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Reformador junho/2004 (revista espírita)

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Transformação Moral

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EDITORIALTransformao moralRevista de Espiritismo Cristo Ano 122 / Junho, 2004 / No 2.103

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ENTREVISTA: JOS PLNIO MONTEIROUma viso da Cruzada dos Militares Espritas

PRESENA DE CHICO XAVIERRenovemo-nos hoje Cairbar Schutel

ESFLORANDO O EVANGELHO para isto Emmanuel

A FEB E O ESPERANTOZamenhof Affonso SoaresFundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN 1413-1749 Propriedade e orientao da Federao Esprita Brasileira Direo e Redao Av. L-2 Norte Q. 603 Conj. F (SGAN) 70830-030 Braslia (DF) Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523

FEB/CFN COMISSES REGIONAISReunio da Comisso Regional Nordeste

PGINAS DA REVUE SPIRITEExame das comunicaes medinicas que nos so enviadas Allan Kardec O dedo de Deus Esprito Familiar

SEARA ESPRITAEvoluo e transformao Juvanir Borges de Souza Ao homem Augusto dos Anjos Integridade Joanna de ngelis Concluses populares Casimiro Cunha Indagaes a ns mesmos Andr Luiz As enfermidades espirituais Marta Antunes Moura A subjugao Allan Kardec Lei do Progresso Washington Borges de Souza Bezerra de Menezes adverte sobre as adendas perniciosas Jorge Hessen Nosso trabalho Bezerra Antes que venha o arrasto Richard Simonetti No livro dalma Auta de Souza Dr. March Uma vida dedicada caridade Hlio Ribeiro Loureiro o 1 Congresso Esprita do Amazonas Desculpa Irene Sousa Pinto Muito ajuda quem no atrapalha Rogrio Coelho Repensando Kardec Da Lei de Adorao Inaldo Lacerda Lima A Lcida Certeza Paulo Nunes Batista proibido evocar os mortos? Severino Barbosa Iaponan A. da Silva FEB lana obras na 18a Bienal Internacional do Livro A morte e a mediunidade Adsio Alves Machado Educao Esprita e o envolvimento social Dulcdio Dibo

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Home page: http://www.febnet.org.br E-mail: [email protected] [email protected] o Brasil Assinatura anual Nmero avulso Para o Exterior Assinatura anual Simples Area R$ 30,00 R$ 4,00 US$ 35,00 US$ 45,00

Diretor Nestor Joo Masotti; Diretor-Substituto e Editor Altivo Ferreira; Redatores Affonso Borges Gallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira So Thiago; Secretria Snia Regina Ferreira Zaghetto; Gerente Amaury Alves da Silva; REFORMADOR: Registro de Publicao no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polcia Federal do Ministrio da Justia), CNPJ 33.644.857/0002-84 I. E. 81.600.503.

Departamento Editorial e Grfico Rua Souza Valente, 17 20941-040 Rio de Janeiro (RJ) Brasil Tel.: (21) 2589-6020; Fax: (21) 2589-6838 Capa: Luis Hu Rivas

Tema da Capa: TRANSFORMAO MORAL, inspirado no pensamento de Kardec, assim como no Editorial e no artigo Evoluo e transformao.

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Transformao moral

Editorialm dos aspectos mais relevantes relacionados com o estudo da Doutrina Esprita a anlise das conseqncias decorrentes do conhecimento dos seus princpios.

Ciente de que Deus a inteligncia suprema do Universo, causa primeira de todas as coisas, soberanamente justo e bom; que no Universo se encontram no apenas os elementos materiais, mas, tambm, os espirituais; que o ser humano um Esprito imortal, dotado de corpo espiritual e de corpo material, este de existncia temporria, o homem levado a rever a escala de valores que adota em sua existncia. Os valores espirituais e morais so mais importantes porque, sendo perenes, sobrevivem existncia material. Considerando a diversidade de reaes ao conhecimento da Doutrina Esprita, decorrente dos diversos graus de compreenso dos homens, em O Livro dos Mdiuns, Primeira Parte, cap. III, item 28, Allan Kardec esclarece que h: 1 os que vem no Espiritismo apenas uma cincia de observao: so os espritas experimentadores; 2 os que compreendem a parte filosfica do Espiritismo, admiram a sua moral, mas no a praticam: so os espritas imperfeitos; 3 os que no se limitam em admirar a moral esprita, que a praticam e transformam a caridade, no seu sentido mais abrangente, na regra de proceder a que obedecem: so os verdadeiros espritas, ou melhor, os espritas cristos. Aquele, pois, que se manifestar plenamente convicto dos princpios que a Doutrina Esprita revela passa a ter por meta, em sua existncia, a conquista de valores morais e espirituais, fundamentados nos ensinos do Evangelho que Jesus nos legou. Sabe que no conseguir uma alterao imediata de comportamento por fora dos hbitos milenarmente sedimentados em sua personalidade, mas trabalhar, a partir da, no sentido da busca permanente de sua renovao interior, em processo de reeducao, caracterizada pela conquista de novos e melhores hbitos. por isto que Allan Kardec, falando sobre Os bons espritas (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 4) observa: Reconhece-se o verdadeiro esprita pela sua transformao moral e pelos esforos que emprega para domar suas inclinaes ms.4 202 Reformador/Junho 2004

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Evoluo e transformaoJuvanir Borges de Souza

progresso das diferentes fraes da Humanidade um fato. Atravs dos sculos e milnios, a histria do homem mostra-nos a evoluo de civilizaes, de naes, de raas, de religies, de conhecimentos cientficos, de costumes e de instituies que progridem, chegando a pontos culminantes, para depois entrarem em decadncia e se transformarem ou desaparecerem. Essas transformaes, lentas ou rpidas no tempo, so uma constante, demonstrando a inferioridade do mundo em que habitamos e as inmeras dificuldades a vencer. Uma dessas dificuldades, sempre presente, tem sido, para o homem, o desconhecimento de sua natureza, de sua origem e de seu destino. Diversas religies, sistemas filosficos antigos e atuais e as mais variadas cincias cultivadas pelo homem chegaram a concluses diversas, mas nem sempre a resultados satisfatrios e comprovadamente corretos. Podemos observar hoje, numa viso abrangente e retrospectiva, que religies milenares deparam, na atualidade, com desmentidos a diversos de seus ensinos e normas, numa demonstrao evidente deReformador/Junho 2004

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que necessitam modificar e retificar as bases em que se assentam. De outro lado, cincias consideradas definitivas em suas fundamentaes deparam com inmeras dificuldades no seu campo de ao, reclamando retificaes de conceitos. o que ocorre com a Fsica clssica diante das descobertas sobre a natureza da matria, a partir do princpio do sculo XX. Na Medicina, na Astronomia e em outras cincias h constantes retificaes. O materialismo, nas suas inmeras faces, tem contribudo para a ignorncia das realidades, das verdades, da natureza do homem e da vida, nas suas mltiplas manifestaes o que acontece desde tempos imemoriais. Ao longo dos muitos milnios em que o homem vem habitando a Terra, seu interesse maior tem sido o de valorizar a vida nos seus aspectos materiais. Essa realidade decorre no s da necessidade de o Esprito adquirir experincias e conhecimentos teis ao seu progresso, em contato com a matria, mas tambm corresponde sua condio de inferioridade moral. Neste mundo de expiaes e provas, todos os homens, Espritos imortais, submetidos lei do progresso, compreendero, um dia, as leis divinas ou naturais. Para tanto, encarnam e reencarnam em corpos materiais, ins-

trumentos benditos que lhes permitem, atravs dos prprios esforos, irem conhecendo e praticando as leis naturais. Assim, o ateu, o materialista, que nega a existncia do Criador, pode exercitar a lei do trabalho, da conservao, da reproduo, da destruio. Noutra existncia, alm da repetio das experincias anteriores, pode exercitar o pensamento no culto a Deus, ou dedicar-se ao amor ao prximo. Suas experincias vo-se somando. J os mais experientes, mais desenvolvidos vo dedicar-se complementao de conhecimentos e sentimentos, obedecendo prpria vontade e orientao dos Espritos prepostos. Desse modo, o progresso geral e o particular de cada um de ns nunca obra do acaso, ou de um destino prefixado, como entendem certas correntes espiritualistas e materialistas, mas decorre do esforo, da compreenso e do ideal, individual ou coletivo.

...A Doutrina dos Espritos, o Consolador, assim como a Mensagem do Cristo, representam novas fases na evoluo humana. Atravs dos sculos e milnios, parcelas da Humanidade, compreendendo povos e raas, tm sido conduzidas ao progresso, a novos conhecimentos e a novos estgios tico-morais. >203 5

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Na notvel obra de Emmanuel A Caminho da Luz, atravs da mediunidade de F. C. Xavier, cuja 1a edio foi lanada pela FEB em abril de 1945, o autor espiritual sintetiza, na Introduo, as experincias terrestres, como o tesouro imortal da alma humana: Diante dos nossos olhos de esprito passam os fantasmas das civilizaes mortas, como se permanecssemos diante de um cran maravilhoso. As almas mudam a indumentria carnal, no curso incessante dos sculos; constroem o edifcio milenrio da evoluo humana com as suas lgrimas e sofrimentos, e at nossos ouvidos chegam os ecos dolorosos de suas aflies. Passam as primeiras organizaes do homem e passam as suas grandes cidades, transformadas em ossurios silenciosos. O tempo, como patrimnio divino do esprito, renova as inquietaes e angstias de cada sculo, no sentido de aclarar o caminho das experincias humanas. Passam as raas e as geraes, as lnguas e os povos, os pases e as fronteiras, as cincias e as religies. Um sopro divino faz movimentar todas as coisas nesse torvelinho maravilhoso (...). E nos vrios captulos do livro assinala, em sntese maravilhosa, o surgimento das raas brancas, a civilizao egpcia, a ndia milenar, a famlia indo-europia, o povo de Israel, a China, a Grcia, o Imprio Romano, reservando captulo especial para as grandes religies do passado e a preparao do Cristianismo. No seio de todos os povos do6 204

Oriente surgiram as primeiras organizaes religiosas, assistidas por mensageiros do Cristo. Em todas as religies respeitveis da Humanidade, em todas as latitudes terrestres, h sempre alguma influncia do Cristo, como Governador Espiritual deste orbe. Essa influncia misericordiosa, direta ou indireta, est presente em todas as pocas, fazendo-se notar de acordo com a compreenso, o grau evolutivo e as condies de cada povo, raa ou nao. A vinda do Cristo ao convvio dos homens, h dois mil anos, um marco extraordinrio na histria humana, no que diz respeito vida e s revelaes espirituais.

