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reformador Junho 2010 - a.qxp

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 128 / Junho, 2010 / N o 2.175

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO E EVANDRO NOLETO

BEZERRA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual R$ 339,00Número avulso R$ 55,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 335,00

Assinatura dde RReformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mmail: [email protected]

Editorial

Mundo em transição

Entrevista: Pierre-Etienne Jay

Tradutor destaca a Mensagem Espírita

Presença de Chico Xavier

Provas decisivas – Lameira de Andrade

Esflorando o Evangelho

Nos corações – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Esperanto no 3o Congresso Espírita Brasileiro –

Affonso Soares

Conselho Federativo Nacional

Reuniões Especiais do Conselho Federativo Nacional da FEB

Seara Espírita

Reflexões sobre a Moral Divina – Christiano Torchi

Momento da gloriosa transição (Capa) –

Bezerra de Menezes

Para amar o próximo – Richard Simonetti

Perdoa – Irene Sousa Pinto

Reconhece-se o bem pelas suas obras –

Jorge Leite de Oliveira

A metodologia kardequiana – Vinícius Lousada

A renúncia da renúncia – Carlos Abranches

Nossos irmãos, os estimados auxiliares domésticos –

Clara Lila Gonzalez de Araújo

Em dia com o Espiritismo – A maldade: uma doença

do Espírito – Marta Antunes Moura

A excelência do bem – Mário Frigéri

A alegria de ser espírita – Guilherme Scarance

Retificando...

Cristianismo Redivivo – O Novo Testamento –

Redação – Haroldo Dutra Dias

Confidência – Maria Dolores

Congresso Nacional homenageia Chico Xavier

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EditorialMundo em transição

onforme se observa na questão 55 de O Livro dos Espíritos, cuja primeiraedição ocorreu em 18 de abril de 1857, Allan Kardec pergunta: São habita-dos todos os globos que se movem no espaço? E os Espíritos superiores respon-

dem: “Sim e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em inteli-gência, em bondade e em perfeição”.

Aprofundando a análise deste assunto, Kardec observa:

Nos mundos intermédios, misturam-se o bem e o mal, predominando um ou outro,segundo o grau de adiantamento da maioria dos que os habitam. Embora se não possafazer, dos diversos mundos, uma classificação absoluta, pode-se contudo, em virtudedo estado em que se acham e da destinação que trazem, tomando por base os matizesmais salientes, dividi-los, de modo geral, como segue: mundos primitivos, destinadosàs primeiras encarnações da alma humana; mundos de expiação e provas, onde domi-na o mal; mundos de regeneração, nos quais as almas que ainda têm o que expiar hau-rem novas forças, repousando das fadigas da luta; mundos ditosos, onde o bem sobre-puja o mal; mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, ondeexclusivamente reina o bem. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III, item 4.)

Em mensagem transmitida através de Divaldo Pereira Franco no encerramentodo 3o Congresso Espírita Brasileiro, em 18 de abril de 2010, publicada nesta ediçãode Reformador (p. 8), Bezerra de Menezes assevera:

...Estamos agora em um novo período.

Estes dias assinalam uma data muito especial, a data da mudança do mundo de provas

e expiações para o mundo de regeneração.

A grande noite que se abatia sobre a Terra lentamente deu lugar ao amanhecer de

bênçãos.

E continua sinalizando para a necessidade de todos nós aumentarmos a nossacapacidade de nos amarmos uns aos outros a fim de podermos ser realmente úteisna construção desse novo mundo e assegurar o direito de nele permanecer.

Devemos lembrar, ainda, a mensagem de Santo Agostinho, de 1862, que, falandosobre os mundos de regeneração, destaca:

[...] Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita equidade preside às rela-ções sociais, todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis.

Mas [...] nesses mundos, ainda falível é o homem e o Espírito do mal não há perdidocompletamente o seu império. Não avançar é recuar, e, se o homem não se houver fir-mado bastante na senda do bem, pode recair nos mundos de expiação, onde, então,novas e mais terríveis provas o aguardam. (Op. cit., itens 17 e 18.)

Com todos estes esclarecimentos, só nos resta, em nosso próprio benefício,empenharmo-nos no nosso aprimoramento moral.

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ão é raro conhecermos pes-soas que, apesar de vive-rem em condições adver-

sas, em ambientes viciosos, con-seguem furtar-se às influênciasnegativas do meio e se destacamna sociedade como homens emulheres dignos. Há outras que,mesmo depois de terem experi-mentado uma vida de transgres-sões, crimes, prostituição e dro-gas, conseguem se recuperar, tor-nando-se referência para muitosoutros indivíduos. Esses exem-plos de superação mostram doque o ser humano é capaz, quan-do tem fé.

No conhecido livro do escritorfrancês Victor Hugo (1802-1885),Os Miseráveis, também retratadoem filme, encontramos a históriade um ex-presidiário (Jean Valjean)que, ante um dilema moral, ori-ginado de um furto por ele pra-ticado após ganhar a liberdade,foi inocentado pela própria ví-tima, o caridoso bispo CharlesMyriel, atitude que causou umprofundo impacto no ex-conde-nado, motivando-o, daí por dian-

te, a se tornar um homem debem. Esta obra, embora seja umromance de ficção social, é ins-pirada na realidade e nos fazrefletir sobre a questão filosófi-ca da moral, tratada em O Livrodos Espíritos.1

A crença inata em um ser supe-rior, comum a todos nós, sugere aexistência de uma constituiçãodivina insculpida na alma. Todavez que infringimos as leis natu-rais, um juízo secreto nos diz queestamos no caminho errado. Do-minados pelas paixões, nem sem-pre seguimos os ditames desse tri-bunal interior, ficando sujeitos,depois, ao arrependimento, à ex-piação e à reparação dos erros co-metidos.

Do ponto de vista espírita, “amoral é a regra de bem proceder,isto é, a distinção entre o bem e omal. Funda-se na observância da Leide Deus. O homem procede bemquando faz tudo pelo bem de

todos, porque então cumpre a Leide Deus”.2 A infração das leis mo-rais resulta numa sanção impostapela própria consciência, que setraduz no remorso, sem prejuízoda eventual condenação impostapela sociedade e suas instituições.O bem e o mal estão relacionadosao comportamento humano dita-do pelo livre-arbítrio, pois “a no-ção de moralidade é inseparávelda de liberdade”.3 Procedendocorretamente, o homem dá mos-tras de que sabe distinguir o bemdo mal. O bem é tudo o que é compatível com a lei de Deus e omal é tudo aquilo que não se har-moniza com ela. Em resumo:quando fazemos o bem, procede-mos conforme a lei de Deus, equando fazemos o mal estamosinfringindo essa lei.

Nem todos, porém, se compra-zem em fazer o bem, dependendo

Reflexões sobre a

Moral DivinaN

CH R I S T I A N O TO RC H I

1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Riode Janeiro: FEB, 2010. Q. 629-646.

2Idem, ibidem. Q. 629.

3DENIS, Léon. O problema do ser, do des-tino e da dor. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB,2009. P. 3, As potências da alma, item 22,p. 477.

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da evolução do indivíduo e dosvalores que cultua. Quando o ho-mem procura agir acertadamente,utilizando a razão e a reflexão,encontra meios de distinguir, porsi mesmo, o que é bem do que émal. Ainda que esteja sujeito a en-ganar-se, em vista de sua falibi-lidade, possui uma bússola que o guiará no caminho certo, queé o de colocar-se na posição do ou-tro, analisando o resultado de suadecisão: aprovaria eu o que estoufazendo ao próximo, se estivesseno lugar dele?

Esse método de pôr-se no lu-gar do outro para medir a quali-dade de nossos atos é bem efi-ciente, quando nos habituamos autilizá-lo, porque o metro de ca-da um está na lei natural, que es-tabelece o limite de nossas pró-prias necessidades, razão por queexperimentamos o sofrimento to-da vez que ultrapassamos essafronteira. Por isso, se ouvíssemosmais a voz da consciência, esta-ríamos a salvo de muitos malesque atribuímos a fatores externosou à Natureza.

Deus poderia, se quisesse, terfeito o Espírito pronto e acabado,mas o criou simples e ignorante,dando-lhe, assim, a oportunidadede progredir pelo próprio esforço,para que tenha a ventura de che-gar ao cume da jornada e excla-mar, satisfeito: eu venci!

Com o advento tanto do pro-gresso e a consequente prolifera-ção dos grupos sociais, caracte-rizados por sua diversidade cul-tural, como também das novas ne-cessidades criadas pela moderni-

dade e pelo avanço da tecno-logia, somos tentados a pensarque a lei natural não é uma re-gra uniforme para a coletivida-de. Todavia, este modo de racio-cinar é equivocado, uma vez quea lei natural possui tantas grada-ções quantas necessárias para ca-da tipo de situação, sem perder aunidade e a coerência, cabendo acada um distinguir as necessida-des reais das artificiais ou con-vencionais.

A lei de Deus é a mesma paratodos, independentemente da po-sição evolutiva do homem, quetem a liberdade de praticar obem ou o mal. A diferença queexiste está no grau de responsa-bilidade, como no caso do selva-gem que, outrora, sob domíniodos instintos primitivos, consi-derava normal alimentar-se decarne humana, a saber: o homemé tanto mais culpado quantomelhor sabe o que faz. À medidaque o Espírito adquire experiên-cia, em sucessivas encarnações,alcança estágios superiores quelhe permitem discernir melhoras coisas. Portanto, a responsa-bilidade do ser humano é pro-porcional aos meios de que dis-põe para diferenciar o bem domal. Apesar disso, não se podedizer que são menos repreensí-veis as faltas que comete, embo-ra decorrentes da posição queocupa na sociedade.

O mal desaparece à medidaque a alma se depura. É então que,senhor de si, o homem se tornamais culpado quando comete omal, porque tem melhor com-

preensão da existência deste. A cul-pa pelo mal praticado recai so-bre quem deu causa a ele, porém,aquele que foi compelido, levadoou induzido a praticar o mal poroutrem, é menos culpado do queaquele que lhe deu causa.

Outrossim, o fato de se acharnum ambiente desfavorável ounocivo à moral, devido às influên-cias dos vícios e dos crimes, nãoquer dizer que a criatura estejaisenta de culpa, se, deixando-selevar por essas influências, tam-bém praticar o mal. Em primeirolugar, porque dispõe de um ins-trumento poderoso para superaras circunstâncias infelizes: a von-tade. Em segundo, porque, antesde encarnar, pode ter escolhidoessa prova, submetendo-se à ten-tação para ter o mérito da resis-tência. De outras vezes, o Espíritorenasce em um meio hostil com amissão de exercer influência posi-tiva sobre seus semelhantes, retar-datários.

Por outro lado, aquele que, mes-mo não praticando diretamente omal, se aproveita da maldade fei-ta por outrem, age como se fosseo autor, isso porque talvez nãotivesse coragem de cometê-lo,mas, encontrando o mal feito, ti-ra partido da situação, o que sig-nifica que o aprova e o teria pra-ticado, se pudesse ou tivesse ou-sadia para tanto. Enquanto Espí-ritos, quase todos nos equipara-mos, na Terra, a condenados emregime de liberdade condicional,sujeitos, graças à misericórdiadivina, a diversas restrições que,muitas vezes, nos são impostas

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para nos proteger das própriasfraquezas. Assim, podemos dizerque muitos de nós só não prati-camos o mal por falta de oportu-nidade, considerando que nemsempre temos vontade forte obastante para resistir a determi-nadas conjunturas, em virtude daausência de autocontrole.

O desejo de praticar o mal po-de ser tão repreensível quanto opróprio mal, contudo, aqueleque resiste às tentações, com afinalidade de superar-se, temgrande mérito, sobretudo quan-do depende apenas de sua von-tade para tomar essa ou aqueladecisão. Não basta, porém, quedeixe de praticar o mal. É preci-so que faça o bem no limite desuas forças, pois cada um res-ponderá por todo mal que resul-

te de sua omissão em praticar obem. Os Espíritos superiores sãotaxativos em dizer que ninguémestá impossibilitado de fazer obem, independentemente de suaposição, pois que todos os diasda existência nos oferecem opor-tunidades de ajudar o próximo,ainda que seja por meio de umasingela oração.

O grande mérito de se fazer obem reside na dificuldade que setem de praticá-lo. Quanto maio-res forem os obstáculos para arealização do bem, maior é o me-recimento daquele que o executa.Contrário senso, não existe tantavalia em se fazer o bem sem esfor-ço ou quando nada custa, comono caso do afortunado que dá umpouco aos pobres do que lhesobra em abundância. A parábola

do óbolo da viúva, contida em oNovo Testamento,4 retrata bem talcircunstância.

Finalizando, a essência da mo-ral divina pode ser encontrada namáxima do amor ao próximo, en-sinada por Jesus, porque abarcatodos os deveres que os homenstêm uns para com os outros, ra-zão pela qual temos necessidadede vivenciar essa lei constante-mente, porquanto o bem é a leisuprema do Universo que nosconduz a Deus “e o mal será sem-pre representado por aquela tristevocação do bem unicamente paranós mesmos [...]”.5

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4LUCAS, 21:1-4.

5XAVIER, Francisco C. Ação e reação. 28.ed. 2. reimp. Pelo Espírito André Luiz. Riode Janeiro: FEB, 2009. Cap. 7, p. 110.

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... Estamos agora em um novoperíodo.

stes dias assinalam uma datamuito especial, a data damudança do mundo de pro-

vas e expiações para o mundo deregeneração.

A grande noite que se abatiasobre a Terra lentamente deu lu-gar ao amanhecer de bênçãos.

Retroceder não mais é possível.Firmastes, filhas e filhos da al-

ma, um compromisso com Jesus,antes de mergulhardes na indu-mentária carnal, o de servi-lo comabnegação e devotamento.

Prometestes que lhes seríeisfiéis mesmo que vos fosse exigidoo sacrifício.

Alargando-se os horizontesdesse amanhecer que viaja para aplenitude do dia, exultemos jun-tos – os Espíritos desencarnados evós outros que transitais pelomundo de sombras – mas, alémdo júbilo que a todos nos domi-na, tenhamos em mente as gravesresponsabilidades que nos exor-

nam a existência no corpo oufora dele.

