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REGIMENTO - PS · nœmero de presenças; 4. É dispensada a leitura das propostas e moçıes apresentadas para discutir e votar pelo Congresso, desde que tenham sido distribuídas

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Artº1º(Da data e local do Congresso )

1. O XIII Congresso Nacional (extraordinário) do PS realiza-senos dias 15, 16 e 17 de Novembro de 2002.

2. O XIII Congresso Nacional do PS realiza-se em Lisboa, noColiseu dos Recreios.

Artº. 2º(Da composição do Congresso)

1. O Congresso Nacional tem, no que respeita ao direito devoto, a composição seguinte:a) Delegados eleitos pelas secções de residência e de acção

sectorial;b) Secretário-Geral;c) Presidente do Partido;d) Presidente Honorário do Partido;e) Membros do Secretariado Nacional, Comissão Nacional,

Comissão Nacional de Jurisdição e Comissão Nacionalde Fiscalização Económica e Financeira;

f) Membros do Governo e dos Grupos Parlamentares naAssembleia da República, nas Assembleias Regionais eno Parlamento Europeu, filiados no PS;

g) Presidentes das Federações;h) Membros da JS que integram a Comissão Nacional;i) Presidente da Tendência Sindical Socialista;j) Presidente da Associação Nacional de Autarcas

Socialistas;k) Presidente do Departamento Nacional das Mulheres

Socialistas.2. Participam também no Congresso, sem direito a voto:

a) Membros dos Governos Regionais filiados no PS;b) Presidentes de Câmara; Presidentes das Assembleias

Municipais ou primeiros eleitos para aqueles órgãosmunicipais filiados no PS;

c) Presidentes das C.P.C.;d) Membros do órgão executivo nacional do Departamento

Nacional das Mulheres Socialistas;3. Os delegados ao Congresso referidos nas alíneas b) a k) do

nº 1 não podem exceder um terço do número total dosdelegados eleitos.

4. Os delegados eleitos ao Congresso, em número definidopela COC são eleitos pelas secções de residência e de acçãosectorial, com base em moções políticas de orientação global.

5. Os delegados ao Congresso deverão ser portadores do cartãode militante nos dias da realização do Congresso.

Art.3º(Dos órgãos do Congresso)

1. No início dos trabalhos, o Congresso elege, de entre os seusmembros, a Comissão de Verificação de Poderes e a Mesa,sob proposta do Secretário-Geral eleito; e a Comissão deHonra do Congresso, sob proposta do Presidente do Partido.

2. A Comissão de Verificação de Poderes é constituída por quatromembros eleitos pelo Congresso e presidida pelo Presidenteda Comissão Nacional de Jurisdição, competindo-lhe julgara regularidade da composição do Congresso e conhecer dequaisquer irregularidades surgidas na identificação dosrespectivos membros.

3. A Mesa do Congresso é composta por cinco Vice-Presidentes

e dez Secretários eleitos pelos delegados, e pelo Secretário-Geral eleito, por direito próprio.

4. A Comissão de Honra do Congresso é constituída por sete aquinze membros de entre os seus militantes que tenhamdesempenhado papel relevante ao serviço do Partido, daDemocracia ou do País.

Artº4º(Do Presidente do Congresso)

1. O Presidente do Partido é o Presidente da Mesa do Congresso,competindo-lhe iniciar os trabalhos do Congresso; concederou retirar o uso da palavra; e assegurar a normalidade dosdebates, em cooperação com os restantes membros da Mesa,nos termos em que para o efeito acordem;

2. Compete aos Vice-Presidentes substituir o Presidente nassuas ausências e impedimentos.

Art 5º(Da Ordem de Trabalhos)

1. O XIII Congresso Nacional terá a seguinte Ordem deTrabalhos:

Ponto 1 � Eleição da Comissão de Verificação de PoderesPonto 2 � Eleição da Mesa do Congresso NacionalPonto 3 � Eleição da Comissão de Honra do Congresso

NacionalPonto 4 - Sessão de Abertura do Congresso NacionalPonto 5 � Apresentação, debate e votação das propostas

de modificação dos estatutosPonto 6 � Apresentação, debate e votação das propostas

de modificação da Declaração de PrincípiosPonto 7 � Apresentação, discussão e votação das Moções

políticas de orientação global, que tenham ummínimo de 50 delegados subscritores

Ponto 8 � Apresentação, discussão e votação das moçõessectoriais, subscritas por um mínimo de 10delegados

Ponto 9 � Sessão de Encerramento com Intervenção doSecretário-Geral

2. Se houver que proceder à eleição de órgãos nacionais deacordo com as alterações votadas no ponto 5, a mesa doCongresso reorganizará a ordem de trabalhos do modoadequado.

3- A COC procederá à definição horária da Ordem de Trabalhos,a qual pode ser alterada pela mesa do Congresso.

Artº.6º(Funcionamento do Congresso)

1. As deliberações do Congresso Nacional são válidas desdeque tomadas pela maioria do número total dos seus membros,e por maioria simples, sendo imperativo para todos os órgãose membros do Partido;

2. O voto é pessoal e presencial;3. O �quorum� previsto no número um só é exigível para

deliberar, sendo que a respectiva verificação ocorrerá oupor iniciativa da Mesa ou a pedido de qualquer dos delegadospresentes, podendo o Congresso funcionar com qualquernúmero de presenças;

4. É dispensada a leitura das propostas e moções

apresentadas para discutir e votar pelo Congresso, desdeque tenham sido distribuídas pelos delegados;

5. A Mesa é soberana na orientação dos trabalhos do Congresso.

Artº. 7º(Das discussões políticas)

1. Para a apresentação das moções políticas de orientaçãoglobal, que sejam subscritas por um mínimo de 50delegados, os seus proponentes poderão intervir durante20 minutos.

2. Para a apresentação das moções sectoriais, subscritas porum mínimo de 10 delegados, os seus proponentes poderãointervir por um período de tempo fixado pela Mesa emfunção do cumprimento da Ordem de Trabalhos.

3. Se forem efectuadas eleições para órgãos nacionais doPartido, as regras sobre a apresentação de candidaturasaos órgãos nacionais e sobre a duração máxima de cadaintervenção será fixada pelo Congresso sob proposta damesa.

4. A Mesa definirá a duração das intervenções dosproponentes no encerramento da discussão das moçõespolíticas de orientação global.

Artº. 8º(Das intervenções)

1. Os delegados ao Congresso poderão participar nos trabalhosatravés de: intervenções; requerimentos; reclamações; edeclarações de voto.

2. As intervenções poderão ser efectuadas mediante a entregana mesa de um pedido de palavra.

3. Os requerimentos, que são pedidos dirigidos à Mesa,reportam-se ao modo de apresentação, discussão e votaçãode qualquer assunto.

4. Os requerimentos, que terão de ser votados pelo Congresso,consideram-se aprovados se obtiverem 2/3 dos votos dosdelegados presentes.

5. As reclamações (Pontos de Ordem), que são pedidos dirigidosà Mesa, reportam-se à infracção dos Estatutos, doRegulamento ou do Regimento do Congresso.

6. À Mesa cabe deliberar imediatamente sobre as reclamações(Pontos de Ordem), com recurso, para o plenário doCongresso, por parte do reclamante.

7. As declarações de voto são apresentadas à Mesa por escrito,ficando anexas à acta do Congresso, a qual será elaboradapela Mesa até 30 dias após a data da realização do Congressoe entregue ao Secretariado Nacional.

Artº. 9º(Da interpretação e integração das lacunas)

Compete à Mesa a interpretação e integração de lacunas dopresente Regimento e a resolução dos casos omissos, cabendorecurso para o Congresso.

Artº. 10º(Da publicidade)

O presente Regimento do XIII Congresso Nacional do PS serápublicado no órgão oficial do PS �Acção Socialista� , após seraprovado em Comissão Nacional.

REGIMENTODO XIII CONGRESSO NACIONAL

DO PARTIDO SOCIALISTA

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PROPOSTAS DE ALTERAÇÕES DE ESTATUTOSEduardo Ferro Rodrigues

Comissão Política Concelhia de Lisboa

Comissão política da FAUL

Rui Namorado, Fonseca Ferreira e outros

Ernesto Ribeiro da Silva

António Brotas

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Introdução

A presente proposta compõe-se de 3 Partes distintas: a primeira,contém uma metodologia para o processo de revisão dosEstatutos, entre o Congresso e a primeira Comissão Nacionalapós o XIII Congresso (extraordinário); a segunda contémuma proposta de articulado para a revisão, em Congresso,de alguns artigos dos Estatutos; a terceira contém umaproposta de bases para a revisão dos Estatutos as quaisvinculam e devem ser desenvolvidas pela Comissão Nacional,na sequência do XIII Congresso (extraordinário).

PARTE I � METODOLOGIA

Propõe-se a seguinte metodologia:a) No XIII Congresso serão debatidas apenas propostas de

articulado, com efeitos imediatos no próprio Congresso seforem aprovadas, respeitantes aos seguintes temas:- capacidade eleitoral interna dos militantes;- número, composição (excepto inerências e incompatibi-lidades) e eleição dos órgãos nacionais do Partido Socialista.

b) Na Comissão Nacional serão apreciados, debatidos eaprovados articulados sobre todas as restantes modificaçõesestatutárias, sejam aquelas em relação aos quais o XIIICongresso aprove bases, sejam todas as outras que sejamobjecto de propostas de alteração.

PARTE II - PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DOSESTATUTOS DO PARTIDO SOCIALISTA

Nos termos do artigo 116.º, n.º 1, dos Estatutos e dos artigos7.º, n.º 2 e 9.º, n.º 1, do Regulamento para eleição dosdelegados aos XIII Congresso Nacional (Extraordinário), osmilitantes abaixo assinados apresentam a seguinte propostade alteração dos Estatutos do Partido Socialista:

Artigo 1.º

Os artigos 18.º, 58.º, 59.º, 60.º, 62.º, 64.º, 65.º, 71.º, 73.º, 76.ºe 116.º passam a ter a seguinte redacção:

Artigo 18.º (Da capacidade eleitoral)1. (...)2. A capacidade eleitoral passiva para os órgãos do PS adquire-

se após seis meses de inscrição, excepto a capacidade paraa eleição para Secretário-Geral, a qual se adquire após 18meses de inscrição.

Artigo 58.º (Dos órgãos nacionais do Partido)São órgãos nacionais do Partido:

a) (...);b) (...);c) (...);d) (...);e) (...);f) (�);g) (actual h));h) (actual i)).

Artigo 59.º (Da eleição dos membros dos órgãos nacionais)1. (...).2. (...)

3. (...)4. Salvo nas circunstâncias do artigo 60, n.º 2, o Secretário-

Geral é eleito pelo sistema de lista uninominal por sufrágiodirecto de todos os militantes de entre os candidatospropostos por um mínimo de 100 militantes do Partido.

5. Salvo nas circunstâncias do artigo 60.º, n.º 2, a eleição doSecretário-Geral realiza-se simultaneamente com a eleiçãodos delegados ao Congresso Nacional.

6. (...)7. (...)8. (...)

Artigo 60.º (Do Congresso Nacional)1. O Congresso Nacional é o órgão de apreciação e definição

das linhas gerais da política nacional do Partido, competindo-lhe, quando se trate de Congresso ordinário, eleger oPresidente do Partido, a Comissão Nacional, a ComissãoNacional de Jurisdição e a Comissão Nacional de FiscalizaçãoEconómica e Financeira.

2. Quando se trate de Congresso extraordinário, pode oSecretário-Geral propor ao Congresso, até ao termo do seuprimeiro dia de funcionamento, que sejam promovidaseleições para os órgãos nacionais que lhe compete eleger epara Secretário-Geral.

3. Caso o Congresso extraordinário assuma poderes electivosdos órgãos nacionais e do Secretário-Geral, são de imediatopropostas e aprovadas alterações ao respectivo regimentode modo a ordenar o processo eleitoral de acordo com osseguintes princípios mínimos:a) A apresentação de candidaturas a Secretário-Geral requer

a subscrição de pelo menos 50 delegados ao Congresso;b) O período de apresentação, promoção e defesa de

candidaturas não pode ser inferior a 24 horas;c) São garantidas condições de igualdade na apresentação,

promoção e defesa das candidaturas.

4. (anterior n.º 2).5. (anterior n.º 3).

Artigo 62.º (Das reuniões do Congresso Nacional)1. O Congresso nacional reúne ordinariamente dois anos após

a realização do último Congresso, qualquer que tenha sido asua natureza, na sequência da eleição do Secretário-Geral e,extraordinariamente, mediante convocação da ComissãoNacional, do Secretário-Geral ou da maioria das ComissõesPolíticas das Federações que representem também a maioriados membros inscritos no Partido.

2. (...).

Artigo 64.º (Da composição da Comissão Nacional)1. A Comissão Nacional é composta:

a) (...);b) (...);c) (...);d) Por 251 membros eleitos directamente pelo Congresso

Nacional;e) (...);f) (...);g) (...);h) (...);i) (...);j) (...).

2. (...).3. (...).

Artigo 65.º (Da competência da Comissão Nacional)1. (...).2. (...)

a) (...);b) (...);c) (...);d) (...);e) (...);f) (...);g) (...);h) (...);i) (...);j) (...);k) (...);l) (...);m)Aprovar, sob proposta da Comissão Política Nacional, os

regulamentos eleitorais para a eleição directa doSecretário-Geral, dos Presidentes das Federações e dosdelegados aos congressos nacionais e federativos;

n) (...);o) (...);p) (...);q) (�).

Artigo 71.º (Da composição da Comissão Política Nacional)1. (...):

a) (...);b) (...);c) Por 65 membros eleitos pela Comissão Nacional;d) (...);e) (...);f) (...);g) (...);h) (...);i) (...);j) (...);k) (...).

2. (...).

Artigo 73.º (Do funcionamento da Comissão PolíticaNacional)A Comissão Política Nacional reúne ordinariamente de três emtrês semanas e, extraordinariamente, sempre que convocadapelo Secretário-Geral, por iniciativa própria ou a solicitação deum quarto dos seus membros, mediante aviso contendo mençãodo local, do dia e da hora da reunião, bem como a respectivaordem de trabalhos enviada a todos os membros com aantecedência mínima de quarenta e oito horas, redutível ametade em caso de urgência.

Artigo 76.º (Do Secretariado Nacional)1. O Secretariado Nacional é o órgão executivo da Comissão

Política Nacional.2. O Secretariado Nacional, presidido pelo Secretário Geral, é

composto por 11 membros eleitos por maioria, através dosistema de lista completa, pela Comissão Nacional, de entreos membros da Comissão Política Nacional, sob proposta doSecretário-Geral.

PROPOSTA DE METODOLOGIA, DE REVISÃO E DE BASES PARA REVISÃO DOS ESTATUTOS DO PARTIDO SOCIALISTA

FAZER BEMPELO FUTURO

Proponente

EDUARDO FERRO RODRIGUES

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3. (anterior n.º 2).4. (anterior n.º 3).5. (anterior n.º 4).

Artigo 116.º (Do processo de alteração dos Estatutos)1. Os presentes Estatutos são alterados por deliberação do

Congresso Nacional ou por deliberação da Comissão Nacional,se o Congresso lhe atribuir delegação de poderes para tanto,devendo, em qualquer dos casos, a alteração estatutária tersido previamente inscrita na ordem de trabalhos do Congresso.

2. (...)

Artigo 2.º

É revogado o artigo 78.º.

Artigo 3.º

As presentes alterações entram imediatamente em vigor.

PARTE III

Bases de alterações a serem desenvolvidas e concretizadaspela Comissão Nacional

Direitos e deveres dos membros e dos independentes

� Base 1 - Criação, a par da figura do militante, da figura dosimpatizante, não dispondo este de alguns dos deveres e dosdireitos dos militantes, mas recebendo informação e podendo

participar nas reuniões, sem direito a voto.� Base 2 - Consagração da possibilidade de participação de

independentes nos grupos de estudos.

Órgãos do PS

� Base 3 - Consagração dos Grupos Parlamentares (na Assembleiada República, no Parlamento Europeu e nas AssembleiasRegionais) como estruturas reguladas estatutariamente, comautonomia e competências próprias e com as relações com osórgãos nacionais bem definidas.

� Base 4 - Diminuição das inerências com direito a voto noCongresso Nacional e nos órgãos nacionais.

Organização

� Base 5 � Consagração do princípio da gestão central do ficheirode militantes, em base de dados central e com pagamento dequotas encaminhado para contas centrais, sendo estasintegralmente transferidas para as secções.

� Base 6 - Desenvolvimento do conceito de secções de acçãosectorial com:a) Consagração de acções temáticas e secções de trabalho,

as primeiras referidas a temas, problemas ou áreas daspolíticas públicas, as segundas referidas a empresas,organizações ou sectores da actividade económica nas quaistenham participação directa os seus militantes;

b) Criação de coordenações nacionais destas secções que serelacionam e respondem perante os órgãos nacionais.

� Base 7 - Criação de dois novos tipos de secções:a) Cibersecções (via Internet).

b) Secções de duração limitada, que organizam os militantespor um período determinado e em função de um objectivode duração limitada .

� Base 8 - Criação de clubes (Foruns) de política, integrandoinscritos e não inscritos, para debate regular de temasespecíficos.

Estatuto e competências dos dirigentes

� Base 9 - Introdução de um número limite de 4 mandatos dedois anos em alguns órgãos executivos: presidentes defederações, de concelhias e de secções e membros do órgãosexecutivo nacional. O tempo já transcorrido conta, mas apenasaté 25% (2 anos).

� Base 10 - Impedimento da acumulação simultânea de certoscargos executivos.

� Base 11 - Aperfeiçoamento do processo de designação decandidatos a deputados, com a consagração do princípio deque a quota da Comissão Política Nacional passa a serpreenchida sob proposta do Secretário Geral.

� Base 12 - Aperfeiçoamento do processo de designação decandidatos autárquicos com a possibilidade de a designaçãopassar ser obrigatoriamente ratificada pela Comissão PolíticaNacional se não houver concordância entre a Comissão Políticada Federação e a Comissão Política Concelhia sobrecandidaturas autárquicas propostas por esta última.

Programa de legislatura

� Base 13 - Consagração do �Programa de Legislatura�,aprovado em Congresso.

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PROPOSTA DE REVISÃO DE ESTATUTOSProponente

COMISSÃO POLÍTICA CONCELHIA DE LISBOA

(aprovada em Comissão Política Concelhia a 26/09/2002)

INTRODUÇÃO

Com esta proposta de Revisão Estatutária pretendemos apenasfortalecer, modernizar e credibilizar o Partido Socialista, convictosde que ao o fazermos, estaremos simultaneamente a fortalecer oprestígio das instituições democráticas, das quais os partidospolíticos são parte integrante.Não pode haver democracia política sem partidos políticos, nãopodem haver partidos sem militantes, militantes conscientes,activos, informados e detentores dos direitos de cidadania quetodos os partidos reclamam para o cidadão comum.É com base nestes pressupostos que apresentamos esta Proposta:modernizar e credibilizar o PS, promover uma ainda maiortransparência da sua actividade partidária e essencialmenteaprofundar os direitos de cidadania dos seus militantes.Para esse efeito apresentamos um conjunto de alterações adiversos artigos, algumas com significado de alterações essenciaise outras apenas com o objectivo de correcção de pequenos detalhesque permitam um ainda melhor funcionamento.Assim as alterações aos artigos 7º, 8º, 9º, 10º, 14º, 15º, 16º e 18ºprendem-se com a intenção de clarificar direitos (aumentando-os) e deveres dos militantes, assim como visam alteraçõesfundamentais na organização das estruturas de base, com adignificação do papel das Secções de Acção Sectorial e Temáticas,dignificando-as e resolvendo os problemas que se verificam atéao momento no seu relacionamento com as Secções de Residência.Nas alterações que propomos ao artigo 20º promovemos umaautêntica revolução ao introduzirmos o princípio da limitaçãode mandatos e da acumulação de cargos partidários.Nos artigos 25º, 30º, 32º, 33º e 35º são alterações de pormenorrelacionadas com as Secções Temáticas.No artigo 39º aumentamos o grau a participação nas ComissõesPolíticas Concelhias de militantes com responsabilidades nasestruturas de base e nos artigos 56º, 76º, 86º, 113ºe 119º propomosalterações que visam um aperfeiçoamento do nossofuncionamento político.Nos artigos 48º e 61º propomos uma redução drástica dasinerências aos Congressos Federativos e Nacionais que, a seraprovada, constituirá, a par da limitação de mandatos eacumulação de cargos partidários, uma eficaz medida para umarenovação constante no PS.Os artigos 91º e 92º, clarificam as competências quanto àdesignação de cargos políticos, no sentido da confirmação dadescentralização já iniciada em anteriores alterações estatutárias,aumentando a cidadania dos militantes e estruturas de base eintermédias mas, simultaneamente, clarificando e reforçandoos poderes do Secretário-Geral.No artigo 110º damos uma outra dignidade estatutária aosGabinetes de Estudo e acentuamos a sua vertente de interacçãocom os militantes e quadros partidários, assim como com oscidadãos independentes.No artigo114º apresentamos propostas no sentido de uma maiorinserção do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas,promovendo uma maior participação das mulheres do PS nas suasopções, assim como sugerimos uma participação nas listas, porgénero, nunca inferior a 30%.

PROPOSTAS DE ALTERAÇÃO

Artigo 7º(Da inscrição no Partido)1. (mantém)2. (mantém)3. Os militantes são recenseados por secções de residência,

correspondentes à área do domicílio escolhido, por secções

de acção sectorial ou por secções temáticas, designadamentepara efeito de participação em actos eleitorais internos.

4. Cada militante pode, se o desejar, estar inscritosimultaneamente em três estruturas, uma de residência, umasectorial e outra temática.

5. Os militantes inscritos em mais de uma estrutura têm decomunicar no acto de inscrição ao Secretariado Nacional,qual a estrutura em que se recenseiam para efeitos departicipação e votação respeitante a Congressos.

6. Para efeito de participação em actos eleitorais concelhios, osmilitantes inscritos apenas em Secções de Acção Sectoriale/ou em Secções Temáticas, participam no acto eleitoral doConcelho que corresponde ao seu domicílio escolhido.

7. São permitidas as transferências de militantes entre secções.8. O militante transferido para uma secção aí deverá permanecer

por um período mínimo de 24 meses, excepto quando setrate de alteração do domicílio ou do domicílio profissionaldevidamente comprovado.

9. Quando a transferência não se efectuar por alteração dodomicílio ou alteração do domicílio profissional, a mesma écondicionada ao parecer vinculativo, favorável, dosecretariado da secção de destino, o qual, quando negativo,é passível de recurso para o secretariado da Comissão PolíticaConcelhia, ou, no caso de se tratar de uma Secção Concelhia,para o secretariado da Federação respectiva.

10. Até final de Março de cada ano, será enviadaobrigatoriamente a todas as estruturas de base peloSecretariado Nacional, com conhecimento às Federações, orecenseamento actualizado dos membros do Partido aíinscritos, bem como as quotas respectivas.

Artigo 8º(Da aceitação da inscrição)1. (mantém)2. (mantém)3. Cabe à Comissão Política Nacional, após pareceres do

Secretariado da secção competente e do Secretariado daFederação respectiva, deliberar sobre o pedido de inscriçãode antigos militantes do Partido Socialista ou de qualqueroutro Partido.

4. (mantém)

Artigo 9º(Do recurso da decisão sobre o pedido de inscrição)1. Qualquer decisão negativa do Secretariado da secção referida

no nº. 1 do artigo anterior deve ser expressamentefundamentada e transmitida ao requerente, cabendo recursoda mesma, no prazo de 15 dias, para o Secretariado daFederação, e da decisão deste, também no prazo de 15 dias,para a Comissão Política Nacional.

2. (mantém)

Artigo 10º(Da actualização dos dados)1. (mantém)2. (mantém)

3. As transferências efectuadas após o recenseamento anualprevisto nos nº.7 a 9 do artigo 7º, implicam que essesmilitantes só podem eleger e ser eleitos na nova estrutura,após a sua inscrição no recenseamento do ano seguinte.

 Artigo 14º(Dos direitos)Mantém-se o nº1 com todas as alíneas, o nº2 e elimina-se otexto do nº3 que se substitui pelo seguinte:

3.�Os militantes socialistas com a quotização em dia têm direitode receber gratuitamente no seu domicílio escolhido, o órgãooficial do Partido Socialista.

Artigo 15º(Dos deveres)São deveres dos membros do Partido Socialista:Mantêm-se todas as alíneas, com excepção da alínea f), cujotexto passa a ser o seguinte:

f) Pagar uma quota mensal por cada Secção em que estejainscrito;

Artigo 16º(Da suspensão e perda dos direitos de membro do Partido)1. (mantém)2. (mantém)3. Os membros com inscrição suspensa, ou que a tenham perdido

por não pagamento de quotas, não podem participar nosactos eleitorais internos e devem ser eliminados dorecenseamento seguinte referido no nº. 10 do artigo 7º.

Artigo 18º(Da capacidade eleitoral)1. Só têm capacidade eleitoral activa os membros do Partido

constantes do recenseamento referido no nº. 10 do artigo7º, com mais de seis meses de inscrição no momento do actoeleitoral.

2. (mantém)

Artigo 20º(Do mandato dos órgãos electivos)1. (mantém)2. (mantém)3. (mantém)4. (mantém)5. Os membros dos órgãos executivos, com a excepção do

Secretário-Geral, só podem ser eleitos, para o mesmo cargo,por três mandatos consecutivos.

6. Nenhum militante do Partido pode acumular cargosexecutivos, salvo se um deles for na sua estrutura de base.Os cargos executivos em estruturas de base não sãoacumuláveis.

Artigo 22º.(Da organização territorial)1. (mantém)2. (mantém)3. A actividade do Partido em sectores específicos e em áreas

relevantes da temática social, económica ou cultural organiza-se com base em secções de acção sectorial e em secçõestemáticas, respectivamente.

3. (mantém)4. (mantém)5. (mantém)

Artigo 25º(Das estruturas de base sectorial e temáticas)

1. As secções de acção sectorial e as secções temáticas são asestruturas, constituídas por um número mínimo de 15membros do Partido, que exerçam actividade na mesmaempresa, preferencialmente no mesmo sector de actividadeou, no caso das secções temáticas, organizados em torno deum interesse temático específico de carácter social,

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económico ou cultural.2. (mantém)3. (mantém)4. Este ponto é eliminado por estar prejudicado pela alínea f)

do artigo 15º.

Artigo 30º(Das secções de residência, de acção sectorial e temáticas)As secções de residência, as secções de acção sectorial e assecções temáticas são as estruturas de base do Partidoconstituídas para a definição, execução e divulgação da suaorientação política a nível local, sectorial e temático,respectivamente.

Artigo 32º(Dos órgãos das secções de acção sectorial e temáticas)

São órgãos das secções de acção sectorial e das secções temáticasa Assembleia Geral e o Secretariado.

Artigo 33º(Da Assembleia Geral)A Assembleia-geral, constituída por todos os membros inscritosna secção de residência, de acção sectorial ou temática é oórgão deliberativo das estruturas de base, competindo-lhe oexercício das competências genericamente definidas no artigo30º, e em especial:

a) (mantém)b) (mantém)c) (mantém)d) (mantém)e) (mantém)

Artigo 35º(Do secretariado das estruturas de base)1. O Secretariado das Secções de Residência, de Acção Sectorial

ou das Secções Temáticas é o órgão executivo das estruturasde base responsável pela execução da linha política do Partidodefinida pelos órgãos competentes.

2. (mantém)3. (mantém)4. (mantém)5. (mantém)6. Um representante dos núcleos da JS é membro do

secretariado da secção de residência com direito a voto.7. (mantém)

Artigo 39º(Da Comissão Política Concelhia)1. (mantém)2. (mantém)3. (mantém)4. Os secretários coordenadores das Secções de Residência,

Acção Sectorial e Temáticas sediadas na área da concelhiaparticipam, com direito a voto � não electivo � nas reuniõesda CPC.

5. Os Presidentes das Juntas de Freguesia, os Presidentes dasAssembleias de Freguesia, ou os primeiros eleitos nasAssembleias de Freguesias do concelho, inscritos no PS, e osmembros dos órgãos federativos e nacionais inscritos naárea do concelho participam, sem direito a voto, nas reuniõesda CPC.

6. (mantém)7. (mantém)8. (mantém)9. (mantém)10. (mantém)

Artigo 48º(Da composição do Congresso da Federação)1. O Congresso da Federação tem a seguinte composição:

a) Os delegados eleitos pelas secções de residência, de acçãosectorial e temáticas;

b) O Presidente e os membros que integram o Secretariado

da Federação.c) Os Presidentes das Comissões Políticas Concelhias;d) O Presidente Distrital da Juventude Socialista.

2. Participam também no Congresso, sem direito a voto:a) Os Secretários-Coordenadores das secções da área da

Federação;b) Os restantes membros que integram os órgãos federativos.c) A Coordenadora do Departamento Federativo das Mulheres

Socialistas.d) Os membros do Governo e os deputados à Assembleia da

República e ao Parlamento Europeu, inscritos na área daFederação;

e) Presidentes das Câmaras, Presidentes das AssembleiasMunicipais, Membros das Juntas Regionais e Presidentesdas Assembleias Regionais do PS, ou os primeiros eleitospara aqueles órgãos filiados no PS;

f) Os membros socialistas das Assembleias Regionais eAssembleias Metropolitanas;

g) Os membros dos Governos Regionais e deputadosregionais, inscritos na área da Federação ou eleitos porcírculos eleitorais correspondentes à sua área;

h) Os membros dos órgãos nacionais inscritos na área daFederação.

3. Os delegados ao Congresso da Federação referidos nas alíneasb) a d) do nº1, não podem exceder um quarto do númerototal dos delegados eleitos.

Artigo 56º(Da Comissão Federativa de Jurisdição)1. (mantém)2. Compete à Comissão Federativa de Jurisdição em especial:

a) (mantém) b) (mantém) c) (mantém) d) (mantém) e) (mantém) f) (mantém) g) (mantém)

3. (mantém)4. (mantém)5. (mantém)6. Quando não exista Comissão Federativa de Jurisdição, ou a

que existe se declare impedida ou não dê andamento aosprocessos, ou não os julgue, desde que findos, no prazomáximo de dois meses a sua competência transfere-se paraa Comissão Nacional de Jurisdição.

7. (mantém)

Artigo 61º(Da composição do Congresso Nacional)

1. O Congresso Nacional tem a seguinte composição:a) Delegados eleitos pelas secções de residência, de acção

sectorial e temáticas;b) (mantém)c) (mantém)d) (mantém)e) Os membros que integram o Secretariado Nacional;f) Os Presidentes das Federações;g) O Secretário-Geral da Juventude Socialista.h) Os Presidentes da Tendência Sindical Socialista, da

Associação Nacional de Autarcas Socialistas e doDepartamento Nacional das Mulheres Socialistas.

2. Participam também no Congresso, sem direito a voto:a) Os Membros do Governo e dos Grupos Parlamentares na

Assembleia da República, nas Assembleias Regionais eno Parlamento Europeu, filiados no PS;

b) Os restantes membros que integram os Órgãos Nacionais;c) Os membros dos Governos Regionais filiados no PS;d) Os Presidentes de Câmaras Municipais, Presidentes das

Assembleias Municipais, Membros das Juntas Regionaise Presidentes das Assembleias Regionais do PS, ou osprimeiros eleitos para aqueles órgãos municipais filiadosno PS;

e) Os Presidentes das Comissões Políticas Concelhias;

f) Os membros do órgão executivo nacional do DepartamentoNacional das Mulheres Socialistas.

3. Os delegados ao Congresso referidos nas alíneas b) a h) donº1, não podem exceder um quarto do número total dosdelegados eleitos.

Artigo 76º(Da competência do Secretariado Nacional)1. (mantém)2. (mantém)

a) (mantém)b) (mantém)c) Propor à Comissão Política Nacional o modelo da estrutura

organizativa e funcional dos serviços, o regulamentofinanceiro, o regulamento nacional de quotização, oestatuto e o sistema de carreiras dos funcionários doPartido.

Artigo 86º(Dos grupos de representantes e parlamentares)1. (mantém)2. (mantém)3. O Grupo de Representantes e o Grupo Parlamentar, nos órgãos

autárquicos de uma determinada área, devem organizar-secom o objectivo de estabelecerem sinergias e concertarem aactividade política do PS, na defesa da qualidade de vida doscidadãos.

Artigo 90º.(Da designação para cargos políticos)1.

a) À Assembleia-geral da Secção de residência, relativamenteaos candidatos às Assembleias de Freguesia, comobservância dos critérios objectivos formulados pelaComissão Política Concelhia.

b) À Comissão Política Concelhia, quando se trate de cargosde âmbito concelhio ou relativamente às freguesias, àsquais não corresponda secção de residência. Todavia,quando o cargo de âmbito concelhio coincidir com a escolhado cabeça de lista para o executivo de um órgão municipalcapital de distrito, a Comissão Política Concelhia deverápromover uma consulta prévia ao Secretariado daFederação respectiva, para definição do perfil do cabeçade lista a escolher;

c) (mantém)d) (mantém)e) (mantém)

Mantêm-se os actuais pontos 2, 3, 4 e 5 dos estatutos em vigor.

Artigo 91º(Da designação de candidatos a Deputados)1. Quando se trate da designação de candidatos a deputados à

Assembleia da República, compete à Comissão Política daFederação do respectivo círculo eleitoral aprovar aconstituição da lista com observância dos critérios objectivosformulados pela Comissão Política Nacional e com respeitopelo disposto nos dois números seguintes.

2. Compete ao Secretário-Geral propor à Comissão PolíticaNacional a designação do cabeça-de-lista para todos oscírculos eleitorais, após consulta às Federações.

3. A Comissão Política Nacional tem o direito de designar, porproposta do Secretário-Geral, candidatos para as listas, tendoem conta a respectiva dimensão, indicando o seu lugar deordem, num número global nunca superior a 30% do númerototal de deputados eleitos na última eleição.

4. As listas são ratificadas pela Comissão Política Nacionalexclusivamente para efeito de avaliação da sua conformidadecom o disposto nos números anteriores.

Artigo 92º.(Dos prazos de exercício)1 (mantém)2. (mantém)3. A Comissão Política Nacional deve enviar às Federações as

Page 8: REGIMENTO - PS · nœmero de presenças; 4. É dispensada a leitura das propostas e moçıes apresentadas para discutir e votar pelo Congresso, desde que tenham sido distribuídas

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deliberações previstas no nº. 3 do artigo 91º, com umaantecedência obrigatória mínima de 5 dias, antes da datada realização das Comissão Políticas Federativas para queestas possam exercer as suas competências estatutárias.

Artigo 110º(Dos Gabinetes de Estudos)1. O Gabinete de Estudos Nacional é a estrutura permanente

de investigação e apoio técnico do Partido, funcionandojunto do Secretariado Nacional.

2. (mantém)3. Do Gabinete de Estudos Nacional (GEN)

a) O Gabinete é constituído por um Coordenador Nacional,designado pelo Secretário-Geral, pelos ResponsáveisSectoriais Nacionais, pelos Coordenadores dosGabinetes de Estudos Federativos, por militantes ecidadãos independentes convidados para o integrarem.

b) O GEN reúne ordinariamente duas vezes por ano eextraordinariamente sempre que o seu Coordenadorconsiderar conveniente, devendo das suas actasconstar conclusões prospectivas sobre os diferentesSectores de Actividade que o compõem.

4 - Dos Gabinetes de Estudo Federativos (GEFs)a) O GEF é constituído por um Coordenador Federativo,

designado pelo Presidente da Federação, pelosCoordenadores das Secções de Acção Sectorial eTemáticas, pelos Coordenadores dos Gabinetes deEstudos Concelhios, caso existam, e por militantes ecidadãos independentes convidados para o integrarem,

após audição das Secções Temáticas sedeadas na áreada Federação para o sector, caso existam.

b) O GEF reúne ordinariamente com carácter trimestral eextraordinariamente sempre que o seu Coordenadorconsiderar conveniente, devendo das suas actasconstar conclusões prospectivas sobre os diferentesSectores de Actividade que o compõem.

5. Dos Gabinetes de Estudo Concelhios (GECs)a) O GEC é constituído por um Coordenador Concelhio,

designado pelo Presidente da Concelhia, pelosResponsáveis Sectoriais Concelhios e por militantes ecidadãos independentes convidados para o integrarem,após audição das Secções Temáticas sedeadas na áreado Concelho para o sector, caso existam.

b) O GEC reúne ordinariamente com uma periodicidadebimensal e extraordinariamente sempre que o seuCoordenador considerar conveniente, devendo das suasactas constar conclusões prospectivas sobre osdiferentes Sectores de Actividade que o compõem.

Artigo113º(Organização e Audição)Os autarcas socialistas, preferencialmente através daAssociação Nacional dos Autarcas Socialistas, devem serouvidos pelos órgãos Directivos do Partido, em especial peloResponsável Nacional pelas Autarquias Locais, em tudo oque lhes diga directamente respeito, tendo direito a formaçãoe apoio do Partido para o exercício das suas funçõesautárquicas.

Artigo 114º(Da igualdade de direitos)1. O Departamento Nacional das Mulheres Socialistas tem como

objectivo promover uma efectiva igualdade de direitos entre osgéneros, bem como a participação paritária em todos os domíniosda vida política, económica, cultural, social e a sua intervenção naactividade do Partido.

2. A Presidente e os restantes órgãos do Departamento Nacional dasMulheres Socialistas são eleitas por todas as militantes queintegram as secções de residência, de acção sectorial e temáticas.

3. (mantém)4. Com vista à realização do objectivo referido no nº 1, os órgãos

partidários, bem como as listas de candidaturas plurinominaispara e por eles propostas, devem garantir uma representaçãomínima de 30% de militantes de qualquer dos géneros, salvocondições excepcionais de incumprimento como tal caracterizadaspela Comissão Nacional.

5. (mantém)6. (mantém)7. (mantém)8. O Departamento das Mulheres Socialistas apoiar-se-á num Conselho

Consultivo que integrará representantes das secções de residência,de acção sectorial e temáticas.

Artigo 119º(Da entrada em vigor)4. As limitações à capacidade eleitoral passiva, consignadas no nº. 5

do artigo 20º, produzirão efeitos a partir da entrada em vigor dapresente revisão estatutária.

Page 9: REGIMENTO - PS · nœmero de presenças; 4. É dispensada a leitura das propostas e moçıes apresentadas para discutir e votar pelo Congresso, desde que tenham sido distribuídas

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PROPOSTAS DE ALTERAÇÃO

Artigo 7º(Da inscrição no Partido)1. A inscrição no Partido Socialista é individual e pode ser

apresentada em qualquer estrutura do Partido, em impressopróprio, assinado pelo requerente e por dois proponentes,membros do partido há mais de seis meses.

2. � a manter3. Os militantes são recenseados por secções de residência

correspondentes à área do domicílio escolhido, por secçõesde acção sectorial ou por secções temáticas,designadamente para efeito de participação em actoseleitorais internos.

4. Cada militante pode, se o desejar, estar inscritosimultaneamente em três estruturas, uma de residência,uma sectorial e outra temática.

5. Os militantes inscritos em mais de uma estrutura têm decomunicar no acto de inscrição ao Secretariado Nacional,qual a estrutura em que se recenseiam para efeitos departicipação e votação respeitante a Congressos.

6. Para efeito de participação em actos eleitorais concelhios,os militantes inscritos apenas em Secções de Acção Sectoriale/ou em Secções Temáticas, participam no acto eleitoral doconcelho que corresponde ao seu domicílio escolhido.

7. São permitidas as transferências de militantes entre secções,até seis meses antes de qualquer acto eleitoral.

8. O militante transferido para uma secção aí deverápermanecer por um período mínimo de vinte e quatro meses,excepto quando se trate de alteração do domicílio ou dodomicílio profissional devidamente comprovado.

9. Quando a transferência não se efectuar por alteração dodomicílio ou alteração do domicílio profissional, a mesma écondicionada ao parecer vinculativo, favorável, dosecretariado da secção de destino, o qual, quando negativo,é passível de recurso para o secretariado da Comissão PolíticaConcelhia, ou, no caso de se tratar de uma Secção Concelhia,para o secretariado da Federação respectiva.

10. Até final de Março de cada ano, será enviadaobrigatoriamente a todas as estruturas de base peloSecretariado Nacional, com conhecimento às Federações,o recenseamento actualizado dos membros do Partido aíinscritos, bem como as quotas respectivas.

 Artigo 8º(Da aceitação da inscrição)1. � a manter2. � a manter3. Cabe à Comissão Política Nacional, após pareceres do

Secretariado da secção competente e do Secretariado daFederação respectiva, deliberar sobre o pedido de inscriçãode antigos militantes do Partido Socialista ou de qualqueroutro partido.

4. � a manter

Artigo 9º(Do recurso da decisão sobre o pedido de inscrição)1. Qualquer decisão negativa do Secretariado da secção

referida no nº 1 do artigo anterior, deve serexpressamente fundamentada e transmitida aorequerente, cabendo recurso da mesma, no prazo dequinze dias, para o Secretariado da Federação, e da decisãodeste, também no prazo de quinze dias, para a ComissãoPolítica Nacional.

2. � a manter

Artigo 10º(Da actualização dos dados)1. � a manter2. � a manter3. As transferências efectuadas após o recenseamento anual

previsto nos números 7 a 9 do artigo 7º, implicam que essesmilitantes só podem eleger e ser eleitos na nova estrutura,após a sua inscrição no recenseamento do ano seguinte.

 Artigo 14º(Dos direitos)1. � a manter2. � a manter3. Os militantes socialistas com a quotização em dia têm direito

de receber gratuitamente no seu domicílio escolhido, o órgãooficial do Partido Socialista.

Artigo 15º(Dos deveres)São deveres dos membros do Partido Socialista:

a) � a manterb) � a manterc) � a manterd) � a mantere) � a manterf) Pagar uma quota mensal por cada secção em que esteja

inscrito;g) � a manterh) - a eliminar, dada a redacção proposta para o artº 14º, nº 3

Artigo 16º(Da suspensão e perda dos direitos de membro do Partido)1. � a manter2. � a manter3. Os membros com inscrição suspensa, ou que a tenham perdido

por não pagamento de quotas, não podem participar nosactos eleitorais internos e devem ser eliminados dorecenseamento seguinte referido no nº 10 do artigo 7º.

Artigo 18º(Da capacidade eleitoral)Gozam de capacidade eleitoral activa e passiva os membros doPartido constantes do recenseamento referido no nº 10 do artigo7º, com mais de seis meses de inscrição no momento do actoeleitoral.

Artigo 20º(Do mandato dos órgãos electivos)1. � a manter2. � a manter3. � a manter4. � a manter5. Os membros dos órgãos executivos, com a excepção do

Secretário-Geral, só podem ser eleitos, para o mesmo cargo,por três mandatos consecutivos.

6. Nenhum militante do Partido pode acumular cargosexecutivos, salvo se um deles for na sua estrutura de base.Os cargos executivos em estruturas de base não sãoacumuláveis.

Artigo 21º(Da participação de cidadãos independentes esimpatizantes)1. Os órgãos deliberativos do Partido, sempre que o julguem

conveniente, podem convidar cidadãos independentes e

simpatizantes a participar na actividade das estruturas e nasreuniões dos órgãos do Partido.

2. Os independentes e os simpatizantes convidados a participarem reuniões dos órgãos do Partido não participam na tomadade deliberações.