O Cristo de Deus aproveitou a iniqidade dos homens para exemplificar as virtudes que pregouSem desmentir o que seus emissrios tinham transmitido de essencial aos diversos povos, anteriormente, Jesus, o Cristo, faz-se portador de ensinamentos, revelaes e exemplificaes como jamais ocorrera antes dEle. O Amor e a Justia sobressaem de seus ensinos: Amai-vos uns aos outros Amar a Deus sobre todas as coisas e ao prximo como a si mesmo resume toda a lei e os pro-

fetas Sereis conhecidos como meus discpulos por muito vos amardes. Cumprindo a Lei Antiga, no que nela havia de verdade e de justia, retificou-a nos pontos em que fora mal-entendida ou mal-interpretada pelos homens. Tornou-se, com sua Mensagem de Luz, o Caminho da Verdade e da Vida. Mas Ele sabia que os homens, salvo raras excees, ainda no O entenderiam na sua justa posio como o Filho de Deus, nosso Governador e Condutor. Foi rejeitado no seio do prprio povo em que veio testemunhar a Misericrdia Divina, sendo por isso perseguido, preso, processado e crucificado, numa eloqente demonstrao de atraso, ignorncia e insensibilidade em que se encontravam os homens, presos e fanatizados por leis que fizeram e obedeciam como sagradas. Entretanto, o Cristo de Deus aproveitou a iniqidade dos homens para exemplificar as virtudes que pregou, submetendo-se cruz infamante, mas transformando-a em smbolo glorioso. Ele sabia das dificuldades dos homens em assimilar corretamente sua Mensagem, diante do personalismo, do egosmo e do orgulho, difceis de serem vencidos. Por isso, prevendo as deturpaes de seus ensinos, prometeu pedir ao Pai o envio de outro Consolador, para que fossem reveladas outras verdades, alm de relembrar suas lies, dando-lhes o justo entendimento. Esse Consolador, como sabem os espritas estudiosos e sinceros, encontra-se no mundo desde meaReformador/Junho 2004

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dos do sculo XIX, com a Nova Revelao trazida pelos Espritos Superiores, a servio do Cristo. Essa Revelao Nova reafirma a Mensagem Crist, no seu justo sentido, mostrando a realidade da vida do Esprito eterno, ora livre, nos mundos espirituais, ora ligado matria densa, nos mundos materiais, como a Terra. O Espiritismo, a Doutrina dos Espritos, o Consolador prometido, como a Mensagem Crist autntica, representam as duas ltimas etapas, duas novas Eras da evoluo humana na Terra. Allan Kardec, o missionrio escolhido pelo Alto para servir e consolidar a ltima Revelao, valeu-se de suas conquistas individuais e de mdiuns tambm em misso especial para desvendar as realidades de um mundo invisvel de vastas propores, que est permanentemente em comunicao com os habitantes da Terra, mas que nem sempre foi percebido, no decorrer das idades. Tornou-se evidente, com as novas revelaes, com as manifestaes ostensivas colhidas por toda parte, com as comunicaes de vrios teores, que o mundo das formas est em permanente relao com os mundos invisveis. Comprovou-se objetivamente a imortalidade do ser espiritual, que o Cristo j evidenciara na sua ressurreio, aps os tristes episdios do Calvrio. Mas a Revelao Esprita, alm da certeza da continuidade da vida, aps o decesso do corpo fsico, mostrando que, na realidade, no h morte, atualizou a Mensagem do Cristo para um mundo que avanou muito em conhecimentos,Reformador/Junho 2004

mas se desviou do sentido moral-educativo daquela ao regeneradora. A Igreja Romana, que paulatinamente se desviara dos ensinos originais do Cristo, para apegar-se ao poder e aos tesouros transitrios, h muito parece sem foras e sem meios para corresponder s necessidades de uma Humanidade que se renova e precisa avanar em conhecimentos e moralizao. O Espiritismo vem, pois, na hora aprazada pelo Alto, com a misso de atender s aspiraes mais elevadas do esprito humano, de ingressar em nova fase evolutiva, uma nova civilizao fundamentada em verdades indiscutveis. Com a comprovao da sobrevivncia do ser essencial, com as verdades e realidades da reencarnao, agora explicada e entendida sem as fantasias que a deturpavam,

a Justia da Lei Divina pode ser entendida perfeitamente. Alm dessas realidades colocadas em evidncia, o Espiritismo reabilita todos os ensinos do Cristianismo autntico, deturpados pelas igrejas, por interesses particulares vinculados ao poder, ou por interpretaes infelizes. As leis morais, expostas com clareza e simplicidade na obra bsica da Doutrina Consoladora, so o caminho natural na busca da perfeio moral, ao alcance de qualquer interessado em melhorar-se, combatendo o escolho das paixes, do egosmo, do orgulho e do personalismo. Essa doutrina esclarecedora e consoladora marca uma Nova Era para a Humanidade, oferecendo ao homem, finalmente, o conhecimento de si mesmo, a antiga aspirao da filosofia grega, preocupada com a edificao do porvir.

Ao homemTu no s fora nurica somente, Movimentando clulas de argila, Lama de sangue e cal que se aniquila Nos abismos do Nada eternamente; s mais, s muito mais, s a cintila Do Cu, a alma da luz resplandecente, Que um mistrio implacvel e inclemente Amortalhou na carne atra e intranqila. Apesar das verdades fisiolgicas, Reflexas das aes psicolgicas, Nas clulas primevas da existncia, s um ser imortal e responsvel, Que tens a liberdade incontestvel E as lies da verdade na conscincia.Augusto dos Anjos Fonte: XAVIER, Francisco C., Parnaso de Alm-Tmulo. 16. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, p. 138. Edio Comemorativa 70 Anos.

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Integridadeintegridade moral do ser humano um compromisso que deve ser mantido em relao vida, por meio do qual se haurem valores que se enriquecem, predispondo para a plenitude. A vulgarizao dos sentimentos, que decorre da massificao devoradora dos ideais e da individualidade, responde pela paulatina perda dos requisitos que constituem a integridade moral. A artificial necessidade de conseguir-se o triunfo a qualquer preo tem conduzido os seus aficionados perda do significado primordial da existncia, que a sua espiritualizao, ora colocada em plano secundrio ou mesmo nem sequer pensada, desde que os interesses imediatos, fixados no prazer e no desfrutar, rejeitam os demais valores, anteriormente cultivados com respeito e sacrifcio. Certamente, a revoluo industrial e tecnolgica alterou o comportamento dos indivduos em relao a conceitos castradores predominantes no passado, mais preocupados com a aparncia do que com a realidade. Estribados em propostas perversas e impeditivas do autodescobrimento, tornaram-se responsveis pelo atual repdio, quase automtico, a tudo quanto signifique me8 206

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canismo de iluminao, mediante a renncia e o sacrifcio pessoal. Tais propostas parecem afrontar a razo contempornea, desencaminhando-a dos seus objetivos prticos e imediatos, conseguidos a duras penas, culturais e emocionais. Sucede, no entanto, que, sem abdicar-se do raciocnio, antes adotando-o, torna-se indispensvel considerar a fugacidade do corpo e do seu notvel mecanismo, preparando-se o ser para o prosseguimento da evoluo em outra condio no campo da energia. Essa transitoriedade orgnica tem gerado o hedonismo, a ambio desenfreada para o desfrutar intensamente das concesses que so oferecidas, enquanto tempo, porque, de um para outro momento chega a morte, anulando tudo e a tudo consumindo, conforme se pensa nessa filosofia imediatista. A concluso, eminentemente materialista, falha, porque o gozo que se deriva do abuso perturbador, quando no mortal. Ademais, o prazer, em si mesmo, satura aps frudo, deixando sensao de incompletude, de frustrao. Em face desse resultado, foge-se na direo de novas buscas utpicas, procurando-se justificativas para os comportamentos extravagantes e inconseqentes. Arrastadas pelos impulsos primrios, as multides, esfaimadas ou desorientadas, alternam as festas orgacas, nas quais milhes de criaturas se esfalfam na agitao e no se-

xo, no lcool e nas drogas, com os desfiles de protestos violentos, sob justificativas reais ou interesseiras, promovidas por partidos adversrios que sempre os h em qualquer forma de governo. O descontentamento faz parte da conduta humana e, por isso mesmo, surgem sempre faces novas apresentando projetos mirabolantes, absurdos, nos quais se comprazem, gerando anarquia e malquerena.

...Torna-se inadivel a redescoberta da integridade moral do indivduo. Integridade de pensamento, de palavra e de ao. Mediante a integridade o suborno e a corrupo cedem lugar ordem e vivncia dos significados profundos da Vida. No apenas propiciam o crescimento dos grupos sociais, seu desenvolvimento econmico, cultural e de relacionamento interpessoal, como tambm de evoluo individual. A conquista da integridade lenta e contnua, a fim de que cada um descubra a prpria autenticidade, adquirindo e preservando os seus valores morais, e no apenas vivendo conforme padres utilitaristas, estabelecidos pelo mercado das ofertas e a propaganda exagerada em torno dos encantos fugazes: beleza fsica, sempre vencida pelo tempo; triunfo pessoal sobre os escombros de outras vidas; conquisReformador/Junho 2004

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tas horizontais de fcil deteriorao; rpidas viagens pelos destaques periodsticos... A integridade, medida que se vai instalando no sentimento moral, auxilia no descobrimento dos objetivos reais que todos estabelecem, mas se encontram em outros caminhos levados por imposies estranhas, de pessoas ou Instituies que os dirigem para o que lhes mais conveniente, sem auscultar-lhes o ntimo, as suas reais necessidades, os seus legtimos interesses. O verbo ganhar adquiriu primazia no contexto sociolgico da atualidade. Ganhar mais dinheiro, ganhar mais posio social, ganhar mais poder, ganhar mais aplauso, e quando se atinge o topo descobre-se o vazio interior, encontra-se o tdio, detm-se na amargura ou tomba-se na depresso. Poder-se-ia tambm estabelecer que se faz necessrio conquistar, ao invs de ganhar, a paz, o controle sobre as paixes, o direcionamento adequado para a felicidade que, normalmente, independe do que se possui, revelando-se no que se . Com integridade interior acalmam-se o tumulto das aspiraes desmedidas, a revolta diante das perdas naturais do processo evolutivo, a ansiedade pelo projetar-se cada vez mais, a inquietao que nunca se satisfaz com o conseguido, o mau humor que instala o pessimismo. A programao da integridade estabelece como fundamentais: a auto-anlise, a fim de identificar-se o que til, eliminando o excessivo e pernicioso; as metas existenciais, que podem harmonizar o corao e iluminar a mente; a conduta a vivenciar em todos osReformador/Junho 2004

momentos, produzindo bem-estar e sade global. certo que os homens e as mulheres apresentam aspiraes muito diferenciadas em razo dos diversos nveis de conscincia em que transitam. Nada obstante, todos possuem interesses em comum, que so colocados em diferente ordem, dando primazia a um em detrimento do outro, embora estejam listados na pauta da eleio geral. A sabedoria para eleger aqueles que so mais significativos do ponto de vista moral e espiritual, torna a integridade pessoal legtima em relao aparncia da conduta elitista ou utilitria que passou a expressar-se na generalidade humana.

todo porte, alternativa nica, por certo, para tornar o indivduo autntico perante si mesmo, o seu prximo e Deus.Joanna de ngelis (Pgina psicografada pelo mdium Divaldo Pereira Franco, em 1/1/2003, no Centro Esprita Caminho da Redeno, Salvador, Bahia, Brasil.)

Concluses popularesFaze tu, quanto te caiba, Com teus cuidados cristos! O olho fiel do dono mais gil que cem mos. Quem fala pouco na estrada Evita muita contenda. Prende agora a tua lngua Se no queres que te prenda. Perdoa e auxilia sempre... Quem ofensas muito apura, No tem a calma precisa, Nem tem a vida segura. Aos homens sem Jesus-Cristo No mostres, perdendo a calma, Nem o fundo de teu bolso, Nem o fundo de tua alma. Se desejas grandes luzes, No sejas aflito e louco. Em nenhum lugar da vida, O que muito custa pouco.Casimiro Cunha Fonte: XAVIER, Francisco C., Gotas de Luz. 6. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1994, cap. 14, p. 37-38.