Deveremos reviver os dias inol-vidáveis da época do martiroló-gio. Seremos convidados, não so-mente ao aplauso, ao entusiasmo,ao júbilo, mas também ao teste-munho. O testemunho silenciosonas paisagens internas da alma. Otestemunho por amor àqueles quenão nos amam. O testemunho deabnegação no sentido de ajudaraqueles que ainda se comprazemem gerar dificuldades, tentandoinutilmente obstaculizar a mar-cha do progresso.

Iniciada a grande transição,chegaremos ao clímax, e na razãodireta em que o planeta experi-menta as suas mudanças físicas,geológicas, as mudanças moraissão inadiáveis. Que sejamos nósaqueles Espíritos-espíritas que de-monstremos a grandeza do amorde Jesus em nossas vidas.

Que outros reclamem, que ou-tros se queixem, que outros debla-terem, que nós outros guardemosnos refolhos da alma o compro-

misso de amar e amar sempre,trazendo Jesus de volta com todaa pujança daqueles dias que vãolonge e que estão muito perto...

Jesus, filhas e filhos queridos,espera por nós!

Que sejam o nosso escudo oamor, as nossas ferramentas oamor e a nossa vida um hino deamor.

São os votos que formulamos,os Espíritos-espíritas aqui presen-tes, e que me sugeriram represen-tá-los diante de vós.

Com muito carinho, o servidorhumílimo e paternal de sempre,

Bezerra

Muita paz, filhas e filhos docoração!

(Mensagem psicofônica recebida pelo mé-

dium Divaldo Pereira Franco, no encerra-

mento das comemorações do Centenário

de Nascimento de Chico Xavier, realiza-

das no Centro de Convenções Ulysses

Guimarães, em Brasília, no dia 18 de abril

de 2010.)

Momento dagloriosa transição

E

Capa

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Reformador: Como você se tornouespírita?Pierre: Nascido em lar católico,sempre tive Deus e Cristo no centro

da minha vida. Na adolescência,surgiram sinais de perturbaçõesque marcaram o início de tor-mentos espirituais, os quais dura-ram cerca de dez anos. Isso levan-

tou em mim muitas perguntas.Os sacerdotes da Igreja cató-

lica ficavam sem respostasa essas perguntas e nin-guém podia me ajudar.As perturbações forampiorando. Para os meuspais, era o demônio;para os demais, eu era

louco. Na busca de umasolução aos meus tormen-

tos, aos 25 anos, conheciuma senhora médium, nacidade de Vizille, perto

de Grenoble, no sudes-te da França. Duran-

te três horas, esta pessoa me fa-lou de coisas que modificariamde vez a minha vida. Ela disse queeu era médium e falou-me tam-bém do Espiritismo, embora demaneira equivocada, pois ela mepreveniu do perigo que os livrosde Allan Kardec representariam.Até hoje tenho um grande cari-nho para com essa pessoa. Mes-mo assim, resolvi lê-los com to-dos os cuidados devidos a livros“perigosos”. Assim foi o meu pri-meiro contato com a Doutrina.Mas aos 16-17 anos eu havia en-comendado um livro chamadoO Livro dos Espíritos. Quando orecebi, estranhei muito essa his-tória de os Espíritos responderemàs perguntas de um autor que,segundo eu, na época, poderiaestar explorando a credulidadedos ingênuos leitores. Devolvi olivro na mesma hora para a edito-ra! Em 2001 vim para o Brasilpara reencontrar a mulher com aqual me casaria. Já nos conhecía-mos há algum tempo, na Europa,e por razões de trabalho ela teve

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PI E R R E-ET I E N N E JAYEntrevista

Tradutor destacaa Mensagem Espírita

Pierre-Etienne Jay, tradutor de obras espíritas para o francês, destaca o significado do Espiritismo em sua vida e para a França

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que retornar a seu país. Quatrodias depois da minha chegada, elame levou à Comunhão Espírita deBrasília para obter uma orienta-ção. Foi um outro momento cha-ve no meu caminho. Descobri quenão havia demônios e que eu nãoera louco também. Era simples-mente um obsidiado colhendofrutos do passado. Começou umlongo trabalho de desobsessão e,depois, passei a colaborar comomédium em diversos grupos, de-pois de ter aprendido a lidar coma minha mediunidade. A partirdessa época, o Espiritismo nuncamais deixou de ser o eixo da mi-nha vida.

Reformador: E como chegou à atua-ção como tradutor de obras espíri-tas para o francês? Pierre: No Sanatório Espírita de

Brasília, que frequentava para otratamento de desobsessão, ha-via uma grande atividade de di-fusão de livros espíritas. Para mimera um sofrimento ver tantas obrastransbordando de ensinamentos,enquanto no meu país era tão di-fícil encontrar literatura espíritanas livrarias. Fomos, minha mu-lher e eu, conversar com o respon-sável por aquele Centro. Falamosa ele da nossa vontade de traduzirlivros para o francês. Então elenos dirigiu para a FEB, à procurado senhor Masotti, seu presiden-te. E fomos à FEB. Quem o conhe-ce sabe o quanto é difícil encon-trá-lo de improviso. Mas ele esta-va disponível naquele momento.Conversamos e ele gostou da ideiade traduzir obras para o francês.Assim começou a tradução dos

livros de André Luiz com OsMensageiros.

Reformador: No geral, quaisforam as obras que você já traduziu?Pierre: A parte maior do trabalhoforam as obras de André Luizdas quais traduzi 10 das 13. Tra-duzi igualmente a biografia deAllan Kardec, em dois volu-mes, reorganizada por ZêusWantuil, e obras de Emmanuel.Estou trabalhando no momentocom Boa Nova do Espírito Hum-berto de Campos.

Reformador: Qual a sua sensa-ção ao traduzir obras de Em-manuel e de André Luiz? Pierre: De início, não me deiconta da importância desses li-

vros. A linguagem, às vezes muitorebuscada, não me facilitava atarefa... e, de vez em quando, euficava meio irritado com a manei-ra de André Luiz escrever – apro-veito para pedir-lhe desculpas.Mas, esse trabalho me proporcio-nou muitas experiências extraor-dinárias e um enriquecimentopessoal muito grande. Só possoagradecer a Deus por esta oportu-nidade bendita de trabalho queme foi concedida, e tenho umprofundo respeito por esses doisEspíritos que deram tanta luz àHumanidade por intermédio donosso amado Chico Xavier.

Reformador: Você tem ideia da re-percussão dessas traduções para ofrancês?Pierre: Enquanto morava no Bra-

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sil, não. Naquela época tinha pou-co contato com os espíritas fran-ceses, visto que só realmentedescobri o Espiritismo no Bra-sil. Eu sabia que essas obras tra-ziam inúmeros ensinamentos,sobre diversos temas. Se tudo is-so era muito benéfico para mim,não havia como não ser igualpara os outros. Mas foi depois deconhecer melhor as pessoas es-píritas na França que passei aentender o quanto essa traduçãoé importante. Um dia, um ami-go espírita francês me disse que a vida dele havia mudado com aleitura das obras de André Luiz.Se o trabalho do mestre de Lyonrepresenta os alicerces, o traba-lho do Chico, sob a direção deEmmanuel e de André Luiz, veiocompletar o edifício espírita, tra-zendo exemplificação da teoriacontida na Codificação. O traba-lho de ambos representa as duaspeças de um quebra-cabeça quenos ajuda a melhor entender avida em todos os seus aspectos.

Reformador: Como avalia o 3o

Congresso Espírita Brasileiro deque você participou?Pierre: Um choque positivo! Aorganização foi muito boa. Mas,além disso, há o conteúdo e a vi-bração geral do evento. Não con-to o número de vezes em que aemoção tomou conta de mim. Éclaro que a maioria das pessoaspresentes ficou encantada, comoo comprovava o brilho no olhardos congressistas. Para mim, co-mo francês, foi ainda mais forte,pois diante das dificuldades en-

frentadas pelo Espiritismo naFrança, tal evento se torna, aosmeus olhos, um grande momen-to de humildade e um exemplo aseguir no porvir e a divulgar naterra de Allan Kardec. Não foiapenas um Congresso Brasileiro.A vibração que movia os traba-lhos abrangia o mundo inteiro,não só através da TVCEI, oupelo âmbito das coisas que esta-vam sendo realizadas no planomaterial, mas igualmente e sobre-tudo no plano espiritual. É aminha visão pessoal, e acreditoque aconteceram coisas de relevopara a Humanidade durante esteCongresso.

Reformador: Alguma mensagempara o leitor de Reformador.Pierre: Descobri realmente o Es-piritismo na Pátria de Chico Xa-vier, através de diversas expe-riências. Durante os cinco anosem que morei em Brasília, fuipaciente, aprendiz, colaborador,trabalhador. Todas as portas seabriram no meu caminho, Deusme ofereceu todas as oportuni-dades de descobrir o Espiritismoem muitos dos seus aspectos.Embora tendo ainda muitas coi-sas para entender, aprender eviver, aprendi e descobri muitonesses cinco anos no Brasil.Vivenciei a facilidade de ir aoCentro Espírita, de encontrarpessoas e de compartilhar comelas experiências e fé. Lá fora, ascoisas ainda são, por enquanto,bem diferentes, embora, me pa-rece, estejam a caminho da mudan-ça. Encontrar um Centro Espí-

rita na França não é simples. Hápessoas que devem percorrercentenas de quilômetros para iràs reuniões. Há muita descrença,preconceitos, rejeição por partedas pessoas que desconhecem abeleza da nossa Doutrina. Paraum espírita brasileiro, ir ao Cen-tro, fazer um estudo, comprarum livro espírita são atos sim-ples e naturais.

Às vezes, na hora de ir à reu-nião, vem o cansaço do dia de tra-balho, a vontade de ficar em casa edeixar a reunião para a semanaque vem. Então, nesses momen-tos, é bom lembrar-se de que nomundo afora, milhares de espíri-tas se encontram privados de reu-niões, sem poder juntar-se a ou-tros espíritas para comungar nomesmo ideal, sem poder encon-trar os livros necessários ao seucrescimento. Permito-me falaristo apenas para relembrar ao lei-tor a chance que ele tem de mo-rar no Brasil, de ter o fácil acessoaos centros espíritas e que, quan-do vem a falta de vontade de ir àsreuniões de que ele participa, de-ve lembrar-se daqueles outrosirmãos de ideal que gostariamde ter a mesma facilidade de fre-quentar lugares onde se podecompartilhar o nosso interesse pe-lo Espiritismo. Agradeço o espa-ço que me foi dado para dividira minha experiência com vocês,irmãos do Brasil, e peço a Deusque Ele continue abençoando es-ta terra que soube dar ao Espi-ritismo o adubo necessário aobom crescimento da nossa Dou-trina amada.

11Junho 2010 • Reformador 222255

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a célebre passagem evan-gélica, pergunta o doutorda Lei (Mateus, 22:36-40):

– Mestre, qual é o grande man-damento na Lei?

Responde Jesus:

– Amarás o senhor teu Deus,de todo o teu coração, de toda a tuaalma, e de todo o teu entendi-mento.

Este é o primeiro e grande man-damento. E há o segundo, seme-lhante ao primeiro:

Amarás o teu próximo como a timesmo.

Nesses dois mandamentos estãoa lei e os profetas.

Quando Jesus fala que o segun-do é semelhante ao primeiro, de-monstra, evidentemente, que nãopodemos amar a Deus sem amaro próximo, porquanto não há me-lhor maneira de demonstrar afetopor alguém do que querendo bemao seu filho.

Impensável alguém dirigir-se aum pai, nestes termos:

– Gosto muito de você, mas de-testo seu filho!

E Jesus estabelece a medidacom a qual devemos amar o pró-ximo para que estejamos amandoa Deus: que o façamos como a nósmesmos.

É fácil perceber a razão pelaqual não amamos o próximo – éque não amamos a nós mesmos.

A característica básica da per-sonalidade humana é o egoísmo, eonde ele impera pode haver pai-xão, mas dificilmente haverá lugarpara o amor.

A paixão situa-se nos domíniosdos instintos, procura apenas aautoafirmação, o prazer a qual-quer preço, sem perspectivas alémda hora presente, e sem aspiraçõesmais nobres.

O amor situa-se nos domíniosdo sentimento e só se satisfazcom os valores da dedicação, dosacrifício, da renúncia, das reali-zações mais nobres em favor doser amado.

É a paixão por si mesmo queleva o indivíduo a buscar a satis-fação dos sentidos no vício e nodesregramento...

É a paixão por si mesmo quelhe inspira a ânsia de poder eriqueza...

É a paixão por si mesmo queo faz comportar-se como umacriança, habituada a bater os pezi-nhos e a reclamar em altas vozesporque não lhe deram o brinque-do desejado, porque a Vida nãoatendeu às suas aspirações...

Em lugar dessa paixão desvai-rada que tanto nos compromete épreciso edificar o amor.

O caminho é a caridade, a serexercitada em duas frentes: o cor-po e o Espírito.

O corpo humano é, talvez, amaior maravilha da Criação, noplano da matéria.

Jamais os cientistas deixarão desurpreender-se com essa incrívelmáquina de peças vivas que per-mite a manifestação da inteligên-cia na Terra.

É uma máquina perfeita emsuas finalidades, facultando ao Es-pírito uma bolsa de estudos na es-cola da Reencarnação, em aben-çoado recomeço, sem a lembrança

N

Para amaro próximo

RI C H A R D SI M O N E T T I

12 Reformador • Junho 2010222266

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do passado a fim de que superedesvios e fixações que precipita-ram seus fracassos no pretérito.

Todavia, em relação ao corpoassemelhamo-nos a um motoristadescuidado, que usa e abusa deseu automóvel, sem a mínimanoção de seu funcionamento,de suas necessidades, das regras detrânsito, dos cuidados indispensá-veis à sua conservação.

Quantas pessoas saberiam ex-plicar o mecanismo da circulaçãosanguínea?

Quantas têm noção de como osnossos olhos fotografam o mundoexterior para que o cérebro veja?