3. Os órgãos do Partido, de âmbito municipal, federativo enacional, devem promover encontros regulares, ao seu nível,envolvendo os simpatizantes e os cidadãos independentesidentificados com as opções programáticas do Partido edestinados a debater a situação política e a reforçar ainterligação entre o Partido, os simpatizantes e a populaçãoem geral.

Artigo 22º.(Da organização territorial)

1. � a manter2. A estrutura do Partido a nível local organiza-se com base nas

secções de residência, nas secções de acção sectorial etemáticas de âmbito municipal e nas comissões políticasconcelhias.

3. A actividade do Partido em sectores específicos e em áreasrelevantes da temática social, económica e cultural, organiza-se com base em secções de acção sectorial e em secçõestemáticas, de âmbito nacional ou municipal.

4. Em cada região administrativa as secções coordenam as suasactividades no âmbito das circunscrições administrativas maisrelevantes.

Artigo 23º(Da constituição e extinção das estruturas de base)1. A constituição e extinção de secções de residência, de acção

sectorial e temáticas, no âmbito da Federação, é dacompetência da Secretariado da Federação, ouvida arespectiva Comissão Política Concelhia, no caso das secçõesde residência ou de âmbito municipal.

2. � a manter3. � a manter4. � a manter

Artigo 24º(Das estruturas de base territorial)1. � a manter2. As comissões políticas concelhias são as estruturas que

articulam e coordenam a actividade do Partido ao nívelmunicipal.

Artigo 25º(Das estruturas de base sectorial e temáticas)1. As secções de acção sectorial e as secções temáticas são as

estruturas, constituídas por um número mínimo de 15membros do Partido, que exerçam actividade na mesmaempresa, preferencialmente no mesmo sector de actividadeou, no caso das secções temáticas, organizados em torno deum interesse temático específico de carácter social,económico ou cultural.

2. � a manter3. � a manter4. � a eliminar por estar prejudicado pela alínea f) do artigo 15º

Artigo 29º(Do poder de auto-organização)1. No respeito pelo disposto nos presentes estatutos, são

conferidos a todas as estruturas do Partido poderescomplementares de auto-organização.

PROPOSTA DE REVISÃO DE ESTATUTOS DO PS(a apresentar nos termos do artº 9º do Regulamento do XIII Congresso)

10 de Outubro de 2002

Proponente

COMISSÃO POLÍTICA DA FAUL

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2. Os poderes referidos no número anterior são exercidos pelaAssembleia Geral das secções, pela Comissão PolíticaConcelhia e pela Comissão Política Federativa.

3. � a manter

Artigo 30º(Das secções de residência, de acção sectorial e temáticas)As secções de residência, as secções de acção sectorial e assecções temáticas são as estruturas de base do Partidoconstituídas para a definição, execução e divulgação da suaorientação política a nível local, sectorial e temático,respectivamente.

Artigo 32º( Dos órgãos das secções de acção sectorial e temáticas)São órgãos das secções de acção sectorial e das secções temáticasa Assembleia Geral e o Secretariado.

Artigo 33º(Da Assembleia Geral)A Assembleia Geral, constituída por todos os membros inscritosna secção de residência, de acção sectorial ou temática, é oórgão deliberativo das estruturas de base, competindo-lhe oexercício das competências genericamente definidas no artigo30º, e em especial:

a) � a manterb) � a manterc) � a manterd) � a mantere) � a manter

Artigo 35º(Do secretariado das estruturas de base)1. O Secretariado das secções de residência, de acção sectorial

ou das secções temáticas é o órgão executivo das estruturasde base responsável pela execução da linha política do Partidodefinida pelos órgãos competentes.

2. � a manter3. � a manter4. � a manter5. � a manter6. Um representante dos núcleos da Juventude Socialista é membro

do secretariado da secção de residência com direito a voto.7. � a manter

Artigo 36º(Das Comissões Políticas Concelhias)As Comissões Políticas Concelhias são as estruturas responsáveispela coordenação da intervenção política do Partido ao nívelmunicipal e pela articulação entre as secções de residênciaexistentes na área do município.

Artigo 37º(Dos órgãos da Comissão Política Concelhia)São órgãos da Comissão Política Concelhia:

a) A Comissão Política Concelhia;b) O Presidente da Comissão Política Concelhia;c) O Secretariado da Comissão Política Concelhia.

Artigo 39º(Da Comissão Política Concelhia)1. � a manter2. A Comissão Política Concelhia é composta por 15 a 61

membros, eleitos pelos militantes inscritos na área domunicípio, pelo Presidente da Câmara Municipal, peloPresidente da Assembleia Municipal, ou pelos primeiros eleitosna câmara e na assembleia municipal inscritos no PartidoSocialista, e por representantes da Juventude Socialistaeleitos pela estrutura respectiva correspondentes a umdécimo dos membros eleitos directamente.

3. � a manter4. Os secretários-coordenadores das secções de residência, de

acção sectorial e temáticas sediadas na área do municípioparticipam, sem direito a voto, nas reuniões da ComissãoPolítica Concelhia.

5. Os Presidentes das Juntas de Freguesia, os Presidentes dasAssembleias de Freguesia, ou os primeiros eleitos nasAssembleias de Freguesia do município inscritos no PartidoSocialista, e os membros dos órgãos federativos e nacionaisinscritos na área do município participam, sem direito a voto,nas reuniões da Comissão Política Concelhia.

6. A Comissão Política Concelhia elege, de entre os seusmembros, o Secretariado da Comissão Política, sob propostado respectivo Presidente, que o coordena.

7. As reuniões da Comissão Política Concelhia são dirigidas poruma Mesa, composta por um Presidente e dois Secretários,propostos pelo Presidente da Comissão Política Concelhia eeleitos na primeira reunião, de entre os seus membros.[ a redacção actual é eliminada face à nova redacção propostapara o artº 43º, nº 1, alínea a) ]

8. � a manter9. � a manter10. � a manter

Artigo 40º(Da competência da Comissão Política Concelhia)Compete em especial à Comissão Política Concelhia:

a) � a manterb) � a manterc) � a manterd) � a mantere) � a manterf) � a manterg) � a manterh) Promover e dirigir, no respeito pelos presentes estatutos,

o processo eleitoral para os primeiros órgãos das secçõesrecentemente criadas;

i) Fixar o montante e forma de pagamento da quotaextraordinária a pagar pelos titulares de cargos políticosremunerados eleitos em listas cuja aprovação seja da suacompetência.

Artigo 42º(Do Presidente da Comissão Política Concelhia)Ao Presidente da Comissão Política Concelhia competerepresentar a Comissão Política Concelhia, coordenar a suaactividade e a do Secretariado, convocar as respectivas reuniõese assegurar a articulação adequada com os secretariados dassecções de residência, acção sectorial e temáticas que existamna área do município.

Artigo 43º(Do Secretariado da Comissão Política Concelhia)1. O Secretariado, órgão executivo da Comissão Política

Concelhia, é constituído pelo seu Presidente e por seis a dezelementos, eleitos de entre os seus membros, sob propostado Presidente, competindo-lhe designadamente:a) Executar as deliberações e decisões dos órgãos nacionais,

da respectiva Federação e da Comissão Política Concelhia,bem como exercer as funções que lhe tenham sidodelegadas pela Comissão Política Concelhia;

c) � a manterd) � a mantere) � a manter

2. O Presidente da Comissão Política Concelhia da JuventudeSocialista é membro do Secretariado da Comissão PolíticaConcelhia, com direito a voto.

3. � a manter

Artigo 48º(Da composição do Congresso da Federação)1. O Congresso da Federação tem a seguinte composição:

a) Os delegados eleitos pelas secções de residência, de acçãosectorial e temáticas;

b) O Presidente e os membros que integram o Secretariadoda Federação;

c) Os Presidentes das Comissões Políticas Concelhias;d) O Presidente distrital da Juventude Socialista.

2. Participam também no Congresso, sem direito a voto:a) Os Secretários-Coordenadores das secções da área da

Federação;b) Os restantes membros que integram os órgãos federativos;c) A Coordenadora do Departamento Federativo das Mulheres

Socialistas;d) Os membros do Governo e os deputados à Assembleia da

República e ao Parlamento Europeu, inscritos na área daFederação;

e) Os Presidentes das Câmaras, os Presidentes dasAssembleias Municipais, os Membros das Juntas Regionaise os Presidentes das Assembleias Regionais do PartidoSocialista, ou os primeiros eleitos para aqueles órgãos,filiados no Partido Socialista;

f) Os membros socialistas das Assembleias Regionais eAssembleias Metropolitanas;

g) Os membros dos Governos Regionais e deputadosregionais, inscritos na área da Federação ou eleitos porcírculos eleitorais correspondentes à sua área;

h) Os membros dos órgãos nacionais inscritos na área daFederação.

3. Os delegados ao Congresso da Federação referidos nas alíneasb) a d) do nº1, não podem exceder um quarto do númerototal dos delegados eleitos.

 Artigo 56º(Da Comissão Federativa de Jurisdição)1. � a manter2. � a manter3. � a manter4. � a manter5. � a manter6. Quando não exista Comissão Federativa de Jurisdição, ou a

que existe se declare impedida ou não dê andamento aosprocessos, ou não os julgue, desde que findos, no prazomáximo de dois meses, a sua competência transfere-se paraa Comissão Nacional de Jurisdição.

7. � a manter

Artigo 61º(Da composição do Congresso Nacional)1. O Congresso Nacional tem a seguinte composição:

a) Delegados eleitos pelas secções de residência, de acçãosectorial e temáticas;b) � a manterc) � a manterd) � a mantere) Os membros que integram o Secretariado Nacional;f) Os Presidentes das Federações;g) O Secretário-Geral da Juventude Socialista;h) Os Presidentes da Tendência Sindical Socialista, da

Associação Nacional de Autarcas Socialistas e doDepartamento Nacional das Mulheres Socialistas.

2. Participam também no Congresso, sem direito a voto:a) Os Membros do Governo e dos Grupos Parlamentares na

Assembleia da República, nas Assembleias Regionais eno Parlamento Europeu, filiados no Partido Socialista;

b) Os restantes membros que integram os Órgãos Nacionais;c) Os membros dos Governos Regionais, filiados no Partido

Socialista;d) Os Presidentes de Câmaras Municipais, Presidentes das

Assembleias Municipais, Membros das Juntas Regionaise Presidentes das Assembleias Regionais do PartidoSocialista, ou os primeiros eleitos para aqueles órgãosmunicipais filiados no Partido Socialista;

e) Os Presidentes das Comissões Políticas Concelhias;f) Os membros do órgão executivo nacional do Departamento

Nacional das Mulheres Socialistas.3. Os delegados ao Congresso referidos nas alíneas b) a h) do

nº 1 não podem exceder um quarto do número total dosdelegados eleitos.

Artigo 66º(Dos referendos internos)1. � a manter2. � a manter3. � a manter

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4. Os referendos internos podem ter carácter deliberativo oumeramente consultivo.

5. O âmbito nacional, regional ou local do referendo internodetermina a competência do órgão partidário competente paraa sua convocação.

6. A natureza e a convocação de um referendo interno de âmbitoregional ou local depende do prévio assentimento do órgãopartidário hierarquicamente superior.

Artigo 76º(Da competência do Secretariado Nacional)1. � a manter2. Compete ao Secretariado Nacional em especial:

a) � a manterb) � a manterc) Propor à Comissão Política Nacional o modelo da estrutura

organizativa e funcional dos serviços, o regulamentofinanceiro, o regulamento nacional de quotização, oestatuto e o sistema de carreiras dos funcionários do Partido.

Artigo 86º(Dos grupos de representantes e parlamentares)1. � a manter2. � a manter3. O Grupo de Representantes e o Grupo Parlamentar nos órgãos

autárquicos de uma determinada área, devem organizar-secom o objectivo de estabelecerem sinergias e concertarem aactividade política do Partido Socialista, na defesa da qualidadede vida dos cidadãos.

Artigo 89º(Da disciplina de voto)Os membros dos Grupos de Representantes e ParlamentaresSocialistas estão sujeitos à disciplina de voto fixada pelo respectivogrupo ou pelo órgão do Partido perante o qual o qual o respectivogrupo é responsável nos termos do artº 87º.

Artigo 90º.(Da designação para cargos políticos)1. A designação para cargos políticos compete:

a) À Assembleia Geral da secção de residência, relativamenteaos candidatos às Assembleias de Freguesia, comobservância dos critérios objectivos formulados pelaComissão Política Concelhia.

b) À Comissão Política Concelhia, quando se trate de cargosde âmbito municipal ou relativamente às freguesias, àsquais não corresponda secção de residência. Todavia,quando o cargo de âmbito municipal coincidir com a escolhado cabeça de lista para o executivo de um órgão municipalcapital de distrito, a Comissão Política Concelhia deverápromover uma consulta prévia ao Secretariado da Federaçãorespectiva, para definição do perfil do cabeça de lista aescolher;

c) � a manterd) � a mantere) � a manter

2. � a manter3. � a manter4. � a manter5. � a manter

Artigo 91º(Da designação de candidatos a deputados)1. Quando se trate da designação de candidatos a deputados à

Assembleia da República, compete à Comissão Política daFederação do respectivo círculo eleitoral aprovar aconstituição da lista com observância dos critérios objectivosformulados pela Comissão Política Nacional e com respeitopelo disposto nos dois números seguintes.

2. Compete ao Secretário-Geral propor à Comissão PolíticaNacional a designação do cabeça-de-lista para todos oscírculos eleitorais, após consulta às Federações.

3. A Comissão Política Nacional tem o direito de designar, porproposta do Secretário-Geral, candidatos para as listas, tendoem conta a respectiva dimensão, indicando o seu lugar deordem, num número global nunca superior a 30% do númerototal de deputados eleitos na última eleição.

4. As listas são ratificadas pela Comissão Política Nacionalexclusivamente para efeito de avaliação da sua conformidadecom o disposto nos números anteriores.

Artigo 92º.(Dos prazos de exercício)1. � a manter2. � a manter3. A Comissão Política Nacional deve enviar às Federações as

deliberações previstas no nº 3 do artigo 91º, com umaantecedência obrigatória mínima de cinco dias, antes dadata da realização das Comissões Políticas Federativas paraque estas possam exercer as suas competências estatutárias.

Artigo 110º(Dos Gabinetes de Estudos)1. O Gabinete de Estudos é a estrutura permanente de

investigação e apoio técnico do Partido, funcionando juntodo Secretariado Nacional.

2. � a manter3. Do Gabinete de Estudos Nacional (GEN)

a) O Gabinete de Estudos Nacional é constituído por umCoordenador Nacional, designado pelo Secretário-Geral,pelos responsáveis sectoriais nacionais, peloscoordenadores dos Gabinetes de Estudos Federativos, pormilitantes e cidadãos independentes convidados peloSecretário-Geral para o integrarem.

b) O Gabinete de Estudos Nacional reúne ordinariamenteduas vezes por ano e extraordinariamente sempre que oseu Coordenador considerar conveniente, devendo dassuas actas constar conclusões prospectivas sobre osdiferentes sectores de actividade que o compõem.

4. Dos Gabinetes de Estudo Federativos (GEF)a) O Gabinete de Estudo Federativo é constituído por um

Coordenador Federativo, designado pelo Presidente daFederação, pelos Coordenadores das Secções de AcçãoSectorial e Temáticas, pelos coordenadores dosGabinetes de Estudos Concelhios, caso existam, e pormilitantes e cidadãos independentes convidados para ointegrarem, após audição das Secções Temáticassediadas na área da Federação para o sector, casoexistam.

b) O Gabinete de Estudo Federativo reúne ordinariamentecom carácter trimestral e extraordinariamente sempre que

o seu coordenador considerar conveniente, devendo dassuas actas constar conclusões prospectivas sobre osdiferentes sectores de actividade que o compõem.

5. Dos Gabinetes de Estudo Concelhios (GEC)a) O Gabinete de Estudo Concelhio é constituído por um

coordenador concelhio, designado pelo Presidente daComissão Política Concelhia, pelos responsáveis sectoriaisconcelhios e por militantes e cidadãos independentesconvidados para o integrarem, após audição das SecçõesTemáticas sediadas na área do município para o sector,caso existam.

b) O Gabinete de Estudo Concelhio reúne ordinariamentecom uma periodicidade bimensal e extraordinariamentesempre que o seu coordenador considerar conveniente,devendo das suas actas constar conclusões prospectivassobre os diferentes sectores de actividade que o compõem.

Artigo113º (Organização e audição dos Autarcas Socialistas)Os autarcas socialistas, preferencialmente através da AssociaçãoNacional dos Autarcas Socialistas, devem ser ouvidos pelos órgãosdirectivos do Partido, em especial pelo responsável nacionalpelas autarquias locais, em tudo o que lhes diga directamenterespeito, tendo direito a formação e apoio do Partido para oexercício das suas funções autárquicas.

Artigo 114º(Da igualdade de género)1. O Departamento Nacional das Mulheres Socialistas tem como

objectivo promover uma efectiva igualdade de direitos entreos géneros, bem como a participação paritária em todos osdomínios da vida política, económica, cultural, social e a suaintervenção na actividade do Partido.

2. A Presidente e os restantes órgãos do Departamento Nacionaldas Mulheres Socialistas são eleitas por todas as militantesque integram as secções de residência, de acção sectorial etemáticas.

3. � a manter4. Com vista à realização do objectivo referido no nº 1, os órgãos

partidários, bem como as listas de candidaturas plurinominaispara e por eles propostas, devem garantir uma representaçãomínima de 30% de militantes de qualquer dos géneros, salvocondições excepcionais de incumprimento como talcaracterizadas pela Comissão Nacional.

5. � a manter6. � a manter7. � a manter8. O Departamento das Mulheres Socialistas apoiar-se-á num

Conselho Consultivo que integrará representantes dassecções de residência, de acção sectorial e temáticas.

Artigo 119º(Da entrada em vigor)1. � a manter2. � a manter3. � a manter4. As limitações à capacidade eleitoral passiva, consignadas no

nº 5 do artigo 20º, produzirão efeitos a partir da entrada emvigor da presente revisão estatutária.

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I- As mutações sociais do nosso tempo lançam novos desafios aospartidos políticos. Na esquerda, são os partidos os espaços políticosdeterminantes. E na esquerda portuguesa, é o PS é factor decisivo.Decisivo, não só como instrumento de disputa e exercício do poderpolítico, mas também como instância nuclear de combate ideológico.É por isso que as vicissitudes da sua vida interna se reflectem muitopara além dele. Nessa medida, a responsabilidade dos seusmilitantes é maior.A alteração dos estatutos é um elemento indispensável para arenovação e o robustecimento do Partido Socialista. Renunciarmosa levar por diante uma efectiva reforma estatutária que respondaaos problemas que enfrentamos e que, por si própria, nos prestigiee credibilize, é correr um enorme risco de deslegitimação social epolítica.Com esta proposta pretendemos contribuir para o necessário passoem frente, baseando-nos em três grandes eixos conformadores:primeiro: que a todos os órgãos do PS, com especial relevo para osnacionais, seja atribuído um papel preciso, com a garantia de queserá sempre realmente desempenhado, de modo a que o partidopossa gerar mais regularmente novas ideias e novas propostaspolíticas, como resultado de um trabalho colectivo, democrático,sistemático e organizado.segundo: que, como regra, os militantes escolham, através deeleições primárias, os candidatos que preferem ver como seusrepresentantes nos órgãos electivos das autarquias locais, daRepública e da União Europeia .terceiro: que o partido se abra à sociedade de uma forma sistemáticae transparente, quer permitindo que isso se reflicta nalguns aspectosda sua vida, quer assumindo o encargo de estimular, nos planossocial e cultural, os protagonismos externos necessários a umdesenvolvimento social sustentado.

II- Projectando normativamente estes eixos, o XIII CongressoNacional do Partido Socialista delega na Comissão Nacional a suacompetência para alterar os Estatutos do PS, dentro das seguinteslinhas de orientação:1. Aperfeiçoar o funcionamento do partido, restruturando osórgãos nacionais, reformulando a conjugação dos seus poderes,salvaguardando a sua complementaridade e dando efectividadeao exercício das suas competências, nomeadamente:1.1. Reduzindo o número de membros da Comissão Nacional (CN),

da Comissão Política Nacional (CPN), do Secretariado Nacional(SN) e eliminando a Comissão Permanente, de modo a que ostrês primeiros órgãos não fiquem, respectivamente, com maisde 180, 50 e 15 membros.

1.2. Reajustando as competências destes órgãos, nomeadamente:dando à CPN funções de debate político e tarefas de coordenaçãode natureza sectorial, com atribuição efectiva deresponsabilidades específicas aos seus membros.

1.3. Valorizando, em exclusivo, na escolha dos elementos de todosos órgãos nacionais, a capacidade política e intelectual, acompetência técnica e o grau de empenhamento na actividadedo partido, antes demonstrado.

1.4. Consagrando a rotatividade no exercício de funções de liderançaexecutiva, através da limitação a três do número de mandatosconsecutivos que podem ser exercidos pelo Secretário-Geral(excepto quando desempenhar as funções de primeiro Ministro),pelos membros do Secretariado Nacional, pelos Presidentesdas Federações e das Comissões Políticas Concelhias e pelosSecretários-coordenadores das Secções.

1.5. Limitando as inerências nos Congressos Nacionais e Distritais,de modo a que globalmente não possam exceder 15% donúmero total dos delegados.

2. Activar a intervenção dos militantes nos campos maisrelevantes da vida social, nomeadamente:2.1. Constituindo uma rede de secções de acção sectorial, nas

áreas politicamente mais relevantes, que envolva o maiornúmero possível de Federações, instituindo desde já como áreasprioritárias : a educação, a saúde, as cidades, o ambiente, acultura, a divulgação científica e a inovação, o cooperativismoe o associativismo, o desenvolvimento rural, a segurança social,as questões laborais e a segurança dos cidadãos em todos osseus aspectos.

2.2. Agregando as secções de acção sectorial de cada uma dasáreas temáticas num departamento nacional, coordenado porum ou mais membros da Comissão Política Nacional.

3. Aperfeiçoar o sistema de designação dos candidatos do PSaos diversos tipos de eleições:3.1. Promovendo eleições primárias, através da consulta directa

dos militantes pertencentes às estruturas com maiorrepresentatividade que correspondam às circunscriçõeseleitorais, no âmbito das quais vão concorrer as listas ou oscandidatos, em causa, excepto: a) se essa consulta forconsiderada politicamente desnecessária, por expressa decisãotomada por maioria qualificada de três quartos dos membros decada uma dessas estruturas; b) se os Estatutos fixarem umaregra expressa diferente para um caso particular.

3.2. Garantindo que, no caso de não se realizarem eleiçõesprimárias, a respectiva escolha, se disser respeito a mais doque um candidato, se faça com base na apresentação de listasdiferentes de pré-candidatos, eventualmente incompletas,apurando-se o resultado segundo o método proporcional.

3.3. Dando à CPN a competência estatutária para recomendar,para cada tipo de eleição, o conjunto de capacidades políticas ede competências técnicas específicas, que considere necessáriaspara se ser escolhido como candidato do PS.

3.4.Escolhendo a lista do PS candidata ao Parlamento Europeuatravés do sufrágio directo dos membros do PS e de quem nelepossa participar à luz destes estatutos, sendo, no entanto, orespectivo cabeça de lista indicado pelo Secretário-Geral.

3.5. Escolhendo os candidatos submetidos a estas eleições primáriasa partir de uma lista de pré-candidatos, designada nos termosseguintes: o SG poderá indicar até 5 nomes, o mesmoacontecendo com o SN, cabendo a cada uma das ComissõesPolíticas Distritais a indicação de mais um nome.

3.6. Atribuindo ao Secretário-Geral a escolha dos primeiros nomesde todas as listas de candidatos às eleições legislativas, bemcomo o do 2º candidato pelo Porto e os dos 2º e 3º candidatospor Lisboa. Excepcionalmente, nos círculos em que no sufrágioanterior o PS tenha eleito menos do que três deputados, aescolha do Secretário-Geral incidirá sobre um conjunto de trêsnomes que a respectiva Federação lhe indicar.

3.7. Atribuindo à Comissão Nacional competência estatutária paraconfirmar ou recusar os candidatos a Presidentes de Câmarasde todas as capitais de distrito e de todos os municípios commais de cem mil eleitores, excepto se tiverem sido designadospor sufrágio directo dos militantes do respectivo concelho

4. Estreitar os elos que unem o partido e a sociedade,explicitando, sistematizando e aprofundando todas as ligaçõesque já hoje existem e instituindo um protagonismo efectivo,específico e formal dos eleitores do PS, nomeadamente:4.1. Instituindo a categoria de eleitores declarados do PS (podendo

eventualmente dar-lhes um estatuto idêntico ao que irão ter ossimpatizantes que resultaram do recente processo de refiliação),para abranger todos os cidadãos que, não sendo membros deoutro Partido, sem se submeterem à disciplina partidária, seidentificam genericamente com a linha política do PS e comotais se inscrevam.

4.2. Dando aos eleitores declarados o direito de votarem naseleições destinadas a escolher os candidatos do PS; de seremperiodicamente convidados para reuniões de informação e

debate; e de assistirem às iniciativas políticas promovidas peloPS, mesmo quando não sejam abertas ao público.

4.3. Atribuindo todos os direitos dos eleitores declarados do PSaos cidadãos sem filiação partidária que concorram em listas doPS nas eleições autárquicas, legislativas ou europeias, desdeque posteriormente não se tenham inscrito noutro partido,nem tenham integrado governos de outros partidos oucandidaturas que tenham concorrido contra candidaturasapresentadas pelo PS.

4.4. Atribuindo todos os direitos dos eleitores declarados do PSaos cidadãos sem filiação partidária que pertençam ou tenhampertencido a um Governo apoiado pelo PS, desde queposteriormente não se tenham inscrito noutro partido, nemtenham integrado governos ou candidaturas que tenhamconcorrido contra candidaturas apresentadas pelo PS.

4.5. Atribuindo todos os direitos dos eleitores declarados do PSaos cidadãos sem filiação partidária que pertençam aosgabinetes de estudo do PS, quer de âmbito nacional, quer deâmbito distrital.

4.6. Assumindo na prática, como um dos objectivos centrais do PS,o apoio, o estímulo e a dinamização das estruturas e entidadesde natureza social, económica e cultural, que constituem osector cooperativo e social, bem como de quaisquer outrasorganizações não-lucrativas de natureza cultural, artística,social, desportiva ou recreativa, incitando-as a desempenharum papel nuclear na vida da sociedade.

5.Valorizar as correntes de opinião internas que se afirmem deforma continuada com ideias e projectos próprios, bem comoos clubes de reflexão e debate, garantindo:5.1. O reconhecimento como correntes de opinião interna, aos

grupos de militantes que como tais se queiram assumir, desdeque preencham pelo menos uma das seguintes três condições:1ª terem apresentado, no mais recente Congresso Nacional doPS, uma moção de orientação política geral, subscrita pelomenos por 300 militantes ; 2ª terem apresentado, no maisrecente Congresso Nacional do PS, uma moção de orientaçãopolítica geral, a qual tenha obtido pelo menos 3% dos votosexpressos; 3ª apresentarem ao Secretário-Geral um documentode orientação política geral subscrito, pelo menos, por 750militantes.

5.2. O reconhecimento, como iniciativas politicamente úteis, dosclubes de reflexão e debate, criados por militantes do PS, quese destinem a discutir as grandes questões políticas, culturais,ideológicas e civilizacionais, da actualidade, ou a aprofundar aanálise e a discussão de temáticas especialmente relevantespara a evolução da sociedade.

5.3. O direito de, umas e outros, utilizarem as instalações do PSpara as suas reuniões e iniciativas, sem prejuízo da naturalprioridade atribuída às estruturas formais do partido, bem comoo de verem as suas posições difundidas na Acção Socialista.

6. Reformular as regras das eleições internas do PS, de modo a:6.1. Garantir equidade no tratamento de todas as candidaturas

internas aos órgãos do partido, dotando-as de meios financeirosiguais, procurando desencorajar as despesas que vão alémdesses meios, bem como prevenir as desigualdades que possamresultar de um excesso da sua mediatização pública;

6.2.Calibrar bem as exigências, quanto ao número de apoiantesnecessários para legalizar qualquer candidatura interna, demodo a não dificultar a sua apresentação;

7. Articular as federações com as estruturas nacionais do partido,bem como com o maior número possível de estruturas políticasconcelhias, através da Internet, corresponsabilizando todasessas instâncias pela transformação do fluxo de informação,resultante da referida ligação em rede, numa capacidade críticaque potencie a eficácia política do colectivo partidário.

RENOVAR OS ESTATUTOS PARA DAR FORÇA AO PSProponentes

RUI NAMORADO, FONSECA FERREIRA E OUTROS

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PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DOS ESTATUTOSProponente

ERNESTO RIBEIRO DA SILVA

JUSTIFICAÇÃO

Há trabalhadores socialistas activistas e dirigentes de sindicatos das duas Centrais Sindicais.Os órgãos dirigentes do PS têm todo o interesse em ouvir uns e outros.Para o tornar possível efectivamente, e em pé de igualdade, propõe-se esta pequena alteração aoartigo 112º dos Estatutos.

PROPOSTA DE NOVA REDACÇÃO DO ARTIGO 112º

1 � Os trabalhadores socialistas organizados em estruturas de acção sectorial e em tendênciassindicais devem ser ouvidos pelos órgãos do partido, em tudo que lhes diga especialmente respeito.

2 � As direcções da Tendência Sindical Socialista e da Corrente Sindical Socialista da CGTP-IN,como organismos autónomos representativos são obrigatoriamente ouvidos pelos órgãos Directivosdo Partido, e os seus coordenadores são convocados para as reuniões do Secretariado Nacional,sempre que estiver em causa a definição de políticas a prosseguir pelo Partido nas áreas laboral,económica e social.

PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DOS ESTATUTOSProponente

ANTÓNIO BROTAS

Propõe-se que a alínea h) do Artigo 15º sobre os deveres dos militantes, com a actual redacção:h) Assinar a �Acção Socialista�, jornal oficial do Partido;seja substituida por:É dever de todos os membros dos orgãos nacionais, regionais, federativos e concelhios, eainda dos Secretários Coordenadores e Presidentes das Mesas das Assembleias das Secções,assinar a �Acção Socialista�, jornal oficial do Partido.Com esta redacção, esta disposição deve ser incluida como alínea do Artigo 101º sobre a Imprensado Partido.

JUSTIFICAÇÃO

A actual alínea h) do Artigo 15º, introduzida na revisão dos Estatutos de 1998, foi uma tentativapara melhorar a divulgação da �Acção Socialista� que não resultou não se justificando a suamanutenção sob a forma actual.Mas, fazer chegar a �Acção Socialista � a todos os sectores do Partido continua a ser um problemacentral do PS. Sem isso, o Partido perde coesão e a transmissão de informações entre os seusmembros fica inteiramente dependente dos orgãos de comunicação exteriores.Tentar forçar todos os militantes a assinar a �Acção Socialista� foi um exagero que, como tal, nãoresultou. Mas não tem, no entanto, qualquer sentido, que militantes que exerçamresponsabilidades de direcção não recebam a �Acção Socialista� para os manter informadossobre a orientação e sentir interno do Partido.A manutenção do dever de assinar a �Acção Socialista � só para os dirigentes é, assim, umamedida justa que corresponde aos interesses do Partido, será certamente bem aceite por todosos que desempenham funções dirigentes e , em termos práticos, pode permitir à �Acção Socialista�ter a desejavel e necessária expansão.

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PROPOSTAS DE DECLARAÇÃODE PRINCÍPIOS DO PARTIDO SOCIALISTA

Eduardo Ferro Rodrigues

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1. O Partido Socialista é a organização política dos cidadãosportugueses e dos outros cidadãos residentes em Portugalque defendem inequivocamente a democracia e procuramno socialismo democrático a solução dos problemas nacionaise a resposta às exigências sociopolíticas do mundocontemporâneo.Fundado em 1973, com a transformação em partido da AcçãoSocialista Portuguesa, por sua vez formada em 1964, o PartidoSocialista nasceu e cresceu na luta contra o fascismo e pelainstauração da democracia. A sua história confunde-se com ahistória da resistência à ditadura e da construção de umademocracia pluralista e socialmente avançada. Para o PS, aliberdade foi sempre o elemento matricial do combate por umasociedade mais solidária, justa e fraterna, mais igualitária ecoesa; e o pluralismo das ideias e das opiniões foi sempre amarca característica, não só do seu funcionamento e da suaacção como partido, como também do projecto que concebepara a organização política e social de Portugal e da UniãoEuropeia.O PS convoca toda a sua história e todo o seu património parailuminar a acção presente. A luta contra o fascismo e ocolonialismo, o ideal do �socialismo em liberdade� e a denúnciados totalitarismos, a liderança na fundação e institucionalizaçãoda democracia representativa e pluralista e na sua consagraçãoconstitucional como uma democracia política, económica, sociale cultural, o europeísmo, a causa do desenvolvimento solidárioe sustentável e a combinação entre modernização e consciênciasocial, todas estas opções estruturaram a evolução do PS, o seuenraizamento popular e a afirmação como um grande partidodemocrático.O socialismo democrático é a causa política em que se reconheceo PS, entendendo-o como herdeiro de tradições humanistasacumuladas na consciência universal ao longo dos séculos. Parao PS, o socialismo democrático, a social-democracia e otrabalhismo designam uma mesma grande área política, daesquerda democrática. É a partir desta perspectiva que o PSconcebe o horizonte de uma sociedade mais livre, mais justa,mais solidária, mais pacífica, através do aperfeiçoamentoconstante e do desenvolvimento harmonioso da democracia. Étambém a partir desta perspectiva, e sem perder a suaidentidade, que o PS se mantém atento às contribuições e aosdesafios de outras famílias políticas de orientação reformista,dirigindo-se a todos os cidadãos e dialogando criticamente comas restantes forças democráticas.

2. O PS empenha-se em que a sociedade portuguesa sejaorganizada na base dos valores da liberdade, da igualdade eda solidariedade, e esteja aberta à diversidade, à iniciativa,à inovação e ao progresso.Os valores da liberdade, da igualdade e da solidariedadeconstituem uma exigência moral que sempre tem orientado opensamento e a acção socialista. As lutas contra a exploração,contra a opressão, contra os privilégios no acesso aos bens decultura e do espírito, contra todas as formas de injustiça ediscriminação, contra o fatalismo e todas as formas de submissãoque negam ou diminuem o papel do ser humano como sujeito dahistória, fizeram-se e fazem-se em nome destes valores. A suaactualidade é inegável, importando salientar que a liberdade ea igualdade dos direitos requerem uma afirmação clara de respeitopela condição, pela liberdade e pelos direitos uns dos outros. Asociedade que se organiza na base destes valores universaiscaracteriza-se, também, pela atitude de abertura à diversidade

das pessoas e das culturas, à iniciativa de cada um, à inovaçãoque dinamiza os vários sectores da vida colectiva; é umasociedade que acredita no progresso, ou seja, que é possívelmelhorar a situação em que se encontra.

3. O PS compromete-se com a defesa e a promoção dos direitoshumanos e com a paz.Na sua prática política, o PS coloca acima de qualquer outroobjectivo a defesa e a promoção dos direitos humanos, aconvivência pacífica entre os indivíduos, os povos e as nações ea construção de uma ordem internacional fundada na justiça ena cooperação, conforme ao estabelecido nos instrumentosfundamentais da Organização das Nações Unidas. Para o PS, auniversalidade e a indissociabilidade das liberdades e dos direitoscivis, políticos e sociais, constituem a pedra de toque das políticaspara a sua plena realização. São certamente diferentes, quantoà sua natureza jurídica e às consequências para a acção doEstado, as liberdades e garantias fundamentais e os direitossociais. Mas, para os socialistas, a acção política deve orientar-se para a promoção de todos os direitos, tal como se encontramexpressos, designadamente, na Declaração Universal dosDireitos do Homem.

4. O PS considera primacial a defesa e o desenvolvimento dademocracia política, na organização da sociedade, e dosdireitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos.A democracia pluralista é a única forma de regime político emque os socialistas se reconhecem: o socialismo que propõem éindissociável da democracia. A democracia não é um meio paraatingir outra coisa, é um fim em si mesma. Não há justiça semliberdade e sem democracia. Não pode haver igualdade deoportunidades ou solidariedade sem igualdade de direitospolíticos. Defender a democracia é não hesitar na confrontaçãodemocrática com os inimigos da democracia, qualquer que sejaa sua natureza. É lutar contra o totalitarismo, que viola os direitosfundamentais da pessoa humana, e contra o populismo, queataca os alicerces do Estado de Direito.

5. O PS considera que a democratização é um processocontínuo, que se realiza em múltiplas dimensões, naorganização política, na paridade entre os géneros, na vidacívica, económica, cultural e social.A democracia não é um facto estabelecido de uma vez por todas,é uma dinâmica. O espírito democrático e a participação cívicadevem informar as múltiplas dimensões e áreas da vida social; eos procedimentos do método democrático podem e devem seraplicados, com as adaptações necessárias, a diversos aspectosda organização económica e social. Não é só a democracia políticaque constitui condição necessária do desenvolvimento e dacoesão social; o esforço da democratização económica, social ecultural constitui também condição importante para o bomexercício dos direitos políticos.Assim, para o PS, existe uma ligação fundamental entre aconstrução do Estado de Direito democrático, a realização dademocracia económica, social e cultural e o aprofundamento dademocracia participativa.

6. O PS combate as desigualdades e discriminações fundadasem critérios de nascimento, sexo, orientação sexual, origemracial, fortuna, religião ou convicções, predisposiçãogenética, ou quaisquer outras que não resultem da iniciativae do mérito das pessoas, em condições de igualdade de

direitos e oportunidades. O PS defende o princípio daequidade na promoção da justiça social.Para o PS, são ilegítimas e devem ser combatidas, sem hesitações,as desigualdades de direitos. E são ilegítimas e devem sercombatidas as desigualdades de condição e estatuto que nãoresultem da iniciativa e do mérito das pessoas, no quadro doaproveitamento de oportunidades abertas a todos. Desigualdadesinsuperáveis entre classes e grupos e, por maioria de razão, areserva de privilégios para certas classes ou grupos fechados,ofendem a consciência humanista e minam os alicerces dademocracia.No combate às desigualdades ilegítimas ou indesejáveis e napromoção activa da igualdade de direitos e de oportunidades, oPS considera essencial a prossecução do princípio da equidade.Entende-se este como a intervenção pública a favor dos membrosmenos favorecidos da sociedade, no sentido de corrigir asdesigualdades de resultados, criar regularmente novasoportunidades e assegurar níveis aceitáveis de coesão social.

7. O PS defende uma economia de bem-estar, aberta àpluralidade das iniciativas e das formas económicasprivadas, públicas e sociais, e regulada pelo mercado e pelasinstituições públicas adequadas.A economia de uma democracia moderna e desenvolvida requera combinação equilibrada entre o mercado, como instrumentoprincipal de coordenação e organização dos factores produtivos,o Estado, como representação e organização política einstitucional da sociedade, e a iniciativa cooperativa doscidadãos livre e voluntariamente associados em múltiplas formasde acção, para promoção de interesses comuns. O papel domercado deve ser valorizado, designadamente nas funções quepode cumprir melhor do que os modos alternativos de afectaçãode recursos. Mas o seu pleno aproveitamento requer instituiçõesfortes, capazes de agir estrategicamente e garantir aestabilidade e o domínio do tempo longo exigidos pelastransformações sociais qualificantes.Para o PS, a economia de mercado funda-se na livre iniciativa ena pluralidade de iniciativas, havendo lugar para a iniciativaprivada, a iniciativa pública e a iniciativa social; deve estar sujeitaa uma regulação institucional adequada, cuja existência,independência e eficácia compete ao Estado garantir; e deveassumir uma dimensão social e de bem-estar, isto é, incorporarna sua própria lógica de funcionamento a preocupação com osdireitos humanos, o desenvolvimento sustentável e a coesãosocial. O Estado deve favorecer, com apoios específicos, ocooperativismo e as redes solidárias de agentes económicos esociais.

8. O PS defende a independência do poder político face aospoderes económicos. É dever do Estado promover o interessepúblico e o bem comum, conduzir as estratégias dedesenvolvimento nacional, garantir o quadro institucionalfavorável à criação e distribuição de riqueza, assegurar aprovisão de infra-estruturas, bens e serviços de interessegeral, corrigir as desigualdades e falhas de mercado, arbitrarconflitos e agir em prol da coesão social e territorial.O PS defende a economia de mercado com a mesma convicçãocom que recusa uma sociedade de mercado, quer dizer, a ilegítimahegemonização de toda a organização social pelos princípios domercado. Para o PS, o desenvolvimento da democracia exige aligação, não isenta de tensões, entre o funcionamento domercado e a acção do poder político, independente dos poderes

PROPOSTA DE DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS DO PARTIDO SOCIALISTA

FAZER BEMPELO FUTURO

Proponente

EDUARDO FERRO RODRIGUES

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económicos e de quaisquer outros, democraticamente formadoe controlado, capaz, nomeadamente, de garantir as funções desoberania, proporcionar um contexto legal e institucional claroe justo à actividade dos cidadãos e das organizações, promovera justiça fiscal, conduzir políticas sociais fortes e eficazes. Aintervenção do Estado na economia deve operar-se,fundamentalmente, no domínio da regulação institucional, napromoção do interesse público e das condições estratégicas dedesenvolvimento e competitividade da economia nacional, naprotecção dos direitos dos trabalhadores e dos consumidores, ena atenção constante às falhas e desigualdades geradas peladinâmica do mercado.Para o PS, a criação e a distribuição da riqueza não são opostosmas sim aliados, a provisão de bens e serviços não mercantisem áreas básicas para o bem-estar das pessoas deve ir de parcom a oferta mercantil e as consequências da economia demercado devem ser avaliadas e, se necessário, corrigidas, emfunção de critérios de sustentabilidade, coesão social e coesãoterritorial. O uso eficiente das receitas públicas e a promoção daequidade nas prestações sociais são pilares essenciais da políticade redistribuição.

9. Para o PS, o Estado de Bem-Estar, também chamadoEstado Social ou Estado-Providência, representa umaconquista histórica das forças democráticas e um pilarindispensável da democracia e do desenvolvimento. A suaforma não é estática nem imune à crítica, antes carece deprofunda reorganização, à luz dos novos desafios colocadospelas economias e sociedades do nosso tempo. Mas só épossível reorganizar o Estado de Bem-Estar se o defendermose renovarmos, com determinação. As políticas para apromoção do trabalho, do emprego e do bem-estar, aprotecção social, a redução de desigualdades e a justarepartição de rendimentos, constituem orientaçõesessenciais para o Estado democrático, tal como o PS o concebe.Neste termos, o PS defende que as políticas e os serviçospúblicos são essenciais ao desenvolvimento e à promoçãoda coesão social, em diferentes áreas, com particulardestaque na provisão de serviços básicos e nos sectoressociais, educativos e culturais, constituindo a acessibilidadee a qualidade dos serviços públicos uma responsabilidadeindeclinável do Estado.Se a plena aceitação da economia de mercado distingue, comclareza, a esquerda democrática das concepções colectivistasda organização económica e social, a defesa do Estado social ea valorização das políticas e dos serviços públicos, em domínioscentrais da vida colectiva, assim como a preocupação com aacessibilidade e a qualidade dos serviços públicos, distinguemradicalmente a esquerda democrática das formas neoliberais deataque ou menosprezo pelo Estado e pela administração pública.Em serviços básicos de apoio às pessoas, às famílias e àscomunidades locais, e nos sectores em que se jogam as questõesprincipais da igualdade de oportunidades e da justiça social,como a educação, a saúde, a segurança social, a cultura e aciência, o serviço público, acessível a todos, eficiente e eficaz,é essencial a uma sociedade justa. A sua concretização não temde reduzir-se ao monopólio do Estado; mas é obrigaçãoindeclinável do Estado democrático garantir a sua existência.

