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FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 126 • Nº 2.156 • Novembro 2008 D EUS , C RISTO E C ARIDADE R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749 O Homem Bem de “O verdadeiro de é o que cumpre a lei de , de e de , na sua maior pureza.” homem bem justiça amor caridade

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F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 126 • Nº 2.156 • Novembro 2008D EUS , CR I S TO E CAR I D ADE

R$ 5,00

ISSN 1

413

- 1

749

O Homem

Bemde

“O verdadeiro de éo que cumpre a lei de ,

de e de , nasua maior pureza.”

homem bemjustiça

amor caridade

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo Cristão

Ano 126 / Novembro, 2008 / N o 2.156

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA

Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:

Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:

Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.br

E-mail: [email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

Bezerra de Menezes – Um homem de bem

Entrevista: Saulo Gomes

Entrevista histórica com Chico Xavier completa 40 anos

Presença de Chico Xavier

A primeira visita de Chico Xavier ao Rio

Esflorando o Evangelho

Lei de retorno – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Esperantistas-espíritas reuniram-se em Brasília –

Affonso Soares

Seara Espírita

A marcha evolutiva – Juvanir Borges de Souza

Doutrina ímpar – Yvonne do Amaral Pereira

O homem de bem (Capa) – Allan Kardec

Existem as doenças ou existem os doentes? –

Ruy Gibim

Pais espíritas – Clara Lila Gonzalez de Araújo

O abuso de drogas – Roberto Carlos Fonseca

Vícios e Paixões

Em dia com o Espiritismo – Universo ou

Universos Paralelos? – Marta Antunes Moura

Letargia, catalepsia, mortes aparentes –

Christiano Torchi

Morte – Cruz e Souza

Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica –

Os alicerces da Igreja Cristã – Haroldo Dutra Dias

Os quinhentos da Galiléia – Humberto de Campos

Marcha pela Vida – Brasil Sem Aborto

Eu não quero morrer! – A. Merci Spada Borges

O maior mandamento – Fidel Nogueira

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SumárioExpediente

PARA O BRASIL

Assinatura anual R$ 39,00

Número avulso R$ 5,00

PARA O EXTERIOR

Assinatura anual US$ 35,00

Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mail: [email protected]

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Editorial

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onforme relata o Espírito Humberto de Campos, as palavras acima desta-cadas foram dirigidas por Ismael ao Espírito que, com essa incumbência,reencarnou em Riacho do Sangue, Ceará, Brasil, em 29 de agosto de 1831,

e recebeu o nome de Adolfo Bezerra de Menezes.

Consciente da responsabilidade assumida, Bezerra de Menezes teve uma existên-cia plenamente voltada ao bem em todas as suas atividades: familiares, sociais, pro-fissionais, como médico – assistindo especialmente aos mais necessitados, o que lhedeu o título de “Médico dos Pobres”–, como político – atendendo aos interesses danação e da sociedade em geral –, e, posteriormente, como dedicado trabalhador doEspiritismo, empenhado no seu estudo, na sua divulgação e na sua prática, por re-conhecer nesta Doutrina um instrumento para a Humanidade sair do egoísmo e doorgulho em que se encontra e construir um mundo novo, assentado na fraternida-de e na solidariedade.

Desencarnado, em 11 de abril de 1900, deixou uma existência caracterizada pelaprática do bem, vivida dentro dos princípios do Evangelho de Jesus; e continua nomundo espiritual, até hoje, inspirando, orientando e amparando a todos os queestão tocados pela mensagem consoladora e esclarecedora da Doutrina Espírita e seesforçam por colocá-la em prática.

Bezerra de Menezes, por certo, não foi o único Espírito convidado a reencarnarna Terra para executar uma nobre tarefa. Mas, também nesse aspecto, serve deexemplo para todos nós, mostrando que os reais vitoriosos diante dos desafios domundo serão, sempre, os que praticam as leis de justiça, de amor e de caridade nasua maior pureza, conforme nos ensina a Doutrina Espírita.

C

Bezerra de Menezes– um homem de bem

“– Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias

no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregi-

mentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de

que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados

propósitos de reforma e regeneração. Não precisamos encarecer aos teus olhos a

delicadeza dessa missão; mas, com a plena observância do código de Jesus e com

a nossa assistência espiritual, pulverizarás todos os obstáculos, à força de perseve-

rança e de humildade, consolidando os primórdios de nossa obra, que é a de Jesus,

no seio da pátria do seu Evangelho.”1

1Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho – psicografia de Francisco Cândido Xavier – Cap. XXII,

Ed. FEB.

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radicionalmente, as reli-giões são crenças huma-nas, seja em uma força su-

perior, criadora do Universo, se-ja em poderes diversos, sobrena-turais, denominados deuses.

Crer em Deus, a inteligênciasuprema, como ensina a Doutri-na Espírita, demonstra que aTerceira Revelação tem seu as-pecto religioso, ao lado de seusprincípios científicos e suas de-duções filosóficas.

Devemos nos lembrar sempreque a Doutrina Consoladoraprocura alcançar os mais amplosaspectos da verdade, dentro daslimitações naturais do nossomundo, independentemente dasua classificação religiosa, cientí-fica ou filosófica, desde que seharmonizem.

Essa questão, quando analisadacom profundidade, tem uma corre-lação estreita com o ensino de Jesus:

“Eu sou o caminho, a verdadee a vida”.

Nosso pensamento é limitado,assim como os pontos de vista,que demarcam nossa vida.

Para alcançarmos o que desco-nhecemos, no domínio das leis di-vinas, necessitamos da colabora-ção dos mais sábios, dos pensado-res esclarecidos, Espíritos maisadiantados dos dois mundos, paraentendermos realidades desco-nhecidas e princípios ignorados.

Quanto mais se adianta e seaperfeiçoa o pensamento huma-no, mais compreensão e maiorrenovação beneficiam os ho-mens, com o auxílio do Alto,desde que o objetivo seja o bem.

A vinda do Consolador, pro-metido pelo Cristo, obedeceu a es-sa justa finalidade, para que a Hu-manidade, ou considerável partedela, pudesse beneficiar-se com co-nhecimentos mais amplos e per-cepções mais profundas que oscultivados anteriormente.

Com o Espiritismo, são os Es-píritos superiores, que estão aserviço de Deus e do Cristo, e nãosomente os homens, os intérpre-tes e os expositores da verdade,em novas dimensões, expandindoa compreensão humana, sem anecessidade de se separar a Ciên-cia da Religião ou da Filosofia, eisque essa divisão não mais se justi-fica, como no passado, porqueseus princípios se fundem numavisão unitária, mais elevada eabrangente, tendo todas a mesmaorigem e visando o mesmo fim.

Foi através de erros interpre-tativos, de conceitos equivoca-dos, de confusões e interesses di-versos, adotados no passado, nodecorrer dos séculos, que se ge-

A marchaevolutiva

TJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

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raram os desvios e os descami-nhos de diversas religiões e filo-sofias, inclusive o Cristianismoprimitivo, dos quais resultou umsomatório de difícil correção.

Por outro lado, a Ciência, enve-redando pelo exclusivismo da ma-

téria como a única substância detudo o que existe, sem considerara existência do espírito, como ooutro elemento do Universo, obs-tou por largo espaço de tempo oentendimento da efetiva realidade.

Retificar tais erros e desviosnão é fácil, diante da oposição sis-temática dos que se considerammais sábios e experientes, em ummundo atrasado, como o nosso.

Também sob esse aspecto, oConsolador representa o auxíliosuperior indispensável para aprevalência da verdade.

Ele é o opositor natural do ne-gativismo, do niilismo e do ma-terialismo de múltiplas faces, deorigens e procedências diversas,que são a negação do próprio serhumano, na sua dupla condiçãode matéria (corpo visível) e Espí-rito (parte invisível, transcen-dente), imortal, detentor da inte-ligência, da vontade e da respon-sabilidade por seus atos.

A razão humana sempre ne-cessitou da cooperação superior,sustentada pela luz divina daverdade.

Por isso, os desvios dos enten-dimentos humanos são corrigi-dos pelas revelações superioresda Espiritualidade, que ocorremsempre que o Governador Espi-ritual da Terra julga necessáriofazê-los.

A última dessas revelações foio Consolador, pedido ao Pai eenviado pelo Cristo, em meadosdo século XIX.

Em decorrência dessa Revela-ção, não há dúvida de que havianecessidade de retificar os trans-vios do Cristianismo primitivo,produzidos por interesses diversos.

Sendo a Doutrina Espírita arevivência do Cristianismo, comos acréscimos das coisas novasreferidas por Jesus, ela represen-ta o reencontro com a verdade,desvirtuada através dos séculos.

São os próprios homens, embusca do progresso e reconhe-cendo os erros praticados nopassado, que promoverão as mu-danças necessárias, auxiliadospela Espiritualidade superior.

Entre esses enganos e desacertosencontram-se não só os desvios in-terpretativos dos ensinos e exem-plos superiores, mas também asdoutrinas niilistas e negativistas,que conduzem as sociedades hu-manas às ilusões e à anarquia, comojá tem ocorrido em diversos países.

São revoluções sociais comfundamento em concepções ilu-sórias que, ao fim de algum tem-po, desiludem as populações, pornão terem suas bases firmadasem realidades, mas em enganos.

O materialismo histórico edialético é um exemplo dolorosode erro baseado no desconheci-mento do que é o ser humano,em sua essência, equiparando-oà matéria e desprezando a exis-tência do Espírito imortal.

Toda e qualquer obra huma-na, especialmente a de caráter

social, para ser grande e durado-ra, há que firmar seus princípiosna verdade. O que é concebidofora das leis naturais é efêmero.

A doutrina socialista para aorganização das sociedades hu-manas, ignorando a realidade doque é o ser humano, no que eletem de essencial – a alma ou Es-pírito imortal –, só poderia fra-cassar nos seus objetivos, porpartir de um pressuposto falsosobre o que é o homem.

Infelizmente, parte da Huma-nidade mergulhou em especula-ções enganosas do materialismodialético e se decepcionou comos resultados negativos.

A educação, como processo dedesenvolvimento intelectual emoral do ser humano, ainda nãofoi compreendida na sua signifi-cação final, individual e social.

Por vezes é confundida com ainstrução de vários níveis, quan-do os conhecimentos adquiridos,a cultura, a erudição são apenasuma parte do aperfeiçoamentointegral de todas as faculdades eaptidões do Espírito imortal, nabusca da perfeição, seu objetivofinal, para o qual foi criado.

A educação, assim entendida, éo fator mais poderoso para o pro-gresso, já que ela prepara o en-contro com o futuro que esperatodos os Espíritos em evolução.

A Doutrina Consoladora, queatende às necessidades atuais deconhecimentos para os seres hu-manos, abre a todos nós uma me-lhor percepção da vida futura,constituindo-se assim em verda-deiro curso de educação ampla,

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no sentido de aclarar o porvirque aguarda a todos.

O progresso resulta dos pen-samentos cada vez mais próxi-mos da verdade e dos sentimen-tos sempre mais elevados. Todosnós somos regidos por essa leidivina e por outras, que a Dou-trina dos Espíritos revelou aoshomens, as quais são universais,incidindo sobre toda a criação.

Portanto, a evolução do ser es-piritual até à perfeição, a que es-tá destinado, é alcançada atravésdos sentimentos e da sabedoria,as duas asas que sustentam amarcha ascensional.

Nos círculos da vida, que podemabranger diversas encarnações,neste e em outros mundos, os Espí-ritos têm mais facilidade em adqui-rir os mais variados conhecimen-tos, aplicando a inteligência, a ra-zão, o esforço, o trabalho e todos osatributos de que são dotados, en-quanto a melhoria dos sentimentostorna-se muito mais difícil.

Por essa razão, Jesus, o MestreIncomparável, sintetizou noAmor a Deus e ao próximo, oconjunto dos sentimentos e dasqualidades morais que caracteri-zam a evolução espiritual, dei-xando a busca do saber à inicia-tiva dos próprios homens.

Nosso mundo já reconheceu,de forma geral, a necessidade decultivar a busca dos conhecimen-tos úteis e variados, criando e di-fundindo escolas de diversos grauspor toda parte.

Entretanto, a iluminação espi-ritual, pela vivência do amor edos sentimentos dele derivados,é tarefa morosa, neste orbe de“expiações e provas”.

O lar, onde os pais têm suasresponsabilidades e deveres bemdefinidos pela tradição, de orien-tar corretamente os filhos, e asreligiões, mesmo com suas im-perfeições reconhecidas, são osmaiores responsáveis pela edu-cação moral e pelos estudos dosEvangelhos, bases para a melho-ria das individualidades e das co-letividades humanas.

Nas esferas espirituais, quan-do o Espírito está interessado emprosseguir em seus esforços evo-lutivos, existem os meios apro-priados para atender aos seus ob-jetivos, além da possibilidade dareencarnação no mundo material,visando a confirmação das con-quistas realizadas.

Já o Espírito encarnado temmuitas dificuldades para conhe-cer e entender o mundo invisí-vel, uma vez que o círculo em

que se desenvolve a vida materialfica adstrito e influenciado espe-cialmente pelo que é perceptívelaos nossos sentidos físicos.

Para a penetração e percepçãodo invisível necessitamos de estu-do e prática dos ensinos do Espi-ritismo, além da colaboração depensadores e mestres, encarnadose desencarnados, para que haja se-gurança nos trabalhos e sejamafastadas as influências inferiores.

A Doutrina Espírita não émais uma seita entre as inúmerasque surgiram no nosso mundo.

Ela expõe verdades e realida-des advindas da Espiritualidadesuperior, enriquecendo os conhe-cimentos humanos e mostrandoo caminho para a evolução mo-ral do homem.

Também não é uma doutrinadogmática, mas sim progressi-va, apoiando-se em fatos com-provados.

É Allan Kardec, o codificadorda Doutrina, que adverte os es-píritas contra o dogmatismo e oespírito de seita.

Assim, sem abrir mão dessasrealidades e verdades que abra-çamos, temos o dever de respei-tar o posicionamento daquelesque seguem outras religiões e ou-tras filosofias.

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Espiritismo é uma dou-trina complexa e com-pleta.

É original na sua estrutura,porque reúne em um todo har-mônico os postulados da Ciên-cia, as diretrizes da Filosofia eos instrumentos ético-moraisda Religião.

Única, na sua formulação, éportadora de propostas simplesque estão ao alcance de todos os

níveis de cultura, ao tempo emque atende às exigências maisseveras da razão e da lógica.

De fácil entendimento pelossimples de inteligência e os man-sos de coração, penetra-lhes ocerne da alma como um bálsa-mo suavizador na ardência daignorância.

Abrindo um leque de inúme-ras vertentes tem a ver com osmais diversos ramos do conhe-cimento, completando-os comos seus conteúdos profundos,porque remonta às causas de to-das as ocorrências, a fim de en-tender-lhes os efeitos.

