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Reformador Outubro / 2009 (revista espírita)

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Pacto Áureo

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 127 / Outubro, 2009 / N o 2.167

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO E EVANDRO NOLETO

BEZERRA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

O trabalho de unificação

Entrevista: Nestor João Masotti

Presidente da FEB comenta os 60 anos do Pacto Áureo

Presença de Chico Xavier

Em nome do Evangelho – Emmanuel

Esflorando o Evangelho

Não só – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Esperantistas-espíritas no 94o Congresso Universal de

Esperanto, em Bialystok, Polônia – Affonso Soares

Seara Espírita

60 anos do Pacto Áureo (Capa)

O Consolador Prometido – Juvanir Borges de Souza

Diretrizes de ação e atividades do Conselho

Federativo Nacional – Antonio Cesar Perri de Carvalho

Ação dos Espíritos nos fenômenos da Natureza –

Christiano Torchi

Pacto Áureo – Grande Conferência Espírita realizada

no Rio de Janeiro

Em dia com o Espiritismo – Inteligência Artificial –

Marta Antunes Moura

A “Caravana da Fraternidade”

Síntese Histórica do CFN – Equipe da Secretaria-Geral

do CFN

Retificando...

Ante o Pacto Áureo – Guillon Ribeiro

Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica –

A Igreja de Antioquia – Haroldo Dutra Dias

Comemoração dos 60 anos do Pacto Áureo na FEB

60 anos do Pacto Áureo (Continuação da p. 8)

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual R$ 339,00Número avulso R$ 55,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 335,00

Assinatura dde RReformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mmail: [email protected]

4 Reformador • Outubro 2009362

trabalho de unificação do Movimento Espírita que, no Brasil, foi inicia-do pela Federação Espírita Brasileira, a partir de 1884, e que encontrouem Bezerra de Menezes o seu orientador e estimulador, tem, na assina-

tura do Pacto Áureo, ocorrida em 5 de outubro de 1949, um dos seus momentosmais destacados por representar o propósito sincero de instituições e pessoas empe-nhadas em promover a união dos espíritas com vistas ao trabalho de difusão dosensinos da Doutrina Espírita.

Dentre as inúmeras oportunidades de aprender que esses sessenta anos de atividadessob a égide do referido Acordo nos apresentaram, destacam-se a nosso ver duas lições.

A primeira é a que nos ensinou que a tarefa principal das Instituições Federativasé a de desenvolver todo um trabalho de apoio aos grupos e centros espíritas no sen-tido de proporcionar aos mesmos as condições de bem realizarem as atividades paraas quais estão destinados. Por este caminho, poderemos chegar mais rapidamente aoresultado previsto por Allan Kardec ao observar: “Esses grupos, correspondendo-seentre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo dagrande família espírita, que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homenspor um único sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã”.1

A segunda é constatar que a filosofia que norteia o trabalho de unificação é nova,como novo também é o Espiritismo. Assenta-se nos princípios de fraternidade, solida-riedade, liberdade e responsabilidade que a Doutrina Espírita preconiza, ensinando-nosque para realizar esse trabalho é necessário despojarmo-nos de todo personalismo, tra-tando os nossos companheiros em total condição de igualdade, vivenciando a carida-de no seu sentido mais amplo de benevolência, indulgência e perdão, e aprendendo aservir como o Evangelho nos ensina:“Quem quiser ser o maior, este sirva aos demais”.2

Esforçando-nos por colocar em prática essas duas lições, estaremos realmentecolaborando para a difusão da Doutrina Espírita, conforme observa o Espírito deVerdade: “‘Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor,ao chegar, encontre acabada a obra’, porquanto o Senhor lhes dirá: ‘Vinde a mim,vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes eàs vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!’”.3

O

O trabalhode unificação

Editorial

1KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Cap. 29, item 334. Ed. FEB.2MATEUS, 20: 20 a 28.3KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. 20, item 5. Ed. FEB.

Movimento Espírita brasi-leiro comemora neste mêso quinquagésimo ano do

evento de mais alta significaçãoem sua história.

Aos 5 de outubrode 1949, em memorá-vel reunião entre dire-tores da FEB e repre-sentantes de diversasFederações e Uniõesde âmbito estadual,firmava-se na sede daFederação, no Rio deJaneiro, o acordo que,pondo fim a injustifi-cáveis divisionismosno seio da família es-pírita brasileira, con-cretizava a aspiraçãode sucessivas gerações,cultivada desde os primórdios doEspiritismo em nossa terra, no sen-tido de que ela se unificasse sobreas bases da união fraterna, da soli-dariedade e da tolerância.

Ao mesmo tempo que um justi-ficado motivo de júbilo para todosos adeptos conscientes, o Acordode Unificação do Movimento Espí-rita brasileiro também representa

uma constante advertência sobre osprejuízos que o cultivo das paixõespersonalistas pode acarretar comoconsequência do afastamento daorientação cristã da Doutrina.

O Movimento Espírita brasi-leiro, não obstante o fato de serobviamente constituído por cria-turas imperfeitas, escolheu, apóslongo período de conflitos e dis-

sidências, o melhorcaminho – e neletem permanecido –para cumprir suaprecípua finalidadede praticar e divul-gar a Doutrina, a sa-ber, o caminho daunidade na liberda-de, o que implica fi-delidade aos princí-pios fundamentaisda Revelação, tole-rância recíproca aci-ma de todas as natu-rais divergências in-

terpretativas sobre questões aces-sórias e união em clima de frater-nidade e solidariedade.

Pelos seus belos resultados, oPacto Áureo demonstrou frisante-

60 anos doPacto Áureo

5Outubro 2009 • Reformador 363

O

Por sua importância e riqueza de dados históricos, reproduzimos o textoCinquentenário do Pacto Áureo – Do apostolado de Bezerra de Menezes ao

Acordo de Unificação do Movimento Espírita Brasileiro, publicado em Reformador de outubro de 1999 (p. 7 a 9 e 32 a 35)

Capa

Fac-símile da Ata do Pacto Áureo

mente a necessidade de jamais per-dermos de vista o caráter unitá-rio da Doutrina e a sua estreitíssi-ma, indissociável vinculação à pu-ra doutrina do Divino Messias, seefetivamente desejamos servir aossuperiores ideais da Revelação quenos congrega e felicita os corações.

Ao longo desses cinquenta anos,ilustres cronistas têm revivido, emfecundos artigos, em circunstan-ciados noticiários, a história doAcordo de 1949, com vistas a queseus ideais se conservem semprevivos no coração das sucessivasgerações de espíritas. Nossomensário naturalmente sefez o mais rico repositório daslembranças em torno de suascausas, remotas e imediatas,seu contexto, protagonistas,vicissitudes, e é desse fecundomaterial que colhemos, visandoao mesmo objetivo dos predeces-sores, a substância para a presen-te comemoração.

O Evangelho, em sua imortalsabedoria, adverte que uma casadividida contra si mesma cami-nhará fatalmente para a ruína. Efe-tivamente, todos conhecemos porexperiência própria, nos mais di-versos setores da atividade humana,os resultados funestos das dissen-sões, da discórdia, do desamor. Oexemplo do Cristianismo oferecemelancólica ilustração dessa ver-dade. Não obstante jamais se ha-ver apagado o brilho imortal dopensamento e das ações do Cristonas páginas do Evangelho, as igrejasque surgiram desse vigoroso tron-

co perderam-se em mesquinhasdivergências, subdividiram-se emnumerosas seitas, esquecendo oudesprezando o fundamento sem-pre voltado para a união, a humil-dade, a caridade, a tolerância.

Allan Kardec preocupou-se emprevenir o Espiritismo contra se-melhantes tropeços, absolutamente

certo de que, se a Doutrina é pura eincorruptível, o movimento, a or-ganização dos homens para prati-cá-la e divulgá-la é suscetível dosmesmos prejuízos que dificultarama ação do Cristianismo. Nesse senti-do, cuidou de formular com clare-za e precisão o sistema doutrinárioque se ergueria sobre as revelações

espirituais a lhe chegarem de to-dos os lados, veiculadas através deinúmeros médiuns. Sobre esse fun-damento não deveria pairar nenhu-ma dúvida que, no futuro, pudesseengendrar interpretações divergen-tes. Estas só caberiam no terrenodos pontos não essenciais e teriamsua justificativa no fato de que di-versas seriam as maneiras de cadaum interpretar e aceitar as revela-ções e elucidações que girassem emtorno desses pontos não essenciais.

Com isso, Allan Kardec assegu-rava ao conjunto dos adeptos, valedizer, aos movimentos organiza-dos, uma das bases de sua efetivaUNIFICAÇÃO: a unidade dou-trinária, sem a qual eles resvalampara a divisão, a fragmentação emcismas e seitas.

A outra coluna sustentadorada Unificação surge da vivên-cia dos princípios morais daDoutrina, os quais revivem, emsua pureza primitiva, os prin-cípios ensinados e exemplifica-dos por Jesus, a saber, amor fra-

terno entre os adeptos, solidarie-dade, tolerância, numa palavra,

UNIÃO. Seu efeito unificador se ve-rifica de modo bem positivo justa-mente no terreno em que surgemas divergências interpretativasquanto a pontos não essenciais, amétodos de trabalho, a formas deorganização.

A unidade doutrinária e a uniãofraterna e solidária dos adeptossão, portanto, pressupostos fun-damentais da Unificação.

Enquanto encarnado, Allan Kar-dec, pela sua autoridade intelectuale moral, personificava, com a sua

6 Reformador • Outubro 2009364

Capa

Adolfo Bezerrade Menezes

atuação, a própria unificação. Nãoperdia de vista, porém, o Codifi-cador, a época em que a sua açãopessoal cessaria, devendo efetiva-mente ser substituída, mas semqualquer prejuízo, de modo quenão ruísse pela base, ao longo dosanos, a construção por ele iniciada.

É nesse sentido que, preocupan-do-se com o futuro do Espiritismo,do ponto de vista de sua prática,de uma organização que lhe asse-gurasse terreno firme para a suadifusão, Allan Kardec se dedica aum Projeto a que dá o nome de“Constituição do Espiritismo” e noqual avulta a concepção de umadireção central capaz de sustentaros pilares da indispensável unifi-cação, “em condições, de força eestabilidade, que a ponham aoabrigo de todas as [...] necessida-des da causa e oponham intrans-ponível barreira às tramas da in-triga e da ambição”.1

A esse núcleo diretor das ativi-dades do Movimento Espírita, des-tinado a guardar e vigiar a unidadeprogressiva da Doutrina, a susten-tar a unificação, Kardec deu o nomede “Comissão Central”, cujo estabe-lecimento assinalaria a mudança dafase de um comando individual namarcha do movimento espírita pa-ra uma direção coletiva, com a mes-ma autoridade moral. Diz Kardec:

[...] Compreende-se que, sem

uma autoridade moral, capaz de

centralizar os trabalhos, os estu-

dos e as observações, de dar a im-

pulsão, de estimular os zelos, de

defender os fracos, de sustentar

os ânimos vacilantes, de ajudar

com os conselhos da experiência,

de fixar a opinião sobre os pon-

tos incertos, o Espiritismo cor-

reria o risco de caminhar ao léu.

Não somente essa direção é ne-

cessária, como também preciso

se faz que preencha condições de

força e de estabilidade suficien-

tes para afrontar as tempestades.

Os que nenhuma autoridade

admitem não compreendem os

verdadeiros interesses da Dou-

trina. Se alguns pensam poder

dispensar toda direção, a maio-

ria, os que não se creem infalí-

veis e não depositam confiança

absoluta em suas próprias lu-

zes, se sentem necessitados de

um ponto de apoio, de um guia,

ainda que apenas para ajudá-

-los a caminhar com segurança.2

Inspiradíssimo estava o Codifi-cador, quando procurou balizar ocaminho do Espiritismo a partirdo momento em que se daria essatransição.

Entre nós – afirma-o Humber-to de Campos (Espírito) em Brasil,Coração do Mundo, Pátria do Evan-gelho – “as falanges de Ismael esta-vam vigilantes”, pois seria aqui,

para onde Jesus havia transplan-tado a Árvore do Evangelho, quese instalaria o centro de irradiaçãodo Espiritismo Cristão com vistasà Nova Era, centro cuja expressãovisível se concretizaria na Federa-ção Espírita Brasileira, com a suaorganização ideal para abraçar, eminquebrantável unidade, todos osnúcleos de difusão da Doutrina emnosso país, mesmo aqueles que de-la se conservassem afastados masque a ela sempre estiveram liga-dos no plano espiritual.

Seguindo seu luminoso plane-jamento, com o beneplácito do Di-vino Mestre, Ismael (o Anjo doSenhor) ensaia a organizaçãodos primeiros núcleos doutriná-rios no Brasil, agrupando, em 1873,no Rio de Janeiro, um pugilo devalorosos pioneiros para a funda-ção do “Grupo Confúcio”, onde elepróprio se manifesta para definiro caráter das atividades espíritasno Brasil, base sobre a qual se as-seguraria a união fraterna, a uni-dade doutrinária, numa palavra aunificação:

A missão dos espíritas no Brasil

é divulgar o Evangelho, em espí-

rito e verdade. Os que quiserem

bem cumprir o dever a que se

obrigaram antes de nascer deve-

rão, pois, reunir-se debaixo deste

pálio trinitário: Deus, Cristo e

Caridade. Onde estiver esta ban-

deira, aí estarei eu, Ismael.3

7Outubro 2009 • Reformador 365

1KARDEC, Allan. Obras póstumas. 19. ed.Rio de Janeiro: FEB, 1983, p. 354-355.[Atualmente, 40. ed., § 3 – O chefe do Es-piritismo, p. 390.]

2Id. Ibid. p. 351. [KARDEC, Allan. Obraspóstumas. 40. ed. Rio de Janeiro: FEB,2007. § 3 – O chefe do Espiritismo,p. 386.]

3ABREU, Silvino Canuto. Bezerra de Me-nezes: Subsídios para a História do Es-piritismo no Brasil até o ano de 1895.3. ed. São Paulo: FEESP, 1987. p. 32.

Capa

A arremetida da sombra, cons-ciente do poder unificador de umprograma assentado sobre a rochainabalável do Evangelho, não se fazesperar, e, explorando a vulnerabi-lidade do caráter humano, aindainclinado às seduções da vaidade,arrefece a unidade do Grupo, queacabaria desaparecendo em 1879.

Membros do “Grupo Confúcio”,sob a liderança de BittencourtSampaio, fundam em 1876 a “So-ciedade de Estudos Espíritas Deus,Cristo e Caridade”, com programainspirado nas exortações de Ismael.

Sucede-lhe, como fruto de suacapitulação às influências desagre-gadoras, a “Sociedade Acadêmi-ca Deus, Cristo e Caridade”, cujosmembros – afirma-o Pedro Ri-chard, em Reformador de 15 de se-tembro de 1901 – “se distingui-riam, não pelas virtudes de cadaum, mas pelo seu cabedal científi-co. O amor, a caridade, a humilda-de, enfim as virtudes, não mais te-riam cotação naquele Centro. Só aciência, a pretensa sabedoria lhesmerecia a honra da atenção”.

Transporta-se, porém, em 1880,o estandarte luminoso – Deus,Cristo e Caridade – para a suces-sora da “Acadêmica”, a “SociedadeEspírita Fraternidade”, carregadopelos mesmos fiéis discípulos, ten-do à frente os vultos de BittencourtSampaio, Antônio Luiz Sayão e donotável médium Frederico Pereirada Silva Júnior. Também aí as for-ças da sombra encontram terrenofavorável para a semeadura da dis-córdia, e o grupo, sob as mesmasinfluências negativas, se transformaem “Sociedade Psicológica Frater-

nidade”, que desaparece em 1893,quando a Federação, com noveanos de existência, já se preparavapara assumir a missão de executorado Programa de Ismael nos círculosespíritas do Brasil, vale dizer, pro-mover a união e a unificação.

É na “Sociedade Espírita Frater-nidade”, nos anos de 1888 e 1889,que o Espírito Allan Kardec, anteo lamentável quadro da desorgani-zação e desunião em que se encon-trava a família espírita, convoca osinúmeros grupos então existentesa que se unam, se harmonizem “naprática do estudo, da caridade e daunificação”, ao mesmo tempo quereprova aqueles que se constituíamem elementos de desagregação.

As exortações do Codificadorrevestem tal gravidade que encon-tram calorosa acolhida na maioriados adeptos, principalmente nocoração missionário de Bezerra deMenezes que, em 1889, exercia, pe-la primeira vez, a presidência daFederação Espírita Brasileira. De-cide-se ele por medidas práticasque dessem início à efetiva uniãodos espíritas e à unificação de suasatividades. Certo de que a missãode dirigir e orientar a família espí-rita, na consecução desse superiorobjetivo, cabia à Federação Espíri-ta Brasileira, Bezerra de Menezesnela instala, em 21/4/1889, o “Cen-tro da União Espírita do Brasil”que, todavia, teve a sua atuaçãomalograda por ainda ressentir-sea família espírita de uma certa faltade amadurecimento, não obstantea maioria reconhecer necessário einadiável o passo para se congre-garem em torno de um único

núcleo diretor e orientador, comopreconizara Allan Kardec em seuProjeto de 1868. A errônea inter-pretação em torno dos aspectosque revestem a Revelação dos Espí-ritos separava os adeptos em duascorrentes – “científicos” e “místi-cos” –, isto é, a dos que viam noEspiritismo apenas uma ciência, ea dos que, com razão, lhe aceita-vam as consequências de ordemmoral, ou seja, o seu caráter cris-tão, explicitamente definido em O Livro dos Espíritos.