10. O PS entende que a prática da solidariedade e a promoçãoda integração social se fazem no quadro da realização dosdireitos civis, políticos e sociais de que são titulares asmulheres e os homens. É a realização dos direitos que permitecaminhar para uma sociedade solidária, que não pactue coma exclusão.O PS vê-se a si próprio como o partido da solidariedadedemocrática. Por aí se diferencia sem compromisso ou dúvida doconservadorismo social, que tende a confundir solidariedadecom assistencialismo. A luta contra a exclusão social, o combateà pobreza e o trabalho em prol da integração de todos têm nasua base uma consciência moral que se recusa a tolerar a injustiçae a discriminação e que sente como um dever agir em favor dosmais desprovidos. Mas a prática da solidariedade e as políticaspúblicas que a estruturam fazem-se em nome da construção deuma sociedade inclusiva e da realização dos direitos de que são

titulares os indivíduos, independentemente da sua condiçãocircunstancial. A solidariedade não tem a ver com favores,proteccionismos ou cuidados paternalistas; tem a ver com osdireitos e a responsabilidade pública na sua defesa e promoção.Os socialistas são, portanto, radicalmente contrários às lógicasassistencialistas que, de facto, perpetuam a pobreza e a exclusão.O combate às diversas formas de exclusão que se mantêm oumesmo crescem, à nossa volta � a exclusão da riqueza, do bem-estar, do mercado de emprego, da informação ou do poder �faz-se através de políticas públicas activas, nos domínioseconómico, social e cultural, que reconhecem os direitos,estimulam o envolvimento de diferentes parceiros e organizamoportunidades de formação, qualificação, integração eparticipação cívica. O PS quer dirigir-se às pessoas e aos gruposem situação ou risco de exclusão, assim como àqueles que seencontram ameaçados pela marginalização ou o desfavor, masa todos tratando como cidadãos, titulares de responsabilidadese direitos, e não como assistidos ou dependentes.

11. O PS assume como obrigação fundamental do Estadodemocrático assegurar plenamente as funções de soberania,garantindo nomeadamente o direito à segurança, o acesso àjustiça, a coesão e a defesa nacional.O PS preza o valor da segurança e defende convictamente aautoridade democrática, forte e eficaz, fundada no respeitopelos direitos, liberdades e garantias e exercida no quadro dalei. Ao contrário das correntes políticas de direita queindividualizam a segurança como um valor em si própria, o PSperspectiva-a, sem qualquer hesitação, a partir da liberdade eda igualdade de direitos e oportunidades. O desenvolvimentoda democracia e a promoção da justiça social requerem um quadrode organização colectiva e de relacionamento entre os cidadãosque garanta a todos condições de segurança e acesso rápido eequitativo à justiça. O PS defende uma revalorização daimportância das funções de soberania no conjunto das funçõesdo Estado democrático; e compromete-se com a aplicação depolíticas democráticas de segurança interna, administração dajustiça e defesa nacionalDe igual modo, o PS entende que políticas avançadas dedescentralização, valorizando as dimensões local e regional daorganização colectiva, e de consolidação das Regiões Autónomasconstituem um instrumento estratégico de coesão e identidadenacional, e como tal devem ser orientadas.

12. O PS assume a defesa do ambiente e a promoção dodesenvolvimento sustentável, como elementos essenciaisde políticas orientadas pelo princípio da precaução,informadas pelo cuidado com o nosso futuro comum efundadas no respeito por nós próprios e pelas geraçõesvindouras.A defesa do ambiente e a criação de uma consciência ecológicaconstituem uma das mais causas nobres e uma das necessidadesmais prementes do nosso tempo. É o futuro da humanidade,como tal, além da solidariedade devida às próximas gerações,que se encontra em questão. Os princípios da precaução, dasubsidiaridade e da participação devem ser estendidos eaplicados em todas as políticas públicas que lidam directamentecom o desenvolvimento, o território e a natureza, e devem serdifundidos maciçamente, como uma orientação básica docomportamento de todos os cidadãos, enquanto trabalhadores,empresários ou consumidores. O PS entende, pois, tomar comosuas as preocupações essenciais do pensamento e da práticaecologista, não na variante fundamentalista que se recusa apôr em equação o desenvolvimento e a conservação da natureza,mas sim colocando no horizonte soluções positivas para essaequação.

13. O PS acredita que é preciso ser-se radical na defesa dademocracia, como sistema político fundado nos direitoshumanos, na soberania popular, no primado da lei e na livrecompetição entre ideias e programas, e como sistema socialque se alimenta da iniciativa das pessoas e valoriza adiversidade e a diferença, o encontro e o respeito mútuoentre gentes e culturas, a expressão criativa e a participaçãoe inovação social. Para o PS, são prioritárias as reformas

institucionais que favoreçam a participação democrática,aproximem dos cidadãos o Estado e a administração,melhorando o rigor, a eficiência e o sentido de serviço da suaacção, e aprofundem a descentralização administrativa,valorizando designadamente o poder local.Os socialistas são democratas radicais, porque entendem quenão há alternativa para a democracia, como regime políticobaseado na liberdade e na escolha popular, e entendem que ademocracia constitui um fim em si mesmo, um precioso bem queé necessário defender. A democracia é também uma cultura,uma maneira de conceber as acções e as relações entre osindivíduos e os círculos sociais que eles formam. Essa é a culturada liberdade, da autonomia, da descentralização, da iniciativa,da criatividade, da comunicação, da participação no espaçopúblico, da celebração da diversidade e da diferença, doreconhecimento mútuo e do encontro. É a extensão aos váriosdomínios da vida social da convicção de que da pluralidade dosseres e das ideias e da livre argumentação e da livre escolha sefaz uma sociedade pacífica, dinâmica, culta e próspera.Esta defesa radical da democracia e do valor e da prática dacidadania, quer como realização de direitos, quer como assunçãode deveres e partilha de responsabilidades, é que deve orientartambém as reformas do sistema político e da administração, nosentido de fomentar as condições e o alcance da participaçãodos cidadãos e aumentar a proximidade e a eficiência dosserviços que lhes prestados.

14. O PS apoia o desenvolvimento de acções que aprofundema intervenção democrática dos trabalhadores na vidaeconómica e social e a cooperação entre todos quantos, pelotrabalho, a iniciativa e o empreendimento, contribuem paraa criação de riqueza e a promoção do bem-estar.O trabalho não é apenas uma necessidade, nem é apenas umamercadoria. No seu sentido mais pleno, o trabalho é um direito,o direito que tem todo e qualquer cidadão de assegurar a suarealização pessoal e o seu bem-estar pessoal e familiar, assimcomo de contribuir para o progresso e o bem-estar colectivo.Esse direito não pode ser negado; e a sua afirmação implica aprotecção do trabalhador, sempre que a relação de trabalho éestruturalmente desigual.Fiel a este entendimento, o socialismo democrático assume-secomo o representante, não exclusivo, dos interesses do mundodo trabalho. Partilha um entendimento vasto do que seja omundo do trabalho, nele compreendendo as múltiplas formas edomínios pelos quais se produz e distribui riqueza e se promovea educação, a cultura, a segurança e o bem-estar.O PS dirige-se a todos os trabalhadores, qualquer que seja a suaprofissão, formação e qualificação, e aos empresários, dequalquer sector ou dimensão, que investem e geram emprego evalor. O PS acredita, por isso, profundamente, nas virtudes deuma maior intervenção dos que trabalham nos processos dedecisão, quer a nível das empresas e serviços quer a nível daeconomia no seu conjunto; apoia os princípios e os processosda concertação social e da negociação colectiva; e defende odireito dos trabalhadores à sua organização em sindicatosdemocráticos, independentes de forças políticas. O PS valorizaos sistemas de educação e formação profissional, comoinstrumentos indispensáveis para o desenvolvimento dasqualificações e a abertura de novas oportunidades de umainserção profissional qualificada, e faz seus os objectivos daeducação e formação ao longo da vida e em todos os domíniosda vida. O PS defende, também, os direitos de todos quantos,após uma vida de labuta, se encontram na situação de reformadose de todos os que, não estando formalmente inseridos nomercado de emprego, desempenham trabalhos domésticos ouinformais, de enorme utilidade para a organização social.

15. O PS afirma-se como um partido moderno e cosmopolita,que acredita que o espírito de iniciativa e empreendimento,a criatividade e a comunicação, a cultura humanista,científica e tecnológica, a livre circulação das pessoas, atroca de ideias, constituem ingredientes fundamentais davida e do progresso colectivos.O PS reclama-se das conquistas da modernidade, embora críticodas suas falhas e inconsequências, assim como dos prejuízos e

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violências causados pelo modelo de desenvolvimento quefavoreceu. Fiel à matriz humanista, o PS destaca, entre essasconquistas, a atitude virada para o futuro e a disposição para oconhecimento. Preza, portanto, o cosmopolitismo, capaz deentender a enorme riqueza da diversidade que faz o nosso mundo,sem cair no relativismo sem critério ético. Trata-se de lutar peladifusão maciça e a aquisição generalizada das disposições dosinstrumentos do conhecimento. Trata-se de perceber que asociedade que, sem prescindir dos valores universais e daexigência republicana da integração cívica, se habitua arespeitar e acolher diferentes culturas, fortalece a sua própriaidentidade.O PS entende que a capacidade de empreender e inovar, avontade de saber e comunicar, o espírito científico, aargumentação pública, a livre circulação de pessoas, ideias erecursos, são factores de progresso. Destaca, designadamente,no quadro da sociedade da informação e do conhecimento, asenormes potencialidades contidas na interrelação dainvestigação científica e tecnológica, da expressão artística,dos meios e formas de comunicação e da reflexão ética. Nessequadro, concede uma importância decisiva à formação emobilização cívicas dos jovens estudantes e trabalhadores,aproveitando a energia própria das novas gerações e da idadejuvenil.

16. O PS empenha-se no processo de construção edesenvolvimento da União Europeia, incluindo oaprofundamento da sua dimensão política, comoconsequência lógica e necessária do projecto colectivo depaz, bem-estar e solidariedade posto em marcha sobre osescombros a que a Segunda Grande Guerra havia reduzido ovelho continente. O PS vê a construção europeia como umareferência para uma ordem mundial orientada pelosprincípios da cooperação, do respeito mútuo, dasolidariedade e do Direito.Fiel à opção básica que fez dele o partido liderante na fundação,em Portugal, da democracia de matriz pluralista e europeia, o PSé totalmente favorável ao processo de construção europeia e aodesenvolvimento, aprofundamento e alargamento da UniãoEuropeia. Reclama com igual firmeza que esse seja um processodemocrático, participado e controlado pelos cidadãos europeus,e pugna, portanto, por uma transformação das instituições edas práticas políticas europeias, no sentido da sua maioraproximação aos cidadãos. O PS é contrário às atitudes defechamento e proteccionismo ilegítimo, e frontalmenteadversário da ideia de uma Europa-fortaleza, obcecada com osseus próprios privilégios e indiferente à sorte dos restantespovos.Para os socialistas, as respostas a grandes desafios com que sevêem confrontadas as sociedades de hoje têm de ser procuradasnum quadro supranacional, que sustente o primado do poderpolítico democrático sobre os outros poderes, em particular oeconómico. As questões-chave do desenvolvimento sustentável,a promoção do crescimento e do emprego, a regulação dos fluxosmigratórios e a integração social dos imigrantes, a segurançacontra o crime organizado e o terrorismo, ou ainda uma políticaexterna e de defesa comum, ao serviço da Europa e dos seusvalores, são, entre outras, dimensões da política para as quaisas respostas disponíveis à escala de cada nação sãocrescentemente insatisfatórias. Por isso, para o PS, o reforçoda legitimação das instituições europeias vai de par com arenovação dos seus poderes, para a realização dos objectivoscomuns, fundados numa Constituição da União Europeia; e estaé uma questão essencial da reforma democrática de taisinstituições e da progressiva afirmação de uma cidadaniaeuropeia, que não substitui, antes complementa e revigora, acidadania nacional.

17. O PS, criado na luta pela liberdade e pela democracia emembro do Partido Socialista Europeu e da InternacionalSocialista, pugna por uma ordem internacional fundada nasegurança e na paz, na democracia e no respeito pelos direitoshumanos. Neste sentido, concebe a política externa e de

defesa como instrumentos fundamentais para a defesa daindependência e do interesse nacional e a afirmação dePortugal no mundo.O socialismo democrático tem um compromisso irrenunciávelcom a solidariedade internacionalista e a luta pela segurança ea paz entre os povos e as nações. Funda esse compromisso naconvicção profunda no universalismo dos direitos humanos, quesão independentes da diversidade das culturas e das ideologiase constituem o melhor garante para a convivência e o respeitomútuo e para a cooperação; na consagração do direito universaldos povos à liberdade e à autodeterminação, e a condiçõesjustas para o desenvolvimento; e nos princípios do direitointernacional, como defesa contra os abusos de poder políticoou militar.O PS entende que o sistema político-jurídico que as Nações Unidastêm vindo a construir, laboriosamente, deve ser reforçado; e écontrário a qualquer acto unilateral ou tentação hegemónica deuma superpotência, que, à sua margem e violando-o, o possapôr em causa.O PS defende que a política externa portuguesa se faça norespeito pelas organizações e os tratados internacionais a queo País livremente aderiu e, em particular, no quadro dos seusdireitos e obrigações como membro da União Europeia, daOrganização para a Segurança e Cooperação Europeia, da AliançaAtlântica e da Organização das Nações Unidas. Entretanto, trêsorientações próprias devem distinguir e enriquecer a nossapolítica externa, as quais são: a valorização das comunidadesportuguesas espalhadas pelo mundo, a defesa e a promoção dalíngua e cultura portuguesa, e a cooperação com os países deexpressão oficial portuguesa, no quadro da Comunidade dePaíses de Língua Portuguesa.

18. O PS bate-se por uma ordem económica internacionalmais regulada e justa, pelo que é favorável a umaglobalização eticamente informada e democraticamentecontrolada, que seja um factor de avanço social e estimule odesenvolvimento de todas as nações e povos, esbatendo asfronteiras entre Norte e Sul. Combate, por isso, as tendênciaspara o domínio do mundo por poderes económicos queescapem ao controlo democrático e defende a organizaçãode novas formas de regulação supranacional.O PS acredita convictamente nas virtualidades da liberdade decirculação e troca e dos movimentos internacionais de pessoas,ideias, recursos e capitais. Não deseja, portanto, o regresso aformas obsoletas de nacionalismo ou ultraproteccionismoeconómico. Mas o facto de a aceleração dos movimentos decapitais não ter sido acompanhada pela adequada regulaçãoinstitucional contribuiu decisivamente, nas duas últimas décadasdo século XX, para o agravamento do fosso entre paísesdesenvolvidos e países em vias de desenvolvimento e para aintolerável coexistência entre acumulação de riqueza e aumentoda pobreza e das desigualdades. Por seu lado, a aplicação cegadas teses neoliberais, sem preocupações de sustentação ecoesão social, causou, em diferentes regiões do globo, adevastação económica e social.Ora, o mundo não pode ser comandado pelos interesseseconómicos, nem a globalização dos mercados económicos efinanceiros pode servir de pretexto para forçar a violação ou adiminuição dos direitos económicos e sociais, ou para desprezare hostilizar os interesses e as necessidades dos países e dospovos. O desenvolvimento económico não pode ser sacrificadoà ânsia do lucro imediato ou à especulação sem escrúpulos. Épreciso, pois, construir uma alternativa democrática à presentehegemonização do mundo pela actuação sem controlo deempresas multinacionais e pela ideologia neoliberal de combateaos Estados. É preciso contrariar as gritantes desigualdadesentre os países ricos e os países pobres. É precisa umaorganização mais equitativa do comércio mundial. É precisa umapolítica internacional activa de cooperação para odesenvolvimento, contribuindo para reduzir de facto asdesigualdades que negam direitos básicos à maioria da populaçãomundial e minam a paz e a segurança de todos.O PS advoga, em suma, uma regulação supranacional da

globalização, de forma a potenciar os seus aspectos positivos e aprevenir ou contrariar os efeitos indutores de desigualdade eexclusão.

19. O PS não privilegia qualquer doutrina filosófica oureligiosa, reconhecendo aos seus membros inteira liberdadeem matéria de opção doutrinária e de forma de vida.O PS é um partido laico, constituído por pessoas livres que,conscientes dos direitos e deveres que detêm como cidadãos,aceitam oferecer ao partido, segundo exigências de uma éticade responsabilidade, o seu empenhamento político. Emcontrapartida, o partido obriga-se a respeitar a personalidadede cada membro, não lhe pedindo que se contradiga ou actuecontra as suas íntimas convicções.É neste entendimento da relação entre o pleno respeito pelasconvicções éticas, filosóficas ou religiosas dos seus membros e aassunção da participação cívica organizada como umaconsequência da ética de responsabilidade que o PS perspectiva asua contribuição para os debates centrais do nosso presente efuturo próximo sobre os contornos éticos da actividade científica,tecnológica e social. Em tais debates, a questão crítica, para o PS,é a necessidade do controlo público democrático, à luzdesignadamente do respeito pelos direitos humanos e pelos valoreshumanistas, sobre as finalidades, as condições e as consequênciasda investigação científica e das suas aplicações tecnológicas.

20. O PS é um partido republicano, que emana dos cidadãos.Por isso, concebe a acção política como tarefa colectiva demobilização de pessoas e grupos para o projecto da plenarealização da democracia e da afirmação dos ideais daliberdade, da igualdade e da solidariedade. Por isso, é umpartido plural, coeso e fraterno, aberto à comunicaçãopermanente com as diferentes organizações e correntes deopinião que fazem a riqueza da sociedade civil, e assente naintervenção social e cívica dos seus membros, militantes esimpatizantes, cidadãos livres e activos unidos pela amplaplataforma política da democracia e do socialismodemocrático.Agir é o contrário de aceitar passivamente a lógica fatalista deperpetuação dos factores de atraso económico, cultural ecientífico, bem como dos factores de injustiça e desigualdadesocial. Participar, recusando o alheamento, a indiferença e oconformismo, é exercer um direito e um dever fundadores dacidadania. O PS convoca todos quantos se reconhecem noprojecto de realização plena da democracia e promoção dosdireitos humanos a mobilizarem-se para a acção política, nasdiferentes formas que a concretizam nas sociedadescontemporâneas.O PS considera vital não ceder à tentação inerente àsorganizações políticas para se fecharem sobre si próprias. Semdiminuir a importância da estrutura partidária e o contributodecisivo dos seus militantes, sem perder nenhum dos forteselos que o ligam às classes trabalhadoras e sem abdicar da suanatureza de grande partido popular, o PS deseja aprofundar acomunicação com as diferentes correntes de opinião eorganização que fazem a riqueza da sociedade civil, prestandoparticular atenção ao diálogo com o mundo da ciência, da culturae da inovação técnica e social. O que está em causa é oestabelecimento de uma verdadeira rede de cooperação esolidariedade entre modos plurais de agir politicamente.Ao mesmo tempo, o PS considera ser seu imperativo moral,cívico e democrático assegurar um adequado quadro deorganização interna e promover um efectivo clima de respeito ediálogo entre os seus membros. O PS cultiva a democracia internae vê a sua força principal na pluralidade das características,convicções e projectos dos seus membros, unidos na grandeplataforma política que assenta na vinculação recíproca entre oprojecto do socialismo democrático e a plena realização dademocracia política, económica, social e cultural.O PS quer estar permanentemente no centro do debate político,quer estar aberto às correntes de opinião e aos movimentossociais, quer fazer a síntese crítica dos muitos contributos quealimentam a mudança democrática.

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MOÇÕES GLOBAISEduardo Ferro Rodrigues

Henrique Neto, Pereira da Silva, Carlos André

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MOÇÃO DE ORIENTAÇÃO GLOBAL

FAZER BEM PELO FUTUROProponente

EDUARDO FERRO RODRIGUES

UM CONGRESSO PARA A ACÇÃOEste congresso resulta de um conjunto de circunstânciasparticulares que lhe conferem um significado bem distinto damaioria dos congressos até agora realizados.Ele resulta de uma vontade expressa pelo Secretário Geraleleito pelos militantes em Janeiro. Vontade expressa aquandoda sua candidatura e reafirmada após a sua eleição.Essa eleição realizou-se em período de preparação de eleiçõeslegislativas antecipadas e em substituição do anteriorSecretário Geral.Desde logo foi dito que, após a realização de eleições e fossemquais fossem os seus resultados, haveria a necessidade derealizar um congresso extraordinário com uma dupla eimportante ambição. Proceder a um debate aprofundado sobretodos os aspectos relevantes da vida do partido, incluindo aquestão da sua liderança.O PS, agora na oposição na Assembleia da Republica e tambémem muitos dos maiores municípios portugueses, necessita demodernizar os seus instrumentos de acção política, seja noplano das ideias, seja no plano da organização.Essa necessidade resulta acrescida ao recordar que vivemostempos de profundas mudanças na situação política, a nívelnacional e internacional, ao recordar como a actividadepartidária está hoje sujeita a um significativo alheamento porparte de franjas alargadas da sociedade e quando semultiplicam sinais de enfraquecimento dos mecanismos defuncionamento da democracia.A situação política que Portugal vive - tendo no Governouma coligação dos partidos da direita parlamentar adesenvolver nesta legislatura uma ofensiva poderosa paratransformar aspectos essenciais que caracterizam o nossomodelo de sociedade -, é também motivo para anecessidade de uma resposta adequada.Do ponto de vista da vida interna do Partido Socialista e,principalmente, na sua relação com a sociedade portuguesatudo justifica que se leve a cabo uma discussão aberta eprofunda e que daí se retirem conclusões úteis ao partido ea Portugal.Por estas razões se debateu durante os últimos meses umanova declaração de princípios e alterações estatutárias designificativo alcance.Este congresso realiza-se quando no horizonte estarão aindalonge os próximos combates eleitorais.É também essa uma razão para que, com serenidade mas comprofundidade, preparemos as mudanças que nos coloquem emmelhores condições de os vencer.Tanto mais quanto ocupamos hoje uma posição sem precedentes.Nunca um partido de oposição o foi partindo de uma base eleitoraltão alargada. Somos hoje um partido com granderepresentatividade na sociedade portuguesa, um partido no qualse revê uma parte muito substancial dos portugueses.E somos um partido capaz de mobilizar as vontades de muitosmilhares de militantes, por todo o país. Militantes dedicados,muitas vezes anónimos, que não hesitam em investir muito dasua vida e do seu esforço em prol da causa pública e do país.Contamos, para além disso, com uma enorme massa desimpatizantes e de cidadãos, que connosco colaboram emmúltiplas actividades, da esfera local ao plano nacional.Somos, pois, depositários de um enorme capital deresponsabilidade para dar corpo e expressão política a umavisão para Portugal que é partilhada por muitos, a visão dossocialistas democráticos.

IO NOSSO PERCURSO EM 2002

As lições das eleições de MarçoDisputámos eleições legislativas em condições muitodesfavoráveis. Fomos alvo de campanhas persistentes eextremamente agressivas da generalidade dos nossosadversários.As condições que levaram à demissão do Governo a meio de umalegislatura e a forma extremamente rápida de escolha de umnovo Secretário Geral constituíram factores de adversidade deenorme importância.O PS obteve, no entanto, e apesar da derrota, um dos melhoresresultados da sua história.Dois factores contribuíram, essencialmente, para esse facto.Em primeiro lugar, o empenhamento crescente dos nossosmilitantes nesta dura batalha disputada em condições tãoadversas, porque compreenderam claramente o carácter decisivoda opção que Portugal tinha diante de si.Em segundo lugar, o apoio de amplos sectores da sociedadeportuguesa que não se revêem, nem na crítica total que osnossos adversários faziam à governação do PS, nem nosanúncios artificiais e nas propostas demagógicas e populistasda direita.Foi-nos possível, aliás, manter o apoio da generalidadedaqueles que tinham estado com o PS nos Estados Gerais.Muitas destas pessoas, apesar de críticas relativamente aopções do nosso passado governativo, continuaram econtinuam a considerar o PS a força de referência dademocracia, da liberdade e do progresso.Temos, no entanto, de reconhecer que perdemos o apoio dealguns sectores eleitorais das classes médias urbanas e dosjovens, para quem nem sempre soubemos olhar com a devidaatenção no Governo, e, especialmente, de franjas doeleitorado rural e idoso.Este, apesar de ter constituído um dos segmentos que maisbeneficiou com as políticas do PS, acabou por ser sensível aoapelo do populismo e à demagogia em que os partidos dadireita basearam, sem escrúpulos, a sua campanha.

Seis meses de governo de direitaDepois de seis meses de governo dos partidos da direita, asituação económica, política e social agravou-sesignificativamente em Portugal.O governo mostrou, neste período, arrogância, frequentementenão respeitando a oposição e a Assembleia da Republica.Sectário, fechou-se a qualquer cooperação institucional,adoptando uma estratégia de mera oposição ao passado, bemcomo uma actuação, sem rumo, demasiado próxima dumaverdadeira ditadura da maioria.O Governo contou no Parlamento com a colaboração institucionaldo PS para agendar, com celeridade, a legislação que consideravafundamental.Dispôs-se, assim, o PS a contribuir para a estabilidadeinstitucional favorável ao lançamento das iniciativas legislativasda maioria.O PS manifestou ainda ao Governo a sua disponibilidade parapactos de regime em torno de questões decisivas para o futurodo país, de modo a criar um clima de governabilidade propício areformas com bases sociais e políticas de apoio tão alargadasquanto possível.Infelizmente, do lado da maioria parlamentar recebemos sinais

evidentes e frequentes de uma postura de desrespeito para comos direitos da oposição e assistimos a repetidas tentativas delegislar fora do enquadramento constitucional.Mas os sinais mais preocupantes são aqueles que, hoje, sãopartilhados pela generalidade dos agentes económicos e sociais,e dizem respeito ao diagnóstico que é por eles feito da situaçãoeconómica e social do país.Portugal tem hoje índices de confiança e de expectativas queestão entre os mais baixos da nossa história recente.Ora, apesar de atravessarmos uma conjuntura externa difícil,torna-se cada vez mais claro que as políticas do Governo PSD/CDS, longe de criar condições para inverter a situação, estão acontribuir decisivamente para lançar o país naquilo que se arriscaa ser uma crise económica de intensidade e duração imprevisível.A realidade da evolução económica é já bem pior que asprevisões que o Governo elaborou aquando da sua tomadade posse. Além disso, o cenário elaborado para o Orçamentode 2003, mesmo sendo pouco credível em algumas das suasprevisões, acentua os riscos de recessão que se perfilam numhorizonte próximo.E particularmente preocupante é a situação que se vive do ladodo emprego onde se assiste quer a uma escalada dos valores dodesemprego quer ao regresso a valores alarmantes deincumprimento salarial por parte de muitas empresas um poucopor todo o país. Esta situação é tanto mais preocupante quantoresponsáveis governamentais vêem a subida do desempregonão como um problema, mas sim como parte da solução!Por outro lado, as dificuldades sentidas pelas empresas, emparticular as de mais reduzida dimensão, têm vindo a acentuar-se. Enquanto isto, os indicadores bolsistas vêm registandosucessivos mínimos nos últimos meses � mais um sinal de faltade confiança dos mercados para investir.O Governo tem responsabilidades muito sérias na situaçãoactual e nas perspectivas para 2003.Em primeiro lugar porque, dramatizando desnecessariamente asituação nacional, gerou uma brutal queda das expectativase provocou um profundo desalento em quase todos os sectoresmais dinâmicos da sociedade portuguesa.Em segundo lugar porque lançou de forma irreflectida umapolítica fiscal, assente no aumento da taxa de IVA. Estapolítica fiscal contraria, antes de mais, tudo aquilo que o principalpartido do Governo tanto prometeu na campanha eleitoral emmatéria de fiscalidade. Mas, para além disto, vem agravar asperspectivas de recuperação económica, não gerou os efeitospretendidos em termos de receita fiscal e fez incidir os sacrifíciosexigidos aos portugueses de forma socialmente cega e injusta.Uma após outra, sucederam-se as medidas que não só nãoconstavam dos programas eleitorais da maioria, como em várioscasos contrariam frontalmente os compromissos assumidos ereiterados antes das eleições. Cada vez mais, cresce aconsciência de que as promessas eleitorais, afinal, não seriampara cumprir.A divergência entre as promessas da campanha e do programaeleitoral e a actual governação é algo que contribuidecisivamente para descredibilizar a política e os políticos. Atéporque não pode ser invocado o factor surpresa por quem, comoo PSD, fez uma campanha com base num diagnósticoexcessivamente negativo da situação do país. Quem prometeu oque já sabia que não podia cumprir, escondeu as suas convicçõese defraudou a confiança do eleitorado. E o que é mais grave,ainda, promove assim a descredibilização das instituições,minando a confiança dos portugueses naqueles que os

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representam.Este é um Governo que não mobiliza nem o país, nem osportugueses. É mais imaginativo a pintar quadros negros doque a apontar os caminhos para o futuro. E prefere anunciarmedidas apressadas e desconexas do que a planear políticasreflectidas e consequentes. A este Governo falta um rumo,porque falta um programa consistente e mobilizador para Portugale para os portugueses.A quebra dos índices de confiança atinge duramente a procurae especialmente o investimento e já está a deteriorar a situaçãoeconómica muito para além do que a situação nacional einternacional justificaria.Para além de uma política fiscal socialmente injusta eeconomicamente ineficiente, o Governo tem sistematicamenteignorado a prioridade que tem de ser dada à luta contra a fraudee evasão fiscal. Os portugueses não compreendem como lhespodem ser pedidos sacrifícios salariais e fiscais quando sãofavorecidos fiscalmente os sectores mais poderosos.Quando o PSD e o CDS impedem a adopção de novas medidas dereforço ao combate à evasão fiscal. E quando se acumulamindícios de desinvestimento no combate que estava a serlançado, com reconhecido êxito, aos crimes económicos.Do ponto de vista da recuperação económica, tardam aconcretizar-se os programas para a recuperação e o reforço dacompetitividade empresarial. E, não menos importante, para adefinição de uma estratégia de apoio às nossas PMEs.Do lado da Administração Pública, depois de anúncios cegos enão fundamentados de extinção de serviços públicos e decriação de um novo quadro de excedentes, o governo avançaagora com alterações legislativas ao sistema de pensões dostrabalhadores da Administração Pública que não foram, nemsufragadas eleitoralmente, nem discutidas em sede deconcertação.Ao mesmo tempo a política de substituições nas chefias dasinstituições do Estado obedece a critérios que são, na maioriados casos, os das clientelas partidárias.Do lado do investimento público, para além das sucessivasoscilações de posição acerca de investimentos estruturantespara o futuro do país, (como o Aeroporto da Ota), o governorevela incapacidade para definir políticas de fundo.Lança, assim instabilidade nos agentes económicos e emvárias regiões do país (casos das portagens das Auto estradas),ao mesmo tempo que tem vindo sucessivamente a reduzir opapel desse instrumento fundamental para recuperar ocrescimento. Com este governo, Portugal está a investir menosno seu futuro.Do ponto de vista social são também diversos os sinais de acçãogovernativa desajustada do ciclo que vivemos, das necessidadesda maioria da população portuguesa, constituindo uma vedadeiracontra-reforma social.Na segurança social assistimos ao lançamento injustificado deuma nova Lei de Bases da Segurança Social, que a par daspropostas constantes do Orçamento para 2003, tem comoprincipal objectivo retornar ao discurso anterior a 1995 deperigo de falência iminente da protecção social pública.Cria-se assim um pretexto para que esta volte a ser reduzida,como já foi no passado, a uma lógica predominantementeassistencialista. E para, de forma aventureira, reforçar o papeldos sistemas privados, não numa saudável lógica decomplementaridade, mas numa lógica agressiva de invasão doespaço da segurança social pública.Esta penalização das funções sociais do Estado conhece já outrosexemplos, como sejam o esbatimento das fronteiras entre aresponsabilidade pública e a iniciativa particular no domínio dasaúde ou a preocupante redução do peso do investimento públiconas políticas de educação, ciência e cultura.Por outro lado, tendo faltado ao governo a coragem para acabarcom o RMG, introduziu-lhe um conjunto de alterações quediminuem drasticamente o seu potencial de inserção social.Estas alterações, em muitos casos, tecnicamente erradas, estãoenformadas por uma moral de Estado retrógrada, culpabilizadorados mais pobres.Finalmente o Governo lançou de forma incorrecta � peloprocesso, pelo conteúdo e pelo momento � uma iniciativa dereforma da legislação laboral, que vem agravar injustificadamente

as tensões sociais, num período em que o país bem as podiadispensar.Esta é uma iniciativa que confunde as reais necessidades demodernização com a mera satisfação de velhos cadernosreivindicativos patronais. Por este caminho, o Governo só dificultauma solução equilibrada e de diálogo social para os reaisproblemas da economia das empresas e do trabalho.

O Partido Socialista na oposiçãoLogo após a formação do governo, o PS definiu uma práticafirme, mas serena, de oposição.Assumimos a nossa derrota eleitoral sem tibiezas. Aceitámosque na Assembleia da Republica o Governo pudesse beneficiarde um período excepcional de tolerância para a construção dasua agenda parlamentar.Mas desde logo foi compreensível a estratégia do Governo.Afirmámos por diversas vezes que o governo de Durão Barroso,constituído por uma coligação pós eleitoral de direita, forçadapelos resultados eleitorais, tinha dois caminhos possíveis paralançar as bases da sua governação:· Procurar consensos alargados na sociedade portuguesa e no

parlamento para algumas das áreas mais sensíveis dagovernação, que dessem ao país um sinal de mobilização pararesponder a difíceis exigências conjunturais e estruturais;

· Ou, seguir uma política de confronto sistemático, procurandoser mais uma oposição a um Governo que já não existe, doque um efectivo governo da Nação; tentando, assim, governartendo os socialistas, e não os problemas do país, comopreocupação principal e obsessiva da sua táctica política;culpabilizando-nos, até à exaustão, pelo passado, pelopresente e pelo futuro, e até pelos seus erros e omissões; ecomo se não tivessem sido eleitos para enfrentar, sem bodesexpiatórios, os desafios de Portugal e dos portugueses.

Foi a segunda a opção seguida e cedo se percebeu porquê: oprograma de governo da direita pouco tinha a ver com as suaspromessas eleitorais, pouco tinha de estratégia e deconsequência, pelo que necessitava da radicalização e crispaçãopara que esse facto fosse menos visível.A estratégia dos partidos à nossa direita cedo se revelouclara, pretenderam acantonar o PS numa oposição inanimada,sujeita a permanentes processos de culpabilização.Pretenderam fazer passar a ideia que o PS não podia mais aspirara afirmar-se como grande partido nacional, como permanentee credível alternativa de governo.Esta estratégia do Governo falhou redondamente. O PartidoSocialista resistiu, com firmeza, a esses ataques. Não se auto-censurou na sua função de oposição e mantém um enormecapital de simpatia e de confiança junto dos portugueses.Confiança que estamos em condições de consolidar e ampliar.O PS é um partido responsável. Defende que as legislaturasdevem ser cumpridas e que as coligações devem ter apossibilidade de comprovar a sua solidez e a sua capacidadegovernativa.Mas o PS não será nunca oposição conformista. O PS tem umaresponsabilidade democrática perante todos aqueles queconfiaram e confiam em nós como depositários do seu voto. Etambém perante todos os cidadãos que, não tendo votado no PSnas últimas eleições, não concordam com as opções erradas doGoverno.Nem o Governo nem ninguém de bom senso pode esperar que oPartido Socialista pactue, num silêncio passivo, com opções quechocam frontalmente com a visão que milhões de portuguesestêm da sociedade portuguesa e que comprometem o futuro dopaís.Especialmente quando estão em causa valores fundamentaiscomo os do respeito pela constituição e pelas normasdemocráticas.Por isso nos batemos contra a inconcebível gestão do processoR.T.P., onde as ilegalidades e as mentiras marcaram o tom daactuação governamental.Somos e seremos, também, oposição firme e decidida sempreque estiverem em causa erros grosseiros de política económicae social.Por isso nos empenhámos contra a política do Governo de

corte dos juros bonificados no Crédito à Habitação.Por outro lado, não seremos cúmplices de comportamentosque não honram a ética republicana e a transparênciademocrática. Por isso assumimos como um dever a exigênciade esclarecimento cabal e completo das relações entre ummembro do Governo apontado pela Polícia Judiciária como tendoestado envolvido em actos inaceitáveis para quem desempenhaaltos cargos públicos.Por isso, quando não foi respeitado o Parlamento como sede dademocracia, afirmámos com toda a clareza e com a justificaçãodevida que esse membro do Governo deixou de ter condiçõespara exercer o seu cargo.O PS é um grande partido democrático, o maior partido daoposição. O PS não se deixou nem se deixará limitar nos seusdireitos, nem na sua autonomia.Daremos corpo aos combates que julgarmos necessários porPortugal e pelos portugueses. Não seremos eco de reivindicaçõescorporativas que não servem o progresso do nosso país.E, perante uma maioria indiferente e insensível, nãorenunciaremos a usar os mecanismos de articulação do trabalhoparlamentar entre oposições que se tornem necessários à eficáciado nosso dever de oposição responsável, serena e programáticaem defesa de um país no centro da construção europeia, quereforça o seu modelo social e procura o crescimento comestabilidade macro-económica.

IIRENOVAR O PARTIDO SOCIALISTA

Um partido de causasO PS sempre soube afirmar-se como um partido com vocaçãomaioritária e portanto um partido de Governo. Mas afirmou-sesempre, também, como grande partido de causas. Da democraciae da liberdade, da integração europeia, do primado dasolidariedade, da defesa e da construção de uma sociedadebaseada nos valores da igualdade de oportunidades.Herdeiro, no início do século XXI, dos valores do socialismodemocrático e da social-democracia o PS tem de, a par da defesaintransigente de valores históricos que são seu património, saberabrir-se para novas batalhas que na óptica do progresso socialas comunidades contemporâneas defrontam.Os princípios e os valores que fizeram de nós o partido forte eprofundamente representativo que os portugueses quiseram peloseu voto que fossemos, são, na essência, os mesmos.Temos, agora, de estar à altura da rapidez e profundidade dastransformações sociais e económicas que são uma característicamarcante do mundo de hoje. Temos de actualizar as nossasrespostas, renovando a nossa matriz de pensamento, a nossamaneira de fazer política e as políticas que propomos comoprogramas de acção para o futuro.Isto não significa que o nosso quadro de valores tenha mudado.Significa que a forma os levar à prática tem de ser adaptada àscircunstâncias do presente. Renovar a nossa matriz políticasignifica trabalhar os nossos princípios para os fortalecer, paraque no futuro continuem a ser mobilizadoresO PS tem de afirmar a sua fidelidade e o seu empenhamento narenovação radical da democracia Durante muito tempo, osocialismo europeu privilegiou a política económica e social esecundarizou a importância das reformas institucionais.Face à crise de confiança nos sistemas democráticos temosque defender sem reservas as instituições políticasdemocráticas, promovendo ou consolidando novasoportunidades de cidadania no plano institucional. Maiscidadania é, também, mais participação. Mais cidadania notrabalho, no consumo, na promoção de direitos e na partilha deresponsabilidades.O Partido Socialista tem de afirmar a sua vinculação plena a umaglobalização eticamente informada. Não somos contra aglobalização. Mas queremos uma globalização diferente, quefavoreça o desenvolvimento de todas as regiões do mundo, emque a acção dos mercados esteja regulada por instituiçõessupranacionais renovadas e fortes e em que a lógica dos poderesabsolutos unilaterais ou dos mercados seja contrariadaeficazmente.

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O Partido Socialista defende as vantagens da economia demercado, mas não aceita uma sociedade de mercado. A livreiniciativa e a capacidade de criar riqueza devem ser incentivadas,porque a história mostra que a livre iniciativa é o modelo deorganização económica mais eficaz na afectação de recursos eo mais compatível com a democracia.Mas deve caber ao Estado assegurar uma regulaçãoinstitucional adequada e independente dos interesseseconómicos, para além de um sistema fiscal justo. Comodeve caber à Comunidade Internacional organizada aregulação das limitações e perversões do mercado sem regras.Somos igualmente aqueles que, de forma eficaz e consequente,mais defendem o aprofundamento do papel das economiassocial, solidária e cooperativa, como realidades dinâmicas, nummomento em que a tensão público/privado ganha novoscontornos e se afirma como um dos desafios fundamentais dasociedade portuguesa.O Partido Socialista defende que a existência de serviçospúblicos acessíveis e eficazes é essencial ao desenvolvimentoeconómico e social. É para nós fundamental assegurar aacessibilidade e a qualidade dos serviços, nomeadamente nossectores da saúde, sociais, educativos e culturais. Se o Estadofuncionar menos bem em alguns aspectos da sua actuação, oque é preciso é melhorá-lo, não acabar com ele.Os socialistas portugueses devem, também, ser a organizaçãodos cidadãos que se revêem nas preocupações ecologistas eambientalistas: por respeito para connosco e com as geraçõesfuturas, pensamos que todas as políticas e iniciativasempresariais se devem orientar pelo princípio da precaução epor uma ideia de desenvolvimento sustentável.O ambiente é e será cada vez uma questão de fundo, não apenasnos países mais desenvolvidos, mas para todo o planeta. OPartido Socialista afirma-se depositário e protagonista de umaconsciência ecológica empenhada e vigilante, tendo em vistagarantir, passo a passo, a concretização prática dasustentabilidade ambiental.Ninguém como os socialistas está em melhores condições parapromover de forma consequente a síntese entre competitividadee coesão, que constitui o património mais rico do chamadomodelo social europeu. Os mercados e o seu dinamismo devemser estimulados através de políticas públicas que facilitem oinvestimento. Mas essas políticas públicas devem tambémfavorecer a responsabilidade social dos empresários, oemprego e a sua qualidade, e a inclusão social dos maisdesfavorecidos. Sem este equilíbrio, não é possível construiruma sociedade plenamente modernizada.Finalmente, os socialistas portugueses estão empenhadosna construção de um Portugal moderno e cosmopolita: umpaís onde a valorização dos sectores mais dinâmicos equalificados da sociedade, designadamente nas áreas cientifica,tecnológica e cultural, seja um eixo central do desenvolvimento;uma sociedade capaz de encontrar no respeito pelas diferentesculturas um factor de fortalecimento da sua própria identidade.

Um partido eficaz e aberto à sociedadeA renovação do Partido Socialista é um objectivo irreversível.É forçoso reconhecer que ainda possuímos significativos déficesno funcionamento do PS. Possuímos estruturas demasiadoburocratizadas onde é, em muitos casos, pobre o debate político.E onde os militantes possuem, não raras vezes, poucasoportunidades de participar activamente na vida colectiva.Esta situação, que não se modificou durante a nossa recenteexperiência de governo, dificulta a abertura do partido àsociedade.Sem mudarmos, dificilmente traremos para junto de nós novasgerações de militantes, mesmo que se trate de cidadãospróximos da nossa matriz ideológica e da nossa base de apoio.O PS precisa mudar no plano interno porque os partidos sãoum esteio fundamental da democracia. Um cenário políticode enfraquecimento dos partidos, da sua credibilidade e dasua influência, cria as condições para o fortalecimento dodiscurso demagógico e populista que germina na periferia dosistema democrático e que ameaça perigosamente um modelosocial assente nos valores da solidariedade, da responsabilidadecolectiva e da própria democracia política.