Enquanto a ciência, em geral,examina nos efeitos as causas, oEspiritismo foi revelado pelomundo real, anterior, facultan-do a compreensão da esfera físi-ca, sua transitoriedade e suasrazões de existir.

Para bem ser entendido exigeo estudo e a reflexão cuidado-sos, abrangendo o conhecimen-to geral, que ilumina com osconceitos libertadores de cren-dices e de superstições.

Partindo-se da sua base – acrença em Deus e na imortali-dade da alma – a comunicabili-dade dos Espíritos é axiomática,pois que se constitui como re-curso experimental que lhescomprova a sobrevivência ao fenômeno da morte.

A reencarnação logo se apre-senta viável instrumento de quese utiliza a Justiça Divina parareeducar, corrigir e conduzir to-dos aqueles que se tornaram in-fratores ante as Leis Soberanas,tombando nos gravames que osempurraram aos abismos dainferioridade moral por ondetransitam, e de que se deveriamliberar.

Na prática mediúnica – subli-me recurso de iluminação! –alarga os horizontes do ser hu-mano para entender os desafiose os enigmas existenciais, logi-cando em torno dos malogros edesditas de que ninguém passana Terra sem os experimentar.

A mensagem evangélica deque se faz portador, atualizan-do-a com as revelações do além-

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O

Doutrinaímpar

O Espiritismo reúne as

diretrizes da Filosofia...

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-túmulo, confirma a grandeza deJesus e dos Seus ensinamentos,restaurando-Lhe a luminosa di-retriz do amor como sendo amais eficaz terapia para a vidade todas as criaturas humanas.

É nesse campo de nobres rea-lizações que atinge a sua magni-tude, facultando o diálogo comos imortais, o conhecimento davida extrafísica, os objetivos es-senciais da reencarnação, oscomportamentos saudáveis parao despertar lúcido após a jorna-da no corpo somático.

Pergunte-se a alguém que tra-zia o coração dilacerado pelador da perda física de um seramado sobre o conforto liberta-dor e indescritível que hauriuapós a comunicação mediúnicacom esse afeto de retorno, vivo eexuberante, e ele não terá pala-vras fáceis para traduzi-lo.

Suas explicações a respeito dosofrimento, o bem que propor-ciona ao calceta, ensejando-lheesperança de renovação e de re-cuperação, ao infeliz, brindandooportunidade de recompor-se eser ditoso, ao padecente sem esperança de recuperação quedescobre a continuidade da vidaapós a disjunção molecular, são asmais nobres respostas de qualida-de que nenhuma outra doutrinapode oferecer.

Arrancado das tenazes férreasda obsessão o paciente agora emequilíbro, ei-lo que se rejubila enão dispõe de expressões parabendizê-lo, agradecendo a dádi-va do raciocínio lúcido e da ale-gria de poder voltar a voar pela

imagina-ção na di-reção do in-finito...

Ao mesmo tem-po, aquele que seencontrava nas som-bras da ignorância, semhaver descoberto o senti-do existencial, após haver fruí-do as harmonias do Espiritismo,exultante, não consegue sopitaro júbilo infindo e a felicidade dobem-estar e da paz que ora ovisitam.

Desencarcerando os desencar-nados em desespero, que se arro-jaram à loucura, por não enten-derem o fenômeno da morte eda vida, faculta-lhes a visão per-feita das possibilidades que selhes encontram ao alcance paramanter-se em equilíbrio.

As suas avenidas culturais,alargadas pelos tratores do co-nhecimento e do sentimento,ensejam as caminhadas exitosasaos viandantes que antes se es-tremunhavam nos dédalos som-brios dos conflitos íntimos e domartírio dos sofrimentos a quese entregavam nos corredoresestreitos da aflição...

As lágrimas enxugadas e asdores lenidas nas mulheres enos homens aflitos modificamtotalmente o contexto socialque se apresenta calmo, ense-jando a construção de melhorescondutas para o futuro da Hu-manidade.

Nunca podem ser contabiliza-dos os benefícios que propicia, ea luz da caridade que esparze,

fulgurando nos corações, é co-mo um permanente Sol man-tendo a vida em todas as suasexpressões.

Uma palavra espírita é valio-so tesouro para a solução demuitos sucessos desafiadores ede caráter agressivo, infeliz.

Um pensamento espírita bemdirecionado é corrente vigorosaque vitaliza, erguendo os com-balidos que não suportaram ofragor das lutas.

Uma atitude espírita de so-corro transforma-se em liçãoviva que traduz a qualidade dosseus ensinamentos vigorosos.

Que tem o materialismo, noentanto, para oferecer-lhes, alémdo desencanto, da fatalidade ig-nóbil de haverem sido esses des-

9Novembro 2008 • Reformador 407

...os postulados

da Ciência e...

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ditosos eleitos para a desgraça,conforme apregoa?

Apresentando o suicídio ou omergulho no prazer exaustivo,como saída da agonia, são astorpes soluções de que dispõepara as vidas ressequidas e ator-mentadas, tornando-se verdugocruel do pensamento e do senti-mento humanos.

O Espiritismo não é uma dou-trina passadista ou conformista,porquanto estimula a busca dosvaliosos recursos da Ciência nosseus múltiplos aspectos para so-lucionar os enigmas existenciaise ajudar a vencer os desafiosnormais, enquanto oferece mo-ral, resistência e coragem paraprosseguir-se na luta sem jamaisdesistir-se, sempre jovial e con-fiante nos resultados finais.

Não mantém a ingenuidadenem a ignorância, jamais estimu-lando à postergação do que sedeve fazer quando se apresentadifícil no momento, antes ofere-ce as ferramentas para a execu-ção do trabalho que está desti-nado a cada indivíduo, ilumi-nando-lhe a mente com a inspi-ração do bem e renovando-lhe

os sentimentos com o prazer deencontrar-se vivo no corpo,portanto, com infinitas possibi-lidades de superar os impedi-mentos que surgem pelo cami-nho da evolução.

A sua lógica, decorrente da suafilosofia, atende a todas as ne-cessidades e interrogações do pen-samento, não deixando de eluci-dar os dramas existenciais, a ori-gem do ser, do sofrimento e oseu destino.

O ser humano tem buscadoatravés da História uma religiãoque console sem iludir, ilumi-nando-lhe a existência e ofere-cendo-lhe robustez de ânimopara o enfrentamento das vicis-situdes que todos experimentamdurante a trajetória material.

Por muito tempo ludibriadopelas doutrinas ortodoxas queescravizam as mentes e atemori-zam os corações, terminou portombar na negação do Espírito eda vida imortal, cansando-se decerimônias e de extravagantesconceitos dogmáticos.

Apoiando-se na Ciência e nasua extraordinária contribui-ção, sente, não poucas vezes, o

vazio interior que o inquieta,buscando soluções químicas pa-ra os conflitos que podem serresolvidos pela oração, pela me-ditação, pela ação do bem, peloauto-encontro...

Por fim, chegou-lhe o Espiritis-mo e abriu-lhe os braços genero-sos com as suas informações de sa-bedoria, propondo-se a albergar aimensa mole humana no seu seio,sem qualquer tipo de dependênciapsicológica fora da razão ou pro-messa salvacionista sem o concur-so pessoal de cada qual.

O Espiritismo é a ciência reli-giosa dos tempos modernos e dascriaturas que anelam por umareligião científica, a fim de que,abraçadas, essas duas alavancasdo progresso ofereçam a filoso-fia especial para a conquista dafelicidade plena pela qual todosanelam, e a conseguirão.

Yvonne do Amaral Pereira

(Página psicografada pelo médium Dival-

do Pereira Franco, na sessão mediúnica

da noite de 18 de junho de 2008, no Cen-

tro Espírita Caminho da Redenção, em

Salvador, Bahia.)

10 Reformador • Novembro 2008408

...os instrumentos

ético-morais da

Religião.

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Reformador: Como surgiu a idéia

da entrevista com Chico Xavier, em

1968?

Saulo Gomes: Em 1967 pautei umareportagem inédita, na cidade deItapira (SP), mostrando, pela TV

Tupi de São Paulo, o Instituto dePsiquiatria Américo Bairral, umaentidade espírita, onde já se faziaa avançada Terapia Ocupacionalcom centenas de pacientes vítimasde males psíquicos. Isso me deu achance de, através dos diretoresdaquele hospital, fazer uma apro-ximação com Chico Xavier.

Reformador: Qual foi a repercus-

são da histórica entrevista?

Saulo Gomes: A repercussão foisurpreendente! Além de nossa ex-pectativa, a ponto de precisarmosatender aos pedidos de “reprise”,na Rede Associada de Televisão.Essa foi uma das reportagens demaior audiência da época.

Reformador: O projeto do “Pinga

Fogo” foi uma conse-

qüência dessa primeira

entrevista?

Saulo Gomes: O “Pinga Fogo” foi,sem dúvida, uma conseqüênciadessa entrevista. A partir daí, Chi-co Xavier teve várias participa-ções na imprensa escrita, falada etelevisada.

Reformador: Como se desenvolve-

ram os preparativos para o “Pinga

Fogo”?

Saulo Gomes: A equipe de pro-dução iniciou uma discussão paraprocurar um entrevistado que pro-porcionasse uma boa audiência pa-ra o “Pinga Fogo”que, na época, erao maior programa de entrevistas datelevisão brasileira. Aproveitei omomento e sugeri o nome de ChicoXavier. Minha sugestão foi comouma bomba! Gerou muita discus-são. Todos discordaram, observan-do que essa entrevista poderia nãoagradar aos membros da Igreja Ca-tólica. Depois de muita pondera-

11Novembro 2008 • Reformador 409

SAU LO GO M E SEntrevista

Entrevista histórica

completa 40 anoscom Chico Xavier

Saulo Gomes, conhecido repórter da então TV Tupi, realizou a primeira grandeentrevista com Francisco Cândido Xavier. Quarenta anos depois, o repórter é entrevistado sobre os dois marcos históricos do Espiritismo na mídia –

a entrevista de 1968 e o primeiro “Pinga Fogo”

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ção, minha idéia foi aprovada. Seguipara Uberaba levando o convite aoChico. Ele tomou um susto, e ob-servou: “Você é um amigo ‘guerrei-ro’, será que devo ir a esse progra-ma? Eu acho que não tenho compe-tência para isso. Peça aos seus ami-gos para aguardarem, eu vou meaconselhar com Emmanuel, aí da-rei uma resposta definitiva”. Chicoaceitou e, no dia 27 de julho de1971, o “Pinga Fogo” registrou amaior audiência de sua história.

Reformador: Quais foram os crité-

rios na seleção dos entrevistadores

para o “Pinga Fogo”?

Saulo Gomes: A produção optoupor convidar entrevistadores dediversas religiões e ideologias e atéateus. Foram convidados católi-cos, judeus, evangélicos, espíritas,e jornalistas dos diversos órgãosde imprensa. Esse critério trouxeum equilíbrio ao programa, que

foi ao vivo e se estendeu por trêshoras, onde o público que lotava oauditório ouvia, em silêncio abso-luto, as respostas daquele homemhumilde e iluminado.

Reformador: E qual foi a reação de

Chico Xavier após o programa?

Saulo Gomes: O estúdio, nos Al-tos do Sumaré, em São Paulo, deonde foi gerado o programa, regis-trou a presença de milhares de pes-soas. No final do programa, Chicofoi ovacionado in-tensamente e to-dos queriam tocá--lo, abraçá-lo e fa-lar com ele. Creioque Chico estavaum pouco assus-tado. Não sabía-mos se ele estavasorrindo ou cho-rando, mas de-monstrava a certe-

za de que havia prestado um gran-de serviço ao Espiritismo, ao con-trário do que ele temia. Foi muitodifícil tirá-lo do estúdio.

Reformador: Houve aferição de sin-

tonia de telespectadores no “Pinga

Fogo”?

Saulo Gomes: Houve, sim. O di-retor comercial da TV Tupi, Fer-nando Severino, e o diretor-geralde programação, Cassiano GabusMendes, comunicaram, no dia se-guinte, que o IBOPE registrou86% de audiência, com apenas11% de aparelhos desligados. Esseresultado só foi superado, na Te-levisão Brasileira, com a chegadado homem à Lua.

Reformador: Como avalia hoje a

missão de Chico Xavier?

Saulo Gomes: Poucos homensno mundo tiveram a oportunidadede se dedicar ao próximo comoChico Xavier. Através de sua psi-cografia, Chico deixou mensagensde fé, amor e esperança a milharesde pessoas. Acredito que ele cum-priu sua missão, aqui na Terra,sendo um instrumento de Espíri-tos iluminados.

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verdadeiro homem debem é o que cumpre alei de justiça, de amor

e de caridade, na sua maiorpureza. Se ele interroga a cons-ciência sobre seus próprios atos,a si mesmo perguntará se violouessa lei, se não praticou o mal,se fez todo o bem que podia, sedesprezou voluntariamente al-guma ocasião de ser útil, se nin-guém tem qualquer queixa dele;enfim, se fez a outrem tudo oque desejara lhe fizessem.

Deposita fé em Deus, na Suabondade, na Sua justiça e na Sua sa-bedoria. Sabe que sem a Sua per-missão nada acontece e se Lhesubmete à vontade em todas ascoisas.

Tem fé no futuro, razão porque coloca os bens espirituaisacima dos bens temporais.

Sabe que todas as vicissitudesda vida, todas as dores, todas asdecepções são provas ou expia-ções e as aceita sem murmurar.

Possuído do sentimento decaridade e de amor ao pró-ximo, faz o bem pelobem, sem esperar paga

alguma; retribui o mal com o bem,toma a defesa do fraco contra oforte, e sacrifica sempre seus in-teresses à justiça.

Encontra satisfação nos bene-fícios que espalha, nos serviçosque presta, no fazer ditosos osoutros, nas lágrimas que enxuga,nas consolações que prodigalizaaos aflitos. Seu primeiro impulsoé para pensar nos outros, antesde pensar em si, é para cuidar dosinteresses dos outros antes do seupróprio interesse. O egoísta, aocontrário, calcula os proventos eas perdas decorrentes detoda ação generosa.

O homem de bemé bom, humano eb e n e v o l e n t e

para com todos, sem distinção de

raças, nem de crenças, porque emtodos os homens vê irmãos seus.

Respeita nos outros todas asconvicções sinceras e não lançaanátema aos que como ele nãopensam.

O

O homemde bem

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Em todas as circunstâncias, to-ma por guia a caridade, tendo co-mo certo que aquele que prejudi-ca a outrem com palavras malé-volas, que fere com o seu orgulhoe o seu desprezo a suscetibili-dade de alguém, que não recuaà idéia de causar um sofrimento,uma contrariedade, ainda que li-geira, quando a pode evitar, faltaao dever de amar o próximo e nãomerece a clemência do Senhor.

