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133 © UNHCR/Benjamin Loyseau Capítulo 7 Refugiado e psicologia: a experiência da fuga e da reintegração no estrangeiro

Refugiado e psicologia: a experiência da fuga e da ... de dois anos não se lembra das coisas que vivemos na Síria, mas a Raghad e ... que dava aulas e ser reconhecido e chamado

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Capítulo 7Refugiado e psicologia: a experiência da fuga e da reintegração no estrangeiro

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processo de reintegração5 têm implicações psicológi-cas que variam de acordo com cada pessoa. Nesse mo-mento de transição do refugiado é importante existir a possibilidade de um apoio ou assistência que consi-dere as especificidades de sua condição, sem torná-lo essencialmente vítima ou enquadrá-lo em um trans-torno mental que necessita resposta imediata.6

Introdução

Segundo o Guia de Intervenção Humanitária do Pro-grama de Ação Mundial em Saúde Mental formulado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agên-cia da Organização das Nações Unidas para Refugia-dos (ACNUR), “em emergências humanitárias, adultos, adolescentes e crianças são, frequentemente, expostos a eventos potencialmente traumáticos. Tais eventos são o gatilho para uma série de reações emocionais, cognitivas, comportamentais e somáticas”.1 O guia de-fine como potencialmente traumático “qualquer evento ameaçador ou horrível como violência física ou sexual (incluindo violência doméstica), testemunho de atroci-dade, ou maiores acidentes ou ferimentos”.2

Dentre as reações mais comuns após a vivência des-sas situações estão o estresse agudo e o luto, conside-radas “respostas psicológicas transitórias à extrema adversidade”.3 Entretanto, tais sintomas também po-dem fazer parte de ou se desenvolver em transtornos mais graves e que atingem parte da população afeta-da pelas experiências adversas, como transtorno de-pressivo moderado ou severo, transtorno de estresse pós-traumático e luto prolongado.4

Quando nos referimos aqui ao caráter involuntário

dessa categoria de migração, salientamos que o refugia-

do - contrariamente ao migrante voluntário -, além de

não ter planejado sua partida, também não planejou sua

transição entre o país de origem e o de acolhida, além de

não ter se projetado nesse novo lugar. Essa distinção não

deve ser considerada apenas como um detalhe que dis-

tingue os dois tipos de migração. Nessa distinção também

estão implícitas outras diferenças. Dentre elas, deve-se

destacar o tipo de trabalho psíquico que o processo de mi-

gração involuntária exigirá da pessoa, assim como o im-

pacto desse trabalho sobre a saúde mental do refugiado.

(BORGES, 2013, p.152)

O período da fuga, em que a pessoa foi obrigada, por

diversas razões, a deixar para trás o que lhe é conheci-do, é permeado por experiências negativas. Durante o percurso, ou na chegada ao destino, a coleta de dados e informações sobre o perfil e circunstâncias de quem sofre com a migração forçada coloca desafios à ética e à condição humana – visto a possibilidade de se susci-tar lembranças ou submeter refugiados a falarem de acontecimentos que lhes podem causar sofrimento psíquico. Jornalistas e organizações humanitárias têm, até certo grau, assumido esse desafio cuidadosamen-te, trazendo insumos e relevantes conteúdos sobre as diversas situações que causaram a fuga e múltiplas reações resultantes dela para balizar as decisões de governos e instituições, além de informar a população em geral. Pesquisadoras do Adus compilaram essas informações e, também, conduziram entrevistas com dois refugiados e cinco representantes de instituições que oferecem atendimento psicológico para analisar as razões e os impactos subjetivos no refúgio.

Nesse processo optou-se por não delimitar os sujei-tos sob impacto da fuga, embora diferenças culturais, escolaridade, sexo e idade sejam fatores que natural-mente influenciam a vivência do refúgio. Assim, os re-sultados não apresentam uma avaliação segmentada das implicações psíquicas do refúgio, mas retratam, categoricamente, o sofrimento que acomete aqueles que migram forçadamente.

Pesquisadoras do Adus realizaram, também, um levantamento de instituições que trabalham com imi-grantes e refugiados no Brasil buscando aquelas que oferecem algum tipo de auxílio psicológico – atendi-mento no local ou encaminhamento a outros serviços – para avaliar o que pode ser feito ou já está em curso para auxiliar essa população vulnerável a violações de direitos humanos em seus países de origem, e que, por vezes, encontram outras violações durante sua reintegração.