Esse “Centro”, por iniciativa deAfonso Angeli Torteroli, se reinsta-laria em 1894, com os mesmos ob-jetivos de unir a família espírita eunificar as suas atividades doutri-nárias, realizando suas reuniões, deinício, na própria sede da Federa-ção. Bezerra de Menezes e muitosoutros ilustres e respeitados espí-ritas da época pertenciam à suadiretoria, mas, pelos desvios queali começavam a ser perpetrados,Bezerra, em 1896, e, após ele, maisoutros cinco diretores se desligam,vindo o “Centro” a se dissolver em1897. As associações a ele filiadaselegem então a Federação EspíritaBrasileira como o centro do Espi-ritismo no Brasil, a qual, pelo Re-formador de 15/3/1897, ponderouque “se se entende por tal a unifi-cação, ou melhor, a uniformidadede pensamento e de ação na pro-paganda da Doutrina Espírita, es-sencial e fundamente moral”, ela sesente feliz em aceitar a filiação detodos os grupos, mas “de acordocom a orientação claramente ma-nifestada nas colunas do Reforma-dor”. (Continua nas p. 37-41.)

8 Reformador • Outubro 2009366

Capa

9Outubro 2009 • Reformador 367

infinita sabedoria de Jesus,o Governador espiritualdeste mundo de expiações

e provas, que Ele dirige desdesua criação, por determinação deDeus, o Criador de todo o Uni-verso, pode ser percebida atravésde seus ensinamentos e exempli-ficações, que ficaram registradosnos Evangelhos por alguns deseus discípulos.

Sua superioridade de Espíritopuro fica evidenciada não somen-te pelas narrativas evangélicas,mas também por outras razões,que se tornam evidentes e percep-tíveis, no seu tratamento com aspessoas de diferentes condiçõesevolutivas, sempre visando ser en-tendido em suas lições pelos quetinham maiores dificuldades decompreensão.

Esse procedimento do Mestreverifica-se não somente à épocaem que esteve em contato com asdiferentes classes sociais de então,mas também nos dias atuais, emque a população deste orbe, queEle supervisiona, diversifica-seenormemente, no que concerne

às crenças religiosas, aos conheci-mentos em geral e às formas devivência.

Em decorrência das dificulda-des de entendimento de seus ensi-nos, por aqueles que o ouviram, oMestre utilizava linguagem sim-ples, ao alcance das inteligênciasmenos desenvolvidas, valendo-setambém das parábolas e dos sím-bolos que sabia estarem ao alcan-ce de seus ouvintes.

Entretanto, apesar de todo seuesforço, Jesus sabia que muitas desuas lições só seriam assimiladas,em sua verdadeira significação, nofuturo, quando as inteligências es-tivessem mais desenvolvidas.

A comprovação de que o Cris-tianismo, tal como o transmitiu oCristo, com simplicidade e segu-rança, mas com absoluta fidelida-de à realidade e à verdade, seriadesvirtuado pelos homens, nãodemorou a ocorrer, com as inter-pretações desajustadas e impró-prias dos ensinos, para atenderaos interesses de cristãos invigi-lantes.

Logo após o fim da excepcional

missão do Mestre Incomparável,com sua volta aos páramos celes-tes, começaram o divisionismo eo prevalecimento dos interessesimediatos, culminando no con-luio dos cristãos com o imperadorConstantino, no ano 325, obten-do assim a aliança com o podertemporal e o fim das perseguiçõesde que eram vítimas.

As instituições criadas peloscristãos, especialmente a IgrejaCatólica Romana, passaram a seorientar por cultos exteriores ecostumes, transformando o Cris-tianismo primitivo em um poderhumano cada vez mais interessa-do em concorrer com o poder dosreis e potentados, e a ele aliar-se,durante todo o período históricoque se inicia com a Idade Medie-val e alcança os dias atuais.

Por saber o que ocorria com osensinos e objetivos de sua missãoextraordinária junto aos homens,foi que o Cristo, em determinadomomento de sua permanênciaentre seus tutelados na Terra,resolve preveni-los, pedindo-lhesque guardassem seus ensinos e

O ConsoladorPrometido

AJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

avisando-os de que rogaria ao Pailhes enviasse outro Consolador,para ficar sempre com eles:

Se me amais, guardai os meus

mandamentos; e eu rogarei a

meu Pai e ele vos enviará outro

Consolador, a fim de que fique

eternamente convosco: – O Es-

pírito de Verdade, que o mundo

não pode receber, porque o não

vê e absolutamente o não conhe-

ce. Mas, quanto a vós, conhecê-

-lo-eis, porque ficará convosco e

estará em vós. – Porém, o Con-

solador, que é o Santo Espírito,

que meu Pai enviará em meu

nome, vos fará recordar tudo o

que vos tenho dito. (S. João,

14:15 a 17 e 26.)

(O Evangelho segundo o Espiri-

tismo, cap. VI, item 3, Ed. FEB.)

É o Consolador a presença daEspiritualidade superior junto aoshomens, relembrando as lições doMestre e acrescentando novos co-nhecimentos que o Cristo nãotransmitiu, pela incapacidade deentendimento daqueles a quem sedirigia diretamente, como é exem-plo Nicodemos, um dos doutoresda lei, no diálogo com Jesus, de-monstrando a incapacidade gene-ralizada do povo para percepçãodo que lhe era desconhecido.

O advento do Espiritismo, nosmeados do século XIX, com a pre-sença do Espírito de Verdade e deuma plêiade de Espíritos instru-tores, manifestando-se através demédiuns de confiança, credencia-dos pelo orientador e Codifica-dor dos trabalhos, o missionário

Allan Kardec, foi o cumprimentoda promessa do Cristo.

Os Espíritos instrutores reve-laram verdades que as ciências eas filosofias não aceitaram inicial-mente.

As religiões cristãs interpreta-ram mal os ensinos evangélicos etransformaram-se em um conjun-to de dogmas impróprios, incom-preensíveis e falsos, como se fos-sem derivados do Cristianismo.

A vida futura, tratada de formavaga e imprecisa nos Evangelhos,é agora esclarecida plenamentepela Doutrina Consoladora, coma demonstração da existência domundo espiritual de forma ine-quívoca, de vez que são seus pró-prios habitantes que o descreveme desvendam as dúvidas em suascomunicações com os homens,

os futuros habitantes do mundoinvisível, após a morte do corpofísico.

As comunicações espirituaisesclarecem ainda que aqueles quese amam, no nosso mundo mate-rial, podem se encontrar no Além,uma vez que a separação, pelachamada morte, não é obstáculodefinitivo para o reencontro.

A Nova Revelação torna claro,também, que o sofrimento nun-ca é eterno e cessa pelo arrepen-dimento sincero e a reparaçãodos erros cometidos, tudo deacordo com as leis divinas, justase infalíveis.

Essas leis explicam todas as ano-malias da vida terrena, tais comoas desigualdades sociais, o pro-gresso moral das criaturas, assimcomo as aptidões intelectuais, asdoenças incuráveis e todos os pro-blemas que possam surgir com re-lação ao ser humano.

Realiza, assim, o Espiritismo –a Doutrina dos Espíritos –, siste-matizada para os homens, tudo oque Jesus prometeu: relembra seusensinos, escoimados das interpre-tações inexatas que deram ori-gem às alterações do Cristianismoprimitivo; vem trazer a consola-ção aos que sofrem, explicando ascausas das dores; descortina a vidanas Esferas Espirituais; demonstraque a morte, tão temida e incom-preendida, é apenas o fim da vidado corpo, continuando o Espíritoimortal sua trajetória nos mundosespirituais; enfatiza a necessidadedo amor a Deus e ao próximo co-mo base essencial para aquisiçãode todas as virtudes; desenvolve a

10 Reformador • Outubro 2009368

Ascomunicações

espirituaisesclarecemque aqueles

que se amampodem seencontrarno Além

fé e a esperança em todos os que oestudam e o praticam; descortinae explica a doutrina da reencarna-ção em mundos materiais, como aTerra, dando um outro sentido à vi-da, não aceito pela maioria das re-ligiões; desenvolve nas criaturas,que se esforçam por praticá-lo, afé, a paciência, a coragem e a re-signação, pela certeza da perfeiçãodas leis de Deus, que jamais fa-lham na sua justiça perfeita.

O Espiritismo, extremamenteabrangente em seus ensinamen-tos, confirmando todos os ensinose exemplos de Jesus, traz à Huma-nidade o conhecimento de coisasnovas, para que o homem se conhe-ça e saiba de onde vem, para ondevai, que é imortal, e que atingirá,no futuro, a plena felicidade.

Com o Consolador e suas ver-dades incontestáveis esvaecem-seas ideias de céu, inferno e purgató-rio, como destino das almas e cria-ções das religiões e de determina-das crenças que delas derivaram.

Por outro lado, o materialismomultifário vê-se desmentido pelarealidade dos fatos, pela verdade epela própria vida.

Ensejando a que a vida sejaencarada dentro da realidade,a Doutrina Consoladora induz ohomem a não dar às dificuldadese vicissitudes terrenas maior im-

portância, porque sabe que todaselas são passageiras.

Sabendo que há sempre umaperspectiva de felicidade futura, de-pendente de suas próprias açõesvisando sempre o bem e evitandoo mal, a presença permanente dosensinos doutrinários, em seuspensamentos, ajuda-o a adquirir apaciência, a resignação nos durosreveses, a coragem para jamais de-sanimar diante das dificuldades,sem desfalecimento, qualquer queseja o obstáculo.

A luz do Consolador, iluminan-do o mundo e não mais debaixo doalqueire dos interesses de diversasseitas, é um chamamento perma-nente ao homem para dela sebeneficiar.

Não há, pois, justificativa paraque tarde a população deste mundode “expiações e provas” em be-neficiar-se dessa luz, que a con-duzirá certamente ao caminhodo bem, da verdade e da vidaabundante.

Se somente uma pequena par-cela da população mundial tomouconhecimento do Consolador, écerto e lógico que compete a essapequena minoria propagar, disse-minar suas verdades por todo or-be terrestre.

Essa é a grande missão dos es-píritas, atuais e futuros, mas é evi-

dente que a dimensão da tarefademanda séculos e, talvez milê-nios, para ser cumprida, uma vezque se trata de convencer bilhõesde pessoas, dotadas de inteligên-cia, vontade, convencimento e li-berdade de abdicar de suas ideias,arraigadas em seus espíritos, poroutras superiores, mas que nãopodem ser impostas, por sua pró-pria natureza.

As religiões têm por objetivounir os homens entre si, e todosa Deus. Entretanto, os filhos doCriador se dividem, perseguemuns aos outros e chegam a seodiar.

Como será diferente nossomundo quando todos se respei-tarem mutuamente, praticaremo amor em toda sua abrangência:caridade, compreensão, respeito,ajuda ao semelhante!

Pelas novas perspectivas que dáaos homens, pela fé que lhes inci-ta, pelas consolações que lhes ofe-rece em todas as circunstâncias epela esperança que lhes faz con-fiar no futuro, o Espiritismo é oConsolador Prometido e enviadopelo Cristo à Humanidade terre-na, com a aprovação de Deus.

11Outubro 2009 • Reformador 369

12 Reformador • Outubro 2009370

NE S TO R JO Ã O MA S OT T IEntrevista

Reformador: Como surgiu o PactoÁureo?Masotti: Quando a Federação Es-pírita Brasileira foi criada em 1884,o Movimento Espírita estava ini-ciando, ainda com poucas institui-ções. A FEB surgiu como EntidadeFederativa Nacional, como polode integração para um amplo tra-balho de estudo, difusão e práticada Doutrina Espírita e de relacio-namento com as instituições espí-ritas, que seria realizado dentro dosprincípios federativos, ou seja, derespeito à autonomia e à liberdadede ação das instituições integradas.Para um país continental como oBrasil, era necessário dar passossignificativos e gradativos a fim deorganizar a unificação do Movi-mento Espírita. Nesse sentido, otrabalho de Bezerra de Menezesfoi fundamental nas duas oportu-nidades em que esteve como presi-dente da FEB, em 1889 e no perío-

do de 1895 a 1900, direcionando otrabalho da FEB e do MovimentoEspírita em torno do estudo daDoutrina, da prática da Caridade edo trabalho de União dos Espíritas.Em outubro de 1904, no Encon-tro Espírita que houve, no Rio deJaneiro, um dos pontos tratadosfoi o de estimular a criação de Enti-dades Federativas Estaduais, parapropiciar um contato mais eficientecom os centros espíritas. Na décadade 1940, já havia algumas EntidadesFederativas Espíritas Estaduais, oque ensejou a realização do Con-gresso Brasileiro de Unificação Es-pírita, de 31 de outubro a 5 de no-vembro de 1948, na cidade de SãoPaulo, o qual serviu de preparo pa-ra os passos seguintes visando aunião dos espíritas e a unificaçãodo Movimento Espírita. Um anodepois, no dia 5 de outubro de 1949,decorrente do trabalho de compa-nheiros representantes de algumas

Entidades Federativas Estaduais,que se encontravam na cidade doRio de Janeiro, realizou-se umareunião dessas Federativas com adireção da FEB, ao final da qual foiassinado o Acordo de União dos Es-píritas Brasileiros que passou a serchamado de Pacto Áureo. Combase nesse Acordo, a FEB reorga-nizou o seu Conselho Federativo,anteriormente composto por cen-tros espíritas de todas as partes doBrasil, transformando-o em Con-selho Federativo Nacional – integra-do pelas Entidades Espíritas repre-sentativas dos movimentos espí-ritas dos Estados do Brasil –, insta-lado em 1o de janeiro de 1950.

Reformador: Quais foram as con-sequências imediatas desse Acordo?Masotti: A década de 1950 ensejoupara vários companheiros espíritasrepresentantes das Federativas dosEstados das regiões Sul e Sudeste

Presidente da FEBcomenta os 60 anos

do Pacto ÁureoAo ensejo dos 60 anos do Pacto Áureo, o presidente da FEB, Nestor João Masotti,

destaca o desenvolvimento das ações federativas em nosso país

visitarem os Estados do Norte e doNordeste, informando sobre a cria-ção do Conselho Federativo Nacio-nal da FEB, esclarecendo sobre osseus objetivos, a sua importânciapara a difusão do Espiritismo, e con-vidando os companheiros daque-les Estados a organizarem as suasEntidades Federativas, no caso denão estarem organizadas, e a parti-ciparem desse trabalho de união dosespíritas. Na década de 1960 come-çaram os primeiros trabalhos maisobjetivos de trocas de informaçõesentre as Federativas Estaduais desti-nadas a dinamizar cada vez mais asatividades, especialmente, dos cen-tros e mocidades espíritas, e a pre-servar a sua Diretriz Doutrinária.Iniciou-se com o Simpósio CentroSulino, que ocorreu em Curitiba,em 1962, e que se repetiu nos anosseguintes nas regiões Nordeste,Norte e Centro. Na década de 1970,esse esforço de regionalização setransformou na criação dos Con-selhos Zonais do CFN. Os Conse-lhos Zonais reuniam-se um a cadaseis meses, em uma região do Bra-sil, onde se analisava um únicotema previamente escolhido peloCFN, e que seria concluído em umaReunião Plenária. O primeiro as-sunto abordado foi a AssistênciaSocial à Luz da Doutrina Espírita, eo segundo ciclo de reuniões tratouda Mocidade e Juventude Espírita.

Reformador: Como o CFN come-çou a tratar dos centros espíritas emsuas reuniões?Masotti:Em 1975 o CFN escolheu,para assunto dos Conselhos Zonais,o tema “A adequação do Centro

Espírita para o melhor atendimen-to de suas finalidades”. Foi uma de-cisão muito oportuna, pois o Movi-mento Espírita, como um todo,começou a analisar e a descobrir aimportância do Centro Espírita pa-ra o estudo, a difusão e a práticado Espiritismo, reconhecendo nelea Unidade Fundamental do Movi-mento Espírita. Este ciclo de estu-do durou dois anos e meio, anali-sado pelas Entidades Estaduais detodo o Brasil, com o CFN apro-vando um texto em novembro de1977, que trazia conclusões sobre“o que é um Centro Espírita” e “oque basicamente cabe a ele fazer”.Na mesma reunião foi aprovada acontinuação do Centro Espírita co-mo tema do ciclo seguinte, desta-cando agora o “como fazer”. Depoisde se ouvir, novamente, todo o Mo-vimento Espírita do Brasil atravésdas Entidades Federativas Estaduais,em julho de 1980 o CFN aprovouo texto “Orientação ao Centro Es-pírita”, contendo orientação bási-ca aos dirigentes e trabalhadoresdos centros espíritas, disponibili-zada a título de sugestão e subsí-dio para suas atividades.