Não alimenta ódio, nem ran-cor, nem desejo de vingança; aexemplo de Jesus, perdoa e es-quece as ofensas e só dos benefí-cios se lembra, por saber que per-doado lhe será conforme houverperdoado.

É indulgente para as fraquezasalheias, porque sabe que tambémnecessita de indulgência e tempresente esta sentença do Cristo:“Atire-lhe a primeira pedra aque-le que se achar sem pecado”.

Nunca se compraz em rebus-car os defeitos alheios, nem, ain-da, em evidenciá-los. Se a isso sevê obrigado, procura sempre obem que possa atenuar o mal.

Estuda suas próprias imperfei-ções e trabalha incessantementeem combatê-las. Todos os esfor-ços emprega para dizer, no dia se-guinte, que alguma coisa traz emsi de melhor do que na véspera.

Não procura dar valor ao seuespírito, nem aos seus talentos,a expensas de outrem; aprovei-ta, ao revés, todas as ocasiõespara fazer ressaltar o que sejaproveitoso aos outros.

Não se envaidece da sua rique-za, nem de suas vantagens pes-soais, por saber que tudo o quelhe foi dado pode ser-lhe tirado.

Usa, mas não abusa dos bensque lhe são concedidos, sabe queé um depósito de que terá deprestar contas e que o mais pre-

judicial empregoque lhe pode dar éo de aplicá-lo à sa-tisfação de suaspaixões.

Se a ordem so-cial colocou sob oseu mando outroshomens, trata-oscom bondade e be-nevolência, porquesão seus iguais pe-rante Deus; usa dasua autoridade pa-ra lhes levantar omoral e não para osesmagar com o seuorgulho. Evita tudoquanto lhes possa

tornar mais penosa a posição su-balterna em que se encontram.

O subordinado, de sua parte,compreende os deveres da posi-ção que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosa-mente.

Finalmente, o homem de bemrespeita todos os direitos queaos seus semelhantes dão as leisda Natureza, como quer que se-jam respeitados os seus.

Não ficam assim enumeradastodas as qualidades que distin-guem o homem de bem; mas,aquele que se esforce por possuiras que acabamos de mencionar,no caminho se acha que a todasas demais conduz.

Allan Kardec

Fonte: O Evangelho segundo o Espiritis-

mo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

Cap. XVII, item 3.

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e não existe efeito semuma causa justa, logo, nãoexistem doenças, mas sim

doentes do corpo, da mente e daalma. A vida é sempre o resultadode nossa própria escolha, porquequerendo, nós mentalizamos ementalizando, agimos, agindo,atraímos e atraindo realizamos.

Estudando as leis da evolução eda reencarnação, chegamos à con-clusão de que a prática do malopera lesões imediatas em nossaconsciência, desarmonizando edesajustando os centros de força,e, ao reencarnar, conduzimos co-nosco os remanescentes de nossasfaltas, que nos partilham o renas-cimento, na máquina fisiológica,como raízes congeniais dos malesque nós mesmos plantamos.

Desejamos simplesmente afir-mar que a alma ressurge no corpofísico transportando consigo aspróprias falhas, a se refletirem naveste carnal como regiões vulne-ráveis à eclosão de determinadasmoléstias, oferecendo campo pro-pício ao desenvolvimento de ví-rus, de bacilos e de bactérias capa-zes de conduzi-la aos mais gravespadecimentos, de acordo com osdébitos que tenhamos contraído,mas Deus, sendo de infinita mise-

ricórdia, permite que carregue-mos no próprio corpo todas as es-pécies de anticorpos, imunizan-do-nos contra as exigências do or-ganismo, faculdades essas que po-dem e devem ser ampliadas pornós através do trabalho, do esfor-ço individual, da disciplina men-tal, da autodeterminação, da von-tade, do serviço gratuito em proldos nossos semelhantes e da açãoconstante no bem.

Agindo desta forma, podemosatrair companheiros e recursosque, através de impulsos e de estí-mulos, nos favorecem a caminha-da evolutiva terrena, porque prin-cípios idênticos regem as nossasrelações com encarnados e com osdesencarnados.

É por este motivo que todosnós ainda temos a necessidade dador-evolução, que atua de forapara dentro; da dor-expiação, queatua de dentro para fora; e da dor--auxílio, que é a intercessão denossos amigos espirituais, emnosso favor, conforme lição doMinistro Sânzio.1

O único antídoto capaz decurar todas as enfermidades é avivência cristã, através de refor-ma íntima, porque o corpo en-fermo é o efeito que o tratamen-to médico pode sanar, aliviar,contornar, alterar ou modificar,entretanto, a doença da alma é acausa que só o amor pode curar,porque somente o amor é capazde cobrir nossas multidões de pe-cados, como afirma o ApóstoloPedro (I Epístola). Portanto, nãoexistem doenças, mas simdoentes do corpo e daalma.

Existem as doenças ou

existem os doentes?

SRU Y G I B I M

1XAVIER, Francisco Cândido. Ação e rea-

ção. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. 1a

reimpressão. Rio de Janeiro: FEB, 2008.Cap. 19, p. 329.

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Presença de Chico Xavier

oi a 7 de junho de 1936 que o médium Fran-cisco Cândido Xavier veio, pela primeira vez,ao Rio de Janeiro, a serviço da Repartição de

Pedro Leopoldo, onde trabalhava.Aqui chegando, foi recebido por Manuel Quintão,

que o levou a ver as belezas naturais da terra carioca,o mar principalmente, que o médium sempre sonha-ra em ver, frente a frente.

Solucionados os problemas da Repartição, e apósoutros passeios pela cidade maravilhosa e visitas apessoas de suas relações, Chico Xavier compareceu, naquarta-feira, ao Grupo Ismael, célula-máter da FEB.

Antes, porém, o Diário da Noite descobre que o mé-dium se achava hospedado na casa do Quintão. O re-pórter do conhecido jornal carioca invade o “escon-derijo” e obtém, após séria resistência, uma reporta-gem com o médium, boa no todo, apesar de algumasomissões e cincas do repórter. Fez o mesmo, a seguir,o jornal Pátria.

À noite, no Grupo Ismael, Chico Xavier psicografousucessivamente sonetos de Cruz e Souza, Auta de Souzae Hermes Fontes, bem como excelente página doutri-nária, em prosa, do Espírito Bittencourt Sampaio.

Na quinta-feira, em casa de Quintão, onde ChicoXavier já havia recebido espontaneamente a signi-ficativa crônica – “A Casa de Ismael”, do EspíritoHumberto de Campos, escrito que na ocasião foi es-tampado nos jornais acima citados e que se acha pu-blicado no livro Crônicas de Além-Túmulo, realizou--se uma sessão íntima, na qual, por intermédio dojovem de Pedro Leopoldo, uma filha de Quintão, de-sencarnada, se identificou nos mais mínimos deta-lhes, só conhecidos dos membros da família, trazen-do a todos a inabalável certeza de sua presença.

Sexta-feira, Chico Xavier passou o dia a passear ea visitar alguns confrades, e, à noite, participou dareunião pública da Federação Espírita Brasileira, emsua sede à Avenida Passos.

Perante um milhar de assistentes, o médium rece-beu o soneto “Templo da paz”, do Espírito João de Deus,e, logo a seguir, a magistral mensagem de Emmanuelintitulada – “Pela Revivescência do Cristianismo”, in-cluída, posteriormente, no livro – Emmanuel.

No dia imediato, Chico Xavier se despedia, na antigagare Pedro II,dos diretores da Federação, levando os abra-ços e os votos de felicidades da família espírita carioca.

Em complemento a essa súmula recordativa da pri-meira visita de Francisco Cândido Xavier ao Rio deJaneiro, inserimos, em seguida, a mensagem de Bitten-court Sampaio, a que acima nos referimos, bem como osoneto de Cruz e Souza recebido na mesma ocasião:

Meus amigos.Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens

de boa vontade. Meu coração se afoga subitamenteno pranto, lembrando-me de que todos nos podería-mos encontrar no divino banquete. O mundo, po-rém, atraiu grande parte dos nossos companheiroscom as seduções de seus efêmeros prazeres. Entre-tanto, os baluartes do templo de Ismael permaneceminabaláveis, edificados na rocha das grandes e conso-ladoras verdades do Evangelho de Jesus.

Minha voz, amigos, é hoje mais familiar e mais ín-tima. Substituindo, no momento, aquele cuja tarefavem sendo penosamente cumprida, está o nosso ir-mão Xavier, para vos transmitir a minha palavra de

F

A primeira visita de

Chico Xavier ao RIO

l

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reformador Novembro 2008 - a.qxp 2/17/aaaa 09:19 Page 16

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companheiro e de amigo. Não me dirijo a vós senãopara vos falar ao coração, muitas vezes despedaçado,ao longo do caminho, pelas perfídias atrozes de to-dos aqueles que concentram suas energias no ataqueao instituto do Bem, à palavra do Evangelho e ao es-tatuto da Verdade.

Mas, filhos, se o espaço que vos é vizinho está cheiode organizações poderosas do mal, objetivando a des-truição da obra comum, há uma esfera divina, deonde partem os alvitres valiosos, a inspiração provi-dencial, para quantos aqui mourejam com o propó-sito de bem servirem à causa da luz e da verdade.

Não necessito alongar-me em considerações sobrea grande e sublime tarefa do Brasil, como orientador,no seio dos povos, da revivescência do Cristianismo,restabelecendo-lhe as verdades fecundas, nem preci-so encarecer a magnitude da obra do Evangelho,problemas esses de elevado interesse espiritual paraas vossas coletividades e cuja solução já procurei in-dicar, trazendo-vos, espontaneamente, a minha pala-vra humilde de miserável servo de Jesus.

Agora, amigos, cabe-me solicitar a vossa atençãopara a continuidade do nosso programa, traçado hámais de cinqüenta anos.

A Federação não pode prescindir da célula pri-mordial do seu organismo, representada pelo San-tuário de Ismael, onde cada um afina a sua mentepara a tarefa do sacrifício e da abnegação, em prol dacausa da Verdade, nem pode desviar-se do seu rotei-ro, delineado dentro do Evangelho, com o objetivoda formação da mentalidade essencialmente cristã.

Todas as questões científicas, no seio da doutrina,repetimo-lo, têm caráter secundário, servindo apenasde acessórios na expansão das realidades espiritualistas.

Na atualidade, mais do que tudo, necessita-se daformação dos espíritas, da disciplina cristã, da com-preensão dos deveres individuais, ante as excelênciasda doutrina, a fim de que se possam atacar os gran-des cometimentos.

Firmai-vos na orientação que vindes observando,sem embargo das ideologias ocas que vos espreitamno caminho das experiências penosas. Somente den-tro das características morais e religiosas pode o Es-piritismo cooperar na evolução da Humanidade.

As criaturas humanas se envenenaram com o ex-cesso de investigações e de empreendimentos cien-tíficos, para os quais não prepararam seus coraçõese seus espíritos. Derivativo lógico dessa ânsia maldirigida de conhecer a verdade é o estado atual deconfusionismo, em que se debatem todos os seto-res das atividades terrenas, no campo social e polí-tico. Não que condenemos a curiosidade, porquan-to ela representa os pródromos de todos os conhe-cimentos; mas, é que acima de tudo se faz necessá-rio o método e a legitimidade da compreensão in-dividual e coletiva.

Preparai-vos, portanto, preparando simultanea-mente os vossos irmãos em Humanidade, dentro doensinamento cristão, e amanhã compreendereis, senão puderdes entender ainda hoje, a sublimidade danossa tarefa comum e a grandeza dos seus objetivos.

Que Maria derrame sobre os vossos Espíritos asua bênção e que o divino Mestre agasalhe sob omanto acolhedor da sua misericórdia todas as espe-ranças e anseios de vossos corações.

Templo de IsmaelNeste templo de amor profundo e puro,Que as desgraças e as dores alivia,Ouvem-se vozes da Sabedoria,Clarificando estradas do futuro.

Porto luminosíssimo e seguro,Onde se encontra a doce eucaristiaDo Evangelho da Paz e da Alegria,Luz entre as sombras do caminho escuro...

Nestas portas que acolhem desgraçados,Infelizes, sedentos e esfomeados,Ouve-se a voz do amor, profunda e imensa.

É Ismael consolando os sofredores,Vendo seu templo esplêndido de flores,Cheias da luz suavíssima da crença

Fonte: Reformador de julho de 1967, p. 21(161)-22(162).

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F. L. Bittencourt Sampaio

Cruz e Souza

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maior prova da imortali-dade do Espírito, nos ca-minhos humanos, é a con-

solidação dos ensinamentos espí-ritas, de existência em existência,esculpindo na consciência do seras idéias superiores que eles ofere-cem. Ao avaliarmos, todavia, as di-ficuldades que os pais espíritas en-contram na vivência dos princí-pios doutrinários, a serem exem-plificados aos filhos, verificamosos redobrados esforços desenvol-vidos, a cada dia, na luta que tra-vam contra toda sorte de influên-cias, nem sempre favoráveis à for-mação moral-cristã de sua prole.

Ser pai e mãe requer um saber, al-gumas vezes, difícil de ser adquiri-do; e mesmo com muito amor e boavontade, a missão dos pais de guiar acriança durante toda a sua infânciae adolescência, até o momento emque conquiste sua própria autono-mia,1 é extremamente complexa:são eles os responsáveis pelo sucessoescolar dos filhos, por sua inserçãosocial e profissional, por sua educa-ção moral e pela aquisição de seusnobres valores, especialmente obti-dos e embasados nos ensinamentosespíritas, que lhes permitirão con-

quistar sua renovação interior, trans-formando-os em pessoas mais jus-tas, solidárias e caridosas.

Mesmo considerando os esfor-ços de alguns pais para levar abom termo esse propósito, nemtodos conseguem cuidar dos filhosque Deus colocou sob a sua tute-la, e tornam-se responsáveis pormuitos dos seus transviamentos,prejudicando-os moralmente.2 De-monstram não possuir a firmezanecessária para negar certas con-cessões, que podem se tornar há-bitos perniciosos à formação dapersonalidade e caráter dos seressob a sua proteção. Os hábitoscondicionam as pessoas a deter-minados procedimentos e, se ospais não tiverem a preocupação deinserir valores morais na mente dacriança e do jovem, nem sempreessas atitudes poderão estar emsintonia com condutas mais ade-quadas e éticas, nas relações a se-rem estabelecidas com o próximo.