As experiências vividas anteriormente à fuga e o

1 ACNUR&OMS, 2015, p.132 Idem, p.143 Ibid., p. i [prefácio]4 Ibid., p. 15 A definição de “reintegração” utilizada aqui é a adaptação do refugiado ao país de acolhida, fase que apresenta desafios como os que serão apresentados neste

artigo, assim como a possibilidade de refazer sua vida no exterior após vivências extremamente adversas, levando o sujeito a definir seu lugar e papel na nova sociedade na qual se insere.

6 GEBRIM [entrevista], 2015

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1. As experiências da fuga e da reintegração no estrangeiro

Segundo dados do ACNUR7 uma em cada 122 pes-soas encontra-se forçada a deixar sua casa devido a conflito, perseguição ou violência. O ano de 2014 apresentou um crescimento acelerado no número de refugiados, atingindo níveis sem precedentes – 59,5 milhões de indivíduos reconhecidamente refugiados ou solicitantes de refúgio, além de deslocados inter-nos e apátridas. Ademais de eventuais danos físicos sofridos é importante considerar as consequências para a saúde mental desses indivíduos. As experiên-cias vividas por esta população podem ter impacto ne-gativo no processo de reintegração dos refugiados ao país de acolhida e influenciar sua saúde.

Mesmo enquanto ainda está fragilizado pelas expe-riências vividas no processo de fuga, o refugiado pre-cisa se integrar ao novo país. Nesse sentido, questões subjetivas inerentes ao refúgio não podem ser igno-radas. Com a mudança de um país a outro um forte sentimento de desamparo pode acometer o refugia-do.8 O estabelecimento e a manutenção de vínculos são essenciais para os refugiados, mas a construção de novos laços sociais pode ser um desafio para os so-breviventes.9

A decisão de deixar o país de origem e buscar refú-gio nem sempre é fácil e, muitas vezes, envolve situ-ações de perda, incerteza, miséria e graves violações dos direitos humanos. No entanto, a fuga também é acompanhada de esperança e sonho de construir uma vida melhor no futuro. Os depoimentos a seguir, de al-guns refugiados no Brasil, mostram acontecimentos que antecederam a decisão da fuga:

– Minha vida na Síria era muito difícil... Muito. O dia do

qual mais me lembro, que me marcou de forma terrível, foi

quando os aviões explodiram minha vizinhança. Foi perto

da minha casa. Quando me recordo, fico muito triste, mui-

to nervosa... É muito triste ver seus filhos em meio a uma

guerra. Eles tinham muito medo... Muito medo. Toda vez

7 UNHCR Global Trends, Forced Displacement in 20148 BERTA, CARIGNATO & ROSA, 2010, p.959 JOHNSON, 2005, p.1510 ANÔNIMO [entrevista], 201511 SEINCMAN [entrevista], 201512 Idem.13 J. [entrevista], 201514 Idem.15 Idem.

que ouviam uma bomba ou o barulho de um avião era de-

sesperador. Choravam e gritavam o tempo inteiro. Minha

filha de dois anos não se lembra das coisas que vivemos

na Síria, mas a Raghad e o Muazz, sim. Todos os dias eles

falam sobre a guerra e algumas vezes acordam com pe-

sadelos. Aqui no Brasil tem muitos helicópteros e, quando

eles ouvem o barulho, começam a gritar “guerra” e “bomba”.

(AL. KHATIB, entrevista, 2015)

– Em 2012, o governo começou a mandar helicópteros

bombardearem as casas da minha cidade. A gente não ti-

nha o que fazer. Só esperava a bomba cair em cima da gen-

te. Na guerra, você ouve bomba, você vê coisas que nunca

viu na vida. Vê gente morrendo na rua, sem braço, sem

mão, sem cabeça. Eu vi até ratos comendo gente morta.

(AMIN, entrevista, 2015)

As experiências acima relatadas mostram eventos extremamente adversos em que o indivíduo está em contato constante com a morte. Elas têm impacto di-reto no estado emocional das pessoas que as viven-ciaram podendo resultar em transtornos psicológicos que irão acompanhar o refugiado durante o processo de reintegração, dificultando-o.