Reformador: O CFN definiu algu-ma diretriz para o trabalho de uni-ficação?Masotti: A década de 1980 come-çou com o CFN voltando a suaatenção para esse assunto de ex-trema importância: “qual deve sera diretriz a ser oferecida para otrabalho de unificação do mo-vimento espírita?”, que passoua ser o tema do ciclo seguintedos Conselhos Zonais. Depois

de uma ampla análise por todo o Bra-sil, e tomando por base os própriosprincípios espíritas e, em especial, amensagem “Unificação”, transmiti-da por Bezerra de Menezes atravésda mediunidade de Francisco C.Xavier,em 1963,o CFN concluiu emsua reunião plenária de 1983 o texto“Orientação aos Órgãos de Unifi-cação”,que recebeu o título “Diretrizesda Dinamização das Atividades Es-píritas”. Neste, destacou-se a impor-tância do trabalho de unificação,foram oferecidas sugestões de ati-vidades na área federativa e ficou re-gistrada a filosofia que norteia o tra-balho de unificação do MovimentoEspírita, que se baseia nos princí-pios de fraternidade, solidarie-dade, liberdade e responsabilidadeque a Doutrina Espírita preconiza.

13Outubro 2009 • Reformador 371

Reformador: Como foi a transfor-mação dos Conselhos Zonais em Co-missões Regionais?Masotti: Com esse último documen-to, que trata da unificação do Mo-vimento Espírita, o CFN atravésdos Conselhos Zonais fechava umperíodo importante das suas ati-vidades, deixando ao MovimentoEspírita diretrizes claras e seguraspara as atividades dos centros espí-ritas (o que são; o que fazer; e comofazer) e para as atividades das En-tidades e dos Órgãos de Unificação(a importância do trabalho federa-tivo para a difusão da Doutrina Es-pírita; o que fazer – tendo o apoioao Centro Espírita como objetivoprincipal das suas atividades –; ea filosofia de trabalho que norteiasuas atividades – que se baseia noEvangelho à luz do Espiritismo).Na essência, definindo orientaçõessobre “o que fazer” e “como fazer”.Era necessário, agora, “fazer”, espe-cialmente com relação ao trabalhode unificação que é de responsabi-lidade mais direta do CFN. Anali-sando este assunto em sua reuniãode novembro de 1985, o CFN con-cluiu pela conveniência de se alte-rar o funcionamento das reuniõesdos Conselhos Zonais: em vez dese discutir um tema, uma diretriz aser oferecida ao Movimento Espí-rita, as Federativas Estaduais sereuniriam nas regiões, com a coor-denação da FEB, para avaliar a rea-lidade de seus respectivos movi-mentos espíritas à luz das diretri-zes já definidas pelo CFN. Em de-corrência dessa análise e para a exe-cução desses objetivos, os Conse-lhos Zonais foram transformados

em Comissões Regionais (nas mes-mas regiões: Norte, Nordeste, Cen-tro e Sul), que passaram a se reu-nir anualmente, a partir de 1987.

No início, nas Comissões Re-gionais reuniam-se apenas os di-rigentes das Entidades Federati-vas. Com as decisões de seremrealizados cursos, encontros eseminários, voltados ao aprimo-ramento das atividades dos cen-tros espíritas, ampliaram-se gra-dativamente as participações coma presença de várias áreas de tra-balho. Hoje, nas Reuniões das Co-missões Regionais, ocorrem con-comitantemente as Reuniões dosDirigentes e as Reuniões Setoriaisque se distribuem nas Áreas: doAtendimento Espiritual no CentroEspírita, da Atividade Mediúnica,da Comunicação Social Espírita,do Estudo Sistematizado da Dou-trina Espírita, da Infância e Juven-tude, do Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita. As reu-niões das Comissões Regionais sãorealizadas em clima de solidarie-dade, sem nenhuma imposição,proporcionando condições paraanalisar as questões seguramenteantes de implantar qualquer ação,criando o hábito do diálogo notrabalho de unificação. O traba-lho das Comissões Regionais tam-bém está servindo de referênciapara as próprias Entidades Federa-tivas que, em seus Estados, vêmreunindo em cada região os cen-tros espíritas, oferecendo subsídiose sugestões, mantendo a caracte-rística do trabalho de unificação,de ajuda recíproca e solidária, paraque mais unidos e fortalecidos,

possamos cumprir as tarefas dedifusão doutrinária.

Reformador: E o relacionamentocom as instituições espíritas de outros países?Masotti: O trabalho realizado peloCFN, sob a égide do Pacto Áureo,também tem servido de base parao relacionamento da FEB em âm-bito internacional, quando colocaà disposição das Entidades Federa-tivas de outros países, e delas tam-bém recebe, as experiências que semostram úteis para a difusão daDoutrina Espírita. Esse relaciona-mento é assentado no respeito à au-tonomia e independência das ins-tituições e à cultura do país. Estaunião de propósitos e de ação, den-tro dos princípios espíritas, a nos-so ver, tem importância fundamen-tal para uma ampla difusão dou-trinária, uma vez que a DoutrinaEspírita – o Consolador prometi-do por Jesus – veio, através das ex-traordinárias obras básicas de AllanKardec, que constituem a Codifi-cação Espírita, para todo o mun-do, atendendo às necessidades deespiritualização da Humanidade in-teira. Com isto, observamos, de for-ma prática, os benefícios decor-rentes da assinatura do Pacto Áu-reo, para a organização do Movi-mento Espírita e para a difusão doEspiritismo que, na sua essência,objetiva colaborar com o homempara uma melhor compreensão desi mesmo, especialmente como es-pírito imortal, e também com a Hu-manidade, ajudando a construir oMundo de Regeneração a que es-tamos destinados.

14 Reformador • Outubro 2009372

15Outubro 2009 • Reformador 373

Presença de Chico Xavier

eunindo-se aos discípulos, empreendeu Jesus arenovação do mundo.

Congregando-se com cegos e paralíticos,restituiu-lhes a visão e o movimento.

Misturando-se com a turba extenuada, multipli-cou os pães para que lhe não faltasse alimento.

Ombreando-se com os pobres e os simples, ensi-nou-lhes as bem-aventuranças celestes.

Banqueteando-se com pecadores confessos, ensi-nou-lhes o retorno ao caminho de elevação.

Partilhando a fraternidade do cenáculo, preparacompanheiros na direção dos testemunhos de fé viva.

Compelido a oferecer-se em espetáculo na cruz,junto à multidão, despede-se da massa, abençoandoe amando, perdoando e servindo.

Compreendendo a responsabilidade da grande as-sembleia de colaboradores do espiritismo brasileiro,formulamos votos ardentes para que orientem noEvangelho quaisquer princípios de unificação, emtorno dos quais entrelaçam esperanças.

Cremos que a experiência científica e a discussãofilosófica representam preparação e adubo no campodoutrinário, porque a semente viva do progresso real,com o aperfeiçoamento do homem interior, perma-nece nos alicerces divinos da Nova Revelação.

Cultivar o espiritismo, sem esforço espiritualizan-te, é trocar notícias entre dois planos diferentes, semsignificado substancial na redenção humana.

Lidar com assuntos do céu, sem vasos adequadosà recepção da essência celestial, é ameaçar a obrasalvacionista.

Aceitar a verdade, sem o desejo de irradiá-la,através do propósito individual de serviço aos seme-lhantes, é vaguear sem rumo.

O laboratório é respeitável.A academia é nobre.O templo é santo.A ciência convence.A filosofia estuda.A fé converte o homem ao Bem Infinito.Cérebro rico, sem diretrizes santificantes pode

conduzir à discórdia.Verbo primoroso, sem fundamentos de sublima-

ção, não alivia, nem salva.Sentimento educado e iluminado, contudo, me-

lhora sempre.Reunidos, assim, em grande conclave de fraterni-

dade, que os irmãos do Brasil se compenetrem, cadavez mais, do espírito de serviço e renunciação, de so-lidariedade e bondade pura que Jesus nos legou.

O mundo conturbado pede, efetivamente, açãotransformadora. Conscientes, porém, de que se fazimpraticável a redenção do Todo, sem o burilamen-to das partes, unamo-nos no mesmo roteiro deamor, trabalho, auxílio, educação, solidariedade, va-lor e sacrifício que caracterizou a atitude do Cristoem comunhão com os homens, servindo e espe-rando o futuro, em seu exemplo de abnegação, paraque todos sejamos um, em sintonia sublime com osdesígnios do Supremo Senhor.

(Mensagem recebida em 14 de setembro de 1948, pelo médium

Francisco Cândido Xavier, em Pedro Leopoldo, Minas, destinada

aos irmãos do Primeiro Congresso Nacional Espírita em São Paulo.)

Fonte: Anais do I Congresso Brasileiro de Unificação, realizado

em São Paulo, SP, no período de 31 de outubro a 5 de novem-

bro de 1948, p. 39-41.

(Transcrito de Reformador de janeiro de 2008, p. 14.)

R

Em nome do Evangelho“Para que todos sejam um” – Jesus. (João, 17:22.)

Pelo Espírito Emmanuel

os últimos 60 anos o Con-selho Federativo Nacionalda FEB tem mantido uma

dinâmica de ação em termos dedefinições e recomendações paraas atividades do Centro e do Mo-vimento Espírita.

Alguns fatores têm contribuídopara a consolidação da marchaunificacionista do CFN, como aorientação doutrinária conver-gente e coerente com as obras daCodificação espírita e a estratégiapara se elaborar documentos.Suas recomendações passam poretapas de discussão e análise, ini-ciando com consultas às Entida-des Federativas Estaduais, discus-sões nas Reuniões das ComissõesRegionais do CFN e, finalmente,decisão na Reunião Ordinária doCFN. O trabalho de elaboraçãocoletiva favorece o entendimentoda diversidade do Movimento Es-pírita brasileiro e garante a conva-lidação das deliberações do CFN.

Outras ações, que tambémemanam do CFN, estimulam o es-

tudo, a difusão e a prá-tica da Doutrina Espíri-ta. Em termos de dire-trizes fundamentais paranorteamento da abran-gência e diversidade des-sas ações há alguns mar-cos significativos.

A aprovação do texto“Orientação ao Centro Es-pírita” – em 1980 e depoisrevisado e ampliado em2006 –, enfocando o “como fazer”,oferece uma série de sugestõespráticas ao Centro Espírita para oexercício das suas atividades bási-cas, com vistas ao estudo, à difu-são e à prática do Espiritismo.

O documento “Diretrizes daDinamização das Atividades Espí-ritas”, aprovado em 1983, surgecomo orientação aos Órgãos eEntidades Federativas e de Unifi-cação do Movimento Espírita,destacando a necessidade e a im-portância da união dos espíritas edas instituições espíritas. Oferecesugestões de trabalho aos órgãos

federativos, especialmente em fa-vor do Centro Espírita, e estabele-ce as diretrizes que norteiam otrabalho de unificação do Movi-mento Espírita.

O “Plano de Trabalho para oMovimento Espírita Brasileiro(2007-2012)”, aprovado em Reu-nião Especial do CFN de 2007,complementa e envolve os doisanteriores, define as diretrizes e

Diretrizes de ação

Conselho Federativo Nacional

16 Reformador • Outubro 2009374

NAN TO N I O CE S A R PE R R I D E CA RVA L H O

e atividades do

Orientação ao Centro Espírita e“Plano de Trabalho para o

Movimento Espírita Brasileiro”

os objetivos em termos nacionais,e apresenta sugestões de projetospara a sua execução. “As ações eprojetos poderão ser realizadospelas instituições espíritas doBrasil – especialmente as Entida-des Federativas Estaduais e os ór-gãos de unificação –, de confor-midade com as suas finalidadese no seu âmbito de ação, com oapoio da Federação Espírita Bra-sileira, e ter o seu desenvolvimen-to acompanhado nas Reuniões doConselho Federativo Nacional ede suas Comissões Regionais.”(Elementos do Plano de Trabalho:3 – Ações e Projetos.)

Os documentos citados se com-plementam, considerando-se queo Centro Espírita é a base do Mo-vimento Espírita: oferecem subsí-dios ao Centro Espírita e ao Mo-vimento Espírita e especificamen-te ao trabalho de unificação.

Com base em uma visão geraldo Movimento e do Centro Espí-rita e, a partir de 1986, quando darealização das Reuniões das Co-missões Regionais como uma eta-pa mais operacional do ConselhoFederativo Nacional, este passoua ter diretrizes e ações mais arti-culadas e bem voltadas aos seusobjetivos federativos.

Aí se inserem também as váriasCampanhas, projetos e programasde trabalho que, em última análi-se, visam fortalecer o Centro e oMovimento Espírita e favorecer a difusão da Doutrina Espírita.

Os documentos citados sãofundamentais em termos de dire-

trizes gerais de trabalho para oCFN, abrindo espaço coordenadoe integrado para as múltiplas ati-vidades do Centro e do Movi-mento, sempre com vistas à dina-mização do Movimento e à difu-são do Espiritismo.

Como resultado da aprovaçãoe implementação das diretrizesque norteiam o trabalho do CFNsão notórias as repercussões.

Ao longo dos 23 anos de fun-cionamento das Reuniões das Co-missões Regionais do CFN, emsistema de rodízio pelas Capitaisde quatro regiões do País, tem ha-vido oportunidade de se chegarmais próximo às realidades dasEntidades Federativas Estaduais.Desdobram-se ações no âmbitodas próprias Entidades Federa-tivas e, inclusive, multiplicandoreuniões regionais, com caracte-rísticas semelhantes às Reuniõesdas Comissões Regionais. Assim,se fortalece o trabalho efetivamen-te federativo das Entidades Fede-rativas Estaduais.

Os projetos, programas e temastratados nas reuniões dos dirigen-tes das Federativas e das Áreas dasComissões Regionais do CFNpassam a ter um caminho maisamplo e diversificado para se che-gar à base que é o Centro Espírita.Daí, surgem congressos, seminá-rios e cursos com base em reco-mendações que emanam do CFN.

A experiência de funcionamentoe desenvolvimento do CFN, semdúvida, tem oferecido subsídios, àguisa de contribuição e sugestão,

ao Movimento Espírita Interna-cional, desde a fundação do Con-selho Espírita Internacional (CEI),em 1992, com participação e apoioda FEB. Neste ínterim, alguns dosdocumentos gerados pelo CFNforam discutidos em nível do CEI,naturalmente sofrendo adequa-ções com base na experiência, narealidade e no respeito às condi-ções dos países-membros do CEI.

A evolução do CFN nos reme-te à reflexão do pensamento deWilliam James (Espírito):

Temos aprendido que não sur-

gem construções estáveis ao

impulso do improviso. A seara

espírita pede plantação de prin-

cípios espíritas. E não existe

plantação eficiente sem cultiva-

dores dedicados. Ampliemos a

área de nosso concurso indivi-

dual e elevemos o nível de com-

preensão das nossas responsa-

bilidades para com a obra do

Espiritismo. [...] Cada compa-

nheiro, cada agrupamento e ca-

da país terão do Espiritismo o

que dele fizerem. Cremos seja

possível sintetizar diretrizes pa-

ra nós todos no seguinte pro-

grama: sentir em bases de equi-

líbrio, pensar com elevação, fa-

lar construtivamente, estudar

sempre e servir mais.1

17Outubro 2009 • Reformador 375

1XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.Entre irmãos de outras terras. Diversos Es-píritos. 8. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro:FEB, 2008. Cap. 5, p. 30.

s Espíritos exercem ação so-bre os fenômenos da Natu-reza?1 Para responder a esta

pergunta com isenção de ânimo,precisamos, antes, atentos aos conse-lhos de Allan Kardec (1804-1869),2

nos libertar dos preconceitos do or-gulho e da ignorância, para que nãocometamos os mesmos erros doscríticos do naturalista inglês CharlesDarwin (1809-1882) que, sufoca-do pelos dogmas científico-religio-sos de sua época, somente após vinteanos teve coragem de divulgar a suateoria evolucionista. Para Darwin,contrariar a assertiva, então pre-dominante, de que as espécies ani-mais eram imutáveis, seria o mes-mo que confessar um assassinato.3

Os reveladores da Codificaçãoforam extremamente claros e enfá-ticos, ao afirmarem que os Espíritosexercem ação sobre as forças da Na-tureza:“Não deveis duvidar de que o

Espírito preside, por toda a Criação,ao trabalho que Deus lhe confia”.4

Se os Espíritos atuam sobre a ma-téria, como já exaustivamente de-monstrado pelos experimentos cien-tíficos realizados, por que lhes esta-ria interdito o poder de influenciaros fenômenos da Natureza, muitosdeles expressos na Lei de Destruição,que “não passa de uma transforma-ção, que tem por fim a renovaçãoe a melhoria dos seres vivos”?5 Nemsempre, porém, o objetivo dos Espí-ritos, ao atuarem sobre esses fenô-menos, é o homem, mas sim o resta-belecimento do equilíbrio e da har-monia das forças físicas da Natureza.

