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Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no Censo 2010 Jan Bitoun 1 Lívia Miranda 2 Maria Angela de Almeida Souza 3 Maria Rejane Souza de Britto Lyra 4 Resumo Identificar as tendências da distribuição e composição demográficas, do Estado de Pernambuco e de suas regiões, em especial, da Região Metropolitana do Recife, a partir dos resultados do Censo Demográfico de 2010, é o objetivo deste texto. O trabalho integra um conjunto de estudos do Observatório das Metrópoles que visam identificar o perfil das Regiões Metropolitanas brasileiras, comparativamente ao ano de 2000, e sua inserção estadual. Os dados foram analisados sob dois enfoques: um temporal, no qual a composição demográfica metropolitana é apresentada em uma perspectiva comparativa, enfatizando suas transformações mais estruturais; e, outro espacial que privilegia observar o peso da RM Recife no Estado de Pernambuco e as alterações ocorridas entre o pólo e a periferia metropolitana, considerando os níveis de integração dos municípios com o núcleo metropolitano. Esse conjunto de dados confirmou uma marcante característica dos processos demográficos em Pernambuco: as mudanças na geografia econômica pelas quais o Estado vem passando, não impulsionaram significativas mudanças na sua estrutura social, que na escala estadual ainda estão submetidas à permanência de um rural pouco dinâmico. As reflexões aqui iniciadas deverão ser complementadas posteriormente, a partir dos dados amostrais do Censo Demográfico de 2010. Considerações Iniciais O Brasil, de acordo com os resultados do Censo Demográfico de 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE apresenta uma população de 190.755.799 habitantes. A Região Nordeste concentra 28% desse contingente populacional, mantendo-se como a 2ª região mais populosa do Brasil, nas duas últimas décadas. O Estado de Pernambuco situa-se na 7 o posição entre os estados mais populosos, em 2000 e 2010, embora sua participação venha decrescendo no contexto da população brasileira, ao longo do século, passando na última década de 4,7% para 4,6%. A Região Metropolitana do Recife (RM Recife) é a 5ª região mais populosa entre as RM brasileiras, 1 Geógrafo, Dr. em Geografia e Professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco e Pesquisador fundador do Observatório Pernambuco de Políticas Públicas e Práticas Socioambientais. 2 Arquiteta e Urbanista, D ra em Desenvolvimento Urbano, Professora no Curso de Arquitetura e Urbanismo e Colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Campina Grande e Pesquisadora fundadora do Observatório Pernambuco. 3 Arquiteta e Urbanista, D ra em História, Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco e Coordenadora do Observatório Pernambuco. 4 Estatística, D ra em Demografia, Pesquisadora Colaboradora do Observatório Pernambuco.

Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

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Page 1: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

Região Metropolitana do Recife no Contexto de

Pernambuco no Censo 2010 Jan Bitoun1

Lívia Miranda2 Maria Angela de Almeida Souza3

Maria Rejane Souza de Britto Lyra4

Resumo

Identificar as tendências da distribuição e composição demográficas, do Estado de Pernambuco e de

suas regiões, em especial, da Região Metropolitana do Recife, a partir dos resultados do Censo

Demográfico de 2010, é o objetivo deste texto. O trabalho integra um conjunto de estudos do

Observatório das Metrópoles que visam identificar o perfil das Regiões Metropolitanas brasileiras,

comparativamente ao ano de 2000, e sua inserção estadual. Os dados foram analisados sob dois

enfoques: um temporal, no qual a composição demográfica metropolitana é apresentada em uma

perspectiva comparativa, enfatizando suas transformações mais estruturais; e, outro espacial que

privilegia observar o peso da RM Recife no Estado de Pernambuco e as alterações ocorridas entre o

pólo e a periferia metropolitana, considerando os níveis de integração dos municípios com o núcleo

metropolitano. Esse conjunto de dados confirmou uma marcante característica dos processos

demográficos em Pernambuco: as mudanças na geografia econômica pelas quais o Estado vem

passando, não impulsionaram significativas mudanças na sua estrutura social, que na escala

estadual ainda estão submetidas à permanência de um rural pouco dinâmico. As reflexões aqui

iniciadas deverão ser complementadas posteriormente, a partir dos dados amostrais do Censo

Demográfico de 2010.

Considerações Iniciais

O Brasil, de acordo com os resultados do Censo Demográfico de 2010, divulgados pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE apresenta uma população de 190.755.799 habitantes. A

Região Nordeste concentra 28% desse contingente populacional, mantendo-se como a 2ª região mais

populosa do Brasil, nas duas últimas décadas. O Estado de Pernambuco situa-se na 7o posição entre

os estados mais populosos, em 2000 e 2010, embora sua participação venha decrescendo no

contexto da população brasileira, ao longo do século, passando na última década de 4,7% para 4,6%.

A Região Metropolitana do Recife (RM Recife) é a 5ª região mais populosa entre as RM brasileiras,

1 Geógrafo, Dr. em Geografia e Professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de

Pernambuco e Pesquisador fundador do Observatório Pernambuco de Políticas Públicas e Práticas Socioambientais. 2 Arquiteta e Urbanista, D

ra em Desenvolvimento Urbano, Professora no Curso de Arquitetura e Urbanismo e Colaboradora no

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Campina Grande e Pesquisadora fundadora do Observatório Pernambuco. 3 Arquiteta e Urbanista, D

ra em História, Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo e do Programa de Pós-Graduação em

Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco e Coordenadora do Observatório Pernambuco. 4 Estatística, D

ra em Demografia, Pesquisadora Colaboradora do Observatório Pernambuco.

Page 2: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

concentra 3.690.485 habitantes que residem em 1.247.497 domicílios. 42,6% da população

metropolitana está domiciliada na capital Recife, o pólo da metrópole.

Com o objetivo de identificar tendências demográficas, especificamente mudanças na distribuição e

na composição da população entre os anos de 2000 e 2010, este texto destaca a relação da RM

Recife no contexto do Estado de Pernambuco, buscando identificar se as mudanças demográficas

ocorridas naquela região acompanham ou se diferenciam das mudanças ocorridas no conjunto do

Estado e de suas outras regiões e, mais especificamente, se a população das RMR continua

aumentando em detrimento de alguma região em especial.

A análise em tela foi elaborada pela equipe do Observatório Pernambuco de Políticas Públicas e

Práticas Socioambientais, o qual está vinculado à rede nacional Observatório das Metrópoles -

coordenado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (IPPUR/UFRJ). A sua estrutura está baseada nas informações censitárias do IBGE e segue o

alinhamento das pesquisas desenvolvidas no âmbito dessa rede. O texto foi estruturado em três

itens, além destas considerações iniciais e das considerações finais. No primeiro item é estabelecida

uma breve discussão sobre a divisão do território em regiões e as regionalizações disponíveis para o

estado, a composição atual e alterações na composição da RM nas últimas décadas. O segundo

item trata do crescimento e distribuição geral da população no conjunto do Estado e nas suas

mesorregiões, detalhando os municípios da Região Metropolitana do Recife classificados segundo o

seu nível de integração com o pólo metropolitano. O terceiro item apresenta mudanças na

composição da população entre 2000 e 2010, que se expressa por meio da estrutura etária por sexo

e idade, do índice de envelhecimento e da idade média da população do Estado, de suas

mesorregiões, em especial da região

Metropolitana do Recife com seus

municípios.

1. Divisão Territorial do Estado

de Pernambuco e da Região

Metropolitana do Recife

Pernambuco está localizado na costa do

nordeste brasileiro (Figura 1), tem uma

área de 98.311,62 km2 onde reside uma

população de 8.796.448 habitantes em

2.993.825 domicílios distribuídos em 184

municípios e um Distrito Estadual. Desse

total 2.390.427 estão situados em área

urbana e 603.398 são domicílios rurais

(IBGE, 2010). Como outros estados

Figura 1-. Pernambuco Localização Geográfica.

Fonte: IBGE 2010. Elaboração Observatório das Metrópoles PE

1000 0 1000 Kilometers

N

BRASIL

PERNAMBUCO

Km Km

Page 3: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

nordestinos, Pernambuco se encontra em um momento favorável da sua economia. Atravessa um

ciclo expansivo de investimentos e de ampliação das oportunidades de emprego formal. As

transformações socioespaciais recentes no Estado estão sendo estimuladas por grandes projetos

econômicos orquestrados a partir das agendas do governo. Entre eles se destacam: refinaria Abreu e

Lima, estaleiro, montadora, siderúrgica, Cidade da Copa, Pólo farmacoquímico, fábrica de veículos

Fiat, transposição do rio São Francisco, transnordestina, perímetro irrigado do São Francisco etc.

Esses projetos têm impulsionado a dinâmica local e atraindo população para as regiões nas quais

estão instalados.

1.1. Diversidade de Fisiografias e Processos nas Mesorregiões de Pernambuco

Por suas características fisiográficas, Pernambuco possui três Mesorregiões (Mata, Agreste e

Sertão) como mostra a Figuras 2. As três Regiões Fisiográficas do Estado estão divididas, para fins

de planejamento, em 12 Regiões de Desenvolvimento (RD).5 Tal regionalização esta descrita na

Figura 2 e no Quadro 1.

Quadro 1 – Pernambuco: população residente por Regiões de Desenvolvimento (IBGE 2010)

5 O governo estadual promoveu em 2003 uma adequação da regionalização existente (19 Microrregiões) . Definiu

Figura 1 - Pernambuco e suas mesorregiões de desenvolvimento, Segundo as Regiões Fisiográficas.