...Jesus desconsiderou os valores atribudos ao poder terreno, s coisas que enchem os olhos e intumescem de orgulho o ser, mas que logo perdem o sentido, quando a enfermidade, a velhice e a morte se apresentam. Exemplo mximo de integridade, transitou entre as criaturas como ldimo representante da felicidade real, mesmo quando levado ao sarcasmo, ao abandono e traio, morte infamante... Os Seus valores, aqueles a que dava sentido, no ficaram sem significado, embora a vulgaridade dos poderosos de um dia, que foram consumidos pelo tempo, ou serviram de estmulo para a exaltao dos perversos e insensatos que tambm ficaram no olvido. Permanecem ntegros, iluminando milhes de vidas que lhes apreendem os contedos. Redescobrir a integridade, neste momento de conflitos e danos de

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ENTREVISTA: JOS PLNIO MONTEIRO

Uma viso da Cruzada dos Militares EspritasO Presidente da Cruzada dos Militares Espritas, Jos Plnio Monteiro, comenta os objetivos e aes da instituio que integra o Conselho Federativo Nacional como Entidade EspecializadaP. H quanto tempo atua no Movimento Esprita? JPM Atuo no Movimento Esprita desde 1978, quando comecei a travar contato com a Doutrina, em Braslia. P. Como se envolveu com o trabalho de unificao? JPM Aps o meu envolvimento com a Cruzada dos Militares Espritas passei, progressivamente, a conhecer outras instituies espritas, inclusive participando de seus trabalhos. Vieram posteriormente as atividades desenvolvidas em conjunto por entidades localizadas no Rio de Janeiro, onde servia como profissional, desenvolvendo-se nossa percepo do trabalho esprita como um esforo coletivo. P. Em que perodo passou a integrar a Diretoria da Cruzada dos Militares Espritas? JPM Passei a integrar a Diretoria da CME a partir de 1994. P. Quais as linhas mestras de atuao da Cruzada e como sua organizao? JPM As linhas mestras de atuao da Cruzada, consubstanciadas no seu Estatuto, assim esto definidas: congregar o maior10 208

Jos Plnio Monteiro, falando na Reunio do CFN

nmero de associados com a denominao genrica de Cruzados; realizar o estudo do Espiritismo, em seus fundamentos filosficos, cientficos e religiosos, sobretudo nos Grupos de Estudos Doutrinrios (GEDs) que vierem a funcionar nas Organizaes Militares das Foras Armadas, Polcia Militar e Corpo de Bombeiros Militar; promover a difuso doutrinria atravs de palestras e cursos, bem como pelos meios de comunicao, inclusive por intermdio de rgo(s) doutrinrio(s) prprio(s).

P. Quantos Ncleos esto em funcionamento? Sempre em espaos militares? JPM A CME conta com trinta Ncleos, disseminados por grande parte do nosso territrio, do Rio Grande do Sul ao Amazonas; de Mato Grosso do Sul a So Paulo. Alguns Ncleos funcionam em instalaes militares e outros em sede prpria, estes com maior incidncia no sul do Pas. Em Braslia, por exemplo, nosso Ncleo est ocupando instalaes no Oratrio do Soldado, que abriga tambm catlicos e evanglicos, cada qual no seu espao especfico. P. Poderia registrar um episdio interessante sobre a presena esprita propiciada pela Cruzada em rea de difcil acesso? JPM Em vrias localidades da Amaznia, at poca recente, nossos Delegados constituam o nico canal de distribuio de material doutrinrio. Por outro lado, alguns dos nossos Ncleos instalaram-se junto a comunidades muito carentes, com elevados ndices de violncia, s quais passaram a levar os benefcios do esclarecimento e da solidariedade, influindo de maneiReformador/Junho 2004

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ra sensvel na melhoria desse quadro em suas respectivas reas de influncia. Certas reas, denominadas de alto risco, abrigam Ncleos da CME. Ali todos os freqentadores tm livre trnsito e at mesmo proteo especial, sem jamais ocorrer qualquer constrangimento para quem quer que seja. P. Qual ao da Cruzada considera prioritria para favorecer a difuso doutrinria? JPM As atividades desenvolvidas pelos Grupos de Estudos Doutrinrios certamente constituem a ao primeira, porque ensejam maior abrangncia e esto voltados para o interior de cada quartel, alcanando a todos os que desejarem conhecer o Espiritismo. P. Como avalia o desenvolvimento do Conselho Federativo Nacional desde o incio de sua participao? JPM No me sinto muito vontade para avaliar o desenvolvimento do CFN, pela minha pequenez diante de to elevado auditrio. Diria que a cada encontro tem sido possvel observar a evoluo na dinmica estabelecida, tanto no que respeita ao contedo quanto no que concerne objetividade. A CME tem plena conscincia da razo de sua presena no encontro e dele participa muito mais para aprender, cooperando no que estiver ao seu alcance. P. Teria uma mensagem ao leitor de Reformador? JPM A CME obra da fraternidade. No divide os homens, nem semeia dios ou controvrsias pessoais. No h imposies, nem dogmas. Pregar-se- para quem quiser ouvir e apontar-se- para os que tm olhos para ver.Reformador/Junho 2004

A expresso moral-espiritual da Cruzada reside na liberdade de crer e no respeito a todas as demais crenas ou religies. No disputamos honras ou grandezas humanas, mas acreditamos no amor de Deus e propagaremos as verdades evanglicas. Adoramos Deus e Jesus nossa forma. Se assim no fora, no compreenderamos as variadas modalidades do Cristianismo. So maneiras de adorar o mesmo Deus.

Todas as religies ou crenas encerram verdades divinas. Impossvel seria pela inteligncia e f compreender Deus, em sua absoluta sabedoria, abandonando os Seus filhos porque no ficaram filiados a esta em vez daquela religio ou crena. A histria das religies antigas ou modernas prova a sucesso progressiva dos conhecimentos espirituais, atravs dos vrios estgios da civilizao. Viva de tal forma que o seu exemplo seja, talvez, o nico Evangelho que as pessoas possam estudar.

Indagaes a ns mesmosQue seremos na casa de nossa f, em companhia daqueles que comungam conosco o mesmo ideal e a mesma esperana? Uma fonte cristalina ou um charco pestilento? Um sorriso que ampara ou um soluo que desanima? Uma abelha laboriosa ou um verme roedor? Um raio de luz ou uma nuvem de preocupaes? Um ramo de flores ou um galho de espinhos? Um manancial de bnos ou um poo de guas estagnadas? Um amigo que compreende e perdoa ou um inquisidor que condena e destri? Um auxiliar devotado ou um expectador inoperante? Um companheiro que estimula as particularidades elogiveis do servio ou um censor contumaz que somente repara imperfeies e defeitos? Um pessimista inveterado ou um irmo da alegria? Um cooperador sincero e abnegado ou um doente espiritual, entrevado no catre dos preconceitos humanos, que deva ser transportado em alheios ombros, feio de problema insolvel? Indaguemos de ns mesmos, quanto nossa atitude na comunidade a que nos ajustamos, e roguemos ao Senhor para que o vaso de nossa alma possa refletir-lhe a Divina Luz.Andr Luiz Fonte: XAVIER, Francisco C., Correio Fraterno. Diversos Espritos. 5. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1998, cap. 23, p. 61-62.

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As enfermidades espirituaisMarta Antunes Moura

s enfermidades espirituais produzem distrbios ou leses no corpo fsico decorrentes de desarmonias psquicas originadas das condies pessoais do enfermo, da influncia de entidade espiritual, ou por ao conjunta de ambos. Podem ser consideradas como de baixa, mdia ou de alta gravidade. As de baixa gravidade, mais fceis de serem controladas, costumam surgir em momentos especficos da vida, quando a pessoa passa por algum tipo de dificuldade: perdas afetivas ou materiais; doenas fsicas; insucesso profissional, entre outras. So situaes em que as emoes afloram impetuosamente, gerando diferentes tipos de somatizaes: ansiedade, angstia, dores musculares, enxaqueca, distrbios na digesto (nuseas, clicas, azia, m absoro alimentar etc.). Ocorrem distrbios do sono, da ateno e do controle emocional. Nessa situao, a prece representa um poderoso instrumento de auxlio, pois eleva o padro vibratrio do necessitado. A mudana vibratria permite que a assistncia dos benfeitores espirituais favorea o reajuste psquico, emocional e fsico. A pessoa recupera, ento, as rdeas sobre si mesma, rompendo com as idias perturbadoras, prprias ou de outrem.12 210

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As doenas espirituais de mdia gravidade podem prolongar-se por anos a fio, mantendo-se dentro de um mesmo padro ou evoluindo para algo mais grave. Com o passar do tempo, podem apresentar um quadro sintomatolgico caracterstico de um tipo especfico de patologia: insnia persistente; gastrite e ulcerao gstrica; infeces

Faz-se necessrio desenvolver persistente trabalho de renovao mental e comportamental da pessoa necessitada de auxliomicrobianas repetidas; crises alrgicas costumeiras; dores musculares penosas, formadoras de ndulos ou pontos de tenso; dificuldades respiratrias seguidas da desagradvel falta de ar; hipertenso; obesidade ou magreza; crises de enxaqueca prolongadas, no controlveis por medicamentos; humor claramente afetado, oscilante entre crises de irritabilidade e impacincia incomuns e momentos de indiferentismo e submisso emocionais; epi-

sdios depressivos repetidos seguidos de euforia exagerada. Se no ocorre a desejvel assistncia espiritual em benefcio do necessitado, nessa fase da evoluo da enfermidade, os doentes podem desenvolver comportamentos caracterizados, sobretudo, por manias e pelo isolamento social. As idias e os desejos do enfermo ficam girando dentro de um crculo vicioso, conduzindo criao de formas-pensamento, alimentadas pela vontade do prprio necessitado e pela dos Espritos desencarnados, sintonizados nesta faixa de vibrao. As orientaes espritas, se aceitas e seguidas, proporcionam imenso conforto, podendo reduzir ou eliminar o quadro geral de perturbaes, sobretudo se associada s aes mdicas e psicolgicas. Assim, faz-se necessrio desenvolver persistente trabalho de renovao mental e comportamental da pessoa necessitada de auxlio. A prece, o passe, a gua fluidificada, o estudo do Evangelho no lar, a assistncia espiritual (atendimento e dilogo fraterno, freqncia s reunies de explanao do Evangelho e de irradiaes espirituais), o estudo esprita, entre outros, representam instrumentos de auxlio e de renovao psquica, em geral disponibilizados pelas nossas Casas Espritas. As enfermidades espirituais, classificadas como graves, so encontradas em pessoas que revelam perdas temporrias ou permanenReformador/Junho 2004