Quantas compreendem o fun-cionamento do metabolismo or-gânico, de assimilação e elimina-ção de substâncias?

No entanto, o conhecimentoelementar de Fisiologia é indis-pensável para que possamos com-preender as necessidades essenciais

da máquina física, dentre as quaisdestacaríamos:

Regime alimentar.Trabalho disciplinado.Repouso adequado.Exercícios físicos e respiratórios.Cuidados de higiene.

Tudo isso é indispensável àpreservação da economia orgâni-ca, a fim de que nos movimente-mos bem na Terra, desfrutandodos dons da saúde, indispen-sáveis ao bom aproveitamento dajornada humana.

No entanto, raros se compor-tam assim.

Inspirados na eterna paixão pornós mesmos, cogitamos apenas dosprazeres da hora presente.

O fumo tranquiliza.O alimento pesado satisfaz o

paladar.O álcool desinibe.

As drogas fazem o céu artificial.Não importa que a saúde se-

ja arruinada, que dificultemos ajornada, que abreviemos a exis-tência.

E para que exercícios físicos e respiratórios, trabalho discipli-nado, regime alimentar, repousoadequado, cuidados de higiene?...

Deixa pra lá! Tudo isso é tãocansativo e maçante!

O resultado é que há muita gen-te com distúrbios digestivos, hi-pertensão arterial, úlcera gástrica,excesso de peso, colesterol eleva-do, coração ameaçado, pulmõescomprometidos…

– É o nosso carma! São asdoenças escolhidas para o resgatedo passado...

Ledo engano, leitor amigo.É simplesmente falta de cari-

dade para com o nosso corpo, es-sa máquina maravilhosa que Deusnos oferece para as experiências

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na Terra, do qual teremos queprestar contas um dia.

E quanto ao Espírito imortal?Fomos criados por Deus para

sermos partícipes na obra daCriação, desfrutando a felicidadesuprema de uma plena integraçãonos ritmos do Universo, em co-munhão com o Senhor.

Mas Deus não quer autôma-tos, cérebros programados. So-mos seus filhos, dotados de suaspotencialidades criadoras, e Elenos fez livres para desenvolvê--las com nossos próprios esfor-ços, a fim de valorizarmos nossasaquisições.

Todavia, ante tão grandioso fu-turo, perdemo-nos nas vacilaçõesdo presente, empolgados pela pai-xão de nós mesmos.

Procuramos a felicidade plenaem valores falsos, no imediatismoterrestre, esquecidos de que a feli-cidade é uma construção grandio-sa demais para ser alicerçada so-bre ilusões.

A caridade para com o nossoEspírito é a ação em termos de vi-da eterna.

É considerar que somos imor-tais, que já vivíamos antes do berçoe continuaremos a viver, depois dotúmulo. Consequentemente, nos-sos interesses maiores, nossas açõesmais constantes devem girar emtorno de quem viverá para sempre,não do ser efêmero que voltará aopó, conforme a expressão bíblica.

É buscar aqueles valores que,segundo Jesus, as traças e a ferru-gem não consomem nem os la-

drões roubam, formados pela cul-tura, o conhecimento, a virtude, asabedoria, o exercício do Bem...

Exercitando a caridade com ocorpo, habilitamo-nos a aprovei-tar integralmente o tempo que oSenhor nos concede para as expe-riências humanas...

Exercitando a caridade com oEspírito, cumprindo as metas quedeterminaram a jornada terrestre,habilitamo-nos a estágios maisaltos de espiritualidade.

Atendendo às necessidades dobinômio corpo-espírito exercita-remos plenamente o amor a Deussobre todas as coisas e ao próximocomo a nós mesmos.

Oportunas, caro leitor, para fi-nalizar, as observações de Kar-dec (Viagem Espírita em 1862,“Discursos Pronunciados nasReuniões Gerais dos Espíritasde Lyon e Bordeaux”, Ed. FEB,p. 87):

[...] Ensinai, pois, a caridade e,sobretudo, pregai pelo exemplo; é aâncora de salvação da sociedade. Sóela pode realizar o reino do bem naTerra, que é o reino de Deus; semela, o que quer que façais, só cria-reis utopias, das quais só vos resul-tarão decepções.

Se o Espiritismo é uma verda-de, se deve regenerar o mundo, éporque tem por base a caridade.[...]

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PerdoaRecebe a provação de alma serena.

Desculpa todo golpe que te doa.

Guarda contigo a paz singela e boa,

Inda mesmo ante a voz que te condena.

Tudo no mundo é caridade plena.

A fonte beija a pedra que a magoa.

A estrela mostra o brilho na lagoa.

A rosa enfeita o acúleo que envenena.

A árvore esquece o vento que a desnuda.

A Terra inteira serve, humilde e muda.

A chuva desce ao bojo da cisterna...

Perdoa e quebrarás grilhões e algemas,

Buscando, enfim, as vastidões supremas

Para a glória do amor na vida eterna.

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Antologia dos imortais. Poetas diversos.

4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p. 96-97.

Irene Sousa Pinto

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lamas contra o infortúnio que te visita e de-sespera-te, sem reação construtiva, ante as ho-ras de luta.

Falaram-te do Senhor e dos aprendizes abnegadosque o seguiram, nas horas primeiras, na senda mar-ginada de prantos e sacrifícios... Queres, porém,comungar-lhe a paz e viver em menor esforço...

Todavia, quase todos os grandes vultos da Huma-nidade, em todas as épocas e em todos os povos, pas-saram pelo tempo das provas decisivas.

Senão observemos:Cervantes ficou paralítico da mão esquerda e este-

ve preso sob a acusação de insolvente, mas sobrepai-rou acima da injúria e legou um tesouro à literaturada Terra.

Bernard Palissy experimentou tamanha pobreza quechegou, em certo momento, a queimar a mobília daprópria casa, a fim de conseguir suficiente calor nosfornos em que fazia experiências; contudo, atingiu aperfeição que desejava em sua obra de ceramista.

Shakespeare sentiu-se em tão grande penúria, quese achou, um dia, a incendiar um teatro, tomado dedesespero; entretanto, superou a crise e deixou nomundo obras-primas inesquecíveis.

Victor Hugo esteve exilado durante dezoito anos;todavia, nunca abandonou o trabalho e depôs o cor-po físico, no solo de sua pátria, sob a admiração domundo inteiro.

Faraday, na mocidade, foi compelido a servir nacondição de ajudante de ferreiro, de modo a custearos próprios estudos; no entanto, converteu-se numdos físicos mais respeitados por todas as nações.

Hertz enfrentou imensa falta de recursos e foi ven-dedor de revistas para sustentar-se; entretanto, ven-

ceu as dificuldades e tornou-se um dos maiores cien-tistas mundiais.

De igual modo, entre os espíritas as condições deexistência terrestre não têm sido outras.

Na França, Allan Kardec sofreu, por mais de umadécada, insultuoso sarcasmo da maioria dos con-temporâneos; contudo, jamais desanimou, entre-gando à posteridade o luminoso patrimônio daCodificação.

Na Espanha, Amalia Domingo Soler, ainda emplenitude das forças físicas, tolerou o suplício dafome, na flagelação da cegueira; todavia, nun-ca duvidou da Providência Divina, consagrandoao pensamento espírita a riqueza de suas páginasimortais.

No Brasil, Bezerra de Menezes, abdicando das ful-gurações da política humana e, não obstante a posi-ção de médico ilustre, partiu da Terra, em extremanecessidade material, o que não impediu a sua eleva-ção ao título de Apóstolo.

Em razão disso, não te deixes vencer pelos obs-táculos.

A resignação humilde, a misturar lágrimas e sorri-sos, anseios e ideais, consolações e esperanças, cons-trói sobre a criatura invisível auréola de glória, quese exterioriza em ondas de simpatia e felicidade.

Quando o carro de tua vida estiver transitandopelo vale da aflição, recorda a paciência e continuatrabalhando, confiando e servindo com Jesus.

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. O espírito da verda-

de. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 68.

Provasdecisivas

15Junho 2010 • Reformador 222299

C

Presença de Chico Xavier

Pelo Espírito Lameira de Andrade

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o capítulo XVII, item 4, deO Evangelho segundo o Es-piritismo, edição FEB, en-

contramos uma frase de Kardecmuito citada nas palestras espíritas:“Reconhece-se o verdadeiro espíritapela sua transformação moral e pe-los esforços que emprega para do-mar suas inclinações más”.

Nesse mesmo capítulo, item 1,Kardec cita os versículos 44, 46a 48, do capítulo 5, do Evangelhode Mateus, com a recomenda-ção de Jesus para amarmos os nos-sos inimigos, fazermos o bem aosque nos odeiam e orarmos pelosque nos perseguem e caluniam.Pois se amarmos apenas os quenos amam e se saudarmos somenteos nossos irmãos estaremos fazen-do o mesmo que os publicanos epagãos já faziam. E termina Jesus:“– Sede, pois, vós outros, perfei-tos como perfeito é o vosso Paicelestial” (entenda-se aqui a per-feição relativa, ou da caridade am-pla, que abrange todas as virtudes).

Exemplo: ao tomar café-da--manhã com a família, sua filhaderrama café em sua camisa bran-ca de trabalho. Você não tem con-

trole sobre isso, mas sua ação, emseguida, pode provocar uma rea-ção em cadeia.

Primeira hipótese: Você brigacom sua filha e ela chora, criticasua esposa por ter colocado axícara muito na beirada da mesa e começa uma discussão. Você ficaestressado e troca a camisa. Sua fi-lha continua chorando e perde oônibus escolar. Sua esposa vai pa-ra o trabalho chateada. Você temque levar sua filha de carro para aescola. Como está atrasado, dirigeem alta velocidade e é multado.Discute com o guarda e perdemais 15 minutos. Quando chega àescola, sua filha entra e não sedespede de você. Ao chegar atra-sado ao escritório, percebe que es-queceu sua pasta. Ansioso para odia acabar, quando chega a casa,sua esposa e filha estão aborreci-das com você. Tudo isso por cau-sa de sua reação ao café derrama-do na camisa.

Segunda hipótese: o café cai nasua camisa e você diz, gentilmen-te, à filha: – Não fique triste, aci-dentes acontecem. Troca de cami-sa, dá um beijo em sua esposa e na

filha e, antes de sair de carro parao escritório, vê a filha, ao longe,pegando o ônibus e lhe acenandoadeus com uma das mãos.

A situação foi a mesma, massua reação pode determinar se seudia será bom ou ruim.

Segundo Kardec, o homem debem:

• cumpre a lei de justiça, de amore de caridade em sua maiorpureza, consulta sua consciên-cia para saber se violou essa lei,se fez todo o bem que podia;

• tem fé na bondade, na justiçae na sabedoria de Deus e sesubmete à sua Vontade;

• tem fé no futuro, colocandoos bens espirituais acima dostemporais;

• aceita as dificuldades da vidacomo provas ou expiações;

• faz o bem pelo bem, retribui omal com o bem e sacrifica seusinteresses à justiça;

• pensa primeiro nos outros an-tes de pensar em si mesmo efaz o bem com satisfação;o egoísta, ao contrário, calculaas vantagens e os prejuízos desua ação;

Reconhece-se obem pelas suas obras

NJO RG E LE I T E D E OL I V E I R A

16 Reformador • Junho 2010223300

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• vê todas as pessoas comoirmãs;

• respeita as crenças alheias;• não alimenta ódio nem desejo

de vingança;• perdoa e esquece as ofensas;• é tolerante com as fraquezas

alheias, pois sabe que precisade tolerância para com assuas;

• não comenta os defeitosalheios, mas se obrigado a is-so, procura ver o lado bom daspessoas;

• estuda as próprias imperfeiçõese trabalha incessantemente pa-ra corrigi-las;

• é modesto com as própriasqualidades e procura destacaras dos outros;

• usa os bens que possui semvaidade e com consciência;

• trata com respeito seus supe-riores, e com bondade e sim-plicidade seus subordinados;

• respeita todos os direitos na-turais do próximo como desejaque sejam respeitados os seus.(Op. cit., item 3.)

Conclui Kardec que não ficamassim enumeradas todas as quali-dades do homem de bem, mas,quem se esforçar em praticá-lasencontra-se no caminho que con-duz a todas as demais qualidades.

Em seguida, tratando sobre osbons espíritas, ele informa que,bem compreendido e bem sentido,o Espiritismo leva-nos à condiçãode homem de bem. “[...] O Espiri-tismo não institui nenhuma novamoral; apenas facilita aos homensa inteligência e a prática da doCristo, facultando fé inabalável e

esclarecida aos que duvidam ouvacilam.” (Op. cit., item 4.)

Infelizmente, muitas pessoasacham que a moral espírita oucristã se aplica às outras pessoas enão a si próprias. A Doutrina Es-pírita é muito clara, não necessitade uma inteligência fora do co-mum para praticá-la. Prova dissoé que muitas pessoas sem instru-ção compreendem perfeitamenteo Espiritismo, enquanto que ou-tras, mesmo possuindo muito es-tudo, não o aceitam. O mesmoocorreu com os apóstolos de Jesuse os cristãos... Quanto mais espi-ritualizada, mais facilmente a pes-soa compreende as mensagens davida espiritual... É preciso, pois,domínio sobre a matéria... Daí aconclusão de Allan Kardec, citadana introdução: “Reconhece-se overdadeiro espírita [...]”.

Quando percebermos e puser-mos em prática os amoráveis con-selhos do Mestre Divino, certa-mente reconheceremos as vanta-gens de vivermos em harmoniacom o nosso próximo. Em O Li-vro dos Espíritos, temos algumasinformações fundamentais parauma vida melhor. Uma delas é ade que a fonte de nossos sofrimen-tos se baseia em dois sentimentos:egoísmo e orgulho. A outra é a deque uma só coisa é necessária paravivermos bem: devotamento aopróximo, ou seja, vivenciar oamor na sua mais alta expressão.

Assim, pelo devotamento e ab-negação, dizem os bons Espíritos,estaremos pondo em prática amais excelsa das virtudes: a Cari-dade. Quando entendermos isso,estaremos no caminho que nostornará homens e mulheres bons.