Fonte: Agência Condepe/Fidem

Sertão Agreste Mata Litoral

RD S.

Moxotó

Fonte: Agência Condepe/Fidem

Page 4: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

MR RD Municípios Pop (hab)

2010

TGC

(% a.a)

ZO

NA

DA

MA

TA

METROPOLITANA

Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de S. Agostinho,

Camaragibe, Fernando de Noronha, Igarassu, Ipojuca,

Itamaracá, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes,

Moreno, Olinda, Paulista, Recife, São Lourenço da Mata.

3.693,177 1,0

Norte

Alianca, Buenos Aires, Camutanga, Carpina, Cha de

Alegria, Condado, Ferreiros, Gloria do Goitá, Goiana,

Itambe, Itaquitinga, Lagoa do Carro, Lagoa do Itaenga,

Macaparana, Nazaré da Mata, Paudalho, Timbauba,

Tracunhaem, Vicência.

577.191 0,6

Sul

Água Preta, Amaraji, Barreiros, Belem de Maria, Catende,

Cha Grande, Cortes, Escada, Gameleira, Jaqueira,

Joaquim Nabuco, Maraial, Palmares, Pombos, Primavera,

Quipapá, Ribeirão, Rio Formoso, São Benedito do Sul,

São Jose da Coroa Grande, Sirinhaem, Tamandare,

Vitoria de Santo Antão, Xexeu.

733.447 1,0

AG

RE

ST

E

Agreste Central

Agrestina, Alagoinha, Altinho, Barra de Guabiraba, Belo

Jardim, Bezerros, Bonito, Brejo da Madre de Deus,

Cachoeirinha, Camocim de São Felix, Caruaru, Cupira,

Gravata, Ibirajuba, Jatauba, Lagoa dos Gatos, Panelas,

Pesqueira, Poção, Riacho das Almas, Sairé, Sanharó,

São Bento do Una, São Caetano, São Joaquim do Monte,

Tacaimbó.

1.048.968 1,2

Agreste Meridional

Águas Belas, Angelim, Bom Conselho, Brejão, Buique,

Caetés, Calcado, Canhotinho, Capoeiras, Correntes,

Garanhuns, Iati, Itaiba, Jucati, Jupi, Jurema, Lagoa do

Ouro, Lajedo, Palmeirina, Paranatama, Pedra, Saloa, São

João, Terezinha, Tupanatinga, Venturosa.

641.727 0,8

Agreste

Setentrional

Bom Jardim, Casinhas, Cumaru, Feira Nova, Frei

Miguelinho, João Alfredo, Limoeiro, Machados, Orobo,

Passira, Salgadinho, Santa Cruz do Capibaribe, Santa

Maria do Cambuca, São Vicente Ferrer, Surubim,

Taquaritinga do Norte, Toritama, Vertente do Lerio,

Vertentes.

463.771 1,3

SE

RT

ÃO

Sertão Araripe Araripina, Bodoco, Exu, Granito, Ipubi, Moreilandia,

Ouricuri, Santa Cruz, Santa Filomena, Trindade. 307.642 1,0

Sertão Central Cedro, Mirandiba, Parnamirim, Salgueiro, São José do

Belmonte, Serrita, Terra Nova, Verdejante. 171.307 0.7

Sertão Itaparica Belem de São Francisco, Carnaubeira da Penha,

Floresta, Itacuruba, Jatoba, Petrolândia, Tacaratu. 134.212 1,4

Sertão Moxotó Arcoverde, Betania, Custodia, Ibimirim, Inaja, Manari,

Sertânia 212.556 1.4

Sertão Pajeú

Afogados da Ingazeira, Brejinho, Calumbi, Carnauba,

Flores, Iguaraci, Ingazeira, Itapetim, Quixaba, Santa Cruz

Da Baixa Verde, Santa Terezinha, São Jose do Egito,

Serra Talhada, Solidao, Tabira, Triunfo, Tuparetama.

314.603 0,6

Sertão do São

Francisco

Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande,Orocó,

Petrolina, Santa Maria da Boa Vista 434.713 2,4

PERNAMBUCO 8.796.448 1,1

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010. Elaboração Observatório das Metrópoles PE

A RD Metropolitana é a mais populosa. Essa região, além da Região Metropolitana do Recife (RM

Recife), inclui o Território Estadual de Fernando de Noronha. A RD Sertão do São Francisco contém

parte da Região Integrada de Desenvolvimento (RIDE) Petrolina - Juazeiro. A RIDE Petrolina -

Juazeiro foi institucionalizada pela Lei Complementar no 113/01 e regulamentada pelo Decreto n

o

4366/02. É interestadual é abrange quatro municípios de Pernambuco (Petrolina, Lagoa Grande,

Page 5: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

Santa Maria da Boa Vista e Orocó) e quatro municípios baianos (Juazeiro, Casa Nova, Sobradinho e

Curaçá). Em Pernambuco a RIDE reúne 400.332 habitantes (IBGE, 2010).

Como veremos mais detalhadamente a seguir, as novas informações censitárias revelam fortes

contrastes no interior do Estado. Alguns investimentos econômicos e arranjos produtivos locais

impulsionam o crescimento populacional, em patamares superiores às médias mesorregionais,

enquanto outras áreas permanecem estagnadas e dependentes de um rural muito pouco produtivo.

Entre as áreas mais dinâmicas se destacam: a região do Perímetro Irrigado do Sertão do São

Francisco, que teve forte crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que alcançou uma taxa média

de crescimento anual de 7,2% a.a, entre 2000 e 2008; a região do Sertão Central impactada pelas

obras da Transposição do rio São Francisco e da ferrovia Transnordestina; as regiões do Agreste

Central e Setentrional beneficiadas pelo pólo industrial de confecções. Esses dados configuram uma

leve tendência a descentralização do desenvolvimento para o interior do Estado. No entanto, essa

dinâmica não chega a desconfigurar a forte centralidade que é ainda é exercida pela Região

Metropolitana do Recife.

1.2 Polarização da Região Metropolitana do Recife e de seu município sede

A RM Recife foi institucionalizada pela Lei Federal no 14 de 1973, é formada por 14 municípios: Abreu

e Lima, Araçoiaba, Camaragibe, Cabo de Santo Agostinho, Goiana, Igarassu, Ilha de Itamaracá,

Ipojuca, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista, Recife, São Lourenço da

Mata. Concentra 42% da população em 2,81% do território estadual (IBGE, 2010). Concentra também

a maior parte do PIB estadual (65,1%) e, as mais expressivas dinâmicas urbanas. Desse total,

3.589.674 habitantes são residentes da zona urbana (51 % da população urbana em PE) e 101.383

habitantes moram na zona rural (5,81 % da população rural do Estado). Com 218km2, a capital Recife

representa 7,2% da área metropolitana e concentra 41,6 % dos habitantes dessa região. (Figura 3)

A RM Recife exibe um padrão de ocupação espacial caracterizado, ora por uma malha contínua que

ultrapassa limites político-administrativos municipais, ora por incorporar núcleos urbanos isolados que

apresentam pouca integração à sua dinâmica de fluxos, funções e relações socioeconômicas. Nas

últimas décadas, a participação relativa da população do Recife na RM é decrescente. Sofreu uma

redução de 44 % (1991) para 42,6% (2000) e para 41,64% (2010). Por sua vez, a população do seu

entorno cresceu 237.412 habitantes (IBGE, 2010). Os municípios de Jaboatão dos Guararapes

(644.620 hab), Olinda (377.779 hab.) e Paulista (300.466 hab) são núcleos urbanos conurbados com

o Recife (município-polo). Esses apresentam um nível muito alto de integração.6 Os demais

municípios metropolitanos se caracterizam por diferenciados processos de integração que variam do

alto ao médio. Destacam-se do conjunto, os municípios de Abreu e Lima (94.429 hab.), Camaragibe

6 O nível de integração a que se refere o parágrafo foi sugerido pelo estudo do Observatório das Metrópoles (2005a) - Análise

das Regiões Metropolitanas do Brasil: Identificação dos Espaços Metropolitanos e Construção de Tipologias. Essa pesquisa propôs uma metodologia para delimitar a extensão das aglomerações metropolitanas brasileiras a partir do grau de integração

ao polo metropolitano. A partir de indicadores sintéticos (evolução demográfica, fluxos de deslocamentos pendulares, densidade e características ocupacionais). O estudo estabeleceu cinco níveis de integração: muito alto, alto, médio, baixo e muito baixo.

Page 6: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

Figura 3 - Institucionalização dos municípios na Região Metropolitana do Recife

Fonte: Fonte: Observatório das Metrópoles – IPPUR-PPGEO-MDU-FASE

Km

CAMARAGIBE

IPOJUCA

MORENO

PAULISTA

ARAÇOIABA

IGARASSU

RECIFE

OLINDA

SÃO LOURENÇO

DA MATA

ABREU E LIMA

CABO DE SANTOAGOSTINHO

JABOATÃO DOSGUARARAPES

ITAPISSUMA

ILHA

DE

ITAMARACÁ

10 0 10 Kilometers

N

LEGENDALEGENDA

RM RECIFE: INSTITUCIONALIZAÇÃOLei Federal n.º14 de 8 de junho de 1973Municipios emancipados em 1982Municipios emancipados em 1995Lei Estadual Complementar n.º10 de 1994

MUNICIPIOS (Base IBGE, 2000) Km

OC

EA

NO

ATLÂ

NT

ICO

(144.460 hab.) e Cabo de Santo Agostinho (185.025 hab.) por apresentarem um alto nível de

integração com o Recife. Como se verá a seguir, os movimentos populacionais nesse conjunto de

municípios tendem a se intensificar em função dos novos empreendimentos promovidos para a

Região (Figura 4).