Neste tópico, os Espíritos ape-nas lançaram a base de seus ensi-namentos, sem desenvolvê-los, noaguardo da nossa maturação morale intelectual, que permitirá se inter-prete melhor esses e outros fenôme-nos que ainda aturdem a Humani-dade. Tal o motivo por que disserama Kardec que os Espíritos regulamos fenômenos e os dirigem, confor-me suas atribuições. Com o advento

das obras complementares à Codifi-cação, alguns desses enigmas come-çaram a ser desvendados. Existemforças conscientes e inconscientesque atuam sobre a Natureza, sempresob o comando dos Engenheirossiderais, cocriadores com Deus, quea tudo planejam e supervisionam.

Kardec, sempre embasado no en-sino desses orientadores, ressalta:

Os Espíritos são os agentes da

potência divina; constituem a

força inteligente da Natureza

e concorrem para a execução dos

desígnios do Criador, tendo em

vista a manutenção da harmo-

nia geral do Universo e das leis

imutáveis que regem a criação.6

Fazendo analogia com certos ani-mais microscópicos que cumpremdeterminadas funções, na Nature-za, os Espíritos superiores lecionam:

[...] Figurai essas miríades de ani-

mais que, pouco a pouco, fazem

emergir do mar ilhas e arquipéla-

gos.Acreditais que não haja aí um

fim providencial e que essa trans-

Ação dos Espíritos nos

fenômenos da Natureza

OCH R I S T I A N O TO RC H I

1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. Ed. Come-morativa do Sesquicentenário. Rio de Ja-neiro: FEB, 2006. Q. 536-540.2Idem. Os Duendes. In: Revista espírita:jornal de estudos psicológicos, ano 1, p. 40--41, jan. 1858. 4. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro:FEB, 2009.3Revista VEJA. São Paulo: Editora Abril,15 março de 2000, p. 150, e 11 de feverei-ro de 2009, p. 82.

4KARDEC, Allan. Perguntas sobre o Gêniodas Flores. In: Revista espírita: jornal de es-tudos psicológicos, ano 3, p. 151, mar. 1860.3. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

5Idem. O livro dos espíritos. Op. cit., q. 728.

6 Idem. Obras póstumas. ed. espec. Rio de Ja-neiro: FEB, 2005. P. 1, Profissão de fé espíritaracionada, § 3 – Criação, item 18.

18 Reformador • Outubro 2009376

formação da superfície do globo

não seja necessária à harmonia

geral? Entretanto, são animais do

último grau que realizam essas

coisas, provendo às suas necessi-

dades e sem suspeitarem de que

são instrumentos de Deus. Pois

bem! Do mesmo modo, os Espí-

ritos mais atrasados são úteis ao

conjunto. Enquanto se ensaiam

para a vida, antes que tenham

plena consciência de seus atos e

estejam no gozo do livre-arbítrio,

atuam em certos fenômenos, dos

quais são agentes, mesmo de for-

ma inconsciente. Primeiramen-

te, executam; mais tarde, quando

suas inteligências estiverem mais

desenvolvidas, comandarão e di-

rigirão as coisas do mundo ma-

terial; mais tarde ainda, poderão

dirigir as do mundo moral.[...]7

Esses elos da Criação, interliga-dos misteriosamente, sob a super-visão dos emissários divinos, for-mam a grande teia que sustenta avida no Planeta, permitindo a in-tegração do ecossistema: “O mun-do envolve-se em grande unidade,nenhum elemento está isolado,nem na extensão presente, nemna História”.8 Tudo, na Natureza,obedece a leis perfeitas, que o ho-mem ainda não consegue desven-dar apenas por meio de suas pre-cárias faculdades racionais, igno-rando que há um “princípio inte-ligente que preside os nossos des-tinos”.9 A esse respeito, colhemosuma pequena amostra do que aCiência da Alma vem desvendan-do aos que têm “olhos de ver e ou-vidos de ouvir”:10

[...] Os olhos humanos veem

apenas algumas expressões do

vale em que se exercitam para a

verdadeira visão espiritual, co-

mo nós outros que, observando

agora alguma coisa, não estamos

igualmente vendo tudo.

[...] Há, porém [...] outros mun-

dos sutis, dentro dos mundos

grosseiros, maravilhosas esferas

que se interpenetram. O olho hu-

mano sofre variadas limitações

e todas as lentes físicas reunidas

não conseguiriam surpreender

o campo da alma, que exige o

desenvolvimento das faculdades

espirituais para tornar-se percep-

tível. A eletricidade e o magnetis-

mo são duas correntes podero-

sas que começam a descortinar

aos nossos irmãos encarnados

alguma coisa dos infinitos po-

tenciais do invisível, mas ainda é

cedo para cogitarmos de êxito

completo. Somente ao homem

de sentidos espirituais desen-

volvidos é possível revelar

7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. Ed. Come-morativa do Sesquicentenário. Rio de Ja-neiro: FEB, 2006. Q. 540.

8FLAMMARION, Camille. Deus na natu-reza. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. T. 2,cap. 1, p. 86.

9Idem, ibidem. p. 85.

10MATEUS, 13:15.

19Outubro 2009 • Reformador 377

alguns pormenores das paisa-

gens sob nossos olhos. A maio-

ria das criaturas ligadas à Cros-

ta não entende estas verdades,

senão após perderem os laços

físicos mais grosseiros. É da lei,

que não devemos ver senão o

que possamos observar com

proveito.11 (Grifo nosso.)

O Espírito André Luiz esclareceque, “ainda, na atualidade, os Ins-trutores Espirituais intervêm namelhoria das formas evolutivasinferiores nas quais o princípio in-teligente estagia”, salientando que“todos os campos da Natureza con-tam com agentes da Sabedoria Di-vina para a formação e expansãodos valores evolutivos”.12

Significativa, também, é a pas-sagem em que o Espírito AndréLuiz se vale dos préstimos da en-fermeira Narcisa, que pede auxílioa “servidores comuns do reino ve-getal”,13 com o objetivo de atendera um encarnado enfermo (Er-nesto). Em outra obra de AndréLuiz encontramos notícias de in-teligências subumanas, atuandocomo auxiliares da Natureza:

[...] Milhares de criaturas, uti-

lizadas nos serviços mais rudes

da natureza, movimentam-se

nestes sítios em posição infra-

terrestre. A ignorância, por ora,

não lhes confere a glória da res-

ponsabilidade. Em desenvol-

vimento de tendências dignas,

candidatam-se à humanidade

que conhecemos na Crosta.

Situam-se entre o raciocínio

fragmentário do macacóide e a

ideia simples do homem pri-

mitivo da floresta. [...] Guar-

dam, enfim, a ingenuidade

do selvagem e a fidelidade do

cão. [...]14

É ainda André Luiz quem am-plia os informes sobre essa gravequestão:

[...] observei que nas vizinhan-

ças havia grande quantidade de

trabalhadores espirituais.

[...]– O campo é também vasta ofi-

cina para os serviços de nossa

colaboração ativa.

[...]

– O reino vegetal possui coope-

radores numerosos. Vocês, pos-

sivelmente, ignoram que mui-

tos irmãos se preparam para o

mérito de nova encarnação no

mundo, prestando serviço aos

reinos inferiores. O trabalho

com o Senhor é uma escola vi-

va, em toda parte.15

Como visto, tudo tem uma ra-zão de ser e nada acontece sem apermissão de Deus, que atua porintermédio de suas próprias cria-turas. A Terra é um imenso labo-ratório, palco da evolução da Hu-manidade, onde a vida se proces-sa dentro de leis perfeitas e imutá-veis, em que seres inteligentes deelevada hierarquia despontam co-mo cocriadores e artífices na Ofi-cina da Natureza: “Negar a exis-tência de agentes desconhecidospela simples razão de não os com-preender seria impor limites aopoder de Deus e acreditar que aNatureza nos tenha dito sua últi-ma palavra”.16

Também nós, seres humanos,fazemos parte do ecossistema. Porisso, agredir o meio ambiente éagredir o próximo. Protegê-lo é pro-teger a nós mesmos. A questão é:o que podemos fazer para estimu-lar o aperfeiçoamento do modeloeconômico em vigor, com vistas afrear a corrida consumista quecontribui para a degradação da Na-tureza? Conscientizando-nos disso,também nós, homens e mulheres,que igualmente somos Espíritos,embora encarnados, estaremosinfluenciando a Natureza, convic-tos de que esta, “em todas as esfe-ras, é sempre um livro reveladorda Eterna Sabedoria...”.17

14Idem. Libertação. Pelo Espírito André Luiz.2. ed. espec. Rio de Janeiro: FEB, 2007.Cap. 4, p. 63-64.

15Idem. Os mensageiros. Pelo Espírito An-dré Luiz. 2. ed. espec. 2. reimp. Rio de Ja-neiro: FEB, 2009. Cap. 41, p. 255

16KARDEC, Allan. À S. A. Príncipe G. In:Revista espírita: jornal de estudos psi-cológicos, ano 2, p. 12, jan. 1859. 3. ed. Riode Janeiro: FEB, 2005.

17XAVIER, Francisco C. Entre a terra e océu. Pelo Espírito André Luiz. 2. ed. espec.Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 8, p. 56.

11XAVIER, Francisco C. Os mensageiros. PeloEspírito André Luiz. 2. ed. espec. 2. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 15, p. 99-100.

12XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.Evolução em dois mundos. Pelo EspíritoAndré Luiz. Ed. espec. 1. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2009. P. 2, cap. 18, p. 239.

13XAVIER, Francisco C. Nosso lar. PeloEspírito André Luiz. 3. ed. espec. 3. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 50, p. 308.

20 Reformador • Outubro 2009378

21Outubro 2009 • Reformador 379

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“E peço isto: que a vossa caridade abunde mais e mais em ciência e em todo o conhecimento.”

– PAULO. (FILIPENSES,1:9.)

Não só

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. 27. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 116.

caridade é, invariavelmente, sublime nas menores manifestações, todavia,

inúmeras pessoas muitas vezes procuram limitá-la, ocultando-lhe o espírito

divino.

Muitos aprendizes creem que praticá-la é apenas oferecer dádivas

materiais aos necessitados de pão e teto.

Caridade, porém, representa muito mais que isso para os verdadeiros discípulos

do Evangelho.

Em sua carta aos filipenses, oferece Paulo valiosa assertiva, com referência ao

assunto.

Indispensável é que a caridade do cristão fiel abunde em conhecimento elevado.

Certo benfeitor distribuirá muito pão, mas se permanece deliberadamente nas

sombras da ignorância, do sectarismo ou da autoadoração não estará faltando com

o dever de assistência caridosa a si mesmo?

Espalhar o bem não é somente transmitir facilidades de natureza material.

Muitas máquinas, nos tempos modernos, distribuem energia e poder, automatica-

mente.

Caridade essencial é intensificar o bem, sob todas as formas respeitáveis, sem

olvidarmos o imperativo de autossublimação para que outros se renovem para a

vida superior, compreendendo que é indispensável conjugar, no mesmo ritmo, os

verbos dar e saber.

Muitos crentes preferem apenas dar e outros se circunscrevem simplesmente em

saber; as atividades de todos os benfeitores dessa espécie são úteis, mas incompletas.

Ambas as classes podem sofrer presunção venenosa.

Bondade e conhecimento, pão e luz, amparo e iluminação, sentimento e cons-

ciência são arcos divinos que integram os círculos perfeitos da caridade.

Não só receber e dar, mas também ensinar e aprender.

A

Grande Conferência Espírita

Pactorealizada no Rio de Janeiro:

Ata da reunião entre os diretores da Federação Espírita Brasileira e os representantes de várias Fede-rações e Uniões de âmbito estadual: Aos cinco dias do mês de Outubro do ano de mil e novecentos e qua-renta e nove (1949), na sede da Federação Espírita Brasileira, à Avenida Passos, no 30, na cidade do Riode Janeiro, Capital da República, Brasil, presentes o Sr. Antônio Wantuil de Freitas, presidente da FEB,e demais signatários desta, após se dirigirem ao Alto, em prece, suplicando bênçãos para todos os obrei-ros da Seara Espírita do Brasil, bem como para toda a Humanidade, e depois de longo e coordenado estudodo Movimento Espírita Nacional, a que pertencem, acordaram em aprovar os seguintes itens, “adreferendum” das Sociedades que representam: 1o) Cabe aos Espíritas do Brasil porem em prática a exposi-ção contida no livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, de maneira a acelerar a marcha evo-lutiva do Espiritismo. – 2o) A FEB criará um Conselho Federativo Nacional, permanente, com a finalidadede executar, desenvolver e ampliar os planos da sua atual Organização Federativa. – 3o) Cada Socie-dade de âmbito estadual indicará um membro de sua diretoria para fazer parte desse Conselho. – 4o) Se is-so não for possível, a Sociedade enviará ao presidente do Conselho uma lista tríplice de nomes, a fim deque este escolha um desses nomes para membro do Conselho. – 5o) O Conselho será presidido pelo pre-sidente da Federação Espírita Brasileira, o qual nomeará três secretários, tirados do próprio Conselho, queo auxiliarão e substituirão em seus impedimentos. – 6o) Considerando que desde a sua fundação a FEBse vem batendo pela autonomia do Distrito Federal, conforme se vê em seu órgão – “Reformador” –, fica oDistrito Federal considerado como Estado, em igualdade de condições com os demais Estados do Territó-rio Nacional. – 7o) O presidente da Federação Espírita Brasileira nomeará uma comissão de três juristas es-píritas e dois confrades de reconhecida idoneidade, para elaborar o Regulamento do Conselho FederativoNacional e propor as modificações que se tornarem necessárias nos atuais Estatutos da Federação EspíritaBrasileira. – 8o) No caso de haver mais de uma sociedade de âmbito estadual em algum Estado, tudo se fa-rá para que se reúnam em torno de uma terceira, cuja presidência será exercida em rodízio e automati-camente pelo presidente de cada uma delas, substituídos que serão, anualmente, no dia 1o de Janeiro decada ano!1 – 9o) Anualmente, em sua primeira reunião do mês de Agosto, o Conselho organizará o seu or-çamento, o qual, uma vez aprovado pela Diretoria da FEB, será entregue ao tesoureiro dessa.1 – 10o) Cabeà Federação Espírita Brasileira entrar com cinquenta per cento do que for determinado para o referido orça-mento, devendo os restantes cinquenta per cento ser distribuídos em cotas iguais entre todas as Sociedadespertencentes ao Conselho.2 – 11o) Na escrita da FEB, o seu tesoureiro deverá criar um título no qual lança-

1 Texto modificado pelo CFN, em 29/8/55.2 Texto modificado pelo CFN, em 6/XI/55.

22 Reformador • Outubro 2009380

Áureorá todo o movimento de valores, inclusive de donativos que forem feitos com a finalidade de facilitar os tra-balhos do Conselho, quantias essas que, de forma alguma, poderão ser aplicadas senão por deliberação dodito Conselho. – 12o) As Sociedades componentes do Conselho Federativo Nacional são completamenteindependentes. A ação do Conselho só se verificará, aliás, fraternalmente, no caso de alguma Sociedade pas-sar a adotar programa que colida com a doutrina exposta nas obras: “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dosMédiuns”, e isso por ser ele, o Conselho, o orientador do Espiritismo no Brasil. – 13o) Deverá ser organiza-do um quadro de pregadores espíritas, composto de sócios das Sociedades adesas, os quais, dentro de suaspossibilidades, serão escalados para visitar as Associações que ao Conselho dirijam convites para festivida-des de caráter puramente Espírita. – 14o) Se possível, será criado, também, um grupo de pregadores expe-rimentados e cultos, com a difícil missão de levar a palavra do Evangelho aos grupos que, ainda mal orien-tados, ofereçam campo à semeadura cristã. – 15o) Nenhum membro do Conselho poderá dar publicidadea trabalho seu individual, subscrevendo-o como membro do Conselho Federativo Nacional, salvo se o tra-balho for antecipadamente lido e aprovado pelo Conselho. – 16o) Os membros do Conselho são conside-rados como exercendo cargo de confiança das Sociedades que os indicarem. – 17o) Sempre que possível, oConselho designará um dos seus membros para assistir aos trabalhos doutrinários realizados pelas Socie-dades. – 18o) Se alguma colidência encontrar, pedirá ele se convoque a diretoria da Sociedade e, então, con-fidencialmente, exporá o que deverá ser modificado, de acordo com o plano geral estudado pelo Conselho.E nada mais havendo, eu, Oswaldo Mello, servindo de secretário, a escrevi e datilografei, assinando-a jun-tamente com os componentes da reunião, que decorreu sob a mais viva emoção dos circunstantes. E, paraconstar, fiz esta, que subscrevo, aos cinco dias do mês e ano referidos. a) Oswaldo Mello, secretário. AntônioWantuil de Freitas, presidente da Federação Espírita Brasileira; Arthur Lins de Vasconcellos Lopes, por sie pelo Sr. Aurino Barbosa Souto, presidente da Liga Espírita do Brasil; Francisco Spinelli, pela ComissãoExecutiva do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita e pela Federação Espírita do Rio Grande doSul; Roberto Pedro Michelena; Felisberto do Amaral Peixoto; Marcirio Cardoso de Oliveira; JardelinoRamos; Oswaldo Mello, pela Federação Espírita Catarinense; João Ghignone, presidente e Francisco Rai-tani, membro do Conselho da Federação Espírita do Paraná; Pedro Camargo – Vinícius e Carlos Jordão daSilva, pela União Social Espírita de S. Paulo (USE); Bady Elias Curi, pela União Espírita Mineira; Noraldinode Mello Castro, presidente do Conselho Deliberativo da União Espírita Mineira. Em tempo: Depois deassinado o presente documento, o presidente Wantuil de Freitas, após manifestar o seu regozijo pelo histó-rico acontecimento, com palavras cheias de fé e de esperança nos destinos gloriosos do Brasil Espírita, con-vidou o confrade Pedro Camargo – Vinícius a proferir a prece final, de encerramento dos trabalhos, o quefoi feito, fervorosamente, em súplica ardente aos Espíritos Superiores, aos quais rogou assistência e ilumi-nação para o desenvolvimento rápido dos nossos trabalhos, na semeadura do bem e do amor, em torno doMestre e Senhor, Eu, Oswaldo Mello, subscrevo e assino, como testemunho da verdade: Oswaldo Mello.