Em um de seus livros, de abor-dagem espírita, Deolindo Amo-rim analisa essa questão:

[...] os hábitos que condicio-

nam mais e chegam, às vezes, a

restringir a liberdade do indiví-

duo ou do grupo são os de na-

tureza social. [...] em determi-

nados casos, parecem uma es-

pécie de escravidão, pois muita

gente vive em função desses há-

bitos, obedece como que cega-

mente a certos padrões conven-

cionais e a bem dizer não tem

vontade própria. A força do há-

bito chega a um ponto em que

o indivíduo se torna um autô-

mato, em último caso. [...]3

O autor, ao destacar os hábitossociais como os de maior influên-cia na vida do ser, observa que aspessoas, atraídas por certos tiposde ambiente prendem-se a estilose preconceitos e adquirem umamaneira de viver estabelecida pelamaioria; tem-se a impressão deque a personalidade que possuemnão consegue abrir mão de taisartifícios, deixando-se levar poresses condicionamentos nocivos.

Em decorrência, um dos pro-blemas enfrentados pelos pais es-píritas é que os filhos, na maioriadas vezes, sentem-se contrariadosdiante das sanções impostas pelafamília; sanções necessárias para

Pais espíritas

A

“Mas seja o vosso falar: sim, sim; não, não.” – Jesus. (Mateus, 5:37.)

CL A R A L I L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

18 Reformador • Novembro 2008416

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que saibam lidar com os munda-nismos atuais e não se deixem en-volver, em demasia, por eles. Noentanto, as relações com os ami-gos e colegas da escola e de outrosgrupos permitem-lhes conhecerdiferentes experiências de vida,comparando-as às vivências coti-dianas de seus familiares, quenem sempre são tão liberais e in-diferentes como outros pais, naadoção de normas e regras debem conviver em sociedade. Daínascem conflitos de relaciona-mento no meio familiar, surgindosérias crises que culminam, quasesempre, em desavenças graves eque atingem dolorosamente osgenitores, confundindo-os quan-to à maneira de solucionar essasdelicadas questões domésticas.

Diversas vezes ouvimos dos paisfrases desiludidas, como a confes-sarem a falência na educação dosfilhos, deixando transparecer umceticismo preconcebido em relaçãoa todas as sugestões que lhes pode-riam ser oferecidas depois disso.

A Doutrina Espírita, por meiodos Espíritos superiores, afirmaque a tarefa da educação paterna ematerna não é tão difícil quantopossa parecer:

[...] Não exige o saber do mun-

do. Podem desempenhá-la as-

sim o ignorante como o sábio, e

o Espiritismo lhe facilita o de-

sempenho, dando a conhecer a

causa das imperfeições da alma

humana.4

Para Santo Agostinho, autorda presente mensagem (inserida

em O Evangelho

segundo o Espiritis-

mo, capítulo XIV,item 9), os pais,“[...] em vez de eli-minar por meio daeducação os mausprincípios inatos[dos filhos] de exis-tências anteriores,entretêm e desen-volvem esses prin-cípios, por umaculposa fraqueza,ou por descuido, e,mais tarde [...]”4

sofrerão as conse-qüências de umaeducação mal diri-gida. Todos os ma-les, na orientaçãoiluminada desseBenfeitor espiri-tual, se originam do egoísmo e doorgulho, sendo necessário corri-gi-los em nossos filhos, comba-tendo os vícios morais que aindapossuam, pois “Deus não dá pro-va superior às forças daquele quea pede; só permite as que podemser cumpridas. Se tal não sucede,não é que falte possibilidade: fal-ta a vontade.[...]”.5

De posse dessas orientações,de que jeito atender às responsa-bilidades que nos são conferidasnos cuidados a ter com os Espíri-tos que recebemos no grupo fa-miliar? É possível diminuir oseventuais fracassos da ação edu-cacional que promovemos paracom aqueles que se constituemem filhos confiados por Deus ànossa guarda?

Inicialmente, motivá-los para oexercício de hábitos realmente bonse salutares que, por isso mesmo,devem ser ensinados e cultivadosconstantemente, desde a mais tenraidade. Saber orientá-los, com fir-meza, combatendo-lhes as más ten-dências, para não deixarmos queneles se desenvolva o cancro da in-diferença moral, que mata os bonssentimentos. Isso só será possível,contudo, se não permitirmos queo nosso amor se transforme emmanifestações exageradas de afeto,atendendo às exigências, às vezesabsurdas, dos filhos que criamos.Não saber resistir-lhes é um erro!

O Espírito Emmanuel, ao in-terpretar a passagem de Jesus, emdestaque no início deste artigo,alerta-nos para o fato:

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20 Reformador • Novembro 2008418

Muita vez, é preciso contrariar

para que o auxílio legítimo se

não perca [destaque nosso]; ur-

ge reconhecer, porém, que a ne-

gativa salutar jamais perturba.

O que dilacera é o tom contun-

dente no qual é vazada.

As maneiras, na maior parte

das ocasiões, dizem mais que as

palavras.

Seja o vosso falar: sim, sim; não,

não, recomenda o Evangelho.

Para concordar ou recusar, to-

davia, ninguém precisa ser de

mel ou de fel. [...].6

Para educar não é preciso tira-nizar!

As dificuldades morais que ain-da possuímos, fruto dos equívo-cos cometidos em existências pas-sadas, e que nos cumpre corrigir,reclamam a imprescindível vigi-lância na educação dos filhos. Notocante à Doutrina, mesmo dian-te dos belíssimos ensinamentosque ela oferece, não nos sentire-mos totalmente seguros em traba-

lhar em benefício de nossas crian-ças e jovens, se não incorporar-mos esses conhecimentos à nossavida doméstica, pois só por meio

de exemplos persuasivos consegui-remos formá-los.

Allan Kardec ressalta, em umade suas sábias análises, que aDoutrina, para ser compreendi-da, não exige inteligência fora docomum, “[...] tanto que há ho-mens de notória capacidade quenão a compreendem, ao passoque inteligências vulgares, moçosmesmo, apenas saídos da adoles-cência, lhes apreendem, com ad-mirável precisão, os mais delica-dos matizes.[...]”.7

Assim, o obstáculo maior queencontramos no aprendizado dosfilhos para que conheçam as leismorais da vida, emanadas deDeus, consiste, de nossa parte, naaplicação e exemplo dos ensinosdoutrinários; principalmente nasdemonstrações de inaudíveis es-forços em substituir comporta-mentos de egoísmo e de orgulho,

por atitudes de amor aos seme-lhantes, para que se manifeste emnós a verdadeira caridade. O Espi-ritismo não exige perfeição deninguém, mas confia no esforçogradual de cada adepto para setornar sempre melhor.

Tenhamos o cuidado de beminterpretar a Doutrina dos Espíri-tos a fim de não comprometer-mos a sua fundamentação: nossos

filhos só se transformarão em bons

espíritas se, com paciência e boavontade, buscarmos as luzes doEvangelho e inteirar-nos dos deve-res a cumprir para com eles, dan-do-lhes a melhor educação morale auxiliando-os no seu aperfeiçoa-mento e progresso espiritual.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Questão 582.2______. O evangelho segundo o espiri-

tismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 25.

ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 2008.

Capítulo V, item 4.3AMORIM, Deolindo. “Condicionamentos

e hábitos”. In: Análises espíritas. 3. ed. 1ª

reimpressão. Rio de Janeiro: FEB, 2008.

p. 171.4KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.

25. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,

2008. Capítulo XIV, item 9, p. 255-256.5Op. cit., p. 256.

6XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Es-

pírito Emmanuel. 29. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2007. Cap. 80.7KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.

25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. XVII,

item 4, p. 293-294.

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Lei de retorno

21Novembro 2008 • Reformador 419

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida;

e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação.”

– JESUS. (JOÃO, 5:29.)

Fonte: XAVIER, Francisco C. Pão nosso. 29. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 127.

m raras passagens do Evangelho, a lei reencarnacionista permanece tão clara

quanto aqui, em que o ensino do Mestre se reporta à ressurreição da conde-

nação.

Como entenderiam estas palavras os teólogos interessados na existência de um

inferno ardente e imperecível?

As criaturas dedicadas ao bem encontrarão a fonte da vida em se banhando nas

águas da morte corporal. Suas realizações do porvir seguem na ascensão justa, em

correspondência direta com o esforço perseverante que desenvolveram no rumo da

espiritualidade santificadora, todavia, os que se comprazem no mal cancelam as

próprias possibilidades de ressurreição na luz.

Cumpre-lhes a repetição do curso expiatório.

É a volta à lição ou ao remédio.

Não lhes surge diferente alternativa.

A lei de retorno, pois, está contida amplamente nessa síntese de Jesus.

Ressurreição é ressurgimento. E o sentido de renovação não se compadece com

a teoria das penas eternas.

Nas sentenças sumárias e definitivas não há recurso salvador. Através da referên-

cia do Mestre, contudo, observamos que a Providência Divina é muito mais rica e

magnânima que parece.

Haverá ressurreição para todos, apenas com a diferença de que os bons tê-la-ão

em vida nova e os maus em nova condenação, decorrente da criação reprovável

deles mesmos.

E

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s drogas são conceituadascomo toda substância na-tural ou sintética que alte-

ra o comportamento humano,sendo classificadas em estimulan-tes, depressoras ou perturbadorasdo Sistema Nervoso Central. Asestimulantes estão presentes prin-cipalmente na cocaína, nicotina ecafeína, as depressoras no álcool e narcóticos e as perturbadoras namaconha, ecstasy e LSD.

Classificam-se também comolícitas e ilícitas, sendo que as líci-tas são aquelas que têm compra evenda autorizadas por legislaçãoespecífica, que são as drogas me-dicamentosas (tranqüilizantes,analgésicos etc.); drogas sem fi-nalidade terapêutica (álcool e ta-baco) e drogas industriais (cola,esmalte, fluidos, solventes etc.).Drogas ilícitas são todas aquelasmencionadas no artigo 1o da Lei11.343/06, em consonância coma Portaria SVS/MS no 344, de 12de maio de 1998.

Com o uso constante de drogaspodem surgir três fenômenos: atolerância, a dependência e a Sín-drome de Abstinência. A tolerân-cia ocorre porque com o uso da

droga o cérebro humano libera umneurotransmissor, específico paracada tipo de droga, que propor-cionará prazer ao dependentequímico. Porém, com a adminis-tração constante ocorre uma adap-tação biológica à droga, diminuin-do a liberação dos neurotransmis-sores; neste momento, o drogadic-to precisa aumentar a dose paraobter o mesmo efeito.

A dependência se caracterizapor vínculo extremo, em que adroga é priorizada em detrimen-to de outras relações; na falta dadroga as pessoas que se acostuma-ram a consumi-la são invadidaspor sintomas penosos.

Dois tipos de dependênciapodem ser identificados no indi-víduo:

Dependência física: quando adroga é utilizada em quantidadese freqüências elevadas, o organis-mo se defende estabelecendo umnovo equilíbrio em seu funciona-mento e adaptando-se à droga detal forma que, na sua falta, funcio-na mal. Esse tipo de dependênciamanifesta-se por distúrbios físicosquando o uso de uma droga é in-terrompido, causando crise de

abstinência. Na dependência físi-ca, a droga é necessária para que ocorpo funcione normalmente.

Dependência psíquica: esse ti-po de dependência instala-sequando a pessoa é dominada porum impulso forte, quase incon-trolável, de se administrar a drogaà qual se habituou, experimen-tando um mal-estar intenso (fis-sura), na ausência dela. A drogaproduz um sentimento de satis-fação e um impulso psicológico,exigindo uso periódico ou contí-nuo para produzir prazer ou evi-tar desconforto.

A Síndrome de Abstinência sãosintomas apresentados quando seinterrompe o uso da droga, parcialou totalmente, ocasionando sen-sações de mal-estar.

No início, o dependente quí-mico consegue conviver normal-mente, usando a droga e não seprivando da sua vida de relaçãocom os demais integrantes de seugrupo social, mas, conforme ob-servamos no quadro descritivo(p. 23), com o aumento da depen-dência, as relações pessoais sãoprejudicadas e por fim totalmen-te excluídas.

O abusode drogas

ARO B E RTO CA R LO S FO N S E C A

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Sinais característicos deum dependente químico

Quando o indivíduo começa ausar drogas ocorre uma forte mu-dança de comportamento que secaracteriza por:

• irritabilidade sem motivosaparentes e explosões nervosas;

• inquietação motora: apresenta--se impaciente, inquieto, agres-sivo, irritado e violento;

• depressão, com estado de an-gústia, sem motivo aparente;

• queda do aproveitamento esco-lar ou desistência dos estudos;

• insônia rebelde (troca o diapela noite);

• isolamento (vive em seu mun-do, evita contatos);

• mudança de hábitos (descuida--se da higiene pessoal, mudançade amigos, modo de falar, ves-

tir, não dá explicações do quefaz etc.);

• desaparecimento de objetos devalor, dinheiro ou incessantespedidos de dinheiro, chegandoa ameaçar quando contrariado;

• tornar-se indolente, irônico,mentiroso, desafiador, indo con-tra qualquer tipo de autorida-de, rompendo laços afetivos eemocionais.

Como orientar?

Para se orientar qualquer pessoaacerca das drogas é preciso identifi-car se ela é dependente químico ounão. A diferença é que, se ainda nãofez uso, a orientação deve se basearno maior número possível de in-formações sobre os malefícios quea droga causa ao futuro do indiví-duo, sendo necessário que o orien-tador se abasteça de largo conheci-

mento acerca do assunto.As informações devemter o objetivo de reforçara educação moral do ser,buscando conscientizá-loda necessidade da valori-zação da vida, para quenão se envolva com subs-tâncias psicotrópicas.

Se o indivíduo já é umdependente químico, a abordagemnão deve restringir-se apenas à in-formação sobre os malefícios. Seele está se drogando é porque nãoacredita que esta substância quí-mica possa lhe fazer algum mal enão valoriza sua vida, carecendode uma abordagem mais apurada,que envolva não apenas o depen-dente químico, mas o seu contex-to social e o tipo de droga que usa.Quando se instala o vício é porqueum ou mais fatores de influênciaestão em desequilíbrio.

Portanto, o orientador tem quepassar a conhecer intimamente oorientado, procurando identificarprincipalmente o seu contexto so-cial (localidade onde mora, famí-lia, amigos, valores morais, difi-culdades financeiras, sonhos nãorealizados), para que possa efeti-

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var a correção moral do depen-dente químico e diminuir a aces-sibilidade à compra da droga. Adependência é uma doença que atin-ge principalmente o caráter, sendopreciso remoldar este caráter.

Uma intervenção direta tem queobservar critérios tais como:

• agir dentro de diretrizes de umprograma maior;

• realizar a abordagem com espe-cial ênfase em atitude não jul-gadora, persecutória;

• oferecer ajuda;• ressaltar os prejuízos observa-

dos e possíveis conseqüênciasfuturas;

• ter ciência de que dependênciaquímica é uma doença, seja elaálcool, maconha, cocaína, cigar-ro etc.;

• ler a respeito da droga;• procurar ajuda de um profis-

sional (psicólogo, psiquiatra,clínicas).