Entre as mesorregiões do Estado é a RD

Metropolitana que vem recebendo a maior

concentração de empreendimentos econômicos. Tais empreendimentos impactam significativamente

na sua dinâmica e organização espacial, mas como já mencionado anteriormente, com mudanças

menos significativas na estrutura social, como veremos a seguir. Na porção noroeste e mais

recentemente no litoral sul, novas estruturas urbanísticas têm sido incorporadas pelo mercado

imobiliário de elevado padrão econômico, por meio da implantação de condomínios fechados, bem

dotados, de infraestrutura, condições de acessibilidade. Ainda na região sul, entre os municípios de

Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, a implantação do Complexo Industrial e Portuário de Suape, com

seus empreendimentos correlacionados, vem atraindo investimentos, inclusive imobiliários, para a

Figura 4 - Nível de integração com o pólo metropolitano dos

municípios na Região Metropolitana do Recife

Fonte: Observatório das Metrópoles – IPPUR-PPGEO-MDU-FASE

Km

CAMARAGIBE

IPOJUCA

MORENO

PAULISTA

ARAÇOIABA

IGARASSU

RECIFE

OLINDA

SÃO LOURENÇO

DA MATA

ABREU E LIMA

CABO DE SANTOAGOSTINHO

JABOATÃO DOSGUARARAPES

ITAPISSUMA

ILHA

DE

ITAMARACÁ

10 0 10 Kilometers

N

LEGENDALEGENDA

NÍVEL DE INTEGRAÇÃOPOLOMUITO ALTAMEDIAALTA

MUNICIPIOS (Base IBGE, 2000)

Km

OC

EA

NO

ATLÂ

NT

ICO

Page 7: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

Figura 2 – Região Metropolitana do Recife e Colar

Metropolitano

Fonte: Fonte: Observatório das Metrópoles – IPPUR-PPGEO-MDU-FASE

10 0 10 20 Kilometers

LEGENDA

N

RM RECIFE E COLAR METROPOLITANORD MATA NORTE

RD MATA SULREGIÃO METROPOLITANA

GOIANA

ITAQUITINGA

CHÃ DE ALEGRIA

PAUDALHO

TRACUNHAÉM

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

SIRINHAÉN

ESCADA

RIBEIRÃO

IPOJUCA

CABO DE SANTO AGOSTINHO

MORENOJABOATÃO DOS GUARARAPES

RECIFE

OLINDA

PAULISTA

IGARASSÚ

ILHA DEITAMARACÁ

ARAÇOIABA

ITAPISSUMA

ABREU E LIMA

MORENO

CAMARAGIBE

OC

EA

NO

AT

NTIC

O

Km Km

região. Outras centralidades podem ser geradas, com grandes projetos indutores de transformação

urbanística, dentre os quais se destaca a Cidade da Copa, no município de São Lourenço da Mata,

localizado a oeste do núcleo metropolitano e os Pólo Farmacoquimico e Fábrica de Automóveis Fiat

que se localizarão na região ao norte da metrópole, já no município de Goiana (RD Zona da Mata

Norte).

A infraestrutura para viabilizar a implantação

dos referidos complexos está promovendo a

expansão da RM para os Municipios

contíguos pertencentes às RDs da Zona da

Mata Norte e Sul. Essa ampliação conforma

um Colar Metropolitano. Embora ainda não

tenha sido institucionalizado por lei, o novo

Colar Metropolitano envolve nove

municípios: Vitória de Santo Antão,

Sirinhaén, Ribeirão e Escada (RD Mata Sul);

Chã de Alegria, Paudalho, Tracunhaém,

Itaquitinga e Goiana (RD Mata Norte). Para

esse conjunto de municípios estão

previstos: duplicação de rodovias,

construção de escolas técnicas, de hospitais

regionais, de alojamentos e futuros bairros

residenciais populares (Agência Condepe-

Fidem, 2006: 17-19). Foi pouco discutida a

viabilidade da inserção de alguns

municípios canavieiros no Colar

Metropolitano. A delimitação proposta

parece ter sido feita apenas por critério de

contiguidade territorial. Um estudo mais

detalhado das dinâmicas e fluxos entre essa região e o núcleo metropolitano pode revelar áreas em

que o efeito direto dos novos empreendimentos é mais forte. Corre-se o risco de incorporar ao novo

Colar, núcleos urbanos isolados (em que os fluxos, funções e relações socioeconômicas estão

vinculados mais fortemente à produção canavieira), enquanto outros, descontínuos mas integrados

pelos eixos rodoviários podem se apresentar mais dinâmicos.7 A Figura 5 apresenta o colar

metropolitano proposto pela Agencia Condepe-Fidem.

7 Essa hipótese poderá ser confirmada posteriormente, quando for possível a comparação entre as variáveis de migração e

mobilidade. Tais variáveis constam do questionário da amostra, que ainda não teve seus resultados disponibilizados pelo IBGE para o Censo 2010. Por hora serão observados apenas os incrementos populacionais por meio das taxas geométricas de crescimento nos municípios do novo Colar Metropolitano (ver Parte 2).

Page 8: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

2. Pernambuco na dinâmica nacional de crescimento da população

residente

Como já mencionado, Pernambuco é um dos sete estados mais populosos do país e se destaca

nesse conjunto por sua pequena área, se comparado aos demais: São Paulo, Minas Gerais, Rio de

Janeiro, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul. Na figura 6, pode-se observar que os sete Estados estão

situados na área litorânea oriental do Atlântico Sul por onde se processou a conquista colonial

portuguesa e onde ainda se concentra a grande maioria da população do país. Como Pernambuco, o

estado do Rio de Janeiro, apresenta uma área relativamente pequena e seu grande tamanho

populacional dá-se através de um desequilíbrio muito grande entre o interior e uma aglomeração

urbana formada em torno da capital.

No caso do Rio, este já foi capital do país; em Pernambuco, Recife se manteve sempre capital

provincial e estadual. Mas, Rio de Janeiro e Recife se caracterizam pela macrocefalia urbana das

suas aglomerações em relação ao estado onde se situam. Observa-se, na figura 6, que, com área

territorial somente um pouco maior que Rio de Janeiro e Pernambuco, Santa Catarina, que não

apresenta essa macrocefalia, está participando da classe de concentração imediatamente inferior.

Diferente do estado do Rio de Janeiro que se espraia ao longo do litoral, Pernambuco possui um

litoral de pequena extensão e seu território orienta-se de leste a oeste. Essa orientação contribui para

que se configure um padrão de distribuição da população, condicionado pelas acentuadas diferenças

fisiográficas entre as regiões da Mata, do Agreste e do Sertão acima representadas na figura 2

Figura 3 - – Brasil. Concentração da população dos estados brasileiros, 2010

Fonte: Censo Demográfico do IBGE. Dados do Diário Oficial da União em 04.11.2010.

Page 9: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

Na figura 7, observa-se que tanto a divisão do território do estado em municípios quanto os totais de

população destas unidades de base da federação seguem um padrão diferente em cada uma das

regiões fisiográficas.

Na Mata, incluindo a Região Metropolitana do Recife, os municípios são muito pequenos,

constituindo-se pequenas e médias áreas que configuram uma malha densa de unidades político-

administrativas na qual as sedes municipais estão muito próximas umas das outras, chegando a

formar aglomerações. Mas essas diferenças de áreas quase não aparecem na divisão em classes de

população, estando a quase totalidade dos municípios entre os mais populosos do estado. Esse fato

expressa a elevada densidade populacional no conjunto da região fisiográfica onde o habitat se

distribui em dois grandes conjuntos: a aglomeração urbana da Região Metropolitana do Recife e a

malha urbana e de habitat rural semi-disperso presentes nas áreas canavieiras e expressão da

organização do território desde os tempos do Brasil colonial. Desde a segunda metade do século

passado vem se acelerando o adensamento construtivo e populacional na faixa diretamente litorânea

provocando o crescimento dos municípios nessa situação e também uma transformação da

distribuição da população dentro dos territórios municipais.

No Agreste, há também uma malha densa de municípios propiciando a existência de uma rede

urbana compostas por cidades próximas umas das outras. Mas, diferente da Mata, já aparecem

maiores contrastes populacionais entre os municípios Alguns, geralmente com área maiores, constam

entre os municípios mais populosos do estado. Acompanha-se, na figura 7 o eixo correspondendo ao

vale do Ipojuca e a BR 232, (Gravatá, Bezerros, Caruaru, Belo Jardim, Pesqueira), outra

concentração relativa ocorre no vale do médio e alto Capibaribe, em municípios sediando o pólo de

confecção do Agreste Setentrional (Santa Cruz do Capibaribe, Toritama, Surubim, Brejo da Madre de

Deus). No Agreste Meridional, destacam-se Garanhuns e Bom Conselho no meio de pequenos e

médios municípios predominantemente agropecuários.

Figura 4 - Pernambuco. Concentração da população dos municípios. 2010 Fonte: Censo Demográfico do IBGE. Dados do Diário Oficial da União em 04.11.2010.