Queremos fazer do PS uma referência para a mudança que todoo sistema partidário tem de levar a acabo na sua relação com asociedade.Os partidos, todos os partidos, têm que interiorizar cada vezmais que o seu desígnio não é servir os respectivos militantes,mas os portugueses, a democracia e o país. É por isso que ospartidos têm que reformar o seu modo de organização e defuncionamento, no sentido de um aprofundamento dademocracia interna, de uma maior transparência no próprioprocesso de definição das posições políticas e de uma totalabertura aos contributos e à participação de todos aqueles que,nos diversos palcos de intervenção cívica, social ou profissional,querem e podem ajudar os partidos a tornarem-se maispermeáveis aos problemas e anseios dos portugueses.A reforma do sistema político tem dimensões de modernizaçãolegislativa, desde o sistema eleitoral até ao financiamento dospartidos. O PS tem vindo a afirmar claramente as suas posiçõesnesta matéria.Mas o essencial dessa reforma passa também por dentro dospartidos. Passa pela sua capacidade de se afirmar, de formaaberta e transparente, como pilares fundamentais da democraciaque os cidadãos os reconheçam como representantes legítimose empenhados das suas preocupações.Quem quer participar na vida partidária, deve encontrar nospartidos uma verdadeira via para o fazer. Quem não querparticipar, deve poder olhar para a mensagem dos partidos eperceber de onde é que surge, porque é que surge e,transparentemente, que objectivos prossegue.É igualmente fundamental renovar e abrir o PS, porque a históriademonstra que, quando o PS inova e se abre ao exterior ganha,e quando se fecha sobre si próprio perde.Neste capítulo, os Estados-Gerais para a Nova Maioriapermanecem como exemplo paradigmático, como umaexperiência que temos de transformar numa práticapermanente. O PS mobilizou então os sectores mais dinâmicosda sociedade portuguesa para o debate político em torno danossa proposta para a governação do país. Nunca tantosindependentes, quadros qualificados oriundos dos mais diversospalcos de intervenção da nossa vida cultural, académica,científica, ou empresarial se envolveram com o PS de forma tãoentusiástica e tão voluntarista. O PS pôde, pois, apresentar-seao país representando um conjunto de ideias que germinavamdirectamente na sociedade civil.Contra as melhores expectativas, o PS não soube darcontinuidade a este processo de diálogo com a sociedade civil,porque não internalizou mecanismos que o enquadrassem deforma permanente no âmbito do Partido. E, se o Governo daNova maioria, quando chegou ao poder, sedimentou uma culturae uma prática de diálogo com as diversas forças sociais semprecedentes na nossa democracia, o Partido, no mesmo período,voltou a fechar-se sobre si mesmo.Está na hora de o PS se voltar a abrir ao exterior. E desta vez,criando os mecanismos necessários para que esserelacionamento saudável com os sectores mais dinâmicos danossa sociedade, com todos aqueles que na sua intervençãocívica se aproximam do posicionamento político do PS ou queprotagonizam causas que têm plena identificação com o nossoespaço político, se processe de forma permanente e estruturada,sem medos infundados e sem desconfianças de qualquerespécie.Mas a renovação e a abertura do Partido não se fazem pordecreto. Só serão bem sucedidas se o Partido e os seus militantesassim o quiserem e se, tal como pretendemos, compreendereme acreditarem nas vantagens e na necessidade imperiosa deque isso aconteça.Na linha da frente destas preocupações, está a necessidade deinstitucionalizar fórmulas que permitam enquadrar e fomentara participação, no trabalho político do PS, quer de não militantesque se identifiquem com os nossos valores e com a nossa acçãopolítica, quer de militantes cuja vontade de intervenção não seenquadre, exclusivamente, nos moldes da militância maistradicional.É assim de importância crucial que o PS encete um processo demodernização da sua própria organização interna. E aqui areforma do PS deve ser transversal e joga-se em vários planos.

Desde logo, temos que começar pela base, pelas secções, quetão decisivas e tão importantes são para o nosso partido. Assecções de residência têm tido, e continuarão a ter, um papelfundamental e incontornável na dinamização política a nívellocal. As secções de residência são, por isso, em grande parteresponsáveis pela expressão eleitoral que obtemos nos diversosactos eleitorais, sendo que nas eleições autárquicas sãoverdadeiramente insubstituíveis. Vivem, em grande parte, àcusta do trabalho abnegado e generoso de muitos militantesque dedicam uma parte importante da sua vida ao partido, semnada pedir em troca.Mas as secções de residência não podem esgotar as instânciasde participação política no PS. Ao lado destas, devem surgirestruturas que enquadrem outro tipo de participações, outrosperfis de militância, outras formas de fazer política. Por isso éfundamental avançar para o desenvolvimento do conceitode secções de acção sectorial, indo além das experiências que,a este nível, em vários casos com grande sucesso, já temos noPartido.É, agora, tempo de criar outro tipo de secções PS, aprofundandoesta experiência. Nunca contra as secções de residência, queque tiveram e têm um contributo decisivo para fazer do nossoum grande Partido português, mas complementando evalorizando a sua acção.Por um lado, as secções temáticas e as de duração limitada,que terão o objectivo de organizar os militantes em torno deuma área de intervenção ou em função de um objectivo deduração temporária. Por outro lado as ciber-secções. Tendoem conta a presença que a internet e as novas tecnologias decomunicação têm hoje no quotidiano dos portugueses, as ciber-secções podem ser um espaço privilegiado de relacionamentoentre militantes, de reflexão política permanente, de militânciareal no espaço das novas realidades comunicacionais.O PS tem muito a ganhar se der expressão estatutária àfigura dos clubes de política. Com eles, poderemosinclusivamente aproveitar experiências interessantes que já setêm disseminado de modo informal entre socialistas, no âmbitode fóruns de reflexão política qualificada e aberta, que é semdúvida importante valorizar. Os clubes de política, como gruposorientados para o debate regular sobre política geral ou temasespecíficos, devem ser suficientemente eclécticos para atraírema participação não apenas de militantes, mas também desimpatizantes e interessados, relativamente aos quais o partidoreconhece um papel de interlocutores privilegiados no contextoda sua própria reflexão.Outro eixo central da renovação assenta no aperfeiçoamentoe na democratização da orgânica dirigente do PS. Como éevidente, este projecto não é um projecto de exclusão; é, sim,um projecto de inclusão, que serve dois propósitos fundamentais:O primeiro, adaptar as estruturas do PS aos novos desafiosque se colocam a um Partido que voltou à oposição e que temque recuperar uma dinâmica de intervenção política que resultouenfraquecida durante o período em que estivemos no Governo.Reforçar a eficácia do PS exige estruturas executivas mais levese operacionais. Precisamos, nas estruturas dirigentes do partido,de órgãos representativos onde a riqueza, a pluralidade ediversidade estejam bem presentes. Mas precisamos,igualmente, de órgãos executivos mais reduzidos, coerentes eoperacionais.O PS tem que consagrar regras transparentes e sérias queestimulem a sua renovação permanente e que permitam umaabertura à participação designadamente dos jovens e todosaqueles estão inseridos nos sectores mais dinâmicos da nossasociedade. Regras que para serem sérias e transparentes nãopodem reduzir essa participação a um mero aproveitamentopontual- por vezes a roçar o oportunismo � dos contributosqualificados destas pessoas em momentos de aperto eleitoral.Neste sentido, há pelo menos quatro inovaçõesverdadeiramente essenciais:Ao nível do estatuto dos dirigentes, a introdução de limitesaos mandatos de alguns órgãos executivos, entre os quais ospresidentes das federações, de concelhias e de secções emembros dos órgãos executivos nacionais. Este é uminstrumento fortemente potenciador da abertura e renovaçãodo PS e fundamental para legitimarmos propostas análogas ao

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nível do sistema político em geral. Em complemento a estaproposta, e com os mesmos fundamentos, devem ser tambémconsagrado o impedimento de acumulação simultânea decargos executivos.Por outro lado, ao nível da competência dos dirigentes, é tambémincontornável a necessidade de aperfeiçoar o processo dedesignação de candidatos a deputados, bem como o processode designação de candidatos autárquicos. A experiênciademonstra que foram no passado praticados erros políticos nadesignação de candidatos eleitorais do PS, que decorreram,como é reconhecido, da falta de mecanismos internos decoordenação destes processos.Trata-se, aqui, de perceber que o PS tem uma responsabilidadepara com milhões de eleitores que nele se revêem e nele confiama sua representação política. Esta é uma responsabilidade do PSno seu todo, que obriga a uma ponderação que compatibilize oprincípio da desconcentração do poder decisório, inerente einalienável à nossa democracia interna, e o princípio daresponsabilidade eleitoral enquanto instituição, relativamenteaos candidatos que apresenta a eleições.A proposta equilibrada para garantir estes dois princípios apontapara que, no processo de designação dos candidatos a deputados,a quota da Comissão Política Nacional passe a ser preenchidasob proposta do Secretário-Geral. E, por outro lado, para que,no que se refere aos candidatos autárquicos, seja introduzida apossibilidade de a respectiva designação ser ratificada pelaComissão Política Nacional se não houver concordância entre aComissão Política da Federação e a Comissão Política Concelhiasobre as candidaturas propostas por esta última.Uma referência muito especial para a importância que os jovensterão para o futuro de um Partido Socialista moderno e renovado.Um dos objectivos fundamentais da mudança que queremospara o nosso partido dirige-se aos jovens, à motivação denovas militâncias e à renovação geracional dos valores quedefendemos. Esta atenção aos jovens, aos seus anseios e à suaparticipação traduz-se, desde logo, numa cooperação reforçadacom a Juventude Socialista, no respeito pela sua autonomia eidentidade e com a certeza de que ela representa um dos pilaresda renovação do PS.

IIIOS PRÓXIMOS DOIS ANOS

O PS serve hoje Portugal como o maior partido da oposição. Énesse plano que, estando-se em início de legislatura, deveráempenhar o melhor do seu esforço nos próximos anos.É certo que, como grande partido que é, deve estarpermanentemente preparado para assumir responsabilidadesde governo.É, pois, essencial que o PS defina com clareza e profundidade assuas posições sobre todas as questões relevantes da agendapolítica, reforçando a sua capacidade para intervir em todas asáreas temáticas que constituem a governação do país.Este objectivo obriga-nos a começar a trabalhar, desde já, parapreparar a nossa alternativa de Governo.Neste e no próximo congresso, jogaremos uma parte importantedo nosso futuro no médio prazo. Temos de saber ligá-los numtraço coerente e contínuo de trabalho político profundo einovador.Importa que, para tal, sejamos capazes de preparar para estesdesafios o Partido, os seus quadros e militantes, e também osportugueses que, empenhados na vida cívica, vêem no PS aalternativa ao Governo da direita.

Uma proposta própriapara as eleições europeiasAs eleições Europeias serão o próximo combate eleitoral nacionaldo Partido Socialista.São eleições importantes por vários motivos. Porque se farãonum momento muito importante da vida da União Europeia,com o quinto alargamento concluído e à beira de reformasinstitucionais importantes. E porque serão igualmente ummomento privilegiado para promover uma maior proximidadedos portugueses aos assuntos europeus.

O socialistas portugueses têm um empenhamento único noprocesso de construção da Europeia, empenhamento que ficoubem expresso aquando da presidência Portuguesa da U.E. e,nomeadamente da importante Cimeira de Lisboa que constituiuum marco na sua história recente.O nosso passado no combate pela participação de Portugalna U.E. dá-nos um lugar único e distintivo no quadro políticonacional. Somos o partido que melhor protagoniza a vocaçãoeuropeia de Portugal.Defendemos que é imprescindível que, para além de 2006,prossiga o esforço europeu de reequilíbrio nas dinâmicas dedesenvolvimento, nomeadamente através da manutenção defundos de coesão.Defendemos, também, uma constituição da União Europeia,clara e simples, que integre os princípios da União, a carta dosdireitos fundamentais, as suas instituições e respectivacomposição, competências e recursos financeiros.Concorreremos, pois, sozinhos às próximas eleições para oParlamento Europeu, seja qual for a forma como a direitaparlamentar se apresentar a essas eleições.Queremos continuar a participar na construção de uma Uniãode Estados e de Povos, onde o protagonismo central tem queassentar na afirmação da representatividade dos Estadosparticipantes e no reconhecimento dos direitos e liberdadesdos próprios cidadãos. Rejeitamos as visões redutores da Uniãocomo uma mera zona de comércio livre, onde só relevasse aliberalização dos mercados tal como rejeitamos a criação de umsuper�Estado europeu centralizado.O PS apoiará o processo de alargamento da UE aos paísescandidatos da Europa Central e do Leste. Esse alargamentoprovocará uma alteração profunda da natureza da União, masnão deve implicar qualquer retrocesso no aprofundamento doprojecto europeu.As transformações da UE tornadas necessárias pela adesãodevem salvaguardar a igualdade entre Estados, a solidariedadepara com os países e as regiões menos desenvolvidas e o esforçoproporcional exigido para fazer face aos novos desafios de umaUnião ampliada, afirmando-se nas grandes instânciasinternacionais e assumindo as necessárias reformas do sistemafinanceiro e comercial no plano internacional.Apoiamos uma reforma equilibrada da PAC que a experiência jádemonstrou ser indispensável, quer por Portugal, quer pelo futuroda União.Para o PS o modelo social europeu é um património fundamentalda nossa experiência comum.O objectivo, firmado em Lisboa em 2000, de transformar aeconomia europeia na mais competitiva do Mundo em 10 anos,implica que se prossiga a liberalização dos mercados e areformulação do tecido produtivo europeu com base na sociedadedo conhecimento e na utilização das novas tecnologias decomunicação, mas que se garanta, igualmente, a coesão sociale territorial, reafirmando o objectivo do pleno emprego,promovendo a luta contra a pobreza e a exclusão, bem como asalvaguarda do equilíbrio ambiental.Para o PS a União Europeia tem de ser um decisivo factor depaz e de reequilibro mundial.O protagonismo da União tem de ser, antes do mais, de ordempolítica, tanto no que concerne à progressiva formulação deuma política externa e de segurança comum, quanto naedificação, no plano interno, de um espaço de liberdade, desegurança e de justiça. A política externa é indissociável daedificação de uma identidade Europeia de Segurança e Defesa.Portugal deve protagonizar a afirmação de uma PESC que nãoaliena nenhuma das componentes de política externa do seuespecífico interesse, seja no plano das relações transatlânticas,seja no desenvolvimento das relações políticas com as regiõesvizinhas, seja no aprofundamento dos laços com África e aAmérica Latina.A política externa é indissociável da edificação de uma IdentidadeEuropeia de Segurança e de Defesa credível, na senda trilhadano Conselho de Santa Maria da Feira, com vista à prevenção deconflitos, à constituição de uma força militar própria que,articuladamente com a NATO, contribua para a gestão de crisese para a paz mundialComo foi sublinhado pelos ataques terroristas de 11 de Setembro

nos EUA, a construção de um espaço de liberdade, segurança ejustiça tem uma importância estratégica.Só a União Europeia está em condições de se afirmardecisivamente como pólo bloqueador de tendênciashegemonistas e de construção de modelo mais equilibrado depoderes a todos os níveis à escala mundial.

Uma solidariedade activacom os socialistas insularesO Partido Socialista está profundamente ligado ao processofundacional das autonomias político-administrativas dos Açorese da Madeira no período imediatamente seguinte ao 25 de Abril.Todos os principais impulsos constitucionais e legislativos daAutonomias têm a marca da nossa acção parlamentar, desde aAssembleia Constituinte até aos aspectos mais recentes daRevisão Constitucional de 1997 e das relações financeiras entreo Estado e as Regiões Autónomas.A acção do P.S., em ambas as Regiões, constitui um importanteacervo do projecto de aprofundamento democrático do Pais e,de forma especial nos Açores, desde a vitória do Partido Socialistanas eleições regionais de 1996, um enorme contributo para aabertura, a modernização e o desenvolvimento daquelearquipélago, já. reconhecido pelos açorianos nas últimaseleições em 2000.Com a ascensão da coligação de direita ao governo dePortugal, os Açores, em, particular, estão já a sentir os efeitosde um voluntarismo hegemónico e de uma discriminaçãonegativa do Governo da República, que tem colocado à frenteda realização permanente do interesse nacional a ocupaçãoselvagem de todos os níveis e fontes de poder, inclusivedaqueles que, tal como o Governo Regional dos Açores, têmuma legitimidade democrática e não podem nem devem seralvos da vingança e da discriminação por razões partidárias.Por isso, o envolvimento nacional do P.S. no apoio à acçãocívica e govemativa dos socialistas açorianos e no sucesso dasexperiências autonómicas, deverá incorporar, de formainequívoca, cone acentuado grau de prioridade, a estratégia doPartido Socialista nos próximos dois anos.Atendendo á especificidade e importância das problemáticasinsulares será constituído um Grupo Coordenador, presididopelo Secretário-Geral - que integrará os Presidentes do P.S.nas Regiões Autónomas, o Presidente do Grupo Parlamentarna Assembleia da República e um representante do grupodos socialistas portugueses no Parlamento Europeu - ao qualincumbirá articular todas as frentes de intervenção no apoioaos socialistas dos Açores e da Madeira.O Partido Socialista define como objectivos eleitorais nasregiões autónomas a renovação do mandato governamentaldos socialistas açorianos e o crescimento da influência dossocialistas madeirenses.Para a realização desses objectivos eleitorais, a organização e odiscurso do partido a nível nacional deverão concorrer de formaintensa e continuada, até porque os problemas dodesenvolvimento regional constituem um somatório integradodo objectivo nacional. de desenvolvimento harmónico e decoesão económica e social.O Partido Socialista continuará a assegurar a autonomia deorganização estatutária do partido nos Açores e na Madeira,confiando-lhes, dessa forma, o primado da sua opinião naformação da doutrina do P. S. sobre o enquadramento no Estadodas autonomias politico-administrativas, de ambos osarquipélagos.

Preparar as batalhas eleitoraisde 2005 e 2006Não é este congresso o momento para debater e aprovar o nossoprograma para as próximas legislativas.Mas é este o momento para nos desafiarmos a nós própriospara forjar e consolidar as ideias de futuro que terão de darorigem desde já ao novo programa eleitoral do PS para apróxima legislatura.É possível, desde já, juntar nos Fóruns Socialistas Por NovasPolíticas muitos dos melhores quadros da nossa vidacientifica, cultural e cívica para debater os temas do futuroe para, estudando os problemas da sociedade portuguesa,

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começar a construir as respostas que, úteis para o trabalhoda oposição, serão indispensáveis para o programa que opróximo congresso aprovará.A aprovação no congresso de 2004 de um programa para apróxima legislatura constituirá um elemento de ruptura com aprática tradicional dos partidos no nosso país. Será um processoque, sob a direcção do Secretário-Geral, deve ser conduzidoem todas as suas fases, desde já, tendo presente o objectivocentral e pressupondo que, salvo qualquer alteração da vontadedos socialistas, deve ter continuidade do seu protagonistaprincipal e candidato natural a primeiro-ministro.Porque isso significará a definição desde já de um horizontede projecto em que o PS estará em permanência, numa posturade abertura à sociedade, a construir o seu compromisso comos portugueses. Compromisso que será de campanha mas, queserá igualmente, compromisso de governo.Por outro lado, deveremos iniciar desde já o trabalho tendentea reafirmar a nossa força autárquica.Às estruturas do PS cabe um trabalho rigoroso e paciente deapoiar a gestão dos nossos autarcas que lideram CâmarasMunicipais e Juntas de Freguesia, bem como trabalhar com osnossos autarcas que se encontram na oposição.Estudar os problemas locais, propor as alternativas dossocialistas, acompanhar as políticas públicas para o sectorconstitui um passo essencial para poder, no tempo certo,construir candidaturas vencedoras.Candidaturas que terão de ser de abertura às comunidades, deavaliação crítica do nosso trabalho e de alternativa democráticaaos nossos adversários.Teremos também, na fase final deste ciclo, eleiçõespresidenciais. O PS empenhar-se-á no apoio a uma candidaturapresidencial para unir os portugueses, credível e ganhadora,como têm sido as que receberam o nosso apoio.

IVNOVAS POLÍTICAS PELO FUTURO

Portugal vive um clima de depressão e caminha para uma criseeconómica evitável. É nosso dever de oposição, ao mesmotempo que preparamos uma nova alternativa, evitar queretrocessos induzidos por este Governo ganhem umadimensão prejudicial ao país. Está em curso uma contra-reforma social e uma deriva neoliberal, que não investe nosportugueses e prejudica o caminho desejável em nome do seufuturo.Há, a este respeito, batalhas já necessárias e princípios deque não abdicamos, fulcrais nos debates políticos destalegislatura e que, não esgotando o nosso programa, são travesmestras, opções fundamentais em que assentarão osdesenvolvimentos sectoriais.Queremos ser um país de mulheres e homens, iguais emdireitos e deveres, que assumem em plena igualdade as diversasdimensões da sua vida pessoal e cívica. Agir pela igualdade é,também, assumir a intolerabilidade de toda a discriminação.A erradicação da discriminação de género é uma área em quea política tem uma forte palavra a dizer, desde a arquitecturado sistema democrático à regulação das relações sociais.Seremos defensores intransigentes da igualdade de género,nas normas e nos quotidianos.A sociedade que queremos terá de proporcionar novas e melhoresoportunidades no futuro. Tal poderá realizar-se já para os jovensde hoje, numa economia mais moderna, com melhor emprego,potenciando o apoio à sua autonomia pessoal. É a pensar nofuturo de todos, mas em particular dos cidadãos mais jovens queformulamos a nossa aposta de sociedade.

Investir no futuroA construção da alternativa à governação da direita terá deassentar na reconstrução de uma visão de futuro para Portugalque mobilize os portugueses e os capacite para os enormesdesafios estruturais que o nosso país tem diante de si.A sociedade portuguesa é hoje, em múltiplas das suasvertentes, uma sociedade mais aberta, mais culta ediversificada, que em 1995, não obstantes vivermos no

presente uma conjuntura de incerteza e desconfiança faceao futuro.No entanto, os progressos obtidos no domínio da promoção dainvestigação cientifica e da generalização do conhecimentocientifico foram dos mais relevantes da nossa história recente.A produção cultural nacional é hoje mais rica e reconhecida,nacional e internacionalmente, não obstante não estar aindasuportada em modelos sustentados de financiamento nematingir os níveis de penetração social desejáveis. A investigaçãocientífica e tecnológica foi incentivada e desenvolveu-se deuma forma sem precedentes que já está a gerar ganhos, atodos os títulos, para o país. Da mesma forma iniciou-se umaverdadeira cobertura nacional do ensino pré-escolar ainda queatingindo níveis insuficientes.Estas apostas podem e devem, no entanto, ser aprofundadas.É, por isso, preocupante o desinvestimento actual naqualificação dos portugueses e nas áreas de excelência dacultura, da ciência e da tecnologia. O abandono destaprioridade estratégica enfraquece o potencial demodernização do país e a base de promoção dacompetitividade, produtividade e qualidade social que aqualificação e a excelência proporcionam.O Partido Socialista assume a questão da qualificação e doinvestimento nos portugueses como o desafio fundamentalpara a modernização da sociedade portuguesa. O que está emcausa não é optar entre o betão e as pessoas, mas sim pôr obetão ao serviço das pessoas.Para o PS, a superação estrutural dos nossos défices nãopode ser conseguida de forma duradoura sem que à cabeçada actuação do Estado esteja a promoção, estímulo egarantia de valorização da qualificação dos nossos cidadãos.Temos de ser incansáveis neste desígnio. Só assimpoderemos competir num espaço europeu e mundial cadavez mais competitivo e globalizado.Por isso, esta preocupação tem de ser uma preocupaçãotransversal a todas as políticas publicas, mas também deveráser valorizada no seio da sociedade civil.Na concretização desta preocupação transversal o PS colocacomo prioridades três planos de acção:· protecção à criança contra todos os riscos sociais e reforço

do investimento na intervenção precoce no combate aosobstáculos ao desenvolvimento integral das crianças;

· melhoria qualitativa dos sistemas de educação/formaçãoconduzida a par de uma desejável ampliação da escolaridadeobrigatória e dos níveis médios de escolaridade e qualificaçãodos jovens e da população adulta, ano após ano.;

· reforço do investimento nacional em investigação edesenvolvimento cientifico e tecnológico, pondo especialatenção no seu interface com os sistemas produtivos.

Uma economia competitiva � valorizar os nossosrecursosi. Crescimento sustentável � a chave do nosso progressoAs dificuldades que Portugal hoje vive têm uma dimensãoconjuntural. Mas os problemas mais sérios do nosso país sãode natureza estrutural e têm a ver com a capacidade de fazera nossa economia crescer de forma sustentável, convergindocom os indicadores de desenvolvimento da União Europeia.Este crescimento é imperioso e é possível. O nosso país tem-no conseguido ao longo das últimas décadas.E fê-lo, igualmente, nos anos recentes de governo do PS,quando em todos os anos crescemos mais do que a UniãoEuropeia.Mas não temos as garantias de que isso acontecerá sempre.Sabemos até que defrontaremos dificuldades crescentes, comopaís, para nos aproximarmos dos que vão na frente. Para o PS,esse crescimento só será inteiramente sustentável se forprosseguido em três planos distintos.· Se for economicamente seguro, ou seja, se assentar em

acréscimos competitivos baseados na valorização dos nossosrecursos e principalmente na qualificação dos portugueses.Foram feitos progressos neste domínio no passado recente,mas eles necessitam de ser incrementados para reforçar acapacidade estratégica das empresas e dos sectoreseconómicos;

· Se for socialmente sustentável, ou seja, se não deixarpara trás os mais desfavorecidos e se criar e reforçarmecanismos de solidariedade, que garantam a coesão sociale melhorem o bem estar das famílias;

· Se for ambientalmente sustentável, ou seja, se formoscapazes de investir mais na política de ambiente, na linhado esforço já feito nos últimos anos � reconhecido pelaOCDE no seu exame ao desempenho ambiental de Portugal�, assumindo assim o desafio de intensificar o processo deconvergência com os padrões de qualidade ambiental dospaíses mais desenvolvidos da Europa e do Mundo.

ii. Estabilidade macro-económica, um instrumento parao crescimentoPara o PS a estabilidade macro-económica tem, por si só umvalor acrescentado, para a construção de um caminho deprogresso económico e social. E, nessa estabilidade, o controlodas finanças públicas assume cada vez mais um papel de relevo.Não como um fim em si, mas porque, quanto mais equilibradasforem as contas públicas do ponto de vista estrutural, maisviável se torna recorrer à despesa e ao investimento públicoscomo instrumentos de mobilização de recursos em contextode abrandamento económico.O PS mantém a sua adesão plena aos objectivos de estabilidadee crescimento no seio da União Europeia.O que não significa que não defendamos que a Europa tem aobrigação de entender os sinais de mudança da conjuntura deforma profunda e assumida, e de adaptar as suas políticas,quer a essa realidade mutável (e o mundo de hoje é bemdiferente do que era nos anos 90), quer à diversidade dassituações das diferentes economias.O PS assume, no entanto, que Portugal tem de manter os seusobjectivos de consolidação orçamental num quadro deestabilidade e crescimentoMas importa perceber que, se para esse esforço há que contarcom um importante contributo da racionalização dadespesa pública e especialmente da despesa corrente, opapel decisivo terá de vir duma maior eficácia no combateà fraude e à evasão fiscal.Foi uma incompleta compreensão dessa necessidade que agravoua situação orçamental no passado recente da gestão do PS.Até porque uma parte substancial dessa evasão corresponde aactividades económicas que não são efectivamentecontabilizadas no cálculo do Produto Interno Bruto. Desta formao êxito desse combate tem um duplo efeito positivo nosindicadores do défice: reduzindo a sua dimensão bruta ereduzindo o seu peso na criação de riqueza.

iii. Um modelo de especialização económica com futuroA capacidade para Portugal convergir de forma sustentadacom a União Europeia exige um reforço, também sustentado,da nossa competitividade.Essa competitividade não passa apenas pela melhoriaincremental da produtividade nas nossas empresas eactividades económicas, nem apenas pelo melhor desempenhodos nossos serviços públicos.Passa, principalmente, pelo aprofundamento da mudança donosso perfil de actividades económicas, valorizando cada vezmais aquelas que maior capacidade possuem de criar valor eafirmar-se em mercado aberto.É uma mudança estratégica que se deve afirmarprogressivamente e que só terá sucesso com o esforço de todaa nossa comunidade.As políticas públicas devem aí jogar um papel importante,nomeadamente em três domínios:· reforçando a modernização das nossas infra-estruturas

(nas acessibilidades, no ambiente, na investigação...)esforço que teve um grande impulso com os governos do PS,e que não pode abrandar;

· na valorização produtiva nos nossos recursos humanosmais qualificados, passo que a sociedade portuguesa aindasó deu de forma minoritária;

· reforçando os instrumentos de concertação estratégicaque favoreçam a criação de sinergias entre todos os agentesdecisivos para a competitividade nacional.

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Reafirmar o valor da solidariedadei. Defender a protecção social � valor decisivo dos socialistasO avanço inequívoco em matéria de política social constitui umdos mais importantes legados dos governos do PS. Nos últimosseis anos, Portugal aproximou-se decisivamente do modelosocial europeu, e a solidariedade foi uma prioridade dagovernação, como talvez nunca tenha sido.Existe hoje um risco sério de retrocesso nesse domínio. Estaé, pois, uma frente de combate político que tem a maiorimportância.Importa reiterar os grandes princípios que estiveram subjacentesàs reformas operadas, e reafirmá-los como linhas orientadorasde toda a actuação futura em matéria de política social. Auniversalidade do sistema de protecção social, a diferenciaçãopositiva da protecção conferida aos trabalhadores e o princípioda solidariedade, na sua tripla dimensão � nacional,intergeracional e profissional � não poderão deixar de ser astraves mestras do nosso conceito de protecção social.O PS continuará a bater-se pela garantia de um sólido sistemapúblico de segurança social, caracterizado pela universalidadeda protecção concedida e dos direitos que lhe estão associados,e reservando aos regimes complementares um espaço de opçãovoluntária e não de imposição administrativa;Mas, assumimos também que a modernização da protecçãosocial é uma tarefa permanente pela qual nos bateremos noGoverno ou na oposição. Uma agenda renovada de protecçãosocial deve integrar:· uma solidariedade mais intensa para com os mais idosos,

reforçando neste domínio a defesa da diferenciação positivados mais pobres;

· o apoio às pessoas com deficiência, bem como aos que sofremde doenças prolongadas incapacitantes;

· a revisão progressiva das fontes de financiamento daprotecção social, tornando-as mais amigas do emprego;

ii. Por uma sociedade com melhor emprego para todosUma das prioridades dos governos do PS e da nova maioria foi areforma das políticas activas de emprego, para controlar e reduziro desemprego e promover a criação de emprego. Foi possívelassim ultrapassar todas as metas da União Europeia e aproximarPortugal do Pleno Emprego.Apesar de vivermos uma conjuntura recessiva as políticas deemprego e o objectivo emprego devem continuar a constituiruma primeira linha de preocupação de uma boa estratégia dedesenvolvimento para Portugal.A manutenção de elevados níveis de emprego é um dos pilaresessenciais do bem estar social em Portugal e erra profundamentequem pensa que o crescimento da competitividade nacional sepode fazer à custa de aumentos significativos da taxa dedesemprego. Para o PS, Portugal tem que continuar a investir numa políticaque permita atingir três objectivos:· prevenir o desemprego, qualificar os recursos humanos e

aumentar a produtividade e a qualidade do emprego;· actuar precocemente com os desempregados para evitar o

desemprego de longa duração e promover a empregabilidade;· promover a reinserção de pessoas em situação de exclusão do

mercado de trabalho.

A prevenção do desemprego implica a melhoria dacompetitividade das empresas e também a aquisição decompetências por parte dos trabalhadores de modo a garantir-lhes carreiras simultaneamente mais flexíveis, mais seguras ede melhor qualidade. Para que tal aconteça o investimento daformação ao longo da vida tem de ser um objectivo que mobilizetoda a nossa sociedade.As políticas activas de emprego terão, no contexto deabrandamento económico que vivemos, um papel essencialna dotação do país das competências para a sociedade deinformação, numa relação adequada entre a formação e asnecessidades de adaptação e competitividade das empresase dos trabalhadores.

iii. Promover a coesão territorialA consciência solidária dos portugueses expressa-se também

na preocupação com um desenvolvimento territorial equilibrado.A redução das assimetrias, o investimento no interior, oreequilíbrio entre áreas urbanas e rurais, o apoio às periferias,são preocupações maiores e salvaguardas necessárias a maisequidade no aceso aos recursos e benefícios que a sociedadepossa proporcionar. Tal impõe a prioridade política à dimensãoregional dos efeitos das políticas sectoriais, oaperfeiçoamento dos mecanismos de descentralização e dedesconcentração, bem como novos instrumentos de políticaregional e ordenamento do território.Mais oportunidades para mais pessoas, quer também dizer maiordisseminação dessas oportunidades pelo conjunto do territórionacional, sem favoritismo nem discriminações.

Uma sociedade aberta,uma sociedade mais democráticaPortugal tem hoje uma sociedade mais rica e multifacetada doponto de vista cultural, em resultado dos processos deglobalização e da própria modernização da sociedade portuguesa.Mas este deve ser um factor de progresso e de enriquecimento,e não um instrumento de produção de fracturas sociais eculturais.É essencial que se desenvolvam todos os mecanismos quepermitam integrar, em condições de igualdade e dignidade,todas as minorias nas múltiplas vertentes da nossa vidacomunitária, desde a participação cívica à inserção no mercadode trabalho.O PS reconhece a persistência, no nosso país, de formasinaceitáveis de discriminação contra diferentes tipos deminorias. É fundamental actuar no sentido de eliminar essasdiscriminações. Esta é uma marca de modernidade de que nãopodemos prescindir.Sendo certo que compete ao conjunto da sociedade superaresses mecanismos, há uma responsabilidade acrescida que recaino Estado e na sua actividade normativa, uma responsabilidadede que o Estado, na visão inclusiva que os socialistas têm para asociedade portuguesa, não se pode demitir.O PS afirma, por isso, o seu compromisso empenhado nanecessidade de agir para combater a discriminação de que sãoalvo as minorias na sociedade portuguesa.Por exemplo, as minorias no domínio da orientação sexual, quecontinuam ainda hoje a ser discriminadas de forma injusta einaceitável. A nossa Constituição consagra o princípio daigualdade, segundo o qual todos os cidadãos são iguais perantea lei, e estabelece um amplo conjunto de factores dediscriminação que devem ser interditos em Portugal.Apesar de entre estes princípios não se encontrar ainda o daorientação sexual de cada cidadão, o Partido Socialista entendeque nesta, como noutras questões, as práticas discriminatóriascontinuam a ser frequentes e inaceitáveis..Para além disso, há factores de discriminação já referidos pelaconstituição portuguesa que continuam, na prática, por erradicarna sua plenitude. Este é, também, um desafio de fundo para asociedade portuguesa: garantir que a um Estado de direitocorresponde efectivamente uma sociedade de direitos.É o caso das questões étnicas e culturais. Em anos recentes, opaís conheceu uma alteração estrutural perante os fenómenosmigratórios à escala global. Portugal passou a ser receptor demais imigrantes, e de imigrantes de proveniências maisdiversificadas, muitas vezes com culturas, línguas e tradiçõesdistantes das mais implantadas na sociedade portuguesa.A imigração não é, em si, um problema. Pode e deve ser umfactor de enriquecimento � cultural, social e económico ecomo tal deve ser abordada.Só será um problema se a abordarmos defensivamente, comoalgo que é negativo à partida, e se lhe respondermos commeras políticas repressivas que não abrandam as pressõesmigratórias. Em rigor, ninguém beneficia com a miopia de talopção, nem os que estão nem os que chegam.Construir uma política de imigração simultaneamentesolidária e eficaz, inclusiva e reguladora, implacável comas mafias e compreensiva com as sua vítimas, é um dosgrandes desafios que se colocam ao futuro do país.A imigração é uma realidade estrutural que veio para ficar.Integrar, em condições dignas, imigrantes que, na maioria

dos casos, não serão temporários, é, além de um imperativopolítico do presente e da nossa matriz de civilização, um deverhistórico que temos, enquanto país que tradicionalmente foiorigem e não destino de fluxos migratórios.A circulação de pessoas, nas suas diversas fases históricas,contribuiu, aliás, para a construção da identidade lusófona,que enquanto país temos todo o interesse e orgulho empromover. A globalização da lusofonia é um vector importantede promoção da identidade nacional e de projecção do país emtermos internacionais.A lusofonia materializa-se numa mesma língua, mas tambémem laços históricos, afectivos e culturais que queremosaprofundar. A cooperação com os países lusófonos, e oinvestimento nos mercados emergentes destes países, sãoformas de renovar os laços que nos ligam, promovendo aomesmo tempo o desenvolvimento destes parceiros históricose privilegiados, hoje e no futuro.Mas a prioridade à lusofonia passa também pelas políticas deimigração, apostando na integração na nossa sociedade deimigrantes provenientes dos países que falam a línguaportuguesa e dos seus descendentes.A lusofonia é mais do que uma questão de negóciosestrangeiros, é uma questão de identidade e de partilha culturalEm suma, o Partido Socialista assume com firmeza o seucompromisso pela inclusão, contra todas as formas dediscriminação. Uma sociedade exclusiva é uma sociedademenos tolerante e é tendencialmente uma sociedade de risco.A sociedade portuguesa não soube ainda resolver de formasatisfatória a trágica realidade do aborto clandestino. O abortoclandestino é hoje um problema menos dramático do que háalgumas décadas, quando não eram divulgados nem meioscontraceptivos, nem educação sexual ou planeamento familiar.O PS considera, antes de mais, que deve ser feito uminvestimento muito forte quer no domínio da educaçãosexual quer no planeamento familiar. Considera ainda queo aborto clandestino é uma realidade de dimensão aindadesconhecida e cujos contornos é importante conhecer emtoda a sua profundidade e extensão.Mas o melhor conhecimento da situação e a melhoria dasabordagens preventivas não podem continuar a constituir alibispara que permaneça uma grave situação de saúde pública donosso país. Impõe-se, por isso, dar tradução a uma realidadereconhecida pela maioria da sociedade portuguesa: a de que énecessário mudar o enquadramento legislativo que penalizade forma injusta as mulheres e as famílias. E, em especial,aquelas que menos recursos possuem.Não se trata de considerar o aborto como uma prática normal,ou como um substituto dos meios contraceptivos e doplaneamento familiar. Trata-se de reconhecer que esteproblema existe, e vai continuar a existir se nada for feitopara o regular. Trata-se de reconhecer que se a opção de opraticar ou não é uma questão de consciência, a decisão depenalizar ou não a sua prática em determinadas situações,é uma questão política.Desde o anterior referendo houve factos novos, tais como acondenação de mulheres pela prática de aborto clandestino,quando se tinha dado por adquirida a queda em desuso dessasanção penal.Só uma nova mobilização social em torno deste velho problemapode criar verdadeiras condições para que o processo sejarelançado: não faz sentido recolocar aos portugueses estaquestão enquanto ela não for recolocada num debate nacionalalargado e no plano da mobilização dos cidadãos.Havendo uma mobilização da opinião pública que reflicta essanova realidade, entendemos que deve avançar-se para umanova solução política para este problema, a qual teránecessariamente de passar por uma nova consulta aosportugueses em referendo.O PS apoiará as iniciativas credíveis neste domínio.Empenhar-se-á como partido, respeitando assensibilidades existentes acerca desta questão, no apoio àmobilização social que vise colocar na ordem do dia umnovo referendo sobre a despenalização da IVG, nos termosjá definidos.É preciso ganhar a sociedade para esta causa antes de pensar

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em ganhar um referendo. E, para o Partido Socialista oresultado desse referendo, à semelhança do que aconteceuanteriormente, deve possuir consequências políticas.

Um estado modernoao serviço dos cidadãosi. O papel do estado na sociedade actual � rejeitamos asociedade de mercadoSe para o PS a economia de livre iniciativa deve constituir amatriz básica da organização económica, compete, no entantoao Estado um papel decisivo para que a competitividadeinerente à economia de mercado não destrua aspectosessenciais da coesão social e da identidade nacional e dascomunidades.A presença natural do Estado nas funções de soberania ou dejustiça não só se justifica pela natureza dessas funções comoaté constitui um factor determinante para a modernização dasociedade, para o funcionamento económico bem como para aigualdade de oportunidades.Por outro lado existem áreas onde a oferta pelo estado de bense serviços continua a justificar-se pela natureza pública dessesbens ou pelos riscos que a sua afectação exclusivamente privadatraria para a cidadania e a igualdade de oportunidades (é o casodos serviços de comunicação, de determinados sectores daprodução cultural).Ainda em áreas fundamentais para o bem estar das famílias,como o acesso a equipamentos de natureza social continua aser indispensável uma presença, ora estruturante oracomplementar da parte do estado, tendo em conta asdesigualdades que continuam a marcar, quer do ponto de vista

social, quer do ponto de vista territorial a nossa sociedade.O PS fará da luta por serviços públicos de qualidade, acessíveisa todos os cidadãos e fomentadores da igualdade deoportunidades um vector essencial do seu combate político.

ii. Mais regulação pública, melhor controlo democrático,maior defesa do consumidorPilar de uma reafirmação da autoridade do Estado será, também,a consolidação e bom desempenho das novas responsabilidadesde regulação do Estado. Hoje o Estado tem de garantir o exercíciode funções reguladoras em numerosas áreas onde o sectorprivado presta os serviços exigidos pelo desenvolvimento doPaís e pelo bem estar dos portugueses: na energia, na água,nas telecomunicações, nos transportes, no sector financeiro,no audio-visual, na exploração da rede viária e em muitas outrasáreas vitais. Sem uma clara autoridade do Estado através deuma boa regulação destas actividades a garantia do seu papelpúblico não está assegurada e a confiança dos cidadãos podeser fortemente abalada.

iii. O valor da segurança como pilar da democraciaExiste hoje na sociedade portuguesa, bem como em diversasoutras, um sentimento muito generalizado de que existe umdéfice de segurança a diversos níveis da organização social.Esta insegurança e os sentimentos que gere não tem apenas aver com a criminalidade e os seus resultados. Afirma-se tambémna esfera do consumo, da relação do cidadão com as instituiçõesmais poderosas, na utilização de bens públicos. O PS defendeque a afirmação da autoridade do Estado é um imperativodemocrático.

O domínio da segurança interna e da luta contra a criminalidadee contra a corrupção é central na afirmação da autoridade doEstado.Para o PS tal exige uma estratégia integrada de combate àcriminalidade desde a prevenção ao apoio à vítima, passandopela cooperação judiciária e policial internacional.

UM PARTIDO DETERMINADO

A actual fase da vida do PS exige de todos nós umcomprometimento reforçado.Grande partido da democracia portuguesa o PS sofre hoje umdos mais violentos ataques da sua história recente.Temos que assumir esse combate com a determinação e ahumildade dos verdadeiros democratas.Já assumimos os nossos erros, cara a cara com os eleitores,assim como, da mesma forma assumimos o muito queconstruímos.Assumimos hoje as nossas insuficiências e nossa vontade demudar cara a cara com os militantes do Partido Socialista.Falta uma palavra final. A palavra do Secretário Geral doPartido Socialista de reafirmação da sua vontade e orgulhoem liderar o partido nos combates que nos esperam.Bem como a sua determinação em se apresentar como ocandidato do PS a Primeiro Ministro de Portugal.Com um partido orgulhoso do seu passado e da sua história,rico na sua diversidade e democracia., unido e renovado ecada vez mais aberto à sociedade, essas serão batalhas paravencermos.