17Junho 2010 • Reformador 223311

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mestre lionês concebiaque a fenomenologia es-pírita constituía uma or-

dem de fenômenos radicalmentediferente daqueles estudados soba égide do modelo positivista ematerialista de Ciência, até en-tão. Assim como coisas novas pe-dem palavras novas, fenômenosinusitados merecem, no olhar dopesquisador lúcido, a utilizaçãode um novo método capaz deapreender o objeto científico nasua totalidade, indo além do quejá afirmava o jeito materialista de

fazer ciência e as leis descobertas,combinando os dados oriundosdos diálogos com os Espíritosjuntamente com a observaçãometódica, atenta e perseverantedos fatos.

Aliás, percebemos, ao passar osolhos sobre as páginas da Revis-ta Espírita, quando editada porAllan Kardec, que os colóquioscom os Espíritos não se estabe-leciam sem questionamen-tos. Os ditados do Além,trazidos pela mediunida-de caracterizada por efei-tos inteligentes, não fica-vam sem novos e insis-tentes questionamentos.Era a marca do sábio pes-quisador, Prof. Rivail,levantar dúvidas e pro-

blematizar as teses propostas pe-los Espíritos.

O que diziam os Espíritos nãoera considerado verdade, pura esimplesmente, por se tratar da

A metodologiakardequiana

O

“A força do Espiritismo não reside na opinião de um homem, nem na de umEspírito; está na universalidade do ensino dado por estes últimos; o controleuniversal, como o sufrágio universal, resolverá no futuro todas as questões litigiosas; fundará a unidade da doutrina muito melhor do que um concílio

de homens.”1 – Allan Kardec

VI N Í C I U S LO U S A DA

1KARDEC, Allan. Sociedade Espírita deParis – discurso de abertura do 7o anosocial. In: Revista espírita: jornal de estudospsicológicos, ano 7, p. 193, mai. 1864. Trad.Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. 1. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2009.

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palavra de alguém domiciliado nomundo dos Espíritos, como er-roneamente muita gente ingênuaimagina ainda hoje, apesar dasreiteradas advertências do hábilCodificador.

Nem os médiuns, nem os Es-píritos foram considerados porAllan Kardec como seres infalíveis.Tanto uns como outros são dota-dos de saberes relativos, condicio-nados sempre à sua condição evo-lutiva e matizados por suas matri-zes culturais, sociais e históricas.

No caso dos médiuns, não po-demos desconhecer o quanto suasmatrizes conceituais têm presençana filtragem mediúnica, como sepode conceber ao estudar o papeldo médium nas comunicações in-teligentes, conforme o exposto emO Livro dos Médiuns. São intér-pretes e, como tal, emprestam aoobjeto de sua interpretação ele-mentos de sua subjetividade.

Individualmente, a produçãomediúnica tem o valor relativo àopinião de um Espírito fornecida

através de um médium. Caso aDoutrina Espírita tivesse sidoassim concebida, não seria dotadada autoridade científica e filosófi-ca que possui, tratar-se-ia de maisum sistema de ideias espiritualis-tas como tantos outros ou comoas religiões que, de forma geral,conferem autoridade somente àletra das Escrituras.

Os sábios – como eram chama-dos os cientistas no século XIX,nem sempre tão sábios quantopareciam ser –, presos ao para-digma dominante de fazer Ciên-cia, eram incapazes de ver na fe-nomenologia espírita motivo pa-ra uma completa observação dosfatos; normalmente, as análisesque atribuíam descrédito a taisfenômenos eram superficiais eprecipitadas.

Ignorando os limites metodo-lógicos das ciências positivas queabraçavam, muitos pesquisadores,embora honestos, invalidavam osfatos espíritas porque esses sim-plesmente não atendiam aos seus

critérios de repetição, medição everificação em laboratório,

sob a ação exclusiva da suavontade, e não se sujeita-

vam a leis já conhecidas.Os membros das cor-

porações científicasdesconheciam queesses fatos, revelan-do uma das forçasda Natureza, eramtão antigos quanto aHumanidade, vindo,naquela época, a sereproduzir vertigino-samente, em vários

pontos do Globo, atendendo auma intencionalidade certamentesuperior.

Do mesmo modo, esqueciam--se de que, em se tratando de inte-ligências invisíveis, elas eramdotadas de vontade própria, nãosendo possível subjugá-las cega-mente ao desejo do cientista. Essapostura tão própria do dogmatis-mo científico é qualificadamentecriticada por Kardec na “Introdu-ção” de O Livro dos Espíritos, noitem VII, ao dizer “que o Espiritis-mo não é da alçada da Ciência”.

Allan Kardec, por sua vez, esta-beleceu uma metodologia capazde verificar e validar as informa-ções obtidas pelas entrevistas, queencetava junto aos Espíritos, daobservação, da indução que cons-trói a generalização a partir dosfatos empiricamente examinados,e da dedução que, no caminho in-verso, sugere como ponto de par-tida verdades universais rumo aoutras mais particulares.

Mas foram os Espíritos que serevelaram como tais, não sendoessa descoberta fruto de uma hi-pótese elaborada por Kardec emseu escritório ou laboratório, di-ferentemente do que acontecia nocampo das ciências exatas.

E vale, ainda, lembrar que o fe-nômeno transitou das mesas gi-rantes, das batidas e diferentesmanifestações físicas para as ces-tas e pranchetas com lápis, cul-minando na escrita psicográfica,muito mais veloz e útil para darmaterialidade ao conteúdo filo-sófico que os Espíritos superioresestavam incumbidos de revelar.

19Junho 2010 • Reformador 223333

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Para entendermos, de manei-ra adequada, qual a metodologiacriada e empregada por AllanKardec para a sistematização daDoutrina dos Espíritos em O Li-vro dos Espíritos, que, posterior-mente, vai ser desdobrada nou-tras obras, é preciso visitar as pá-ginas de O Evangelho segundo oEspiritismo.

Na “Introdução” dessa obra ex-traordinária – em que Kardec seocupa de trazer reflexões dos Es-píritos superiores e as suas pró-prias acerca da moral cristã, daaplicação ética dos ensinos deJesus Cristo em todas as circuns-tâncias da vida – é que podemosapreender o controle universal doensino dos Espíritos, a metodo-logia científica empreendida peloCodificador.

O ponto capital dessa metodo-logia pode ser sintetizado assim:

Uma só garantia séria existe pa-

ra o ensino dos Espíritos: a con-

cordância que haja entre as re-

velações que eles façam esponta-

neamente, servindo-se de gran-

de número de médiuns estra-

nhos uns aos outros e em vários

lugares.2

Para Kardec, o primeiro crivo arespeito de qualquer conteúdo tra-zido pelos Espíritos era a análiseda razão, do bom senso, para, emseguida, verificar a veracidade dequalquer princípio, contando coma contribuição de diálogos com ou-tros Espíritos através de médiunsdiferentes, que não fizessem partedo mesmo agrupamento espírita.

Somente aqueles princípios re-velados coletivamente e que aten-diam aos reclames da razão vie-ram a ser coletados por Kardec eacolhidos no corpo da Doutrinados Espíritos. Os que careceram doaval do ensino coletivo não figu-ravam no rol dos saberes genuina-mente espíritas, ficaram sendo

considerados apenas como hipó-teses, e o leitor atento verificará nasobras da Codificação que, quandoo eminente professor se ocupa deuma hipótese, ele a distingue cla-ramente do que está firmado noensino coletivo dos Espíritos.

Na concordância universal éque reside a melhor comprovaçãodo que ensinam os Espíritos. E,para que não haja falhas em seuemprego, devem ser levadas emconta as condições apontadas porKardec. É nelas que reside a auto-ridade da Doutrina dos Espíritos,como é fácil ver nos esclarecimen-tos a seu respeito que constam naspáginas introdutórias de O Evan-gelho segundo o Espiritismo.

As matérias que compõem asobras da Codificação foram ela-boradas atendendo a esse critério:o do controle universal do ensinodos Espíritos. Naturalmente, va-mos contar com as profundas re-flexões e a genialidade de AllanKardec na sistematização e nodesdobramento dos princípios daDoutrina dos Espíritos.

20 Reformador • Junho 2010223344

2KARDEC, Allan. O evangelho segundo oespiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2009. Introdução,item 2, p. 30.

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21Junho 2010 • Reformador 223355

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Recebei-nos em vossos corações.”– PAULO. (II CORÍNTIOS, 7:2.)

Nos corações

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. 27. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 147.

s crentes e trabalhadores do Evangelho usam diversos meios para lhe fixa-

rem as vantagens, mas raros lhe abrem as portas da vida.

As palavras de Paulo, de Pedro, de Mateus ou de João são comumente

utilizadas em longos e porfiados duelos verbais, através de contendas inúteis, inca-

pazes de produzir qualquer ação nobre. Recebem outros as advertências e luzes

evangélicas, à maneira de negociantes ambiciosos, buscando convertê-las em fontes

econômicas de grande vulto. Ainda outros procuram os avisos divinos, fazendo

valer princípios egolátricos, em polêmicas laboriosas e infecundas.

No imenso conflito das interpretações dever-se-ia, porém, acatar o pedido de

Paulo de Tarso em sua segunda epístola aos coríntios.

O apóstolo da gentilidade roga para que ele e seus companheiros de ministério

sejam recebidos nos corações.

Muito diversa surgirá a comunidade cristã, se os discípulos atenderem à solicitação.

Quando o aprendiz da Boa Nova receber a visita de Jesus e dos emissários divi-

nos, no plano interno, então a discórdia e o sectarismo terão desaparecido do con-

tinente sublime da fé.

Em razão disso, meu amigo, ainda que a maioria dos irmãos de ideal conserve

cerrada a porta íntima, faze o possível por não adiar a tranquilidade própria.

Registra a lição do Evangelho no ádito do ser. Não te descuides, relegando-a ao

mundo externo, ao sabor da maledicência, da perturbação e do desentendimento.

Abriga-a, dentro de ti, preservando a própria felicidade. Orna-te com o brilho que

decorre de sua grandeza e o Céu comunicar-se-á com a Terra, através de teu coração.

O

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22 Reformador • Junho 2010223366

s Espíritos costumam re-verenciar a renúncia co-mo uma das virtudes mais

elevadas do ser. Emmanuel de-dicou um livro inteiro ao estudodessa qualidade, mostrada em suaexpressão mais sublime atravésdas vivências de Alcíone e Carlos,na Paris do reinado de Luís XIV.1

Uma leitura indispensável a quemdeseja aprender a arte desse valormaior a ser conquistado pelo Es-pírito imortal.

Diante de tão nobre virtude,podemos propor uma série de de-safios ao ser humano, em face dostempos em que a aferição de valo-res morais se faz imprescindívelpara a ascese fundamental.

Há quem torça pela renúnciado político corrupto.

Há quem espere que ele reco-nheça a falcatrua cometida e de-volva à sociedade o mandato quelhe foi confiado.

Há o filho que aguarda a re-núncia do pai àquela velha postu-ra autoritária e ultrapassada, dequem não é muito afeito ao diá-logo e costuma impor o que bemlhe entende a quem lhe apareçapela frente, dentro de casa.

Mas há o pai que espera igual-mente que o filho renuncie à in-consequência, percebendo que che-ga uma hora em que é preciso to-mar uma atitude em favor da res-ponsabilidade, de acordar para as-sumir as rédeas da própria vida ecomeçar a construir suas própriasmetas.

Há quem espere da mulheramada a renúncia aos velhos cli-chês de superficialidade, insegu-rança crônica e falta de firmezano controle de si mesma.

Mas há mulheres que aguar-dam de certos homens a renúnciadefinitiva às âncoras arcaicas domachismo, da arrogância de seachar dono da verdade e da faltade capacidade em dar o mínimode carinho a quem diz que ama.

Há quem duvide que o serhumano seja capaz de renunciar aalguma emoção, ou a algum bem,ou a qualquer apego.

Mas há quem enxergue renúnciano silêncio vivido no momentocerto, quando tudo era um conviteà fala; na chance de gol oferecida debandeja para outro jogador mar-car, quando mais um tento daria otítulo de artilheiro a quem pre-miou o colega de equipe; no pre-sente que me deram, mas que ficabem melhor se vestido, calçado oulido pelo meu melhor amigo.

Há quem queira, mas nãoaprendeu ainda a renunciar.

Há, no entanto, quem sabe co-mo fazer e não renuncia à chancede ensinar.

A poeta Cecília Meireles, no livroCânticos, trata disso ao escrever:

“Sê o que renuncia Altamente:Sem tristeza da tua renúncia! Sem orgulho da tua renúncia! Abre a tua alma nas tuas mãos E abre as tuas mãos sobre o

[infinito.E não deixes ficar de ti Nem esse último gesto!”2

André Luiz3 considera também,acerca dessa virtude, que “o verda-deiro amor é a sublimação em mar-cha, através da renúncia”. O Ben-feitor ainda ressalta que “quandoo amor não sabe dividir-se, a felici-dade não consegue multiplicar-se”.

Que aprendamos a fazer da re-núncia o instrumento de suporteà arte de viver momentos de des-prendimento. Certamente, os feli-zes com essa decisão seremostodos nós.

A renúncia da renúncia

OCA R LO S AB R A N C H E S

2MEIRELES, Cecília. Cânticos. Ed. Moder-na, 1982. Cântico 25.3XAVIER, Francisco C. Nos domínios da me-diunidade. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.Cap. 14, p. 151.

1XAVIER, Francisco C. Renúncia. Pelo Es-pírito Emmanuel. 35. ed. 1. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2009.

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23Junho 2010 • Reformador 223377

esus anuncia que todos os se-res humanos são seus irmãospor serem filhos do mesmo

Pai Criador. Refere-se – na passa-gem de Lucas, complementadanos registros contidos nos evan-gelhos de Marcos (3: 20-21 e 31 a35) e de Mateus (12: 46-50) – ao pre-ceito da parentela espiritual e daparentela corporal e edifica-nos como seu ensinamento ao estabelecer adiferença entre as famílias pelos la-ços espirituais e as famílias peloslaços corporais:

[...] Duráveis, as primeiras se

fortalecem pela purificação e

se perpetuam no mundo dos

Espíritos, através das várias mi-

grações da alma; as segundas,

frágeis como a matéria, se ex-

tinguem com o tempo e muitas

vezes se dissolvem moralmente,

já na existência atual.1

O Mestre reúne-se a nós aopermitir que sejamos uma só fa-mília pelos liames do Espírito, en-quanto permanecermos fiéis aDeus e confiantes em sua infinitacompaixão.