Rd Metropolitna do Recife

MR Sertão Pernambucano

MR Agreste Pernambucano

MR

Metropolitana do Recife

MR Mata Pernambucana

MR Sertão de São Francisco

Page 10: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

No Sertão, metade ocidental do estado onde as condições de semi-aridez se impõem, os municípios

são bem mais extensos; as sedes municipais estão separadas por dezenas de quilômetros e às

vezes a comunicação entre a sede e povoados e sítios da área rural do município representa um

desafio considerando a precariedade das infraestruturas vicinais num contexto de baixas densidades

populacionais. Há uma correspondência entre classe de tamanho populacional e municípios extensos

em área (Petrolina, Serra Talhada, Salgueiro, Araripina). Outrossim, o efeito de condicionantes

naturais sub-regionais é nítido na distribuição dos municípios mais populosos: Vale do São Francisco

onde desde os meados do século passado há grandes obras públicas (barragens e perímetros

irrigados); sopé da Chapada do Araripe onde do lado pernambucano se desenvolveu um importante

pólo de produção de gesso; várzea do Rio Pajeú onde é possível praticar a agricultura de vazante no

meio de terras onde predominam práticas extensivas de exploração da caatinga.

As características apresentadas em cada região potencializaram no início do século passado um

quadro de vulnerabilidade social consubstanciado pela predominância da monocultura da cana-de-

açúcar concentradora de poderes e de renda na mão dos grandes proprietários na populosa região

da Mata mal saída das relações escravistas. Nas duas outras regiões, a vulnerabilidade da população

devia-se a circuitos de comercialização desfavoráveis aos produtores rurais que estavam envolvidos

no sistema agrícola da policultura agrestina (em sítios de pequenos e médios tamanhos) e, no sertão

(por meio de relações de parceria entre proprietários e trabalhadores rurais) no sistema produtivo

consorciado gado-algodão. Essa vulnerabilidade transformava-se em flagelo em períodos de seca

que, no imaginário nacional, passaram a ser vistos como sendo a causa do atraso nordestino.

O fato de Pernambuco ter reduzido durante o século XX a sua participação no total da população

brasileira (Tabela 1) de cerca de 7% a cerca de 4,6% remete evidentemente a essa vulnerabilidade

que transformou o estado em foco de emigração num período de forte crescimento vegetativo da

população. Assim, migrantes pernambucanos participaram da implantação concentrada da indústria

brasileira no Sudeste desde as décadas de 20 e da interiorização da população brasileira desde os

anos 40 seja nos cerrados do Centro-Oeste seja nas florestas da Amazônia. De 1920 até 2010 a

população brasileira foi multiplicada por 6,2, conquanto a parte dela residindo em Pernambuco

somente foi multiplicada por 4,2. É importante citar, contudo, o movimento de migração de retorno, a

partir da década de 1980, que foi especialmente expressivo para a região do Agreste, o que pode ser

explicado pelas oportunidades de trabalho, geradas pela diversificação das atividades econômicas e

pelo pólo de confecções instalado na região. (LYRA, 2003)

O novo censo aponta tendência para a inversão do crescimento em Pernambuco

Os dados apresentados na tabela 1 revelam uma inflexão no crescimento da população brasileira

decorrente da redução generalizada da taxa de natalidade ocorrida desde a década de 80. De 1950

até 1980, os acréscimos decenais de população vão aumentando de cerca de 19 milhões, na década

de 50, até alcançar cerca de 26,6 milhões, na década de 70. Desde a década de 80 esses

acréscimos vêm diminuindo de 25,7 milhões a 22,6 milhões nos anos 90 e 21,1 milhões na primeira

Page 11: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

década do século XXI. Evidenciam-se, com essa mudança de sentido dos acréscimos decenais, os

efeitos da transformação, no país, dos padrões reprodutivos marcados pela redução rápida das taxas

de natalidade e fecundidade. Pernambuco acompanha esse movimento com algumas variações:

elevação do acréscimo de 0,74 milhão nos anos 50 para 1,11 milhão nos anos 60; a inflexão ocorre já

na década de 70 com um acréscimo de 0,99 milhão; a redução do acréscimo prossegue durante as

duas décadas seguintes (80: 0,87 milhão e 90: 0,78 milhão).

Tabela 1 População do Brasil e de Pernambuco nos Censos Demográficos - 1872/2010

(1) População presente. (2) População recenseada. (3) População residente.

ANOS CENSITÁRIOS LOCALIDADES

Brasil (BR) Pernambuco (PE) % PE/BR

1872 (1)

9.930.478 841.539 8,47

1890 (1)

14.333.915 1.030.224 7,19

1900 (1)

17.438.434 1.178.150 6,76

1920 (1)

30.635.605 2.154.835 7,03

1940 (1)

41.236.315 2.688.240 6,52

1950 (1)

51.944.397 3.395.766 6,54

1960 (2)

70.992.343 4.138.289 5,83

1970 (2)

94.508.583 5.253.901 5,56

1980 (2)

121.150.573 6.244.275 5,15

1991 (3)

146.917.459 7.122.548 4,85

2000 (3)

169.590.693 7.911.937 4,67

2010 (3)

190.755.799 8.796.448 4,61

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1872, 1890, 1900, 1920,1940, 1950, 1960,1970, 1980,1991, 2000 e Sinopese do Censo Demográfico de 2010.

A antecipação da redução do acréscimo em Pernambuco em relação ao Brasil pode ser decorrência

do peso do fluxo de emigrantes na década de setenta com balanço migratório extremamente

negativo. Impressiona então o dado do período 2000/2010 quando se inverte novamente em

Pernambuco o sentido do acréscimo decenal que aumenta para 0,88 milhão dessa vez decorrente de

um balanço migratório positivo (em grande parte devido à migração de retorno) no contexto de baixo

crescimento natural. Esse novo fato sinaliza uma redução muito significativa da tendência à

diminuição do peso da população do estado no total da população brasileira. Na última década,

houve uma perda de 0,06% o que é quase um dado positivo se considerarmos a dinâmica muito forte

de crescimento dos estados do Centro-Oeste. Revela que pode ter se interrompido a tendência de

esvaziamento de Pernambuco em relação aos outros estados da área litorânea oriental do Brasil.

Esse comportamento populacional seria decorrente de uma conjuntura na década passada mais

favorável ao Nordeste (investimentos públicos e privados, transferências governamentais, aumento

do salário mínimo) e que também se traduz por ritmos de crescimento associados a uma nova

geografia econômica do estado.

Page 12: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

2.1 Pernambuco: As dinâmicas de concentração e desconcentração da população residente em escala estadual

Essa nova geografia econômica não é de toda “nova”. Na tabela 2 identificam-se alguns movimentos

que expressam a consolidação contínua, expressa na dinâmica populacional de um projeto de

transformação econômico de todo um território. Assim a mesorregião menos populosa de

Pernambuco, o São Francisco Pernambucano, manteve desde os anos 70 taxas de crescimento ao

ano sempre muito superiores às taxas do Brasil, do Nordeste e de Pernambuco. Nessa mesorregião

houve os efeitos cumulativos de grandes obras públicas (barragens) e de implantação de perímetros

irrigados com nas últimas décadas orientações produtivas destacando a fruticultura de exportação e a

vitivinicultura, ambas com incorporação de inovações. No mesmo intervalo de tempo (1970-2010) a

Mesorregião Metropolitana do Recife, com agentes econômicos bem mais diversos e uma economia

urbana mais complexa, apresenta duas tendências: uma, de 1970 a 2000 durante a qual as taxas de

crescimento ao ano mantiveram-se superiores às taxas do Brasil (excetuando a década de 90), do

Nordeste, de Pernambuco e das demais mesorregiões do estado (excetuando durante todo o período

o São Francisco Pernambucano. Assim sendo, a tendência à concentração populacional da

população estadual na mesorregião metropolitana do Recife (35,4% da população de Pernambuco

em 1970) prosseguia até atingir 42,2% em 2000.

Tabela 2 - Evolução da População Residente, Taxa de Crescimento e Participação Relativa sobre Pernambuco. Brasil, Nordeste, Pernambuco e Mesorregiões.1970-2010

Brasil, Nordeste, Pernambuco e Região Metropolitana do

Recife

População residente Taxa de Crescimento (%

ao ano)

19

70

19

80

19

91

20

00

20

10

19

70/8

0

19

80/9

1

19

91/2

00

0

20

00/2

01

0

Brasil (por mil) 94.508,6 121.150,6 146.917,5 169.590,7 190.755,

8 2,5 1,8 1,6 1,2

Nordeste (por mil) 28.675,1 35.419,2 42.470,2 47.693,3 53.082,0 2,1 1,7 1,3 1,1

Pernambuco (por mil) 5.160,6 6.142,0 7.127,9 7.918,3 8.796,4 1,8 1,4 1,2 1,1

Percentagem s/ PE 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Mesorr

egiõ

es Sertão Pernambucano 12,8 12,8 12,3 11,5 11,3 1,7 1,0 0,5 0,9

São Frco Pernambucano 3,7 4,3 5,3 5,9 6,6 3,4 3,3 2,3 2,2

Agreste Pernambucano 29,8 27,1 25,5 25,2 25,2 0,8 0,8 1,0 1,1

Mata Pernambucana 18,2 16,9 15,9 15,2 14,9 1,0 0,8 0,7 0,8

Metropolitana do Recife 35,4 38,9 41,0 42,2 42,0 2,7 1,9 1,5 1,0

Fonte: FIBGE. Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010. Chamada: (1) Fernando de Noronha, pelo artigo 75 da constituição estadual de 05-10-1988, é distrito

estadual de Pernambuco.