Fonte: Reformador de outubro de 1999, 10(294)-11(295).

23Outubro 2009 • Reformador 381

rata-se de tecnologia quepretende imitar a rede neu-ral da inteligência humana,

utilizando métodos e dispositivosda ciência da computação.

Redes Neurais Artificiais [RNA]

são técnicas computacionais que

apresentam um modelo matemá-

tico inspirado na estrutura neural

de organismos inteligentes [...].

Uma rede neural artificial é com-

posta por várias unidades de pro-

cessamento [...]. Essas unidades,

geralmente são conectadas por

canais de comunicação [...]. O

comportamento inteligente de

uma Rede Neural Artificial vem

das interações entre as unida-

des de processamento da rede.1

Desde suas origens na década de50, a Inteligência Artificial abriuextenso leque de pesquisas, todascom o objetivo de fornecer ao com-putador habilidades para executarfunções desempenhadas pela inte-ligência humana.A expressão “inteli-

gência artificial”(Artificial Intelligen-ce), abreviada IA, foi criada,em 1956,pelo estadunidense John McCarthy,cientista de computação e criadorda linguagem de programação, du-rante o primeiro encontro de cientis-tas – promovido pela universidadede Dartmouth College, em Hanover,New Hampshire (USA) –, reunidospara discutir aspectos de inteligênciae sua implementação em máquinas.

Após essa reunião histórica,ocorreu acelerado progresso tecno-lógico, de forma que a IA integra amaioria das atividades humanas,na atualidade: gerenciamento deempresas e indústrias, jogos eletrô-nicos, programas diversificados decomputação, aplicativos de segu-rança para sistemas informacio-nais, análises forenses, robótica,dispositivos de identificação indi-vidual pela escrita manual e pelavoz, educação por computador,tradutores de línguas, programasde diagnósticos médicos etc.

Tal progresso provoca inquieta-ções em algumas pessoas, que te-

mem ver o mundo controlado pormáquinas e por um grupo seletode operadores. Mas não acredita-mos que tal fato venha a acontecer,considerando as orientações dos Es-píritos superiores. Para o EspíritoVianna de Carvalho a velocidade doprogresso na indústria da informá-tica, “[...] de forma alguma pertur-bará as estruturas do poder vigen-te”.2 Acrescenta, ainda, que graças

24 Reformador • Outubro 2009382

TMA RTA AN T U N E S MO U R A

Em dia com o Espiritismo

ArtificialInteligência

John McCarthy,criador dalinguagem deprogramação

[...] a essas conquistas, as pes-

soas permanecerão mais bem in-

formadas, inclusive sobre as suas

responsabilidades, direitos e de-

veres, diminuindo a ignorância

em torno da própria cidadania.

[...] O desenvolvimento tecno-

lógico, quando orientado digna-

mente, sempre oferece à Huma-

nidade as bênçãos do progres-

so, da cultura e da civilização.2

Há um universo de pesquisasem IA espalhadas por todo o Pla-neta. Selecionamos apenas duaspara ilustrá-las, pois são considera-das muito promissoras: a) desen-volvimento dos atuais sistemas re-lacionados ao cálculo matemático eàs análises exponencial, probabi-lística e estatística; b) construção derobôs de grande utilidade na Medi-cina (diagnóstico e cirurgias) e nasciências afins (pesquisas biomole-culares); exploração de outros pla-netas (sondas robóticas); resgate depessoas soterradas; previsão de cata-clismos naturais (furacões, tempes-tades, explosões vulcânicas) etc.

Acredita-se que a próxima gera-ção de computadores deva desem-penhar tarefas ainda mais próxi-mas da inteligência humana, comoraciocinar a partir de evidências epadrões inteligentes. Neste sentido,empresas de comunicação e propa-ganda estão investindo em progra-mas denominados “mineração dedados”, por intermédio dos quais

[...] os computadores são usa-

dos para procurar padrões nas

vastas quantidades de dados que

geramos em nossa vida diária.

Usando fontes como os dados de

controle de supermercados, as

técnicas de IA são capazes de

deduzir um perfil de quem so-

mos, o que queremos e quando –

e dirigir a correspondência pro-

mocional de acordo com isso.3

Outro avanço recente da IA é o“computador em nuvem” (cloudcomputing), aguardado para ser utili-zado no mundo todo. Em breve tere-mos à nossa disposição apenas umteclado, um mouse e um monitor.O computador será apenas um chipligado à Internet, a “grande nuvem”de computadores, espaço virtual deonde poderemos acessar os própriosdados, a partir de qualquer compu-tador, em qualquer lugar. Além dis-so, os programas estarão, também,disponíveis nessa “nuvem”, de formaque receberemos na tela o processa-dor de textos, o editor de fotografias,enfim, o software que desejarmos.4

Há inúmeras informações naliteratura espírita relativas a instru-

mentos, equipamentos e aparelhos,móveis ou fixos, cuja tecnologia estárelacionada à inteligência artificial. OEspírito Efigênio S.Vítor, por exem-plo, presta os seguintes esclarecimen-tos a respeito da rede eletromagnéti-ca que protege a reunião mediúnica:

Nossa reunião está garantida por

três faixas magnéticas protetoras.

A primeira guarda a assembleia

constituída e aqueles desencar-

nados que se lhes conjugam à

tarefa da noite. A segunda faixa

encerra um círculo maior, no qual

aglomeram dezenas de compa-

nheiros daqui, ainda em posição

de necessidade, à cata de socorro

e esclarecimento. A terceira, mais

vasta, circunda o edifício, com

sentinelas eficientes, porque além

dela temos uma turba compacta –

a turba de irmãos que ainda não

podem partilhar [...] o nosso es-

forço evangélico. [...] Bem junto à

direção de nossas atividades es-

tá reunida grande parte da equipe

25Outubro 2009 • Reformador 383

Assistentes cirúrgicos utilizam braços de robô para trocarferramentas em cirurgia cardíaca

de funcionários espirituais que

nos preservam as linhas mag-

néticas defensivas. [...] Em con-

traposição com a porta de acesso

ao recinto, dispomos de [...] dois

gabinetes, com leitos de socorro

[...]. Entre os dois, instala-se

grande rede eletrônica de con-

tenção, destinada ao amparo e

controle dos desencarnados [...].5

O psicoscópio, artefato descritopelo Espírito André Luiz, serve para

[...] auscultação da alma, com o

poder de definir-lhe as vibrações

e com capacidade para efetuar

diversas observações em torno da

matéria [...]. Funciona à base de

eletricidade e magnetismo, uti-

lizando-se de elementos radian-

tes, análogos na essência aos raios

gama. É constituído por óculos

de estudo, com recursos dispo-

níveis para a microfotografia.6

No livro Nosso Lar consta o rela-to de um “[...] enorme aparelhodestinado a demonstrações pelaimagem, à maneira do cinematógra-fo terrestre, com o qual é possívellevar a efeito cinco projeções varia-das, simultaneamente”.7 No livroObreiros da Vida Eterna há notíciasde uma rede luminosa, destinada arecolher e a transportar Espíritos quese encontravam nas regiões abismais,no plano espiritual, construída dematerial especializado “[...] em vistada sua elevada potência magnética,porque as bolas e setas,que nos eramatiradas, detinham-se aí, paralisadaspor misteriosa força”, 8 afirma AndréLuiz. Em Libertação, o autor espiri-

tual descreve um instrumento compequeninos espelhos,9 utilizado porentidades trevosas para selecionarpessoas que deverão ter acesso a umlocal, e que funciona como “captadorde ondas mentais”,9 depois de inter-pretar as cores emitidas pelo halo vi-bratório do perispírito, sob análise.9

Há vasta variedade de apare-lhos descritos na série A Vida noMundo Espiritual, de André Luiz,da qual extraímos outros exemplos,sem pretensão de ter esgotado oassunto: aparelhos de filmagem (Ea Vida Continua..., cap. 10 e 11); deregistro de pensamentos (E a VidaContinua..., cap. 10); de raio curativo(Nos Domínios da Mediunidade, cap.28 e em E a Vida Continua..., cap. 6);de sinalização luminosa (Os Men-sageiros, cap. 22); de consultas rápi-das às repartições existentes no Além(Sexo e Destino, segunda parte, cap.13); magnético, de contato mediú-nico (Nos Domínios da Mediunida-de, cap. 16); de fabricação de ar puro(Obreiros da Vida Eterna, cap. 6); deprecisão médica (Evolução em doisMundos, segunda parte, cap. 19).

Como reflexão final, ponderamosque o progresso intelectual é inexo-rável. Tal desenvolvimento, porém,deve ser revestido de dignidade etrazer a felicidade ao homem, pois,como assinala Emmanuel,

[...] não basta a inteligência, só

por si, para orientar com absoluta

segurança os roteiros da vida. [...]

Em suma, estamos em condições

de preparar o futuro para todas

as garantias no plano físico, mas

habitualmente descuidamo-nos

de nossos interesses na imortalida-

de que é patrimônio inalienável de

cada um. Em razão disso, muitas

vezes damos na Terra estranhos

espetáculos de genialidade e delin-

quência, cultura e degradação. É

que apenas a inteligência não basta

à felicidade. A alegria de viver pe-

de, acima de tudo, a luz do enten-

dimento e a bênção do amor.10

Referências:1CASTRO, Leandro e ZUBEN, Fernando.

Redes neurais. São Paulo: Universidade

de Campinas. Disponível em: <ftp://ftp.

dca.fee.unicamp.br/pub/docs/vonzu

ben/ia353_03/revisao/docs/tema4.doc>.2FRANCO, Divaldo P. Atualidade do pen-

samento espírita. Pelo Espírito Vianna de

Carvalho. Salvador: LEAL, 1999. Cap. 6, item

6.4, p. 141.3MATTHEWS, Robert. 25 grandes ideias:

como a ciência está transformando o mun-

do. Tradução de José Gradel. Rio de Janei-

ro: Jorge Zahar, 2008. p. 235.4Disponível em: <http://g1.globo.com/Noti

cias/Tecnologia/o,,MUL455811-6174,00.html>.5XAVIER, Francisco C. Educandário de luz.

Por diversos Espíritos. São Paulo: IDE, 1984.

Cap. 34, p. 80-81.6______. Nos domínios da mediunidade.

Pelo Espírito André Luiz. 34. ed. 2. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 2, p. 22-23.7______. Nosso lar. Pelo Espírito André

Luiz. 60. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2009. Cap. 32, p. 208.8______. Obreiros da vida eterna. Pelo

Espírito André Luiz. 33. ed. 2. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 8, p. 148.9______. Libertação. Pelo Espírito André

Luiz. 31. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2009. Cap. 5, p. 94.10______. Bênção de paz. Pelo Espírito

Emmanuel. 4. ed. São Bernardo do Cam-

po: GEEM, 1976. Cap. 22, p. 63-64.

26 Reformador • Outubro 2009384

spíritas do Sul do Paísorganizaram um movi-mento de aproximação

a que se deu o nome de ‘Caravanada Fraternidade’, com o propósitode visitar todos os Estados do Norte.

Principalmente os Estados queainda não tinham se decidido so-bre o Pacto Áureo de 5 de outubrode 1949...

[...]Os caravaneiros – Artur

Lins de Vasconcelos, CarlosJordão da Silva, FranciscoSpinelli, Ary Casadío e Leo-poldo Machado – levanta-ram voo em avião da Aero-vias Brasil, a 31 de outubro.1

Primeiro, Salvador. [...]De Salvador até o extre-

mo Norte, os caravaneirosvisitaram todas as capitais2

e mais Parnaíba, vivendoem todas elas, inesquecíveis pro-gramas de intensa vibração dou-trinária e fraternal. [...]

Lins de Vasconcelos regressoude Recife, sendo substituído peloirmão pernambucano Luiz Bur-gos Filho. E o médium Ary Casa-dío voltou de Fortaleza. Só Leo-

poldo Machado e Luiz Burgos Fi-lho foram a Manaus [...].3

[...]Em todas as cidades, a Caravana

procedeu da maneira seguinte: (I)Conferências culturais para o gran-de público, que atraíram verdadei-ras multidões a elas, tarefa esta qua-se que da responsabilidade do prof.Leopoldo Machado; (II) Reuniõesde mesa-redonda para reajustamen-

to de pontos de vista de choque, dasquais o ideal da unificação sempresaiu vitorioso, por isso que de todaselas foram lavradas as respectivasatas; (III) Visitas de estímulo às ins-tituições espíritas de assistência so-cial; (IV) Programas sociais, orga-nizados pelos irmãos visitados.

A Caravana procurou, assim, co-limar vários objetivos, como sejam:a) Maior aproximação dos espiri-tistas, visionando o ideal de unifi-cação social da Doutrina; b) Propa-ganda cultural do Espiritismo, nomundo profano; c) Maior estímuloàs obras de assistência social inspi-radas pela Doutrina; d) Levar am-bientação doutrinária aos lares,de vez que os caravaneiros sempre

preferiram hospedagem noslares de irmãos. [...]

A Caravana da Fraternida-de dissolveu-se em Belo Ho-rizonte, a 13 de dezembro,4

depois de receber, na véspe-ra,5 em Pedro Leopoldo, pe-lo médium Francisco Cândi-do Xavier, mensagens de Em-manuel e Amaral Ornelas, edepois de um belo e grandeprograma literodoutrinário,

em que os caravaneiros fizeram o pri-meiro relato de suas impressões, nasede da ‘União Espírita Mineira’”.

(Trechos e informações extraídos de:

MACHADO, Leopoldo. A caravana da frater-

nidade, Nova Iguaçu, RJ: Lar de Jesus, 1954.)

A “Caravana daFraternidade”

1Ano de 1950.

2Todas as capitais do Nordeste e do Norte,exceção feita aos então quatro Territórios.

3Com exceção de Lins de Vasconcellos queretornou de Recife, os demais integrantesforam até Belém do Pará.

4Ano de 1950.

5O encontro com Chico Xavier deu-se nodia 11 de dezembro, portanto, na antevés-pera da dissolução da Caravana.

Componentes da Caravana da Fraternidade,em Natal, com outros confrades

“E

27Outubro 2009 • Reformador 385

erca de 2.000 esperantistas, provenientes domundo inteiro, reuniram-se na pequena ci-dade polonesa de Bialystok, de 25 de julho

a 1o de agosto, para os trabalhos do 94o Congres-so Mundial da Universala Esperanto-Asocio (UEA)– Associação Universal de Esperanto –, cujo temaprincipal foi “Criar uma ponte de paz entre os po-vos: Zamenhof hoje”.

Tanto o tema principal como o local do Congres-so tiveram sua escolha inspirada no fato de que, em2009, se comemora o Sesquicentenário de nascimen-to do iniciador do esperanto, Lázaro Luís Zamenhof(Bialystok, 15/12/1859 – Varsóvia, 14/4/1917).

A atualidade do pensamento e da criação dogenial missionário ficaram evidenciadas em mui-tas dentre as diversas manifestações e ativida-des dos congressistas, destacando-se a palavra do indiano Probal Dasgupta, linguista de renome in-ternacional, professor universitário e atual presi-dente da UEA, com que demonstrou a íntima re-lação entre as ideias e as práticas de Zamenhof ede Gandhi nos campos do intelecto e do senti-mento, em favor do ideal de aproximar os povossobre as bases da justiça e da fraternidade.

E, como a justificar, embora de maneira lamen-tável, a extrema necessidade de se estabelecer umaponte neutra para uma legítima vida planetáriauniversalista, os trabalhos do Congresso foram alvode manifestações obscurantistas, violentas, parti-

Esperantistas-espíritas no94o Congresso Universal de Esperanto,

em Bialystok, Polônia

C

28 Reformador • Outubro 2009386

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

Momento em que Robinson Mattos, presidenteda Societo Lorenz, profere a sua palestra

Congressistas na reunião dosesperantistas-espíritas

das de grupos animados por sentimentos chauvi-nistas, xenófobos e antissemitas.

O governo brasileiro reagiu positivamente a umapelo dirigido pelo Prof. Dasgupta a diversos che-fes de Estado, enviando-lhe um texto, lido no en-cerramento do Congresso, em que o Presidente daRepública, agradecendo ao presidente da UEA porsua preocupação com a igualdade nas relações in-ternacionais, expressa a sua esperança de que um diao esperanto venha a ser aceito como língua facilitado-ra de uma comunicação sem barreiras.