Entretanto, é necessário esclarecer que, mesmo en-quanto experiência negativa, a fuga do país de origem não leva, necessariamente, a distúrbios mentais como depressão ou transtorno de estresse pós-traumático. Apenas parte dos refugiados pode apresentar alguma desordem mais grave que afeta sua saúde mental e, assim, sua vida cotidiana.

Atendimentos oferecidos por instituições que traba-lham com refugiados e imigrantes são muito importan-tes e essenciais durante a transição. Tais profissionais acabam se tornando referências no momento em que o indivíduo pode não dispor de fatores que contribuem para sua estabilidade emocional, como convivência fa-miliar, trabalho e contato com sua cultura de origem.

Questões imediatas e básicas relacionadas à quali-dade de vida do refugiado, muitas vezes, permeiam as conversas nos atendimentos psicológicos.10 Moradia, alimentação e emprego podem ser motivo de estresse e preocupação durante o processo de reconstrução da vida em um novo país, mas, também indicam que a demanda do refugiado vai além destas questões concretas.11

Com a chegada cada vez mais frequente de refugia-dos com ensino superior, que não conseguem uma po-sição e remuneração profissional de acordo com sua qualificação, existe essa insatisfação.12 J., refugiado de 32 anos da República Democrática do Congo, é pe-dagogo e dava aulas de contabilidade e administração

em uma escola secundária do país de origem, de onde saiu após sofrer ameaças de morte.13 Visivelmente emocionado ao falar das funções exercidas anterior-mente ao refúgio ele diz que era satisfatório andar pelos corredores da escola em que dava aulas e ser reconhecido e chamado pelos alunos de “professor”, ocupando, assim, uma posição de “autoridade”, pois as pessoas lhe respeitavam.14

Com dificuldades para validar seu diploma J. de-monstra frustração por trabalhar em empregos que não exigem ensino superior e diz que para muitos de seus colegas refugiados é extremamente difícil trabalhar como auxiliar de limpeza, por exemplo.15

“Em 2012, o governo começou a mandar helicópteros bombardearem as casas

da minha cidade. A gente não tinha o que fazer.”

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Outro refugiado entrevistado, G., de 45 anos e tam-bém da República Democrática do Congo, é formado em Direito e Criminologia.16 Atualmente, trabalha como porteiro de um hospital. Quando perguntado se gosta do que faz disse que não é questão de “gostar”, e, sim, de necessidade. Ele não tem opções de emprego pois não consegue o reconhecimento do diploma.17

Sem opção para garantir o sustento de suas famí-lias, os refugiados se submetem a trabalhos que exi-gem qualificação aquém da que possuem e, por vezes, em condições precárias. Ademais, alguns refugiados enfrentam preconceito e xenofobia no ambiente de trabalho. No entanto, desistir não é uma opção, pois seu trabalho é garantia da permanência no Brasil.18 Outro relato, de May Youssef, mostra essas mudanças nos padrões de vida dos refugiados:

– A vida antes da guerra era muito boa. Tínhamos um

apartamento grande, de 150 m² de área. Tínhamos de tudo.

Morávamos meu marido, eu e as duas crianças. Meu mari-

do era economista. [Agora] moro no Brás, em São Paulo (SP),

em um apartamento com meus familiares. São seis adultos

e seis crianças: meu sogro, minha sogra, eu, meu marido,

meu cunhado, minha cunhada e nossos filhos. Todo mun-

do mora junto, 12 pessoas. Meu marido e o irmão dele tra-

balham juntos na feira de roupas da madrugada, no Brás.

(YOUSEF, entrevista, 2015)

Esse momento pode gerar um choque entre a iden-tidade construída anteriormente e a que se estabele-ce no país de refúgio e é necessário lembrar à pessoa que sua situação é temporária e que este é o “início de um processo”.19 A aprendizagem da língua portugue-sa pode trazer dificuldades e gerar angústia, já que o conhecimento da língua é importante para que o refu-giado consiga trabalho no país.20