Há, na primeira década do século XX uma inversão de tendência: A taxa de crescimento da

população da mesorregião metropolitana é inferior às taxas do Brasil, do Nordeste e mesmo do

estado. As mesorregiões do Sertão Pernambucano e do Agreste Pernambucano apresentam taxas

crescentes se comparadas às taxas das décadas anteriores sempre declinantes. No Sertão

Page 13: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

Pernambucano, destaca-se o crescimento de centros urbanos principais (Arcoverde, Serra Talhada,

Ouricuri) e dos municípios do pólo gesseiro do Araripe. Há um forte aumento da taxa de crescimento

ao ano (0,9% nos anos 2000 , 0,5% nos anos 90 ) mesmo se ainda no censo de 2010, são discretos

os efeitos populacionais dos canteiros de obras da ferrovia Transnordestina e dos canais de

transposição do São Francisco. No Agreste Pernambucano, além de se verificar o crescimento dos

maiores centros, ocorre uma verdadeira explosão populacional em municípios do pólo de confecções

do Agreste Setentrional com taxas superiores a 4% ao ano (Santa Cruz do Capibaribe e Toritama). A

dinâmica populacional reativada dessas mesorregiões do interior do estado bem como a continuidade

da atração exercida pela mesorregião do São Francisco Pernambucano parecem se conjugar para

interromper o processo de concentração da população estadual na mesorregião metropolitana que

apresenta uma pequena redução de 42,2% a 42% no último período intercensitário. Mas essa

interrupção pode estar um tanto ilusória desde que se aprofunde a análise na mesorregião da Mata

Pernambucana limítrofe da mesorregião Metropolitana do Recife.

A Zona da Mata apresenta a taxa de crescimento mais baixa (0,8%) entre as mesorregiões estaduais,

mas também um pouco superior a da década de 90 (0,7%). Mas esse crescimento está, em sua

maior parte, concentrado em alguns municípios vizinhos da mesorregião metropolitana: alguns

componentes do “Colar Metropolitano”, a sul e oeste (Sirinhaém, Escada, Vitória de Santo Antão,

Chão de Alegria e Pau d’Álho) que apresentam taxas bem superiores à média mesorregional; outros

a pouca distância da metrópole como Carpina e Lagoa do Carro a oeste e Tamandaré ao sul. Essas

dinâmicas locais pelas suas localizações (entorno do complexo portuário-industrial de Suape na

extremidade sul da Região Metropolitana, eixos rodoviários para oeste – BR 232 e BR408 -

melhorados na década de 90 e novamente em curso de ampliação para atender à localização da

“Cidade da Copa”) sugerem em vez de uma desconcentração um espraiamento metropolitano além

dos limites da mesorregião. Esse espraiamento a sul e oeste na Mata ainda não alcançava em 2010

os municípios a norte que deverão receber na segunda década do século XXI os impactos de novos

empreendimentos em Goiana, bem como da duplicação da BR 101 (Fiat, Pólo Farmoquímico) recém

concluída.

Na tabela 3, tratando das taxas de urbanização e das taxas de crescimento ao ano da população

urbana na década 2000-2010, evidencia-se um forte aumento das taxas de urbanização nas

mesorregiões do Agreste (+ 7,7%) e do Sertão (+ 6,1%) onde às taxas de crescimento urbano ao ano

(2,3% e 2,0% respectivamente) correspondem em geral taxas negativas de crescimento da

população rural. Na mesorregião do São Francisco Pernambucano com a maior taxa de crescimento

urbano ao ano (2,5%) a taxa de urbanização pouco cresce (+ 1,8%). Ali, na quase totalidade dos

municípios, há também crescimento da população em quadros rurais em função do desenvolvimento

dos perímetros irrigados. Na mesorregião da Mata, onde as taxas de urbanização são maiores,

ampliam-se somente de 5,7% durante a década. Com efeito, se continue o histórico movimento de

saída da população trabalhadora das áreas rurais plantadas em cana-de-açúcar (seja na Mata, seja

na mesorregião Metropolitana) a expansão das chácaras a oeste da metrópole e de loteamentos na

faixa litorânea, ambas nas mãos de agentes urbanos, pode ocorrer em quadros rurais e compensa

Page 14: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

um pouco a diminuição da população contada como sendo rural.

Tabela 3 - População Residente por Situação do Domicílio, Taxa de Urbanização, Taxa Geométrica de Crescimento urbano, Área e Densidade demográfica. Pernambuco, Mesorregiões . 2000 e 2010.

Pernambuco e Mesorregiões

População residente e situação do domicílio

(por mil) Taxa de

urbanização

(em %)

Tax

a

de

cre

scim

en

to

urb

an

o 2

000-1

0

(% a

.a.)

Áre

a,

201

0

(em

Km

2)

Den

sid

ad

e

de

mo

grá

fica,

20

10

(hab

/Km

2)

Total Urbana

2000 2010 2000 2010 2000 2010

Estado de Pernambuco

7.918,3 8.796,4 6.058,2 7.052,2 76,5 80,2 1,5 98.146,3 89,6

Meso

rreg

iõe

s

Sertão Pernambucano

911,9 996,8 484,9 590,9 53,2 59,3 2,0 37.997,4 26,2

São Frco

Pernambucano 465,7 578,2 284,0 362,9 61,0 62,8 2,5 24.482,9 23,6

Agreste

Pernambucano 1.993,9 2.217,6 1.219,2 1.527,0 61,1 68,9 2,3 24.480,0 90,6

Mata Pernambucana

1.207,3 1.310,6 833,4 979,7 69,0 74,7 1,6 8.395,3 156,1

Metropolitana de Recife (1)

3.339,6 3.693,2 3.236,7 3.591,8 96,9 97,3 1,0 2.790,8 1.323,3

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 2000 e 2010 Chamada: (1) Inclusive o Distrito de Fernando de Noronha com 2.051 habitantes em 2000 e uma população de 2.630 em

2010.

2.2 Dinâmicas de concentração desconcentração da população residente na Região Metropolitana do Recife

No âmbito da Região Metropolitana do Recife (isto é a mesorregião metropolitana excluindo-se o

Distrito Estadual de Fernando de Noronha) estão muito evidentes as tendências ao espraiamento da

mancha urbana em direção à periferia e à redução da população residente em quadros rurais

(Tabelas 4 e 5).

No conjunto de municípios mais urbanizados formado pelo pólo e pelos municípios de muito alto nível

de integração há uma tendência nas décadas de 70 e 80 à expansão da população em municípios

vizinhos do pólo metropolitano, espacialmente direcionada pela construção dos conjuntos

habitacionais: Olinda logo nos primeiros anos de existência do Banco Nacional da Habitação (década

de 70: 3,7% ao ano) e, durante as duas décadas, Paulista e Jaboatão dos Guararapes apresentam

altas taxas de crescimento ao ano (10,4 e 5,4 em Paulista e 5,1 e 3,6 em Jaboatão dos Guararapes).

A implantação de conjuntos habitacionais traduz-se também por fortes taxas de crescimento entre

1970 e 1991 em municípios mais distantes: Abreu e Lima (Conjunto Caetés) e, entre 1980 e 1991, em

São Lourenço da Mata (Conjunto Capibaribe). Mesmo considerando que a edificação dos conjuntos

habitacionais deu-se principalmente em municípios de muito alto nível de integração, a proporção da

população residente em Recife e nesses municípios reduz-se de 82,3% em 1970 a 80,0% em 1991

do total metropolitano.

Nas décadas seguintes, o espraiamento é quase exclusivamente orientado por forças de mercado

Page 15: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

seja ele formal ou informal. Em municípios como Recife e Camaragibe na área central da Região

Metropolitana, a década de 1990 é marcada por uma elevação da taxa de crescimento devido

principalmente ao adensamento de assentamentos populares mesmo se também ocorrem

empreendimentos imobiliários fixando famílias em áreas privilegiadas (condomínios de Aldeia em

Camaragibe e orla marítima em Recife, Paulista e Jaboatão dos Guararapes). Esboça-se ainda

durante a década de 90 uma tendência que se consolida na primeira década do século XXI: o

deslocamento das maiores taxas de crescimento para municípios de médio nível de integração

situados mais distantes do pólo.

Tabela 4 - Evolução da População Residente, Taxa de Crescimento e Participação Relativa sobre Região Metropolitana do Recife e Municipios Segundo Níveis de Integração ao Pólo. 1970-2010

Região Metropolitana do

Recife

População residente Taxa de Crescimento (% ao

ano)

1970 1980 1991 2000 2010 1970/

80

1980/

91

1991/

2000

2000/

2010

Pólo

Recife (% s/ RMR) 58,1 50,3 44,4 42,6 41,6 1,3 0,7 1,0 0,8

Mu

ito

alt

o

nív

el

de

inte

gra

çã

o

Jaboatão dos Guararapes

11,0 13,8 16,7 17,4 17,5 5,1 3,6 2,0 1,0

Olinda 10,7 11,8 11,7 11,0 10,2 3,7 1,7 0,8 0,3

Paulista 2,4 5,0 7,2 7,9 8,1 10,4 5,4 2,4 1,4

SubTotal (% s/ RMR) 24,2 30,5 35,6 36,3 35,8 5,2 3,3 1,7 0,9

Alt

o n

ível

de

inte

gra

çã

o

Abreu e Lima 1,4 2,0 2,6 2,7 2,6 6,1 4,6 1,6 0,6

Cabo de Sto Agostinho 4,2 4,3 4,3 4,6 5,0 3,2 1,8 2,1 1,9

Camaragibe 2,3 3,7 3,4 3,9 3,9 7,8 1,1 2,9 1,2

SubTotal (% s/ RMR) 7,8 10,0 10,4 11,1 11,5 5,3 2,2 2,2 1,4

Méd

io n

ível

de i

nte

gra

ção

Araçoiaba 0,5 0,4 0,4 0,5 0,5 0,2 1,7 4,0 1,9

Igarassu 2,1 2,6 2,4 2,5 2,8 5,0 1,1 1,9 2,2

Ilha de Itamaracá 0,4 0,3 0,4 0,5 0,6 1,5 3,1 3,5 3,3

Ipojuca 2,0 1,6 1,6 1,8 2,2 1,0 1,3 3,0 3,1

Itapissuma 0,5 0,5 0,6 0,6 0,6 3,0 3,0 2,3 1,7

Moreno 1,7 1,5 1,3 1,5 1,5 1,1 1,0 2,6 1,4

São Lourenço da Mata 2,9 2,4 2,9 2,7 2,8 0,7 3,9 0,6 1,3

Fernando de Noronha (1)

- - 0,1 0,1 0,1 - - 2,2 2,5

SubTotal (% s/ RMR) 10,0 9,2 9,6 10,0 11,1 2,0 2,2 2,0 2,0

RM Recife (% sobre

RMR) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

(por mil) 1.827,2 2.386,5 2.921,7 3.339,6 3.693,2

Fonte: FIBGE. Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010.