Os esperantistas-espíritas do Brasil, representa-dos pela Societo Lorenz, desenvolveram rico pro-grama dividido em dois grandes itens.

O primeiro, cumprido no quadro da chamadaMovada Foiro (Feira do Movimento), em que todasas associações filiadas à UEA expõem suas ideias eprodutos, consistiu na apresentação de obras espí-

ritas em esperanto e de periódicos da Societo, bemcomo no estabelecimento de laços fraternos com asdemais sociedades ali representadas.

O segundo, foi a palestra proferida pelo presi-dente da Societo Lorenz, Robinson Mattos, sobreo tema “Lei de Amor e Princípios Básicos da Dou-trina Espírita”.

A reunião foi presidida pelo Dr. João Silva dosSantos, um dos diretores da Societo, contandocom a valiosa colaboração das coidealistas Terezi-nha Petronília Leão dos Santos e Joana Pimentel.

Livros espíritas foram sorteados entre os pre-sentes, cujo interesse pelo tema ficou demonstra-do com a formulação à mesa-diretora de questõesbem pertinentes sobre Doutrina Espírita.

O próximo Congresso da UEA terá como sede acidade de Havana, Cuba, e os esperantistas-espíri-tas lá certamente estarão.

29Outubro 2009 • Reformador 387

Interesse do público pelos livros espíritas em esperanto

1. Com a assinatura do Pacto Áu-reo por representantes da FEB ede Entidades Federativas Espíritasdos Estados de Minas Gerais, Para-ná, Rio Grande do Sul, Rio de Ja-neiro, Santa Catarina e São Paulo,aos 5 de outubro de 1949, foi cria-do o Conselho Federativo Nacional(CFN) da Federação Espírita Bra-sileira, com o objetivo de promo-ver a união dos espíritas e das ins-tituições espíritas de nosso país etrabalhar pela unificação do Movi-mento Espírita, a fim de fortalecera tarefa de difusão do Espiritismo.

2. Instalado em 1o de janeiro de1950 e integrado pelas EntidadesFederativas Estaduais – Federaçõese Uniões que, por sua vez, inte-gram os centros espíritas sediadosnos respectivos Estados e no Dis-trito Federal –, o Conselho Fede-rativo Nacional substituiu o anti-go Conselho Federativo da FEB,

que federava, diretamente, os cen-tros espíritas de todo o país.

3. De 31 de outubro a 13 de de-zembro de 1950 desenvolveu-se otrabalho da “Caravana da Frater-nidade” que teve por finalidadedivulgar os objetivos da unifica-ção e colher adesões de onze Esta-dos do Norte e do Nordeste aoPacto Áureo. Os caravaneiros Ar-thur Lins de Vasconcellos Lopes,Ary Casadio, Carlos Jordão da Sil-va, Francisco Spinelli, LeopoldoMachado e Luiz Burgos Filho, quese integrou em Recife, realizaramas visitas e contatos e levaramorientações sobre a divulgação doEspiritismo, estímulo às obras deassistência social e de ambien-tação doutrinária aos lares. Ao fi-nal, alguns “caravaneiros” visita-ram Chico Xavier, em Pedro Leo-poldo, no dia 11 de dezembro de1950, oportunidade em que rece-

beram duas mensagens psicográ-ficas. A “Caravana” encerrou-se,em Belo Horizonte, no dia 13 dedezembro de 1950.

4. Durante a década de 1950 fo-ram realizadas atividades de escla-recimento junto às instituições es-píritas em geral sobre a importân-cia e as diretrizes do trabalho deunião dos espíritas e das institui-ções espíritas e de unificação doMovimento Espírita brasileiro.

5. Na década de 1960, foram reali-zados os Simpósios Regionais emtodo o Brasil, nas regiões Norte,Nordeste, Centro e Sul, enfocando,mais objetivamente, o trabalho ope-racional dos grupos, centros e de-mais instituições espíritas.

6. No início da década de 1970,foram criados os Conselhos Zonaisdo CFN (Norte, Nordeste, Centro

Síntese Históricado CFN

1948 – Entre os presentes ao Congresso Brasileiro de Unificação Espírita (São Paulo, SP – 31/out. a 5/nov./1948),estão alguns signatários do Pacto Áureo, em 5/out./1949

30 Reformador • Outubro 2009388

e Sul), que se reuniam uma vez acada semestre, cada vez em umaregião, para estudar temas de in-teresse do Movimento Espírita,escolhidos e deliberados nas Reu-niões Plenárias do CFN.

7. No período de outubro de 1975a abril de 1977, as Entidades Fede-rativas Estaduais que integram oCFN realizaram estudos maisaprofundados sobre o Centro Es-pírita, durante as Reuniões Zo-nais, e concluíram, na ReuniãoPlenária do CFN de novembro de1977, com a aprovação do texto“A adequação do Centro Espíritapara o melhor atendimento desuas finalidades”, o qual destaca“como entender o Centro Espíritaem sua abrangência” e “o que cabea ele realizar”.

8. Nessa reunião do CFN de no-vembro de 1977, as Entidades Fe-derativas Estaduais decidiram con-tinuar estudando o Centro Espí-rita no Quarto Ciclo de ReuniõesZonais (realizado no período demarço de 1978 a novembro de 1979,estudo este concluído na ReuniãoPlenária do CFN de julho de 1980,com a aprovação do texto “Orien-tação ao Centro Espírita”, que, en-focando o “como fazer”, ofereceuma série de sugestões práticas aoCentro Espírita para o exercíciodas suas atividades básicas, comvistas ao estudo, à difusão e à prá-tica do Espiritismo.

9. Na Reunião do CFN, realizadadias 1, 2 e 3 de outubro de 1977,foi lançada a Campanha Nacional

de Evangelização Espírita da In-fância e da Juventude.

10. Em 1o de julho de 1978 ocor-reu a transferência do ConselhoFederativo Nacional para a sededa FEB em Brasília.

11. No Quinto Ciclo de ReuniõesZonais foi estudado e elaboradoum texto voltado à Orientaçãoaos Órgãos e Entidades Federati-vas e de Unificação do Movimen-to Espírita, destacando a necessi-dade e a importância da uniãodos espíritas e dasinstituições espí-ritas, oferecendosugestões de tra-balho aos órgãosfederativos, espe-cialmente em fa-vor do Centro Es-pírita, e estabele-cendo as diretrizesque norteiam otrabalho de unifi-cação do Movi-mento Espírita, texto este aprova-do em Reunião Plenária do CFNde novembro de 1983 com o títu-lo “Diretrizes da Dinamização dasAtividades Espíritas”.

12. Na Reunião do CFN, dias 25,26 e 27 de novembro de 1983,houve o lançamento da Campa-nha do Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita.

13. No seu Primeiro Centenário,dia 2 de janeiro de 1984, a Federa-ção Espírita Brasileira transferiusua sede para Brasília.

14. Por resolução do CFN, em reu-nião de novembro de 1985, os Con-selhos Zonais foram transforma-dos nas Comissões Regionais (Nor-te, Nordeste, Centro e Sul), as quaispassaram a se reunir anualmente,no primeiro semestre, proporcio-nando às Entidades Federativas Es-taduais, em suas respectivas regiões,a oportunidade de trocarem infor-mações e experiências, ajudarem--se reciprocamente e unirem-se paraa realização dos trabalhos que têmpor objetivo colocar em prática asdiretrizes anteriormente aprovadas

pelo CFN, nos textos já citados,tanto para os centros espíritas co-mo para os Órgãos Federativos.

15. As Comissões Regionais doCFN foram instaladas nos anos de1986 e 1987. As Entidades Federa-tivas Estaduais de cada região vêmexercitando a prática do trabalhode unificação, dialogando, trocandoinformações e permutando expe-riências em torno do seu objetivoprincipal que é o aprimoramentodoutrinário, assistencial e adminis-trativo dos centros espíritas, assimcomo a sua multiplicação.

31Outubro 2009 • Reformador 389

Aspecto parcial da Mesa na Reunião do CFN de 1977,que aprovou a Campanha Nacional de Evangelização

Espírita da Infância e da Juventude

16. A partir de 1990, as ComissõesRegionais, que iniciaram suas ati-vidades com a presença apenas dosdirigentes das Entidades FederativasEstaduais, desdobraram o seu traba-lho com outras reuniões que foramse ampliando até as atuais Áreas es-pecíficas de apoio ao Centro Espíri-ta: Atendimento Espiritual no Cen-tro Espírita, Atividade Mediúnica,Comunicação Social Espírita, Estu-do Sistematizado da Doutrina Espí-rita, Evangelização Espírita da Infân-cia e da Juventude, Serviço de As-sistência e Promoção Social Espírita.A partir de 2003, na reunião dosdirigentes incluíram-se assuntos deorientação administrativa e jurídica.

17. Na Reunião do CFN, dias 5, 6e 7 de outubro de 1993, foram lan-çadas as Campanhas Em Defesada Vida e Viver em Família. Estaúltima foi analisada na Reuniãodo ano de 1992.

18. O CFN aprova e lança a Cam-panha de Divulgação do Espiritis-mo, em sua Reunião realizada nosdias 8, 9 e 10 de novembro de 1996.

19. A FEB promove, por decisão doCFN, o 1o Congresso Espírita Bra-sileiro, de 1o a 3 de outubro de 1999,em Goiânia (GO), com o objetivode comemorar o Cinquentenário doPacto Áureo. O CFN realiza Reu-nião Especial comemorativa du-rante este Congresso.

20. O CFN, em Reunião de 10 a 12de novembro 2000, constituiu Co-missão temporária com o objeti-vo de analisar propostas visando o

aperfeiçoamento do trabalho deunificação com base no Pacto Áu-reo e estudar o seu aprimoramen-to, gerando projetos aprovadospelo citado Órgão na sua Reuniãode novembro de 2001. Entre estes,surgem as propostas da edição deBrasil Espírita, como órgão do CFN eencarte mensal de Reformador, eo projeto “Atividade de Preparaçãode Trabalhadores Espíritas”, o qualgerou o curso “Capacitação Admi-nistrativa da Casa Espírita”, aprova-do em Reunião realizada de 8 a 10de novembro de 2002.

21. Na Reunião do CFN, nos dias8, 9 e 10 de novembro de 2001, foilançada a Campanha Construa-mos a Paz Promovendo o Bem!.

22. Na Reunião do CFN de novem-bro de 2003 foi aprovada a come-moração do Bicentenário de Nasci-mento de Allan Kardec, que incluiuseu início com palestra na sede daFEB,em janeiro de 2004,evento con-junto com a Federação Espírita doDistrito Federal, em abril de 2004 elançamento de Selo Comemorativopelos Correios em outubro de 2004.

23. O CFN aprova, em Reunião rea-lizada no período de 11 a 13 de no-vembro de 2005, o Projeto de Co-memorações do Sesquicentenáriode O Livro dos Espíritos, que incluiu

o lançamento de nova tradução deO Livro dos Espíritos, em ediçãoespecial, a realização de Reunião Es-pecial do CFN e Reunião Conjuntadas Comissões Regionais, no dia 12de abril, em Brasília, do 2o Congres-so Espírita Brasileiro, nos dias 13, 14e 15 de abril de 2007, e no mesmolocal, o lançamento de Selo Perso-nalizado emitido pelos Correios.

24. Com base no trabalho realizadonas Comissões Regionais do CFNfoi proposto um estudo visando oaprimoramento e atualização dotexto “Orientação ao Centro Espíri-ta” aprovado em julho de 1980. Esteestudo, com base em propostas dasEntidades Federativas Estaduais eanalisado nas Reuniões das Comis-sões Regionais do CFN, foi apro-vado pelo Conselho Federativo Na-cional em sua reunião de 12 denovembro de 2006, e o livro foi lan-çado na Reunião Especial do CFN,em 12 de abril de 2007, em Brasília.

25. Na Reunião Especial do CFNde 12 de abril de 2007, foi aprova-do o “Plano de Trabalho para oMovimento Espírita Brasileiro(2007-2012)”. A elaboração deestudo para este documento foiaprovada na Reunião do CFN, de11 a 13 de novembro de 2005,dentro do Projeto do Sesquicen-tenário de O Livro dos Espíritos.

Retificando...No artigo “Influência dos Espíritos nos acontecimentos da vida”

(Reformador de setembro de 2009), no olho (p. 20), onde se lê apalavra “excessão”, leia-se “exceção”.

32 Reformador • Outubro 2009390

O projeto foi analisado nas Reu-niões das Comissões Regionais doano de 2006 e na própria Reuniãodo CFN de novembro de 2006.

26. Na Reunião do CFN realizadaem Brasília, nos dias 7, 8 e 9 de no-vembro de 2008, foi aprovado o“Projeto Centenário de Chico Xa-vier”, a ser implementado no ano de2010, incluindo a realização do 3o

Congresso Espírita Brasileiro, pro-gramado para os dias 16, 17 e 18de abril, em Brasília, e a realização deReuniões Conjuntas das ComissõesRegionais e Especial do CFN, nodia anterior ao citado Congresso.

27. Nesta Reunião do CFN foi apro-vada a realização de estudos pa-ra a análise e aprimoramento dodocumento “Diretrizes da Dinami-zação das Atividades Espíritas”,com o objetivo de se originar odocumento “Orientação aos Órgãosde Unificação”, fundamentado em“Orientação ao Centro Espírita” eintegrado com o “Plano de Trabalhopara o Movimento Espírita Brasi-leiro (2007-2012)”, e, também derealização de estudos com vistas àpreparação de um “Curso de Capa-citação para Dirigentes e Trabalha-dores para as Atividades dos ÓrgãosFederativos e de Unificação do Mo-vimento Espírita”. Deliberou tam-bém recomendar que durante oano de 2009 sejam realizadas co-memorações pelos 60 anos da as-sinatura do Pacto Áureo.

(Texto elaborado pela Equipe da Secreta-

ria-Geral do Conselho Federativo Nacional

da FEB.)

eus vos guarde na res-ponsabilidade da guardade tão grande e valioso

tesouro.Tão simples de ser divulgado.

Cria porém dificuldades paraquem queira transformá-lo eminstrumento de opressão e im-posição porque o reverso damedalha virar-se-á e os atingi-dos serão justamente os que as-sim procederem.

Simples como instrumento deaproximação. Quando usado comhumildade e amor transpõe asmais altas montanhas levandoaos mais longínquos recantos amensagem de esperança.

Continuai, meus irmãos, comesta tarefa abençoada de darseguimento aos ensinos de Nos-so Senhor Jesus Cristo dentrodo padrão do amor. Continuaidando seguimento à luz, ligan-do-a a outras tomadas, que bus-quem sintonizar com os vossossentimentos, sem pensar emcatequizar.

Lutai com as armas que Jesustrouxe ao mundo, para vencerem defesa da luz que os ven-davais da incompreensão tentamapagar. Ela foi confiada à vossaguarda para que a mantenhais

acesa. É vossa a responsabili-dade perante a Humanidade ediante das tribulações trazidaspelas incompreensões.

Porfiai, meus amigos, paraque nunca se esgote o patrimô-nio que vos confiaram.

Jamais o imponhais a quemquer que seja, mas não permitique o enterrem, para ocultá-lodo conhecimento da Humani-dade. Ele deve permanecer vivoe atuante dentro desta Casa enos corações que sintonizem nomesmo padrão de entendimen-to de que a Revelação é perma-nente e progressiva e não po-derá deixar de ser propagada.

Sem impô-la a quem querque seja, estaremos dando otestemunho de que o Pacto Áu-reo continua vivo e atuante noscorações.

Paz. Deus nos abençoe e aVirgem Maria nos assista.

Guillon

(Mensagem recebida pelo médium Olym-

pio Giffoni, em 5/10/1978, na Federação

Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro, RJ.)

Fonte: Reformador de abril de 1979,

p. 23(139). Reproduzida em Reformador

de out. de 2007, p. 10(376).

D

33Outubro 2009 • Reformador 391

Pacto ÁureoAnte o

abemos que a chegada dePaulo em Jerusalém se deunum dia quente de verão,

três anos após sua conversão emDamasco, ou seja, no verão doano 39 d.C. Sua permanência naJudeia foi extremamente curta,pois se viu obrigado a fugir daperseguição dos membros da Si-nagoga dos cilícios, após ter feitoardorosa pregação naquele local.

Em seguida, aconselhado porSimão Pedro, o tecelão fixou resi-dência em sua cidade natal, Tarso,pelo período de três anos, até queBarnabé o convidasse para os

trabalhos promissores na Igrejade Antioquia.

Novamente, combinando textos,estabelecemos um quadro crono-lógico baseado nos informes deEmmanuel e Irmão X:

Assim, durante três anos, o soli-

tário tecelão das vizinhanças do

Tauro exemplificou a humildade

e o trabalho, esperando devota-

damente que Jesus o convocasse

ao testemunho.2 (Grifo nosso.)