Além disso, na reintegração existe a dificuldade de encontrar sujeitos no país de acolhida que com-partilhem os mesmos aspectos culturais21 e o desafio da adaptação a novas referências se apresenta. Isso pode acontecer com questões simples, como o hábito alimentar do brasileiro de consumir diariamente ar-roz e feijão, que pode causar certo estranhamento,22 ou manifestar-se de forma mais complexa, como os códigos sociais. O refugiado G., que está no Brasil há oito meses, diz que tem dificuldades nessa transição, pois a forma “de se vestir, de se comportar e de viver

do brasileiro é diferente”.23 Entretanto, ao ser questio-nado sobre os pontos positivos sobre o país, ele des-taca a receptividade do brasileiro e chama a atenção para o fato de que há “mais mulheres do que homens no trabalho, nos transportes e nas instituições”.24

Na fase de imersão em uma nova cultura também é necessário considerar que o refugiado pode se de-parar com um impasse: se ele permanecer, exclusi-vamente, ligado à cultura de seu país de origem e ig-norar aquela na qual está inserido no presente, terá dificuldades em constituir laços sociais e em se orga-nizar dentro da nova sociedade na qual está inserido. Ao mesmo tempo, se ele optar por romper com sua cul-tura de origem corre-se o risco de que ele se submeta à nova cultura em busca de aceitação.25

Em entrevista ao Adus, a psicóloga Ana Gebrim des-taca que não é o encontro com o diferente que pro-move sofrimento e, sim, o ato de segregar. “Pode cair numa contraposição em que eu desvalorizo a minha cultura de origem em contraposição à adesão de uma nova cultura, mas por que isso está acontecendo? Por que aderir a novos códigos culturais significaria sub-trair o que eu tenho como referente?”26 No entanto, é relevante destacar os aspectos positivos que o en-contro de novas culturas traz e o potencial das várias ações que nascem nesse contexto. Iniciativas no setor da alimentação, ensino de idiomas e outros não ape-nas podem gerar renda aos refugiados que as desen-volvem mas, também, são formas de manter sua cul-tura e história presentes.27

A vivência anterior do refugiado e sua cultura de origem não devem ser esquecidas por ele. Para que o sujeito seja capaz de atribuir significados ao trau-ma sofrido é necessário que seus próprios elemen-tos culturais sejam levados em consideração em um eventual trabalho clínico, bem como a possibilidade de “ressignificar” sua história.28 É a partir do comparti-lhamento de suas histórias de vida e das experiências vivenciadas que o estabelecimento de novos vínculos pode acontecer no país de acolhida.29

Mesmo difícil a história de vida do refugiado pode se tornar o elemento que o motiva no presente a buscar um “novo lugar subjetivo e físico”.30 “Então, a mesma força que o trouxe do país dele pra cá, para sobrevi-ver, é a força que vai fazer ele se reerguer e continuar a história da família”.31

Contar sua história pode dar um novo sentido a ela

mas, também, pode causar sofrimento, de acordo com o contexto em que a rememoração está inserida. Dado que “a política do refúgio está pautada na necessidade de que o seu relato seja verdadeiro”32, o processo de obtenção dos documentos necessários para solicitar refúgio e continuar vivendo no país de acolhida, por exemplo, pode causar sofrimento psíquico e agravar possíveis traumas.

A subjetividade é componente do refúgio e interfere na relação que o refugiado tem com as pessoas e insti-tuições que o recebem.33 Assim, é necessário que suas vulnerabilidades específicas sejam levadas em consi-deração sem, entretanto, reforçar sua vitimização. “É preciso que os espaços de acolhimento não sejam um espaço de ‘retraumatização’, de reforçar essa necessi-dade de apresentar uma história ou de se encaixar em determinado parâmetro”.34

Nesse contexto, em que tudo é novo e novas refe-rências serão formuladas, é importante a realização de um trabalho voltado à história individual do sujeito, com intervenções que não estigmatizem o refugiado como suspeito ou vítima, mas que favoreçam a recon-tagem de sua história de vida de acordo com suas me-mórias para que, assim, seja recuperada a posição de sujeito social que possui identidade própria. É a partir da quebra dos estigmas que foram impostos ao refu-giado e o reconhecimento simbólico da sua cultura que ele pode se exprimir e recomeçar sua história em um novo lugar.35