Chamada: (1) Fernando de Noronha, pelo artigo 75 da constituição estadual de 05-10-1988, é distrito estadual de Pernambuco.

Na ultima década, a elevação do preço do solo gerou um arrefecimento generalizado das taxas de

crescimento no pólo e nos municípios de muito alto nível de integração que juntos reúnem somente

78,4% do total da população metropolitana. No grupo de municípios de alto nível de integração a

manutenção de uma tendência positiva na proporção da população residente em relação à população

total da metrópole (11,1% em 2000 e 11,5% em 2010) deve-se exclusivamente à forte taxa de

crescimento (1,9% ao ano) do município do Cabo de Santo Agostinho diretamente impactado, como

Ipojuca a sul, pelos empreendimentos do Porto de Suape. As maiores taxas de crescimento podem

ser observadas em municípios mais distantes onde segundas residências se tornam residências

Page 16: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

3. Composição da População por Sexo e Idade

Os processos vivenciados pela população de Pernambuco se expressam na composição da

população por sexo e idade, que sintetiza aspectos estruturais da população. Os efeitos da queda da

principais (Ilha de Itamaracá) e onde o preço do solo se mantém relativamente mais baixo (Igarassu,

Itapissuma, Araçoiaba, Moreno, São Lourenço da Mata) permitindo a expansão de loteamentos

acessíveis a segmentos menos abastados inclusive em quadros rurais (em Ilha de Itamaracá,

Itapissuma, Igarassu a taxa de urbanização estagna ou se retrai conforme pode ser observado na

tabela 5). Mas esse quadro parece bastante volátil se considerarmos os empreendimentos já

consolidados em torno de Suape e lançados nas periferias oeste e norte da Região Metropolitana,

explicando então à tendência ao espraiamento além dos seus limites em municípios do “Colar

Metropolitano”, conforme visto acima, na busca de terrenos mais baratos.

Tabela 5 - População Residente por Situação do Domicílio, Taxa de Urbanização, Taxa Geométrica de Crescimento urbano, Área e Densidade demográfica. Região Metropolitana por municípios segundo o nível de integração ao pólo metropolitano. 2000 e 2010.

Região Metropolitana segundo

Nível de integração

População residente e situação do domicílio (por mil)

Taxa de urbanização

(em %)

Tax

a

de

cre

scim

en

to

urb

an

o 2

000-1

0

(% a

.a.)

Áre

a,

201

0

(em

Km

2)

Den

sid

ad

e

de

mo

grá

fica,

20

10

(hab

/Km

2)

Total Urbana

2000 2010 2000 2010 2000 2010

Metropolitana de Recife (1) 3.339,6 3.693,2 3.236,7 3.591,8 96,9 97,3 1,0 2.790,8 1.323,3

Polo Recife 1.422,9 1.537,7 1.422,9 1.537,7 100,0 100,0 0,8 218,5 7.037,5

Mu

ito

alt

o

nív

el

de

inte

gra

çã

o Jaboatão dos

Guararapes 581,6 644,6 568,5 630,6 97,8 97,8 1,0 258,6 2.492,7

Olinda 367,9 377,8 360,6 370,3 98,0 98,0 0,3 41,7 9.059,4

Paulista 262,2 300,5 262,2 300,5 100,0 100,0 1,4 97,4 3.084,9

Sub-total 1.211,7 1.322,9 1.191,3 1.301,4 98,3 98,4 0,9 - -

Alt

o n

ível

de

inte

gra

çã

o Abreu e Lima 89,0 94,4 77,7 86,6 87,3 91,7 1,1 130,3 724,7

Cabo de Santo Agostinho

153,0 185,0 134,5 167,8 87,9 90,7 2,2 446,6 414,3

Camaragibe 128,7 144,5 128,7 144,5 100,0 100,0 1,2 51,2 2.821,6

Sub-total 370,7 423,9 340,9 398,9 92,0 94,1 1,6 - -

Méd

io n

ível

de

inte

gra

çã

o

Araçoiaba 15,1 18,2 12,4 15,3 82,4 84,1 2,1 92,3 196,7

Igarassu 82,3 102,0 75,7 93,9 92,1 92,1 2,2 305,6 333,8

Ilha de Itamaracá 15,9 21,9 12,9 17,0 81,5 77,7 2,8 66,7 328,1

Ipojuca 59,3 80,6 40,3 59,7 68,0 74,1 4,0 532,6 151,4

Itapissuma 20,1 23,8 16,3 18,3 81,2 77,1 1,2 74,2 320,3

Moreno 49,2 56,7 38,3 50,2 77,8 88,5 2,7 196,1 289,1

São Lourenço da Mata 90,4 102,9 83,5 96,8 92,4 94,1 1,5 262,2 392,4

Sub-total 317,1 406,1 267,1 351,2 84,2 86,5 2,8 - -

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 2000 e 2010.

Chamada: (1) Inclusive o Distrito de Fernando de Noronha com 2.051 habitantes em 2000 e uma população de 2.630 em

2010.

Page 17: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

fecundidade, bem como do afluxo populacional em busca de oportunidades de trabalho, ou mesma a

perda de população que sai em busca de outras áreas mais propícias, mencionados no item anterior,

se refletem na idade média, no índice de envelhecimento da população e na razão de dependência

da população na faixa produtiva.

3.1 Ritmos de envelhecimento Diferenciados entre regiões do Estado de Pernambuco

As pirâmides das populações residentes de Pernambuco e de suas mesorregiões, em 2000 e 2010,

distribuídas por grupos etários qüinqüenais - Gráficos 1.a 6 – revelam que, comparando-se com 2000,

os dados do Censo Demográfico de 2010 mostram que ocorreu em Pernambuco e em todas as suas

mesorregiões, uma redução absoluta no contingente populacional dos grupos etários entre 0-4 anos e

5-9 anos, seguidos pelos grupos de 10-14 anos e 15-19 anos. Isto significa tendência geral de

envelhecimento da população pernambucana, seja no seu conjunto, seja em cada uma das suas

mesorregiões. Tal tendência é reforçada pela concentração da população nas faixas mais elevadas

de idade em 2010. Nesse sentido, de modo geral, a estrutura da população pernambucana reflete, na

década, a tendência que a redução da fecundidade, a queda da mortalidade e o respectivo aumento

da esperança de vida, vêm, em conjunto, produzindo na estrutura de população que se apresenta

mais envelhecida.

Apesar da tendência geral, duas das mesorregiões pernambucanas apresentam comportamento

diferenciado da média estadual – a Mesorregião (MR) do Sertão de São Francisco, que se apresenta

como a mais jovem população do estado – possui o maior percentual de crianças menores de 5 anos

(11,8% em 2000 para 9,3% em 2010) e o menor percentual de idosos maiores de 65 anos (de 4,6%

em 2000 para 5,5% em 2010); e a Mesorregião Metropolitana do Recife (RMR), que, ao contrário, se

apresenta com a população mais envelhecida de Pernambuco. As demais Mesorregiões – Sertão

Pernambucano, Agreste Pernambucano e Mata Pernambucana – apresentam comportamento

semelhante à média estadual. Tais características se vinculam a processos inerentes a essas

mesorregiões, que concentram população na faixa de 25 a 39 anos de idade, revelando processo de

atração de população para a região. No caso da mesorregião do São Francisco, tal atração é

exercida, especialmente, pelas atividades de fruticultura da região; Já a Mesorregião Metropolitana do

Recife, exerce atração populacional por se constituir centro de estudos, de oportunidades de trabalho

diversificado, etc.

O índice de envelhecimento - que mede a proporção entre o número de pessoas com 65 anos e mais

e o número de crianças e adolescentes abaixo de 15 anos – revela, como indicador sintético e com

expressividade, as mudanças etárias da população estadual e de suas mesorregiões. Quanto maior o

índice, mais envelhecida a população.

Page 18: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

No caso de Pernambuco, conforme apresenta a tabela 6, o índice de envelhecimento da população

se eleva de 0,20 em 2000 para 0,29 em 2010, situando-se, neste último Censo, pouco abaixo do

índice de envelhecimento da população brasileira (0,31).

.

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

0 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 e +

Gráfico 1 - Estado de Pernambuco, 2000-2010.

Homens Mulheres

2000 2010

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

0 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 e +

Gráfico 2 - Mesorregião do Sertão Pernambucano, 2000-2010.

Homens Mulheres

2000 2010

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

0 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 e +

Gráfico 3 - Mesorregião do Agreste Pernambucano, 2000-2010.