[...] Ainda, aí, entrou a com-

preensão de Pedro para que não

faltasse ao tecelão de Tarso o

ensejo devido. Observando as

dificuldades, depois de indicar

Barnabé para a direção do nú-

cleo do “Caminho”, aconselhou-

-o a procurar o convertido de

Damasco, a fim de que sua ca-

pacidade alcançasse um campo

novo de exercício espiritual. [...]

Pressuroso e prestativo, Saulo

de Tarso em breve se instalava

em Antioquia, onde passou a

cooperar ativamente com os

amigos do Evangelho.3

Com efeito, daí a meses, um

portador da igreja de Jerusa-

lém chegava apressadamen-

te a Antioquia, trazendo no-

tícias alarmantes e dolorosas.

S

Cristianismo Redivivo

HA RO L D O DU T R A DI A S

“A instituição fora iniciada por discípulos de Jerusalém, sob os alvitresgenerosos de Simão Pedro. [...] Antioquia era dos maiores centros operários.

Não faltavam contribuintes para o custeio das obras [...] entretanto,escasseavam os legítimos trabalhadores do pensamento. [...]

A instituição de Antioquia era, então, muito mais sedutora que a própria igreja deJerusalém. Vivia-se ali num ambiente de simplicidade pura [...]. Havia riqueza, porquenão faltava trabalho. Todos amavam as obrigações diuturnas, aguardando o repouso

da noite nas reuniões da igreja, qual uma bênção de Deus. [...]A união de pensamentos em torno de um só objetivo dava ensejo a

formosas manifestações de espiritualidade. Em noites determinadas, haviafenômenos de ‘vozes diretas’”1

História da Era ApostólicaA Igreja de Antioquia

1XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. PeloEspírito Emmanuel. 44. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2007. P. 2, cap. 4, p. 387-388, 391-392. 2Idem, ibidem. P. 2, cap. 3, p. 385. 3Idem, ibidem. P. 2, cap. 4, p. 388.

34 Reformador • Outubro 2009392

Em longa missiva, Pedro relata-

va a Barnabé os últimos fatos

que o acabrunhavam. Escrevia

na data em que Tiago, filho de

Zebedeu, sofrera a pena de morte,

em grande espetáculo público.

[...]4 (Grifo nosso.)

Onze anos após a crucificação do

Mestre, Tiago, o pregador, filho

de Zebedeu, foi violentamente

arrebatado por esbir-

ros do Sinédrio, em

Jerusalém, a fim de

responder a processo

infamante.

[...]

O antigo pescador

e aprendiz de Jesus é

atado a grande poste

e, ali mesmo, sob a

alegação de que He-

rodes lhe decretara a

pena, legionários do

povo passam-no pe-

la espada, enquanto

a turba estranha lhe

apedreja os despo-

jos.5 (Grifo nosso.)

Imensas surpresas

aguardavam os emis-

sários de Antioquia,

que já não encontraram Simão

Pedro em Jerusalém. As autori-

dades haviam efetuado a prisão

do ex-pescador de Cafarnaum,

logo após a dolorosa execução

do filho de Zebedeu. [...]6

Dentro em pouco, cheios de

confiança em Deus, Saulo e Bar-

nabé, seguidos por João Mar-

cos, despediam-se dos irmãos, a

caminho de Selêucia. A viagem

para o litoral decorreu em am-

biente de muita alegria. De quan-

do a quando, repousavam à

margem do Oronte, para a me-

renda salutar. À sombra dos car-

valhos, na paz dos bosques enfei-

tados de flores, os missionários

comentaram as primeiras espe-

ranças.7 (Grifo nosso.)

Considerando que Paulo perma-neceu três anos em Tarso, pode-mos concluir que a sua chegada emAntioquia se deu por volta do ano42 d.C., durante ou após o verão.

No livro Atos dos Apóstolos (Cap.11, 12 e 13), há relatos de inúmerosfatos ocorridos durante a perma-nência do Apóstolo em Antioquia.

Alguns merecem especial des-taque para os nossos propósitos:

1) A mudança do nomedos seguidores de Jesus,que passaram a se chamar“cristãos”, um ano depoisda chegada de Paulo (Atos,11:26); 2) As previsões doprofeta Ágabo a respeitodos martírios em Jerusalém(Atos, 11:28); 3) O martí-rio de Tiago, filho de Zebe-deu, e irmão de João Evan-gelista (Atos, 12:2); 4) A pri-são de Simão Pedro (Atos,12:3); 5) A morte de He-rodes (Atos, 12:23); 6) Aviagem de Paulo e Barnabéa Jerusalém (Atos, 12:25);7) A primeira viagem mis-sionária de Paulo e Barna-bé (Atos, 13:2-4).

O martírio de Tiagoocorreu, segundo o relato

do Espírito Irmão X, onze anosapós a crucificação. Em publi-cações anteriores demonstramosque a crucificação de Jesus se deuem abril/maio do ano 33 d.C.,8

4XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão.Pelo Espírito Emmanuel. 44. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2007. P. 2, cap. 4, p. 395.

5Idem. Contos desta e doutra vida. PeloEspírito Irmão X. 2. ed. 1. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2008. Cap. 23, p. 111-112.

6Idem. Paulo e Estêvão. Pelo EspíritoEmmanuel. 44. ed. Rio de Janeiro: FEB,2007. P. 2, cap. 4, p. 396-397.

7Idem, ibidem. p. 410.

8Consultar o artigo intitulado Cristianis-mo redivivo: história da era apostólica, acrucificação de Jesus, Haroldo Dutra Dias,publicado em Reformador, ano 126, n.2.154, p. 33(351)-35(353), set. 2008.

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Paulo e Barnabé em Antioquia

35Outubro 2009 • Reformador 393

portanto, Tiago morreu no ano44 d.C., data em que Simão Pedroescreveu a missiva para Barnabé,que se encontrava em Antioquia.

Herodes Agripa I, filho mais no-vo de Herodes Magno (Herodes, oGrande), foi condecorado com o tí-tulo real pelo imperador romanoCalígula no ano 37 d.C., mas so-mente reinou, efetivamente, a par-tir do ano 41 d.C. Os historiado-res divergem quanto à data da suamorte, especulando que ela tenhaocorrido entre setembro/outubrode 43 d.C. e fevereiro de 44 d.C.

Harold Hoehner, em sua tese dedoutorado intitulada Chronology ofthe Apostolic Age,9 postula que He-rodes morreu no ano 44 d.C., apre-sentando diversas evidências do-cumentais e arqueológicas bastanteconvincentes. Ademais, sua data seencaixa perfeitamente com aquelainformada pelo Espírito Irmão X.

Após o recebimento da carta deSimão Pedro, Paulo e Barnabé sedirigiram a Jerusalém, onde foramsurpreendidos pela ausência dopróprio Simão, que havia se reti-rado da cidade, em função da suaanterior prisão.

Ao regressarem da cidade san-ta, formulam o plano da primeiraviagem missionária, que foi inte-

gralmente endossado pela Espiri-tualidade superior. Nessa viagem,Paulo e Barnabé trouxeram de Je-rusalém o jovem João Marcos, quese tornaria mais tarde o conheci-do evangelista.

Não é demais lembrar, repeti-mos, que nos países banhados peloMar Mediterrâneo, o clima é mui-to semelhante, com verões secose quentes e invernos moderados echuvosos. As estações do ano se di-

videm em dois grandes blocos: pri-mavera–verão (abril–setembro) eoutono–inverno (outubro–março).

Emmanuel, ao descrever o inícioda primeira viagem missionária, fazreferência aos “bosques enfeitadosde flores”, nas margens do Oronte.Essa referência – já o sabemos –não é meramente ilustrativa oupoética. Sua função é nos esclarecerque a referida viagem teve iníciona primavera do ano 44 d.C.

9O leitor não deve confundir essa tese dedoutorado, não publicada, com outro livrode Harold Hoehner intitulado ChronologicalAspects of the Life of Christ, publicado pelaeditora Zondervan, de caráter estritamentereligioso. Sua tese de doutorado reúne todosos requisitos que uma obra acadêmica deveapresentar para ser aceita pelos especialistasda área, ao contrário do seu livro, acima cita-do, que foi dirigido ao público religioso.

Dia 3 de outubro de 2009:Na Sede Seccional da FEB, no Rio de Janeiro, promoção do Conse-lho Espírita do Estado do Rio de Janeiro (CEERJ) em parceria coma Federação Espírita Brasileira (FEB). Realização, das 10 às 12h45,do seminário “60 Anos do Pacto Áureo – Unificação do Movimen-to Espírita em Solo Brasileiro”, com atuação do presidente da FEB,Nestor João Masotti, e do secretário-geral do Conselho FederativoNacional da FEB, Antonio Cesar Perri de Carvalho.

Dia 4 de outubro de 2009:Na sede da FEB, em Brasília: 8h30 – Café da manhã de confraterni-zação; 9h às 11h30 – Seminário “Trabalho Federativo como Basepara a Difusão do Espiritismo” – organizado pela Secretaria-Geraldo CFN, com atuação do presidente da FEB; 16h – Palestra sobre otema “Pacto Áureo – 60 Anos de Unificação e Trabalho”, pelo vice--presidente da FEB Altivo Ferreira.

Outros Eventos:As Entidades Federativas Estaduais que integram o Conselho Federa-tivo Nacional estão preparando outras atividades comemorativas emtorno do Pacto Áureo a serem realizadas em seus respectivos Estados.

Pacto Áureo na FEB

Comemoraçãodos 60 anos do

36 Reformador • Outubro 2009394

O leitor não perca de vista que Be-zerra de Menezes, desde 1895, exer-cia a presidência da Federação pelasegunda vez, nela já imprimindo adefinitiva orientação evangélica queaté hoje inspira sua ação unifica-dora. O grande missionário retor-na ao plano espiritual em 1900,deixando consolidada essa base,absolutamente indispensável aoerguimento da Obra de Ismael.Impunha-se agora aos sucesso-res de Bezerra definir a formapela qual a Casa de Ismael con-gregaria em torno de si a semprecrescente família espírita do Bra-sil. Nesse particular, convém lem-brar que essa forma de organiza-ção já lhe havia sido intuitiva-mente impressa no próprio nome,uma vez que à época de sua fun-dação (1884) nada havia ainda afederar, e assim ela nascia Fede-ração sem, efetivamente, o ser.

Em 1901, na presidência deLeopoldo Cirne, a Federação pro-move a reforma de seu Estatutocom vistas a, entre outros objeti-vos, implementar o sistema fede-rativo segundo o qual se faria a elaa filiação das agremiações espíritasespalhadas pelo País. Esboçavam--se as bases para uma efetiva unifi-

cação, cujo significado então se de-finiu como união solidária e fra-terna, com sustentação da autono-mia individual, patrimonial e ad-ministrativa das entidades filiadas.

Multiplicam-se os pedidos de ade-são, vindos de todo o território na-cional, com o que se ampliavam oslimites da organização federativa.

Mas é em outubro de 1904, porocasião do centenário de nascimen-

to de Allan Kardec, que represen-tantes dos núcleos espíritas dosEstados do Amazonas, Alagoas, Ba-hia, Espírito Santo, Mato Grosso,Minas Gerais, Paraná, Rio de Janei-ro, Rio Grande do Sul, Santa Ca-tarina e São Paulo, bem como degrande número de Instituições Es-píritas sediadas na antiga CapitalFederal, reunidos a convite da Fe-deração para os festejos comemo-rativos do grande evento, firmamem conjunto um importante do-cumento que ficou conhecido co-mo “Bases de Organização Espírita”,o qual passou a orientar a marchado Movimento Espírita no Brasil.

O pensamento dos espíritas bra-sileiros, ali expresso, refletia os prin-cípios fundamentais preconizadospor Allan Kardec na Constituiçãodo Espiritismo, com vistas às basespara a unificação do MovimentoEspírita: unidade doutrinária comos seus aspectos científico, filosóficoe religioso, união fraterna e solidá-ria dos adeptos e uma direção cen-

tral apta a guardar essas bases.A partir daí, verificou-se

um significativo crescimen-to do Movimento Espíritabrasileiro, evidenciado nafundação de grande parte

das Federativas Estaduaise de inúmeras agremiações

espíritas. Tudo indicava que a pau-latina concretização das aspiraçõesde Allan Kardec e dos primeirosespíritas do Brasil não encontrariaempecilhos de monta, uma vez queera geral a consciência da necessida-de de unificação com os seus pres-supostos de união fraterna, unidadedoutrinária quanto aos princípios

(Continuação da p. 8)

60 anos doPacto Áureo

Leopoldo Cirne

37Outubro 2009 • Reformador 395

fundamentais da Revelação e reco-nhecimento da autoridade moralde uma direção central.

O processo, todavia, foi lento,porque, durante algumas décadas,divergências e incompreensões des-perdiçaram preciosas forças, retar-dando a programação de Ismael.

Em 1925, surge a ideia de seinstalar uma “Constituinte Espíri-ta Nacional”,4 com propósitos unifi-cadores, mas a iniciativa reduz-seaos limites de uma Assembleia, em31/3/1926, da qual resultou a funda-ção, nessa mesma data, da Liga Es-pírita do Brasil, entidade que se pro-punha também a federar as institui-ções espíritas, mas que, mais tarde,subscrevendo o Acordo de 1949, setransformaria em Liga Espírita doDistrito Federal, passando a integrara organização federativa coordena-da pela FEB, como membro doConselho Federativo Nacional.

Nesse entremeio, o trabalho daFederação prosseguia cumprindo oPrograma de Ismael, e, no mesmoano de 1926, de 3 a 8 de outubro,sob os seus auspícios, realizava-se aprimeira reunião do Conselho Fe-derativo criado na reforma do Es-tatuto da FEB, em dezembro de1924, e composto pelos Delegadosdas Associações Espíritas Federa-das. Nessa reunião, a Casa de Is-mael vê tomar corpo, para futuraconsolidação, a forma inicial desua Organização Federativa, graçasprincipalmente ao fervor do 2o se-

cretário Guillon Ribeiro, alma to-da dedicada aos ideais da solida-riedade e da fraternidade entre osmembros, individuais e coletivos,da família espírita do Brasil.

Em outubro de 1933, sempresob o patrocínio da FEB, realiza--se a segunda reunião do referidoConselho, na qual se ratificam osprincípios da Organização Fede-rativa, aperfeiçoando-lhe a estru-tura, ampliando-lhe o alcance,alargando-lhe os objetivos.

Nesse período, apesar do acir-ramento das questões divisionis-tas, a Casa de Ismael sempre mais emais se afirma como a condutorados trabalhos do Espiritismo emnosso País, no rumo da Unificação.

Os anos de 1947 e 1948 assina-lam a ocorrência de eventos, de âm-bito estadual e nacional, que evi-denciam a acentuada conscientiza-ção do Movimento Espírita a res-peito da necessidade da união deforças, do congraçamento, da con-córdia, em todos os níveis de suaatuação, já se destacando, fora doscírculos da FEB, os vultos de Linsde Vasconcellos, Carlos Jordão daSilva, Noraldino de Mello Castro,Leopoldo Machado, Francisco Spi-nelli, Aurino Souto, Roberto PedroMichelena, Pedro de Camargo (Vi-nícius), entre tantos outros valo-rosos e sinceros servidores da sea-ra espírita, cujo amor à causa daunificação arrastava indivíduos eorganizações a cerrarem fileiraem torno da nobre bandeira.

Por essa ocasião, o então presi-dente da Federação Espírita Brasi-leira, Antônio Wantuil de Freitas,nega-se a aceitar proposta do

Congresso Brasileiro de Unifica-ção Espírita, convocado pela USE– União Social Espírita (atualUnião das Sociedades Espíritas doEstado de São Paulo), realizado nacidade de São Paulo, de 31 de outu-bro a 5 de novembro de 1948, se-gundo a qual se deveria criar umaConfederação ou um Conselho Su-perior do Espiritismo. A Delega-ção que apresentou a proposta doCongresso, formada pelos repre-sentantes da Federação Espíritado Estado do Rio Grande do Sul,ten.-cel. Roberto Pedro Michele-na, Marcírio Cardoso de Oliveira,Dr. João Pompílio de Almeida Fi-lho e Francisco Spinelli, ainda in-siste em seu propósito, valendo-seda intervenção de Lins de Vascon-cellos, amigo pessoal e íntimo deA. Wantuil, mas o saudoso presi-dente, pelas suas sólidas convicções,recusa-se a tratar do assunto.

Aproximando-se a última quadrade 1949, pressentia-se positivo des-fecho para os esforços dos adeptossinceros, empenhados na uniãode toda a família espírita. No mês deoutubro, realizava-se, no Rio de Ja-neiro, o II Congresso da Confede-ração Espírita Pan-Americana(CEPA). Lins de Vasconcellos apro-veita o ensejo para pedir a AntônioWantuil que mais uma vez recebes-se a Delegação do Congresso reali-zado em São Paulo no ano anterior.O presidente recusa-se, mas infor-ma que teria muito prazer em ou-vi-la, se com a Delegação viessemtodos os representantes de socie-dades de âmbito estadual que en-tão se encontrassem no Rio toman-do parte no Congresso da CEPA.

4WANTUIL, Zêus. Grandes espíritas doBrasil. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990.p. 477. [Atualmente, 4. ed., 2007, Leopol-do Cirne, p. 477.]