Essas primeiras reflexões desta-cam algumas interpelações e dãoorigem ao tema central do pre-sente artigo: pertencem à nossaparentela espiritual aqueles quenos acompanham no desempe-nho das tarefas a realizar junto aolar que organizamos? Esses servi-çais são tratados com respeito ebenevolência, sem distinção deraça, de credo, ou de nível social,pelo nosso grupo familiar? Procu-ramos as situações que lhes pos-sam atenuar a condição subalter-na em que se encontram?

O Espírito François-Nicolas--Madeleine, Cardeal Morlot, emO Evangelho segundo o Espiri-

tismo, analisa, de forma exem-plar, o efeito da autoridade pa-ra aqueles que a utilizam, nãopelo “vão prazer de mandar”, nem“como um direito, uma pro-priedade”:2

Quem quer que seja depositá-

rio de autoridade, seja qual for

a sua extensão, desde a do se-

nhor sobre o seu servo, até a do

soberano sobre o seu povo, não

deve olvidar que tem almas a

seu cargo; que responderá pela

boa ou má diretriz que dê aos

seus subordinados e que sobre

ele recairão as faltas que estes

cometam, os vícios a que se-

jam arrastados em consequên-

cia dessa diretriz ou dos maus

exemplos, do mesmo modo que

colherá os frutos da solicitude

que empregar para os conduzir

ao bem. [...]3

J

Nossos irmãos,os estimados

CL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

[...] Sua mãe e seus irmãos vieram ter com ele, mas não puderam aproximar-sedele por causa da multidão. Disseram-lhe então: estão lá fora tua mãe e teus

irmãos que te querem ver. Jesus respondendo, disse: Minha mãe e meus irmãossão os que escutam a palavra de Deus e a praticam. (Lucas, 8:19-21.)

auxiliares domésticos

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A Doutrina Espírita orienta-nos:se hoje mandamos, nas próximasreencarnações, poderemos ser man-dados, recebendo ordens daquelessobre os quais exercemos autori-dade e, inevitavelmente, seremostratados conforme tenhamos pro-cedido para com eles. Por sua vez,nossos subordinados, se cons-cientes e resignados de suas provaspara a conquista da suprema humil-dade, certamente, assumirão ou-tros papéis em suas múltiplas exis-tências futuras, fortalecidos pelassignificativas experiências terrenas,vividas anteriormente, que lhespermitiram alcançar expressivoadiantamento espiritual.

Os benfeitores espirituais, co-mumente, enviam-nos mensagenssalutares, lembrando-nos que de-vemos amar a todas as criaturas;chamam nossa atenção, sobretu-do, para com aquelas que nos au-xiliam nas tarefas domésticas epara a necessidade de ajudá-las.A esse respeito, citamos a passa-gem contida no livro Boa Nova,entre Pedro e Jesus. Na ocasião, oapóstolo preocupava-se com asdesigualdades das condições so-ciais e a diversidade das aptidõesentre os homens, e o Mestre, sere-no e sábio, elucidou:

– Pedro, precisamos não esque-

cer que o mundo pertence a

Deus e que todos somos seus

servidores. Os trabalhos variam,

conforme a capacidade do nos-

so esforço. [...] Todo trabalho

honesto é de Deus.

[...]

Já pensaste que, se a tua esposa

cuida das plantas de tua horta,

Joana de Cusa educa as suas

servas?! A qual das duas cabe

responsabilidade maior, à tua

mulher que cultiva os legumes,

ou à nossa irmã que tem algu-

mas filhas de Deus sob a sua pro-

teção? [...] precisamos conside-

rar, em definitivo, que somos

filhos e servos de Deus, antes de

qualquer outro título conven-

cional, dentro da vida humana.

Necessário é, pois, que dispo-

nhamos o nosso coração a bem

servi-lo, seja como rei ou como

escravo, certos de que o Pai nos

conhece a todos e nos conduz

ao trabalho ou à posição que

mereçamos. (Grifo nosso.)4

Esse belíssimo colóquio nos fazapreciar os desígnios justos eamorosos do Altíssimo e com-preender as razões das diferentesprovas da riqueza e da miséria,mormente ao avaliar a nossa res-ponsabilidade se, porventura, es-tejamos em posição material maisfavorável do que outrem. Sobre oassunto, assegura Allan Kardec,em nota à questão 816, de O Livrodos Espíritos:

A alta posição do homem neste

mundo e o ter autoridade sobre

os seus semelhantes são provas

tão grandes e tão escorregadias

como a desgraça, porque, quan-

to mais rico e poderoso é ele,

tanto mais obrigações tem que

cumprir e tanto mais abundan-

tes são os meios de que dispõe

para fazer o bem e o mal. Deus

experimenta o pobre pela resig-

nação e o rico pelo emprego que

dá aos seus bens e ao seu poder.5

O homem é feliz quando faz dasua fortuna um meio de prospe-ridade e justiça, tendo como ob-jetivo o progresso e o desenvolvi-mento da coletividade. Da mesmaforma, o pobre sente-se alegre, se-reno e equilibrado quando com-preende e aceita as situações maisdifíceis e penosas, em existên-cias apagadas, mas extremamentericas de nobres realizações, dei-xando-se amparar pela providên-cia divina, para que possa con-quistar, honestamente, ocupaçãoadequada às suas habilidades, quelhe permita ter o mínimo neces-sário para sua sobrevivência.

Quando, porém, reinam a cari-dade e a solidariedade entre todos,mais fácil se torna, para muitos,uma vida de bem-estar moral ematerial. Isso acontece com certasfamílias que se identificam comseus serviçais, acolhendo-os comoverdadeiros amigos e parentes es-pirituais; alguns desses auxiliarespermanecem ao lado de seus pro-tetores no decorrer de várias dé-cadas (muitas vezes, até a desen-carnação), tornando-se, eles eseus descendentes, membros doclã familiar.

Comovente caso, citado pelaliteratura espírita, mostra-nos arelação duradoura, de confiançae ajuda mútua, entre a serva Ana esua patroa Lívia, esposa do sena-dor Públio Lentulus. Trata-se doromance Há Dois Mil Anos, nar-rado pelo Espírito Emmanuel, queexibe, entre cenários de difíceis

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testemunhos, a amizade das duasmulheres, compartilhada com res-peito e amor. Em um desses ter-nos diálogos, Lívia, mulher de de-cisões heróicas em nome de suafé, solicita a amiga:

[...] não sei como serei chamada

pelo Messias, mas, na hipótese

da minha breve partida, peço-te

continuares nesta casa, no teu

apostolado de trabalhos e sacri-

fícios, porque Jesus há de aben-

çoar-te os labores santificantes.6

Mostra-nos, a expressiva histó-ria psicografada por FranciscoCândido Xavier, que ambas irãoviver, lado a lado, momentos deextremos sacrifícios e renúnciasao serem perseguidas pelos inimi-gos do Cristianismo, adeptas queeram da Doutrina do Meigo Na-zareno. Nos últimos instantes desua existência, a distinta esposado insigne tribuno demonstra oseu afeto pela serva humilde aoexprimir sua preocupação:

[...] fomos chamadas ao teste-

munho sagrado da fé, nas horas

que passam e que devem ser

gloriosas para o nosso espírito.

Perdoa-me, querida, se algum

dia te ofendi o coração com algu-

ma palavra menos digna. [...]7

Estes trechos, de luminosas li-ções, encorajam-nos a manter vi-vências fraternais onde predomi-ne a sinceridade, sem outro intui-to que não seja o benefício do pró-ximo. Sigamos a orientação doilustre Codificador, Allan Kardec:

A fraternidade será a pedra an-

gular da nova ordem social; mas,

não há fraternidade real, sólida,

efetiva, senão assente em base

inabalável e essa base é a fé [...].

Quando todos os homens esti-

verem convencidos de que Deus

é o mesmo para todos; de que

esse Deus, soberanamente jus-

to e bom, nada de injusto pode

querer; que não dele, porém

dos homens vem o mal, todos

se considerarão filhos do mes-

mo Pai e se estenderão as mãos

uns aos outros. (Grifo nosso.)8

Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 127. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 14, item

8, p. 265.2______. ______. Cap. 17, item 9, p. 316.3______. ______. p. 316-317.4XAVIER, Francisco C. Boa nova. Pelo

Espírito Humberto de Campos. 3. ed. esp.

4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

Cap. 18, p. 147.5KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Q. 816 (nota).6XAVIER, Francisco C. Há dois mil anos.

Pelo Espírito Emmanuel. 48. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 2, cap. 5,

p. 338. 7______. ______. p. 354.8KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Guillon

Ribeiro. 92. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2009. Cap. 18, item 17, p. 470-471.

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mpossível ignorar a existênciado mal. Relatos de maldade eatos criminosos ocupam espa-

ço na mídia escrita e falada, cor-riqueiramente. O assunto faz partede estudos médicos, psicológicos,filosóficos e literários, do passadoe do presente. A Ciência admite,inclusive, a existência de compo-nente genético para a maldade. Opensamento espírita, porém, é que

O mal não é intrínseco no indi-

víduo, não faz parte da nature-

za íntima do Espírito; é, antes,

uma anomalia, como o são as

enfermidades. O bem, tal como

a saúde, é o estado natural, é a

condição visceralmente ineren-

te ao Espírito. Um corpo doente

constitui um caso de desequi-

líbrio, precisamente como um

Espírito transviado, rebelde,

viciado, ou criminoso.1

Em termos médicos, maldade(do latim malus: mal) é o “desejoou intenção de causar danos aalguém ou de verem outras pes-soas sofrerem”.2 A psiquiatria con-sidera a maldade como uma psi-copatia que “não aparece de for-ma única e uniforme [pois], hágraus variados”,3 afirma Ana Bea-triz Barbosa Silva, professora bra-sileira de Psiquiatria e autora dainstrutiva obra Mentes Perigosas:o psicopata mora ao lado (Rio deJaneiro, Objetiva, 2008). Em lin-guagem compreensível ao gran-de público, o livro estuda a mal-dade, segundo critérios médicos,mais precisamente da Psiquia-tria, oferece ao leitor oportunosesclarecimentos, pontua concei-tos, indica os avanços da Ciênciae, ao final, apresenta um “manualde sobrevivência”, que ensina co-mo a pessoa pode se prevenir de

ações ou situações que envolvama maldade.

A doutora Ana Beatriz ensinaque, como psicopatia, a maldade éum “transtorno da personalida-de que apresenta dois elementoscausais fundamentais: uma dis-função neurobiológica e o con-junto de influências sociais e edu-cativas recebidas ao longo da vi-da”.³ Informa ainda que tais psi-copatas são, em geral,

indivíduos frios, calculistas, ines-

crupulosos, dissimulados, men-

tirosos, sedutores e que visam

apenas o próprio benefício. Eles

são incapazes de estabelecer vín-

culos afetivos ou de se colocar

no lugar do outro. São desprovi-

dos de culpa ou remorso e, mui-

tas vezes, revelam-se agressivos

e violentos. Em maior ou menor

nível de gravidade e com for-

26 Reformador • Junho 2010224400

I

Em dia com o Espiritismo

A maldade:uma doença do Espírito

MA RTA AN T U N E S MO U R A

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mas diferentes de manifestarem

os seus atos transgressores, os

psicopatas são verdadeiros “pre-

dadores sociais”, em cujas veias e

artérias corre um sangue gélido.4

A maldade apresenta grada-ções que, no ponto máximo, édenominado perversão pelos psi-canalistas. “Originada do latimperversione, a palavra designa oato ou efeito de tornar-se mau,corromper, depravar ou desmo-ralizar. [...]. Da mesma raiz deperversão, deriva perversidadeque quer dizer ‘índole ferina ouruim’.”5

Para a Doutrina Espírita “Deusnão criou Espíritos maus; criou--os simples e ignorantes [...]. Osque são maus, assim se tornarampor sua vontade”.6 Neste contexto,a índole perversa ou as más ten-dências identificadas em certaspessoas refletem o somatório deações infelizes, atentados contí-nuos à legislação divina, em razãodo uso incorreto do livre-arbítrio,ao longo das reencarnações. Nes-tas condições instalam-se pertur-bações nos refolhos da alma queproduzem desordens mentais, ob-serváveis nas atitudes e compor-tamentos individuais, às vezesdesde a mais tenra infância.

Se as manifestações de maldadenão forem precocemente contro-ladas ou tratadas, a pessoa pode setransformar em sociopata, prati-cando atos classificados como cri-mes hediondos.

O Espírito André Luiz explicamelhor a problemática:

[...] na retaguarda dos desequi-

líbrios mentais, sejam da idea-

ção e da afetividade, da atenção

e da memória, tanto quanto

por trás de enfermidades psí-

quicas clássicas [...] permane-

cem as perturbações da indivi-

dualidade transviada do cami-

nho que as Leis Divinas lhe as-

sinalam à evolução moral.

[...]