Conforme preconiza a Doutri-na Espírita, a predisposição aouso indevido de drogas psicotró-picas advém de eras passadas, on-de o Espírito imortal cometeu di-versos desvios, que se apresentamno presente através de dificuldadesde relacionamento humano, mate-riais e morais, gerando um dese-quilíbrio psicológico que no mo-mento vem sendo preenchido atra-vés da alucinação dos sentidos, nainsana tentativa da fuga da pró-pria realidade de vida.

A não fixação de valores moraise uma visão não-espiritualizada davida, características muito comuns

na sociedade materialista, possivel-mente farão com que o jovem nãoresista às pressões do seu grupo deconvivência, desequilibre-se comfacilidade e venha a fugir de suarealidade moral e material atravésdo consumo de alcoólicos e de-mais drogas que provocam o en-torpecimento da mente humana.

Um dependente químico podeter nas suas proximidades duasmodalidades de Espíritos: uma deobsessores, inimigos do passadoque não desejam o seu bem, im-pulsionando-o para o desequilí-brio e a fuga pelas drogas; e outrade Espíritos viciados, aquelesque desencarnaram e não aban-donaram o vício, sentindo ne-cessidade constante do consu-mo, mesmo após o desenlace docorpo físico, os quais ficam “ao re-dor” do dependente, incentivan-do-o ao consumo, para que pos-sam se aproveitar dos fluidosque saem de seu corpo físico, sa-ciando o seu vício: são verdadei-ros vampiros.

Desta forma, pode-se concluirque muitas são as conseqüênciasgeradas pelo uso de drogas; abai-xo relacionamos algumas:

• vinculações com Espíritos vi-ciados através da obsessão ouda vampirização;

• herança de doenças cármicasem reencarnações futuras;

• escravização no plano espiritualpor Espíritos menos esclarecidos;

• necessidade de tratamento mé-dico no plano espiritual paradeixar o vício, que atrasa a suaevolução.

Considerações:

O consumo indiscriminado dedrogas vem afetando de forma mui-to grave a sociedade brasileira emundial, não sendo apenas um pro-blema de classes menos favorecidaseconomicamente. Por esse motivo,deve-se evitar tratar como depen-

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dentes químicos apenas aquelesoriundos de bairros mais carentes,pois os integrantes das classes médiae alta também usam drogas, com adiferença de que têm condiçõeseconômicas para sustentar o vício.

Álcool e maconha são drogasusadas no início, que agem comoporta de entrada para uso de ou-tros tipos de psicotrópicos, umavez que o álcool age diretamenteno lobo frontal, inibindo o sensomoral do indivíduo; e a maconhapelo fato da regra moral de man-ter-se “limpo” ter sido quebradae por necessidade de drogas maispesadas; isso não quer dizer que amaconha seja uma droga leve, aocontrário, é a droga que mais áreasdo cérebro influencia.

A grande dificuldade para secombater o álcool é sua aceitaçãocultural, estando presente inclusi-ve em cultos religiosos. No caso damaconha, devido a muita propa-ganda nos meios político e televi-sivo, muitos ainda acreditam seruma “droga leve”, o que é um imen-so engano, seus níveis de THC sãohoje trinta vezes maiores do quena década de 1960, quando surgiunos movimentos hippies, tendo noseu composto químico mais dequatro mil substâncias identifica-das, e sendo considerada de poderdestruidor do organismo físicomuito maior que o do cigarro.

Ao se identificar um dependen-te químico ele não deve ser trata-do apenas como transgressor, an-tes, ele é um doente e junto comas medidas coercitivas previstaspelo Estado, ele precisa ser tratadocom especialistas para que tenha

uma chance de deixar o vício. Noinício, a droga é diversão, mas nofim, ao se instalar a dependência,ela se transforma em escravidão,destruindo seu caráter moral.

Cabe às casas espíritas o socor-ro imediato aos jovens, adoles-centes e adultos que lhes pedem odevido socorro, não sendo justodeixar o tratamento apenas porconta do Estado. Possuindo mui-tas formas de socorro ao depen-dente químico, compete a ela oauxílio através do passe, da águafluidificada, da prece intercessó-ria, do atendimento fraterno e dasreuniões de desobsessão. Não dei-xando nunca de tratar da família,

pois o uso de drogas reflete umdesequilíbrio no lar:

Se o drama adentrou no teu lar,

não fujas dele, procurando ig-

norá-lo, nem te rebeles, assu-

mindo atitude hostil. Conversa,

esclarece, orienta e assiste os

que se tornaram vítimas, pro-

curando os recursos competen-

tes, da medicina como da dou-

trina espírita, a fim de conse-

guires a reeducação e a felicida-

de daqueles que a lei divina te

confiou para a tua ventura e a

deles. (Após a Tempestade. Di-

valdo Pereira Franco, pelo Espí-

rito Joanna de Ângelis.)

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Livros dos Espíritos esclarece:645. Quando o homem se acha, de certo modo, mergulhado

na atmosfera do vício, o mal não se lhe torna um arrastamento quase

irresistível?

“Arrastamento, sim; irresistível, não; porquanto, mesmo dentroda atmosfera do vício, com grandes virtudes às vezes deparas. SãoEspíritos que tiveram a força de resistir e que, ao mesmo tempo,receberam a missão de exercer boa influência sobre os seus seme-lhantes.”

911. Não haverá paixões tão vivas e irresistíveis, que a vontade seja

impotente para dominá-las?

“Há muitas pessoas que dizem: Quero, mas a vontade só lhesestá nos lábios. Querem, porém muito satisfeitas ficam que nãoseja como ‘querem’. Quando o homem crê que não pode vencer assuas paixões, é que seu Espírito se compraz nelas, em conseqüên-cia da sua inferioridade. Compreende a sua natureza espiritualaquele que as procura reprimir. Vencê-las é, para ele, uma vitóriado Espírito sobre a matéria.”

Fonte: KARDEC, Allan. Op. cit. 91. ed. 1a reimpressão. Rio de Janeiro: FEB, 2008.

O

Vícios e Paixões

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interesse pela existência,origem e constituição doUniverso sempre esteve

presente na história das diferentesculturas, desde tempos imemoriais.Tais cogitações eram comumenteassociadas a concepções religio-sas, mitológicas ou filosóficas.

Afirma João Steiner:

Só recentemente a ciência pôde

oferecer sua versão para os fa-

tos. A razão principal para isso é

que a própria ciência é recente.

Como método científico experi-

mental, podemos nos referir a

Galileu Galilei (1564-1642), as-

trônomo, físico e matemático ita-

liano como um marco impor-

tante. Não obstante, já os gregos

haviam desenvolvido métodos

geométricos sofisticados e preci-

sos para determinar órbitas e ta-

manhos de corpos celestes, bem

como para previsão de eventos

astronômicos. Não podemos nos

esquecer de que egípcios e chi-

neses, assim como incas, maias e

astecas também sabiam interpre-

tar os movimentos dos astros.1

Em O Livro dos Espíritos, AllanKardec informa que “o Universoabrange a infinidade dos mundosque vemos e dos que não vemos,todos os seres animados e inanima-dos, todos os astros que se movemno espaço, assim como os fluidosque o enchem”.2 Complementandoestas idéias, os Espíritos orienta-dores da Codificação Espírita es-clarecem “[...] que os mundos seformam pela condensação da ma-téria disseminada no Espaço”.3

O Espírito André Luiz acres-centa que as diferentes moradiaspresentes em todas as extensõesdo Universo são construídas porInteligências Divinas que agemsob a vontade do Senhor Supre-mo, em processo conhecido comoco-criação maior:4

Essas Inteligências Gloriosas

tomam o plasma divino e con-

vertem-no em habitações cós-

micas, de múltiplas expressões,

radiantes ou obscuras, gaseifi-

cadas ou sólidas, obedecendo a

leis predeterminadas, quais

moradias que perduram por

milênios e milênios, mas que se

desgastam e se transformam,

por fim, de vez que o Espírito

Criado pode formar ou co-

-criar, mas só Deus é o Criador

de Toda a Eternidade.4

Os estudos da Cosmologia mo-derna concordam com a definiçãode que o Universo é infinito em

O

Em dia com o Espiritismo

Universo ouUniversos Paralelos?

MA RTA AN T U N E S MO U R A

Galileu Galilei, astrônomo,físico e matemático

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sua extensão, ensinada pelos filó-sofos há milhares de anos. A ciên-cia astronômica admite, entretan-to, que a palavra “Universo” é res-tritiva, e que deve ser entendidacomo um conjunto de vários“universos paralelos”:

Observações astronômicas re-

centes apóiam essa concepção,

indicando que o que chama-

mos de nosso Universo é mera-

mente uma parte de algo infini-

tamente maior – um “multiver-

so” – onde todas as permutas

possíveis de eventos e condi-

ções existem.5

Tal conceituação tem como basea teoria de Einstein de que o Uni-verso pode ser “finito e, no entan-to, ilimitado”. Ou seja, em sua ex-tensão, o Universo é infinito, mascontém diversos universos, quepodem ser observados e estudadoscomo subconjuntos. Pela análisede cada subconjunto, os cientistasconseguiriam entender as intera-ções da gravidade, luz, calor e ou-tras energias cósmicas, que usual-mente acontecem entre os astros.

As informações de André Luizsão concordantes com as atuaisidéias divulgadas pelos tratados deCosmologia, mesmo tendo sidotransmitidas em 1958. Esse Espíri-to assinala, contudo, que as galá-xias que constituem esses univer-sos existem em razão da atuaçãodos Arquitetos Maiores, ou Inteli-gências Divinas,6 fato ainda des-considerado pela Ciência. Eis algu-mas das idéias registradas em seulivro Evolução em Dois Mundos:

[...] surgem nas galáxias as or-

ganizações estelares como vas-

tos continentes do Universo em

evolução e as nebulosas intraga-

láticas como imensos domínios

do Universo, encerrando a evo-

lução em estado potencial, todas

gravitando ao redor de pontos

atrativos, com admirável uni-

formidade coordenadora.

É aí, no seio dessas formações

assombrosas, que se estrutu-

ram, inter-relacionados, a ma-

téria, o espaço e o tempo, a se

renovarem constantes, ofere-

cendo campos gigantescos ao

progresso do Espírito.

Cada galáxia quanto cada cons-

telação guardam no cerne a for-

ça centrífuga própria, contro-

lando a força gravítica, com de-

terminado teor energético, apro-

priado a certos fins.

A Engenharia Celeste equilibra

rotação e massa, harmonizando

energia e movimento, e man-

têm-se, desse modo, na vastidão

sideral, magnificentes florestas

de estrelas, cada qual transpor-

tando consigo os planetas cons-

tituídos e em formação, que se

lhes vinculam magneticamente

ao fulcro central, como os ele-

trões se conjugam ao núcleo

atômico, em trajetos perfeita-

mente ordenados na órbita que

se lhes assinala de início.6

Toda essa riqueza de plasmagem,

nas linhas da Criação, ergue-se

à base de corpúsculos sob irra-

diações da mente [...].7

Os sofisticados e precisos equi-pamentos de observação e análisedo espaço sideral representam umprimor do desenvolvimento tecno-lógico. Entretanto, por mais avan-çados, por ora, só conseguem de-tectar indícios de vida extraterres-tre e revelar pequenas, mas efetivas

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influências de uma galáxia sobreoutra, de um mundo sobre outro.Revelam, também, que esses corposcelestes possuem leis físicas iguaisou semelhantes às nossas,mas muitasoutras diferentes das existentes emnosso planeta, sistema solar e galáxia.

Escreve Robert Mathews:

Um número infinito desses uni-

versos paralelos é inteiramente

diferente do nosso, e neles do-

minam outras leis da física. No

entanto, um número também

infinito deles apresenta condi-

ções para que a vida surja. Em-

bora todos os “universos para-

lelos” estejam além dos meios

convencionais de comunicação,

muitos cientistas acreditam que

a presença deles se revela em

efeitos sutis, como padrões de

interferência criados até mes-

mo por um fóton de luz ou por

partículas subatômicas.8

Como se sabe, a maioria dos fí-sicos é formada por pessoas prag-máticas que só consideram válidashipóteses ou teorias comprovadasnos limites dos laboratórios de pes-quisa. De certa forma, essa atitudeexcessivamente racional tem im-posto limites aos avanços da Ciên-cia. Não consideram a intuiçãonem as percepções extra-sensoriais.Entretanto, identificamos o surgi-mento de uma nova geração decientistas, considerada “ousada” ou“visionária”. São estudiosos que de-lineiam ensaios ou prevêem acon-tecimentos, muitos sem sustentabi-lidade teórica acadêmica, mas que,por alguma razão para eles desco-

nhecida, revelam caminhos paranovas conquistas evolutivas.

Enquanto a Ciência continua emseus esforços para explicar o mundoe o Universo, inserimos esta admi-rável síntese, transmitida por AndréLuiz, como fechamento do assunto:

Para idearmos, de algum modo,

a grandeza inconcebível da

Criação, comparemos a nossa

galáxia a grande cidade, perdi-

da entre incontáveis grandes ci-

dades de um país cuja extensão

não conseguimos prever.

Tomando o Sol e os mundos

nossos vizinhos como aparta-

mentos de nosso edifício, reco-

nheceremos que em derredor

repontam outros edifícios em

todas as direções.

Assestando instrumentos de lon-

go alcance da nossa sala de estu-

do, perceberemos que nossa ca-

sa não é a mais humilde, mas que

inúmeras outras lhe superam as

expressões de magnitude e beleza.

Aprendemos que, além de nossa

edificação, salientam-se palácios

e arranha-céus como Betelgeuze,

no distrito de Órion, Canôpus,

na região do Navio, Arctúrus, no

conjunto do Boieiro, Antares,

no centro do Escorpião, e outras

muitas residências senhoriais,

imponentes e belas, exibindo

uma glória perante a qual todos

os nossos valores se apagariam.

Por processos ópticos, verifica-

mos que a nossa cidade apre-

senta uma forma espiralada e

que a onda de rádio, avançando

com a velocidade da luz, gasta

mil séculos terrenos para per-

correr-lhe o diâmetro. Nela sur-

preenderemos milhões de lares,

nas mais diversas dimensões e

feitios, instituídos de há muito,

recém-organizados, envelheci-

dos ou em vias de instalação,

nos quais a vida e a experiência

enxameiam vitoriosas.9

Referências:1STEINER, João. A origem do universo. São

Paulo: Instituto de Estudos Avançados da USP.

Estudos Avançados, 20 (58), 2006. p. 233.2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Primeira parte, cap.

III, item Formação dos mundos.3Idem, ibidem. Questão 39.

4XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.