Homens Mulheres

2000 2010

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

0 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 e +

Gráfico 4 - Mesorregião da Mata Pernambucana, 2000-2010.

Homens Mulheres

2000 2010

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

0 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 e +

Gráfico 5 - Mesorregião do Sertão de São Francisco, 2000-2010.

Homens Mulheres

2000 2010

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

0 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 e +

Gráfico 6 - Mesorregião Metropolitana do Recife, 2000-2010

Homens Mulheres

2000 2010

Page 19: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

No contexto estadual, as Mesorregiões Metropolitana do Recife e do Agreste Pernambucano se

apresentam, em 2010, com um índice de envelhecimento de 0,31, situando-se acima da média de

Pernambuco (0,29). A população do Agreste, contudo, envelhece de modo menos acelerado, na

década, uma vez que esta mesorregião passa da condição da região mais envelhecida do estado em

2000 (0,23) para se igualar à Metropolitana em 2010 (0,31), enquanto esta apresentava em 2000 uma

população mais jovem que a do Agreste (0,20).

A população da Mesorregião de São Francisco, que também envelhece na década, passando seu

índice de envelhecimento de 0,13 (2000) para 0,19 (2010). A Mesorregião da Mata Pernambucana

segue a de São Francisco em nível mais baixo de índice de envelhecimento (de 0,17 em 2000 para

0,25 em 2010).

A idade média da população consiste em outro indicador que, comparativamente, indica tendências,

apesar de não se constituir um indicador tão forte como a idade mediana. Constata-se que, em 2010,

a idade média da população pernambucana de 31,2 anos de idade encontra-se abaixo da média

brasileira (35 anos) e apenas abaixo da idade média da população da Mesorregião Metropolitana do

Recife (32,5 anos). Os principais fatores que contribuem para o envelhecimento da população

incidem de modo mais evidente nesta mesorregião, especialmente no Recife, tais como - redução da

fecundidade, a queda da mortalidade e o aumento da esperança de vida. Contudo, outros processos

que serão abordadas no item seguinte, com o detalhamento da população dos diversos municípios

que a compõem, podem interferir na idade média, como o número absoluto de população que se

concentra nas faixas produtivas e são atraídas, seja por oportunidades de estudo ou de trabalho

nesta mesorregião.

Tabela 6 Idade média, Razão de dependência e Índice de envelhecimento da população.

Pernambuco, Mesorregiões. 2000 e 2010

Estado e Mesorregiões Idade média

Razão de dependência

econômica (1)

Índice de Envelhecimento

(2)

2000 2010 2000 2010 2000 2010

Estado de Pernambuco 28,3 31,2 59,35 49,34 0,20 0,29

Meso

rreg

iõe

s Sertão Pernambucano 27,6 30,3 70,76 58,69 0,20 0,28

São Frco Pernambucano 25,9 28,5 65,75 54,02 0,13 0,19

Agreste Pernambucano 28,5 30,9 67,70 55,25 0,23 0,31

Mata Pernambucana 27,1 30,2 64,18 52,15 0,17 0,25

Metropolitana de Recife 29,0 32,5 49,77 42,21 0,20 0,31

Fonte: FIBGE. Censo Demográfico 2010. Chamada: (1) Razão de dependência econômica é a percentagem do número de crianças de até 14

anos somados à população de até 65 anos e mais dividido pela população de 15 a 64 anos. (2) Índice de Envelhecimento é o resultado da razão entre a população de 65 anos ou mais e a população de 0 a 4 anos de idade. Mede o número de pessoas idosas em uma população,

Page 20: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

A razão de dependência

8 constitui-se um outro indicador importante para análise da composição

etária da população, uma vez que representa a carga de crianças e idosos, como denomina Jannuzzi

(2001), sobre a população em idade economicamente ativa. Esta população em idade de trabalhar é

conceituada de forma distinta em diversos países, porém, em termos gerais, considera-se a faixa

etária compreendida entre 15 e 64 anos como aquela constitutiva da população em idade produtiva

ou população potencialmente ativa, que representa a idade de trabalhar. Os grupos que estão fora

desse limite são compostos por pessoas muito jovens e idosas que, em termos do processo

econômico, são consideradas como componentes da ”população dependente”, ressalvando-se, que

os idosos participam cada vez mais com sua aposentadoria.

Constata-se na tabela 6 que a Mesorregião Metropolitana do Recife apresenta em 2010 a menor

razão de dependência (42,21%) entre todas as regiões do estado, cuja média se aproxima a 50%.

Todas as demais mesorregiões de Pernambuco apresentam razão de dependência da população

mais elevada, destacando-se a Mesorregião do Sertão Pernambucano, em que a população

dependente representa 59%, refletindo um expressivo volume de menores de 15 anos e das pessoas

mais idosas com menores possibilidades de contribuir em termos de trabalho para o grupo familiar.

3.2 O Destacado Envelhecimento da População Metropolitana e de seu Município Pólo

O destacado envelhecimento da população da Mesorregião Metropolitana do Recife possui uma

contribuição significativa da população do município pólo da região – o Recife. Este possui a

população mais envelhecida da região e tal característica se traduz na pirâmide etária (Gráfico 7),

especificamente no estreitamento da base e no alargamento das faixas etárias superiores. . A

diminuição da faixa etária de 0 a 4 anos do Recife, na última década, comparativamente à de sua

região metropolitana indica que o declínio da fecundidade foi mais acentuado na cidade pólo da

metrópole. Embora tal declínio tenha ocorrido em décadas anteriores, ele prosseguiu a um ritmo

moderado a partir da década de 90. Alem do mais, se a queda da fecundidade foi uma tendência

geral, ela não ocorreu no mesmo momento, nem com a mesma intensidade nos territórios analisados.

Observa-se, também, no ano 2000, uma redução na população jovem de 15 a 29 anos, de ambos os

sexos, e na população masculina de 30 a 34 anos, o que sugere deslocamento de população, em

idade ativa e em idade de formação da família9, do pólo para outros municípios dentro ou fora da

metrópole. As parcelas restantes da população, em ambos os períodos, a partir dos 35 anos,

apresentam ligeira diferença a favor do Recife, sobretudo a partir dos 40 anos de idade no ano 2000,

destacando-se as mulheres do pólo metropolitano quanto aos seus efetivos populacionais, quando

comparados aos da RM do Recife.

8 Definida pelo quociente entre a população dependente (crianças de até 14 anos) somados ao número de idosos acima de 65

anos) e a população potencialmente ativa (pessoas entre 15 e 65 anos) a razão de dependência é expressa em termos de 100

habitantes 9 Em demografia, a fase de “formação da família” corresponde à primeira fase do ciclo vital - representada pela variável

idade (até 34 anos). As demais fases que complementam o ciclo vital da família são: "consolidação" (35 – 49 anos) e "fragmentação" (59 anos e mais).

Page 21: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

Reunindo os municípios da Região Metropolitana do Recife segundo os níveis de integração que

estes mantêm com o pólo metropolitano, observa-se a população se apresenta mais envelhecida à

medida que os níveis de integração com o pólo se apresentam mais elevados. Nesse sentido, os

municípios de média integração – aqueles que geograficamente se encontram mais afastados do pólo

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

0 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 e +

Gráfico 6 - Mesorregião Metropolitana do Recife, 2000-2010

Homens Mulheres

2000 2010

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

0 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 e +

Gráfico 7 - Município pólo, Recife, 2000-2010.

Homens Mulheres

2000 2010

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

0 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 e +

Gráfico 8 - Municípios da RM do Nível Muito Alto, 2000-2010.

Homens Mulheres

2000 2010

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

0 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 e +

Gráfico 9 - Municípios da RM do Nível Alto de Integração,

2000-2010.

Homens Mulheres

2000 2010

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

0 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 e +

Gráfico 10 - Municípios da RM do Nível Médio de Integração,

2000-2010.

Homens Mulheres

2000 2010

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8

0 - 4 5 - 9 10 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 65 - 69 70 - 74 75 e +

Gráfico 11 - Município de Ipojuca, 2000 - 2010

.

Homens Mulheres

2000 2010

Page 22: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

metropolitano (Figura 4), possuem a população mais jovem da Região Metropolitana do Recife

(Gráfico 10).

É importante citar que, ao trabalhar com dados agregados por grandes regiões, diferenças internas

entre municípios, que certamente existem, são homogeneizadas, uma vez que são os dados médios

das que são colocados em comparação nessa escala de análise. É o caso do município de Ipojuca

(Gráfico 11), cuja estrutura populacional apresenta semelhanças em relação à estrutura do conjunto

de municípios do nível médio de integração ao pólo metropolitano, mas destaca uma concentração

bastante diferenciada de população na idade ativa (dos 15 aos 64 anos), que em 2000

representavam 61,6% e em 2010 elevou esse percentual para 81,3%.

O dinamismo econômico que se iniciou com a instalação da Refinaria Abreu e Lima, neste município,

começou a atrair migrantes intra-estadual e interestadual, o que levou à mudanças significativas no

alargamento da pirâmide entre 2000 e 2010, especialmente nas faixas etárias de 25 a 54 anos de

idade. Em 2000, a população concentrada na faixa etária de 25 a 54 anos, apresentou um valor

33,66%, aumentando para 40,64% em 2010, apontando para um equilíbrio nas grandezas numéricas

em relação ao sexo.

O índice de envelhecimento da Região Metropolitana do Recife (0,31) e de seus municípios

apresentado na tabela 7 confirma que a população do município de Ipojuca (0,15) é a mais jovem da

região, em contraposição à população do município pólo - Recife (0,39) - que se caracteriza pela

população mais envelhecida, seguido do município de Olinda (0,36) – vizinho ao norte do Recife,

situado no núcleo metropolitano. Todos os municípios apresentam, com ritmos diferenciados,

tendência de envelhecimento da população.