Torturada por suas próprias

ondas desorientadoras, a reagi-

rem, incessantes, sobre os cen-

tros e mecanismos do corpo

espiritual, cai a mente nas de-

sarmonias e fixações conse-

quentes e, porque o veículo de

células extrafísicas que a serve,

depois da morte, é extrema-

mente influenciável, ambienta

nas próprias forças os desequi-

líbrios que a senhoreiam, con-

solidando-se-lhe, desse modo,

as inibições que, em futura exis-

tência, dominar-lhe-ão tempo-

rariamente a personalidade, sob

a forma de fatores mórbidos,

condicionando as disfunções de

certos recursos do cérebro físi-

co, por tempo indeterminado.7

O espírita consciente evita, atodo custo, praticar atos de mal-dade, mesmo os considerados“toleráveis” pela sociedade. Man-tém-se atento aos próprios pensa-mentos e atos, a fim de não fazervinculações mentais com entida-des desarmonizadas, encarnadasou desencarnadas. Compreende,enfim, que o processo obsessivoestá na maioria das vezes associa-do às desarmonias espirituais, exa-cerbando-as. O Instrutor Barcelos,de acordo com os registros deAndré Luiz, orienta, a propósito:

[...] No círculo das recordações

imprecisas, a se traduzirem por

simpatia e antipatia, vemos a

paisagem das obsessões trans-

ferida ao corpo carnal, onde,

em obediência às lembranças

vagas e inatas, os homens e as

mulheres, jungidos uns aos

outros pelos laços da consan-

guinidade ou dos compromis-

sos morais, se transformam em

perseguidores e verdugos incons-

cientes entre si. Os antagonis-

27Junho 2010 • Reformador 224411

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mos domésticos, os tempera-

mentos aparentemente irrecon-

ciliáveis, entre pais e filhos,

esposos e esposas, parentes e

irmãos, resultam dos choques

sucessivos da subconsciên-

cia, conduzida a recapitulações

retificadoras do pretérito dis-

tante. [...]8

Uma vez reveladas tendênciaspara a prática do mal, na criançaou no jovem, pais e educadoresdevem somar esforços, buscandoapoio profissional, médico e/oupsicológico. O auxílio espiritual,usual na casa espírita (prece, passe,irradiações, estudo etc.), é tambémimprescindível. O Instrutor Barce-los, anteriormente citado, orientaque como medida preventiva

[...] Precisamos divulgar no

mundo o conceito moralizador

da personalidade congênita, em

processo de melhoria gradativa,

espalhando enunciados novos

que atravessem a zona de racio-

cínios falíveis do homem e lhe

penetrem o coração, restauran-

do-lhe a esperança no eterno

futuro e revigorando-lhe o ser

em suas bases essenciais. As no-

ções reencarnacionistas reno-

varão a paisagem da vida da

Crosta da Terra, conferindo à

criatura não somente as armas

com que deve guerrear os esta-

dos inferiores de si própria, mas

também lhe fornecendo o remé-

dio eficiente e salutar. [...]9

Referências:1VINÍCIUS. Em torno do mestre. 9. ed.

1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap.

O criminoso e o crime, p. 97.2THOMAS, Clayton (organizador). Dicioná-

rio médico enciclopédico taber. Trad. Fer-

nando Gomes do Nascimento. 17. ed. São

Paulo: Manole, 2000. p. 1070.3SILVA, Ana Beatriz Barbosa. A essência

da maldade. In: Revista Mente e Cérebro,

ano 17, n. 202, p. 36. São Paulo: Duetto.

Scientific American Brasil.4______. Mentes perigosas: o psicopata

mora ao lado. Rio de Janeiro: Objetiva,

2008. Cap. 2, p. 37.5______. A essência da maldade. In: Re-

vista Mente e Cérebro, ano 17, n. 202,

p. 38. São Paulo: Duetto Scientific Ameri-

can Brasil.6KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Q. 121.7XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Me-

canismos da mediunidade. Pelo Espírito

André Luiz. 32. ed. 3. reimp. Rio de Janei-

ro: FEB, 2010. Cap. 24, item Perturbações

morais, p. 186-187. 8XAVIER, Francisco C. Obreiros da vida

eterna. Pelo Espírito André Luiz. 33. ed.

2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 2,

p. 43.9______. ______. p. 41.

28 Reformador • Junho 2010 224422

A excelência do bem

Fonte de consulta: Mensagem “Simples ilusão”, pelo Espírito Letícia, do livro Amar e

servir, psicografado por Hernani T. Sant’Anna. 3. ed. Rio de Janeiro, FEB, 2009. p. 169.

“Ouviste que o salário da bondade é sempre a ingratidão,que a violência e a perfídia prevalecem em toda parte,

que o poder do mal é o senhor do mundo.Não creias, meu filho, nessa mentira soez.”

Letícia

Mário Frigéri

A mão da morte obriga o mentiroso A olhar de frente a face da verdade;E o orgulhoso, cheio de vaidade,Retorna à Terra num corpo andrajoso.

Volta outra vez o fraudador à lidaE aqui devolve, ceitil a ceitil,A alguém os bens que lhe subtraiu,Bem como a honra, a paz e até a vida.

Ninguém afronta a Lei impunemente.Todo triunfo do mal é fachada,Mera ilusão nos fundamentos seus.

Por isso, filho, vive o bem somente,Visto que o mal não é dono de nada:Tudo que existe só pertence a Deus.

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29Junho 2010 • Reformador 224433

ãe, estou aqui!” Apsicografia, assina-da por uma garota

que desencarnara aos 14 anos evoltava para amparar a inconsolá-vel mãezinha, é o retrato da era

que começa a se delinear na Terra.O próprio Allan Kardec fez a evo-cação e registrou a conversa naedição de lançamento da RevistaEspírita,2 em janeiro de 1858.Ante as provas contundentes daidentidade de Júlia, o Codificadorindagou aos leitores: “[...] quem

ousaria falar do vazio do túmulo,quando a vida futura se nos reve-la assim tão palpável?”.

O Espiritismo é o sol de nossasvidas. Alegremo-nos em saberque não estamos sós, pois a mortefoi desmistificada e todos os dias– na bendita seara espírita – te-mos provas da justiça e da perfei-ção absoluta das leis divinas. Can-sados do vazio secular que nosinvadia a alma em turvação, entreerros crassos, viciações e crimes,ora desperdiçando encarnações, oramalbaratando o tempo na errati-cidade, fomos chamados à ilumi-nação de nós mesmos. Eis a fonte

de alegria perene dos nos-sos dias...

Retirados dos escombrosmorais, resgatados por almas

afins ou mentores espirituais,percorremos longos caminhos e

estudos para estarmos aqui hoje,irmanados no grande ideal tãobem expressado nas obras bási-cas da Codificação. O Evangelho,

“MGU I L H E R M E SC A R A N C E

“Querem escravos para os sistemas falaciosos que mentalizam, quando Jesusdeseja te faças livre para a conquista da própria felicidade.” – Emmanuel1

1XAVIER, Francisco C. Palavras devida eterna. Pelo Espírito Emmanuel.34. ed. Uberaba, MG: ComunhãoEspírita Cristã, 2007. p. 134.

2KARDEC, Allan. Evocações Parti-culares – Mãe, estou aqui! In: Revistaespírita: jornal de estudos psicológi-cos, ano 1, p. 42-45, jan. 1858. Trad.Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 2.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009.

A alegria deser espírita

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30 Reformador • Junho 2010 224444

hoje, renasce das cinzas a que foirelegado pela nossa própria igno-rância, em tempos não tão longín-quos... Incitam-nos Emmanuel eBezerra de Menezes, entre outrosbenfeitores, a aplicarmos as liçõesde Jesus a nós, primeiramente, de-pois ao lar, por fim ao mundo...

Quanta alegria em saber queaté os espinhos colaboram em nos-sa ascensão, ainda quando pro-venientes dos que mais amamos!A mentora do médium DivaldoPereira Franco, Joanna de Ângelis,na obra Alegria de Viver,3 nos fazum apelo sublime, mas não pelaalegria estúrdia dos que riem semsaber o porquê. A referida obraconcita-nos à alegria existencial,inspirada nas bem-aventurançasque o Cristo proclamou. A alegria

do dever cumprido, da quita-ção, de conviver em sociedade, desaber obedecer a Deus.

A bandeira de luz que levamosadiante é rota segura. Ainda nosmomentos de dor suprema, termoinspirado em obra homônima doEspírito Victor Hugo,4 a miseri-córdia do Pai estende-se aos filhossequiosos do pão da vida. Não háexistência sem motivo, não há umhomem sequer criado para a inu-tilidade, nada que nos alcancesem objetivo providencial e útil,quando vemos o mundo pelaótica espírita. As aflições são jus-tas, ensina-nos O Evangelho segun-do o Espiritismo, mas não cultue-mos a dor e a expiação.

Que falar da justiça? O escritorVinícius (Pedro de Camargo) es-

creveu que a lei mosaica era “pre-lúdio de justiça”,5 limitando avingança a ato equivalente ao malsofrido. Ou seja, visava impedirreações desproporcionais. “Nossoorbe [...] não chegou sequer a in-tegrar-se no vetusto e rude dispo-sitivo da legislação hebraica”, diz.Quanta alegria em conhecermosa justiça mais branda, inspiradana lição inesquecível do Mestrede nossas vidas, de fazer ao próxi-mo o que gostaríamos que nosfizessem!

Que estejamos sendo veículosdo prelúdio dessa outra justiça,mais espiritualizada, a do Cristo!Amando e reconstruindo vidas,em vez de apenas cumprir leis eregras para cercear e punir. Cul-tuando pensamentos, palavras e

4GAMA, Zilda. Dor suprema. Pelo Espíri-to Victor Hugo. Rio de Janeiro: FEB,2007.

5VINÍCIUS (Pedro de Camargo). Naescola do mestre. 7. ed. São Paulo: FEESP.Cap. 3, p. 27-35.

3FRANCO, Divaldo P. Alegria de viver. Pe-lo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador:LEAL.

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atos voltados ao bem, ainda quepor ora sejamos meros vasos debarro, na acepção evangélica. Fa-çamo-nos a pergunta: servimos aquem, sob a luz retumbante querasgou os dogmas e o academicis-mo, iluminando-nos como aopeixinho vermelho, citado porEmmanuel em Libertação?6

Quanta gratidão à Doutrinade nossas vidas, que nos eluci-dou, após séculos de procuras in-frutíferas, o verdadeiro sentidoda caridade que salva! A defini-ção surge em O Livro dos Espí-ritos, questão 886: “Benevolênciapara com todos, indulgência paraas imperfeições dos outros, per-dão das ofensas”.7 Aprendemosque a caridade não se faz apenascom a moeda que sobra nos bol-sos e aplicações financeiras, mastambém no sorriso generoso, quese torna verdadeiro cartão devisita do espírita e dos ideais queprofessa.

Quantas benesses e quanto refri-gério em saber que nossa elevaçãonão depende de indulgências efavores, mas apenas de nós mes-mos! Quanta justiça! Não se com-pra um céu de fantasias nem seherda um inferno injusto, mas se conquista a evolução, dia a dia,com a renovação moral. Que im-portam, então, as pequenas diferen-ças? Aprendamos a servir amando,

unidos, como uma família discipli-nada ante o “dirigente”maior, Jesus.Quantas bênçãos temos colhidotão-só com o Evangelho no lar, evi-tando desastres!...

Tenhamos em mente o desfa-vor das queixas. Quanto deixa-mos de sofrer com isso! Há umajustiça subliminar que a tudopermeia, em tudo conspirando anosso favor... Kardec abriu a trin-cheira pela qual tantos bandei-rantes da nossa Doutrina, abu-sando do codinome aplicado aoprecursor paulista Cairbar Schutel,semearam ou estão semeando umfuturo melhor para a humani-dade terrena. Hoje, como nostempos de Jesus, tudo parece des-virtuado, incorrigível. Mas o exér-cito do bem nos sustentará, fir-memente.

Os benfeitores estão por todosos lados, amparando-nos. Nuncaestivemos sós. Quanta consolaçãonessa verdade! Quanto a isso, aplêiade do Espírito de Verdade nãodeixa dúvidas, em O Evangelhosegundo o Espiritismo:

Os Espíritos do Senhor, que são

as virtudes dos Céus, qual

imenso exército que se movi-

menta ao receber as ordens do

seu comando, espalham-se por

toda a superfície da Terra e, se-

melhantes a estrelas cadentes,

vêm iluminar os caminhos e

abrir os olhos aos cegos.8

Os que não alcançaram o oásisdo Evangelho são os cegos, como jáfomos um dia. Irmãos estorcegamaniquilados, outros zombam darealidade espiritual, mas no íntimoamargam o vazio existencial, sinaldos tempos que varrerão o egoís-mo e o orgulho do planeta-escola.Espíritas, herdeiros dos mártires àexcelsa Codificação, amparemos opróximo! Felizes pelo despertargradual, mas compungidos ante ador alheia, recordemos a meninaJúlia e Kardec, há 152 anos, teste-munhando: Jesus! estou aqui!

31Junho 2010 • Reformador 224455

6XAVIER, Francisco C. Libertação. Pelo Es-pírito André Luiz. 31. ed. 2. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2009. Ante as portas livres.

7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. de Guillon Ribeiro. 91. ed. 1. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2010.

8Idem. O evangelho segundo o espiritismo.Trad. de Guillon Ribeiro. 129. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2009. Prefácio.

Retificando...• No artigo “Francisco Cândido Xavier (1910-2002)”, (Reformador de

abril de 2010, p. 6, 2a coluna), no subtítulo “Primeiros passos na vida

terrena”, 2o parágrafo, onde se lê “quando a criança ainda não havia”

leia-se “quando a criança havia”.

• Na notícia “Jonas da Costa Barbosa”, (Reformador de maio de 2010,

p. 36, 1a coluna, última linha), onde se lê “48 anos”, leia-se “28 anos”;

na 3a coluna, último parágrafo, 10a linha, onde se lê “foi membro,

como esperantista, da ‘Pará Esperanto Asocio’”, acrescentar: “criou o

Departamento de Esperanto na União Espírita Paraense”.

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emoráveis dias viveram em Brasília boaparte da família espírita brasi-leira e adeptos de outras

terras, reunidos para os traba-lhos do Congresso que, de16 a 18 de abril, homena-geou Chico Xavier porocasião do seu cente-nário de nascimento.

Dentre tantos be-los frutos daquelacarinhosa manifesta-ção de amor, avultam,a nosso ver, a evoca-ção e consequente for-talecimento dos sólidose profundos vínculos en-tre o Espiritismo e o Evan-gelho, demonstrados na vidae na obra do saudoso mé-dium, totalmente impregna-das dos ensinos e exemplosde Jesus.

Também o esperanto, a que o Chico dedicavacarinhoso apreço, se fez presente em todos osdias do evento.