16 G. [entrevista], 201517 Idem.18 ANÔNIMO, op. cit.19 Idem.20 Idem.21 BERTA, CARIGNATO & ROSA, 2006, p.9522 ANÔNIMO, op. cit.23 G., op. cit.24 Idem.25 MELMAN, 1992 apud BERTA et al, 2006, p.9626 GEBRIM, op. cit.27 Projetos do Adus, como o Sabores & Lembranças e a Copa do Mundo dos Refugiados, são exemplos de iniciativas dessa natureza.28 SAGLIO-YATZIMIRSKY, 2015, p.18129 Idem, p.18230 ANÔNIMO, op. cit.31 Idem.32 ALVES [entrevista], 201633 Idem.34 Ibid.35 SAGLIO-YATZIMIRSKY, op. cit.,p. 183

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2. O atendimento psicológico

A necessidade de atendimento psicológico a re-fugiados é tema de pesquisas no meio acadêmico e chegou a ser mencionada nas propostas do relatório final36 da Conferência Nacional sobre Migrações e Re-fúgio, em 2014, cujas deliberações são resultado de processo de consulta social e devem ser consideradas pelos formuladores de políticas públicas. Além disso, a dificuldade do refugiado para ter acesso a serviços psicológicos nas instituições públicas de saúde tam-bém foi enfatizada em mesa-redonda realizada na-quele ano pelo ACNUR.37

Deve-se ressaltar que, enquanto há queixas por par-te dos refugiados sobre o atendimento disponibilizado na área de saúde, também existe o reconhecimento38

de que os próprios brasileiros enfrentam dificulda-des dessa ordem. A portaria nº 3.088 do Ministério da Saúde, publicada em 2011, institui a Rede de Atenção Psicossocial, pautada pelo respeito aos direitos huma-nos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas e, cuja finalidade, entre outras, é a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pes-soas com sofrimento ou transtorno mental no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre seus diversos objetivos específicos está a promoção de cuidados em saúde a grupos vulneráveis e a formação permanente aos profissionais de saúde. Entretanto, sabe-se que a distribuição de serviços nessa rede ainda é incipiente.

No contexto desta pesquisa observou-se a insufici-ência de dados em relação ao atendimento de saúde a refugiados nos órgãos públicos. Além disso, expres-siva parte das iniciativas de atendimento psicológico específicos para lidar com refugiados são ofertadas por organizações da sociedade civil. As instituições consultadas pelo Adus têm à sua disposição equipes multiprofissionais que oferecem auxílio a refugiados como assistentes sociais, advogados, psicólogos e edu-cadores. Da lista das seis instituições consultadas ape-nas uma delas é entidade do poder público.

Exemplo disso são os atendimentos do Grupo Vere-das39, que trabalha na Casa do Migrante em São Pau-lo, tendo especial atenção à peculiaridade de realizar o atendimento no local de moradia das pessoas.40 As intervenções começam com conversas que podem se tornar encontros regulares, dependendo da necessi-dade e vontade do refugiado ou imigrante.

Dessa forma, “cada atendimento vai se construindo de uma forma singular”41 e, quando ocorre a construção do apoio psicológico individual ao refugiado, por vezes é necessário que os profissionais expliquem como será a relação que irá se estabelecer42, os limites do vínculo com o psicólogo e como este trabalho se diferencia da ação de um assistente social, por exemplo.43

A possível falta de conhecimento do refugiado44 so-bre a função e natureza do trabalho psicológico, nos moldes como o conhecemos no Brasil, também pode ser impeditivo para a realização do tratamento. Entre-tanto, é preciso ressaltar que a perspectiva subjetiva do refúgio deve ser fator de atenção, não apenas para o refugiado que busca o atendimento, mas para “todas as pessoas que trabalham, se incluem ou afetam a construção dessa agenda política.”45

Apesar das limitações é extremamente necessário que dentro dos serviços já existentes apresente-se a possibilidade de acolher refugiados com qualidade, considerando as vulnerabilidades específicas dessa população sob o risco de eles sentirem incompreensão ou insatisfação diante do possível tratamento ofereci-do.46 Não é incomum que o refugiado migre sozinho, assim, sua rede de apoio (amigos ou familiares) é mui-to pequena, o que torna o atendimento mais comple-xo.47 Existe, inclusive, a dificuldade de se acompanhar a presença em consultas ou a administração correta de medicamentos, quando é o caso.48

É necessário, também, ressaltar que o conceito e sig-nificado do que é um atendimento psicológico é formu-lado culturalmente.49 Assim, em diferentes contextos

culturais, as pessoas podem recorrer a outras referên-cias para buscar equilíbrio ou conforto psíquico.