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1INTRODUÇÃO

A presente moção � Pensar Portugal� pretende servirPortugal, contribuindo para introduzir no debate políticointerno do Partido Socialista, com vista ao XIII Congresso,uma estratégia global e coerente para o PS e para Portugal,com propostas concretas de intervenção política e de bomgoverno da Nação. Propostas que se baseiam em leituras,convicções, debates, documentos escritos e nas opiniões eparticipação activa de muitos militantes, ao longo de maisde uma década. Esta é uma moção que pretende cobrir ageneralidade dos desafios que o nosso País enfrenta nesteinício do século XXI e constituir uma base programáticapara uma esquerda moderna, capaz de atrair a inteligênciae o coração das mulheres e dos homens de diversosquadrantes políticos, que se revejam na tradição humanistae libertadora do socialismo.Trata-se de uma moção que continua o espírito da moção�Portugal Primeiro�, que apresentamos ao XII Congressodo Partido Socialista e que partiu da esperança de ser, nessaaltura, possível lançar o debate para a renovação do PS;considerávamos, então, fundamental esse debate paraevitar a degradação do projecto político do PS e da NovaMaioria, bem como do governo de António Guterres,degradação que era já bem evidente nessa altura,nomeadamente junto dos eleitores e de muitos militantesdo PS, e não apenas junto dos chamados analistas políticos,jornalistas e da sociedade em geral. Infelizmente, umavisão bem pouco realista, toldada, além do mais, peloexercício do poder, designadamente da parte do SecretárioGeral do PS e do grupo dos seus mais próximos seguidores,reunidos no Secretariado Nacional, não permitiu que o XIICongresso pudesse ser de relançamento do partido juntodo seu eleitorado. Foi por isso mesmo que assistimos, logoa seguir, a um período politicamente penoso, que teve oseu corolário lógico na derrota autárquica de Dezembro de2001 e na demissão do Primeiro Ministro e Secretário Geraldo PS, ponto de partida para a derrota nas eleiçõeslegislativas de Março de 2002 e para o regresso do PSD e, decerta maneira, de Cavaco Silva, ao poder.Em Junho de 2001, falávamos ainda do fim do cavaquismoe da evolução política do Partido Socialista, após o impactocriado pelo grande movimento cívico, político e social queforam os Estados Gerais Para Uma Nova Maioria. Tratámosde forma crítica a nova experiência do PS no poder,enquadrada no percurso mais recente das democraciasmundiais, com razões que justificavam, cinco anos passadossobre a chegada do PS ao governo, uma reavaliação docaminho percorrido; a realização do XII Congresso do PartidoSocialista era, para nós, a grande oportunidade. Congressoque reivindicávamos dever ser um debate amplo e livre,participado por todos os socialistas, que não se esgotasse,dizíamos, �na análise do passado e nas querelas dopresente, mas apresente novas perspectivas sobre o futurodo PS e de Portugal.�Dissemos então: �A presente moção não tem como objectivodisputar o poder a quem o tem exercido com legitimidade,mas tão só contribuir para o debate, que há muito achamosnecessário e mesmo urgente, debate que deve ser corajoso,realista e actual, centrado nos desafios que se colocam aPortugal e ao Partido Socialista, à entrada do novo milénio.Ocasião de grande significado, que deve ser aproveitada

para afirmar os progressos alcançados, nos mais variadosdomínios, pelos governos do Primeiro Ministro AntónioGuterres, mas que não deve desconhecer os sérios desafioscolocados a Portugal e aos portugueses, bem como não podeescamotear algumas fraquezas da governação do País,colocando sempre o prestígio e o progresso de Portugal,bem como a melhoria da vida dos portugueses, em particularos de mais baixos recursos económicos e educacionais, naprimeira linha das preocupações do poder político. O queimplica encontrar novas formas de melhorar o exercício daactividade política, qualificando-a e tornando-a maistransparente e compreensível aos olhos dos cidadãos, nosentido de uma cultura de participação na vida democrática,em linha com a tradição e a vocação do Partido Socialista.�Terminámos a introdução da moção �Portugal Primeiro� comalgumas notas premonitórias que, infelizmente, não foramouvidas, debatidas ou até apenas contrariadas: �Esta moção�Portugal Primeiro� parte da consciência desta realidadepara uma procura de novas vias de dar resposta aos anseios,à disponibilidade e às capacidades dos portugueses, semquaisquer preconceitos ou interesses pessoais ou de grupo,mas conscientes da liberdade de pensamento e de acçãoque adquirimos em 25 de Abril de 1974. Conscientes tambémde que as divergências ideológicas, sendo naturais em todasas sociedades, não são o problema essencial no PartidoSocialista, como provavelmente não o serão entre a maioriados portugueses, pelo que não surpreenderá que a presentemoção se debruce essencialmente sobre a gestão do Estadoe da prática política e governativa do PS, questões que têmassumido em Portugal contornos estrategicamenterelevantes, na medida em que são obstáculos concretos aobom governo, que a não serem resolvidos com coragem eeficácia, comprometem, porventura de forma irremediável,o projecto político do PS e da Nova Maioria.�Não foi, então, possível realizar o debate que osacontecimentos posteriores vieram a confirmar serurgente. Não permitiu o voto democrático que a moçãoviesse a ser discutida em Congresso. Nem o Congressoestava aparentemente disponível para o fazer. Os tristese lamentáveis episódios então verificados e que tiveram oseu momento mais penoso na forma pouco civilizada enada democrática como foram acolhidas as vozesdiscordantes ficam a assinalar um momento muito poucodigno da nossa história recente. A cegueira que pareciater-se apoderado de todos (e também de muitos dirigentes)ficou evidenciada em pouco tempo: de facto, uma das vozesque no XII Congresso foi vaiada e assobiada veio a ser,poucos meses volvidos, acolhida com enorme e calorosoaplauso por aqueles mesmos que ali, então, a quiseramhumilhar.Passado mais de um ano, as condições políticas eeconómicas de Portugal e da Europa mudaramsubstancialmente e a cegueira do poder abriu as portas àdireita portuguesa e europeia. Mas não tinha de ser assim.Agora, como então, acreditamos que esse percurso poderiater sido evitado, para o que bastaria falar verdade aosPortugueses, não ter fugido às dificuldades da governaçãoe ter escolhido os mais competentes, os mais corajosos eos mais devotados ao serviço público, acabando com ocarreirismo político e colocando Portugal no topo das nossaspreocupações, com então pedimos. Daí que voltemos agoraa repetir tudo o que então dissemos, acrescentando algomais sobre aquilo que, entretanto, aprendemos.

2ESQUERDA E SOCIALISMO

Os erros da governação do PS, nomeadamente a prática depermanente apaziguamento com os interesses e as reivindicaçõesdos grupos sociais mais favorecidos e poderosos, o afastamentoda tradição de ética política e cívica dos republicanos e socialistas,bem como a ausência de debate e de pesquisa de novas vias deafirmação do socialismo, conduziram o PS e a esquerda em geral,para uma inaceitável posição defensiva, em Portugal e na Europa,onde a Internacional Socialista e o PS não têm estado à alturadas suas responsabilidades e das oportunidades que os actuaistempos de mudança propiciam e reclamam.Em concreto, a Internacional Socialista, como o PS em Portugal,são hoje instituições essencialmente burocráticas, destinadasa defender as personalidades que as constituem e dirigem, nãoapresentando ideias, convicções, ou mesmo respostasadequadas para vencer a hegemonia dos interesses económicose financeiros, nacionais e internacionais, em convivência,muitas vezes, com os sectores mais retrógrados e oportunistasda sociedade, que se organizam sob a capa política dos partidosda direita e que abrem caminho ao populismo demagógico daextrema direita, autoritária e racista. Basta pensar naquilo quese passa no conflito Israelo- Palestiniano, na impunidade comque se movimentam os capitais dos cartéis da droga e dacorrupção internacional, ou constatar a ausência de qualquerestratégia consequente relativamente ao fenómeno daglobalização, para compreendermos que não são os ideais daesquerda que estão em crise, esses vivem no coração doscidadãos de todas as latitudes, mas são as direcções políticasburocráticas que não têm estado à altura dos desafios do nossotempo.Mário Soares tem procurado travar o declínio da esquerda nocampo das ideias, lançando recentemente o debate público sobreo papel do socialismo nas sociedades contemporâneas,afirmando a perenidade dos valores da esquerda e indicandocaminhos ao PS e aos partidos socialistas europeus, além deassumir, sem ambiguidades, �a vocação federadora de todas asesquerdas� a partir do socialismo democrático, no contexto, ecomo resposta pró-activa, à queda do muro de Berlim e à mortedo socialismo autoritário, do modelo soviético. Foi ainda MárioSoares que escreveu, neste debate, uma frase essencial, queresume e clarifica um século de desentendimentos e de falsasavaliações: �O património da esquerda é inseparável da liberdade� as ditaduras são sempre de direita, qualquer que seja o seudisfarce ideológico, embora haja, felizmente, direitasdemocráticas e antiditatoriais -� Mas é também Mário Soaresque, no mesmo texto, com coragem e visão, afirma,simultaneamente, os princípios de sempre da esquerda, aomesmo tempo que nos alerta para um certa realidade do nossotempo: �E, no entanto, quanto a mim, os valores éticos epolíticos, na sua essência, não mudaram, embora as realidadeseconómico-sociais se manifestem de forma muito diferente, oque exige dos políticos (consequentes) um grande esforço derenovação e de autenticidade nos seus comportamentos.�Em geral concordamos com Mário Soares, porque não existemrazões válidas, neste início do século XXI, para que a esquerdaesteja na defensiva, ou para deixar que o debate ideológico dospartidos socialistas se transforme numa questão de geometria,sob a falácia burocrática do objectivo de ganhar o centro. Pelocontrário, o centro ganha-se com respostas de esquerda aosdesafios do nosso tempo, em que as desigualdades sociais sãoglobais e não apenas locais, em que as clivagens dos interesses

MOÇÃO GLOBAL

PENSAR PORTUGALProponentes

HENRIQUE NETO, PEREIRA DA SILVA, CARLOS ANDRÉ

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nunca foram maiores e mais perigosas, quando as tentaçõeshegemónicas no mundo e os perigos de guerra e de conflitosentre os povos estão longe de afastados e vencidos, o que fazdos valores perenes e solidários da esquerda a única respostaglobal credível. Bastará para isso que os partidos da esquerda eos seus dirigentes não se deixem enredar na defesa de interessese de posições oportunistas e eticamente reprováveis, que nãose afastem do ideário socialista e, finalmente, que os socialistasde todos os quadrantes compreendam a necessidade de umaprofunda reflexão democrática, por isso aberta e livre, por issocriadora e revolucionária. Vivendo em democracia, a revoluçãoque preconizamos é a das ideias, dos novos conceitos e soluçõese de uma capacidade acrescida para manter a utopia permanentedo direito de todos os seres humanos à felicidade e à igualdadede oportunidades e no acesso às riquezas do planeta e aodesenvolvimento sustentável, entre todos os povos e raças.Neste contexto, o projecto de Declaração de Princípios do PS éum documento pobre, que de alguma forma enferma dosmétodos burocráticos que estiveram na sua origem e das habituaistécnicas de manipulação dos militantes pelos aparelhospartidários, que evitam o debate mas usam ao limite os meios decomunicação social, técnicas essas que estão na raiz da actualprática centrista dos partidos políticos. De facto, as direcçõespartidárias, de todos os quadrantes políticos, aproveitam o vaziopolítico que elas próprias criaram, quer no poder quer naoposição, pela ausência de debate e pela falta de formaçãocívica dos cidadãos, para justificar, através da apatia generalizadados militantes e dos eleitores, a necessidade de um certoaparelhismo burocrático e inconsequente, sem ideias ougrandeza. O XII Congresso do PS foi um caso exemplar destaforma de manipulação política, que aproveitou, até às últimasconsequências, a máquina partidária, os interesses instaladose a lógica dos lugares e das mordomias públicas, para um patéticoexercício de negação da realidade. Esperemos que o XIIICongresso não seja uma repetição.Estas são razões da crise de credibilidade da política junto doeleitorado, cuja solução passa pela profunda reforma dos partidospolíticos e pela mais completa transparência do seufinanciamento, e também por novas formas de assegurar aparticipação dos cidadãos na vida política e o seu acesso a cargospolíticos, com base em critérios de seriedade pessoal, decompetência profissional e de originalidade e qualidade dasideias que defendem e propõem. Ou seja, é urgente que oconhecimento, a qualidade e a obra feita sejam factores devalorização dos agentes políticos, em vez da familiaridade, dafidelidade e da dependência, económica e social, da actividadepartidária, como acontece hoje. Se isto não for feito, a acçãopolítica dos partidos socialistas afastar-se-á crescentementedos ideais da esquerda, aproximando-se, perigosamente, daspráticas políticas dos partidos da direita, a ponto de se tornarem,no essencial, dificilmente diferenciáveis.Por isso, não sejamos nós próprios os coveiros da esquerda, pormedo de assumir a tradição e os valores do socialismo, com aideia, errada e decadente, de que é preciso uma aproximaçãoao centro para ganhar eleições. Mas, da mesma forma, nãotenhamos a ilusão de que basta a aproximação ao PCP, ou aoBloco de Esquerda, para somar os votos desses partidos aosvotos do PS e merecer o apoio da maioria dos portugueses.Repetimos a ideia de que, em Portugal, a força do PS resultaráda sua própria capacidade de dar resposta aos novos e velhosproblemas da sociedade portuguesa, das ideias e dos projectospolíticos que o partido apresente aos Portugueses e da qualidadeintelectual, política e cívica dos seus dirigentes, semvanguardismos inúteis, mas também sem conservadorismos deesquerda ou de direita. Ou seja, temos de descobrir novoscaminhos, coerentes com os valores da esquerda: nas relaçõesde trabalho; no desafio da globalização; na diferenciação entrecapital criador de riqueza e bem estar e capital especulativo oumesmo criminoso; na economia de mercado posta ao serviçodos cidadãos; nas novas formas de solidariedade com ostrabalhadores de todo o mundo e não apenas na conservaçãode modelos sindicais herdados do passado; no reforço daqualidade das instituições democráticas, na defesa do meio,quer urbano, quer rural; na procura de um modelo dedesenvolvimento económico sustentável e que valorize o

trabalho nacional. Em tudo isto temos de fazer apelo aos valoresda esquerda, mas sem perder de vista a competitividade daeconomia e a qualidade e a universalidade dos serviços públicos,o que faz apelo ao uso intensivo do conhecimento, de novastecnologias e de novos modelos organizativos, que aprendam alidar com a complexidade do nosso tempo e com a aceleração damudança. Em particular, temos de aprender a definir e aquantificar os nossos objectivos de forma clara e a desenvolveruma cultura de avaliação e de responsabilidade em todos ossectores da sociedade e em particular entre as elites dirigentes,área em que a esquerda tem demonstrado uma fragilidadeevidente.Entretanto, sejamos claros, não será através da mera defesadas chamadas �conquistas históricas� e do imobilismo daíresultante, que a esquerda e o PS se podem afirmar e responderde forma positiva aos novos desafios da internacionalizaçãodas economias e conseguir ganhos reais no nível e na qualidadede vida dos Portugueses.Como trataremos adiante, a globalização e a aceleração damudança nas sociedades modernas comporta perigos óbviospara o equilíbrio social, mas introduz uma certa percepção debem estar e incentiva hábitos de consumo de amplos sectoresda sociedade, fenómenos que os cidadãos valorizampositivamente, o que implica uma enorme criatividade epedagogia políticas na compatibilização entre progressoeconómico e tecnológico e progresso social, no sentido devalorizar o objectivo de reduzir de forma acelerada asdesigualdades existentes entre povos, classes sociais e cidadãos.Ou seja, compreendamos que, nas sociedades complexas donosso tempo, coexistem culturas, atitudes e fenómenos vários,conservadores e progressistas, seja no plano das pessoas, sejano das instituições, o que forma um mapa político muitocomplexo, feito de interacções nem sempre racionais e nemsempre separáveis, entre esquerda e direita, o que torna cadavez mais difícil sustentar políticas de transformação e deverdadeira mudança, por recurso a formas simplistas edemagógicas de discurso político, como tantas vezes tem sidofeito. Talvez, por isso mesmo, a seriedade, a verdade e a éticapolíticas sejam cada vez mais importantes para fazer as escolhase as reformas necessárias, porque será através destes valoresque os partidos políticos podem mais eficazmente desenvolver aconfiança dos cidadãos e desafiar a sua imaginação e capacidadede diferença e de utopia, de forma a conduzir a acção políticapor objectivos de maior coerência e solidariedade, através delideranças que os eleitores possam respeitar e admirar.Por todas estas razões, a esquerda e, em particular, os partidossocialistas, têm de começar por prestigiar a política e a ideologia,recuperando-as de muitos anos de oportunismo e de demagogia,evitando tratar questões complexas com fórmulas simplistas eignorantes, falando verdade aos eleitores e usando aparticipação democrática dos militantes para reforçar,pedagogicamente, a compreensão colectiva da superioridadedos valores e da prática política da esquerda para resolver osproblemas da sociedade e as necessidades dos cidadãos. Essasuperioridade, que já foi mais visível no passado, não pode sertida como um dogma, mas uma construção diária dos partidossocialistas e dos seus dirigentes, uma realidade que não podeser apenas afirmada, mas construída.Daí que a Declaração de Princípios do PS deva ser uma criação detodos os socialistas, inovadora e responsável, avançada,verdadeira e motivadora e uma referência viva, isto é, deve seruma oportunidade para um grande debate sobre a esquerda e osobre o socialismo no século XXI.

PropostasIniciar um processo de debate entre os socialistas e outrossectores da sociedade, para criar uma Declaração de Princípiosque possa ser uma referência nacional e internacional. Debateque deve envolver trabalhadores e intelectuais, empresários ecientistas.Acabar com a hipocrisia existente no financiamento dos partidospolíticos, através da possibilidade de o financiamento ser feitopor pessoas, empresas e instituições privadas, mas com aobrigação de os pagamentos serem feitos por chequecontabilizado nas empresas e instituições financiadoras, bem

como na contabilidade dos partidos. Obrigatoriedade decontabilidade organizada de todas as secções e organizaçõesdos partidos políticos, em que todos os pagamentos erecebimentos só possam ser feitos também por cheque, nãosendo permitidas as dádivas em espécie ou em serviços.Fiscalização e publicação das contas dos partidos políticos a serfeita pelo Tribunal de Contas.Sem prejuízo do respeito e consideração por todas as correntesda esquerda e pelo seu contributo para os grandes avançospolíticos e sociais alcançados no passado, o PS deve apresentar-se a eleições legislativas e europeias sozinho e defender o seuprograma político junto dos portugueses. Dito isto, nada invalida,bem pelo contrário, a possibilidade de acordos parlamentares,com vista a defender políticas de esquerda, que sejamcompatíveis com o programa político do PS.O PS deve ser um partido aberto a todas as correntes de opiniãoe sectores da sociedade, com formas organizadas de participaçãodos cidadãos que não pretendam ter um vínculo partidárioefectivo. Em particular, o PS deve interagir com associações egrupos de cidadãos que se interessam e estudam aspectosconcretos da vida social, valorizando a participação desses grupose instituições, de forma continuada e cedendo-lhes uma partedo poder político, nomeadamente o poder de influenciar asdecisões políticas do partido.A escolha de militantes para cargos políticos resultantes deeleições, legislativas e autárquicas, deve ser realizada atravésde consultas aos militantes em eleições primárias.

3UM SISTEMA POLÍTICO MODERNO

O sistema político que resultou do 25 de Abril de 1974 e dascircunstâncias da luta política que se seguiu tem respondido deforma satisfatória às necessidades da democracia portuguesa,o que é tanto ou mais notável quanto a vivência democráticanunca foi um ponto alto da nossa história como povo. Emparticular, o nosso regime democrático tem permitido aestabilidade política, a alternância no poder, a integração dePortugal na União Europeia, além do regular funcionamentodas instituições democráticas. Acresce que foram feitasalterações sucessivas à Constituição da República de 1976 mas,no essencial, a nossa lei fundamental continua a honrar osportugueses que a escreveram e a aprovaram.Entretanto, como já foi afirmado antes, tem sido notável o bomsenso do povo português em todas as fases da nossa democraciade quase trinta anos, em geral nas escolhas eleitoraissucessivamente feitas e, em particular, nas eleições para aPresidência da República, que pela sua importância poderiamter afectado o equilíbrio institucional do regime. Ou seja, apesardas múltiplas insatisfações existentes em sectores da sociedade,dos chamados excessos da comunicação social, da grandeliberdade e tolerância existentes e das reais dificuldadeseconómicas de uma grande parte das famílias portuguesas, onosso regime democrático, nos últimos vinte e oito anos,consolidou-se, o que é um facto notável e um valor a preservar.Assim sendo, estamos convencidos de que o nosso atrasorelativamente à Europa, os problemas existentes na nossaeconomia e no nosso processo de desenvolvimento, não sãoapenas resultantes do nosso sistema político e por isso não seresolverão por alterações que lhe possam ser introduzidas. Ouseja, voltamos a verificar que as verdadeiras questões do debatepolítico devem centrar-se na prática e na gestão do sistema enão em pôr em causa a sua capacidade de responderadequadamente às necessidades nacionais. Como exemplo,referiremos a questão da descentralização do Estado, cujagravidade não pode ser desmentida, mas que resulta apenas dofacto de a Constituição da República não estar a ser cumprida enão de quaisquer outras razões. Até mesmo a menorparticipação dos cidadãos na vida democrática, de que agoratanto se fala, não é o resultado das leis do regime, mas daspráticas hegemónicas dos partidos políticos, porque de formageral exercem o poder de forma a colocar os interessespartidários acima de todas as outras considerações.De facto, o povo está cansado do discurso político do poder que,

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em todas as circunstâncias, divide as questões entre a posiçãocerta, que é sistematicamente a do partido do governo, e aposição errada que é a de todos os outros partidos, ou o discursodas oposições, que diz exactamente o inverso. Como é óbvio,esta prática, em combinação com a disciplina imposta aosmilitantes e dirigentes em todos os partidos políticosportugueses, mecaniza e retira credibilidade ao debate políticoe, mais grave, permite a perversão da qualidade política egovernativa e a sobrevivência sistemática do oportunismo, damediocridade e da ignorância na gestão do País. Ou seja, omesmo bom senso popular, de que falamos antes, sente maisdo que por vezes sabe que não é normal que as coisas se passemdessa forma; e, não podendo, ou não querendo, assumir umaposição mais activa ou radical, que não está na nossa tradição,os cidadãos limitam-se a criticar e desinteressam-se da vidapolítica.Esta é a razão porque, apesar de tudo, defendemos algumasalterações ao sistema político, principalmente no sentido dedotar as leis eleitorais com os círculos uninominais, cujamotivação principal não resulta do convencimento de que osdeputados eleitos por estes círculos possam ser qualitativamentediferentes, mas porque esta é a única forma de introduzir algumaconcorrência à hegemonia política dos partidos portugueses,tornando-os mais competitivos e, numa segunda fase,conduzindo-os à introdução de alterações no seufuncionamento. Da mesma forma, defendemos a criação deprimárias para a escolha dos cidadãos para cargos políticosresultantes da eleição popular. Ou seja, acreditamos que nãohá democracia sem partidos políticos, mas também temos aconvicção de não haver verdadeira democracia quando todoo poder político se concentra nas organizações partidárias enenhum poder é reservado aos cidadãos.Uma outra questão tem a ver com a estabilidade governativa e atendência para considerar que essa estabilidade está associada,apenas, a vitórias eleitorais por maioria absoluta, o que não éverdadeiro, pois nada impede a criação de coligações ou deacordos de incidência parlamentar ou governativa, como se estáa verificar entre o PSD e o PP. E se esta não é a solução maisfrequente na vida política portuguesa, esse facto não pode serdissociado da circunstância de os partidos políticos tenderem aconsiderar o interesse nacional num segundo plano e acolocarem, frequentemente, o partido acima de todas as outrasconsiderações.Na actual conjuntura política, após a experiência de acordospontuais para fazer aprovar os diversos Orçamentos do Estadodos governos socialistas, é previsível uma evolução no sentidode maior estabilidade, ainda que, infelizmente, com políticasmaioritariamente de direita. Esta realidade não é tanto oresultado do mérito político do PSD, mas dos erros cometidospelo PS no Governo e, assim sendo, a mera crítica das políticasda direita não será credível junto do eleitorado. Nestascircunstâncias, o PS deve assumir-se como partido de esquerdana oposição, privilegiando o debate das grandes questõesestratégicas que Portugal enfrenta e novas propostas criativaspara políticas de esquerda, com exclusão de todas as tentaçõesde Bloco Central. Importa reconhecer, em todo o caso, que asnovas ideias e as novas políticas que possam conduzir a umanova fase de credibilização do PS, dificilmente podem serconduzidas pelos mesmos que desacreditaram o PS no governo.Seja como for, no que ao sistema político diz respeito, não deveser pela via legislativa que se deve encontrar a necessáriaestabilidade política, mas pela via da conquista do respeito e daconfiança dos cidadãos e, quando necessário, através danegociação democrática e civilizada com os outros partidos, emparticular, da esquerda parlamentar.Ou seja, a tarefa de melhorar a governabilidade do País, passapor uma convivência mais moderna e mais efectiva entre todosos partidos políticos, por reduzir a demagogia e o clubismo dodiscurso político e por uma defesa mais clara e mais transparentedo interesse nacional. Objectivos que devem resultar de umapedagogia política que pode e deve ser feita pelo PS em todas ascircunstâncias, nomeadamente nas autarquias, onde não vimosrazões válidas para recusar a limitação de mandatos, sem oartifício de aceitar que existem supostas situações deretroactividade da lei.

PropostasLimitar os mandatos autárquicos a dois consecutivos.Criação dos círculos uninominais, sem prejuízo da regra daproporcionalidade em círculos nacionais.Realizar a descentralização efectiva do Estado, com base nadivisão distrital existente e legislando formas livres deorganização e representação de espaços supra distritais, atravésde formas democráticas de decisão local de todas as atribuiçõesregionais definidas na lei, de acordo com os objectivosquantificados nos programas de governo e com o controlo dosobjectivos e dos orçamentos a ser feito pelo poder central, como recurso a modernos sistemas de informação, organizados emrede.

4ÉTICA E PEDAGOGIA REPUBLICANAS

Continuamos a colocar a ética no topo das preocupações danossa moção, na medida em que é por demais evidente que avida política nacional está corroída por jogos de interesses, asmais das vezes ilegítimos, que esses interesses estão organizadosem grupos poderosos que comprometem o progresso e odesenvolvimento da Nação e a expressão reformista da vontadedemocrática, e que, com frequência, esses interesses coexistemno interior dos dois principais partidos políticos portugueses,PSD e PS. O contrário seria fugir a uma primeira dificuldadepolítica, na medida em que queremos afirmar o Partido Socialistacomo o Partido cuja história e cuja cultura foram moldadas naescola da Ética Republicana e cuja tradição de serviço públiconos impõe a defesa de medidas rápidas, eficientes etransparentes, que permitam garantir aos socialistas que oPS continua igual a si próprio e não ilude a sua relação deconfiança histórica com os Portugueses, com vista a superara resistência às reformas necessárias à modernização do Paíse ao reforço e consolidação do regime democrático.É nossa convicção de que a construção de uma sociedade modernae justa em Portugal só é possível se assumida pelo conjunto dasociedade, isto é, em diálogo com todas as forças sociais. Mas,ao mesmo tempo, assumimos com clareza que em democraciarepresentativa há toda a legitimidade dos orgãos do poder políticopara governar sem hesitações, levando à prática os programassufragados pelo voto livre do povo. Ou seja, não pode nem devehaver quaisquer dúvidas sobre a legitimidade dos governos paralevar à prática as reformas necessárias, com determinação efirmeza, mesmo quando isso possa contrariar opiniõesdivergentes e interesses estabelecidos. Ressalve-se, apenas,que não se pode desconhecer que a legitimidade de qualquergoverno é, na prática, reforçada ou enfraquecida pelocomportamento ético dos seus membros, nomeadamentenas sociedades modernas, em que a existência de órgãos decomunicação social poderosos e livres faz o escrutínio públicode cada acto ou de cada intenção dos detentores de cargospolíticos.Esta realidade complexa não pode ser torneada e menos aindadenegrida, na medida em que representa um reforço dademocracia e não um seu exagero. Por isso, os cidadãos que sedispõem, em democracia, a assumir os riscos da vida política,devem compreender os limites e as regras da sua intervenção,em que o conceito da ética republicana assume uma importânciaque não é apenas simbólica, mas um instrumento permanenteda legitimidade democrática. Ou seja, não é apenas aexemplaridade ética dos governantes que se apresenta comouma questão essencial das democracias modernas, é também asua capacidade de praticarem e promoverem a pedagogia daética pública, a qual representa uma mais valia de legitimação;é através dessa pedagogia que os dirigentes políticos criam omeio e o ambiente capazes de reforçar a legitimidade do poderdemocrático e de contribuir para reformar as práticas e asculturas, porventura negativas, que existam na sociedade. Alémde que a pedagogia da Ética Republicana é, ela própria,indutora das regras de bom governo e, por isso, não hesitamosem afirmar que em todas as decisões partidárias egovernativas a componente ética da decisão é tão relevantecomo a decisão em si mesma, pelo seu efeito exemplar junto

da sociedade, criador de regras de boa cidadania e danecessária confiança entre governantes e governados.Acresce que, no contexto da complexidade crescente dassociedades modernas e em vista dos poderes e dos recursosatribuídos aos meios de comunicação, o prestígio da democraciae o bom nome dos governantes está, sem margem para qualqueralternativa, ligado à institucionalização de meios de verificaçãoe de controlo independentes. Isto é, as instituiçõesindependentes de controlo são o meio que permite aos agentespolíticos dormir descansados e não podem ser tratadas comoburocracias lesivas da eficácia dos governos, ou como forças debloqueio, porque são, de facto, instrumentos insubstituíveisdas boas práticas governativas e uma garantia adicional dedefesa da actividade política e da honra dos cidadãos queexercem essa actividade.Durante a recente passagem pelo poder alguns governantes doPS constituíram casos exemplares da ética republicana eprestigiaram o PS e a esquerda. Todavia e infelizmente eles nãosão generalizáveis; casos houve em que a prática política do PSse afastou desses valores, nomeadamente pela convivência comsectores e interesses dificilmente recomendáveis e que foramdo futebol à construção civil, das obras públicas à especulaçãoimobiliária É neste contexto que sempre vimos com apreensãocasos como o que ficou conhecido como o Totonegócio, algumasdas circunstâncias que fazem parte do processo de organizaçãodo Euro 2004 e do Programa Polis, bem como a de moda de criarfundações, institutos e empresas de capitais públicos, seja porparte do poder central seja do poder autárquico. O objectivo detais entidades é, muitas vezes, iludir os meios de controloinstituídos, com efeitos muito negativos para o bom nome dospartidos políticos e de alguns dos seus dirigentes; prejudicou já,em concreto, a aceitação popular o projecto político do PS, factoque não pode ser menosprezado nem tão pouco justificadoatravés de supostas ou verdadeiras lutas internas, pela acçãoda oposição ou pela existência de quaisquer centrais demanipulação desafectas ao PS. Devemos enfrentar a realidade,dura e crua, de que os problemas havidos com o nosso governoforam criados por nós próprios e que quanto mais depressaassim for entendido pelo PS, também mais rapidamente podemosultrapassar os seus efeitos. Ou seja, propomos que nosprogramas políticos do PS sejam reformulados e definidos,por completo e em pormenor, a necessidade, a caracterizaçãoe os meios de fiscalização de todas as instituições criadas ousustentadas com dinheiro do Estado, em linha, aliás, comas criticas que fizemos ao cavaquismo e cuja actualidadenão desapareceu, antes pelo contrário, com as afirmaçõesrecentes e de circunstância do PSD e do seu governo.Esta reformulação, que é urgente, deriva também de razõesmeramente pragmáticas, pelo facto de não ser possíveldesenvolver uma administração pública moderna, responsávele transparente, ao serviço da modernização do País, colocandoao seu lado instrumentos paralelos de gestão do Estado, paramais sabendo-se quanto transitória é a vida dos governosrelativamente à longevidade das nações. E apesar de seremmuitas as razões que justificam ser um erro a criação destasinstituições, limitamo-nos a definir quatro: 1) porque nunca écredível tentar fazer uma coisa e o seu contrário, isto é, não épossível desenvolver uma administração pública moderna e dequalidade e, ao mesmo tempo, criar serviços paralelos que, naprática, substituem os serviços públicos e desvalorizam a suaacção e o seu prestígio; 2)porque, pela sua mera existência,criam guerras de competência altamente desmotivadoras edesresponsabilizadoras dos funcionários públicos, além deerosivas do poder político junto dos cidadãos; 3)porque nãoforam criados meios de controlo credíveis e, assim sendo, a suacriação, ou manutenção, não é eticamente defensável; 4)porque é uma solução cara.Este fenómeno é particularmente preocupante no planoautárquico, em que a proliferação de novas instituições eempresas esconde mal o desejo de ordenados duplos e triplos,novas mordomias e poder acrescido para os autarcas e para osseus seguidores, num jogo de interesses e de influências quenão é digno de um regime democrático moderno, que se regepelos valores da ética e do serviço público. Esta situação éagravada pela inexistência da limitação de mandatos nas

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autarquias e de algum desconhecimento, da parte de muitos,das normais regras dum estado de direito democrático, além dealguma ausência de cultura democrática em muitos dos nossosdirigentes políticos; com a agravante de esta circunstância nãoser também superada através de uma gestão qualificada,moderna e transparente, essencial para o controlo de quaisquerorganizações complexas, o que se revela nos modelos de decisãoe de gestão adoptados, frequentemente opacos e manipuladores.A limitação que deste facto resulta tem consequências negativasna qualidade da gestão pública e no serviço público e,principalmente,, na confiança dos eleitores relativamente aoseleitos, bem visível no crescente descrédito da actividade política.Isto é tanto mais inaceitável quanto a organização e atransparência do Estado moderno é um objectivo que podefacilmente ser atingido pelo uso das tecnologias de informação,em que os cidadãos e os meios de comunicação podem ter acessoem tempo real à generalidade das informações dos diferentesministérios, secretarias e autarquias, evitando-se versõesdiversas, ou mesmo falsas, para o que acontece e acabandocom a especulação ou, no mínimo, anulando a sua sustentaçãono tempo. E se é evidente que o uso intensivo das tecnologiasda informação, como instrumento da transparência do Estado,implica um maior rigor formal da parte dos dirigentes políticos,também é certo que estes poderiam contar e confiar numa maiorcultura de responsabilidade da parte dos quadros e dostrabalhadores da administração pública, além, naturalmente,de uma produtividade acrescida.Infelizmente, o facto de isso não estar a acontecer, ou acontecermuito raramente, não pode deixar de ter uma leitura perversa,além de implicações graves na qualidade do serviço público, nacompetitividade da economia portuguesa e na capacidade defiscalização democrática dos actos da gestão pública.. Todosnós conhecemos o resultado altamente negativo do facto desectores inteiros da administração pública não terem passadopor quaisquer reformas modernizadoras, como é o casoparticularmente representativo da Segurança Social, onde secontinuam a acumular as dívidas das empresas e cujo modelo degestão é mais do que deficiente, pela razão simples de que nãoé realista tratar quantidades enormes de dados com métodos etecnologias herdadas do passado e, naturalmente, obsoletos.O mesmo pode ser dito da máquina fiscal, dos serviços da Justiçaou da Saúde, das autarquias e das instituições que cada umdeles deveria supostamente tutelar e controlar.Acresce que o Estado não pode justificar a falta de transparênciados seus actos, ou procurar formas criativas de contornar asregras de controlo legalmente instituídas na administraçãopública, com o argumento da menor qualidade dos serviços oudos funcionários; entre outras razões porque o Estado nuncacriou os meios ou disponibilizou as tecnologias necessárias,nem promoveu uma verdadeira descentralização das decisões edas acções correspondentes, que é a via idónea para reduzir ogigantismo das burocracias administrativas, facilitando ocontrolo democrático dos actos e das decisões dos responsáveispolíticos. Acresce que o argumento da má qualidade dofuncionalismo público nem sequer é verdadeiro. O que aconteceé que a generalidade dos agentes políticos não faz qualqueresforço sério para conhecer os serviços da administração públicasob as suas ordens e utiliza sistematicamente a intermediaçãodo chamado pessoal de confiança, que leva consigo para osministérios, o que obviamente condena ao insucesso qualquertrabalho de equipa e de colaboração efectiva entre a actividadepolítica e a burocracia que a serve, desejavelmente comdedicação e competência, levando à prática as decisões do poderpolítico.A pedagogia da Ética Republicana passa também pela contençãodos excessos da cultura de poder que é rapidamente assumidapor muitos governantes nos seus aspectos mais perversos e queé altamente prejudicial ao bom nome da actividade política e doconceito de bom governo. Tais excessos vão desde a arrogânciaà falta de disponibilidade para atender subordinados e queixosos;da relação privilegiada com os poderosos, fora das circunstânciase dos locais próprios, aos cortejos de automóveis, de motoristas,de assessores, e à espectacularidade e ostentação do poder, emcontradição com a pobreza dos recursos nacionais ; da avidezpor mordomias e prebendas às assembleias de funcionários

públicos a abrilhantar os discursos dos governantes; das formascriativas de remunerar a fidelidade e a devoção, às diversascompensações criadas para justificar a hipocrisia dos baixosordenados pagos aos políticos. Sabemos que nada disto foiinventado pelo PS, mas também sabemos que ser socialista eser de esquerda nos obriga a um comportamento ético exemplar,que a nossa cultura e tradição republicana e democrática noscriam particulares responsabilidades neste domínio. Aconteceainda que é o próprio regime democrático que é posto em causa,sensível como é ao prestígio dos dirigentes e à correctavalorização dos cargos políticos, com a nota de que não é aceitávela desvalorização dos cargos de eleição popular, através de níveisde remuneração que chegam a ser cinco, dez e vinte vezesinferiores aos ordenados dos membros dos conselhos deadministração das empresas com capitais públicos. O que sópode conduzir à tentação dos cargos políticos se tornarem emportas giratórias do poder económico.Aliás, é isto mesmo que tem acontecido com demasiadafrequência nos últimos anos. Ministros, secretários de Estado,deputados e dirigentes políticos em geral, tornam-se assessoresde grandes empresas, bancos, associações empresariais, domesmo modo que outros já o eram antes de entrarem nosgovernos. Claro que, em si mesma, esta prática não geranepotismo ou corrupção e todos conhecemos políticos queestiveram, ou estão, dos dois lados da barricada e que estãoacima de toda a suspeita. Mas o inverso também é verdade e atentação é muito forte, até porque muitas empresas fazem essesconvites por razões óbvias e frequentemente conhecidas. Emqualquer caso, o hábito gera a suspeita, que em democracianunca é boa conselheira, conduzindo pouco a pouco a um climageral de crescente dúvida e promiscuidade entre o serviço públicoe os interesses privados.Por outro lado existem muitos exemplos concretos de decisõespolíticas que se afastam de forma grosseira das normais regrasde gestão, sem que os responsáveis algumas vez tenhamproduzido explicações razoáveis dos seus motivos efundamentos. O processo das privatizações está cheio destescasos, muitos dos quais derem origem a inquéritosparlamentares, sendo certo que as comissões de inquéritoabrigam no seu seio, de forma visível, as contradições dosinteresses, de tal forma que a sua eficácia é mínima. Elucidativoé o facto, nessas comissões de inquérito, muitas divergênciasnão resultarem das clivagens partidárias, que é o que geralmentese pensa, mas dos interesses contraditórios dos gruposeconómicos ali directamente representados.Poder-se-ia continuar com mais perguntas, às quais osresponsáveis políticos nunca deram respostas convincentes,para demonstrar uma questão essencialmente política: a deque ao ser possível que perguntas como estas continuem semresposta e sendo evidente o grave prejuízo resultante para aeconomia do País e o grave clima de suspeição instalado, sópode concluir-se que o nosso regime democrático está longe dedar garantias aos portugueses de um adequado controlo dosinteresses económicos, ilegítimos e até ilegais, pelo poderpolítico. É ainda politicamente relevante, e pode serdemonstrado, que estas perguntas sem resposta são feitas pormuita gente no PSD, da mesma forma que pelas mais diversaspersonalidades do PS, o que permite duas conclusões: 1) não setrata de dúvidas com motivações partidárias 2) o jogo dosinteresses económicos, sem controlo democrático adequadoexiste, pelo menos, nos dois principais partidos portugueses,ou seja, há um bloco central de interesses sem controlodemocrático efectivo.

Propostas- Fazer da ética e da pedagogia democráticas e republicanas

uma componente central do bom governo.- Reavaliar a necessidade de todos os institutos, fundações e

empresas de capitais públicos e impedir a sua proliferação.- Valorizar o papel das instituições de controlo dos governos,

nomeadamente a Assembleia da República e o Tribunal deContas, dotando-as dos meios e dos poderes necessários àprossecução dos seus objectivos.

- Eliminar os circuitos paralelos na gestão do Estado.- Criar sistemas de informação democráticos, acessíveis e

amplamente disponíveis, das decisões e actos de gestãopública.

- Penalizar fortemente todas as falsas informações ou oimpedimento de acesso à informação, por parte dosdetentores de cargos políticos.

- Criar níveis de remuneração dos políticos eleitos, compatíveiscom o prestígio e a responsabilidade atribuídos às funçõesque desempenham.

- Moralizar os ordenados dos administradores das empresaspúblicas, que não devem ultrapassar níveis compatíveis com adimensão da economia portuguesa e das remunerações queem geral se praticam em Portugal.