Instalados em estande de singela beleza e acolhe-dora funcionalidade, trabalhadores da

causa da Língua Internacional Neu-tra, associada à divulgação do

Consolador, ali se dedicaramàs tarefas de exposição de

livros em e sobre o idio-ma, distribuição de im-pressos, esclarecimen-tos aos visitantes,aproveitando o valio-so ensejo de eviden-ciar sua estreita sinto-nia com os ideais do

Evangelho e do Espiri-tismo. Um sugestivo

banner, ilustrado com asfiguras de Allan Kardec, Lá-

zaro Luís Zamenhof e ChicoXavier, estampava a declaraçãodo médium de que aqui, ouem outra esfera, Jesus lhe con-cederia a necessária oportuni-

dade de aprender a Língua Internacional.Adesões, promessas de colaboração, contatos

com eminentes trabalhadores espíritas portado-

MAF F O N S O SOA R E S

A simpática visita de André Trigueiro

A FEB e o Esperanto

32 Reformador • Junho 2010 224466

Esperantono 3o Congresso

Espírita Brasileiro

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res de sincero incentivo aos serviços em tornoda língua da fraternidade, esclarecimentos,informações, encontros de adeptos que nãose conheciam pessoalmente, proporciona-ram-nos, a todos os que ali servíamos,momentos de alento e edificação, encora-jando-nos à perseverança no cultivo dosideais esperantistas.

Não podemos omitir o registro da pre-sença de dois destacados esperantistas--espíritas, cuja dedicação e prestígio noscírculos do esperantismo internacional fun-cionaram como verdadeiros polos de atra-ção nos trabalhos do estande. Referimo-nosao casal Úrsula e Giuseppe Grattapaglia que, sedeslocando, a nosso convite, de suas intensas ativi-dades na Fazenda Bona Espero, que dirigem em Al-to Paraíso (GO), serviram durante os três dias, emtempo integral, conferindo especial brilho ao pro-grama esperantista do Congresso. Contamos tam-bém com a colaboração, não menos valiosa, do sa-mideano1 Waldir Silvestre, de Brasília, presidente daAssociação Brasileira de Esperantistas-Espíritas,que possibilitou, no estande, a exposição de expres-

sivas obras da literatura do idioma graças aos seuscontatos com a Liga Brasileira de Esperanto.

E agradecemos a preciosa colaboração de SandraVentura, da Equipe do Temário, que, não obstanteintenso serviço no Congresso, usava o tempo dispo-nível para otimizar os trabalhos no estande.

Confiamos em que as sementes ali lançadas ger-minarão nos corações que as acolheram e darão be-los frutos, dignos do tríplice ideal: Evangelho – Espi-ritismo – Esperanto.1Coidealista, em esperanto. Vocábulo já registrado no Aurélio.

Da esq./dir.: Affonso Soares, Giuseppe Grattapaglia,um congressista visitante e Úrsula Grattapaglia

Sandra Ventura e Affonso Soares

33Junho 2010 • Reformador 224477

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a época de Jesus eram uti-lizados rolos de papiro oude pergaminho para o re-

gistro de livros, cartas, documen-tos públicos ou privados. Haven-do necessidade de uma cópia dooriginal (autógrafo), recorria-seao trabalho dos copistas profis-sionais, que estavam munidosde equipamento e técnica in-dispensáveis ao êxito da difícilempreitada.

Do contrário, o interessadodeveria lançar-se ao trabalho me-ticuloso e exaustivo de produzirsua própria cópia, correndo o ris-co de perder o material, papiro oupergaminho, por falhas no pro-cesso de escrita, acondicionamen-to ou preparo físico das tintas edos rolos.

Ao longo dos séculos, os livrosque compõem a coletânea chama-

da Novo Testamento (NT) foramcopiados por milhares de pessoasnos mais diversos locais ao redordo Mar Mediterrâneo. A maiorparte dessas cópias se perdeu, al-gumas por desgaste natural domaterial utilizado, papiro ou per-gaminho, outras por ignorânciado local onde foram guardadas pe-los copistas.

Por volta do século XVIII, fo-ram descobertos diversos locais na-quela região onde estavam acon-dicionados manuscritos do NovoTestamento. Essas descobertas de-sencadearam verdadeira corridaem busca dos “papiros e pergami-nhos” antigos.

Atualmente, estão catalogadoscerca de 5.500 manuscritos gregosdo NT, sem contar os manuscritosdas traduções feitas ao longo dosséculos, tais como manuscritos daVulgata Latina, da versão Siría-ca, Armênia, Egípcia (Copta), alémdas citações dos Pais da Igreja.

A catalogação e comparaçãodesses manuscritos ganharam fô-lego na década de 70, ocasião emque se reuniram os maiores espe-cialistas do mundo para publica-rem as duas edições críticas dotexto grego do NT, uma, destina-da aos tradutores (UBS), e outra,aos especialistas (Nestle-Aland).As duas adotam o mesmo texto--padrão, variando apenas as notasde rodapé, que no caso da edi-ção Nestle-Aland é mais robustae completa.

A essa altura o leitor deve estarse perguntando: o que vem a seruma “edição crítica”?

Antes de responder a essa apa-rentemente singela pergunta, con-vém esclarecer alguns pontos. Oramo do conhecimento que lidacom a comparação e catalogaçãode manuscritos antigos se chama“Crítica Textual”. O estudioso daárea, por sua vez, é denominado“Crítico Textual”.

34 Reformador • Junho 2010224488

NHA RO L D O DU T R A DI A S

Cristianismo Redivivo

“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”1

O Novo TestamentoRedação

1DIAS, Haroldo D. (Tradutor). O novo tes-tamento. Brasília: EDICEI, 2010. João, 8:32.

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Considerando que a imprensafoi inventada somente no séculoXVI, não é difícil imaginar que,antes dessa data, há uma profusãode manuscritos, nas mais diversaslínguas, de um número incalculá-vel de autores. Existem os manus-critos gregos de Homero, Platão,Aristóteles; os manuscritos emlatim de Virgílio, Horácio, SantoAgostinho; os manuscritosegípcios, hindus, hebreus,chineses, entre outros. Emsuma, toda a literatura antigaestá preservada em cópiasmanuscritas.

Desse modo, os críticostextuais acabam se especia-lizando em determinado au-tor e/ou livro, razão pela qualnão devemos nos surpreen-der com a existência de espe-cialistas em manuscritos doNT.

O primeiro trabalho deum crítico textual consistena catalogação, datação, de-terminação da origem de ca-da manuscrito em particularque contenha determinadolivro ou fragmento dele. Umavez realizado esse trabalho preli-minar, compete-lhe a explicaçãoda história da transmissão da-quele texto, separando os ma-nuscritos por região, época, tipode escrita, tradição textual.

Ao reconstruir a história datransmissão do texto, o críticotextual deve especificar quais sãoos manuscritos mais antigos, osmais completos, os mais bem re-digidos, demonstrando como es-ses ancestrais chegaram até nós e

quais cópias derivam deles, numaespécie de construção da árvoregenealógica dos manuscritos.

Encerrado o trabalho de cata-logação, inicia-se a comparaçãocrítica de cada frase para se desco-brir em quais pontos os manus-critos divergem. Essas divergên-cias são conhecidas como “varian-tes textuais”.

Obtida a lista de variantes paracada frase do texto, no caso do NTpara cada versículo, o crítico tex-tual deve ser capaz de explicar aexistência de cada uma em parti-cular, apontando quais delas sãoalterações intencionais e quaissão decorrentes de erro ou desa-tenção do copista.

A edição crítica de um textoantigo, portanto, representa a de-finição do texto adequado, ouseja, aquele que melhor reflete o

“texto original perdido (autógra-fo)”, após catalogação e compara-ção do maior número possível decópias manuscritas disponíveis,acompanhadas de notas de roda-pé com as variantes textuais maisimportantes.

Em se tratando de textos re-digidos antes da invenção da im-prensa, os especialistas utilizam

apenas edições críticas, poiselas constituem um resumode todo o material manuscri-to disponível para determina-do livro, possibilitando aoestudioso a comparação dasvariantes textuais e a reconsti-tuição da história da trans-missão daquele texto. É o casodo Novo Testamento, que dis-põe de duas edições críticas,como já mencionado, cuja di-ferença reside apenas nas no-tas de rodapé, uma contendomais variantes textuais do quea outra.

Considerando que essasduas edições críticas somen-te foram publicadas na décadade 70, todas as traduções doNT feitas no século XX se ba-

seiam nesse texto crítico da UBS//Nestle-Aland.

O estudo da edição crítica dotexto grego do Novo Testamentonos permite compreender as va-riantes textuais de todos os versí-culos, para podermos avaliar deforma crítica quais foram intro-duzidas com interesse teológicoe quais são resultado de simpleserro dos copistas.

Por outro lado, é muito co-mum alguém dizer que determi-

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36 Reformador • Junho 2010 225500

nado versículo foi acrescentado,mas sem embasamento da Críti-ca Textual, ou seja, sem dizer emquais manuscritos aquele textoestá ausente, de modo a com-provar suas afirmações. Não valeapenas dizer algo, é preciso de-monstrar mediante provas ma-nuscritas a veracidade das afir-mações. Para tanto, é imprescin-dível conhecer a “edição crítica” afundo.

É bom lembrar que é ilusãobuscar o autógrafo (manuscritooriginal) dos textos antigos. Nocaso do Novo Testamento, ne-nhum original foi encontrado.Todos os manuscritos que possuí-mos (5.500) são cópias feitas aolongo de 1.500 anos.

Esse fato, porém, não nos devepreocupar. Há livros antigos deautores famosos cujos manuscri-tos são escassos. Alguns delescontam com apenas dois ou trêsmanuscritos descobertos, masnem por isso duvida-se da auten-ticidade deles.

O Novo Testamento é o únicolivro antigo que conta com essainfinidade de cópias manuscritas,portanto, é o livro mais bem ates-tado da Humanidade. A imensi-dade de cópias, não obstante otrabalho que oferece aos estudio-sos, representa nossa maior segu-rança, pois permite a definição dotexto-padrão com muito mais se-gurança do que qualquer outro li-vro antigo.

Seguramente, foi a estratégiaadotada pela Espiritualidade su-perior para preservação dos tex-tos da segunda revelação.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia da espiritualidade. Pelo Espírito Maria Dolores.

5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap. 3.

ConfidênciaSe eu pudesse, Jesus,Desejava esquecerA minha própria imperfeição,A fim de ser contigo,Onde houvesse aflição,O suave calorDo braço terno e amigoQue derrame esperança em todo sofrimentoDe modo a que, na Terra,Ninguém padeça em vão.

Queria serUma chama de fé, ao longo do caminho,Um pingo de bondade a descer persistenteSobre a rocha do mal em que a treva se fez,Queria ser migalha de confortoA todo coração que está sozinho,Proteção à orfandade,Companhia à viuvez.

Queria ser a brisaQue refrigera a mente em cansaço profundo,Combalida na provaQuando a tristeza vem,Queria ser a escora pequenina,Que sustentasse os náufragos do mundo,Para o regresso à vida nova,Pelas vias do bem.

Queria ser a força do silêncioQue verte do sorriso de branduraA suprimir o incêndio da revoltaDe quem se desespera ou se maldiz;Queria ser o beijo da alma boaQue seca o pranto de quem se tortura,Ante os golpes de lamaDa calúnia infeliz.

Queria ser a prece que afervoraE alivia o doente,Socorro, de algum modo, a retratar-te,Queria ser, enfim, ao teu lado, Senhor,Alguém que se olvidasse, inteiramente,Dia a dia, hora a hora,A fim de ser contigo, em toda parte,Uma bênção de amor.

Maria Dolores

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37Junho 2010 • Reformador 225511

A Câmara dos Deputados pro-moveu Sessão Solene em home-nagem ao Centenário de ChicoXavier, no dia 13 de abril. A Ses-são foi aberta por seu presidente,deputado Michel Temer, seguin-do-se discursos dos proponentesda homenagem, deputados PauloPiau (MG) e Vitor Penido (MG),das lideranças de partidos, inclu-sive espíritas, como os deputadosRaquel Teixeira (GO), João Bittar(MG), André Vargas (PR), e, final-mente, do presidente da FEB,Nestor João Masotti.

Integraram a Mesa, além dopresidente da Câmara, o presi-dente da Câmara de Vereadoresde Pedro Leopoldo, o presidenteda FEB, bem como EurípedesHigino dos Reis e Marival Veloso

de Matos. Vários deputados fede-rais se encontravam no plenário.

Houve apresentação dos artistasSilvinha Villela e Jorge Luiz, am-bos do C. E. André Luiz, do Guará(DF). No público estavam presen-tes: os diretores da FEB AntonioCesar Perri de Carvalho, João Pin-to Rabelo, José Valdo de Oliveira eNorberto Pásqua; Sandra Mussi,presidente do Conselho EspíritaCanadense e Vanessa Anseloni, deBaltimore, editora da revista TheSpiritist Magazine (do CEI, Esta-dos Unidos), além de representan-tes de outras instituições espíritas.No início da solenidade foi apre-sentado um vídeo focalizando aação de Chico Xavier.

O Senado Federal dedicou o pe-ríodo reservado ao expediente da

sessão do dia 15 de abril para ho-menagear o Centenário de Fran-cisco Cândido Xavier. Falando emnome da Presidência do Senado, ovice-presidente senador MarconiPerillo (GO) disse que Xavier dei-xou um legado de exemplos decomo aplicar na vida cotidiana amáxima baseada no Evangelho:“Fora da caridade não há salvação”.Perillo é o autor do requerimentoda homenagem. Vários senadoresusaram da palavra. Além dos sena-dores, integraram a Mesa: o presi-dente da FEB, Nestor João Masotti,a deputada Raquel Teixeira, Eurí-pedes Higino dos Reis e Jaime Fer-reira Lopes. No plenário se encon-travam dirigentes espíritas do Brasile do Exterior, como Canadá, EstadosUnidos, França e Grã-Bretanha.

Congresso Nacionalhomenageia

Chico Xavier

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Reunião Geral de Abertura

A reunião conjunta das Comissões Regionais doCFN, realizada no dia 15 de abril, contou com oito adez representantes credenciados pelas 27 EntidadesFederativas Espíritas Estaduais. Na véspera, os visi-tantes foram recepcionados com um jantar de con-fraternização na sede da Instituição Irmão Estêvão.