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tes da conscincia. A perda da conscincia, lenta ou repentina, pode estar associada a uma causa fisiolgica (velhice) ou a uma patologia (leses cerebrais de etiologias diversas). Nessa situao, o enfermo vive perodos de alheamentos ou alienaes mentais, alternados com outros de lucidez. Esses perodos so particularmente difceis, pois a pessoa passa a viver numa realidade estranha e dolorosa, sobretudo quando o Esprito enfermo v-se associado a outras mentes enfermas, em processos de simbioses espirituais. O doente requisita atendimento mdico especializado, no campo da psiquiatria. A fluidoterapia esprita suaviza a manifestao da doena, auxiliando o tratamento mdico. A assistncia espiritual, oferecida pela Casa Esprita, age como blsamo, minorando o sofrimento dos encarnados doente, familiares e amigos e dos desencarnados envolvidos na problemtica. O atendimento ao perturbador espiritual nas reunies de desobsesso, assim como as irradiaes mentais em benefcio do obsessor e do obsidiado produzem resultados significativos, fundamentais ao processo de libertao espiritual. As enfermidades espirituais representam uma realidade, impossvel de ser ignorada, sobretudo nos tempos atuais, quando sabemos da existncia de um alerta superior que nos aponta para a urgente necessidade de avaliarmos a nossa conduta moral, desenvolvendo aes e atitudes compatveis com a Lei de Amor, Justia e Caridade. As enfermidades espirituais deixaro de existir, esclarecem-nos os benfeitores espirituais, quando nos renovarmos para o bem. NesseReformador/Junho 2004

sentido, so oportunas as elucidaes do Esprito Andr Luiz: A enfermidade, como desarmonia espiritual (...) sobrevive no perisprito. As molstias conhecidas no mundo e outras que ainda escapam ao diagnstico humano, por muito tempo persistiro nas esferas torturadas da alma, conduzindo-nos ao reajuste. A dor o grande e abenoado remdio. Reeduca-nos a atividade mental, reestruturando as peas de nossa instrumentao e polindo os fulcros anmicos de que se vale a

nossa inteligncia para desenvolver-se na jornada para a vida eterna. Depois do poder de Deus, a nica fora capaz de alterar o rumo de nossos pensamentos, compelindo-nos a indispensveis modificaes, com vistas ao Plano Divino, a nosso respeito, e de cuja execuo no poderemos fugir sem graves prejuzos para ns mesmos.*XAVIER, Francisco Cndido. Entre a Terra e o Cu, pelo Esprito Andr Luiz. 21. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2003, cap. 21, p. 174.*

A subjugaoA subjugao uma constrio que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um verdadeiro jugo. A subjugao pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, o subjugado constrangido a tomar resolues muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espcie de iluso, ele julga sensatas: uma como fascinao. No segundo caso, o Esprito atua sobre os rgos materiais e provoca movimentos involuntrios. Traduz-se, no mdium escrevente, por uma necessidade incessante de escrever, ainda nos momentos menos oportunos. Vimos alguns que, falta de pena ou lpis, simulavam escrever com o dedo, onde quer que se encontrassem, mesmo nas ruas, nas portas, nas paredes. Vai, s vezes, mais longe a subjugao corporal; pode levar aos mais ridculos atos. Conhecemos um homem, que no era jovem, nem belo e que, sob o imprio de uma obsesso dessa natureza, se via constrangido, por uma fora irresistvel, a pr-se de joelhos diante de uma moa a cujo respeito nenhuma pretenso nutria e pedi-la em casamento. Outras vezes, sentia nas costas e nos jarretes uma presso enrgica, que o forava, no obstante a resistncia que lhe opunha, a se ajoelhar e beijar o cho nos lugares pblicos e em presena da multido. Esse homem passava por louco entre as pessoas de suas relaes; estamos, porm, convencidos de que absolutamente no o era, porquanto tinha conscincia plena do ridculo do que fazia contra a sua vontade e com isso sofria horrivelmente.Fonte: KARDEC, Allan. O Livro dos Mdiuns. 72. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2004, cap. XXIII, item 240, p. 309.

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PRESENA DE CHICO XAVIER

Renovemo-nos hojeMeus amigos:

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ue Nosso Senhor Jesus-Cristo nos conserve o amor no corao e a luz no crebro, para que nossas mos permaneam vigilantes e diligentes no bem. Quem assinala os dramas de aflio a emergirem da treva nas sesses medinicas, percebe facilmente a importncia da vida humana como estao de refazimento e aprendizado. Principalmente para ns, os que procuramos no Espiritismo uma porta iluminada de esperana para o acesso verdade, a existncia na Terra se reveste de subido valor, porque no desconhecemos os perigos da volta retaguarda. Sentimos de perto o martrio das criaturas desencarnadas que se deixaram arrastar pelos furaces do crime e o tormento das almas, sem a concha fsica, que ainda se apegam desvairadamente iluso. Somos testemunhas de culpas e remorsos que passaram impunes diante dos tribunais terrestres, e anotamos a Justia Imanente, Universal e Indefectvel, que confere a cada Esprito o galardo da vitria ou o estigma da derrota, segundo as realizaes que edificou para si mesmo. Sabemos que no vale perguntar com a Cincia, menoscabando a conscincia, e no ignoramos que14 212

as tragdias e as lgrimas que fazem o inferno, nas regies sombrias, se originam, de maneira invarivel, do sentimento desgovernado e vicioso. Vede, pois, que, em nos conchegando ao Cristo de Deus, buscando-lhe a inspirao para os nossos servios e ideais, nada mais fazemos que situar os nossos princpios no lugar que lhes prprio, porque a nossa Doutrina Renovadora , sobretudo, um roteiro de aperfeioamento do homem, com a sublimao do carter.

O Espiritismo no um esporte da inteligncia. um caminho de purificao para a glria eternaEntre as realidades amargas que nos visitam os templos de intercmbio e certas predicaes de companheiros cultos e entusiastas, mas imperfeitamente acordados para as responsabilidades que lhes competem, lembremo-nos de que quase vinte sculos de Cristianismo verbal viram passar no mundo tronos e Estados, organizaes e monumentos, guerras e acordos, casas

de caridade e santurios de estudo em todas as linhas da civilizao do Ocidente, erguendo-se em nome de Jesus e tornando ao p de que nasceram, to-somente com o benefcio da experincia dolorosa, haurida entre a sombra e a desiluso. Levantemo-nos para a f que nos redima por dentro. Deus o Senhor do Universo e da Natureza, mas determina sejamos artfices de nossos prprios destinos. Renovemo-nos hoje ao Sol do Evangelho! Cada qual de ns use a ferramenta das idias superiores de que j dispe e de conformidade com a lio de nosso Divino Mestre, estudada por ns nesta noite. Trabalhemos, enquanto dia, na preparao do futuro de paz. O Espiritismo no um esporte da inteligncia. um caminho de purificao para a glria eterna. No cume da montanha que nos compete escalar, aguarda-nos o Senhor como o Sol da Vida. Desentranhemos, assim, a gema de nossa alma do escuro cascalho da ignorncia, para refletir-lhe a Divina Luz!Cairbar Schutel Fonte: XAVIER, Francisco C., Vozes do Grande Alm. Diversos Espritos. 4. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1990, p. 65-67.Reformador/Junho 2004

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Lei do Progressos ltimos dois sculos transcorridos constituem, inegavelmente, perodo ureo da histria humana, pelas conquistas e resultados conseguidos no exerccio das atividades intelectuais, cientficas e tecnolgicas. O adiantamento material e espiritual foi relevante, permitindo ao homem dar largas passadas, ultrapassar os limites da Terra e conseguir, por outro lado, conceber a vida em novas dimenses. Tais constataes no significam, evidentemente, que os habitantes terrenos tenham superado a ignorncia e as imperfeies disseminadas por diversos recantos do Planeta. Contudo, ao considerarmos, por exemplo, a abolio da escravido, em todas as naes, foroso concluir que esse fato, mesmo isoladamente, constitui importante vitria contra a ignbil prtica de subjugar o semelhante, nosso irmo, o prximo. Do ato da condenao do Cristo de Deus ao culto que hoje lhe prestado, em muitos locais e por vrios segmentos religiosos, nota-se grande alterao do comportamento humano. O Sindrio, com relao a Jesus, no exerceu sua atribuio de julgar, como era normalmente de sua alada. Naquele episdio j havia a condenao antecipada do Cristo. Houve, apenas, a montagem de uma impostura, umaReformador/Junho 2004

Washington Borges de Souza

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simulao de julgamento para enganar e satisfazer o dio de uma malta ignorante. O mundo de ento estava mergulhado em densas trevas, que somente o curso do tempo e os emissrios divinos tm o encargo de dissipar. Naquelas circunstncias e perante aquela scia, o sacrifcio infame de Jesus teve carter de um fato comum, sem relevncia. Aquele bando de algozes, de completa carncia intelectual e moral, no podia imaginar que sua ao estava relacionada com os destinos do Planeta. Toda aquela encenao constitua o mais infamante labu da humanidade terrena. Hoje, decorridos dois milnios das lamentveis cenas do Calvrio, ainda imperativo absoluto desalojar do corao humano o orgulho e o egosmo para que o homem possa defender-se da influncia perniciosa do materialismo e praticar as leis da fraternidade e amor ao prximo, conduta indispensvel para sentir-se feliz e encontrar o rumo da perfeio a que se destina. Pode ser compreensvel que a pessoa que tenha os olhos permanentemente voltados para o cho, em busca de bens perecveis, no creia em Deus. O que difcil de entender e aceitar como pode o ser humano olhar para o cu, mirar as estrelas que cintilam, ter permanente contacto com as leis naturais que regem o Universo e no perceber a presena do Criador misericordioso e amoroso que est em toda a parte.

O advento do Espiritismo, na segunda metade do sculo XIX, abriu imensas oportunidades de ampliao dos conhecimentos nos domnios da Psicologia e de outras atividades cientficas. Aprofundaram-se conhecimentos atinentes vida e matria inerte. Surgiram novos horizontes para a Humanidade. Aps milnios, o Espiritismo d ensejo aproximao da Cincia e da Religio. O progresso constante das criaturas e dos mundos onde habitam faz parte dos decretos da Divina Providncia. , portanto, imposio inabalvel. A Doutrina Esprita esclarece que ocorre primeiramente o adiantamento intelectual, da resultando o progresso moral, sempre dificultado pelo orgulho e pelo egosmo que o entravam mas no o impedem de realizar-se. O princpio da reencarnao ou das vidas sucessivas do Esprito a prescrio natural destinada a assegurar-lhe o aperfeioamento, sendo que a educao, em sentido amplo, o meio eficiente para que a alma atinja a sua destinao. O progresso moral das criaturas , inegavelmente, a grande necessidade atual da humanidade terrena. O Consolador prometido e enviado por Jesus nos exorta a combater permanentemente nossos erros e defeitos, grandes ou pequenos, para podermos evoluir. Estimula, tambm, continuamente, a prtica do bem, da justia, do amor a Deus e ao prximo, da caridade, e a buscar o conhecimento da verdade, como meios e modos infalveis de avanar, de conformidade com a soberana e indefectvel Lei do Progresso.213 15

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Bezerra de Menezes adverte sobre as adendas perniciosas