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Assim é que [escreve Sylvio BritoSoares no artigo “Vinte Anos de Pac-to Áureo!”, em Reformador de ou-tubro de 1969] no dia 5 de outubrode 1949, com a presença de inúmerosconfrades de São Paulo, Paraná, San-ta Catarina, Rio Grande do Sul e Mi-nas Gerais, além de outros do entãoDistrito Federal, realizou-se na se-de da Federação Espírita Brasileirauma reunião presidida pelo seu pre-sidente, Sr. Antônio Wantuil de Frei-tas. Nela, o coronel Roberto Michele-na, chefe da Delegação do Congressopaulista, propôs a criação de um Con-selho Superior do Espiritismo, forma-do por três membros. O presidente daFederação, após argumentar contra aproposta, põe-na em discussão e vo-tação, sendo unanimemente rejeita-da. E como ninguém mais quisesseusar da palavra, o presidente da Fe-deração, após ligeira exposição sobretodos os acontecimentos, apresentouuma proposta, em nome da Diretoriada Casa de Ismael, a qual continhadezoito itens que, lidos, foram unani-memente aprovados [...]. E desde en-tão a harmonia se estabeleceu em todoo meio espírita brasileiro, malgradoraras e inevitáveis vozes discordantes.

O memorável encontro ficouconhecido como a Grande Confe-rência Espírita do Rio de Janeiro,cuja Ata, reproduzida nas páginas294 e 295 desta edição,5 expressa-va os pontos essenciais para quese concretizassem os anseios deconfraternização da família espí-rita brasileira, em perfeita harmo-nia com o Programa de Ismael.

Não se limitou exclusivamenteaos signatários da Ata o número da-queles que aprovaram os resultadosdo grande evento. Muitos não pu-deram esperar a lavratura do do-cumento, como Leopoldo Machado,Manuel Jorge Gaio, Armando deOliveira Assis, João de Oliveira e Sil-va, Carlos Lomba, Sylvio Brito Soa-res, F.V. Rocha Garcia, Paulo Ludkae Alfredo Félix da Silva. Outros lo-go manifestaram seu apoio, a sa-ber: Nélson Batista de Azevedo, pelaUnião dos Discípulos de Jesus, J. Be-zerra de Vasconcelos, então presi-dente da União Espírita de Pernam-buco, Geraldo de Aquino, diretorda Hora Espiritualista João Pinto deSouza, Oli de Castro e Álvaro PaesNascimento, delegados do Pará.

Duas comunicações mediúni-cas selaram o acontecimento coma chancela das Superiores EsferasEspirituais. A primeira se deu aindano desenrolar do encontro, quan-do, após a prece de encerramentoproferida por Vinícius, o EspíritoGuillon Ribeiro manifesta seu in-contido júbilo através das faculda-des psicofônicas de Oswaldo Mello.A segunda se verifica, naquele mes-mo dia, durante os trabalhos do“Grupo Ismael”, psicografada pelomédium Olympio Giffoni e tra-zendo a assinatura do próprio Is-mael. Esta importantíssima men-sagem encontra-se na página 296do presente número de nossarevista [out. 1999].

Muitos foram os que na época sepronunciaram com sincera emoçãosobre o magno Acordo, mas dentretodos destacamos, pela sua abso-luta insuspeição, o vulto do Prof.

Leopoldo Machado, cujo testemu-nho, colhido no livro “A Caravanada Fraternidade”, edição do Lar deJesus, Nova Iguaçu (RJ), (1954), ex-pressa a clara percepção do a que elechamou Santa Aliança Espirítica:

Não teria vindo o PACTO ÁU-

REO para a colimação da uni-

dade de princípios e como um

empurrão na bandeira, que é uma

só, e para aquele mesmo fim?

Não será o Pacto Áureo aquele

convite providencial às socieda-

des sérias, para que exista no

meio espírita a união, a simpa-

tia, a fraternidade que ainda

não existem, infelizmente?

Assim o achamos.

E por assim o acharmos, não des-

cobrimos no Pacto Áureo ne-

nhuma sociedade que se arrogue

superioridade sobre as outras?

A Federação Espírita Brasileira,

será?

Não o cremos.

Ela convida, apenas, através do

Pacto Áureo, para a colimação

da unidade de princípios, outras

sociedades sérias; procura agru-

par a seu redor todos que assim

pensarem.

E que outra Instituição teria tan-

ta autoridade e mais força para

o convite?

Foi pensando assim que hipote-

camos solidariedade incondi-

cional ao Pacto Áureo [...].

Nitidamente concretizado o idealda união, do congraçamento dagenerosa família espírita brasilei-ra, na forma daquele encontro devontades que foi o Pacto Áureo,

5N. da R.: Refere-se à edição de outubrode 1999. Nesta edição p. 22-23.

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cumpria agora formalizar aquiloque lhe seria o instrumento paraerguer a consequente unificação,dar a esta um organismo, comoaliás previsto no item 2o do Acor-do de 1949, segundo o qual a Fede-ração deveria criar “um ConselhoFederativo Nacional, permanente,com a finalidade de executar, de-senvolver e ampliar os planos dasua atual Organização Federativa”.

Instala-se esse Conselho Federa-tivo Nacional em 1o de janeiro de1950, tendo a seguinte composição:

Ismael Gomes Braga – RioGrande do Norte

José Augusto de Mi-randa Ludolf – Paraíba

Alcides Neves Ribeirode Castro – Pernambuco

Ubaldo RamalheteMaia – Espírito Santo

Miguel Timponi – Mi-nas Gerais

Carlos Imbassahy –Rio de Janeiro

Carlos Jordão da Silva –São Paulo

Arnaldo Claro SãoThiago – Santa Catarina

Arthur Lins de Vas-concellos Lopes – Paraná

Severino Antônio daCunha – Rio Grande do Sul

Aurino Barbosa Souto– Distrito Federal

Aos 8 de março domesmo ano, o Conselhodirige aos espíritas uma Procla-mação, firmada pelo presidente A. Wantuil de Freitas e pelo 1o se-cretário José Augusto de Miran-da Ludolf, de que transcrevemoso seguinte trecho:

Urge, portanto, que todos os Es-

píritas se unam, sem rivalidades

nem competições, em torno da

FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRA-

SILEIRA, fazendo-se represen-

tar no CONSELHO FEDERA-

TIVO NACIONAL todas as ins-

tituições de âmbito estadual, a

fim de que esse grande movi-

mento de fraternidade e com-

preensão, incontestavelmente já

vitorioso, possa produzir os

magníficos resultados por to-

dos justificadamente esperados

e ansiosamente desejados.

Tão promissoras se mostravamas perspectivas abertas pelo gran-de passo dado pelos espíritas bra-sileiros, que elas fizeram irromperas mais sentidas efusões na almafiel do então presidente da Casa

de Ismael, Antônio Wantuil deFreitas, sinceramente evidencia-das no Relatório que apresentou àAssembleia Deliberativa (hoje Con-selho Superior) sobre a sua admi-nistração no período de julho de1949 a junho de 1950:

Esse congraçamento geral, essa

unificação que harmonizará o

esforço e a orientação de todas

as Entidades Espíritas de nossa

Pátria, objetivo máximo desta

Casa, grande anseio que desde

o século passado fez vibrar a al-

ma de Bezerra de Menezes,

inolvidável e incansável

pugnador da obra de meto-

dizar e unificar a prática do

Espiritismo, já não é um so-

nho, mas realidade sentida,

visível e em plena execução.

[...]

O tempo correu. E, em seu

transcurso, foi ensejando

aos homens o ajustamento

e o reajustamento das coi-

sas, consolidando aspira-

ções e afervorando anseios,

dando-lhes rumos por es-

calas de aperfeiçoamentos

objetivados e estudados,

sempre em graus progressi-

vos, tudo a evolver para os

primores da eficiência. É

que os Espíritos trabalha-

vam o terreno, à espera do

momento para que tudo se

concretizasse em ocasião propí-

cia, nunca fora do tempo justo

e predeterminado.

Enquanto aqui aguardávamos,

solícitos e ansiosos, que se mir-

rassem dissidências e surgisse a

No Departamento Editorial da FEB, em 6/10/1949, um diaapós a assinatura do Pacto Áureo, vendo-se no primeiroplano, da direita para a esquerda, A. Wantuil de Freitas,Aurino Barbosa Souto, Lins de Vasconcellos e Bady Elias

Curi; no segundo plano: J. Bezerra de Vasconcellos,Francisco Spinelli, A. J. Trindade, Lauro Sales, Miranda

Ludolf e outros. (Foto do Mundo Espírita, de 22/10/1949.)

40 Reformador • Outubro 2009398

oportunidade de eclosão desse

glorioso evento, lá, em diferentes

Estados, a mesma ideia germina-

dora desse ideal de união agigan-

tou-se no desejo e na consciên-

cia de todos, pois que cumpria à

Federação aguardar o choque de

retorno, isto é, que esse mesmo

velho e acariciado pensamento

voltasse ao âmbito central, já ago-

ra partindo da periferia.

Pura obra dos Espíritos!

[...]

Damos graças a Jesus e louva-

mos a Ismael, com profundo

agradecimento aos nossos Maio-

res do Espaço, nos quais pomos

fé e inquebrantável confiança

como norteadores dos nossos

deveres nesta Casa a que procu-

ramos servir lealmente, embora

as nossas deficiências.

Restava, como indeclinável legi-timação ao Acordo, a adesão de to-dos os membros da grande famíliaespírita brasileira. Os que o subs-creveram tinham a clara consciên-cia da necessidade de estendê-lo àimensa fração dos que militavamnas regiões do Norte e do Nordestebrasileiros e não puderam se repre-sentar na Grande Conferência Espí-rita do Rio de Janeiro. Com esse ob-jetivo e inspirados no fervor apos-tólico dos primeiros arautos doCristianismo, seis valorosos confra-des – Arthur Lins de VasconcellosLopes, Carlos Jordão da Silva, Fran-cisco Spinelli, Ary Casadio, Leopol-do Machado e, mais tarde, LuísBurgos Filho – iniciam, em 31 deoutubro de 1950, uma excursão co-

letiva, às suas próprias expensas, as-sim formando a célebre “Caravanada Fraternidade”, cuja ação se encer-rou em 13 de dezembro do mesmoano, na cidade de Belo Horizonte(MG), tendo sido visitados onze Es-tados daquelas regiões, desde a Ba-hia até o Amazonas.6 Os resultadosexcederam as expectativas, dandoabençoados frutos de confraterni-zação, esclarecimento e consolida-ção dos ideais de unificação.

A partir daí, ao longo desses cin-quenta anos [atualmente sessentaanos] de vigência do Pacto Áureo, ahistória da união dos espíritas bra-sileiros e da unificação paulatina desuas atividades é a própria históriado Conselho Federativo Nacionalda Federação Espírita Brasileira [...].

Em artigo publicado em Refor-mador de outubro de 1997, sob otítulo “O Conselho FederativoNacional e a Unificação do Movi-mento Espírita”, o nosso presiden-te Juvanir Borges de Souza decla-rava: O Pacto Áureo, base para oentendimento entre as InstituiçõesEspíritas do País do Cruzeiro, tor-nou possível uma nova fase de difu-são do Espiritismo no Brasil, dentrodo princípio da liberdade, intrínse-co na Doutrina, viabilizando aconvivência fraterna entre irmãosmuito próximos, sem uniformiza-ção do pensamento e da ação.

Ao encerramento da ReuniãoOrdinária do Conselho Federati-vo Nacional, em novembro de 1997,significativa moção de apoio à Fe-deração Espírita Brasileira foi apre-

sentada e aprovada por todas asSociedades componentes do CFN,a demonstrar o equilíbrio, a har-monia e a compreensão reinantesnaquela assembleia de dedicadostrabalhadores.

Coroando essa memorável reu-nião, o Espírito Bezerra de Mene-zes, em bela mensagem psicofôni-ca, pelo médium Divaldo Franco,deixou-nos este alerta:

A unificação dos espíritas é tra-

balho para todos os dias, para

todas as horas do nosso Movi-

mento. Paulatinamente é con-

quista realizada, passo a passo,

urgente, porquanto se torna ne-

cessária, para que a fragmenta-

ção, para que as dissensões, para

que o egotismo dos indivíduos

e dos grupos não semeiem dis-

córdias graves nem ameacem o

patrimônio doutrinário.

Bibliografia:Além das obras mencionadas nas Notas

de rodapé também foram consultadas as

seguintes fontes:

XAVIER, Francisco Cândido. Brasil, cora-

ção do mundo, pátria do evangelho. Pelo

Espírito Humberto de Campos. 11. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 1977.

BRAGA, Ismael Gomes. Elos doutrinários.

3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978.

BRASILEIRA, Federação Espírita. Esboço

histórico da Federação Espírita Brasileira.

2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1924.

RIBEIRO, Guillon. Trabalhos do Grupo Is-

mael. V. I. Rio de Janeiro: FEB, 1941.

Reformador. Coleções de 1904, 1924 a

1926, 1933, 1948 a 1952, 1957, 1960,

1969 e 1970, 1973 a 1980, 1982 a 1986,

1989 a 1992, 1994 a 1997.

6 N. da R.: Sobre a “Caravana da Fraterni-dade”, ver p. 27 desta edição.

41Outubro 2009 • Reformador 399

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São Paulo (SP): Encontro de Historiadorese Pesquisadores

Ocorreu em São Paulo, nos dias 26 e 27 de setembro,o 5o Encontro Nacional da Liga de Historiadores ePesquisadores Espíritas, no Centro de Cultura, Do-cumentação e Pesquisa do Espiritismo – EduardoCarvalho Monteiro. O evento deu visibilidade aostrabalhos realizados em ambiente acadêmico quetangenciam a temática espírita e incentivou tambéma publicação e a apresentação de trabalhos ligados àrecuperação da memória do Movimento Espírita.Informações: <www.ccdpe.org.br>.

Piauí: Seminário em ParnaíbaA Federação Espírita Piauiense promoveu nos dias22 e 23 de agosto, em Parnaíba, o seminário “Cen-tro Espírita: Finalidades e Atividades”, com a atua-ção de Antonio Cesar Perri de Carvalho e CéliaMaria Rey de Carvalho, dentro do “Projeto Inte-riorização” da Secretaria-Geral do CFN da FEB. Naoportunidade foram lembrados os 60 anos do PactoÁureo e a passagem da “Caravana da Fraternida-de” por Parnaíba. Houve palestra pública sobre asCampanhas Família, Vida e Paz, realizadas pela FEB.Informações: <[email protected]>; <[email protected]>.

Brasília (DF): Marcha Nacional daCidadania pela Vida

No dia 30 de agosto, ocorreu a 3a edição da MarchaNacional da Cidadania pela Vida, em Brasília. A Mar-cha fez parte do Projeto “Cultura, Cidadania e Vi-da” que contou ainda com workshop sobre o tema“Contribuição da Arte para valorização da Vida econstrução da Paz” e shows da cantora Elba Ramalhoe do Grupo Arte Nascente. O evento, realizado pelaEstação Luz, com promoção do Movimento Nacio-nal em Defesa da Vida, Brasil Sem Aborto, teve oapoio e a participação da Federação Espírita Brasi-leira. Informações: <[email protected]>;<[email protected]>.

Minas Gerais: Congresso Médico-EspíritaA Associação Médico-Espírita de Minas Gerais reali-zou nos dias 28 a 30 de agosto, em Belo Horizonte, oIV Congresso de Saúde e Espiritualidade de MinasGerais, no salão nobre da Faculdade de Medicina daUFMG. “Saúde, Paz e Consciência – Construindo oCidadão do Séc. XXI”, foi o tema abordado com focona experiência humana sob a perspectiva da imorta-lidade, com ênfase na aliança entre ciência e espiri-tualidade. Informações: <www.amemg.com.br>.

Pernambuco: Evangelho no LarEm comemoração aos 56 anos da Escola EspíritaFrancisco de Assis, em Camaragibe, ocorreu umasérie de palestras no mês de agosto. Dentre elas, nodia 29, uma exposição por Edimilson Nogueira, daequipe da Secretaria-Geral do CFN da FEB, sobre a Campanha “O Evangelho no Lar e no Coração” e“Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”,a qual foi parte do evento que também é uma home-nagem a Adolfo Bezerra de Menezes. Informações:<www.franciscodeassis.com.br>.

Espírito Santo: Estratégia para Aprender e Ensinar

Na 9a edição do Encontro de Coordenadores e Moni-tores do ESDE, ocorrido no dia 29 de agosto, na Fe-deração Espírita do Estado do Espírito Santo, foiabordado o tema “Investigação: Estratégia para Apren-der e Ensinar”. Informações: <www.feees.org.br>.

Goiás: Evangelização InfantilCom exposição do diretor do Departamento de In-fância e Juventude da Federação Espírita do Estadode Goiás, Eduardo Vieira Mesquita, foi realizado nodia 29 de agosto, no Fórum de Anápolis (GO), oseminário “A Excelência Relacional na Evangeliza-ção Infantil”. Houve ainda um painel interativo ha-vendo perguntas e respostas com o palestrante e aequipe do Projeto Semeadores do DIJ da FEEGO.Informações: (62) 3281-0200.

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