Outros pacientes nunca chegam à clínica pois não sen-

tiram a necessidade de uma escuta terapêutica; outros

conseguiram essa escuta em grupos sociais e religiosos;

outros passam pelo processo migratório sem dificuldades

importantes. As condições da migração, os acontecimentos

e encontros nos momentos iniciais da migração, as predis-

posições psicológicas individuais variam muito e determi-

nam como se dará a integração. (BORGES, op. cit., p. 160)

Portanto, é clara a singularidade de cada história de refúgio e, com isso, a importância de uma avaliação so-bre a necessidade do refugiado receber atendimento psicológico. Além disso, é preciso oferecer um acom-panhamento que empodere o refugiado, tirando-o da condição de vítima ou de suspeito. Isso não significa que violência sofrida será negada, mas mostrar-lhe que há alternativas de superação e que cada um deles é responsável por encontrar novos caminhos no país de acolhida.50 A falta desse trabalho subjetivo pode prejudicar a adaptação no novo país, porque a pessoa

está sujeita a lidar sozinha com questões difíceis em um contexto complexo.51

Até aqui diversos fatores que podem impactar a saú-de mental do refugiado foram mencionados como as experiências adversas, inserção profissional, diferen-ças culturais e processo de elegibilidade. É importante reconhecer que cada indivíduo vivencia experiências de forma única e as respostas às suas reações não podem ser aplicadas de forma padronizada, porque isso pode prejudicar o auxílio correto e necessário em cada situação.

É possível que as pessoas que vivenciaram os desa-fios de sobreviver ao refúgio e que estão em processo de adaptação apresentem sintomas como insônia e ansiedade em relação às incertezas da vida no novo país52 tais sintomas pode ser transitórios, mas têm a capacidade de dificultar a inserção profissional e so-cial do refugiado, tornando o processo de reintegra-ção ainda mais doloroso.

Em casos mais graves pode ocorrer o desenvolvi-mento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) relacionado às experiências extremas que foram vivenciadas. O TEPT, segundo a CID 10 (Clas-

36 MINISTÉRIO DA JUSTIÇA/COMIGRAR, 2014, p. 35 e 3637 ACNUR &PDES, 2015, p.2738 Idem, p.2539 Vinculado à Universidade de São Paulo e à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo40 GEBRIM & SEINCMAN [entrevista], 201541 SEINCMAN, op. cit.42 GEBRIM, op. cit.43 Idem..44 JOHNSON, op. cit., p.1045 ALVES, op. cit.46 BORGES, op. cit., p.15547 ALVES, op. cit.48 SILVA, [Informação verbal], 201549 SEINCMAN, op. cit.50 GEBRIM & SEINCMAN, op. cit.51 ARAÚJO [entrevista], 201652 ANÔNIMO, op. cit.

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sificação Internacional de Doenças), é um distúrbio provocado por exposição do indivíduo a situações traumáticas, em geral envolvendo violência, e é carac-terizado por sintomas físicos, psíquicos e emocionais. Entre os sintomas do TEPT estão: reexperiência trau-mática, em que o indivíduo revive o trauma por meio de flashbacks e pesadelos, isolamento social, taqui-cardia, insônia, dificuldade de concentração e irrita-bilidade. O processo de reintegração, que por si só já é complicado e demanda grande esforço do refugiado, é ainda mais difícil quando acompanhado do TEPT.

É preciso cuidado ao encaixar os sintomas e reações derivados das experiências do refúgio em denomi-nações fixas. O sofrimento vivenciado tem desdobra-mentos distintos de acordo com a pessoa afetada53,

Adus – Instituto de Reintegração do RefugiadoLocal de atividades: São Paulo (SP)Descrição: Oferece aulas de português, tem o progra-ma “Orientação de trajeto”, que atua com facilitadores sociais para auxiliar a integração e fornecer infor-mações a refugiados, além de outros projetos. Está em construção uma equipe de psicólogos voluntários para oferecer auxílio pontual e regular.