Jorge Hessen

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Espiritismo traz-nos uma nova ordem religiosa que precisa ser preservada. Nela o Cristo desponta como excelso e generoso condutor de coraes e o Evangelho brilha como o Sol na sua grandeza mgica. Doutrina que cresceu demasiadamente nos ltimos lustros, em suas hostes surgiram bons lderes ao tempo que tambm apareceram imprudentes inovadores com a presuno de atualizar Kardec. A Terceira Revelao a resposta sbia dos Cus s interrogaes da criatura aflita na Terra, conduzindo-a ao encontro de Deus. Cremos que preserv-la da presuno dos reformadores e das propostas ligeiras dos que o ignoram e apenas fazem parte dos grupos onde apresentado, constitui dever de todos ns. Bezerra de Menezes tem demonstrado preocupao com a manuteno da singeleza dos postulados espritas, seno, vejamos: Neste momento, contabilizamos glrias da Cincia, da Tecnologia, do pensamento, da arte, da beleza, mas no podemos ignorar as devastadoras estatsticas da perversidade que16 214

se deriva dos transtornos comportamentais (...). (...) as criaturas humanas ainda no encontraram o ponto de realizao plenificadora. Isto porque Jesus tem sido motivo de excogitaes imediatistas no campeonato das projees pessoais, na religio, na poltica e nos interesses mesquinhos. 1 Se abraamos o Espiritismo, por ideal cristo, no podemos negar-lhe fidelidade. O legado da tolerncia no se consubstancia na omisso da advertncia verbal diante das enxertias conceituais e prticas anmalas que alguns companheiros intentam impor no seio do Movimento Esprita. Para os mais afoitos, a pureza doutrinria a defesa intransigente dos postulados espritas, sem maior observncia das normas evanglicas; para outros, no menos afobados, a rgida igualdade de tipos de comportamentos sem a devida considerao aos nveis diferenciados de evoluo em que estagiam as pessoas. Sabemos que o excesso de rigor na defesa doutrinria pode levar a graves erros, se enveredarmos pelas trilhas de extremismos injustificveis, posto que redundaro em diviso inaceitvel, em face dos impositivos da fraternidade. bvio que no podemos converter defesa da pureza kardequiana em cristali-

zada padronizao de prticas que podem obstar a criatividade espontnea diante da liberdade de ao. No obstante repelir as atitudes extremas, no podemos abrir mo da vigilncia exigida pela pureza dos postulados espritas e no hesitemos, quando a situao se impuser, em nos alertar sobre a fidelidade que devemos a Kardec e a Jesus. importante no esquecermos que nas pequeninas concesses vamos descaracterizando o projeto da Terceira Revelao. necessrio preservar o Espiritismo conforme o herdamos do eminente Codificador, mantendo-lhe a claridade dos postulados, a limpidez dos seus contedos, no permitindo que se lhe instale adenda perniciosa, que somente ir confundir os incautos e os menos conhecedores das suas diretrizes 2 inegvel que existem inmeras prticas no compatveis com o projeto doutrinrio que urge sejam combatidas exausto, nas bases da dignidade crist, sem quaisquer laivos de fanatismo, tendente a impossibilitar discusso sadia em torno de questes controversas. Apresentando certa apreenso quanto ao Movimento Esprita, nosso Benfeitor recorda: A Boa Nova (...) produz jbilo interno e no algazarra exterior. (...) no lcito que nos transformemos emReformador/Junho 2004

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pessoas insensatas no trato com as questes espirituais. Preservar, portanto, a pulcritude e a seriedade da Doutrina no Movimento Esprita dever que nos compete a todos e particularmente ao Conselho Federativo Nacional atravs das Entidades Federadas. 3 (Destacamos.) Sobre os que ainda se fixam demasiadamente nas questes fenomnicas, Bezerra lembra: (...) a mediunidade deve ser exercida santamente, cristmente, com responsabilidade e critrios de elevao para no se transformar em instrumento de perturbao e desdia. 4 O exerccio da mediunidade deve ser reservado s pessoas que conheam Espiritismo, pelo fato de ser extremamente perigosa a participao de pessoas despreparadas em trabalhos medinicos. E por desateno desse tpico, aps mais de um sculo de mediunidade luz da Doutrina Esprita, temo-la ainda atualmente ridicularizada pelos intelectuais, materialistas e atestas, que insistem em desprez-la at hoje. Em nome do Espiritismo, h aqueles que propem prticas alternativas, que nada tm a ver com a teraputica esprita. Em recente entrevista ao jornal Alavanca abril/maio-2000 Divaldo Franco adverte sobre as terapias alternativas curanderismos e a fascinao na prtica medinica, apontandoos como fatores que tm desestabilizado o projeto da unidade doutrinria.5 por essas e outras que a revista Veja6 registra que os mdicos da ala conservadora da Psiquiatria consideram os mdiuns como dotados de neuroses, psicoses, desvios de personalidade, esquizofrenias.Reformador/Junho 2004

Muitos adeptos do Espiritismo desconhecem Allan Kardec, Emmanuel, Andr Luiz, Joanna de ngelis, Bezerra de Menezes e outros consagrados expoentes da difuso doutrinria e lastimavelmente esto aguilhoados nas prticas que comprometem todo projeto doutrinrio. Mantende o esprito de paz, preservando os objetivos abraados e, caso seja necessrio selar vosso compromisso com testemunho, no titubeeis. 7 O exerccio dos cdigos evanglicos impe-nos a obrigatria fraternidade e compreenso para com os adeptos dessas prticas, o que no quer dizer que devamos omitir-nos quanto oportuna advertncia para que a Casa Esprita

no se transforme em academia de iluses.REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS: Bezerra de Menezes. (Mensagem psicofnica recebida pelo mdium Divaldo Pereira Franco, em 9 de novembro de 2003, no encerramento da Reunio do Conselho Federativo Nacional, na sede da Federao Esprita Brasileira, em Braslia. Publicada com o ttulo Brilhe a vossa luz, em Reformador/dezembro/2003, p. 8 (446) e 9 (447).2 3 4 5 6 7 1

Idem, ibidem. Idem, ibidem. Idem, ibidem. Jornal Alavanca abril/maio-2000. Revista Veja. SP, abril -1999.

Cf. Bezerra de Menezes. Mensagem psicofnica In: Reformador/dezembro/2003.

Nosso trabalhoO nosso trabalho de dedicao causa da Verdade, estabelecendo as linhas da Fraternidade e do Bem, comeando a vivncia crist em nosso ntimo, em nosso lar, na famlia a clula gloriosa da nossa redeno , para da partirmos na direo da famlia terrestre sob as bnos do Planeta-Me que nos hospeda h milnios. As nossas decises so baseadas nas palavras de Jesus; a nossa definio o Evangelho, que faz falta ao mundo, e que, aparentemente divulgado, no tem encontrado ressonncia nos coraes, apesar de memorizado e repetido pelos expoentes das doutrinas religiosas. Jesus, para ns, o znite e o nadir, pelo que tem feito em benefcio nosso desde o princpio, nesta grande paixo que mantm por ns, a fim de que nos apressemos para encontrar a paz. Porfiai, pois, obreiros da Era Nova! Tende a coragem de discutir sem dissentir, de discordar sem separar, porque o nosso fulcro a Verdade que defenderemos com a prpria vida, como temos feito muitos de ns atravs dos evos.Bezerra Fonte: Mensagem psicofnica recebida pelo mdium Divaldo Pereira Franco, na Reunio do Conselho Federativo Nacional, em 7/11/1992. (Transcrio parcial extrada de Reformador de dezembro de 1992, p. 13 (361).)

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Antes que venha o arrastoRichard Simonetti

Mateus, 13:47-50.

o tempo de Jesus era usado no Mar da Galilia o arrasto, uma forma de pescaria. Os pescadores preparavam redes quadradas, bem grandes, que permaneciam numa posio vertical dentro dgua, mediante a utilizao de pesos e flutuadores. Eram levadas pelos barcos e deixadas em determinada localizao. A partir dali eram puxadas para a praia, por cordas, colhendo todos os tipos de peixes, suficientemente grandes para ficarem presos em suas malhas. Havia proibies de consumo, pela lei judaica, como est na orientao mosaica, em Levtico (11:12): Tudo o que no tem barbatanas nem escamas, nas guas, ser para vs abominvel. Juntamente com os peixes no comestveis e de mau sabor, eram jogados de volta ao mar ou iam para o lixo.

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Quando est cheia, os pescadores a retiram e, sentados na praia, escolhem os bons para os cestos, e o que no presta, deitam fora. Assim ser na consumao dos sculos: viro os anjos e separaro os maus dentre os justos, e os lanaro na fornalha ardente, onde haver choro e ranger de dentes. No aspecto fsico, o Reino de Deus abrange o Universo. O Criador est em tudo e em todos. No aspecto individual uma condio ntima, aquele momento de iluminao em que nos integramos plenamente na Vida, cidados do Universo. No aspecto coletivo seria a instalao de uma sociedade formada por Espritos iluminados. Com o crescimento espiritual da Humanidade amplia-se o contingente dos que realizaram o Reino em seus coraes. Hoje, uma minoria. Em alguns sculos, talvez, a maioria. Acontecer, ento, o arrasto da parbola. Colhidos pelas malhas da Justia, aqueles que no se enquadrarem na nova ordem sero jogados na fornalha ardente Naturalmente, trata-se de um simbolismo, uma imagem forte, que a teologia medieval levou ao p da letra, concebendo a idia do inferno de fogo, onde as almas com-

prometidas queimam sem se consumir, em perenes sofrimentos.

...O Espiritismo oferece idia diferente. No estaro irremissivelmente condenados os recalcitrantes. Sero simplesmente degredados em planetas inferiores, onde enfrentaro dificuldades e dissabores, sob orientao da mestra Dor, l bem mais severa. Isso, somado s saudades da Terra e dos afeioados que aqui ficaro, quebrar a rebeldia, favorecendo sua renovao. Redimidos, ainda que isso exija o concurso dos milnios, retornaro ao nosso mundo. Segundo Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, h alguns milnios havia um planeta no sistema de Capela, uma estrela, na constelao do Cocheiro, cuja populao atingira um estgio de evoluo que permitiria a promoo daquele planeta. Deixaria de ser um mundo de expiao e provas, como a Terra, cujos habitantes so orientados pelo egosmo, e passaria a mundo de regenerao, com uma populao disposta a assumir a cidadania do Reino de Deus. Ocorre que uma parcela da populao no estava sintonizada com os novos rumos. Ento, houve o arrasto, envolvendo milhes de reReformador/Junho 2004

...Jesus usa a imagem do arrasto para transmitir um de seus ensinamentos sobre o Reino dos Cus. () semelhante a uma rede lanada ao mar, que apanha toda espcie de peixes.18 216

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calcitrantes. A direo espiritual do planeta os transferiu para um mundo em evoluo primria. Voc pode imaginar qual seria, amigo leitor? Se pensou em nosso planeta, acertou. Os capelinos encarnaram no seio das raas humanas, promovendo desde logo grandes transformaes, j que mentalmente eram muito mais evoludos, embora moralmente em estgio semelhante ao dos terrestres. Os antroplogos espantam-se com a civilizao neoltica. Em algumas centenas de anos grandes conquistas foram obtidas a domesticao dos animais, a descoberta da agricultura, a formao da escrita, a utilizao de metais, a vida urbana O Homem, que estava praticamente na idade da pedra, repentinamente se viu em meio a grandes conquistas. Foram iniciativas dos capelinos que deram origem, inclusive, s grandes civilizaes, como a egpcia, a hindu, a indo-europia e a hebraica. Detalhe importante. No esto bem definidos para os antroplogos os fatores que determinaram sua extino. Mas, luz do Espiritismo, simples explicar. Na medida em que os degredados, renovados e redimidos, retornaram ao planeta de origem, as civilizaes que edificaram entraram em decadncia. Imaginemos uma famlia rica e abastada, que construa moderno palacete numa favela. Depois de alguns anos, o proprietrio muda-se e deixa o imvel para os favelados. Estes,Reformador/Junho 2004

sem condies para cuidar adequadamente dele, deixam que se deteriore, at transformar-se em runas. Foi o que aconteceu com aquelas civilizaes. Morreram porque o homem terrestre no tinha competncia para preserv-las.