5A GLOBALIZAÇÃO COMO OPORTUNIDADE

Os socialistas, e a esquerda em geral, têm demonstrado umaprofunda desconfiança pelo fenómeno da globalização, o quese compreende em vista dos seus muitos aspectos negativos,mas essa não é uma posição politicamente sustentável no tempo.Por isso devemos evitar aquilo que tem acontecido comdemasiada frequência no passado, em que a esquerda acabapor ir a reboque dos acontecimentos, quando estes se tornamirreversíveis, para mais com o ónus de isso ser feito após ospartidos da direita moldarem as novas situações, tecnologias ouacontecimentos, à sua própria ideologia. Daí que em vez dedemonizar o fenómeno da globalização, que tem umaimportância crescente na vida de todos os povos, certamenteirreversível, talvez se justifique fazer o seu estudo, analisar assuas contradições e defender soluções compatíveis com o ideáriosocialista e, ao mesmo tempo, dar combate, em todos os planos,aos seus aspectos mais negativos, em aliança com outras forçassociais mais sensíveis a esses aspectos concretos, mas que nãoestão disponíveis para negar as vantagens, ou a �fatalidade�,da globalização.O fenómeno da globalização é complexo e dificilmente se poderáexpressar uma posição justa sobre o tema, baseando-a empadrões do pensamento tradicional. Assim para compreender ofenómeno em toda a sua extensão, devemos fazer um esforçopara antecipar as transformações futuras da economia e dasociedade. Por outro lado, existem tantas vertentes deglobalização quantos os interesses em presença, que semanifestam no plano da política e da economia mundial, desdeo comércio internacional ao ambiente, das finanças às questõesdo desenvolvimento.Não sendo, portanto, fácil, nas actuais circunstâncias, assumiruma posição definitiva sobre a globalização, acreditamos que setrata de uma evolução natural das sociedades humanas, comvantagens e inconvenientes, evolução que não é passível deser inviabilizada e que preferimos tratar como uma oportunidadepara a economia e para o desenvolvimento global do nossoplaneta. Desde logo, porque se trata de um movimento demudança, que apesar de levantar uma enorme diversidade dequestões, também comporta um leque alargado deoportunidades, a maior das quais será a de encarar globalmenteos problemas da liberdade, da democracia, da justiça social e dodesenvolvimento sustentado das nações e a de nos colocar frentea frente com todos os problemas e desafios que resultam doprogresso humano a várias velocidades. Ou seja, no futuro, coma globalização, acabarão todos os alibis e seremos forçados aencarar, pela primeira vez, soluções globais para os problemasque afligem a sustentabilidade económica, social e ambientaldo nosso planeta.Uma outra questão que a globalização comporta é anecessidade de unir, no plano mundial, as forças doprogresso e da solidariedade, confrontando a sociedade dospaíses mais ricos e desenvolvidos com a opção, incontornável,de optar entre a justiça social no plano meramente internodos respectivos países, ou blocos de países, ou no planoglobal, sendo certo que uma mais justa distribuição global dariqueza poderá implicar a mudança de hábitos e de níveis deconsumo das sociedades mais avançadas. Até porque aprocura incessante de optimizar as condições económicas ede lucro das empresas implica a mais profunda proletarização

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das classes trabalhadoras dos países mais pobres, a par como desenvolvimento das infra-estruturas desses países,nomeadamente educacionais, o que levantará problemascrescentes às sociedades mais ricas e menos capazes dealterar os seus comportamentos e o seu modelo decompetitividade. A propósito, a economia portuguesaencontra-se nesta última situação.Entretanto uma coisa é certa, a contestação pura e simplesda globalização não é uma posição útil nem sustentável.Porque se, numa primeira fase, e por via da força que anovidade tem nos meios de comunicação de massas, essacontestação pode parecer aos observadores mais incautoster efeitos positivos, em breve a carência de objectivosconcretos e a ausência de uma compreensão mais fina dasquestões em jogo desacreditarão essa contestação,desligando-a da realidade social. Por isso defendemos que acontestação da globalização, podendo ser útil, só pode sereficaz com objectivos concretos de solidariedade global comos povos de todo o mundo e uma avaliação mais rigorosa dosseus múltiplos efeitos, no sentido de uma actuação muitomais selectiva. Por exemplo, seja qual for o conceito que setenha sobre as vantagens ou desvantagens da globalização,o movimento de capitais que fogem ao pagamento deimpostos, através de paraísos fiscais, atenta contra osfundamentos das sociedades democráticas e nada tem a vercom a liberdade económica e as opções de investimento,devendo a sua proibição constituir a primeira reivindicaçãodas forças do progresso. Até porque esses movimentos decapitais não são separáveis da lavagem de dinheiroproveniente da criminalidade internacional e porque esta éuma área em que será mais realista construir uma aliançaampla entre os povos, independentemente do seu grau dedesenvolvimento.Entretanto, no sentido de melhorar a nossa compreensãoacerca do fenómeno da globalização, será útil separar, emdois sentidos contraditórios, os seus efeitos.

Efeitos Positivos- Acelerar a queda dos regimes ditatoriais e autoritários,

pelo efeito combinado do aparecimento de uma classeoperária nos países mais pobres e pelo desenvolvimentodas respectivas infra-estruturas, com todas as vantagensque daí derivam, desde a melhoria dos sistemas de saúde àredução da natalidade;

- Aumento do investimento e de criação de empregos nospaíses do terceiro mundo e melhoria da educação e daformação profissional, promovidas a partir dasnecessidades empresariais;

- Optimização produtiva e redução dos preços em todos ossectores abertos à concorrência internacional, com óbviasvantagens para os consumidores de todo o mundo;

- Desenvolvimento e modernização das infra-estruturas detransportes e de comunicações nos países menosdesenvolvidos;

- Tornar disponíveis, em países do terceiro mundo, produtose serviços até aí inexistentes;

- Redução do esforço de automação e de robotização nospaíses mais industrializados, devido à concorrência damão de obra barata; (1)

- Fixação de populações, potencialmente imigrantes paraos países desenvolvidos;

- Forçar, pela via da concorrência internacional, a inovaçãoempresarial e o desenvolvimento de novos serviços eprodutos nos países mais ricos;

Efeitos Negativos- Aumento do desemprego nos países industrializados por

força da deslocalização de empresas;- Aumento excessivo do consumo de bens não essenciais e

de produtos predadores dos recursos naturais e do meioambiente;

- Alteração violenta do meio social em sociedadestradicionais, não preparadas do ponto de vista político,social e educacional para tais mutações, provocadas a partirde fora e de forma excessivamente acelerada;

- Especulação financeira e movimentação de capitais semqualquer controlo, nacional ou internacional, com efeitosmuito perversos na evasão fiscal das empresas;

- Desenvolvimento de um certo imperialismo económico ecultural das grandes multinacionais;

- Tentação de vandalizar os recursos naturais dos países emvias de desenvolvimento;

- Aproveitamento de novos conflitos resultantes das novascapacidades económicas dos países pobres para o comérciode armamentos a partir dos países industrializados.

Como seria de esperar, na globalização, confrontam-se forçaseconómicas e sociais contraditórias, muitas das quais aindapouco claras. Daí que o verdadeiro desafio para as forças doprogresso seja o de influenciar a introdução de factores deliberdade, democracia e de solidariedade em todas as regiõesdo mundo, combatendo o autoritarismo, o secretismoinformativo e a aplicação, a outros países, de regras e deinteresses não aceitáveis no consenso das sociedadesdesenvolvidas. Isto, sem deixar de defender as culturaspróprias de todos os povos e de dar algum espaço para acompreensão sensata de fenómenos nacionais diversificados,analisados caso a caso, e nem sempre coincidentes com todosos valores das sociedades industrializadas.Repetimos, que o fenómeno da globalização não pode sercorrectamente analisado usando os critérios normais donosso tempo e, menos ainda, através dos interesses dassociedades industrializadas. Para compreender a globalizaçãoe, principalmente, para a orientar no sentido dos valoreshumanistas que nos são tão caros como europeus, devemosser capazes de antecipar as transformações políticas,económicas e sociais, em que a solidariedade deve assumir opapel determinante. Nesse sentido, uma segundareivindicação das forças do progresso global, deve conteruma transferência global de recursos dos paísesdesenvolvidos do Norte para os países pobres do Sul, recursosa serem geridos nesses países pelas Nações Unidas edestinados apenas à educação e à saúde, através, porexemplo, de uma taxa de 1% sobre todo o consumo de bense de serviços dos países desenvolvidos, valor acrescido de1% sobre as importações oriundas dos países em vias dedesenvolvimento.Trata-se de algo semelhante à Taxa Tobi, mas numa versãomuito mais ambiciosa e, acreditamos, mais realista, namedida em que sendo mais universal, envolverá também ossectores da sociedade mais progressivos e mais solidários,isto é, permite que estes sectores se coloquem na primeiralinha da solidariedade com as populações mais pobres doglobo. Por outro lado, ao entregar a gestão dos programas deapoio às Nações Unidas e ao dirigir esse apoio para a educaçãoe para a saúde, haverá melhores condições para evitar acorrupção local e o desvio desses fundos para outrosobjectivos, mais ou menos obscuros, em que os governos sãoférteis. Finalmente, um imposto sobre a importação deprodutos oriundos dos países pobres, parecendo contraditórionão o é, na medida que funcionará em substituição dosistema fiscal que frequentemente não existe e, em qualquercaso, terá o efeito de um pequeno encarecimento de produtosou matérias primas, cujos preços se têm deteriorado nomercado internacional. Trata-se de uma �Jangada de Pedra�de solidariedade dos povos do Norte em direcção aos povosdo Sul, que pretende confrontar, na sua viagem para Sul, ossocialistas e os homens e mulheres de esquerda, com a suaprópria consciência, bem como as sociedades ocidentais, nassuas afirmações de apoio às Nações Unidas e ao seu papel naconstrução da paz e da justiça social em todo o mundo, masa quem são recusados os meios para realizar os seus nobresobjectivos.Em resumo, acredito que a globalização, como fenómeno demudança, pode ser aproveitada pelas forças do progressopara forçar um grande salto qualitativo, no sentido de umasociedade humana globalmente mais livre, mais pacífica emais justa. É tempo de as sociedades mais ricas ultrapassarema fase das boas intenções e da contestação e passarem aosactos, mostrando as reais intenções dos homens de boa

vontade, nomeadamente através da demonstração, paraalém de qualquer dúvida, de que o processo de globalizaçãoimplica o progresso e a justiça social para todos os povos domundo.

(1) trata-se de um efeito que considero positivo, mas que pode também

ser considerado no sentido inverso.

Propostas- Transformar o fenómeno da globalização no grande tema de

debate político do nosso tempo;- Tratar a globalização como uma oportunidade para Portugal,

no contexto de uma sociedade global mais justa;- Combater por todas as formas os movimentos de capitais sem

controlo dos governos, procurando fazer uma ampla unidadede todas as forças democráticas, com este objectivo;

- Fazer da pedagogia do respeito pela cultura dos povos, raçase religiões, o objectivo central do processo de globalização;

- Defender, no plano internacional, um projecto global de ajudaaos países mais pobres do globo, através de fundos no valorde 1% das transações de bens de consumo realizadas nospaíses desenvolvidos, fundos a serem geridos pelas NaçõesUnidas e destinados tão só a melhorar os sistemas de educaçãoe de saúde.

6ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS

Na sua segunda legislatura o PS criou, e bem, o Ministério daReforma do Estado, que preferíamos se tivesse chamadoMinistério da Gestão e Informatização do Estado, por razõesque então defendemos e que esperamos se tornemcompreensíveis ao longo deste texto. Desde logo, porqueacreditamos que a reforma do Estado passa pela qualidade dagestão e não, nesta fase, por novas reformas legislativas, oupor novas alterações de filosofia política, que é a tentaçãohabitual dos governos em Portugal. Infelizmente, a tradiçãomanteve-se e não foi cumprido minimamente o objectivo de:organizar os serviços do Estado, pela via da gestão, de formaa Portugal ter um Administração Pública moderna e eficiente,capaz de responder às justas necessidades dos cidadãos.O Estado é fornecedor de serviços públicos, frequentemente oúnico fornecedor, serviços que são cada vez mais complexos emdois planos distintos: o plano científico e profissional do serviçoem causa - Saúde, Justiça, Educação, Segurança Social, etc. - eo plano da organização geral do Estado, componente esta que,no caso português, é a mais determinante. Isto é, entre nós, osprincipais problemas existentes nos serviços fornecidos peloEstado, não são do domínio da ciência médica ou jurídica, oulegislativa, em que a qualidade geral é igual, ou mesmo superior,a outros países, mas do domínio da gestão, sem o que a aplicaçãodos conhecimentos científicos e técnicos, bem como as leisexistentes, não servem com qualidade, eficácia e em tempoútil, as pessoas.É, neste contexto, que o conhecimento e a experiência dastécnicas de gestão em organizações complexas se revelanecessário, como um recurso insubstituível na acção dosgovernos, em particular com vista à utilização racional dastecnologias da informação. Porque, muitas das lacunas einsuficiências actuais da acção do Estado não resultam dumaincapacidade inata dos serviços públicos em responder àsnecessidades dos utentes, como os teóricos da generalizaçãoda actividade privada em áreas tradicionalmente reservadas aoEstado querem fazer crer, mas da incapacidade do Estado emutilizar os modelos de gestão e as tecnologias usadas, porexemplo, nas empresas. Ou seja, como temos sustentado eminúmeras oportunidades, não é possível dirigir organizações doséculo XXI com os métodos e tecnologias herdadas do séculoXIX, como acontece nos nossos serviços públicos.Esta insuficiência do Estado resulta também da excessivapartidarização da administração pública, que se tem reveladodesastrosa para o país, para além de ser um dos sintomasevidentes do nosso subdesenvolvimento. É, de facto,absolutamente inaceitável que a alternância democrática tenha

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como correlato inevitável a alternância na direcção dosorganismos da administração pública, a nível central, regionalou local. Os aparelhos partidários tendem a considerar todos oscargos de direcção na administração pública como cargos deconfiança política, sob pretexto que só dessa forma é possívelconcretizar a política do governo. Assim pensam os aparelhospartidários, e os governos, na maior parte dos casos, rendem-se a essa deformação, com péssimas consequências para oscidadãos. Como se a obrigação da cada funcionário público,qualquer que seja o seu lugar na hierarquia, não fosse executara política superiormente definida pelos governos...O que se tem assistido é a um excesso que é quase uma caricatura:desde os dirigentes regionais ou distritais de quase todos osserviços até aos directores dos centros de saúde e hospitais,tudo é considerado cargo de confiança política. O resultado estáà vista: o reino da instabilidade e, em boa parte dos casos, opredomínio da partidocracia sobre a competência.Esta degradação atinge o auge quando se sabe que, na escolhade tais pessoas, os membros do governo se demitem de toda equalquer responsabilidade, deixando tudo a critério dasmáquinas partidárias locais.Neste domínio, PS e PSD têm-se comportado de formarigorosamente igual; donde, a mudança a introduzir é no sistemae não já só no comportamento específico de um dado partido nogoverno.A alternativa só pode ser eliminar os critérios de confiançapolítica na escolha do pessoal dirigente da administração públicae promover, por via legislativa, a existência de um efectivo regimede carreiras, assente em critérios de qualidade e competência,e que possa funcionar desde a base até ao topo, sem intromissãode lógicas partidárias.Muitas destas dificuldades da gestão do Estado resultam tambémda ideia errada de que os ministérios e secretarias podem serdirigidos através da actividade de �despacho� que é, por vezes,o cerne da actividade dos governos, assumindo que as decisõestomadas por esta via podem ser levadas à prática com qualidadee eficiência, o que não é verdade em nenhuma organização,pública ou privada. Antes de atingir este topo de eficiência daorganização, qualquer que ela seja, é imprescindível que osdirigentes façam, eles próprios, o controlo de execução dasdecisões, através de formas pedagógicas e da institucionalizaçãodo trabalho em grupo e da gestão por objectivos. Essa é a viapara uma administração pública moderna, competente emotivada e não o uso e abuso de organizações paralelas.É nossa convicção que a qualidade da gestão pública é umelemento determinante da modernização do Estado, cujanecessidade é urgente assumir, até porque é hoje claro que omau funcionamento dos serviços públicos � Educação, Saúde,Justiça, Segurança Social, autarquias, etc. - são factores queimpedem o desenvolvimento das empresas e da actividadeeconómica em geral. Por exemplo, a má gestão pública é sempreapontada pelos gestores estrangeiros a trabalhar em Portugal,como o factor mais negativo da sua actividade entre nós, mas osmesmos gestores dão normalmente uma nota muito positivaaos trabalhadores portugueses, apesar das insuficiências deeducação e de formação que todos reconhecem existirem. Ouseja, será justo culpabilizar os funcionários públicos, tambémtrabalhadores, ao ponto de pretender criar serviços paralelos,supostamente mais eficazes, pelas insuficiências daAdministração Pública?Acreditamos que não. Por isso reconhecemos que a máqualidade dos serviços públicos em Portugal é,essencialmente, um problema de gestão, cujaresponsabilidade reside, goste-se ou não, na direcçãopolítica do país, isto é, nos governos. Quanto mais depressaenfrentarmos esta realidade melhor, nomeadamente atravésde um pacto de regime que retire a reforma e a modernizaçãoda Administração Pública e o seu modelo de gestão da lutapolítico/partidária, criando as condições necessárias parauma Administração Pública pequena, estável, profissional,eficiente e moderna. Além de acabar de vez com as mudançaspermanentes dos quadros superiores da administraçãopública sempre que um novo governo chega ao poder.Insistimos que o uso qualificado das tecnologias da informaçãoé um instrumento incontornável da reforma da Administração

Pública e do Estado, por todas as razões já expressas, mastambém porque a aplicação das tecnologias da informaçãoimplica um modelo de organização próprio, que idealmentedeve ser horizontal a toda a administração, bem como umadisciplina metodológica que têm um valor próprio na reforma doEstado. Ou seja, uma das razões porque se justifica aexistência de um Ministério da Reforma do Estado reside nofacto desejável de que a sua acção cruze horizontalmentetodos os ministérios e serviços autónomos, não para os tornariguais mas para os tornar compatíveis, o que não pode serseparado de uma delegação de poderes próprios e de algumadeterminação e intervenção políticas do Primeiro Ministro,qualquer que ele seja.Uma nota optimista para dizer que foi com alguma esperançaque assistimos, na última legislatura, a um esforço meritóriodesenvolvido pelo Ministério da Justiça, no sentido de dotar osdiferentes departamentos do Ministério, Tribunais e Notariadocom os meios mais modernos permitidos pelas tecnologias dainformação, modernizando por essa via a Justiça em Portugal.Trata-se de uma intervenção que deve ser continuada, sejaporque da melhoria do funcionamento da Justiça depende, emgrande parte, a modernização da sociedade e da própriaactividade económica, seja pelos efeitos de transferência que osucesso dessas medidas poderá ter no conjunto dos serviçosfornecidos pelo Estado. Da mesma forma, reconhecemos ovalioso trabalho de informatização dos serviços realizado peloGoverno do PS no Ministério das Finanças, em oposição ao muitopouco que foi feito pelos governos anteriores de Cavaco Silva,mas os resultados obtidos, por razões difíceis de compreender,ainda estão longe de satisfatórios.Entretanto, é para nós evidente que sem um esforçocorrespondente nos Ministérios da Educação e da Saúde, bemcomo na Segurança Social, não haverá uma gestão racional dosserviços que o Estado deve fornecer com qualidade aos cidadãos.Nomeadamente, o sistema nacional de saúde não ésustentável se não houver uma reformulação completa domodelo de gestão e de financiamento, no sentido depermitir: a) a autonomia de gestão das grandes instituiçõesde saúde, com o financiamento a ser feito através dopagamento dos serviços prestados; b) liberalização da vendados medicamentos que não necessitem de receita médica;c) liberdade de instalação de novas farmácias; d)alargamento da lista dos medicamentos genéricos; e)redimensionamento das embalagens dos medicamentos; f)escalonamento da comparticipação dos serviços sociais emfunção dos rendimentos do agregado familiar, desde quecorrectamente verificados; g) maior autonomia das grandesinstituições de saúde para contratar e remunerar os seusprofissionais. O que, como é óbvio, só será possível realizar,com qualidade e competência, através do controlo, técnico epolítico, local e central, permitido pela utilização das tecnologiasda informação.Aliás o sector da saúde é aquele onde é mais visível o abismoexistente entre a qualidade científica dos profissionais e ascondições de trabalho e de realização profissional existentesno Sistema Nacional de Saúde. E, nesse sentido, é com crescentepreocupação que sabemos da frustração de alguns dos nossosmelhores médicos e cientistas de reputação internacional,muitos dos quais acabam por se fixar no estrangeiro, parapoderem trabalhar e investigar com alguma dignidade.Os subscritores da presente Moção consideram que outro factoressencial na reforma do Estado é a descentralização de muitasdas competências da Administração Central e do poder dedecisão correspondente. Infelizmente, depois da derrota doReferendo sobre a Regionalização, momento esse que já reveloualguma indeterminação da direcção do PS, os governos do PartidoSocialista também não souberam, ou não quiseram, enfrentar odesafio da desconcentração dos serviços públicos, iludindo umadas mais sentidas reivindicações dos autarcas e das populações.Desconcentração que foi, aliás, preconizada por todos os sectoresde opinião durante o debate da regionalização e que, por talfacto, não deveria causar excessiva polémica na sociedadeportuguesa, se realizada no momento próprio e com adeterminação necessária.Deve notar-se que a desconcentração dos serviços do Estado

implica, pelo menos, duas condições: a coerência do modelo debase regional que, para evitar polémicas adicionais, aceitamosseja a actual divisão distrital e a existência de um sistema deinformação que permita a mais democrática decisão local com anecessária e rigorosa verificação e avaliação do poder central.Aliás, este é o exemplo claro daquilo que só é possível fazer, comqualidade e transparência, pelo recurso aos meios da sociedadeda informação.A nossa opção por, na presente conjuntura, uma divisãoadministrativa de base distrital resulta do facto de o País nãopoder continuar a ser governado com tantas divisõesadministrativas quantos os ministérios e secretarias de Estadoexistentes, com os diferentes serviços a sobreviverem semnenhuma coerência espacial e sem a possibilidade de criar ummodelo eficaz e compatível de gestão dos serviçosdesconcentrados do Estado. Por exemplo, a divisão do Distrito deLeiria por duas Comissões de Coordenação Regional (CCR´s), aexistência de dúvidas sobre a extinção dos Governos Civis e sobrea forma de gestão desconcentrada dos espaços supra concelhios,bem como a pouca clareza que continua a existir acerca dasintenções do actual governo do PSD em todas estas matérias, sãoa prova de que a sua não solução pelo PS em tempo oportuno,nomeadamente pela aceitação do referendo sobre aregionalização, defraudou o legislado na Constituição da Repúblicae causou prejuízos evidentes ao País.Entretanto, a falta de vontade política ou a incapacidade técnicapara enfrentar o desafio de reformar a administração do Estado,central, autárquica e serviços autónomos, é um perigo real para anossa democracia e uma bomba de relógio deixada aos nossosfilhos, pelo que não hesitamos em afirmar: se nada for feito comurgência, a democracia portuguesa correrá o risco daingovernabilidade, situação que ficará a dever-se à clivagementre a crescente complexidade da máquina do Estado e asrespostas laxistas e amadoras dos diferentes governos. Para quese não pense que existe exagero, citamos alguns exemplos:

1.A anarquia urbanística existente nas nossas grandes cidades eo predomínio dos mais variados interesses privados; os atrasose revisões de preços frequentes nas obras públicas; a gestãotardia e atabalhoada do caso das vacas loucas, que nem porestar esquecido é menos importante, e a ausência de um sistemacredível de garantia alimentar; os atrasos e a desorganizaçãono Porto Capital da Cultura, iniciativa dominada essencialmentepelo betão; os abatimentos do Terreiro do Paço e o processo deavaliação das responsabilidades criadas; a ausência deenquadramento urbano dos túneis no mesmo local; o custo dosacessos aos estádios para 2004 e a chantagem dos interessesprivados nesta matéria; os custos absurdos, para oscontribuintes, desses mesmos estádios e as relações que criaramentre o Estado e a cultura de irresponsabilidade existente nomundo do futebol; os atrasos e custos correspondentes nometropolitano do Porto, bem como a ausência de um modelo degestão credível; os poderes e os resultados da Parque Expo,bem como a contabilidade criativa utilizada; o modelo utilizadopara os débitos para com as companhias petrolíferas e com aLusoponte; as dívidas sem controlo do Sistema Nacional deSaúde; os acidentes de trabalho na construção civil e no mar;os atrasos no lançamento dos programas do III QCA, como, porexemplo, o POE; a fraca aplicação das leis de regulação dasobras públicas e concursos públicos; etc. Questões todasdiferentes, mas que têm um factor em comum, resultarem deinsuficiências e de erros de gestão, que todos os anos custama perda de vidas humanas e centenas de milhões de euros aoscontribuintes, para além do previsto e do necessário, semcontar com o desgaste provocado à autoridade do Estado.

2.Os absurdos prejuízos na TAP e a incompetente negociaçãocom a Swissair; o déficit acumulado na RTP sem vantagemvisível para quem paga; os investimentos de alto risco feitospelas empresas públicas no Brasil; as confusões estratégicasda EDP (águas, telecomunicações, investimentos no Brasil)comprometendo o fornecimento de energia eléctrica àsempresas e às famílias; a venda do capital da Petrocontol à ENIem desacordo com as regras estabelecidas e a lei; a falta deesclarecimento público sobre a compra do capital da Wiggins

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na Soporcel e sobre o modelo de gestão previsto para o sectordo papel, se público se privado e neste caso com quem; osurrealismo da parceria do Estado no Autódromo do Estoril; asanomalias e as confusões estratégicas do processo Cimpor; oprograma Polis e a sua relação com a Parque Expo; a ausênciade coerência global, de previsibilidade e de transparência nosdiversos processos em curso das privatizações; o arranque, aparagem e, provavelmente, um novo arranque do projecto donovo aeroporto na Ota; as indefinições estratégicas do TGV.São tudo factores de conflito, aberto ou potencial, sem queexista uma estratégia clara e transparente, ou seja, sãoproblemas de gestão mal preparados e mal tratados, que tiveramcustos muito elevados no desgaste dos governos do PS, comocertamente irá acontecer com o PSD, além de geradores dedesconfiança nos agentes económicos e dos cidadãos no Estado,com resultados negativos no investimento e no crescimentoeconómico.

3.Aumento da dependência do transporte rodoviário sem medidasde controlo adequado, nomeadamente o desenvolvimento dealternativas através dos transportes ferroviário e marítimo; oanúncio de novas pontes em Lisboa, sem qualquer debate ouestudo acerca das prioridades nacionais mais relevantes;investimentos absurdos já feitos e outros previstos paraAlcântara, que pretendem transformar um dos melhores portosdo mundo para paquetes de turismo, actividade altamenterentável, num cais sofrível para contentores, cuja vida útil deserviço não será mais do que quatro ou cinco anos, devido aosnovos e maiores barcos que estão a entrar ao serviço em todoo mundo, projecto de que resultarão custos ambientais elogísticos enormes e o congestionamento adicional do centrode Lisboa; ausência de uma estratégia clara e de acção decididano terminal de contentores em Sines; incapacidade de decisãoe de coerência na atribuição de novos cursos ao Ensino Superior,quando se sabe que existem carências de profissionais emalguns sectores, como é o caso de médicos. Trata-se deincoerências estratégicas cuja gravidade só será possível apurarno futuro, mas que revelam graves problemas na gestão do Paíse que comprometem o seu futuro.

Ou seja, a qualidade da gestão do Estado e das instituiçõesque dele dependem, necessita de ser repensada com corageme realismo, porque se tornou num factor limitativo dodesenvolvimento e da modernização de Portugal, que nãosendo resolvido reduzirá drasticamente o crescimentoeconómico e a convergência com a União Europeia. O PartidoSocialista deve, por isso, assumir os erros cometidos e proporao País novas políticas em que a qualidade da gestão públicae a escolha dos melhores para a exercer estejam asseguradas.

Propostas- Desenvolvimento de uma administração pública pequena,

altamente qualificada, estável, profissional e tecnologicamenteavançada;

- Aplicação das modernas técnicas de gestão por objectivos,rigorosos e devidamente quantificados,

- Fazer da administração pública um dos elementos principais dacompetitividade da economia portuguesa;

- Usar as tecnologias de informação de forma intensiva, comouma oportunidade de reformar e modernizar a organização eos serviços do Estado, tornando esses serviços transparentes,eficazes e disponíveis aos cidadãos em tempo útil;

- Financiar o sistema de Saúde em função dos serviços prestados;- Institucionalizar uma divisão administrativa de base distrital e

dos serviços desconcentrados do Estado, com a possibilidadelegal de dois ou mais distritos se juntarem para criar orgãosconjuntos de planeamento;

7EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

E PARA A CIDADANIA

Já muito foi dito e escrito sobre a educação em Portugal, semque se tenha chegado ainda a uma estratégia educativa clara eestável que evite passarmos a vida com o sistema educativo em

permanente fase experimental, a ponto da curta vida de cadasolução encontrada impedir o julgamento objectivo dos seusméritos. O que provoca um sentimento geral de desorientaçãoe de anarquia, em que todas as teses são possíveis e nenhumaé demonstrável.Assim sendo, justifica-se que quaisquer novas propostas tratemdo essencial, daquilo que seja determinante para um grandesalto em frente no nosso processo de desenvolvimento, o quepassa por dar uma prioridade absoluta ao objectivo de criarcondições de ensino com sucesso a cerca de um terço dasociedade portuguesa, constituída pelas famílias mais pobres.Sem que isto seja feito, poderemos até ter boas escolas, bonsprofessores e, no limite, um bom sistema de ensino, mas nãoteremos nunca um País moderno, uma economia competitiva euma sociedade feliz. Ou seja, um bom sistema de ensino, para oser, tem de devotar a sua atenção aos elos mais fracas da cadeia,o que deve ser a área de intervenção privilegiada do Estado.Sabemos que isso não tem sido feito, porque tendo o Estadorecursos limitados, os tem consumido, principalmente, parasatisfazer os sectores da sociedade mais reivindicativos e maispoderosos, onde o ensino superior assume o papel principal. Ese é verdade que não podemos descurar a formação de elitesaltamente qualificadas, essenciais ao nosso processo dedesenvolvimento, também não deixa de ser verdadeiro queexistem outras vias para o conseguir, nomeadamente convidandoas famílias dos outros dois terços da sociedade a assumir umpapel mais determinante na educação superior dos seus filhos,seja através do ensino privado, seja através de propinas noensino público. Com a nota de que o Estado deve, através daconcessão de bolsas de estudo, assegurar a entrada no ensinosuperior dos jovens oriundos das famílias pobres, que tenhamobtido, nas fases anteriores de ensino, a necessária qualificação.O que não podemos continuar a aceitar é que sob a falsa capa doensino universal e gratuito, se estejam a perpetuardesigualdades gritantes e a marginalizar socialmente sectoresinteiros da sociedade, o que prejudica todos os portugueses, detodos os níveis económicos e o desenvolvimento sustentado doPaís. Neste contexto elegemos os seguintes temas:

- Estratégia Educativa- Gestão do sistema- Financiamento - Formação profissional

Estratégia Educativa. A educação deve servir a colectividade epara tal, como já afirmado, deverá dar prioridade aos sectoresmais atrasados do nosso processo de desenvolvimento, porquedessa forma será possível criar condições de progressoharmonioso e sustentável, levando em conta que, em cada fase,existem medidas que assumem uma importância estratégicamais relevante do que outras. Por exemplo, depois dos anos deexpansão do ensino em geral e do ensino superior em particular,chegamos a um momento crítico em que o número de licenciadosdo ensino superior se situa já, em alguns sectores, bem acimadas necessidades actuais da sociedade, enquanto que noutros,pelo contrário, vivemos ainda uma situação de déficit. Duasquestões, portanto se apresentam: por um lado cuidar daqualidade, o que passa pela prioridade aos ensinos pré-escolar,básico e secundário, devotando-lhes todos os recursosdisponíveis; por outro, criar os mecanismos indispensáveis aestimular os jovens a optar por formações adequadas às reaisnecessidades do país, pondo fim à fobia que tem vindo aacentuar-se na sociedade portuguesa em relação a alguns cursossuperiores. A disponibilização de recursos implicará ,eventualmente, soluções menos populares, como seja as deprosseguir a filosofia introduzida pelo PS no ensino superior,isto é, o princípio de uma propina obrigatória, cujo aumentodeve ser, de novo, considerado, cabendo ao Estado, mas atravésda Solidariedade Social, proporcionar as condições necessáriaspara que as famílias mais carenciadas possam fazer face aoscustos de frequência por parte dos seus filhos. Ou seja, o princípioconstitucional do direito à educação, neste domínio, não deveser assegurado pelo Ministério da Educação, mas por aquele aquem cabe promover a igualdade social. Assim, por outro lado,seriam as famílias de maiores recursos a garantir asustentabilidade do sistema. Este princípio, por fim, não pode

excluir o ensino superior não público. Não é aceitável, de facto,que o ensino superior não público, que desempenhou, durantedécadas ( e ainda desempenha, em muitos casos), um papelfundamental, proporcionando respostas quando e onde o Estadose mostrava incapaz de as possuir, seja objecto de discriminaçãonegativa no momento em que o sistema atravessa uma crise,com a diminuição da procura. Em resumo, a igualdade de acessoao ensino superior será garantida através de bolsas de estudoválidas para o ensino público e o ensino privado, destinadasapenas aos filhos das famílias de mais baixos recursos, queatinjam os níveis de aproveitamento definidos.Esta estratégia pretende garantir uma escolaridade para todos,com aproveitamento em todas as fases de ensino, mas com umamaior responsabilidade e participação das famílias e da sociedadeno ensino superior. Ou seja, partimos do princípio de que setodos os jovens portugueses tiverem um ensino de grandequalidade até ao final do ensino secundário, estão criadas todasas condições para que os próprios alunos e as famílias assumamuma maior quota parte de responsabilidade no ensino superior,sem que isso implique qualquer redução no acesso e na qualidadedo ensino, qualidade que será melhorada através de maiorexigência nas fases iniciais do ensino. Esta é, aliás, umaestratégia muito vulgarizada em países socialmente avançados,sendo desejável que exista a possibilidade de financiamentoindividual no ensino superior a ser reembolsado após o fim docurso, a exemplo do que também existe em muitos países.Neste sentido, o transporte escolar deve ser generalizado paratodas as crianças do ensino pré-escolar e básico. Trata-se deuma medida de grande relevância para as crianças de fracosrecursos, essencial para interromper o ciclo da pobreza e daignorância, onde as famílias mais desfavorecidas emarginalizadas não têm , normalmente, motivação suficientepara a escola; ora , a existência de transporte favorece a maiorassiduidade e permite promover o tratamento individualizado,fazendo com que cada criança seja, para o sistema educativo,insubstituível. O Transporte escolar permite também uma maiseficaz rentabilização do sistema, planeado em função daspopulações escolares, e uma distribuição racional e eficientedestas pelas escolas, evitando a existência de aulas comdiferentes níveis de escolaridade e de crianças marginalizadasna sua sociabilização, em escolas com pouquíssimos alunos.Acreditamos, portanto, que a qualidade do ensino pré-escolar édeterminante para o aproveitamento escolar das crianças nosistema educativo, nomeadamente as de mais baixos recursos,quer no plano dos conhecimentos, quer no plano doscomportamentos e das atitudes. Assim sendo, a qualidade doseducadores e das instalações deve ser uma preocupaçãoestratégica, assente no pressuposto de que os investimentosfeitos, nesta fase de ensino, representam economias relevantesnas fases subsequentes. Adicionalmente, trata-se de cuidar deuma característica negativa das sociedades modernas, que deveser contrariada mas que não pode ser ignorada, que é oenfraquecimento progressivo da educação na família.Pelo mesmo motivo, as instalações destinadas ao ensino pré-escolar, que devem ser da mais elevada qualidade e originalidadee com todos os meios pedagógicos modernos. Isto é, há quecriar uma diferenciação positiva entre o meio em que vivem ascrianças pobres e a escola, por forma a que as crianças doensino público nunca se possam sentir discriminadasnegativamente em relação ao ensino privado e ao ambientefamiliar das crianças de mais elevados recursos.Em termos educativos e culturais o sistema de ensino deve sersensível ao facto de, em todas as fases da nossa história, terhavido portugueses de grande qualidade e visão, que eramestrangeirados, gente que correu mundo e nele aprendeu umadimensão particular do conhecimento, questão muito importanteneste nosso tempo de globalização. Daí, que seja necessáriocuidar da internacionalização da escola portuguesa, em todasas fases do ensino, aprofundando a dimensão universal doconhecimento português e tirando partido da nossademonstrada aptidão para entender e conviver com outros povose culturas. Ou seja, num mundo em que existem forças poderosasno sentido da conformidade com padrões crescentementedeterminados pela sociedade do consumo, mas onde, por issomesmo, a inovação e a diferença são factores de vantagem

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competitiva, o ensino nacional deve antecipar tendências einovar conhecimentos, porque serão esses os factores quepodem, com maior probabilidade, contribuir para um Portugalmoderno e perfeitamente integrado nas sociedades maisdesenvolvidas e harmoniosas do planeta.

Gestão do Sistema. Existe hoje um amplo consenso nasociedade portuguesa de que os nossos problemas residemessencialmente na gestão dos sistemas públicos e não tantonas qualidades científicas dos nossos profissionais, sejam estesmédicos, professores, ou juristas. Isto é, a qualidade e amodernidade da gestão é essencial, para introduzir o princípiode �accountability� na administração pública em geral e nosistema de ensino em particular, o que não será possível deatingir sem a generalização de meios de informaçãotecnologicamente avançados e em rede, que permitamcompatibilizar uma gestão por objectivos, forçosamentedescentralizada, com meios de regulação e de controlocentralizados.Esta filosofia de gestão é essencial para que a educação pública,das escolas do pré- escolar, do básico e secundário, possam serentregues à gestão das autarquias sem perda de qualidadeaceitando-se como positiva a existência de maior diversidade econcorrência no sistema, relativamente ao que existeactualmente, no quadro de uma cultura de avaliação permanentea ser levada a cabo, de preferência, por instituições dasociedade. Avaliação essa que tem de ser dos alunos, dosprofessores e das instituições.Acreditamos, além disso, que os ensinos pré-escolar, básico esecundário devem ser públicos e gratuitos para todos os que odesejarem, ainda que a prioridade actual deva ser a criação dosjardim escola necessários para garantir o acesso às criançasque estão fora do sistema e só numa segunda fase sejam dadasàs famílias todas as possibilidades de escolha entre o ensinopúblico e o privado.A gestão do ensino superior público deve ser baseada naautonomia, em todos os domínios, ou seja, gestão, científica,curricular e financeira, sem prejuízo da existência de sistemasde informação capazes de permitir ao Estado central o seu papelde fiscalizador e garante do regular funcionamento do sistemae a avaliação dos resultados. Esta avaliação deve ter por base aexistência de objectivos negociados anualmente entre o Estado,como principal financiador, e as instituições.A autonomia de gestão, através das autarquias e das instituiçõesde ensino, deve evoluir no sentido de compreender a contrataçãode professores pela via de contratos individuais de trabalho,com níveis salariais definidos de acordo com o mérito e dentrode parâmetros de máximos e mínimos definidos pelos governos.É absolutamente essencial para que este modelo de gestão tenhaêxito, a existência de um sistema de informação global e emrede, associado a uma cultura de avaliação e do papel reguladordo Estado, que permita, o conhecimento público e a comparaçãopermanente das diferentes performances, dos alunos,professores, autarquias e instituições. A informação disponíveldeve poder ser analisada no plano local, regional e central, emtempo real e com dados tanto quantitativos como qualitativos.Não menos importante será a comparação dos dados nacionaiscom os dados de outros países, bem como um amplo intercâmbiointernacional de alunos e de professores.

Financiamento. O financiamento deve ser instrumento decriação de uma diferenciação positiva dos recursos disponíveis,no sentido de levar à prática os objectivos do Estado e dasociedade, quanto à qualidade, à formação individual, humanae cívica da juventude, à criação das qualificações necessáriasao processo de desenvolvimento do País e à rápida e positivaintegração no mercado de trabalho. Neste sentido, numaprimeira fase, a prioridade de financiamento deve ser o ensinopúblico nos níveis, pré-escolar, básico e secundário, deixandoo financiamento do ensino superior num segundo plano, napercepção de que o ensino superior privado e as famílias terão acapacidade suficiente para completar o financiamento dosistema, no que será ajudado pelo melhor nível qualitativo deentrada no ensino superior. Além disso, o financiamento doEstado deve ser dirigido prioritariamente a garantir o acesso

dos alunos de fracos recursos e com aproveitamento, através debolsas de estudo ou outros mecanismos de apoio social, conformeacima se refere. Esta política implica, uma vez mais, a existênciade sistemas de informação de elevada fiabilidade,nomeadamente quanto aos rendimentos das famíliasportuguesas.O financiamento dos níveis pré-escolar, básico e secundáriodeve ser feito, em partes a definir, pelo estado central e pelasautarquias, desenvolvendo nestas o sentido da diferenciação,isto é, permitindo aos eleitores verificar e comparar os diferentesníveis de performance autárquica. Por outro lado, deve ser dadaàs autarquias a possibilidade de inovar, seja no plano dasconstruções, seja no plano da gestão das escolas. Por exemplo,fazendo participar na gestão a sociedade organizada, comoassociações de pais, empresas e outros grupos sociais, de acordocom as condições locais e o dinamismo social existente.. Emqualquer caso, trata-se de introduzir no plano local e regional odebate e o poder de influenciar a relação entre o financiamentodo sistema de ensino e os seus resultados, quer quantitativosquer qualitativos.De igual forma o ensino superior público deve ser incentivado,nomeadamente como forma de completar o financiamento doEstado, a fazer participar na gestão outros parceiros, pela viados conselhos consultivos ou mesmo de conselhos deadministração, que tanto podem ser eleitos ou nomeados. Semdescurar, em qualquer caso, o papel regulador e fiscalizador doEstado, através de sistemas de informação fiáveis permitam acomparação entre diferentes instituições, nacionais einternacionais, além de abertos ao escrutínio público.

Formação Profissional. A formação profissional de qualidade éinseparável do sistema de ensino e é determinante para valorizaro trabalho nacional, que é uma condição para a melhoria donível de vida dos trabalhadores. Acresce que os jovens têmdiferentes motivações e capacidades; alguns preferem partir doestudo e da abstracção para o conhecimento do real e outrossentem-se mais à vontade partindo da realidade profissionalpara a explicação abstracta. Também por isso, o ensinoprofissional de qualidade reduz os níveis de insucesso escolar,permite a realização humana e social dos jovens que nãopretendem seguir uma carreira de base académica e que, porforça da sua boa preparação profissional, o podem fazer semprejuízo social ou económico.Por isso o sistema de ensino deve permitir formas diversificadasde aprendizagem, mas de modo a que todas elas formas seintegrem de forma coerente num sistema nacional de ensino,sem guetos e com comunicabilidade horizontal entre cursos.Sem deixar de notar que, nas sociedade modernas, uma parteimportante do conhecimento, nomeadamente tecnológico, temorigem nas empresas e não na escola. Ou seja, é muitoimportante que uma parte substancial da formação profissionalseja feita nas empresas, ou em parceria com as empresas, damesma forma que os docentes devem ser profissionaisqualificados, se possível com experiência empresarial.Da mesma forma é essencial a introdução de estágios curricularesrealizados nas empresas, tanto pelos alunos do ensinosecundário, como dos do politécnico e universitário; além disso,há que fazer uma aposta forte na existência de laboratórios eoficinas ao longo de todo o percurso escolar, no sentido deacabar com o ensino excessivamente livresco ainda existenteem Portugal. A experiência muito positiva do programa �PensaIndústria�, que há alguns anos decorre no Centro Tecnológicode Moldes e Ferramentas Especiais, da Marinha Grande, bemcomo o programa Ciência Viva�, tem revelado a justeza destaestratégia, na medida em que reduz fortemente o insucessoescolar e tem ajudado a orientar os jovens para percursosescolares nas áreas das ciências exactas e para carreirasprofissionais na indústria.Uma palavra final de absoluto inconformismo face à situaçãoactual de insucesso escolar nas escolas portuguesas, verdadeiratragédia do nosso processo de desenvolvimento, (ver quadro I).Esta não é uma situação herdada do nosso passado e não temnenhuma desculpa no nosso presente, do mesmo modo quetambém não pode ser imputada ao financiamento do sistemapúblico de educação. Porque se é verdade que os recursos são

escassos, não é menos verdade que a ausência de ensino pré-escolar com transporte e alimentação para mais de 20% dascrianças portuguesas de famílias pobres, a falta de exigência, oconformismo e a indisciplina que grassa no sistema de ensino,são factores bem mais importantes e com maior responsabilidadenessa situação. Devemos compreender que nem tudo se resolvecom dinheiro, mas com determinação, trabalho e devoção àcausa pública. Trata-se de um factor determinante para oprocesso de desenvolvimento e de modernização de Portugalque não se compadece com panaceias e com discursos políticosde circunstância.