Cáritas Arquidiocesana de São PauloLocal de atividades: São Paulo (SP)Descrição: Organização não-governamental da Igreja Católica, atua em São Paulo atendendo refugiados em parceria com o ACNUR e o Ministério da Justiça. Ofe-rece assistência jurídica, social e psicológica.

Casa de Passagem Terra NovaLocal de atividades: São Paulo (SP)Descrição: Órgão do governo do Estado, onde refu-giados podem morar durante um período de três a seis meses, com acesso a alimentação e aulas de português. A equipe é composta por profissionais de psicologia, direito e assistência social. Os psicólogos acompanham a evolução da situação dos refugiados e avaliam a necessidade de encaminhamento a trata-mento individual, que pode ocorrer na Cáritas de São Paulo e no Instituto de Psiquiatria da USP.

Grupo de Assessoria a Imigrantes e a Refugiados (GAIRE)Local de atividades: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rio Grande do Sul (RS)Descrição: Vinculado ao Serviço de Assistência Jurídica da universidade realiza atividades de assessoria jurí-dica e advocacy. O atendimento individual psicotera-

pêutico não é realizado no Gaire. Entretanto, possuem equipe multiprofissional, com assistentes sociais e psi-cólogos, que avaliam as necessidades e possibilidades dos assessorados para dar encaminhamento a serviços do SUS ou de profissionais voluntários.

Grupo VeredasLocal de atividades: Casa do Migrante, São Paulo (SP)Descrição: Vinculado à Universidade de São Paulo (USP) e à Pontifícia Universidade Católica de São Pau-lo tem psicólogos formados, estudantes de psicologia e supervisores. Realiza intervenções duas vezes por se-mana na Casa do Migrante. É o primeiro contato clínico com imigrantes e refugiados para muitos estudantes.

Mais no MundoLocal de atividades: Colombo (PR)Descrição: O acolhimento envolve equipe multipro-fissional e são oferecidos atendimentos psicossociais individuais ou em grupo, além de atividades para pro-mover a integração e adaptação, como passeios, aulas de cultura e português.

sendo que não apenas os sintomas merecem atenção mas, também, suas causas. Assim, deve-se evitar a “resposta angustiada à angústia do outro”54: “A de-manda imediata mais clara que eu ouço, de quem vi-veu experiências muito violentas, muito extremas, é de dizer: como é que eu apago essa experiência?”.55

O apoio psicológico deve estar disponível nesse mo-mento de transição para impedir que o refugiado se torne vítima novamente ao vivenciar as dificuldades do processo de reintegração. Para que isso seja con-cretizado fortalecer a rede de atendimento disponível é necessário. Aproximar estudantes de psicologia em ações voltadas a refugiados56 sob supervisão de pro-fissionais, como opera o Grupo Veredas, também é um caminho para ampliar a oferta de serviços do tipo.

2.1 Oferta do serviço por instituições brasileiras

53 GEBRIM, op. cit.54 Idem.55 Idem56 ALVES, op. cit.

O levantamento buscou instituições que lidam com refugiados nos estados brasileiros e a lista abaixo foi formulada com aquelas que forneceram informações sobre suas atividades na área da psicologia.

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O refúgio pode causar sofrimento psíquico e levar a transtornos mentais. Entretanto, ainda que mais vul-neráveis e sujeitos devido às circunstâncias, não se pode afirmar que todos os refugiados irão vivenciar algum tipo de transtorno mental. Uma situação se tor-na traumática de acordo com a subjetividade da pessoa que a vivenciou. E, quanto às pessoas que desenvolvem transtornos psíquicos, não é possível descrever o im-pacto que seu sofrimento terá na sua convivência in-terna e social, dada a singularidade das reações.

Ao receber refugiados é fundamental adotar práti-cas que permitam uma integração saudável e comple-ta dessa população, garantindo, assim, seus direitos à saúde mental e física.57 Necessidades básicas como alimentação e moradia se impõem a todos os refugia-dos quando chegam ao país de acolhida. Entretanto, questões de ordem subjetiva, como a angústia gerada pela incerteza que traz a vida no novo país e as vivên-cias anteriores devem ser consideradas ao se desen-volverem serviços voltados a refugiados. A necessi-dade de acompanhamento mais próximo por parte de uma equipe de psicólogos se expressa de diversas formas, como episódios de insônia58, por exemplo.