...Algo semelhante ocorrer com a Terra, no grande arrasto. Seitas pentecostais o anunciam para breve, ainda neste sculo. Proclamam seus arautos: Arrependam-se! Jesus est chegando! O Espiritismo confirma que isso acontecer, no como uma condenao eterna, mas como um degredo transitrio para aqueles que no realizarem o Reino em suas almas. Parece-me, amigo leitor, que no ocorrer em tempo breve. Fcil entender a razo. No Sermo da Montanha Jesus nos d uma pista de quem ficar, ao proclamar: Bem-aventurados os mansos, porque herdaro a Terra. Significa que ficaro aqueles que houverem conquistado a mansuetude. Se acontecesse agora, certamente, nosso planeta seria transformado num deserto, porquanto raras pessoas efetuaram essa conquista. Estamos to longe da mansido, em face do carter agressivo que caracteriza o homem, orientado pelo egosmo, que o termo manso guarda uma conotao pejorativa. Chamar algum de manso xing-lo, equivalente a dizer que corre sangue de barata em suas veias.

No entanto, apenas algum que venceu a agressividade; que no reage ao mal com o mal; que guarda as razes de sua estabilidade no prprio ntimo. Se bem observarmos, verificaremos que muitos males que conturbam as relaes humanas, em todos os nveis, inspiram-se na agressividade, sempre com o propsito de favorecer o interesse pessoal.

...Podemos fazer um teste ligeiro, a fim de verificar se estamos conquistando a mansido, habilitando-nos ao Reino, ou se corremos perigo no arrasto. 1 Somos submetidos a uma cirurgia e permanecemos acamados por alguns dias. a) Cultivamos a orao e a serenidade, procurando no incomodar ningum, nem aumentar a preocupao dos familiares. b) Perturbamos a todos com gemidos e reclamaes, como se estivssemos sob tortura num leito de faquir, sobre um colcho de pregos. 2 Um conhecido passa por ns sem nos cumprimentar. a) Consideramos que no nos viu ou estava distrado. b) Ficamos possessos: Pretensioso! Julga que tem um rei na barriga! 3 O cnjuge est meio quieto, fechado, poucas palavras. a) Imaginamos que deve estar cansado, querendo um pouco de sossego. b) Estressamos e logo clamamos217 19

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que est querendo nos levar loucura com seu mutismo. 4 No trnsito, um motorista buzina atrs, assim que abre o sinal. a) Consideramos que deve estar com pressa. Engatamos a primeira e seguimos em frente. b) Castigamos o atrevido, demorando para avanar. Se torna a buzinar, fazemos um sinal malcriado, mandando-o passar por cima. 5 Cruzamos uma rua preferencial, inadvertidamente. Um motorista, cujo carro quase foi atingido, faz gesto pejorativo, sugerindo barbeiragem. a) Admitimos que precisamos estar mais atentos. b) Gritamos a plenos pulmes, recomendando-lhe que v procurar aquela senhora, que o ps no mundo. 6 O chefe nos adverte quanto a uma falha. a) Desculpamo-nos, com a disposio de melhorar nosso desempenho. b) Mal contemos o desejo de pular em seu pescoo, e, intimamente, formulamos ardentes votos de que ele v para o diabo que o carregue. 7 O subordinado comete uma falha. a) Tratamos de orient-lo para uma melhor conduo do servio. b) Lembramos-lhe de que se no der um jeito na sua atuao profissional h dezenas de desempregados que podem fazer o dobro do que faz, pela metade do ordenado.20 218

8 Os vizinhos envolvem-se numa discusso, pondo-se a gritar uns com os outros. a) Consideramos que devem estar com algum problema e oramos por eles. b) Chamamos a polcia para dar um jeito naqueles malucos. 9 O filho vai mal na escola. a) Dispomo-nos a acompanh-lo nas tarefas, ajudando-o. b) Damos-lhe uma surra homrica, prometendo fazer pior se voltar a tirar notas baixas. 10 Num grupo de trabalho, em atividade religiosa, no aceitam nossa sugesto.

a) Ficamos tranqilos, considerando que muitas cabeas pensam melhor que uma s. b) Reclamamos que uma cambada de pretensiosos que no deixa espao para ningum, e nos afastamos. Se nossas respostas envolvem em maioria a opo a, podemos ficar tranqilos. Estamos bem em nosso aprendizado espiritual. Se as respostas mais freqentes envolvem a opo b, h deficincias comprometedoras. preciso cuidado, torcendo para que no venha o arrasto antes de vencermos os arrastamentos da agressividade.

No livro d'almaSe tens f, no te aflija a noite escura. Ao corao que a lgrima domina, Ele estende, amoroso, a mo divina E abre as portas da paz, risonha e pura. Alivia a aspereza da amargura E sobre as trevas de misria e runa Acende nova estrela matutina, Na esperana sublime que perdura. Se a crena viva te dirige os passos, Sob a carcia de celestes braos Recebers o po, a luz, o abrigo... Ama a cruz que te ampara e regenera E, envolvendo-te em santa primavera, O Mestre Amado seguir contigo.Auta de Souza Fonte: XAVIER, Francisco C., Correio Fraterno, por Diversos Espritos. 5. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1998, cap. 40, p. 97.

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ESFLORANDO O EVANGELHO

Emmanuel

para istoNo retribuindo mal por mal, nem injria por injria; antes, pelo contrrio, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados. (I Pedro, 3:9.)A fileira dos que reclamam foi sempre numerosa em todas as tarefas do bem. No apostolado evanglico, reparamos, igualmente, essa regra geral. Muitos aprendizes, em obedincia ao pernicioso hbito, preferem o caminho dos atritos ou das dissidncias escandalosas. No entanto, mais algum raciocnio despertaria a comunidade dos discpulos para a maior compreenso. Convidar-nos-ia Jesus a conflitos estreis, to-s para repetir os quadros do capricho individual ou da fora tiranizante? Se assim fora, o ministrio do Reino estaria confiado aos teimosos, aos discutidores, aos gigantes da energia fsica. contra-senso desfazer-se o servidor da Boa Nova em lamentaes que no encontram razo de ser. Amarguras, perseguies, calnias, brutalidade, desentendimento? So velhas figuraes que atormentam as almas na Terra. A fim de contribuir na extino delas que o Senhor nos chamou s suas fileiras. No as alimentes, emprestando-lhes excessivo apreo. O cristo um ponto vivo de resistncia ao mal, onde se encontre. Pensa nisto e busca entender a significao do verbo suportar. No olvides a obrigao de servir com Jesus. para isto que fomos chamados.Fonte: XAVIER, Francisco Cndido. Po Nosso. 21. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2001, cap. 118, p. 247-248.

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Dr. March

Uma vida dedicada caridadeecentemente, quando estudvamos para fazer uma apresentao no X Encontro Estadual Esprita-Esperantista do Estado do Rio de Janeiro, ocorrido no dia 7/12/03, na sede da Federao Esprita do Estado do Rio de Janeiro (FEERJ), tivemos a ateno despertada para uma informao contida no livro O Esperanto na Viso Esprita, de Ismael Gomes Braga, editado pela Societo Lorenz. J sabamos que Lzaro Lus Zamenhof, o criador do Esperanto, tinha sido mdico na Polnia, de incio como clnico geral para depois dedicar-se Oftalmologia. Mas no sabamos que ele havia passado por agruras financeiras. Para obter, em um dia de trabalho, o rendimento que um mdico, no centro de Varsvia, conseguia atendendo a cinco clientes, o Dr. Zamenhof tinha que atender a mais de trinta. Foi, verdadeiramente, um apstolo da Medicina. E, como nos encontrvamos em Niteri, cidade onde est sediada a FEERJ, nada melhor do que incluir em nossa fala a histria de um homem que foi igualmente apstolo da Medicina e esperantista, que viveu grande parte de sua vida na ex-capital fluminense.22 220

Hlio Ribeiro Loureiro

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Estamos falando do Dr. Guilherme Taylor March, mdico homeopata, presidente honorrio do Instituto Hahnemanniano do Brasil. Embora havendo conhecido o Esperanto j na idade madura, o Dr. March serviu-se dele para corresponder-se com mdicos homeopatas de diversas partes do mundo.

De inteligncia invulgar, mas profundamente humilde, ele conheceu a Homeopatia quando ainda era um jovem estudante de Medicina. Residia o Dr. March na capital do Imprio, na cidade do Rio de Janeiro, e ento quando um jovem empregado adoece e atendido por um mdico homeopata. Depois de demorada consul-

ta, prescreveu os remdios que deveriam ser tomados de hora em hora, e Guilherme, o futuro Dr. March, ofereceu-se para velar a noite toda junto ao doente. Quando o mdico voltou no dia seguinte, para a visita ao enfermo, encontrou-o de volta aos seus afazeres de caixeiro, plenamente restabelecido. Isso impressionou Guilherme e certamente o influenciou para sua entrega total cincia homeoptica. No dando certo a sua clnica no Rio de janeiro, aceitou o convite que um amigo lhe fez e veio morar e trabalhar em Niteri, antiga capital da Provncia do Rio de Janeiro, onde se estabeleceu num imvel alugado no centro da cidade. Foi o primeiro mdico homeopata de Niteri e, como sempre acertava em seus diagnsticos receitando o remdio correto, sua fama se espalhou pela cidade, que ento contava com pouco mais de dez mil habitantes. No cobrava consulta. Quem podia, pagava como o desejasse. Essa prtica quase o levou falncia completa, enquanto os aluguis do imvel onde morava e trabalhava se avolumavam sem qualquer soluo vista. Foi quando aconteceu algo que, nos dias atuais, se torna quase inexplicvel: a populao da cidade, extremamente grata a ele, d-lhe uma casa de presente! Fato inReformador/Junho 2004

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dito na histria do Pas, tamanha era a gratido do povo por ele! O imvel ficava situado no bairro do Barreto, prximo ao centro de Niteri. Quem chegava do Rio pelas barcas devia tomar um bonde com destino vizinha So Gonalo, e ao perguntar ao motorneiro (condutor do bonde) onde ficava a casa do Dr. March, ele informava que no tinha como errar. Ao chegar em frente sua casa, o motorneiro gritava: Casa do Dr. March! O efeito era surpreendente: o bonde ficava quase vazio! A procura era tamanha que, a um seu pedido, o povo construiu, nos fundos de sua casa, uma pequena vila de quartos, para que ele atendesse aos necessitados de toda ordem, os quais viajavam dias a p para consultar-se. As pessoas chegavam e encontravam um lugar para descansar, roupas limpas, e sempre havia uma sopa fumegante no fogo para saciar-lhes a fome do corpo. O Dr. March ganhou tanta notoriedade que no tinha mais como dormir em sua cama. Atendia at cerca de meia-noite, tendo iniciado seu labor j s seis da manh, e a um leve toque em sua porta, que dormia destrancada, ele pulava da rede de lona que armava na sala e atendia ao doente. Homens como esse no ficam muito tempo na Terra. E uma insidiosa doena levou-o ao leito, o que, todavia, no o impediu de continuar clinicando. Deitado no leito, transformou seu quarto num consultrio e atendia s pessoas ali mesmo. Nessa poca, havia ganhado uma pequena farmcia, que montou em sua prpria casa e onde sua filha Eponina manipulava os remdios por ele receitados. OsReformador/Junho 2004