Evolução em dois mundos. Pelo Espírito

André Luiz. 25. ed. 1ª reimpressão. Rio de

Janeiro: FEB, 2008. Primeira parte, cap. 1,

item Co-criação em plano maior.5MATHEWS, Robert. “Universos parale-

los”. In: 25 grandes idéias: como a ciên-

cia está transformando o mundo. Tradu-

ção de José Gradel. Rio de Janeiro: Jorge

Zahar, 2008. Cap. 24, p. 215.6XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.

Evolução em dois mundos. Pelo Espírito

André Luiz. 25. ed. 1ª reimpressão. Rio de

Janeiro: FEB, 2008. Primeira parte, cap. 1,

item Impérios estelares.7Idem, ibidem. Item Forças atômicas.

8MATHEWS, Robert. “Universos parale-

los”. In: 25 grandes idéias: como a ciên-

cia está transformando o mundo. Tradu-

ção de José Gradel. Rio de Janeiro: Jorge

Zahar, 2008. Cap. 24, p. 215.9XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.

Evolução em dois mundos. Pelo Espírito

André Luiz. 25. ed. 1ª reimpressão. Rio de

Janeiro: FEB, 2008. Primeira parte, cap. 1,

item Nossa galáxia.

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catalepsia e a letargia foramclassificadas por Kardec co-mo faculdades de emancipa-

ção ou desdobramento da alma. Ge-ralmente, durante o surto, os letár-gicos e os catalépticos ficam imobili-zados, vendo e ouvindo o que acon-tece ao redor, sem poder exprimir-se,o que lhes dá uma sensação de im-potência e muito desconforto, istoé, guardam, em espírito, consciênciade si, mas não podem comunicar-se.

Em nota à questão 424 de O Li-

vro dos Espíritos, Kardec estabelecea diferença entre uma e outra, expli-cando que, embora repousem sobreo mesmo princípio (perda tempo-rária da sensibilidade e do movi-mento), a letargia é um estado bemmais agudo, porque “[...]a suspen-são das forças vitais é geral e dá aocorpo todas as aparências da morte”,ao contrário da catalepsia, na qual aparalisação é “localizada, podendoatingir uma parte mais ou menosextensa do corpo”físico, mas permi-tindo “que a inteligência se mani-feste livremente”. E conclui:“A letar-

gia é sempre natural; a catalepsia é,

por vezes, magnética”.1 (Grifo nosso.)Alguns neurocientistas e psiquia-

tras, despreocupados com a ques-tão do Espírito e com as gradações

do fenômeno, designam-no sim-plesmente de catalepsia, associan-do-o aos “distúrbios do sono”. Semdeterminar, com segurança, a cau-sa de tais distúrbios, especulam queeles podem ter origem em trau-matismos cranianos ou em mani-festações de esquizofrenias ou his-terias, neste último caso relaciona-das a choques emocionais.2

Nas formas menos agudas, a ca-talepsia acomete, com relativa fre-qüência, muitas pessoas, durantea noite, embora nem sempre sejanotada por aquele que dorme, even-to designado por alguns pesquisa-dores de “paralisia do sono” ou“paralisia noturna”.

O Espiritismo oferece grandecontribuição para a compreensão dofenômeno, porquanto o aconteci-mento está associado à existência e àcomplexidade da alma. Muitas ve-zes, os que experimentam tais sur-tos crêem-se vítimas de pesadelosou sonhos, porque, nesses transes,não raro se vêem fora do corpo eentram em contato com outros Espí-ritos, bons ou maus, conforme suasafinidades. Certos pesquisadores en-carnados, muitos deles céticos oualheios à questão espiritual, interpre-tam tais eventos como alucinações.

Nos casos mais agudos, denomi-nados letargia pelo Espiritismo, háo risco de, acreditando-se morta apessoa, haver o sepultamento doseu corpo sem que tenha efetiva-mente morrido, o que se descobreapós a exumação do cadáver.

Alguns desses fenômenos estãodescritos no Novo Testamento(Lucas, 7:11-17 [o filho da viúvade Naim] e Mateus, 9:23-26 [a fi-lha de Jairo]), sendo o caso maisconhecido o da ressurreição deLázaro, em João, 11:1-45.

Letargia, catalepsia,mortes aparentes

ACH R I S T I A N O TO RC H I

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O estudo do perispírito é defundamental importância para acompreensão deste e de outrosepisódios de ordem espiritual, porser ele o intermediário entre o Es-pírito e o corpo físico, como re-portado por Kardec em A Gênese,nos itens 29 e 30, Catalepsia. Res-surreições, do capítulo XIV.

A determinação do momentoda morte do indivíduo nem sem-pre é fácil, particularmente na fai-xa etária pediátrica, que envolvequestões biológicas, éticas, morais,legais e socioculturais.

O conceito de morte vem sofren-do modificações, nos últimos tem-pos, em decorrência do desenvol-vimento, pela Medicina, de novastécnicas de ressuscitação e supor-te avançado para o atendimento adoentes criticamente enfermos,proporcionando a modernizaçãodo diagnóstico da morte.

Atualmente,a morte cerebral ou amorte do encéfalo, conjunto de cen-tros nervosos que comanda as de-mais funções do organismo huma-no, é o critério científico de diagnós-tico do encerramento da vida, acei-to pela comunidade científica, e nãomais simplesmente a interrupção daatividade cardíaca ou respiratória.

Por isso, hoje em dia, pelo me-nos nas regiões mais desenvolvi-das, é remota a probabilidade deuma pessoa ser sepultada viva, so-bretudo se, na realização do diag-nóstico da morte, forem seguidosos procedimentos clínicos e com-plementares recomendados peloConselho Federal de Medicina.

A morte é um processo comple-xo, lento e gradual. A vida não pode

ser entendida pela simples presençade sinais vitais isolados em órgãose tecidos, mas sim de elementos vi-tais estruturados que, em conjun-to, formam a concepção de pessoa.

Entretanto, uma vez cessadas, ir-reversivelmente, as funções de todo

o encéfalo, incluindo o tronco cere-bral, não há qualquer possibilidadede reanimar o indivíduo, e em pou-co tempo todos os demais órgãosinterromperão o funcionamento.

Se o indivíduo estiver acometidodo transe letárgico ou cataléptico,seu despertamento poderá ser feitocom a ajuda de preces e/ou por meioda ação magnética (passes), desdeque o socorro seja prestado antes dadegeneração irreversível das células.

Não é raro ouvirmos relatos,inclusive pela mídia,3 sobre pes-soas que foram declaradas mortase depois “ressuscitaram” durante ovelório.

Yvonne do Amaral Pereira (1906--1984), notável médium brasileira,desde criança apresentava esses sin-tomas e, graças ao uso correto desua mediunidade, a chamada “me-diunidade com Jesus”, transformouessas faculdades em sublime fontede bênçãos. Em seu livro Recorda-

ções da Mediunidade, editado pelaFEB, Yvonne narra, com riqueza dedetalhes, no capítulo “Faculdadenativa”, um desses acessos que teve,quando, contando menos de ummês de idade, foi dada como morta.

Fiando-se nas conhecidas passa-gens do Novo Testamento, há aque-les que ainda acreditam que Jesuspromoveu a ressurreição, isto é,devolveu a vida a pessoas que játeriam morrido. Contudo, anali-

sando a passagem evangélica, emque é reportada a suposta morteda filha de Jairo, notem o que Jesusdisse: “Retirai-vos, porque não estámorta a menina, mas dorme [...]”.(Mateus, 9:24.) (Grifo nosso.)

Em realidade, essas pessoas fo-ram despertadas por Jesus de umtranse cataléptico ou letárgico, vive-ram mais um tempo e depois, comotodo mundo, tiveram que enfrentar amorte biológica. Entretanto, muitosreligiosos preferem interpretar taisfatos como milagres, satisfazendo,as-sim, o seu apreço pelo maravilhoso.

O Espiritismo demonstrou queesses e outros feitos de Jesus sãode ordem natural, uma vez queresultam da ação espiritual sobreos fluidos, pelo pensamento e pelavontade.4

Intuitivo, também, é que Deus,a suprema inteligência, não per-mitiria a revogação das leis queEle próprio criou, com o objetivode convencer homens incrédulos,céticos e ignorantes.

No que tange, especificamente,aos aspectos mais perturbadoresda catalepsia e da letargia, repor-tamo-nos aos lúcidos ensinamen-tos do Dr. Bezerra de Menezes:

“Tais acidentes são próprios do

carreiro da evolução, e enquanto

o homem não se integrar de boa

mente na sua condição de ser di-

vino, vibrando satisfatoriamente

no âmbito das expansões subli-

mes da Natureza, mecanicamente

estará sujeito a esse e demais dis-

túrbios.5 Segue-se que, para a lei

da Criação, a chamada morte não

só não existe como é considera-

30 Reformador • Novembro 2008 428

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da fenômeno natural, absoluta-

mente destituído da importân-

cia que os homens lhe atribuem,

exceção feita aos casos de suicí-

dio e homicídio. [...]

....................................................

“A provocação desses fenôme-

nos nada mais é que a ação

magnética anestesiando as for-

ças vibratórias até ao estado

agudo, e anulando, por assim

dizer, os fluidos vitais, ocasio-

nando a chamada morte apa-

rente, por suspender-lhe, mo-

mentaneamente, a sensibilida-

de, as correntes de comunica-

ção com o corpo carnal, qual

ocorre no fenômeno espontâ-

neo, se bem que o fenômeno es-

pontâneo possa ocupar um

agente oculto, espiritual, de ele-

vada ou inferior categoria. Se,

no entanto, o fenômeno espon-

tâneo se apresentar freqüente-

mente e de forma como que

obsessiva, a cura será inteira-

mente moral e psíquica, com a

aproximação do paciente aos

princípios nobres do Evangelho

moralizador e ao cultivo da fa-

culdade sob normas espíritas

ou magnéticas legítimas, até ao

seu pleno florescimento nos

campos mediúnicos”.6

Quando bem orientadas e apro-veitadas, a catalepsia e a letargia,“que mais não são do que mani-festações da vida espiritual”,7 po-dem ser utilizadas como faculda-des mediúnicas de enorme poten-cial, de onde são extraídos gran-des ensinamentos e revelações emtorno da alma, advindo daí novos

conhecimentos científicos emprol da Humanidade.

Tais ocorrências evidenciam aexistência de algo no ser humanoindependente da matéria, no caso,o Espírito, o que tem compelidoos cientistas a buscarem um novoparadigma para o tratamento e asolução dos problemas que afli-gem o ser humano.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 91.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Parte se-

gunda, cap. VIII, comentário de Kardec à

questão 424.2REVISTA SUPERINTERESSANTE. n. 176. Dis-

ponível em: http://super.abril.com.br/supe-

rarquivo/2002/conteudo_ 120294.shtml

3Disponível em: http://noticias.terra.com.

b r /popu la r / i n te rna /0 , ,O I2268585 -

EI1141,00.html4Para mais informações, consulte o capí-

tulo XIII, de A gênese, sob o título “Ca-

racteres dos milagres”.5Além desses fatores, encontramos na lei

de causa e efeito a gênese de tais distúr-

bios, como se infere do testemunho do

Espírito Antonio B... registrado em O céu

e o inferno, no capítulo VIII, sob o título

Enterrado vivo. – A pena de talião.6PEREIRA, Yvonne do A. Recordações da

mediunidade. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2008. Cap. 1, p. 17, 19-20.7KARDEC, Allan. A gênese. 52. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Cap. XIV, subtítulo II.

Explicação de alguns fenômenos conside-

rados sobrenaturais, item 23.

31Novembro 2008 • Reformador 429

Longe do sentimento limitadoDa matéria em seus átomos finitos,No limite de um mundo ignoradoCelebra a morte seus estranhos ritos.

Hinos e vozes, lágrimas e gritosDo espírito que outrora encarcerado,Contempla a luz dos orbes infinitos,Bendizendo a amargura do Passado!

Ó Morte, a tua espada luminosa,Formada de uma luz maravilhosaÉ invencível em todas as pelejas!...

És no Universo estranha Divindade.Ó operária divina da Verdade,Bendita sejas tu! Bendita sejas!...

Fonte: XAVIER, Francisco C. Palavras do infinito. 5. ed. São Paulo: LAKE, 1978. p. 72.

(Soneto recebido em Pedro Leopoldo a 21 de julho de 1935.)

Cruz e Souza

Morte

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omo anunciado em Reformador de agostopassado, realizou-se na Capital Federal, de5 a 7 de setembro, o 3a Brazila Renkonti1o

de Esperantistoj-Spiritistoj (3o Encontro Nacional dosEsperantistas-Espíritas), organizado pelo Grupo Es-pírita Fraternidade, com o apoio da Federação Espí-rita do Distrito Federal (FEDF) e da FederaçãoEspírita Brasileira (FEB).

A sessão inaugural ocorreu na sede da FEDF, sob acondução de seu vice-presidente, Paulo Maia, com-pondo também a Mesa diretora o presidente da FEB,Nestor João Masotti, o tesoureiro da Federação Italianade Esperanto, Riccardo Pinori, o diretor do Departa-mento de Esperanto da FEB, Affonso Soares, o ex-pre-sidente do Grupo Espírita Fraternidade, Waldir A. Sil-vestre, e o delegado-chefe da Associação Universal deEsperanto, em Brasília, Francisco Mattos de Oliveira.

A palestra de abertura, sob o título “TransiçãoPlanetária”, foi proferida em esperanto por Affon-so Soares, com tradução simultânea de FranciscoMattos de Oliveira.

Os dias 6 e 7 foram dedicados, na sede do Gru-po Espírita Fraternidade, a exposições em espe-ranto sobre temas de La Evangelio la9 Spiritismo

(O Evangelho segundo o Espiritismo), a cargo dosconfrades Givanildo Ramos da Costa, Elmir dosSantos Lima, Ismael de Miranda e Silva, João Sil-va dos Santos, do Rio de Janeiro (RJ), José Pas-sini, de Juiz de Fora (MG), Clóvis Portes, de BeloHorizonte (MG), e Maria Ester Pinto de Souza,de Brasília (DF).

Já no dia anterior ao evento, os membros daComissão Organizadora do Encontro – Lício deCastro, Waldir Silvestre e Adolpho de Miranda eSilva –, o responsável pelo Setor de Esperanto doConselho Espírita Internacional, Ismael de Mi-randa e Silva, e o diretor Affonso Soares reuniram--se na Sede Central da FEB para ouvir do presi-dente Nestor considerações sobre o valor do es-peranto como instrumento de divulgação inter-nacional da Doutrina, notadamente nos países doLeste Europeu, onde esperantistas têm traduzido

Esperantistas-espíritasreuniram-se em Brasília

AF F O N S O SOA R E S

CAspecto parcial da Mesa diretora no evento

32 Reformador • Novembro 2008 430

A FEB e o Esperanto

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obras espíritas em suas línguas nacionais, combase nas edições em esperanto publicadas no Bra-sil. Com larga visão das potencialidades da Lín-gua Internacional Neutra e do que o futuro nospode reservar como resultado da semeadura nes-sa seara, Nestor Masotti incentivou os trabalha-dores a que, entre outras iniciativas, busquemobter traduções em esperanto, de bom nível,das grandes obras mediúnicas produ-zidas no Brasil, prioritariamenteas de André Luiz, para, de iní-cio, disponibilizá-las ao mun-do esperantista através doportal eletrônico da FEB e,oportunamente, publicá--las em livro.

