritas ocorreram no mês de novembro de 2006:

Em Fortaleza (CE), no período de 17 a 19 de no-vembro, realizou-se, nas dependências do Hotel Bei-ra Mar, o 4o Encontro das Associações Médico-Espí-ritas do Nordeste e 3o Encontro da Associação Médi-co-Espírita do Ceará. Os eventos tiveram como tema“Bioética e Espiritismo”.

Em São Paulo (SP), a Associação Médico-Espíritade São Paulo (AME-SP) promoveu a sua JornadaCientífica, com o tema central “Nascer, Morrer, Re-nascer ainda e Progredir sempre, tal é a Lei”. Foramexpositores, no evento, os médicos: Drs. Marlene No-bre (AME-Brasil), Jaider Rodrigues (AME-MG), Jo-sé Roberto P. dos Santos (AME-ES), Décio Iandoli Jr.(AME-Santos), Sérgio Felipe de Oliveira (AME-SP),além de outros.

Bahia: Encontro de Dirigentes A Federação Espírita do Estado da Bahia promoveuo Encontro Estadual de Dirigentes Espíritas 2006 noCentro de Convenções Iguatemi, de Salvador, noperíodo de 20 a 22 de outubro, com o tema “Movi-mento Espírita na Bahia: Desafios e Soluções”. Parti-ciparam do evento: José Raul Teixeira e os exposito-res da FEEB Creuza Santos Lage, Marcel Mariano eJoão Neves. Objetivo do Encontro: apreciar os ru-mos e estabelecer um plano de trabalho para o Mo-vimento Espírita na Bahia.

Livraria da FEB na Internet A Federação Espírita Brasileira inaugurou, em no-vembro de 2006, sua livraria virtual. O endereço éwww.feblivraria.com.br Com um amplo leque deserviços, o portal permite compras on-line. O portalda livraria traz, para leitura, o primeiro capítulo euma sinopse das obras. Também é possível ver acapa do livro e indicá-lo por e-mail para um amigo.Ao fazer consultas sobre um livro, o sistema ofere-ce ao internauta a opção de ver outros títulos domesmo autor, médium ou Espírito. Mais informa-ções pelo telefone (61) 2101-6161 ou pelo [email protected]

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