doentes j saam com o remdio pronto. Pelo inusitado, uma outra ocorrncia, ligada ao prestgio do Dr. March, merece registro. Os farmacuticos da cidade, ao atenderem um cliente com receita assinada por ele, perguntavam se a pessoa podia pagar o remdio. A resposta era quase sempre negativa, mas o remdio era fornecido gratuitamente, como expresso de respeito a uma pessoa que aos olhos de todos era o anjo bom do povo naquela poca. A doena insidiosa progrediu de uma tal forma que o Dr. March entrou em coma. Foi quando ocorreu mais um lance emocionante de sua extraordinria vida. Um de seus filhos era bancrio e, ao finalizar um atendimento, deu ao cliente seu carto de visita, em que figurava o nome March. O cliente, curioso com aquela coincidncia, pergunta-lhe se ele tinha algum parente que j havia morrido e que assinava G. March. Ele respondeu, assustado, que quem assinava assim era seu pai que, entretanto, estava vivo, em coma, mas vivo. O cliente ento lhe mostra uma receita homeoptica adquirida no dia anterior, pela via da psicografia. Explicou-lhe que atravs de uma jovem sonmbula, residente num bairro pobre no muito distante do centro da cidade, de nome Engenhoca, o Esprito de um mdico, que se assinava G. March, estava atendendo a muita gente... Era o Dr. March que, desdobrado, atendia aos deserdados de toda a sorte. Mas, chegou o dia em que ele teve que partir. E Niteri cobriu-se de luto. Foi o enterro mais concorrido daquela poca. Podemos afirmar que todos os habitantes da ci-

dade, beneficiados ou no por ele, acorreram s ruas para saudar o cortejo fnebre. Um trecho de poucos quilmetros, que poderia ser percorrido em no mximo meia hora, levou mais de seis horas para se completar. Era o povo que no deixava passar o cortejo a transportar o corpo daquele que ficou conhecido como o Pai dos Pobres de nossa regio. Poucos meses depois, na sede histrica da Federao Esprita do Estado do Rio de Janeiro, numa sesso nobre, proposta a criao de um Instituto que tivesse o nome do Dr. March e que fosse destinado a meninas rfs. E, no incio da dcada de trinta do sculo passado, numa memorvel tarde de vero, catlicos, protestantes, judeus, maons reuniram-se aos espritas fluminenses para fundar o Instituto Dr. March. Chico Xavier ficou ciente do ocorrido. Nessa poca, sua me, Maria Joo de Deus, lhe havia ditado o livro Cartas de uma morta, e ele resolveu doar os direitos autorais para o nascente Instituto, que funciona at hoje, no mais com meninas rfs, mas como uma creche gratuita que atende a quase trezentas crianas. Homens como esse, histrias como essa, no podem ficar esquecidos. Por isso, estamos preparando a edio de um livro sobre a vida desse apstolo da Medicina, que se utilizou do Esperanto para aprimorar-se na cincia homeoptica. Ele soube, sem dvida, devotar- se prtica do Bem, associando-a aos ideais da fraternidade universal inscritos no estandarte do Esperanto. Ao Dr. March, nossa eterna gratido.221 23

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A FEB E O ESPERANTO

Zamenhof

Affonso Soares

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zaro Lus Zamenhof uma personalidade universal, cultuada em todas as regies do Planeta pelos que utilizam o Esperanto e praticam seus ideais de fraternidade, concrdia, unio acima de quaisquer fronteiras, materiais e espirituais. Recentemente, um eminente esperantista japons, Kanzi Ito, concluiu um grandioso projeto, concebido e iniciado em 1973, de publicar a obra completa de Zamenhof, cuja editorao foi concluda no corrente Zamenhof ano, atingindo a imponente cifra de 57 alentados volumes, em que fi- Grande Irmo, Missionrio e Mensageiro, guram, principalmente, No acendeste, em vo, na noite escura, as obras originais e tradu- A estrela da esperana, terna e pura, zidas, dicionrios, peri- Que brilha agora para o mundo inteiro. dicos, epistolrio, correspondncia do compilador No sofreste, debalde, o cativeiro com outros bigrafos de Da carne que flagelo e desventura; Zamenhof, obras de ou- Tua mensagem lcida fulgura tros pioneiros da Lngua Sob o amor do Divino Pegureiro. Internacional, entre muitas peas ligadas figura Em teu apostolado augusto e santo, do criador do Esperanto. Desfraldaste a bandeira do Esperanto Mas no apenas eru- Unindo os povos na Fraternidade!... ditos reverenciam a memria do grande apsto- Gnio Celeste entre os Celestes Gnios lo da Fraternidade, ben- Brilhars na memria dos milnios, feitor da Humanidade, Vanguardeiro da nova Humanidade!24 222

nascido em 15 de dezembro de 1859 na pequena cidade polonesa de Bialystok. Em todos os quadrantes do globo, associaes de esperantistas, disseminadas tanto em grandes centros de cultura como em mal conhecidos lugarejos, pem em prtica o genial instrumento de comunicao, exercitam os ideais superiores a ele indissoluvelmente ligados, assim homenageando, pelo diuturno servio no Bem, aquele que desceu aos cenrios terrestres com a misso de contribuir para o advento da fase universalista da vida em nosso mundo. No Brasil, a influncia das idias e princpios do Espiritismo, acolhi-

da pelo corao generoso de imensa parcela de sua gente, permitiu que aqui se estabelecessem poderosos e idneos canais de comunicao com as regies esclarecidas do mundo espiritual, atravs dos quais tambm temos recebido belas, edificantes manifestaes de habitantes do Alm-Tmulo a respeito do Esperanto. A que aqui vamos reapresentar um soneto do grande poeta brasileiro Cruz e Souza, em que expressa sua reverente homenagem figura de Lzaro Lus Zamenhof. Ao lado do original em portugus, recebido por Francisco Cndido Xavier, transcrevemos a no menos magistral verso em Esperanto feita pelo eminente literato esperantista, mestre em Lingstica, atual Presidente da Academia de Esperanto, Prof. Geraldo Mattos.

ZamenhofAn1elo, misiisto, frato pia, Ne vane vi, en nokto de mizero, Lumigis la kandelon de lespero, Brilantan nun tra ltuta mondo nia. Ne vane vin turmentis la karcero De lkarno skur1o kaj malbono fia, 0ar sub la beno de lPa7tisto Dia, Mesa1o via brilas por la vero. Per Esperanto, Sankta Apostolo, Vi ligis mem popolon al popolo En amo kaj frateco /iopova! Nun, 0ielulo inter diaj briloj, Vin dankos kaj memoros la jarmiloj, Ho Pioniro de lhomaro nova!Reformador/Junho 2004

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1 Congresso Esprita do Amazonas

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DesculpaEscuta serenamente Quem te repele ou censura. H muito fel de amargura, Em forma de maldio. s vezes quem te maltrata Arrasta apenas consigo Sede, fome e desabrigo Por brasas no corao. Quem te injuria e escarnece, Na frase agressiva, azeda, Em si sofre a labareda Que verte do prprio mal. Toda clera doena. Aquele que se enraivece Solicita o po e a prece Do socorro fraternal. Muita gente cai nas trevas, Por no achar, no caminho, Brandura, silncio e ninho, No peito amigo de algum. Inda que ofensas te cubram E lminas te retalhem, Que as tuas foras no falhem Na fora que espalha o bem. Desculpa, constantemente, O golpe, a pedrada, o insulto, Apesar do pranto oculto, Amargo, desolador! Quem tolera e quem perdoa, Embora de alma ferida, Encontra, na prpria vida, O reino do Eterno Amor.Irene Sousa Pinto Fonte: XAVIER, Francisco C., VIEIRA, Waldo. Antologia dos Imortais. 4. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, p. 97-98.

Sesso de Abertura: Saudao da Presidente da FEA, Sandra Farias de Moraes, ladeada por (a partir da esquerda): Andr Luiz Peixinho, Altivo Ferreira, Samuel Magalhes e Luciano Klein Filho

Federao Esprita Amazonense realizou, no perodo de 8 a 11 de abril, o 1o Congresso Esprita do Amazonas, como parte das comemoraes de seu Centenrio, mas destacando, tambm, o Bicentenrio de Nascimento de Allan Kardec, os 120 anos da Federao Esprita Brasileira e os 140 anos do lanamento de O Evangelho segundo o Espiritismo. O tema central O Espiritismo na construo de um mundo melhor foi abordado em palestra pblica na Sesso de Abertura, que ocorreu no Auditrio da Universidade do Estado do Amazonas. As atividades do Congresso desenvolveram-se no Instituto Denizard Rivail, atravs de palestras e painis a cargo dos expositores Alberto Ribeiro de Almeida (PA), Altivo Ferreira (SP), Andr Luiz Peixinho (BA), Jos Alberto Machado (AM), Luciano Klein Filho (CE) e Samuel Nunes Magalhes (AM). Foram, tambm, apresentados temas livres nos intervalos das exposies.Reformador/Junho 2004

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FEB/CFN - COMISSES REGIONAIS

Reunio da Comisso Regional Nordeste

Sesso Plenria: Aspecto parcial da Mesa

Realizou-se em Fortaleza (CE), no perodo de 16 a 18 de abril, a XVIII Reunio Ordinria da Comisso Regional Nordeste do Conselho Federativo Nacional, da Federao Esprita Brasileira, com a

presena de integrantes de todas as Entidades Federativas da Regio: Federao Esprita do Estado de Alagoas, Federao Esprita do Estado da Bahia, Federao Esprita do Estado do Cear, Federao Espri-

ta do Maranho, Federao Esprita Paraibana, Federao Esprita Pernambucana, Federao Esprita Piauiense, Federao Esprita do Rio Grande do Norte e Federao Esprita do Estado de Sergipe. Compareceram, tambm, a Presidente da Federao Esprita Amazonense (Regio Norte), o Presidente da Associao Mdico-Esprita do Cear e uma representante da Associao Brasileira de Divulgadores do Espiritismo. A equipe da Federao Esprita Brasileira contou com 13 participantes. Sesso de Abertura A Sesso de Abertura, iniciada com prece e saudao da Presidente da FEEC, Olga Lcia EspndolaReformador/Junho 2004

Reunio dos Dirigentes: Aspecto parcial (I)26 224

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Freire Maia, e dirigida pelo Coordenador das Comisses Regionais, ocorreu na noite de 16 de abril, sexta-feira, quando foi proferida a palestra pblica comemorativa do Bicentenrio de Nascimento de Allan Kardec, por Luciano Klein Filho, que, utilizando datashow, fez excelente exposio sobre fatos e vultos da histria do Espiritismo na Frana e no Brasil. Reunio Geral A Reunio Geral foi instalada na sexta-feira, aps a palestra pblica, quando o Coordenador prestou informaes gerais sobre a pauta a ser desenvolvida e, aps a apresentao individual de todos os participantes, interrompeu os trabalhos, a fim de que tivessem incio, na manh de sbado, dia 17, as sete reunies setoriais: a dos Dirigentes e as das reas de Atividade Medinica, Comunicao Social Esprita, Estudo Sistematizado da Doutrina Esprita, Infncia e Juventude, Servio de Assistncia e Promoo Social Esprita e Atendimento Espiritual no Centro Esprita. Reunio dos Dirigentes Esta reunio contou com os seguintes participantes: pela FEB Altivo Ferreira (Coordenador), Antonio Cesar Perri de Carvalho (Secretrio-Executivo da Secretaria Geral do CFN) e Edinlia Pinto Peixinho (Secretria adoc, na ausncia,Reformador/Junho 2004