O importante no atendimento voltado a esse público é disponibilizar um espaço de acolhimento, onde as pes-soas se sintam à vontade para falar sobre suas angús-tias. É necessário, também, se aprofundar nas questões subjetivas apresentadas pelos refugiados, para que seja construído um caminho que leve à elaboração de questões internas que possam causar sofrimento. Sain-do do que pode ser apenas um atendimento assistencial e pontual pode-se chegar ao empoderamento do indiví-duo. Isso significa que ele ainda será capaz de elaborar seus sentimentos e lidar com as possíveis experiências traumáticas e negativas, reconstruindo seu cotidiano sem precisar esquecer sua própria história, que será ressignificada constantemente.

A psicoterapia favorece o surgimento da palavra e

da escuta proporcionando ao refugiado que ocupe o lugar de sujeito de sua própria história, não apenas de vítima. O reconhecimento de sua responsabilida-de pelo seu próprio caminho no país de acolhida pode facilitar sua reintegração, pois desenvolverá seus recursos internos. Assim, o refugiado estará fortale-cido psicologicamente para vivenciar os desafios que se apresentam como busca por trabalho, moradia e adaptação a uma nova cultura.

Intervenções grupais podem ser uma alternativa, pois reativariam os sentimentos de coletividade no sujeito, o que possibilitaria o acolhimento de seus so-frimentos.59 Também poderão se revelar eficientes oficinas de desenhos, música ou de materiais produzi-dos pelos próprios refugiados. O objetivo dessas ativi-dades não é o de promover aprimoramentos técnicos, diversão ou distração, mas o resgate de suas capacida-des internas, além de dar lugar à palavra do outro, que é o verdadeiro conhecedor de si mesmo.60

É importante ressaltar a relevância do trabalho de equipes multiprofissionais em instituições de apoio a refugiados, com a presença de psicólogos. Mesmo que não se faça um trabalho clínico individual rela-

tos61 demonstram melhora no comportamento dos re-fugiados que apresentavam algum tipo de problema quando eles têm acompanhamento mais frequente. As demandas do refugiado são diversas e, portanto, é essencial a oferta de atendimento multidisciplinar.

Parte expressiva do trabalho de acolhimento e inte-gração de refugiados no Brasil é feita por instituições da sociedade civil que os auxiliam na obtenção de do-cumentos e na busca por moradia, por exemplo.

Entretanto, são necessários a ampliação dessa rede de apoio e o reconhecimento das autoridades de que o aspecto subjetivo do refúgio tem importância e im-pacto na qualidade de vida dessas pessoas acolhidas no país, garantindo-lhes menos obstáculos e mais um passo para a reintegração plena. Honrar este compro-misso de atenção e investimento é zelar por um acesso universal à saúde, que considera as especificidades e vulnerabilidades das diferentes populações no Brasil. O Ministério da Saúde, órgão cuja representação está garantida na constituição da estrutura e funciona-mento do Comitê Nacional para os Refugiados, deveria levar em conta essas preocupações com a garantia ao direito à saúde62 em sua ativa participação no comitê.

3. Conclusão

57 BORGES, op. cit., p.16158 ANÔNIMO, op. cit.59 SAGLIO-YATZIMIRSK,op. cit., p.18260 BERTA et al, 2006, p.9661 De acordo com as entrevistas realizadas com os profissionais de saúde

mental.62 De acordo com o artigo 25° da Declaração Universal dos Direitos Humanos,

adotada e proclamada pela Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948: “Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.” Ainda, a Declaração sobre os Direitos Humanos dos indivíduos que não são nacionais do país em que vivem, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas Resolu-ção 40/144 em 13 de dezembro de 1985, determina que a proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais previstas nos instru-mentos internacionais também deve ser assegurada para os indivíduos que não são nacionais do país em que vivem e, especificamente em seu artigo 8º, que “os estrangeiros que residam legalmente no território de um Estado gozarão também, conforme as leis nacionais, do direito a proteção da saúde, atenção médica, seguridade social, serviços sociais , educação, descanso e lazer, com a condição de que preencham os requisitos de parti-cipação previstos nas regulamentações pertinentes e que tal não seja uma carga indevida sobre os recursos do Estado.”

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