A idade média da população dos municípios metropolitanos, apesar de não se constituir um indicador

tão forte como a idade mediana, confirma a tendência de envelhecimento da população por meio da

elevação da idade média das pessoas. Constata-se que, em 2010, Recife e Olinda se apresentam

como os municípios de maior idade média entre os demais da RM Recife.

A razão de dependência dos municípios da RM Recife, apresentada na tabela 7, se mostra como

uma tendência generalizada de redução na última década. Observa-se uma associação entre os

níveis de integração dos municípios com o pólo metropolitano e esses indicadores que expressam a

composição da população dos municípios: à medida que o nível de integração é mais elevado, a

população é mais envelhecida, porém a razão de dependência é menor. E vice-versa, nos municípios

de menor nível de integração, a população é mais jovem, porém a os municípios se afastam dos

grupos que estão fora desse limite são compostos por pessoas muito jovens e possui uma maior

carga de crianças e idosos sobre a população em idade de trabalhar.

Page 23: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

Considerações Finais

Na primeira década do século XXI, foi possível observar algumas inflexões nas tendências

demográficas e de crescimento populacional da Região Metropolitana do Recife e de Pernambuco

Essas inflexões, num estado situado na fachada do Atlântico Sul cujo povoamento é antigo e

estruturado durante toda a história do país, não representam rupturas, mas expressam uma

transformação em curso do perfil de Pernambuco na federação. Há uma diversificação das

oportunidades econômicas no estado, sinalizando a possibilidade de redução da macrocefalia da

RMR nos seus limites instituídos desde 1993. Entre os municípios que a compõem, há uma

aceleração do crescimento em periferia e os primeiros sinais dos impactos na dinâmica e na estrutura

populacional dos grandes investimentos em curso no Sul da aglomeração (Porto de Suape, e

desenvolvimento imobiliário-turístico), principais manifestações de uma nova geografia econômica na

RMR.

Quanto à posição de Pernambuco na federação, os dados analisados apontam para a redução de

características populacionais “negativas” em relação a variáveis consideradas indicadores de

desenvolvimento. Durante o período de industrialização / urbanização do país (os dois últimos terços

do século XX), Pernambuco foi um foco de emigração. As suas taxas de crescimento populacional

Tabela 7 Idade média, Razão de dependência e Índice de envelhecimento da população.

Região Metropolitana do Recife por municípios, segundo o nível de integração ao pólo metropolitano. 2000 e 2010

Região e Municípios Idade média

Razão de dependência

econômica (1)

Índice de Envelhecimento

(2)

2000 2010 2000 2010 2000 2010

Região Metropolitana de Recife 29,0 32,5 49,77 42,21 0,20 0,31

Polo Recife 30,2 33,7 48,5 41,0 0,25 0,39

Muito

alto

nív

el d

e

inte

gra

çã

o Jaboatão dos Guararapes 27,9 31,5 50,2 42,4 0,15 0,25

Olinda 29,8 33,4 48,3 42,9 0,23 0,36

Paulista 28,9 32,6 45,8 40,4 0,16 0,28

SubTotal 28,7 32,3 48,6 42,08 0,17 0,29

Alto

nív

el de

inte

gra

çã

o Abreu e Lima 28,1 31,9 50,3 43,1 0,16 0,27

Cabo de Sto Agostinho 26,9 30,3 54,6 44,0 0,14 0,21

Camaragibe 28,2 31,9 49,6 41,8 0,16 0,28

SubTotal 27,7 31,2 51,8 43,04 0,15 0,25

Médio

nív

el d

e inte

gra

çã

o

Araçoiaba 26,8 28,7 68,1 52,7 0,14 0,19

Igarassu 27,2 30,7 55,7 45,8 0,15 0,24

Ilha de Itamaracá 27,8 30,6 49,1 38,9 0,15 0,22

Ipojuca 25,5 27,8 62,3 50,8 0,12 0,15

Itapissuma 26,2 29,4 62,8 48,7 0,14 0,20

Moreno 28,1 31,3 55,2 46,2 0,19 0,28

São Lourenço da Mata 27,4 30,9 56,3 45,1 0,15 0,25

SubTotal 27,0 30,1 57,5 46,69 0,15 0,22

Fonte: FIBGE. Censo Demográfico 2010.

Chamada: (1) Razão de dependência econômica é a percentagem do número de crianças de até 14 anos somados à população de até 65 anos e mais dividido pela população de 15 a 64 anos. (2) Índice de Envelhecimento é o resultado da razão entre a população de 65 anos ou mais e a

população de 0 a 4 anos de idade. Mede o número de pessoas idosas em uma população,

Page 24: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

eram sempre muito inferiores àquelas verificadas no Brasil e a sua estrutura demográfica expressava

o atraso do estado na transição demográfica (mantendo taxas relativamente elevadas de fecundidade

e de mortalidade em relação aos estados da fachada atlântica situados no sudeste e no sul do país)

revelando uma situação de subdesenvolvimento. Nesse contexto, a urbanização, as maiores taxas de

crescimento e a mudança dos comportamentos demográficos se concentravam na Região

Metropolitana, que era o principal foco de modernização do estado, destacando-se também a

Mesorregião do Sertão São Franciscano com um contingente populacional crescente, mas muito

menor. Significativamente, essas duas regiões foram alvos de grandes investimentos da União. A

primeira no âmbito da política de desenvolvimento urbano que na década de 70 instituiu as Regiões

Metropolitanas no Brasil; a segunda no âmbito das obras contínuas de aproveitamento dos recursos

hídricos do Rio São Francisco para fornecimento de energia e implantação de perímetros de

agricultura irrigada.

Na última década, com um movimento iniciado nos anos 90, Pernambuco deixa de apresentar

indicadores de crescimento populacional e de estrutura demográfica destoantes da média do país.

Isso se deve à importante migração de retorno e ao rápido ingresso do estado na fase final da

transição demográfica com relativamente baixas taxas de fecundidade e de mortalidade. Configura-se

um quadro caracterizado pelo crescimento da população em idade economicamente ativa e uma

tendência ainda incipiente ao envelhecimento. Esse quadro está mais completo na Região

Metropolitana que nas demais regiões do estado onde a atração de população em idade

economicamente ativa se concentra em algumas áreas (polo de confecções do Agreste, polo

gesseiro do Sertão, Sertão São Franciscano, Agreste e Sertão Central, dotados de uma rede de

cidades médias ao longo da BR 232), sendo mais discreta a tendência ao envelhecimento da

população. Nesse contexto, o peso populacional da Região Metropolitana deixa de aumentar na

população Pernambucana mantendo-se, no entanto, na faixa dos 40%. Como foi visto, esse dado

precisa ser relativizado, já que na Mesorregião da Mata, alguns municípios limítrofes da RMR (no

ainda não instituído “Colar Metropolitano”) apresentam forte crescimento em especial a sul e oeste da

aglomeração. De qualquer modo essa nova geografia econômica do estado aponta para a

necessidade de maior atenção dos governos estadual e federal para dinâmicas urbano-rurais mais

complexas no interior de Pernambuco.

Na Região Metropolitana, cujos contornos precisam ser revistos debatendo-se o status do “Colar

Metropolitano”, destacam-se dois fenômenos que merecem estudos mais pormenorizados:

O descolamento dos municípios de Recife e Olinda, com uma população mais madura e

significativas taxas de envelhecimento do resto da metrópole onde a dinâmica populacional se

desloca para os municípios mais periféricos (sobretudo para aqueles qualificados de médio nível

de integração);

O impacto dos grandes investimentos realizados em periferia metropolitana sul (Porto Industrial de

Suape) no crescimento populacional e na estrutura demográfica dos municípios de muito alto

(Jaboatão dos Guararapes), alto (Cabo de Santo Agostinho) e médio (Ipojuca) níveis de

Page 25: Região Metropolitana do Recife no Contexto de Pernambuco no

integração ao polo metropolitano (Recife); esse impacto é um marco na primeira década do século

XX e pode ser verificado também em estudos que demonstram o crescimento e a multiplicação

dos assentamentos de baixa renda nesses municípios (SIGAP, 2011)

Com base nesses dois fenômenos pode se projetar para a segunda década do século XXI as

seguintes preocupações:

Em que medida, as estratégias público-privadas de empreendimentos imobiliários de luxo

apoiados no Grande Projeto Urbano denominado Eixo Cultural Recife-Olinda fortalecerão um tipo

de “gentrificação” em ambos os municípios onde se tornaram menos centrais na agenda política

as intervenções de urbanização em áreas pobres.

Os novos grandes investimentos em curso em Goiana no “Colar Metropolitano Norte” (montadora

Fiat e polo farmacoquimico) e na periferia oeste da Região Metropolitana (Cidade da Copa em São

Lourenço da Mata) irão gerar uma dinâmica populacional impactante em municípios periféricos

desses quadrantes da aglomeração com as mesmas características de habitat verificadas no

quadrante sul na década passada.

A retomada da construção de conjuntos habitacionais no âmbito do Programa Minha Casa Minha

Vida pode-se tornar mais um influente vetor de espraiamento periférico da aglomeração

metropolitana no contexto da valorização do solo e da manutenção da concentração fundiária

característica da franja rural-urbana da Grande Recife; concentração essa que não foi afetada

pelos instrumentos da Reforma Urbana, bem como não avançou a regularização fundiária dos

assentamentos precários.

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