Reunio dos Dirigentes: Aspecto parcial (II)

por recomendao mdica, do titular Francisco Bispo dos Anjos); pelas Federativas Estaduais, os respectivos Presidentes Alagoas, Sebastio Geraldo da Silva; Bahia, Creuza Santos Lage; Cear, Olga Lcia Espndola Freire Maia; Maranho, Ana Luiza Nazareno Ferreira; Paraba, Jos Raimundo de Lima; Pernambuco, Snia Maria Arruda Fonseca; Piau, Ornlio Bezerra Monteiro; Rio Grande do Norte, Sandra Maria Borba Pereira; e Sergipe, Raimundo Gregrio. Os Presidentes estiveram acompanhados por Vice-Presidentes, Assessores e, como observadores, alguns convidados. O Coordenador informou aos presentes que a FEB estava lanando, na Bienal Internacional do Livro, em So Paulo, a edio especial de O Evangelho segundo o Espiritismo, comemorativa dos 140 anos de sua publicao (foi distribudo um exemplar a cada Federativa), assim como os quatro primeiros volumes da Revue Spirite (Revista Esprita), de Allan Kardec, em traduo de Evandro Noleto Bezerra. Aprovada a Ata da Reunio de 2003, Cesar Perri coordenou a exposio sobre o andamento e os re-

sultados do curso Capacitao Administrativa para Dirigentes de Casas Espritas transmitido em toda a Regio, durante o ano de 2003 , com o relato, pelas Federativas, das atividades desenvolvidas junto aos seus rgos regionais e Centros Espritas para a implementao do curso, adaptando-o em consonncia com as realidades prprias e as condies dos participantes, mas sem sair dos objetivos e metas propostos. Quanto ao assunto da reunio, Ao da Casa Esprita ante os avanos e necessidades do homem com vistas avaliao das experincias colhidas com a aplicao do Projeto, os Dirigentes relataram as providncias adotadas para a aplicao do Projeto elaborado e aprovado na Reunio de 2003, salientando os resultados j obtidos em algumas Casas Espritas. Na prxima reunio sero trazidas as informaes sobre como foram desenvolvidas as atividades pertinentes ao Projeto: o que foi feito, com quem, e quais os indicadores de sucesso. A prxima reunio ser realizada em Teresina (PI), nos dias 8, 9 e 10 de abril de 2005, com abordagem do assunto Preparar o Centro Esprita para interagir no processo225 27

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federativo, na sua condio de unidade fundamental do Movimento Esprita. Sesso Plenria A Reunio Geral foi reiniciada, com a Sesso Plenria, na manh de domingo, dia 18. Proferida a prece, foram apresentados os seguintes relatos dos trabalhos desenvolvidos nas reunies setoriais: rea da Atividade Medinica, coordenada por Marta Antunes de Oliveira Moura, com o apoio de Edna Maria Fabro. Assunto da reunio: A Prtica Medinica: 1. Qualificao do trabalhador do grupo medinico; 2. Organizao e funcionamento do grupo medinico (tipos, funes, estruturas); 3. Comunicao dos Espritos: a equipe encarnada, a equipe espiritual, o dilogo com os Espritos; 4. Avaliao da prtica medinica. Assunto para a prxima reunio: Sugestes de procedimentos e roteiros para a prtica medinica. rea da Comunicao Social Esprita, coordenada por Merhy Seba, com o apoio de Snia Regina Ferreira Zaguetto. Assunto da reunio: Planejamento Estratgico na comunicao integrada, sendo abordadas, tambm, as Campanhas da FEB aprovadas pelo Conselho Federativo Nacional. Assunto para a prxima reunio: O Espiritismo na TV: desafios e oportunidades. rea do Estudo Sistematizado da Doutrina Esprita, coordenada por Maria Tlia Bertoni. Assuntos da reunio: 1. Avaliao do II Encontro Nacional de Coordenadores de ESDE; 2. Estudo do Manual de28 226

Reunio dos Dirigentes: Aspecto parcial (III)

Organizao e Funcionamento do ESDE. Assunto para a prxima reunio: Campanha de interiorizao do ESDE. rea da Infncia e Juventude, coordenada por Rute Vieira Ribeiro, com o apoio de Miriam Lcia Herrera Masotti Dusi. Assunto da reunio: O papel do DIJ no Movimento Esprita. Assunto para a prxima reunio: Campanha de Interiorizao do Trabalho da Infncia e da Juventude. rea do Servio de Assistncia e Promoo Social Esprita, coordenada por Jos Carlos da Silva Silveira, com o apoio de Maria de Lourdes Pereira de Oliveira. Assuntos da reunio: 1. As polticas pblicas e a Assistncia e Promoo Social Esprita; 2. A interao do SAPSE e o Terceiro Setor; 3. Experincias das Federativas no Controle Social (Conselhos de Direito). Assunto para a prxima reunio: Resultados da aplicao do ManuaL do SAPSE pelos Centros Espritas. rea do Atendimento Espiritual no Centro Esprita, coordenada por Maria Euny Herrera Ma-

sotti. Assunto da reunio: Anlise da Reunio de Assistncia Espiritual Item IV de Orientao ao Centro Esprita. Assunto para a prxima reunio: Tcnicas de Entrevistas no Atendimento Fraterno. Reunio dos Dirigentes: O relato dos principais assuntos tratados pelos Dirigentes coube Secretria da reunio, Edinlia Pinto Peixinho. No encerramento dos trabalhos, os Presidentes das Federativas visitantes fizeram suas consideraes finais e despedidas, salientando, todos, o fraterno acolhimento dos dirigentes e trabalhadores da Federao Esprita do Estado do Cear. Em clima de muita emoo, a Presidente da FEEC agradeceu aquelas calorosas manifestaes e apresentou os devotados colaboradores que ensejaram o xito da reunio. O Coordenador, em breves palavras, apresentou os agradecimentos da equipe da FEB e convidou o Presidente da Federativa do Piau, anfitri da prxima reunio, para proferir a prece final.Reformador/Junho 2004

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Muito ajuda quem no atrapalha(...) Estejamos certos de que muito coopera e auxilia sempre quem trabalha e no atrapalha. Andr Luiz1 Esprito de Verdade desenha, com muita nitidez e perfeio, o modus operandi dos verdadeiros obreiros do Senhor, ao afirmar:2 (...) Ditosos os que hajam dito a seus irmos: Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforos, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra, porquanto o Senhor lhes dir: Vinde a mim, vs que sois bons servidores, vs que soubestes impor silncio aos vossos cimes e s vossas discrdias, a fim de que da no viesse dano para a obra! Mas, ai daqueles que, por efeito das suas dissenses, houverem retardado a hora da colheita, pois a tempestade vir e eles sero levados no turbilho! (...) Erasto nos ensina como reconhecer os verdadeiros obreiros do Senhor:3 (...) Reconhec-los-eis pelos princpios da verdadeira caridade que eles ensinaro e praticaro. Reconhec-los-eis pelo nmero de aflitos a que levem consolo; reconhec-los-eis pelo seu amor ao prximo, pela sua abnegao, pelo seu desinteresse pessoal; reconhec-losReformador/Junho 2004

Rogrio Coelho

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-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princpios (...). Em pgina de peregrina beleza e onusta de ensinamentos teis para a nossa Vida de relao, Andr Luiz ensina:4 (...) Se voc no consegue evitar a irritao, use o silncio; se no aprova o socorro material aos necessitados, no apague a chama da beneficncia no corao daqueles que a praticam; se ainda no sente facilidade para esquecer as faltas alheias, no considere por subservincia a atitude louvvel dos irmos que olvidam o mal, a qualquer instante, em louvor do bem; se no acredita no valor do dilogo construtivo, em favor dos irmos ignorantes e infelizes, no menospreze o esforo daqueles que o cultivam buscando a libertao dos companheiros ensombrados em desequilbrio; se no admite o amparo das Entidades humildes, na supresso das dificuldades de Esprito e das desarmonias do corpo, enquanto estamos na Terra, no menoscabe o apoio de semelhantes auxiliares que se guiam pelas bnos da Natureza; se no dispe de recurso para a cordialidade com todos, no impea que outros a exemplifiquem, na prtica da fraternidade; se no suporta o clima de intercmbio com os amigos encarnados ou desencarnados, ainda presos,

de certo modo, s trevas de Esprito, no subestime o trabalho de quantos se dedicam a reconfort-los e esclarec-los; se no pode abraar os portadores de opinies e crenas diversas das suas, no julgue por irresponsabilidade a tarefa respeitvel de quantos se aplicam solidariedade para aproveitamento no bem de todos os obreiros da f que nos partilhem a convivncia e o caminho; se no sabe unir os irmos de experincia na sustentao das boas obras, no tenha por bajulao o comportamento daqueles que colaboram na harmonia e entrosamento de todos os coraes para o bem. natural pense cada um como possa e ningum deve promover a violncia na Obra de Deus, mas, em qualquer tempo e situao, estejamos certos de que muito coopera e auxilia sempre quem trabalha e no atrapalha.REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:1

XAVIER, Francisco C., Endereo da Paz. Ed.

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KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-

piritismo.121. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2003, cap. XX, item 5, p. 315.3 4

Idem, ibidem, item 4, p. 314. XAVIER, Francisco C., Endereo da Paz. Ed.

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PGINAS DA REVUE SPIRITE

Exame das comunicaes medinicas que nos so enviadas

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uitas comunicaes nos foram enviadas por diferentes grupos, quer nos pedindo conselho e julgamento de suas tendncias, quer, da parte de alguns, na esperana de as verem publicadas na Revista. Todas nos foram entregues com a faculdade de delas dispor como melhor entendssemos para o bem da causa. Fizemos o seu exame e classificao e esperamos que ningum haja de surpreender-se ante a impossibilidade de inseri-las todas, considerando-se que, alm das j publicadas, h mais de trs mil e seiscentas que, por si ss, teriam absorvido cinco anos completos da Revista, sem contar um certo nmero de manuscritos mais ou menos volumosos dos quais falaremos adiante. A apreciao crtica deste exame nos fornecer matria para algumas reflexes, de que cada um poder tirar proveito. Em grande nmero encontramo-las notoriamente ms, no fundo e na forma, evidente produto de Espritos ignorantes, obsessores ou mistificadores e que juram pelos nomes mais ou menos pomposos com que se revestem. Public-las teria sido dar armas crtica. Circunstncia digna de nota que a30 228

quase totalidade das comunicaes dessa categoria emana de indivduos isolados, e no de grupos. S a fascinao poderia lev-los a ser tomados a srio e impedir se visse o lado ridculo. Como se sabe, o isolamento favorece a fascinao, ao passo que as reunies encontram controle na pluralidade das opinies. Todavia, reconhecemos com prazer que as comunicaes dessa natureza formam, na massa, uma pequena minoria. A maioria das outras encerra bons pensamentos e excelentes conselhos, sem significar que todas devam ser publicadas, e isto pelos motivos que vamos expor. Os bons Espritos ensinam mais ou menos a mesma coisa por toda a parte, porque em toda a parte h os mesmos vcios a reformar e as mesmas virtudes a pregar. Eis um dos caracteres distintivos do Espiritismo; muitas vezes a diferena est apenas na correo e elegncia do estilo. Para apreciar as comunicaes, tendo em conta a publicidade, no se deve consider-las de seu ponto de vista, mas do do pblico. Compreendemos a satisfao que se experimenta ao obter algo de bom, sobretudo quando se comea, mas alm do fato de que certas pessoas podem ter iluso sobre o mrito intrnseco, no se p