Outro belo e promissorfruto do Encontro foi via-bilizar a inserção, por assimdizer, oficial do esperantonas estruturas do MovimentoEspírita brasileiro, pela criaçãode uma sociedade esperantista--espírita, de âmbito nacional, aser admitida no Conselho Fede-rativo Nacional da FEB na cate-goria de entidade especializada.

Recebeu-se também forte incentivo a se pro-mover, num longo e paciente esforço, a conscien-tização dos movimentos espíritas que se repre-

sentam no Conselho Espírita Internacional (CEI)sobre a conveniência de incrementarem o estudoe o uso do esperanto, com vistas a que, no futuro,aquela organização espírita internacional possaacolhê-lo como língua de trabalho em seus con-gressos e em suas relações internacionais.

O presidente Masotti também manifestou suaplena aprovação à iniciativa de se comemorar,

em 2009, o centenário das atividadesda FEB e do Movimento Espírita

em torno do esperanto, estandoprevistos um suplemento em

Reformador e um evento,alusivo à data, no progra-ma do 44o Congresso Bra-sileiro de Esperanto, a rea-lizar-se em julho do anovindouro na cidade de Juiz

de Fora (MG).Um almoço de despedida

estreitou ainda mais os laçosde fraternidade entre os parti-cipantes, que regressaram aseus locais de origem, fortaleci-dos em sua convicção a respei-to das excelências do esperantoe seus nobres ideais e animados

para a execução das tarefas que darão corpo aospropósitos resultantes dos trabalhos do Encontroem Brasília.

Aspecto parcial do público

Diretor do Departamento de Esperantoda FEB, Affonso Soares, e o presidente

da FEB Nestor João Masotti

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s festividades da Páscoa,2 naPalestina do ano 33 d.C.,3

terminaram de forma ines-perada, gravando no coração dosApóstolos as penosas lições do cal-vário. O Mestre deixara-se imolar,aceitando o supremo sacrifício semqualquer reprovação ou murmúrio.

De alma envolta em perplexidadee tristeza, o colégio apostólico se dis-

persou. Jesus, todavia, compadecen-do-se da fragilidade humana, res-surgiu das sombras da morte con-firmando a imortalidade da alma.

A notícia espalhou-se rapida-mente, nutrindo o coração dosseguidores de imorredoura es-perança.

Ao cabo de sete semanas (cin-qüenta dias),4 na festa de Pente-costes, quando Jerusalém recebiaos mais diversos peregrinos, inau-gurou-se nova era para a Huma-nidade sob os auspícios “[...]dos

Espíritos redimidos e santificadosque cooperam com o Divino Mes-tre, desde os primeiros dias da or-ganização terrestre [...]”,5 tambémconhecidos pelo nome de Espírito

Santo. Nesse sentido, o texto deEmmanuel é esclarecedor:

No dia de Pentecostes, Jerusa-

lém estava repleta de forastei-

ros. Filhos da Mesopotâmia, da

Frígia, da Líbia, do Egito, cre-

tenses, árabes, partos e roma-

nos se aglomeravam na praça

extensa, quando os discípulos

humildes do Nazareno anun-

ciaram a Boa Nova, atendendo

a cada grupo da multidão em

seu idioma particular.

A

Cristianismo Redivivo

“Os filósofos do mundo sempre pontificaram de cátedras confortáveis, mas nuncadesceram ao plano da ação pessoal, ao lado dos mais infortunados da sorte.

Jesus renovara, com exemplos divinos, todo o sistema de pregaçãoda virtude. Chamando a si os aflitos e os enfermos, inaugurara no

mundo a fórmula da verdadeira benemerência social.”1

HA RO L D O DU T R A D I A S

História da Era ApostólicaOs alicerces da Igreja Cristã

1XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e Es-

têvão. Pelo Espírito Emmanuel. 44. ed. Riode Janeiro: FEB, 2007. Primeira parte, cap.III, p. 72.

2A festa da Páscoa começa no crepúsculoda sexta-feira (14 de Nisã), ou seja, no iní-cio do sábado (15 de Nisã), uma vez queos judeus contavam o dia a partir das de-zoito horas. Essa festa durava uma semana,findando no sábado seguinte (22 de Nisã).

3Consultar o artigo intitulado “A crucifica-ção de Jesus”, publicado na revista Refor-

mador, de setembro de 2008, p. 33, no qualse demonstrou que a crucificação ocorreupor volta do dia 3 de abril de 33 d.C.

34 Reformador • Novembro 2008 432

4A festa de Pentecostes, palavra grega quesignifica cinqüenta, é celebrada sete sema-nas após a Páscoa, ou seja, no qüinquagési-mo dia após o sábado Pascal. Os hebreus adenominam “festa de Shavuot” ou festa dassemanas, na qual celebram o recebimentoda Torah no monte Sinai, razão pela qual étambém conhecida como a festividade do“dom da Torah”. Nesse caso, o pentecostesdescrito no livro “Atos dos Apóstolos” ocor-reu por volta do dia 24 de maio de 33 d.C.

5XAVIER, Francisco Cândido. O consola-

dor. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 1a

reimpressão. Rio de Janeiro: FEB, 2008.Questão 312.

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Uma onda de surpresa e de ale-

gria invadiu o espírito geral.

Não faltaram os céticos, no di-

vino concerto, atribuindo à

loucura e à embriaguez a reve-

lação observada. Simão Pedro

destaca-se e esclarece que se tra-

ta da luz prometida pelos céus à

escuridão da carne.

Desde esse dia, as claridades do

Pentecostes jorraram sobre o mun-

do, incessantemente. Até aí, os dis-

cípulos eram frágeis e indecisos,

mas, dessa hora em diante, que-

bram as influências do meio,

curam os doentes, levantam o es-

pírito dos infortunados, falam aos

reis da Terra em nome do Senhor.

O poder de Jesus se lhes comu-

nicara às energias reduzidas.

Estabelecera-se a era da mediu-

nidade, alicerce de todas as reali-

zações do Cristianismo, através

dos séculos.

Contra o seu influxo, trabalham,

até hoje, os prejuízos morais que

avassalam os caminhos do ho-

mem, mas é sobre a mediunida-

de, gloriosa luz dos céus ofere-

cida às criaturas, no Pentecostes,

que se edificam as construções

espirituais de todas as comuni-

dades sinceras da Doutrina do

Cristo e é ainda ela que, dilata-

da dos apóstolos ao círculo de

todos os homens, ressurge no

Espiritismo cristão, como a al-

ma imortal do Cristianismo re-

divivo.6 (Grifo nosso.)

Doravante, guiado pela Espi-ritualidade superior, Simão Pe-dro transfere-se para Jerusalém,no segundo semestre do ano 33

d.C., fundando a instituição co-nhecida como “Casa do Cami-nho”, posto avançado de atendi-mento a inúmeros necessitados,além de foco irradiador da BoaNova.

A descrição de Emmanuel da ve-neranda instituição é insuperável:

Desde que viera do Tiberíades

para Jerusalém, Simão trans-

formara-se em célula central

de grande movimento huma-

nitarista. [...]

....................................................

Era por esse motivo que a resi-

dência de Pedro, doação de vá-

rios amigos do “Caminho”, re-

gurgitava de enfermos e desvali-

dos sem esperança. Eram velhos

a exibirem úlceras asquerosas,

35Novembro 2008 • Reformador 433

6XAVIER, Francisco Cândido. Caminho,

verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. 1a reimpressão. Rio de Janeiro: FEB,2008. Cap. 10, p. 35.

Simão Pedro, pintado por Guercino

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procedentes de Cesaréia; lou-

cos que chegavam das regiões

mais longínquas, conduzidos

por parentes ansiosos de alívio;

crianças paralíticas, da Iduméia,

nos braços maternais, todos

atraídos pela fama do profeta

nazareno, que ressuscitava os

próprios mortos e sabia resti-

tuir tranqüilidade aos cora-

ções mais infortunados do

mundo.

Natural era que nem todos se

curassem, o que obrigava o ve-

lho pescador a agasalhar con-

sigo todos os necessitados,

com carinho de um pai. Reco-

lhendo-se ali, com a família,

era auxiliado particularmente

por Tiago, filho de Alfeu, e por

João; mas, em breve, Filipe e

suas filhas instalavam-se igual-

mente em Jerusalém, coope-

rando no grande esforço fra-

ternal.[...]7

Vê-se que o ano 33 d.C. repre-senta um marco inicial para oCristianismo Nascente. O retornodo Mestre ao mundo espiritualimplicaria a distribuição de en-cargos e responsabilidades graves,tendo em vista a necessidade deconcretização no plano físico doprometido “Reino de Deus”, frutoda vivência plena do Evangelho.

Jerusalém nunca mais seria amesma. As sementes do Cristo,quais minúsculos grãos de mos-

tarda, se transformariam em fron-dosas árvores de amor e sabedo-ria. Em meio ao pântano das maispervertidas paixões, desabrocha-riam lírios de pura espiritualidade.

O Espiritismo, na sua feição deCristianismo Redivivo, repete o es-forço dos primeiros cristãos, pro-curando conjugar, na intimidadeda “Casa Espírita”, os verbos amar,estudar, compreender, perdoar, bus-cando a legítima caridade. Nesseesforço de aperfeiçoamento, en-contra nas primeiras instituiçõesdo Cristianismo Nascente ummodelo de vivência cristã à alturados ensinos de Jesus.

A “Casa do Caminho” é exem-plo vivo, não obstante o trans-curso dos séculos. Por esta razão,urge estudar e refletir sobre osgrandes acontecimentos quemarcaram o primeiro século doCristianismo, não somente pelosvultos que trabalharam pela cau-sa do Mestre, mas também pelaexperiência registrada por estespioneiros, que jamais pode seresquecida, sob pena de cometer-mos antigos e graves erros capa-zes de comprometer nossa as-censão espiritual.

Irmãos de jornada, avancemos!Luz acima!

36 Reformador • Novembro 2008 434

7XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e Es-

têvão. Pelo Espírito Emmanuel. 44. ed. Riode Janeiro: FEB, 2007. Primeira parte, cap.III, p. 72-73.

aquela noite de imperecível recordação, foi confiado aosquinhentos da Galiléia o serviço glorioso da evangelização

das coletividades terrestres, sob a inspiração de Jesus Cristo.Mal sabiam eles, na sua mísera condição humana, que a palavrado Mestre alcançaria os séculos do porvir. E foi assim que, re-presentando o fermento renovador do mundo, eles reencarna-ram em todos os tempos, nos mais diversos climas religiosos epolíticos do planeta, ensinando a Verdade e abrindo novos ca-minhos de luz, através dos bastidores eternos do tempo..........................................................................................................

Na qualidade de discípulos sinceros e bem-amados, desceramaos abismos mais tenebrosos, redimindo o mal com os seussacrifícios purificadores, convertendo, com as luzes do Evan-gelho, à corrente da redenção, os espíritos mais empederni-dos. Abandonados e desprotegidos na Terra, eles passam, edi-ficando no silêncio as magnificências do Reino de Deus, nospaíses dos corações e, multiplicando as notas de seu cântico deglória por entre os que se constituem instrumentos sincerosdo bem com Jesus Cristo, formam a caravana sublime quenunca se dissolverá.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Boa nova. 3. ed. especial. 1ª reimpressão. Rio de Janeiro:

FEB, 2008. Cap. 29, p. 245-246.

Humberto de Campos

NOs quinhentos da Galiléia

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Na tarde de 10 de setembro,realizou-se a Marcha Nacional daCidadania pela Vida – Brasil SemAborto, diante da Esplanada dosMinistérios, em Brasília, saindodefronte ao Museu e Biblioteca Na-cional em direção ao CongressoNacional, onde ocorreram diversasmanifestações. Usaram da palavravários deputados federais entreeles o deputado Luiz Carlos Bassu-ma; o Arcebispo de Brasília, DomJoão de Aviz; o representante daConferência Nacional dos Bisposdo Brasil (CNBB), padre Luiz Antô-nio Bento; o diretor da FederaçãoEspírita Brasileira (FEB), AntonioCesar Perri de Carvalho, represen-tando o seu presidente Nestor JoãoMasotti; Marília de Castro, pela Re-de Brasileira do Terceiro Setor(REBRATES); a representante daFederação Espírita do Distrito Fe-

deral (FEDF), MariaInês Von Gal Milane-zi, e outros oradores.A Human Life, Or-ganização Interna-cional Católica emDefesa da Vida foi re-presentada pelo Sr.Raimundo Souza. Oevento constituiu ummarco importanteentre as mobiliza-ções para se evitar aaprovação da pro-posta de legalizaçãodo aborto, que tra-mita na Câmara dos Deputados.

A FEB, que participa da direçãodo Movimento Nacional da Cida-dania – Brasil Sem Aborto, distri-buiu largamente material dos su-plementos de Reformador sobre oaborto, e opúsculos das Campa-

nhas Em Defesa da Vida, Viver em

Família e Construamos a Paz Pro-

movendo o Bem!. Estima-se a pre-sença de seis mil participantes.

A TVCEI (www.tvcei.com) reali-zou as filmagens do evento e entre-vistas para oportuna transmissão.

Distribuição, pela FEB, de material sobre ascampanhas Em Defesa da Vida, Viver em Família

e Construamos a Paz Promovendo o Bem!

37Novembro 2008 • Reformador 435

Marcha pela Vida –Brasil Sem Aborto

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ldina inclina-se no beiralda janela. Com um olhartranstornado, mede os dez

andares abaixo... Seus olhos pas-seiam pelas sombras noturnas.Num sobressalto, afasta-se da ja-nela e um relâmpago de lucidezpercorre-lhe a alma: Não, eu nãoquero morrer!

Procura o leito. Cabeça cansa-da sobre o travesseiro, deixa quelágrimas doridas rolem pela fa-ce. Lá fora o burburinho da ci-dade grande. Cá dentro o silên-cio de um ser em conflito. Almaangustiada, seu sono é ameaçaao sossego. O suor insistente bai-la sobre a fronte exaurida. O pa-vor da noite, da vida, do nadamultiplica-se em formas adultase desconexas.

– Tenho que viver!Embora débil, uma prece se

eleva em seus pensamentos. Len-tamente nuvens densas, sufocan-tes, se desfazem: – Preciso vencer!Esse desânimo me domina, para-lisa meu ser; a vida me apavora.Quero dormir, sonhar, mas os pe-sadelos se avolumam. Por que essemergulho no nada?