Quadro I

Fonte: CE � �Emprego e Assuntos Sociais� � 2002

Propostas- Cobertura integral do país no que respeita ao ensino pré-

escolar, com direito de acesso para todas as criançasportuguesas e com transporte e alimentação

- Cobertura integral no acesso de todas as crianças portuguesasao ensino pré-escolar, com transporte e alimentação.

- Aumento da escolaridade obrigatória para doze anos.- Descentralização da gestão das instituições de ensino, com

uma definição de objectivos nacionais claros e quantificadose com sistemas de avaliação permanente, servidos pormodernos sistemas de informação.

- Aumento de formas de financiamento alternativas aofinanciamento do Estado ao Ensino Superior.

- Reforma de todo o Ensino Profissional, como parte integrantedo sistema de ensino, mas com a participação de empresas,associações e instituições tecnológicas, quer na definiçãodos currículos quer na gestão do sistema.

- Criação de formas organizadas de debate e de cooperaçãoentre os diferentes níveis de ensino, no sentido da avaliaçãoconjunta dos estrangulamentos existentes em cada nível doensino, com vista a combater todas as formas de insucessoescolar.

- Promover de forma sistemática a cooperação entre asempresas, o Ensino Superior e as instituições nacionais deI&D, com o objectivo, entre outros, de acelerar a transformaçãodo modelo económico nacional e a competitividade daeconomia portuguesa, passando de uma economia de mão deobra a baixo custo para uma economia do conhecimento.

8UMA ECONOMIA COMPETITIVA

Conforme previmos na moção �Portugal Primeiro� a situaçãoeconómica do País não á boa, apesar de todas as teses em contrárioque foram sustentadas ao longo dos anos dos governos de AntónioGuterres, em que se criou a ilusão de uma economia de sucesso,quando o estudo prospectivo da economia portuguesa no contextoda evolução da economia mundial e a própria realidade vivida nasempresas, indicavam de forma clara que não era assim. Mesmoagora, quando se tornaram mais evidentes as dificuldadesorçamentais e se tornou mais óbvio que a situação negativa daeconomia tem causas estruturais, ainda não se está a enfrentar,com a objectividade suficiente, a questão determinante e que é afraca competitividade da economia portuguesa e, menos ainda,se desenvolve qualquer estratégia nacional capaz de superar estafragilidade. Mais grave, neste contexto, é lamentável que secontinue a procurar resolver, uma vez mais, os problemasorçamentais através do recurso, quase único, da contenção salarial,

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quando a verdade é que a estratégia económica baseada embaixos salários é a responsável principal pela incapacidadecompetitiva da nossa economia, como tentaremos demonstrarnesta moção.É facto que, durante os governos do PS, em várias ocasiões eatravés de vários dirigentes, foi dito que o modelo económicoprosseguido durante os últimos anos estava esgotado. Era umaconstatação que só pecava por tardia, mas a verdade é que nuncaforam tiradas as necessárias conclusões para a acção, no sentidode encontrar a aplicar um novo modelo; pelo contrário, o Governodo PS e agora o do PSD, insistem na manutenção das mesmasreceitas económicas que conduziram Portugal à difícil situaçãoem que se encontra e a uma penosa marginalidade no contextoeuropeu e mundial. Por exemplo, o que foi a abertura do País àimigração, senão uma forma de facilitar a vida das empresas maisretrógradas e mais incapazes de reformar o seu modelocompetitivo, senão perpetuar uma economia baseado no baixocusto da mão de obra?Devemos, portanto, compreender que não existirá verdadeirodesenvolvimento económico em Portugal com o modelo económicoque tem sido prosseguido, essencialmente porque que nãocontribui para resolver a mais óbvia dificuldade da nossa economia:uma relação de troca com o exterior, que nos é altamentedesfavorável, na medida em que necessitamos de equipamentose de produtos que temos de adquirir no mercado internacional ecujo valor é muito superior ao valor da capacidade produtiva nacionalexportável (indústria, agricultura, pescas e turismo) mesmo emsituação de pleno emprego. De facto, alterar essa relação detroca é uma condição de sobrevivência, o que implica um novomodelo económico, em que a adesão de Portugal à União Europeiae à moeda única, apesar da sua grande importância, nãoconstituem mais do que elementos construtores de uma novavisão do papel de Portugal no mundo, a que faltam os restanteselementos, nunca expressos ou assumidos, no contexto de umaestratégia nacional.Depois de 25 de Abril de 1974, os únicos sectores da economiaque sofreram uma evolução muito positiva no sentido da suamodernização e adequação à concorrência internacional foramos sectores financeiro, da grande distribuição e dastelecomunicações, privilegiados que foram pela acção do Estado,mas também, reconhecemo-lo, por alguma capacidade própriaajudada pela forte concorrência existente. Em contraponto, ossectores da construção civil, obras públicas e imobiliário cresceram,mas não se modernizaram e, pelo contrário, seguiram um caminhode insustentável terceiro mundismo, cujas consequências sãoóbvias: ocupam uma parte excessiva dos recursos humanosdisponíveis; têm uma contribuição substancial para a má qualidadee para o mau gosto do urbanismo nacional, com efeitos desastrososna desorganização das nossas cidades; contribuírem bastantepara a baixa produtividade nacional; consomem, através da práticade preços especulativos, uma proporção excessiva do rendimentodos portugueses e dos recursos do Estado. A que acresce o facto,inexplicável, de que se trata de sectores largamente dependentesdo Estado e por este protegidos - Estado como cliente e comoregulador - apesar de serem sectores que frequentemente vivemnos limites da legalidade. Sendo relevante recordar, neste ponto,que a necessidade de habitação de centenas de milhares defamílias portuguesas foi explorada por construtores eespeculadores imobiliários, através do endividamento das famílias,com preços altamente inflacionados, naquilo que constituiu amaior transferência de riqueza da história portuguesa, para asmãos dos especuladores e dos seus colaboradores autárquicos.O sector produtivo � indústria, agricultura e pescas � tem tido umprogresso muito lento, com perda de competitividade no planointernacional, mesmo na indústria, que noutros países assume acontribuição principal para a competitividade global da economia,mas que em Portugal não sai da mediania, nomeadamente porqueaquilo que faz e vende não é valorizado no mercado internacional,seja porque temos uma insuficiente diversidade económica epoucos produtos vendáveis no mercado internacional, seja porquehá falta de empresas integradoras.Pelo que ficou dito e porque não acreditamos numa economiade serviços, autonomamente de um sector produtivo moderno,deverão ser os sectores de bens transaccionáveis a prioridadeda economia portuguesa, no sentido de obter uma relação de

troca mais favorável com o exterior. Por isso não concordamoscom a falácia dominante que tende a desvalorizar a importânciado sector produtivo e a escamotear os efeitos do déficite da Balançade Transações Correntes, o qual ainda que sem efeitos cambiaisno contexto da moeda única, não deixa por isso de representarum empobrecimento relativo do nosso País. Ou seja, acompetitividade das empresas, e da economia portuguesaem geral, tão necessária para melhorar a vida dos nossosconcidadãos, só se poderá atingir através de um sectorprodutivo moderno, diversificado e tecnologicamenteavançado, capaz de desenvolver produtos inovadores,devidamente valorizados nos mercados internacionais.Esta convicção é confirmada pela experiência da Irlanda, paísque partiu de uma base de desenvolvimento tão pobre quanto aportuguesa e com quem temos diversas afinidades culturais ereligiosas, mas cuja economia cresceu no período de 1994-1998 àmédia de 7,2% ao ano, contra 2,9% em Portugal, criando maisemprego, com menos stock de capital e, principalmente, commaior produtividade do trabalho. (ver quadro II.)

Quadro IIPRODUTO, EMPREGO E STOCK DE CAPITAL

Taxas de variação média anual

1964-73 1974-83 1984-93 1994-98

IrlandaPIB 4.6 3.7 4.7 7.2Emprego 0.1 0.3 0.8 3.6Stock de capital 1.4 3.3 2.7 3.1

Memo:Produtividade do trabalho 4.5 3.4 3.9 3.4

EspanhaPIB 6.2 2.5 2.7 2.5Emprego 0.7 0.6 0.6 1.1Stock de capital 12.6 5.6 4.1 3.8

Memo:Produtividade do trabalho 5.5 3.2 2.2 1.4

Portugal:PIB 5.7 3.6 3.7 2.9Emprego 0.9 0.6 0.9 0.7Stock de capital 12.8 6.3 4.6 4.0

Memo:Produtividade do trabalho 4.7 3.0 2.7 2.1

Este exemplo da Irlanda deve ser cuidadosamente avaliado, sendoinaceitável a sua frequente desvalorização pelo poder político,por razões meramente defensivas, como se algumas vez asquestões se resolvessem pela negação da realidade desagradável.Nesta moção, muitas das propostas feitas, como a aposta nasfases iniciais do ensino, a formação intensiva de engenheiros, aprioridade dada ao desenvolvimento de um sector produtivomoderno, a atracção do investimento estrangeiro e a contençãodos gastos em obras públicas sumptuárias, fazem há muito parteda estratégia irlandesa, cuja coerência e disciplina criou o maiorsucesso da economia europeia dos últimos dez anos. Veja-se quedurante 2000 a economia portuguesa deverá ter crescido apenas2,8%, o mais baixo crescimento da Europa em parceria com aItália, mas a Irlanda segue no topo dos países europeus com umcrescimento da economia de 10,5%, sendo que a situação sedegradou desde então e de forma desfavorável a Portugal.Acresce que o crescimento económico da Irlanda é baseado nomodelo das chamadas economias pós industriais, o que se tornaclaro, entre outras razões, por uma acentuada redução de emissõesde CO2 por unidade de PIB, a exemplo de outros países europeuscomo a Espanha, a Suécia e a Itália, em contradição com o elevadocrescimento deste factor de poluição em Portugal. Ou seja, estaé uma demonstração adicional dos erros do modelo económicoprosseguido em Portugal, baseado no betão e em soluçõesindustriais ultrapassadas, energia intensivas, sendo muito fracoem capital humano e nos novos factores de competitividade dassociedades do conhecimento. (ver quadro III.) Esta é também arazão porque Portugal ultrapassou já em 1991 as emissões de CO2previstas nos acordos de Kioto para 1997, isto é, o modelo da

economia portuguesa é errado, também por razões ambientais ede sustentabilidade.

Quadro III

Não é portanto uma surpresa verificar que a Irlanda, em apenasdez anos, convergiu em termos reais com a União Europeia, cujamédia ultrapassou em 1996/1997, quando, entre nós, este éainda um objectivo longínquo que ninguém se atreve a quantificar.(ver quadro IV.) . Por isso propomos que a convergência real dePortugal com os países mais avançados da União Europeia passea ser quantificada e os governos responsabilizados politicamentepelos objectivos programados, na medida em que a convergênciacom a U.E. é ainda o único elemento estratégico consensualentre todos os governos e esta será também uma forma de oseleitores julgarem a governação do País.

Quadro IIIConvergência real para a UE

O modelo defendido de privilegiar o sector produtivo, nãopode ser separado da questão do investimento estrangeiro,que em Portugal está em queda, mas que em qualquer casonunca foi direccionado para o sector produtivo, sendoprincipalmente de origem especulativa. Investimentoestrangeiro que na Irlanda não tem um valor absoluto superiora Portugal, mas com a diferença de que é destinado,principalmente, à indústria, 92,9% do total, quando emPortugal o investimento estrangeiro na indústria, se cifra porapenas 18,7%. Ver quadros V e VI.

Quadro VINVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO

Em percentagem do PIB

1975-84 1985-94 1995-98 Média

Milhões de dólares:Irlanda 220.1 577.5 2515.8 751.6Espanha 1272.1 8269.5 7400.8 5209.1Portugal 119.6 1337.2 1592.3 872.4

Em percentagem do PIB:Irlanda 1.5 1.3 3.5 1.7Espanha 0.8 2.0 1.3 1.4Portugal 0.5 2.0 1.5 1.3

Fonte: Cálculos efectuados a partir de séries do FMI � International

Financial Statistics

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Quadro VIDISTRIBUIÇÃO SECTORIAL DO INVESTIMENTO

DIRECTO ESTRANGEROMédia 1990-1997

Irlanda Espanha Portugal

Indústria 92.9 45.3 18.7da qual:

Química, petróleo e plásticos 16.2 11.7 n.d.

Prod. Metálicos e maquinaria 58.3 0.0 n.d.

Comércio e reparações 0.0 10.3 15.0Actividades financeiras 0.0 21.8 29.5Imobiliário e serviços

Às empresas 0.0 18.1 24.6Outros 7.1 4.5 12.2Total 100.0 100.0 100.0

Fonte: OCDE (1998c). Em Portugal e Espanha o peso do sector imobiliário

é a média de 1993-97

Ou seja, os signatários da presente moção consideram nãohaver razão sustentável para que a economia portuguesanão possa crescer tanto como a irlandesa, já que nos doiscasos a base de partida é baixa e a margem de crescimento égrande. O facto de isso não estar a acontecer resulta domodelo económico seguido em Portugal, da ausência de umaestratégia clara e coerente e das circunstâncias específicasda orientação geral do País, nomeadamente:

1.Desorganização da economia provocada por ausência dedisciplina nas relações das empresas com o Estado, o queprovoca a perda do efeito regulador e pedagógico do Estadona economia e a indisciplina empresarial, em áreas como omau funcionamento da Justiça, o não pagamento das dívidasà Segurança Social e ao Fisco, os atrasos nos pagamentos doEstado aos fornecedores, da política de sustentação deempresas falidas, da falta de autoridade reguladora do Estado,do não cumprimento, em muitos empresas, das leis dotrabalho, com efeitos na viciação da concorrência e a ausênciade uma política energética e de transportes estrategicamenteadequada e fiável.

2.Ineficácia e má qualidade dos sistemas de ensino e deformação profissional e ineficiência de uma parte significativado sistema científico e tecnológico. Nomeadamente, aconfusão entre ensino público e privado, a falta de alunosnos cursos dedicados às ciências exactas, como a engenharia,o número excessivo de cursos de banda estreita no ensinosuperior e o interesse marginal de muitos deles, a má qualidadedo ensino secundário, para mais sem saídasprofissionalizantes qualificadas e o fraco aproveitamento dosalunos em todos os níveis do ensino. Quanto ao sistemacientífico, a indisciplina geral do sistema, a ausência decritérios de competição, avaliação e compensação dosinvestigadores e das instituições do Estado e a inexistênciade uma estratégia industrial e de avaliação, não burocrática,dos apoios do Estado à investigação e ao desenvolvimentotecnológico.

3.Política de obras públicas e de habitação consumidora de umaparte excessiva dos recursos nacionais, na administraçãocentral e nas autarquias, resultante de muitas obras defachada e do excesso de investimentos de necessidadeduvidosa (hospitais, especulação imobiliária, estádios do Euro2004, Polis, centros de congressos), situação muito agravadapela prática de preços especulativos e por sistemáticas revisõesde preços nas obras públicas, cujo controlo é sempre duvidosoou mesmo inexistente.

4.Ausência de uma política activa de atracção do investimentoestrangeiro para a indústria, agricultura e pescas e a

existência de uma incompreensível política incentivada peloEstado de investimento nacional no estrangeiro, escolhaagravada pelo facto da esmagadora maioria desseinvestimento ser realizado em países onde não existecomércio livre ( Brasil e Norte de África) e por essa razão nãoconduzir a fluxos comerciais acrescidos para Portugal, nem aum relacionamento empresarial e tecnológico exigente.

5.Inexistência de políticas de valorização da produção nacional,nomeadamente nas compras públicas, principalmente emrelação com os novos sectores industriais tecnologicamenteavançados, falta de incentivos à exportação, bem como aausência de critérios estratégicos de selectividade nosprogramas de apoio às empresas, como o ProgramaOperacional da Economia (POE).

6.Ausência, na indústria portuguesa, de um número significativode produtos finais, industriais e de consumo, valorizáveis nosmercados externos, e excesso de produção de peças,componentes, ferramentas e sistemas, além de alguns poucosprodutos fracamente valorizados, como é o caso do têxtil, daconfecção e do calçado, produtos que concorrem directamentecom a produção de países do terceiro mundo, o que reduzmuito a valorização global do sector produtivo português,agravando a relação de troca com o exterior, como já foi dito.

7.Número excessivo de pequenas empresas comerciais, cujautilidade económica e capacidade de sobrevivência é mais doque duvidosa, muitas delas criadas e incentivadas porprogramas governamentais, como o PROCOM, a conviver coma falta dramática de empresas de interface entre a produçãoagrícola e a grande distribuição, quer relativamente aomercado interno quer dirigidas à exportação, que os diversosgovernos teimam em não fomentar.

8.Excesso de despesas do Estado com efeitos na carga fiscal,mas sem resultados qualificantes na economia e na sociedade,agravando o déficite dos orçamentos do Estado e oendividamento geral da Nação. Em paralelo a escolha depráticas de opacidade orçamental, nomeadamente aexistência de enormes saldos ocultos, de dívidas do Estado edas suas instituições, o que representa um modelo de gestãooposto ao que deve ser o bom governo, que é aquele que serege pelo princípio das boas contas.

Em resumo, o gasto excessivo dos recursos nacionais ecomunitários em obras públicas, em associação com a saídade capitais destinados ao investimento português noestrangeiro e o fraco investimento estrangeiro em Portugal,são factores cuja combinação negativa é desastrosa e provocaa redução do investimento produtivo no País e uma relaçãode troca da nossa economia com o exterior que é insustentávele conduz ao endividamento crescente da economiaportuguesa.Neste contexto, a economia portuguesa tem de adoptarrapidamente um modelo que valorize a relação de troca da nossaprodução com o exterior, que aposte no conhecimento, nainovação e na tecnologia, modelo que resumiremos na teseseguinte:

O desenvolvimento económico e social de Portugal, nocontexto da União Europeia e da globalização, passa pelodesenvolvimento dos sectores de bens transaccionáveis,geradores de produtos desejáveis nos mercados externos,que privilegie a tecnologia, a inovação e a diferença.

O factor humano qualificado, culto e com a adequadaformação científica, mais o acesso fácil, rápido e barato aomundo através de transportes e de comunicações de últimageração, serão os recursos essenciais.

O nosso atraso e dependência actuais relativamente àEuropa, obriga Portugal a desenvolver relaçõesprivilegiadas da nossa economia e do nosso sistemacientífico e tecnológico com mercados e parceiros exigentes,

nomeadamente em países inovadores como os EstadosUnidos e o Japão., antecipando a introdução de novosprodutos, sistemas e tecnologias.

No centro deste modelo de desenvolvimento económico está aindústria e neste sector o aumento do número de produtos finaisé essencial, objectivo que pode ser realizado de duas formascomplementares:

1.Através do desenvolvimento de produtos inovadores, nãoexistentes no mercado mundial, já que o factor de inovaçãoreduz drasticamente os custos de entrada nos mercados econstitui, no nosso tempo, o mais forte factor dacompetitividade de qualquer economia. Para isso Portugal temalguns argumentos a seu favor: uma certa disponibilidade dosistema científico e tecnológico, que resulta do nível aindainsuficiente da procura; o crescimento do número dedoutorados; uma indústria de ferramentas e prototipagemrápida tecnologicamente avançada e internacionalmentereconhecida; alguma capacidade inventiva que é premiadainternacionalmente com alguma regularidade.

2.Pela atracção do investimento estrangeiro para o sectorprodutivo, através de políticas activas e selectivas noinvestimento de empresas integradoras que dominemmercados em produtos compatíveis com as qualificaçõesnacionais, o que abrange um leque amplo em que se podemsalientar, a título de exemplo, os sectores seguintes:telecomunicações, informática, brinquedos, lazer e desporto,transportes, utensílios médicos, embalagem, materialeléctrico, electrodomésticos, defesa, electrónica de consumo.Sendo que o argumento de atracção deste tipo de investimentoestrangeiro, é o da redução do investimento necessário porcada unidade de produto lançada no mercado, já que acapacidade industrial instalada em Portugal, no domínio dasferramentas, engenharia de produto, prototipagem rápida,peças, componentes, sistemas e serviços, permite a essasempresas serem meramente integradoras, reduzindo, por estavia, o nível de integração vertical habitual na Europa,aproximando-nos do modelo em uso no Japão de produçãoflexível. Ou seja, o argumento, que é real, permite a essasempresas concentrar os seus investimentos nodesenvolvimento de produtos, na comercialização e nadistribuição, com a vantagem da sua mais rápida adaptaçãoàs variações do mercado e por esta via a uma competitividadeacrescida.

Ou seja, a indústria portuguesa pode assumir, no contextoeuropeu, uma vocação integradora baseada na importânciaque hoje assume a produção flexível, por recurso aosubcontracto, ao encurtamento do tempo necessário para olançamento de novos produtos e a redução do investimentonecessário por unidade produzida.Como é evidente, a primeira alternativa é a mais desejável,como o modelo ideal para a economia portuguesa, mas não érealista basear o nosso progresso industrial apenas na nossacapacidade para desenvolver, produzir, comercializar e distribuirprodutos inovadores. Por isso, é necessário atrair o investimentoestrangeiro, nomeadamente o orientado para o desenvolvimentode produtos destinados ao mercado final, utilizador/consumidor.De notar que este modelo económico á altamente compatívelcom a situação portuguesa no campo dos recursos humanos ecom o objectivo estratégico de melhorar a qualidade do trabalhonacional, porquanto:

� Dá um novo sentido ao papel das nossas universidades e dacomunidade científica, como resultado do crescimento daprocura de serviços de investigação e de desenvolvimentotecnológico.

� Responde à crescente necessidade de criação de empregospara licenciados, centrando o crescimento futuro nas áreasdas engenharias.

� Cria oportunidades de emprego, mesmo para desempregadosde longa duração com fraca escolaridade, na medida em queuma parte relevante da actividade industrial, sendo dirigida a

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produtos finais, comporta um número elevado de montagens,embalagens e transportes. Além de aproveitar a oportunidadede localizar as novas empresas integradoras nas regiões dointerior, na medida em que estas unidades fabris sendodirigidas à montagem dos produtos e não a outras operaçõesde fabrico mais complexas, permitem um menor índice deespecialização média, logo compatível com os recursoshumanos disponíveis.

Ainda no campo dos recursos humanos nacionais discordamosda ideia, muito defendida em círculos do Governo e do PS e doPSD, de que a aceleração do crescimento económico dependedo aumento do número de trabalhadores imigrantes. De facto,o crescimento do número de trabalhadores indiferenciados, combaixo nível de escolaridade, socialmente desprotegidos, que émodelo dominante entre nós, serve apenas para iludir anecessidade de alterar o modelo económico no sentido quepropomos nesta moção. Acresce que o crescimento da imigraçãopermitirá a sobrevivência de empresas que vivem nas margensda legalidade e que já não deviam existir, além de criar a prazoum problema social grave, quando por força da evolução do cicloeconómico as empresas não puderem manter essestrabalhadores.Entretanto, a coerência do modelo económico descrito nestamoção é evidente, não só pelas razões expostas, mas tambémporque o tipo de investimento estrangeiro selectivo que sedefende contribui para um desejável relacionamento comparceiros e mercados exigentes, frequentemente inovadores,ou seja, arrasta para dentro da nossa economia ainternacionalização, que de forma algo primária se tem procuradopromover através do investimento nacional noutros países.Coerência que foi bem visível para a União Europeia, queconsiderou o Pacto Territorial Para o Emprego da Marinha Grande,como o melhor dos oitenta apresentados em toda a Europa,pacto que se baseou no modelo descrito.Uma nota breve para referir que os produtos agrícolas podem teruma contribuição relevante na melhoria da relação de troca danossa economia com o exterior, a exemplo do que acontece,por exemplo, na vizinha Espanha. Basta para tantocompreender que os problemas da agricultura portuguesa nãosão agrícolas mas de comercialização e que a maior necessidadedos agricultores portugueses é a existência de empresas deinterface entre a produção e a grande distribuição, de forma aconcentrar as vendas e a garantir contractos regulares àprodução, deixando aos agricultores o encargo de melhorar aqualidade dos produtos e a produtividade. Para verificar queassim é, basta comparar a evolução muito positiva de sectoresda agricultura como o vinho, o leite, o tomate e a beterraba,onde há garantias contratuais de escoamento da produção,com a generalidade dos outros sectores onde isso não acontece.Relativamente à actividade turística, que tem uma grandeimportância no emprego e na nossa balança financeira, seriaútil que os governos compreendessem que devem dar autonomiaàs regiões de turismo que verdadeiramente existem � Algarve,Madeira, Leiria/Fátima, Lisboa/Sintra/Estoril, Açores � parafazerem a sua própria promoção, deixando de criar regiõesadministrativas de turismo artificiais, ou seja, são as própriasregiões de turismo que conhecem melhor do que o Estado o quedevem fazer. O que, obviamente, não impede que outras regiõesdo País criem e desenvolvam os seus próprios produtos turísticos,mas sem divisões artificiais e consequentemente irreais. E,nesse sentido, aquilo que o Estado pode e deve fazer é promoverpolíticas de qualidade, desde a formação profissional aourbanismo, dos transportes à segurança nas ruas e nos locaisde diversão, do desenvolvimento de programas culturais, àlimpeza, asseio e arrumação dos locais públicos e até nacertificação dos diferentes operadores e empresas do sector.Política de qualidade que é o meio mais eficaz de promover oturismo nacional e o único que o valoriza e melhora a suacompetitividade no plano internacional.Nos governos do PS a existência do Ministério da Ciência eTecnologia e a qualidade da sua liderança, foram factores muitopositivos que originaram novas ideias e mudanças relevantesna sociedade portuguesa, nomeadamente uma nova cultura deresponsabilidade, através do processo de avaliação do sistema

científico e tecnológico nacional, bem como a existência demais e, principalmente, melhores projectos de investigação edesenvolvimento. Nomeadamente, a Agência para a Inovação,tem dado exemplos de grande compreensão e adequação dosprojectos apoiados pelo Estado à realidade económica nacional,principalmente através da prioridade estratégica de inovaçãonos produtos. Progressos que o governo do PSD se prepara paracomprometer, em parte por ignorância, em parte para dar lugara mais uns tantos cargos políticos.Finalmente, não podemos terminar este capítulo destinado àeconomia, sem uma reflexão dura acerca da ausência de visão ea insensatez que tem presidido à privatização de um lequealargado de algumas das melhores empresas nacionais e daconsequência da perda de centros de decisão insubstituíveis naeconomia portuguesa. Não porque sejamos contrários àsprivatizações, mas porque as privatizações não devem constituirum dogma, que tenha de ser aplicado de forma indiferente aointeresse nacional e às condições específicas de cada sector ede cada empresa. Ou seja, as privatizações devem ser motivadaspor razões económicas e de competitividade da economiaportuguesa e não para a glória e para o interesse, individual oude grupo, dos diferentes participantes no processo.Em concreto, nada nos obriga a proceder a privatizações seestiver em causa o controlo nacional de empresas em sectoresestratégicos ou de empresas com uma contribuição particularpara o conhecimento profissional, científico e tecnológiconacional, como insensatamente foi permitido, por exemplo,com a venda da Galp à italiana ENI. Trata-se de empresasexcelentes, com uma contribuição para o progresso edesenvolvimento de cadeias de valor nacionais que não podeser menosprezada, factor que não tem sido suficientementevalorizado pelos sucessivos governos, situação agravada pelatentativa de manter secretas as condições de privatização até oúltimo momento possível. O que aumentou, durante os governosdo PS, como já acontece agora no governo do PSD, o poder emargem de intervenção dos interesses menos legítimos degrupos económicos, com embaraços permanentes para osgovernos e que provocará, mais tarde ou mais cedo, problemaséticos de difícil solução no quadro do regime democrático.A isto deve-se acrescentar a orientação estratégica errada, ouaté desastrosa , de algumas empresas em fase de privatização,mas onde ainda existe uma grande responsabilidade do Estado,visível no desvio de recursos para o investimento no estrangeiro,estratégia particularmente infeliz quando necessitamos de todosos recursos para o investimento em Portugal, no sentido demudar o modelo económico existente, condição incontornávelpara a saúde da economia portuguesa. Também no sector dastelecomunicações, essencial ao nosso processo dedesenvolvimento, têm sido cometidos erros estratégicosevidentes. Nomeadamente, defendemos a existência de duasempresas nacionais concorrentes na área da rede fixa, a PT euma outra empresa que deveria ter no seu núcleo a RTP, atépara dar alguma capacidade económica e sentido à estratégiade manter o serviço público na RTP, actualmente uma enormeconsumidora de recursos do Estado. Mas, para que esta segundaempresa de telecomunicações, de raiz nacional, tenhaviabilidade, é essencial a cobertura completa do territórionacional em fibra óptica, o que poderá ser conseguido atravésda união dos recursos existentes neste domínio, da EDP, Brisa,CP, Metro de Lisboa e do Porto e TV Cabo. Solução que poderiaser realizada, através de um consórcio entre estas empresas,que vendesse o acesso a quem o pretendesse, tornando maiscompetitivo e concorrencial o sector das telecomunicações emPortugal, dificultando a participação de empresas estrangeirasno sector.

Em resumo, a economia portuguesa está num visível impasseque, conforme defendido nesta moção, resulta dos variadosfactores descritos e de um modelo estratégico incoerente eineficaz. Devemos por isso ter a ambição de realizar aconvergência real com a União Europeia numa década,crescendo a um ritmo semelhante ao da Irlanda, para o quetemos todas as condições como povo e como economia.Precisamos de uma estratégia nacional correcta, de políticasadequadas e de uma grande disciplina política e económica.

Propostas- Criação de condições para a mudança do modelo económico

nacional na direcção de uma economia do conhecimento,desenvolvendo formas de cooperação entre as empresas, asuniversidades e as instituições científicas nacionais.

- Levar à prática a estratégia nacional anteriormente definida,nomeadamente dando prioridade aos sectores de benstransaccionáveis, como forma de rapidamente equilibrar arelação de troca da nossa economia com o exterior.

- Incentivar o aparecimento de empresas integradoras,nacionais e estrangeiras, capazes de projectar, produzir evender produtos finais, de fabrico nacional, nos mercadosinternacionais.

- Fomentar o conhecimento científico e a inovação, nas escolase nas empresas.

- Aplicar uma política activa e selectiva de atracção doinvestimento estrangeiro e incentivar os grupos económicosnacionais a investir em Portugal, nomeadamente em produtosvendáveis nos mercados internacionais.

- Regular e disciplinar os sectores de projecto, construção civile obras públicas, no sentido de os incentivar a umamodernização acelerada, na direcção de uma maiorcompetitividade internacional.

- Não permitir o início de quaisquer obras públicas, sem aexistência de projectos exaustivos e de qualidade e promovera redução dos custos das obras públicas e da construçãodestinada à habitação, acabando com o hábito da revisão dospreços.

- Garantir a concorrência saudável entre as empresas nomercado nacional, não permitindo que haja empresas asobreviver sem cumprir as suas obrigações legais, seja nodireito do trabalho, seja nas contribuições para a SegurançaSocial, seja nas suas responsabilidades fiscais.

- Incentivar e, se necessário, criar empresas de interface entrea grande distribuição e a produção agrícola, no sentido deconcentrar a oferta e de garantir aos agricultores contratosde produção.

- Promover uma cultura de qualidade no turismo, regulandoníveis de qualidade exigentes das instalações e dos serviços.

- Promover o objectivo de compra de produtos portugueses ecriar regras de aquisição pelo Estado destinadas a viabilizarprodutos inovadores por parte das empresas portuguesas.

9O PAPEL DE PORTUGAL NO MUNDO

E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Tal como Michael Porter, defendemos o relacionamento dasempresas portugueses com mercados e parceiros exigentes,como forma de desenvolver todas as capacidades nacionais, atéporque a explosão escolar em curso, apesar das suasinsuficiências, nos permite ter hoje uma ambição maior no nossoprocesso de desenvolvimento. Relacionamento preferencial quenão se deve limitar às empresas, mas que deve incluir o sistemacientífico e tecnológico. Ou, dito de outra forma, acreditamosque só poderemos ser excelentes na Europa através de umaligação estratégica com países tecnologicamente avançadose fortemente inovadores, como, por exemplo, os EstadosUnidos e o Japão.Não se trata de qualquer afastamento da nossa vocação e dasnossas responsabilidades europeias, mas tão só de ter umaestratégia própria no quadro da União Europeia e da PenínsulaIbérica, aproveitando a nossa posição geográfica e a nossatradição universalista, para desenvolver parcerias estáveis comoutras partes do mundo, cuja contribuição para o nosso processode desenvolvimento nos seja útil. Durante séculos a estratégianacional foi encontrar aliados, como a Inglaterra, que nosajudassem a defender do nosso poderoso vizinho, a Espanha.Actualmente essa estratégia continua válida, com a diferençade que o valor maior de qualquer parceria já não é militar maseconómico, o que justifica que nos voltemos para o nosso outrovizinho, os Estados Unidos, como um desejável parceiro nosplanos comercial e científico.De uma forma simples diremos que, como no passado,

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necessitamos de um adversário com quem possamos medir forçase que seja unificador da vontade nacional, que sempre foi e éútil que continue a ser, a Espanha. Como é clarificador ter emcada momento um padrão de sucesso, ou modelo estratégico aseguir, e que tenha condições semelhantes às nossas, nopresente a Irlanda e, finalmente, um aliado que nos ajude aconseguir os nossos objectivos e cujos interesses não sejamconflituais com os nossos, no caso os Estados Unidos.Acresce que os Estados Unidos é o maior mercado livre do mundo,onde tudo se vende, sendo lá que existem algumas das melhoresuniversidades do globo e um sistema científico aberto, onde jáhá algumas regiões de emigração nacional e onde muitosestudantes portugueses têm sido bem recebidos e obtido carreirasbrilhantes, tanto para os que lá ficaram como para aqueles quevoltaram e constituem hoje uma parte relevante da excelêncianacional em diversas áreas do conhecimento. Ou seja, apenaspor provincianismo nos podemos permitir desperdiçar asoportunidades de parceria com os Estados Unidos no campo daciência e da tecnologia, ou ter receio de enfrentar o mercadoamericano na indústria.Neste contexto, temos de afirmar a convicção de que o enormeinvestimento feito no Brasil por empresas portuguesas,muitas das quais da órbita do Estado, não tem qualquerjustificação que não seja a da facilidade, porque se fala amesma língua e existem no Brasil muitas empresas à vendaa preço razoável. Todavia, trata-se de uma região de altorisco económico, onde não existe liberdade de comércio eque, por isso mesmo, não comporta fluxos comerciais comPortugal, que é o objectivo relevante de qualquer projectode internacionalização digno desse nome.Portugal não é uma grande potência económica e deveria evitarcomportamentos de grande potência, até porque necessitamosde todos os recursos disponíveis, no curto prazo, para realizar oessencial, que é investir em Portugal na diversificação da nossaactividade económica, nomeadamente na indústria, em novossectores e produtos que valorizem a nossa capacidade competitivano concerto das nações. Acontece ainda que os investimentosfeitos no Brasil dificilmente serão rentabilizados no curto oumesmo médio prazo e, em qualquer caso, não acrescentamrecursos para a modernização acelerada que preconizamos paraPortugal.Relativamente a África, justifica-se uma acentuada preocupaçãoem manter excelentes relações políticas e afectivas com todosos povos de língua oficial portuguesa, sem deixar todavia dedefender o prestígio e os interesses de Portugal e os princípiosporque se rege a nossa democracia, na nossa relação com osgovernos, ainda que sem pretender impor o nosso própriomodelo.No campo económico devemos desenvolver os fluxos comerciaispossíveis, compatíveis com a cobrança devida ou a compensaçãorecíproca, nomeadamente nos sectores tradicionais da nossaindústria e comércio, mas devemos reconhecer que dificilmenteesses países poderão ter, no futuro próximo, uma fortecontribuição para o nosso próprio processo de modernização ede desenvolvimento. Ou seja, será através de um forte equalificado crescimento económico, apenas possível num quadrode relacionamento internacional exigente, que Portugal poderáamealhar os recursos que nos permitam cumprir a nossa vocaçãoe os nossos sentimentos africanos.O alargamento da União Europeia favorece principalmente ospaíses mais poderosos da Europa Central e será uma fonte depreocupação para o nosso processo de desenvolvimento e paraa economia portuguesa, nomeadamente se não assumirmoscom rapidez e determinação um novo modelo económico, nalinha do que foi proposto anteriormente neste texto. Isto é,impõe-se que o alargamento nos encontre numa posiçãoeconómica mais avançada, leia-se numa posição de maiordiversidade e valorização da produção nacional e não emconcorrência directa nos mesmos sectores com os países doLeste, que têm custos muito mais baixos e, principalmente,recursos humanos mais qualificados. Por outro lado,compreendemos as implicações políticas positivas doalargamento, mas consideramos ser errado para o próprio

processo da construção europeia, querer queimar etapas, semuma avaliação suficiente das dificuldades culturais, económicase políticas do alargamento.Neste contexto Portugal deve agir com grande precaução nodebate europeu, abstendo-se de contribuir para o �directório�dos grandes países, mas privilegiando a institucionalização dademocracia europeia e a democratização dos orgãos de podereuropeus. Nomeadamente o reforço do Parlamento Europeu,mas também a criação de uma Segunda Câmara ou SenadoEuropeu, com representação igual de todos os Estados da UniãoEuropeia, condição que deveria ter precedido o Tratado de Nice,mas que é a forma idónea de aceitar o preceito democrático daigualdade de representação de todos os cidadãos da Europa.No campo da defesa e segurança nacionais, discordamos daevolução tradicionalista das políticas que têm sido seguidas emPortugal, nomeadamente em relação à escolha dosequipamentos e dos objectivos estratégicos que lhes estãosubjacentes. Consideramos que neste domínio, como em quasetodos os outros, a inovação e a diferenciação comportam virtudese oportunidades que Portugal não pode desperdiçar, até porforça dos recursos escassos à nossa disposição, nomeadamenteno início do processo que conduzirá às Forças Armadas Europeias.Em concreto, consideramos que as nossas Forças Armadas devemter alguma vocação específica, a de responder ao objectivoprioritário de garantir a soberania e a segurança no espaço danossa zona económica exclusiva, relativamente a acidentesnaturais, desastres marítimos e aéreos e ataques ambientais ouda criminalidade internacional.Trata-se de um objectivo compatível com os nossos recursos e quepoderá conduzir Portugal a ser um dos primeiros países do mundoa desenvolver uma capacidade específica neste domínio, que podee deve ser altamente qualificada e tecnologicamente avançada,além de completar, por diferença, as restantes forças armadaseuropeias. Nesse sentido, não precisamos de mais meios aéreosF16, mas de um número elevado de helicópteros capazes de cobrircom rapidez toda a zona exclusiva, como não se justifica umaarmada cara composta de submarinos, mas de lanchas rápidas eum ou mais navios de transporte de tropas e de outros meios deapoio, para deslocações no quadro das missões de paz e de ajudaaos países de língua oficial portuguesa, além de meios sofisticadosde prevenção e de limpeza nos casos de acidentes ecológicos.Os subscritores da presente moção consideram um escândalopúblico, para mais num país de tradição marítima, o número deacidentes ocorridos nas águas à nossa guarda e, principalmente,a incapacidade nacional de socorrer os homens do mar,portugueses e estrangeiros, que constantemente morrem semqualquer sentido ou necessidade, por ausência de meios aéreosem prevenção permanente, leia-se helicópteros, seja nocontinente seja nas ilhas. Além da questão de perda de soberaniae da dignidade nacional, que resulta do recurso, para estes fins,a outros países, nomeadamente à Espanha. Trata-se detransformar um constrangimento nacional numa oportunidadede inovar e de antecipar alguma divisão de tarefas no planoeuropeu.Do nosso ponto de vista, a verdadeira pobreza dos países residena falta de visão e de qualificação para realizar aquilo que está nasua capacidade fazerem e não fazem. Inversamente, os paísessão ricos quando definem com rigor aquilo que podem fazer e ofazem com qualidade, mais ainda se nesse processo sabemantecipar as necessidades próprias e alheias, sendo que nenhumaresposta a qualquer oportunidade é mais nobre do que aquela queenvolve a defesa da vida humana. Ou seja, não vimos qualquerjustificação para que um Estado moderno e democrático, mas compoucos recursos, considere necessário ter aviões F16 ousubmarinos, destinados a operações cuja necessidade, com todaa probabilidade nunca se verificará, e deixe morrer os seus homensdo mar por falta de um helicóptero disponível 24 hora por dia emcada zona do espaço que nos está confiadoA internacionalização das economias é um processo antigo a quePortugal dos descobrimentos deu o mais determinante dosimpulsos, processo que foi entretanto acelerado por virtude dosacordos de comércio livre, dinamizados pelos Estados Unidos eque correspondem aos interesses da economia e das empresas

norte americanas. E ainda que seja cedo para compreender, emtoda a sua dimensão, qual o saldo final para cada povo desteprocesso, é todavia inegável que os maiores beneficiados são osconsumidores, que podem adquirir tudo aquilo de que precisam epodem comprar, a preços mais baixos, a que se segue uma novaoportunidade para os países com custos de mão de obra e cominfraestruturas, físicas e humanas, que lhes permita a preferênciadas empresas multinacionais para as suas deslocalizações, nabusca dos mais baixos custos.Ou seja, a internacionalização não é um processo linear, comganhos ou prejuízos evidentes e iguais para todos, mas umaoportunidade que para ser aproveitada em toda a suadimensão, tem de ser bem gerida e de ser integrada nummodelo coerente de desenvolvimento económico, o queinfelizmente não é, globalmente, o nosso caso.

10JUVENTUDE E FUTURO

Pensar o futuro da Nação está ligado de forma directa à suaJuventude, o que não é separável da educação cívica, científicae cultural dos jovens. Ou seja, a qualidade da actividade política,a ética e a pedagogia republicanas de que falamos, bem como aspolíticas de educação, são factores relevantes da formação dajuventude portuguesa e, por essa via, da qualidade dodesenvolvimento e do futuro de Portugal.Da mesma forma, não há desenvolvimento humano da juventudesem um ambiente exigente e formativo, nomeadamente na áreados comportamentos, seja esse ambiente na família, na escola,na sociedade e no Estado, sendo a nosso ver indiscutível que onível de exigência pela qualidade exercido sobre a nossa juventudese tem vindo a degradar em todas estas áreas e nomeadamentena escola e na acção do Estado, que são as áreas que podem sertratadas no âmbito desta moção.É também por esta razão que lamentamos o nível de degradaçãodo Estado e o ambiente geral de indisciplina que se vive emPortugal, desde a desorganização urbana ao habitualincumprimento de horários, da promiscuidade dos interesses àirresponsabilidade � a que se chama falsamente democracia - domeio académico, do carreirismo político, frequente nos partidospolíticos e na generalidade das hierarquias do Estado, ao baixonível de exigência visível, por exemplo, nas baixas propinas, noacesso ao Ensino Superior com nota negativa e na permanênciados alunos nas universidades para tirar um curso sem limite práticode tempo.De facto, os subscritores desta moção, preocupam-se menos coma qualidade da nossa juventude, em que depositam confiança eesperança, do que com os maus exemplos e os maus instrumentosdeixados pelas gerações que actualmente detêm o poder emPortugal, político e económico, e que vão legar aos jovens dehoje. Esta é, também, a dimensão necessária de uma novapedagogia do poder, como já tratado neste trabalho, num outrocontexto.A formação dos jovens é de base histórica e por essa viafrequentemente muito pouco inovadora e não dinâmica. Esta étambém a razão porque preconizamos a introdução do estudo do�Tema do Futuro� na educação dos jovens em todos os níveis doensino, do pré-escolar ao universitário, como um elementoinovador da pedagogia da formação, nomeadamente através daligação permanente de todos os fenómenos tratados na escola,como aliás na família, com a dinâmica da temporalidade e darelatividade da vida humana. Ensinar a pensar o futuro e ainteragir com ele, é uma das mais nobres e das mais profícuasformas de construir esse futuro, com mais qualidade e maisexigência individual e colectiva.Bem gostaríamos que essa fosse a mensagem mais forte a emergirdeste XIII Congresso do Partido Socialista, uma mensagemexigente, virada para o futuro, capaz de mobilizar os portuguesesao redor de objectivos nacionais de progresso, modernidade ejustiça.