Presidentes ou representantes das Entidades Fe-derativas Espíritas Estaduais presentes: Gasparinados Anjos de Jesus (Federação Espírita do Estado doAcre), Milton José Ramos (Federação Espírita do Es-tado de Alagoas), Manuel Felipe Menezes da Silva

Júnior (Federação Espírita do Estado do Amapá),Sandra Farias de Moraes (Federação Espírita Amazo-nense), André Luiz Pexinho (Federação Espírita doEstado da Bahia), Sérgio José Pontes (Federação Es-pírita do Estado do Ceará), César de Jesus Moutinho(Federação Espírita do Distrito Federal), Maria LúciaResende Dias Faria (Federação Espírita do Estado doEspírito Santo), Aston Brian Leão (Federação Espíri-ta do Estado de Goiás), Ana Luiza Nazareno Ferreira(Federação Espírita do Maranhão), Luiza LeontinaAndrade Ribeiro (Federação Espírita do Estado deMato Grosso), Maria Túlia Bertoni (Federação Espí-rita de Mato Grosso do Sul), Marival Veloso de Matos

Conselho Federativo Nacional

Na véspera do 3o Congresso Espírita Brasileiro, desenvolveram-se as reuniões conjuntas

das Comissões Regionais do Conselho Federativo Nacional da FEB e a Reunião Especial

do CFN, nas dependências do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília

Reuniões Especiaisdo Conselho Federativo

Nacional da FEB

Comissões Regionais: Mesa de abertura, saudação do presidente Nestor João Masotti

38 Reformador • Junho 2010225522

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(União Espírita Mineira), Najda Maria de Oliveira(União Espírita Paraense), José Raimundo de Lima(Federação Espírita Paraibana), Francisco Ferraz Ba-tista (Federação Espírita do Paraná), Ednar dos San-tos (Federação Espírita Pernambucana), José Lucimarde Oliveira (Federação Espírita Piauiense), HumbertoPortugal Karl (Conselho Espírita do Estado do Riode Janeiro), Eden Ernesto da Silva Lemos (FederaçãoEspírita do Rio Grande do Norte), Maria Elisabethda Silva Barbieri (Federação Espírita do Rio Grandedo Sul), Pedro Barbosa Neto (Federação Espírita deRondônia), Francisca Vera Moreira Israel (FederaçãoEspírita Roraimense), Olenyr Teixeira (Federação Es-pírita Catarinense), José Antônio Luiz Balieiro(União das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo), Júlio César Freitas Góes (Federação Espíritado Estado de Sergipe), Gilberto João Gonçalves deJesus (Federação Espírita do Estado de Tocantins).

Na manhã do dia 15, houve Abertura Geral às8h30, com prece e saudação proferida pelo presidenteda FEB, Nestor João Masotti. Este cumprimentou,além dos representantes das Entidades FederativasEspíritas Estaduais e das Associações Especializadasde Âmbito Nacional, os visitantes de outros paísesque se encontravam presentes, como Canadá, EstadosUnidos, França, Grã-Bretanha e Portugal. Em seguida,o secretário-geral do CFN, Antonio Cesar Perri deCarvalho, informou sobre o desenvolvimento da reu-nião e fez o lançamento do documento de trabalho“Orientação aos Órgãos de Unificação”, aprovado pe-lo CFN em sua reunião de novembro de 2009.Destacou que “a nova publicação da FEB completa aproposta de recomendações sobre “o como fazer”. Em1980 foi aprovado Orientação ao Centro Espírita,relançado em 2007, após revisão e ampliação. Ambosse completam e se inserem e representam o braçooperacional do ‘Plano de Trabalho para o MovimentoEspírita Brasileiro (2007-2012)’ e consolidam parâ-metros da ‘Campanha de Divulgação do Espiritismo’,também aprovada pelo CFN”. Informou que a FEBreeditará em meados deste ano o livro A Caravana daFraternidade, de Leopoldo Machado, como parte daevocação dos 60 anos da histórica jornada de união ede unificação. O secretário-geral do CFN fez entrega de

Orientação aos Órgãos de Unificação aos dirigentesmais antigos presentes, como o vice-presidente da FEBAltivo Ferreira, o primeiro secretário da ComissãoRegional Sul, José Virgílio Goes, e Arnaldo Rocha;simultaneamente, todos os presentes receberam onovo livro editado pela FEB.

Reuniões dos Dirigentes e das Áreas

Em seguida, das 9 às 12 horas, concomitantemente,desenvolveram-se as Reuniões dos Dirigentes e das Áreas:

Na Reunião dos Dirigentes, a pauta incluiu os te-mas: 1. Estratégias para implementação do Orienta-ção aos Órgãos de Unificação; 2. Difusão da Doutri-na Espírita. Esta foi coordenada pelo secretário-ge-ral do CFN e coordenador das Comissões Regionais,Antonio Cesar Perri de Carvalho, contando com apresença do presidente da FEB, Nestor João Masotti,e do vice-presidente Altivo Ferreira.

Área do Atendimento Espiritual no Centro Espírita– Tema: “O Atendimento Espiritual na Casa Espíritanas diretrizes do Plano de Trabalho para o Movi-

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Reunião dos Dirigentes

Área do Atendimento Espiritual no Centro Espírta

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mento Espírita Brasileiro (2007-2012)”, coordenadapor Maria Euny Herrera Masotti.

Área da Atividade Mediúnica – Tema: “Correlacio-nar à prática mediúnica as setes diretrizes definidasno Plano de Trabalho para o Movimento EspíritaBrasileiro (2007-2012)”, coordenada por Marta An-tunes de Oliveira de Moura.

Área da Comunicação Social Espírita – Tema:“Avaliação e desenvolvimento de novas estratégias pa-ra a Comunicação Social Espírita em função do Pla-no de Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro(2007-2012)”, coordenada por Merhy Seba.

Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita– Tema: “O ESDE e o Plano de Trabalho para o

Movimento Espírita Brasileiro (2007-2012) – Dire-trizes números 2 e 6”, coordenada por Sônia ArrudaFonseca.

Área da Infância e Juventude – Tema: “Apresenta-ção de um plano de ação e dos resultados, com basenos problemas detectados no censo da Juventudeou na constatação da realidade de cada Estado”, coor-denada por Rute Ribeiro.

Área do Serviço de Assistência e Promoção SocialEspírita – Tema: “O SAPSE e o Plano de Trabalhopara o Movimento Espírita Brasileiro (2007-2012)”,coordenada por José Carlos da Silva Silveira.

Reuniões das Regiões

Na sequência, após o almoço coletivo no própriolocal, das 14 às 16h30, ocorreram as reuniões dasquatro Regiões, dirigidas pelos secretários das Co-missões Regionais do CFN, respectivamente, ManuelFelipe Menezes da Silva Júnior (Norte), Olga LúciaEspíndola Freire Maia (Nordeste), Aston Brian Leão(Centro) e Francisco Ferraz Batista (Sul). O temaprincipal das Comissões Regionais – o andamento

40 Reformador • Junho 2010 225544

Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Área da Comunicação Social Espírita

Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

Área da Infância e Juventude

Área da Atividade Mediúnica

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do “Plano de Trabalho para o Movimento EspíritaBrasileiro (2007-2012)” –, foi tratado nas quatro reu-niões, avaliando-se as ações executadas sobre o mes-mo em todas as Áreas. Em cada reunião de Regiãohouve apresentação de relatos de representantes dasreuniões dos Dirigentes e das Áreas.

Reunião Especial do CFN

Em seguida a um intervalo para lanche, das 17às 18h30, ocorreu a Reunião Especial do CFN,dirigida pelo presidente da FEB, Nestor JoãoMasotti. Integraram a Mesa o secretário-geral doCFN, Antonio Cesar Perri de Carvalho, os vice--presidentes da FEB, os secretários das ComissõesRegionais e os coordenadores de Áreas das Comis-sões Regionais do CFN. Foram considerados inte-grantes da mesma os dirigentes das 27 EntidadesFederativas Espíritas Estaduais e das AssociaçõesEspecializadas de Âmbito Nacional: AssociaçãoBrasileira de Artistas Espíritas (Abrarte), Associa-ção Brasileira de Divulgadores do Espiritismo(Abrade), Associação Brasileira de Esperantistas-Espíritas (ABEE), Associação Brasileira dos Ma-gistrados Espíritas (ABRAME), Associação Médi-co-Espírita do Brasil (AME-Brasil), Cruzada dosMilitares Espíritas (CME) e Instituto de CulturaEspírita do Brasil (ICEB).

Cerca de 400 pessoas acompanharam o desenvol-vimento da Reunião Especial do CFN, incluindo seusmembros natos, equipes das Entidades FederativasEspíritas Estaduais, representantes das Entidades Espe-cializadas de Âmbito Nacional, convidados do País e doExterior: Bolívia, Canadá, Chile, Estados Unidos, Fran-ça, Grã-Bretanha, Paraguai, Portugal, Uruguai e Suécia.

Na reunião do CFN, como primeiro item daPauta, houve apresentação, pelos secretários das Co-missões Regionais, da síntese do andamento do refe-rido “Plano de Trabalho”. Na sequência, tratou-se dadifusão do Espiritismo, com participação especialda equipe do filme Nosso Lar, o diretor Wagner deAssis e a produtora Iafa Britz, que informaram sobreo andamento do filme e comentaram formas para sepotencializar a divulgação do Espiritismo, neste anoespecial. Como último item da pauta, houve o regis-tro do Centenário de Chico Xavier, com saudação eprece feitas pelo presidente da União Espírita Mi-neira, Marival Veloso de Matos.

Ao final, o secretário-geral do CFN destacou que“ao longo deste ‘Ano do Espiritismo’ se desdobrem‘caravanas da fraternidade’ pelo Brasil afora, emprocessos de implementação de Orientação aos Órgãosde Unificação, de estímulo e apoio aos ideais de união”.

De forma emocionante, os participantes encer-raram as Reuniões cantando, de pé, a “Canção daAlegria Cristã”.

41Junho 2010 • Reformador 225555

Reunião do CFN, mesa de encerramento: Saudação do presidente Nestor João Masotti

Participantes das Reuniões das Comissões Regionais e do CFN

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Seara EspíritaSeara Espírita

Pará: Treinamento básico para dirigentesA fim de elucidar e reunir interessados no estudo damediunidade, aconteceu nos dias 24 e 25 de abril, naUnião Espírita Paraense, em Belém, o TreinamentoBásico para Dirigentes de Reuniões Mediúnicas e Mé-diuns. Informações: <[email protected]>.

Goiás: Cursos para expositores espíritasA Federação Espírita do Estado de Goiás realizou nosdias 30 de abril e 1 e 2 de maio, na sua sede emGoiânia, mais uma turma do curso de formação eaperfeiçoamento de expositores espíritas. Informa-ções: <[email protected]>.

Estados Unidos: Simpósio EspíritaO Conselho Espírita dos Estados Unidos, com apoiode diversas instituições, promoveu o 4o Simpósio Es-pírita dos Estados Unidos, em Fort Lauderdale (Fló-rida), no dia 24 de abril. Expositores de várias regiõesdo país abordaram temas e apresentaram pôsteressubordinados ao tema central “Mediunidade: UmaPonte entre Dois Mundos”, incluindo homenagem aChico Xavier. O Conselho Espírita Internacional (CEI)foi representado pelo seu diretor Antonio Cesar Perride Carvalho, que destacou o Centenário de ChicoXavier. Este também proferiu palestras sobre o Cen-tenário de Chico Xavier e sua obra psicográfica, emtrês centros espíritas da região de Miami e em Or-lando, a convite da Federação Espírita da Flórida. In-formações: <www.spiritistsymposium.org>, <www.thespiritistmagazine.com>.

Associação Jurídica: O compromisso ético--moral do advogado

A Associação Jurídico-Espírita de São Paulo promo-veu mais um seminário em parceria com a OAB-SP,sobre o tema “O compromisso ético-moral do advo-gado”, exposto por Francisco Aranda Gabilan. O even-to foi realizado no dia 20 de maio, no auditório da13a Subseção da OAB, em Franca, São Paulo. Infor-mações: <www.ajesaopaulo.com.br>.

São Paulo: Curso de GestãoTeve início no dia 8 de maio, em São Paulo, a segun-da turma do curso de Gestão de Centros Espíritas,com participação de Roberto Versiani, da equipe daSecretaria-Geral do CFN da FEB, e apoio da USE-SP.As aulas são ministradas duas vezes por mês, nosegundo e quarto sábados. Informações: <[email protected]>.

Associação Médico-Espírita: EncontroNorte-Nordeste

Nos dias 14, 15 e 16 de maio, ocorreu o VI EncontroNorte-Nordeste das Associações Médico-Espíritas,no Centro de Convenções de Maceió, promovidopela Associação Médico-Espírita de Alagoas. Como tema “Ciência, Saúde e Espiritualidade”, o eventocontou com palestras proferidas por Sérgio Lopes(RS), Marlene Nobre (SP), Ricardo Santos (AL),Irvênia Prada (SP), Frederico Menezes (PE), DécioIandoli Jr. (MS) e Alberto Almeida (PA). Informa-ções: <www.amealagoas.com.br>.

Espírito Santo: Encontro de trabalhadores No dia 16 de maio, a cidade de Cachoeiro de Itapemirim,região sul do Estado de Espírito Santo,sediou o ENTRAE– Encontro de Trabalhadores Espíritas –, que procurao aprimoramento e desenvolvimento das habilidadespara o trabalho no bem. Este evento da FederaçãoEspírita do Estado do Espírito Santo focaliza açõespara as áreas de Infância e Juventude, Mediunidade,Estudos Sistematizados, e presidentes de centros es-píritas. Informações: <[email protected]>.

Universidade: Evento sobre Chico XavierA Universidade do Estado do Rio de Janeiro pro-moveu o seminário “Chico Xavier um homem cha-mado Amor”, nos dias 28 e 29 de abril, na CapelaEcumênica do campus Maracanã, no Rio de Janeiro,como Programa de Pesquisas e Estudos das Reli-giões do Centro de Ciências Sociais. Informações:<[email protected]>.

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