Sublime voz, vinda de algum

lugar indefinido, assenhoreia-sede seus pensamentos:

– Engano seu, Aldina, o nadanão existe. Não percebe a existên-cia de uma Força Maior que podeajudá-la? Não está só. Depende devocê, do seu esforço, do seu querer.

– Não encontro um caminho.Meus medos se erguem em bar-reiras colossais.

– Este é o momento de se reer-guer, basta querer.

Eu quero! Não consigo. Não saiodo lugar.

– É isso. Não sai do lugar, não seesforça, não se obriga. Não perce-be que se compraz nessa entrega?Não pode se reerguer sob essa mu-ralha de fuga que construiu. Esfor-ce-se, ore e confie, assim desataráos grilhões que a aprisionam. Vocêé importante. Pense nisso. Valori-ze-se. Você tem condições de mo-dificar sua vida. É hora de ir à luta!

– Como?Olhe à sua volta. Estenda as

mãos aos pequeninos; ouça os an-gustiados. Exercite o perdão, oamor, o trabalho no bem. Apaguea mágoa do coração. Olhe os ofen-sores como irmãos em desequilí-brio, carentes de ajuda. E assim

conseguirá vencer a própria dor eavaliar o sofrimento e a solidãodos semelhantes. Enquanto isso asua dor ficará pequenina.

– Não percebe o gigante queme sufoca e me ata a meu próprioeu? Ora são grades invisíveis, oraalgemas fluídicas ou vendas trans-parentes que me anulam.

– Estou aqui para ajudá-la,mas...

– Que ajuda? Palavras, palavrasvazias.

– As palavras, fundamentadasno Evangelho de Jesus, são im-pregnadas de energia, de magne-tismo; iluminam, abrem cami-nhos, mostram a Verdade, conso-lam e fortalecem. É dessa Verdadeque você precisa...

– Sim, sim, faça alguma coisa,eu preciso viver.

– Está disposta a se ajudar?– Sim, mas... tem que ser agora?– Agora ou será tarde...– Não agüento mais recrimina-

ções!– Não vou recriminá-la. Não!

Essa não é a solução. Apenas ouça.É importante refletir sobre o por-quê da vida, e também conhecer--se analisando os próprios atos.

Eu nãoquero morrer!

AA. ME RC I SPA DA B O RG E S

38 Reformador • Novembro 2008 436

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Há um motivo muito importantepara existir; não fosse assim nãohaveria vida sobre a Terra.

É necessário entender que nãoestá sozinha. Cada pessoa represen-ta um tijolinho na construção destemundo. E o trabalho no bem é ali-cerce para um mundo melhor. Re-flita no sacrifício das criaturas quepromovem o progresso, o amor. Omaior de todos os sacrifícios foi o deJesus. Ele é tão importante que di-vidiu a História em dois períodos.Sua vinda dissipou as trevas. Em-baixador Divino, revelou as Ver-dades eternas e sacrificou-se pelaHumanidade. Seus exemplos e li-ções abrem veredas para a con-quista evolutiva. Toda conquista éárdua, longa, porém, segura. Jesusestá sempre presente, não olvideisso. O sofrimento passa, e tudo seesquece – Ele não. Dores presen-tes são experiências futuras. Refli-ta sobre as lutas humanas, as li-ções deixadas pelos ancestraisque conquistaram a sobrevivênciacom suor e lágrimas, disputaramespaço e alimentação com as fe-ras. Feras interiores, feras exterio-

res. Por caminhos árduos, o ho-mem alcançou a civilização, em-bora não tenha ainda atingido aespiritualização. É preciso avan-çar. A dor é oferta à criatura in-conseqüente que deixa as ilusõesprevalecerem sobre os tesourosdo Espírito. A alma é imortal. Lu-te pelos tesouros que podem enri-quecê-la e vencerá. Sem evoluçãomoral o Espírito se arruína. É preci-so crescer. Não fuja da vida, dádi-va bendita ofertada por Deus. For-taleça os nobres ideais, proponha--se à aquisição de novos hábitos eexperiências. É um processo contí-nuo de aprendizado e recuperação.Liberte-se desse anseio de fuga, olheà sua volta com os olhos da alma;esqueça as desilusões e estenda asmãos para aliviar as chagas alheias.Elas também doem. Enquanto cul-tiva as próprias dores esquece-sedas dores alheias e o sofrimento émaior. Colabore para a felicidadedo próximo. Cada indivíduo temum papel significativo no grupo fa-miliar e social. Quando a criaturadesiste desse papel, desarmoniza onúcleo em que vive e contrai do-

res profundas, sem contar os débi-tos que adquire com as leis divinas.É preciso colaborar com a harmo-nia. Ela antecede o Amor! O Amoré conquista. E essa conquista é deessência divina. Só é capaz de pro-var dessa essência quem muito fazpara merecê-la. Cada criatura podegerar progresso ou destruição, au-xílio ou tragédia. Depende do dire-cionamento proposto. Pense nisso.

– Eu entendi. Preciso vencer!– Vence-se com esforço e boa

vontade, fé em Deus e confiança emsi mesma. Seja no campo de atua-ção individual ou coletiva, o auxí-lio espiritual virá. Doe-se ao Beme conseguirá romper os grilhões in-feriores que a dominam. É o mo-mento de sua libertação, dependede você. Não se esqueça, valorize avida, olhe-a com os olhos do Amore tudo seguirá o seu curso.

Aldina acordou revigorada. Re-cordou-se apenas de ter visto duasmãos luminosas a clarearem seu co-ração. E num estado de serena lu-cidez elevou o pensamento a Deusnuma prece de gratidão: – Senhor,dá-me forças, eu quero viver!

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entre todos os ensinamen-tos do Mestre, Ele desta-cou esse como resumo de

toda a lei e todos os profetas. Éum verdadeiro roteiro de vidapara nós.

O Cristo também nos lembra,em outro precioso ensinamento:“sois deuses”, ou seja, trazemosem nós a centelha divina, a força

criadora, o Eu superior que énossa verdadeira luz e na qual seencontra toda a plenitude de sa-bedoria e amor de Deus em nós.

Reconhecermos ser mais do queacreditamos ser, é nos libertarmosdos sentidos tão voltados para oslimitados conceitos materialistasainda muito cultivados.

Tomar consciência do verda-deiro é, antes de tudo, modificar--se para obter uma visão holísti-ca de todo o dinamismo da vida.

Vivemos em um mundo ondeos conceitos de felicidade têm-sevoltado à satisfação da persona-lidade humana através de con-quistas e sensações direcionadasao prazer do corpo físico, assimcomo à vaidade que causa o sen-timento de superioridade apa-rente nos grupos sociais. Temosdirecionado o que entendemoscomo amor a atitudes de posse,controle, medo, ciúme, manipu-lação alheia, na crença de que as-sim estaremos plantando a nossafelicidade e a dos nossos entesqueridos.

Seguimos, muitas vezes, con-ceitos, crenças, modelos, toman-do como base o procedimentoutilitarista da sociedade em vá-rios campos.

Todo esse cenário nos mostramuitos seres humanos em seusconflitos íntimos, familiares, quan-do percebemos a insatisfação con-tínua, a busca desenfreada de ale-grias, os sentimentos doentios

O maiormandamento

D

“Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todoo teu espírito [...]. Amarás o teu próximo com a ti mesmo.” (Mateus, 22:37 e 39.)

F I D E L NO G U E I R A

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que se manifestam através de com-portamentos depressivos, condu-tas impulsivas e compulsivas, de-sencontros entre casais, pais, fi-lhos e, principalmente, diantedas atitudes causadas pelo cará-ter fraco, social e político.

A maturidade espiritual dian-te dos ensinamentos de Jesus nosleva a entender, então, que o con-ceito de amor deve ser modifica-do, tornando-se uma busca in-cessante de Deus, que cada umtraz dentro de si.

Podemos exercitar esse amoratravés da educação de nossossentimentos, de nossa persona-lidade.

Educando-nos através do conhe-cimento, podemos modificar nos-sas atitudes, transformando o ime-diatismo em perseverança, o pes-simismo em novas perspectivasde crescimento e, acima de tudo,compreendendo e aceitando quesomos todos iguais em potencia-lidades, com conhecimentos dife-rentes, caracterizando cada um noseu grau evolutivo. Assim, comum novo posicionamento dianteda vida, saímos da multidão deaflitos, passando a caminhar como discernimento de quem conhece,a calma de quem confia, a bon-dade de quem ama, a liberdadede quem sabe que é dono de simesmo e autor de tudo o que lheacontece.

Sendo o amor a nós mesmos omodelo de amor ao próximo, de-vemos compreender que, amar aonosso irmão é, antes de tudo, nosfazer melhores seres humanos,para que possamos emitir pensa-

mentos, ações, palavras, sentimen-tos e atitudes que realmente retra-tem Deus dentro de nós. Amar--nos, construindo atitudes e pen-samentos saudáveis que irão pro-vocar em nós a verdadeira cura.

Libertando-nos de males tão co-muns como a maledicência, o ciú-me, a inveja, a corrupção, o egoís-mo, passamos a compreenderque toda ação gera uma reaçãoem nós mesmos.

Pensando e agindo como seresde luz, modificamos nossa posição,entendendo que a compreensãoda caridade também se torna maisverdadeira e ativa.

Entendemos, então, que o amoré a força que transforma os sen-timentos, e a caridade é a ação con-tínua e natural provocada por es-se sentimento vivo em nós.

Passamos a ser, naturalmente,caridosos. Nossas ações se trans-formam, nossos pensamentossão mais saudáveis, nossas idéiasmais ricas, nossas palavras maislimpas, e nosso ser se torna maisharmônico, nosso caminhar é decalma, confiança e certeza, fa-zendo-nos ver o outro como ir-mão, que está no mesmo cami-nho e, se permanece no erro, éporque ainda não descobriu emsi esse maravilhoso tesouro.

A caridade se manifesta atra-vés do perdão que liberta o serda culpa, das prisões íntimas, pro-vocadas pelos erros passados. Acaridade provoca também o sen-timento de perdão ao próximo,pois compreendemos a fragili-dade que nos é comum e nos le-va a atitudes equivocadas, fazendocom que as energias deletérias damágoa se transformem em flui-dos curadores, a refletirem emnós a saúde integral, do corpo edo espírito.

Mas, além do perdão, a carida-de é, também, benevolência e in-dulgência, como a entendia Jesus(O Livro dos Espíritos, questão886).

Nossas atitudes passam a sernão mais a da crítica ou a do jul-gamento, mas a de compreender eauxiliar o próximo. Atuamos, en-tão, levando, quando necessário,primeiro o alimento material, poisque a fome enfraquece o corpofísico para que, depois de restau-radas as energias, possamos indi-car a verdadeira fonte de vida, co-mo já o fez o Mestre ao nos ensi-nar pelo exemplo.

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A caridadese manifestaatravés doperdão queliberta o ser

da culpa,das prisões

íntimas

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S. Paulo: Ética Espírita e Legislação HumanaNa sede da União das Sociedades Espíritas do Estadode São Paulo (USE), ocorreram dois eventos relaciona-dos com a área do Direito, promovidos pela As-sociação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo. Nodia 24 de setembro, desenvolveu-se o seminário “AÉtica Espírita e o Operador do Direito, uma análisesobre a conduta do Operador do Direito espírita dian-te dos apelos éticos de um mundo materialista”, tendocomo expositores Maria Odete Duque Bertasi, direto-ra-secretária da AJE-SP e presidente do Instituto dosAdvogados de São Paulo, e Gleibe Pretti, professor deDireito do Trabalho e presidente da Associação Paulis-ta dos Advogados Trabalhistas. No dia 18 de outubro,ocorreu o seminário sobre o tema “A boa-fé objetivacomo valor evangélico e notório exemplo de progres-so da legislação humana”, com a atuação de FranciscoAranda Gabilan, coordenador do Conselho Delibera-tivo da AJE-São Paulo, e Marco Antônio MarcondesPereira, promotor de Justiça de Falências da Capital.

Piauí: Curso de Atendimento EspiritualA Federação Espírita Piauiense promoveu, no perío-do de 19 a 21 de setembro, o curso Atendimento Es-piritual do Jovem e da Criança, ministrado porMaria Euny Herrera Masotti, coordenadora da Áreade Assistência Espiritual das Comissões Regionais doConselho Federativo Nacional da FEB.

Amazonas: Curso de Expositores EspíritasA Federação Espírita Amazonense promoveu, porintermédio de seu Departamento de AtendimentoEspiritual, o Curso para Expositor Espírita, no perío-do de 22 a 26 de setembro, em sua sede.

Rio de Janeiro: Homenagem a Allan Kardec O Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro(CEERJ) esteve presente na Sessão Solene em Home-nagem pelo Nascimento de Allan Kardec, em 26 desetembro de 2008, na Assembléia Legislativa do Esta-do do Rio de Janeiro (ALERJ). A programação girou

em torno da atenção aos detentos do sistema prisio-nal do Estado do Rio de Janeiro, seus familiares e suareintegração na sociedade.

Distrito Federal: Cine-DebateEm continuidade ao “Projeto Cine-Debate” da Fede-ração Espírita do Distrito Federal, o filme Amor além

da vida foi a película discutida, no dia 27 de setem-bro, na sede da Federativa, sendo apresentadas asexplicações da Doutrina Espírita sobre o amor, pro-blemas mentais, formas-pensamento, perda de entesqueridos, suicídio, colônias espirituais, auxílio dosEspíritos benfeitores e a atuação da Misericórdia Di-vina. Mensalmente é exibido e debatido um filme.

Roraima: Confraternização do dia das crianças

O Departamento de Infância e Juventude da Federa-ção Espírita Roraimense promoveu, no dia 12 deoutubro, a 2a Confraternização do dia das crianças.Uma manhã feita especialmente para as crianças, quecontou com a participação de todos os centros es-píritas de Boa Vista.

CEI: Preparativos para Conselho CanadenseCom o objetivo de se fundar o Conselho EspíritaCanadense, ocorreram nos dias 12, 13 e 14 de setem-bro reuniões e palestras nos três grupos espíritas deMontreal (Canadá) – “Mensageiros Luz e Paz”, “Justi-ce, Amour et Charité” e “Fraternité” –, contando coma presença dos representantes do “Joanna de AngelisSpiritist Study Group”, de Toronto. Em seguida, nosdias 15 e 16, houve palestras e reuniões no citadoGrupo de Toronto. Nas duas cidades, as atividadescontaram com a atuação de Antonio Cesar Perri deCarvalho, membro da Comissão Executiva do Con-selho Espírita Internacional e representante do se-cretário-geral, Nestor João Masotti, ocasião em quese definiu o Estatuto da Entidade Representativado Canadá e a sua sede, em Toronto. Informações:[email protected]

Seara Espírita

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