28 de Setembro de 2002

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MOÇÕES SECTORIAISMário Madureira/Jorge Catarino

José Baptista Carreiro

PAULO RUI MARQUES AMADO

José Manuel Ribeiro

Pedro Tenreiro Biscaia

Secção de Bruxelas

António Fonseca Ferreira

Maria do Carmo Romão

António Pedro Gonçalves Pereira

Paulo Pisco

Luis Delfim da Silva Pinto de Almeida

Secretariado da Coordenadora das Secções de Acção Sectorial do Partido Socialista da EDP

Fernanda Campos

José Gama

Eliana Pinto

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MOÇÃO DA A SECÇÃO SECTORIAL DA SAÚDE DA F.D.P.

EM DEFESA DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDEPrimeiros subscritores

MÁRIO MADUREIRA/JORGE CATARINO

I

1. Política de saúde do P.S.D.

Num discurso profundamente alarmista o Governo foianunciando algumas medidas com repercussões demasiadonegativas e fortemente influenciadoras no comportamento dosPortugueses. O impulso �voluntarista� fez com que algunsdossiers fossem mal estudados e geradores de grandeperturbação social.A Saúde não fugiu à regra e algumas intenções de mudança,anunciadas pelo Ministro da Tutela, são motivo de grandepreocupação. São medidas que, a concretizar-se como estãopreconizadas, terão consequências nocivas para os profissionaisde saúde mas fundamentalmente para os doentes. Estaconsciencialização dos profissionais de saúde e dos doentesmais informados e realistas tem levado a um amplo protesto e auma tentativa de apelo para uma reflexão mais profunda sobreas matérias que tem em discussão. No entanto, o Ministério daSaúde de uma forma prepotente e partidarizada, quiçá demaneira não inocente, resolveu mexer em áreas que sãoconsideradas como iniciativas mais relevantes dos últimos 12anos:- Lei de Bases da Saúde;- Estatuto do S.N.S.;- Estatuto do medicamento;- Carreiras dos diversos profissionais de saúde;- Formação dos profissionais.

A reestruturação do S.N.S. pode ser feita, o que não podemosadmitir é que parte das reformas preconizadas no edifíciolegislativo da Dr.a Maria de Belém, que tiveram amplo consenso,sejam colocadas de lado e se proceda ao desmantelamento doS.N.S., denotando em todas as matérias grande fragilidade dasconcepções e uma profunda ignorância do contexto sócio-cultural, científico e tecnológico do nosso País.

2. Metodologia da implementaçãoda nova política de saúde.

Para estabelecer um suporte ao nível dirigente capaz de por emprática este conjunto de medidas com um cariz programáticoneoliberal e anti-social, o governo tem vindo a desenvolver umaalteração profunda nos quadros dirigentes, quer de matriz políticaquer os de matriz exclusivamente técnica, senão vejamos:- Exoneração em bloco dos C.A. das cinco Administrações

Regionais de Saúde sem o término das comissões de serviço;- Exoneração antes do término da comissão de serviço, dos

coordenadores das Sub-Regiões de Saúde;- Criação de condições objectivas para a mudança generalizada

dos C.A. dos Hospitais;- Saneamento político de alguns quadros técnicos nas diversas

estruturas onde estão a entrar os novos dirigentes laranja;

Assim constatamos que, apesar da devida qualificação dosprofissionais em funções, da sua grande experiência de gestão,de uma grande culturageneralizada, de espírito de missão e de sentido de serviçopúblico, há uma grande fúria em apressar as nomeações dos�Piões Laranja� independentemente do seu perfil ser adequadoou não à função que se pretende.Tal prática apenas tem como objectivo a desnatação dasestruturas do S.N.S., de modo a eliminar a massa crítica cinzentae a sua substituição por critérios político-partidários.

3. Consequências das políticas anunciadas

Tal enquadramento político faz prever o fim anunciado do S.N.S.,como o conhecemos, baluarte social da solidariedade,universalidade e equidade no acesso de cuidados de saúde, aoarrepio do articulado na base XXIV da Lei de Bases da Saúde quedefine as características do S.N.S. Senão vejamos:- Inclusão no S.N.S. de estabelecimentos públicos e privados

sem que se desenvolvam os necessários mecanismos deregulação dos sectores e dos profissionais que nele trabalham,o que poderá agravar a promiscuidade;

- Facilitar o caminho à desregulação, com consequênciasimprevisíveis, a nível social e financeiro;

- Fim das carreiras Médicas e de Enfermagem;- Potencialização do trabalho precário;- Desvalorização da contratação colectiva;- Princípio e institucionalização do contrato individual de

trabalho;- A ausência de avaliação contínua da qualidade dos serviços

prestados e da satisfação do utente;- Impedimento da generalidade do acesso dos cidadãos aos

cuidados de saúde e cada vez mais se institucionaliza a ideiado �doente rentável�;

- Paralisação de projectos de investimento que já estavam emcurso, exemplos flagrantes, o Centro Materno Infantil doNorte, o Hospital Joaquim Urbano e o Centro Hospitalar Póvoa/Vila do Conde;

- Paralisação de outros projectos imprescindíveis e a ficaremdependentes, provavelmente, de interesses privados;

- A desarticulação propositada do actual S.N.S. cria condiçõesnecessárias para a entrega das áreas mais rentáveis aosgrupos privados Nacionais e Estrangeiros.

A adopção desta lógica empresarial só preocupada com a questãofinanceira, de aparente contenção de custos, numa visãoutilitária e instrumental da saúde conduzirá a uma crescentediscriminação negativa em que todos pagamos mais por umasaúde de pior qualidade e onde o acesso aos cuidados de saúdedos mais carenciados será uma miragem.A Secção Sectorial da Saúde propõe a intensificação da atençãodo P.S. a todos os atropelos que ponham em causa o S.N.S. esempre na defesa dos interesses dos mais desfavorecidos sociale economicamente. São esses os que mais precisam da nossaacção.

4. A nova Lei de gestão hospitalare alteração da Lei de Bases da Saúde

No passado dia 27 de Junho o Governo aprovou em Conselho deMinistros uma proposta de alteração à Lei de Bases da Saúde eà Lei de gestão hospitalar.O projecto de alteração da Lei foi remetido à Assembleia daRepública sem negociar com os parceiros sociais, evitando assima contestação, talvez porque o Ministro da Saúde sabia à partidaa provocação que estava a fazer aos profissionais de saúde ouentão existe má fé e interesses obscuros. É, sem dúvida, umaconduta anti-democrática.É um processo inqualificável e denota bem a arrogância doGoverno.Se analisar a Lei 23/98 verifica-se que, o que está em causa ématéria claramente sindical, logo nunca devia ser enviada àAssembleia da República sem ouvir os parceiros sociais. OGoverno violou a lei de negociação colectiva que prevê que todas

as matérias de âmbito laboral sejam negociadas com os parceirossociais.A nova Lei é uma afronta a todos os profissionais, nomeadamenteaos 44 mil enfermeiros que possuem qualificações ecompetências em diversas áreas, e de um momento para o outroestão confrontados com um retrocesso que nada corresponde àevolução da profissão e que leva ao início de muita conflitualidadee de grande amplitude ao nível dos serviços de saúde.O que leva o governo a alterar a Lei de Bases da Saúde, pasme-se, são unicamente as bases 31ª e 33ª: uma é para alargar aaplicação dos contratos individuais de trabalho a todos oshospitais e a outra serve para definir o futuro financiamentodos hospitais que será feito mediante o � pagamento dos actose actividades efectivamente realizadas através de umaclassificação de actos médicos, técnicas e serviços de saúde, aconsagrar numa tabela de preços de referência�. Há apotencialização do trabalho precário, a desvalorização dascarreiras e a total desvalorização dos cuidados praticados pelosenfermeiros. Por outro lado, esta 33ª base ao contrariar odisposto nas alíneas c) e d) da base 24ª, cria condições para onão respeito pelas prerrogativas constitucionais no que concerneà gratuitidade (tendencialmente gratuito) e à equidade noacesso aos cuidados de saúde.No que diz respeito à Lei de Gestão Hospitalar o Governo prevêquatro figuras jurídicas:Como hoje os conhecemos, estabelecimentos públicos denatureza empresarial (ex. S. Sebastião e Barlavento Algarvio),sociedades anónimas de capitais exclusivamente públicos eestabelecimentos privados, com ou sem fins lucrativos.Estão assim criadas todas as condições para a privatização dehospitais e serviços. Entrega a gestão dos serviços, aumenta apromiscuidade entre o sector público e privado e vai acabar pordesarticular por completo o S.N.S.Na análise deste projecto de Lei podemos ainda verificar noartigo 7º a abolição da direcção técnica e no artigo 10º, alíneae) alterações à carreira de enfermagem, ao Regulamento doexercício profissional dos enfermeiros e torpedeia o códigodeontológico. Isto implica alterações profundas em diversas Leisjá existentes.É com grande receio e muitas incertezas que tudo se desenvolve.São impulsos que vão levar a uma perda de qualidade e dehumanização nos serviços de saúde. Vai-se apostar mais naparte curativa do que no cuidar. Valoriza essencialmente osactos possíveis de serem tributados e assenta o financiamentodas instituições nesses pressupostos, logo, vamos ter asinstituições e os profissionais a seleccionar doentes, a criarestatística e a viciar o jogo de diversas formas.A universalidade e generalidade do acesso dos cidadãos aoscuidados de saúde pode vir a ser uma miragem. Haverá umadiscriminação negativa dos doentes com menor capacidadeeconómica, justamente aqueles que a evidência vemdemonstrando serem os que apresentam níveis de saúde maisbaixos.Paralelamente, que intervenção se preconiza para os cuidadosde saúde primários? Onde está a Rede Nacional de cuidadoscontinuados que tão necessária vai ser?...Não se prevê nada de bom para os 10 milhões de Portugueses,no que à saúde diz respeito.

II

1.De acordo com a moção �Fazer bem pelo futuro� a política doP.S. deve orientar-se por princípios de solidariedade socialconsubstanciadas na garantia dum sólido sistema público de

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saúde (S.N.S.) caracterizado pela universalidade,tendencialmente gratuito e reservando aos regimescomplementares um espaço de opção voluntária e não deimposição administrativa.O S.N.S., criado em 1977, veio oferecer à população portuguesaum sistema total de cuidados de saúde, baseado naquelesprincípios de solidariedade, equidade e igualdade de acessoaos cuidados de saúde, independentemente não só das regiõesonde habitem os cidadãos, mas também e muito importantedas próprias formas de financiamento.O S.N.S. representa pois, uma das maiores e mais importantesconquistas da Revolução de 25 de Abril.Vinte anos depois urge naturalmente reestruturá-lo à luz daexperiência adquirida e da evolução da sociedade portuguesa.A legislação existente já contém amplitude e flexibilidadesuficientes para garantir essa mudança.

2.Porém, o edifício legislativo do Consulado de Maria de Belém,que já defendia a reforma do S.N.S., o desenvolvimento dosector social e a evolução das atitudes e comportamentos emrelação à saúde e ás organizações de saúde e que pressupunhaa evolução ideologicamente adequada aos princípios socialistasque todos defendemos, não foi devida e atempadamentedesenvolvido.

3.Os modelos organizacionais então propostos no concernenteaos Cuidados de Saúde Primária (Centros de Saúde de 3ªGeração) tendo autonomia financeira, jurídica eadministrativa, colocavam o cidadão no centro do sistema,melhorando a acessibilidade e adequando os cuidados desaúde a prestar de acordo com as suas necessidades.Não se compreende a necessidade de criar cooperativasmédicas, já que a experiência de Regimes RemuneratóriosExperimentais se revelou em muitos casos positiva, devendoser reavaliada, numa perspectiva de controle de qualidade,evitando também a desnatação dos Centros de Saúderemanescentes.

De notar que os R.R.E.´s são iniciativas dependentesdirectamente do S.N.S. tal qual como nós o concebemos,enquanto que as cooperativas médicas constituem uma formaencapotada de privatização.Esta solução ou outras soluções do mesmo teor, conduzirãoinevitavelmente à existência de uma medicina dualista, umapara ricos e outra para pobres.O objectivo final deverá ser sempre não o lucro, mas a qualidadedo serviço a oferecer aos cidadãos, por isso nos Centros deSaúde não poderão alienar a sua vertente de prevenção desaúde e transformar-se em unidades meramente curativas.Defendemos fortemente uma aposta numa estratégia quepermita ganhos em saúde e nunca optar por um caminhomeramente economicista.

4. A ausência dum planeamento adequado, duma política derecursos humanos, tem-se revelado fatal para o sistema. Opapel nuclear dos especialistas de medicina geral e familiarnão foi devidamente avaliado, o que aconteceu tambémnoutras especialidades, e que conduz hoje a númerosescandalosos de população sem médico de família e aenormes listas de espera para consultas de especialidadehospitalar.A criação pelo Governo P.S. de duas novas Faculdades deMedicina representa já um enorme passo em frente. De notarque demorando um especialista médico cerca de 13 anos aconcluir a sua formação académica, quer isto dizer que esseplaneamento deveria ter sido feito pelo P.S.D. no tempo dosGovernos de Cavaco Silva.Hoje preconizam-se medidas apressadas que não defendendoa qualidade da prestação médica, nem tão pouco a diferenciaçãode profissionais conduzirá a uma massificação de prestaçãodos cuidados de saúde relegando a qualidade para últimaprioridade. Estamos perante uma verdadeira falácia.

5. Na área hospitalar os modelos de gestão ensaiados a exemplodo Hospital S. Sebastião em Santa Maria da Feira e no Barlavento

Algarvio, carecem de avaliação, embora seja do senso comumdizer-se que a avaliação global é francamente positiva.A flexibilização da gestão permitindo a contratação derecursos humanos, bens e serviços, directamente, aelaboração de contractos programa e um financiamento pelaprodutividade serão, sem dúvida, os instrumentosnecessários para se obterem ganhos em saúde e modernizaro S.N.S.De contrário a gestão do Hospital Amadora/Sintra ou acriação de sociedades anónimas (com capital social e acções)conduzirá a curto prazo ao desmantelamento do S.N.S. coma entrada em força no mercado das multinacionais eseguradoras cujo único objectivo é obviamente o lucro e nãoa prestação social humanizada.Também a figura de parceria público/privada falhounaturalmente em experiência já levadas a cabo no ReinoUnido, onde houve um aumento de 18 a 60% com preços deconstrução e um lucro garantido de grupos económicos de15 a 20%.

6.A continuação da implementação dos genéricos dosConsulados de Maria de Belém, Manuela Arcanjo e Correiade Campos é essencial enquanto política normativa numaárea onde o P.S. tem que combater sem tibiezas os lobbie´sdas Farmácias e da Indústria Farmacêutica.

III

Propomos em resumo que o P.S. defenda uma urgentereestruturação do S.N.S., na justa medida do edifício legislativoassumido nos últimos 6 meses do Consulado de Maria de Belémsem cedências ao sector privado das multinacionais, dasseguradoras ou de certos sectores convencionados.A defesa intransigente do S.N.S. enquanto serviço público devepermanecer como objectivo fundamental da política do PartidoSocialista.

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MOÇÃO

É PRECISO CULTIVAR O NOSSO JARDIM ...Primeiro subscritor

JOSÉ BAPTISTA CARREIROMilitante nº 232855; Aderente da Secção de Haia; Federação do Benelux

1. Porquê cultivar o nosso jardim ?

O PS é o melhor e maior Partido Político de Portugal. Sendoassim estão reunidas condições suficientes para sempregovernarmos ou, se assim quiserem, sermos nós a melhorarcada vez mais a condição de vida dos Portugueses fora e dentrode Portugal.1.Então porque é que os Portugueses dentro de Portugal,

votaram em outros partidos e os Portugueses fora de Portugalnem sequer votaram ?

2.Porque é que muitos dos nossos camaradas votaram em outrospartidos (se cada Português fora e dentro de Portugal tivessevotado no Seu Partido, não teria o PS ganho as eleições ?) ?

3.Porque é que não governamos, se temos todas as condições ?

Aprender com o passado e criar condições para o Futuro. Sãoestes os pontos de partida desta moção.

2. Preparação do terreno

2.1 A nossa atitude

Não governamos. Os Portugueses fora e dentro de Portugal nãoestão nada satisfeitos connosco. E cada um de nós já certamenteencontrou a razão e explicação das nossas derrotas. Eupessoalmente sinto-me em falta para com os Portugueses fora edentro de Portugal porque:· Temos condições e não os ajudamos a melhorar o seu nível de

vida, que cada vez é mais precário;· As zangas internas, desorganização, orgulho, vaidade... este

ambiente de derrota, de silêncio e burocracia, não me agrada;· Quando os objectivos são pessoais ou o próprio Partido, quando

fechamos a porta e nos isolamos, criamos um ambiente quaseimpenetrável, inacessível.

2.2 O que não devemos fazer

Nunca nas nossas atitudes devemos:· Culpar nomes ilustres do PS, pois foram esses os camaradas

que construíram ao longo dos anos a possibilidade de melhoraro nível de vida dos Portugueses fora e dentro de Portugal;

· Continuar a ter zangas internas. Depois de um Congresso oscamaradas que perderem, têm muito democraticamente, queaceitar a �sua� derrota e apoiar a vitória dos camaradasvencedores. Senão, não somos democratas ou nossocomportamento é comparável ao das crianças que não podemser contrariadas;

· Não podemos nem devemos continuar a trabalhar divididoscomo até aqui. Partido fechado, os mesmos figurinos,burocracia e poucas mensagens para os Portugueses queresidem fora e dentro de Portugal, principalmente para osque residem no interior do País: todos os investimentos, todosos postos de trabalho, são poucos para a grande necessidadede desenvolvimento existente;

· Continuar a NÃO FALAR NA EMIGRAÇÃO E NAS COMUNIDADESPORTUGUESAS. Se as Comunidades Portuguesas requereminvestimento no Orçamento de Estado ou mesmo no orçamentodo próprio Partido, que assim seja, que a discussão venha aode cima e que decisões sejam tomadas de acordo com asnossas normas: as normas do PS.

A meu ver são precisamente estas as atitudes que nos afastam dosPortugueses fora e dentro de Portugal.

2.3 Acabar com as más culturas e utilizar só boa semente

O trabalho do PS tem de ser um trabalho de qualidade. Qualidadenos princípios, no empenho e na organização do trabalho em proldos Portugueses fora e dentro de Portugal. Temos de clarear osnossos princípios, de dizer sem margem para duvidas o quetencionamos fazer, porquê, como e para quem. Fazê-lo e, depoisprovar que o fizemos. Deixar bem claros os benefícios do trabalhodo PS para os Portugueses fora e dentro de Portugal. Sempre comuma linguagem simples e acessível a todos os portugueses.A qualidade de trabalho do PS é o futuro de Portugal !

2.4 Organizar a sementeira e distribuir a semente por todo oterreno

O trabalho do PS tem de ser um trabalho bem organizado. PrimeiroTop-Down e depois Bottom-Up. Primeiro definir e aprovar projectosà base de planeamento e chance de sucesso perante os Portuguesesfora e dentro de Portugal. Destas linhas gerais, determinar com aajuda do orgão central quais as actividades a realizar em quaisFederações, em quais secções, tanto fora como dentro de Portugal.Fazer ver aos Portugueses fora e dentro de Portugal que fazemos oque dizemos e que provamos que o fizemos. Fazer ver aos Portuguesesfora e dentro de Portugal o melhoramento concreto do seu nível devida devido ao trabalho bem definido do PS (facilitar empresas,criar postos de trabalho, melhoras sociais, Tc). Ganhar votos (emerecê-los) a nível local. A soma dos votos locais, representadapelo contentamento dos Portugueses da região, será sem duvidasuficiente para governarmos.

2.5 Adubar e regar o terreno integralmente

Terminar burocracias e empurrões dentro do partido, mas dar valora quem o tem. Transparência é uma palavra muito complicada. O PSestá numa vitrina de vidro à vista dos Portugueses fora e dentro dePortugal. Por isso temos de manter os princípios do PS puros. Somosnós camaradas que trabalhamos para o Partido e não o Partido quetrabalha para nós !

3. Depois da colheita, no Governo

· Sanear burocracias antigas. O Estado trabalha para os Portuguesesfora e dentro de Portugal e não são os Portugueses fora e dentrode Portugal que trabalham para o Estado;

· Simplificar leis. Sanear os encargos administrativos e fiscais doEstado mas sobretudo dos Portugueses fora e dentro de Portugal.Repor o aparelho Estado a trabalhar para os Portugueses fora edentro de Portugal;

· Fixar ordenados e torná-los conhecidos. Condenar fortementepráticas particulares e sem controlo fiscal do Estado. Criarcondições para todos os Portugueses fora e dentro de Portugal.Por exemplo a saúde: terminar com atendimentos adequados sópara quem tem dinheiro. Atendimentos adequados só sãoadequados se estiverem ao alcance de todos os Portugueses forae dentro de Portugal;

· Segurança e criminalidade. Os utilizadores de droga são os maisfracos e os mais castigados. Apoiar este grupo devidamente e

isolá-lo de forma a que a verdadeira criminalidade possa sercombatida;

Enfim melhorar o nível de vida de todos os Portugueses fora edentro de Portugal.

4. A semente do PS é boa

Os princípios dos Portugueses fora e dentro de Portugal estão amudar. Portugueses fora de Portugal não votam porque o programado Partido poucas melhoras injecta no seu dia a dia. Os Portuguesesde Portugal votam no Partido que mais lhes promete e ficam,iludidos, à espera que as promessas feitas sejam cumpridas. Não,o nosso PS não tem nada a ver com isto.Não sei se há muito se há pouco dinheiro, mas o que há certamenteé muita necessidade por parte dos mais necessitados. Este grupodeve receber sempre a maior parte, que certamente ainda não ésuficiente, pois a diferença entre ricos e pobres ainda é para osPortugueses fora e dentro de Portugal, muito grande. Umaexistência digna para qualquer ser humano é o mínimo quepodemos exigir.Iniciativas no interior do País e no estrangeiro. Realizar projectosem comum, postos de trabalho e aproveitamento do know-howdos Portugueses fora e dentro de Portugal. Transformar as redesindustriais costeiras e dos centros urbanos em companhia fortesNacionais e Internacionais, com muitos postos de trabalho nãosó no interior do País como no resto do mundo. Não serão estasiniciativas dignas de estudo e apoio do Estado ? Será que osPortugueses fora e dentro de Portugal não merecem estes apoiosem vez se gastar o dinheiro em discussões parlamentares ondepor vezes a idiotice é total ?Só o PS tem condições para dar resposta adequada à sociedademoderna em que o Estado perde influência em favor, a nívelInternacional, das massas humanas. Isto precisamente porqueos princípios do nosso Partido se baseiam nas pessoas e no seubem estar. Assim os problemas mundiais tornam-se cada vezmais influentes nas políticas internas de cada País. É precisocombater a pobreza, é preciso combater a droga, a sida, oupreservar a natureza, proteger futuros habitantes do mundo, Tc,mas todos estes problemas não podem só ser tratados a nívelinterno. E a nível internacional só o nosso partido, o PS, com todoo respeito pelos outros partidos, tem intelectuais capazes de mudaro mundo para melhor, porque o nosso ponto de partida é semduvida o mais forte.Formula é determinar o que fazer e organizar a melhor forma deo fazer. Mostrar claramente o benefício dos trabalhos do PS atodos os Portugueses fora e dentro de Portugal.Eu acredito fortemente que uma democracia em Portugal só épossível se o PS governar. Só é possível com o PS, porque o PS é oúnico Partido em Portugal capaz de levantar o nível de vida dosmais necessitados a um nível aceitável dentro da sociedade daqual fazem parte os Portugueses que vivem fora e dentro dePortugal. Permitem-me por isso completar a frase de Voltaire: �Épreciso cultivar o nosso jardim, colher o grão e distribui-lo portodos os Portugueses MAIS NECESSITADOS e que vivem fora edentro de Portugal�. Neste processo todos os Portugueses quevivem fora e dentro de Portugal têm de dar o seu contributo e sóo PS tem meios humanos para gerir este processo, não só a nívelNacional como também e principalmente a nível Internacional.

Outubro de 2002

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MOÇÃO SECTORIAL

DEMOCRACIA SEGURAPrimeiro subscritor

PAULO RUI MARQUES AMADOMilitante nº20391; Secção de Porto de Mós

A liberdade é a trave mestra da dignidade humana. É um legadoprecioso que nenhum democrata de lei suportará verespartilhado ou condicionado. Tão-pouco poderá resignar-se ocidadão consciente e livre, ao quotidiano de arbitrariedade eviolência a que parecem condenados milhares de portugueses.Nos últimos tempos a criminalidade aumentou. Os números sãoesclarecedores, e quem acompanha com atenção a vida nestepaís, sabe que nos tornámos uma sociedade mais violenta.Sabem-no também, pelas piores razões, todos aqueles quesentem na pele e na alma os efeitos devastadores da violência:os idosos, as mulheres, as crianças, os que são agredidos eesperam do Estado a protecção que lhes é devida.Os celebrados brandos costumes, espécie de marca de água daíndole lusitana, parecem ter-se diluído na maré avassaladorade procedimentos copiados e importados.Debatemo-nos hoje com uma criminalidade sofisticada, decolarinho branco e métodos refinados, adaptada às exigênciasde uma globalização que parece ter vindo para ficar.Ao mesmo tempo, assistimos, nos centros urbanos e fora deles,ao crescimento acelerado de uma criminalidade violenta e boçal.A do roubo por esticão, da seringa infectada, da agressão gratuitae cobarde. Aquela que, no fundo, mais perturba e desassossegaos cidadãos. A que encurrala as pessoas nas suas próprias casase impede o convívio e a fruição de espaços públicos.

A uma e a outra é urgente dar resposta. Nesta como noutrasmatérias, o Estado de Direito não pode demitir-se do imperativoconstitucional de proteger os cidadãos e de lhes garantir o direitoa uma cidadania plena.Não é, seguramente, uma tarefa fácil.Nos últimos anos a autoridade do Estado degradou-sevisivelmente. As forças policiais, desautorizadas e desmotivadassão, elas próprias, o exemplo acabado de uma situação que urgeresolver. Num país em que são públicas as desinteligências entreforças de cuja cooperação depende a eficácia do combate aocrime, sobejam razões para que nos preocupemos.Principalmente quando o inimigo é poderoso e já deu provas deque resistirá, por todos os meios, a qualquer tentativa séria deo afrontar. O narcotráfico, a venda de armas e outras actividadesilícitas geram os lucros fabulosos em que assenta o podertentacular do crime organizado. Um poder que o Estadodemocrático não pode ignorar e deve, a todo o custo combater.A democracia é, sabemo-lo, o melhor dos sistemas. Todavia,encerra fragilidades que muitas vezes, ao longo da história, atêm conduzido a um beco sem saída.A criminalidade é, nos dias de hoje, uma ameaça real e concretaà sociedade democrática. A forma como condiciona os cidadãos,nas suas atitudes e nas suas opções políticas, despertandofobias e alimentando medos, é algo que deve preocupar os

democratas e, em particular, os militantes e votantes do PartidoSocialista.De facto, a insegurança em que hoje vivem milhões de pessoasconstitui um campo propício ao surgimento de populismos devários matizes. E, quando o Estado fraqueja e não consegueevitar que as ruas e os bairros se transformem em territórios demarginalidade, a demagogia encontra terreno fértil e ninguémse admira com a resposta política de quem vive em liberdadecondicionada.É certo que não vivemos, no nosso país, a atmosfera de terror aque estão sujeitos os habitantes de países onde o desprezo pelavida humana é inimaginável para padrões civilizados. Portugalnão é a Colômbia, e nas nossas ruas não se morre ainda tãofacilmente como nas favelas do Rio de Janeiro.Mas nem por isso devemos alegrar-nos.No campo da prevenção e combate da criminalidade há muito afazer. O Partido Socialista, que foi poder até há poucos meses edele se afastou nas condições que são conhecidas de todos,deve trabalhar, na oposição e quando voltar ao governo , pelareposição da autoridade do Estado democrático. E devolver aosPortugueses, de todas as idades, a possibilidade de circular, emsegurança, nas ruas e nas praças deste país, é um desígnio queo Partido Socialista deve assumir, claramente, como prioridadede governo.

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MOÇÃO SECTORIAL

A REGIONALIZAÇÃO CONTINUA A SERUM IMPERATIVO NACIONAL

Primeiro subscritor

JOSÉ MANUEL RIBEIRO

Não obstante o Referendo realizado sobre a criação das RegiõesAdministrativas, a questão da regionalização continua a seruma prioridade político-administrativa, poís todos ospressupostos que têm servido ao longo das últimas décadaspara a sua defesa estão actuais.Portugal continua a ser um estado altamente desorganizado, oque entrava qualquer estratégia de desenvolvimento sustentávele integrado do país, criando uma dinâmica negativa deineficiência e ineficácia que consome os parcos recursos semconseguir saltos qualitativos para o todo nacional.Neste entendimento, a regionalização só pode assumir umsentido verdadeiramente útil se puder constituir-se eminstrumento de desenvolvimento e de utilização mais eficaz eeficiente dos recursos.A regionalização deve inserir-se numa estratégia dedesenvolvimento equilibrado das várias regiões do País, decombate às assimetrias, de defesa da igualdade deoportunidades, de coesão económica e social, de solidariedadenacional, mas também de competitividade com vista aosdesafios decorrentes da integração europeia, nomeadamente oprocesso de alargamento comunitário.Tal estratégia faz apelo aos princípios da subsidiariedade, peladescentralização, e da parceria, pela contratualização,envolvendo entidades públicas e privadas no mesmo esforço demodernização de Portugal.Nesta óptica, as regiões deverão desempenhar um papeldinamizador, tão imprescindível no interior como no litoral, nas

zonas mais deprimidas como nas de maior dinamismo.Essencial é que o funcionamento das regiões administrativaspermita potenciar as virtualidades de todo o espaço regionalsem conduzir, dentro dele, a novas desvalorizações periféricas.No entender do Partido Socialista as regiões administrativasdeveriam:1.Constituir, de acordo com os princípios da participação e da

subsidiariedade, factores de aprofundamento dos direitosparticipativos dos cidadãos e de aproximação dos centros dedecisão às populações;

2.Assumir-se, de acordo com os princípios da solidariedade e dajustiça, como pólos agregadores e dinamizadores da vidapolítica, cultural e económica da região, pela promoção deconcepções integradas do desenvolvimento sustentável,visando superar as assimetrias regionais e as desigualdadesde desenvolvimento e de oportunidades;

3.Estabelecer, à luz do princípio da parceria, modalidades derepresentação eficiente da sociedade civil, visando aconcertação e a contratualização, designadamente atravésda previsão de conselhos económico-sociais de âmbito regionale da criação de entidades sociais consultivas em domíniosrelevantes para a região;

4.Obedecer a um critério constitutivo de compatibilização entrea existência de regiões de litoral e de regiões de interior, poragregação de distritos, na observância do significado culturaldas antigas províncias e da realidade actual das zonas demaior concentração populacional, sempre sem prejuízo das

necessárias adaptações de fronteira e tendo em consideraçãoa vontade expressa dos Municípios integrantes;

5.Constituir-se como centros de promoção, integração earticulação das políticas públicas, num quadro de coordenaçãofuncional entre a administração central e a administraçãolocal, realizando funções de planeamento e de coordenaçãoe apoio à acção dos Municípios no respeito da autonomiadestes e sem limitação dos respectivos poderes;

6.Assegurar direitos de representação e participação compatíveiscom a sua natureza, no domínio interno, designadamente aonível do Conselho Económico e Social e nas competentesestruturas de gestão e acompanhamento do QuadroComunitário de Apoio, e, ao nível externo, particularmenteno Comité Europeu das Regiões.

No entanto, a Regionalização não pode constituir um foco dedivisão entre os portugueses, nem um simples projecto de criaçãode estruturas políticas, administrativas ou burocráticas estéreis.Assim, dada a relevância indiscutível desta reforma, o PartidoSocialista irá relançar a Regionalização, através de um processofaseado de discussão e consolidação interna desta questão,avançando posteriormente para o país tendo por base umaestratégia de consenso alargado a que se associemposteriormente as diversas forças políticas, e que conte comuma efectiva participação dos cidadãos e das instituiçõesrepresentativas dos seus interesses.

Porto, 29 de Outubro de 2002

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MOÇÃO

O PS QUE QUEREMOSPrimeiro subscritor

PEDRO TENREIRO BISCAIAMilitante nº. 31740

Perante o vasto universo dos militantes do Partido Socialista,os delegados deste XII Congresso Nacional têm o dever moralde apontar os caminhos necessários à reflexão serena sobre aestratégia política a adoptar nestes tempos de oposição aoGoverno PSD/ PP.Ora, para se atingir o fim anunciado, também devemos decidirem primazia sobre a reorganização interna do Partido Socialista.A reunião magna dos socialistas deve constituir a base depreparação de uma nova vida do Partido que permita a todosnós estarmos habilitados a aceitarmos em consciência a criaçãoreal de uma estrutura de funcionamento que se revele eficazna conservação e incentivo dos Camaradas para as lutaseleitorais que se aproximam.Sabemos que este Congresso visa ser o berço da dinamizaçãoevolutiva do Partido Socialista, respeitando uma lógica deabertura ao exterior e à sociedade civil, de acordo com o processoiniciado nos Estados Gerais, sendo tal facto incontornável emerecedor do nosso apoio.Concordamos com o espírito que preside à criação de futurosfóruns de debate e de discussão, abertos às pessoas fora doPartido Socialista, que desejem intervir no aprofundamentodos seus direitos de cidadania, enquanto herdeiros directosdo modelo adoptado pelos Estados Gerais.Pensamos que esta poderá ser meio de estudo e de análiseque permita ao Partido Socialista encontrar respostas para asquestões que preocupam os portugueses e os impulsionam amanifestarem-se e a organizarem-se em torno da defesa deprincípios que são considerados essenciais à sua existênciasocial.Contudo, em nosso entender, levanta-se o problema daconciliação entre o cidadão vigilante e interveniente e omilitante partidário.Como chamar à colaboração com o Partido Socialista de quemquer reflectir, agir e mudar o estado de pura estagnação emque se encontram a maioria dos sectores da sociedade, comopor exemplo, a Saúde, a Justiça, a Educação, a Cultura, entretantos outros ?

Temos de saber cativar e acolher novos militantes e garantir atodos os presentes e actuais camaradas que no PartidoSocialista existe o espaço ideal de que necessitam para actuareme expressarem publicamente as suas preocupações e anseiossobre os grandes temas sociais.Ao receber no seu seio os portugueses que a nosso lado queiramparticipar na vida partidária activa, o Partido Socialista tem delhes assegurar que no seu interior têm uma VOZ e que os seuspensamentos são recebidos como um contributo fulcral para opleno e normal desenvolvimento e aprofundamento dademocracia.No entanto, manifestamos a nossa oposição frontal a práticasencapotadas que visam a médio e longo prazo o esvaziamentode competências das Secções do Partido Socialista.O caso concreto das Secções de Residência que sobrevivemgraças ao esforço e à dedicação dos seus militantes queesquecendo muitas das horas das suas vidas privadas asdedicam com empenhamento ao Partido Socialista.As Secções de Residência são os pilares das autarquias destepaís e o bom ou mau trabalho dos Camaradas naquelas ésinónimo de vitórias e de derrotas nos mais diversos actoseleitorais, nomeadamente, nas eleições autárquicas, onde ocontributo abnegado de cada um de nós pode significar oresultado de uma eleição.Assim, avançarmos para a criação de estruturasinstitucionalizadas no Partido Socialista como �SecçõesTemáticas�, �Secções de Curta Duração�, cujo sentido passapela organização dos militantes em torno de uma área deintervenção ou em função de um objectivo de efeitos nãoduradouros no tempo, assim como, em complemento aceitarmosa criação de �Clubes de Política� orientados para a análiseregular e periódica da política geral ou sobre temas específicosou aceitarmos mesmo a criação da figura do �Eleitor PS� queseriam pessoas inscritas no Partido Socialista, mas nãocomprometidas com o mesmo, não passam de actividades demera dispersão e de clara medida de extinção a breve trechodas Secções de Residência e do seu papel na actividade do

partido.Não se alcança a necessidade da criação de uma variedadeinusitada de novos elementos com força estatutária, quandoos objectivos a que os mesmos se propõem alcançar podem edevem ser atingidos pelas Secções já existentes, tenham estasas condições de trabalho para a prossecução dos seus fins.

EM CONCLUSÃO,

1º-Defendemos a criação de fóruns de debate abertos àsociedade civil, enquanto meio de estudo e de análise quepermita ao Partido Socialista encontrar soluções para osproblemas que são considerados essenciais à existênciasocial dos portugueses;

2º-Conciliação diferenciada entre o cidadão interveniente e omilitante partidário;

3º- Desenvolver uma política de acolhimento de novos militantes,nomeadamente, junto dos Estabelecimentos de EnsinoSuperior, das profissões liberais, das empresas e dasassociações cívicas;

4º- Assegurar que no Partido Socialista existe o espaço idealpara expressão pública das preocupações e anseios dosmilitantes sobre os grandes temas sociais;

5º- Criação nas Secções de Residência de espaços de debate quesimbolizem pontos de encontro de ideias e de pessoas;

6º- Habilitar as Secções de Residência com os meios necessáriosà completa informatização das mesmas, possibilitando o seutrabalho na �internet�;

7º- Criação de meios físicos e humanos que permitam a instalaçãodas Secções de Residência em locais dignos e acessíveis aosmilitantes das suas áreas de influência.

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MOÇÃO SECTORIAL

O PS E AS COMUNIDADESMELHORAR A NOSSA ACÇÃO

Apresentada pela

SECÇÃO DE BRUXELAS

Nos últimos anos, consequência da melhoria das condições devida, do aumento do emprego e de um crescimento económicosustentado até ao início de 2002, Portugal deixou de ser um paísexclusivamente de emigração passando a ser escolhido comopaís de destino para muitos e muitas cidadãos e cidadãs domundo que procuram no nosso país melhorar a sua condiçãoeconómica e social, fugir a guerras e ditaduras, sendo muitasvezes vítimas de redes de tráfico de seres humanos, mas fazendoprecisamente o mesmo que milhares de compatriotas nossosfizeram ao longo de várias décadas do século XX.

O PS, perante este novo fenómeno na sociedade portuguesa,sempre defendeu a aplicação de medidas de integração queconduzissem ao exercício de direitos reais de cidadania, aliadosaos direitos económicos, sociais e culturais, batendo-se contrao aumento de sentimentos racistas e xenófobos. Devemos terorgulho do trabalho desenvolvido pelos governos do PartidoSocialista nesta matéria e pela defesa intransigente de umapolítica comum europeia em matéria de emigração.

No entanto, o nosso empenho em resolver as questõesrelacionadas com a chegada massiva de milhares detrabalhadores estrangeiros, aliada à urgência de dar resposta anecessidades reais de mão-de-obra existentes no mercado detrabalho, não tem sido igual relativamente aos cidadãos e cidadãsdo nosso país espalhados pelo mundo, forçados a deixar Portugalpara melhorar a sua situação noutros países.

Reconhecemos o trabalho meritório desempenhado pelosgovernos do PS junto das comunidades portuguesas, tal comoconsideramos muito positiva a acção das estruturas do PS noestrangeiro. No entanto, e tal como tem sucedido noutrossectores do nosso país, com a chegada do PSD ao governo aprincipal preocupação é destruir e não consolidar os progressosobtidos pela nossa acção junto das comunidades portuguesasnos últimos seis anos. Perante esse facto, o PS demonstra algumaincapacidade em reagir de uma forma vigorosa, atempada ecoordenada. É imperioso inverter esta situação e reforçar a nossaacção.

Não é nossa intenção repetir nesta moção as propostas queapresentámos e votámos em congressos anteriores.Pretendemos somente alertar a nossa consciência colectiva paraos défices de funcionamento do PS relativamente à suaorganização interna e à ausência de uma acção coordenada,incluindo ao nível das políticas, junto das comunidadesportuguesas no estrangeiro. Entendemos ainda que aorganização do Partido a nível nacional não se aplica em todasas suas vertentes à realidade da acção e das estruturas noestrangeiro.

O PS sabe, por experiência própria, que o voto dos emigrantespode alterar radicalmente os resultados eleitorais. Mas o PStambém sabe que o seu nível de participação nos actos eleitoraisportugueses é marginal. O número de portugueses inscritos noscadernos eleitorais dos países de acolhimento onde existereconhecimento de direitos cívicos e sobretudo nos países daUnião Europeia para as eleições autárquicas ou do ParlamentoEuropeu, é ridiculamente baixo.

Esta é uma matéria que diz respeito a todos, onde quer que nosencontremos. Não são só os militantes e simpatizantessocialistas no estrangeiro que devem procurar respostas a estasquestões no sentido de mobilizar a participação cívica dos nossoscompatriotas. Subscrevemos integralmente que o PS concorrasózinho às próximas eleições para o Parlamento Europeu; masisso é em Portugal. A nível europeu, é essencial que o PartidoSocialista Europeu recupere a maioria dos deputados, sob penade o projecto europeu que defendemos não ser posto em prática.A participação massiva dos emigrantes portugueses pode serimportante para que alcancemos esse objectivo.

É essencial que o PS defina uma estratégia de acção claraconducente ao aumento da participação dos emigrantesportugueses nas eleições para o Parlamento Europeu; essa acçãodeve ser desenvolvida em coordenação com as estruturas doPartido nos países da União Europeia.

O PS também sabe que muitos dos seus militantes em Bruxelase no Luxemburgo são funcionários das instituições europeias.No âmbito do alargamento da UE, é do interesse de Portugalmanter um elevado nível de representatividade de funcionáriosportugueses nessas instituições. Pouco ou nada tem sido feitopara federar a sua acção.

É essencial que, em estreita cooperação com as suas estruturasna Bélgica e no Luxemburgo, o PS crie mecanismos que permitamuma melhor coordenação e um maior apoio aos funcionários efuncionárias de Portugal nas instituições europeias.

O PS sabe que a sua visibilidade junto das comunidadesportuguesas no estrangeiro é reduzida, apesar do empenho eda militância activa de muitos camaradas. Esta situação podeser invertida se forem criadas as condições internas para isso.Não é possível continuar como até agora, com a total falta decoodenação, de trabalho conjunto e em muitos casos de quasetotal ausência de actividade das estruturas existentes, poucofuncionais e quase nada operacionais, onde a circulação dainformação entre as federações e as secções é nula. As actuaisestruturas não respondem às necessidades do Partido ou daspróprias comunidades.

Consideramos urgente a criação no seio do Partido de umDepartamento que se ocupe das questões relacionadas com asComunidades portuguesas residentes no estrangeiro e quefuncione como elo de ligação entre o trabalho desenvolvidopelas estruturas no estrangeiro e os objectivos políticos doPartido a nível nacional. Propomos ainda a utilização das novastecnologias da informação e da comunicação para executar umtrabalho mais eficaz e com custos reduzidos.

Também não podemos continuar a ter estruturas organizativasiguais às que existem em Portugal. A dispersão das pessoas, asdistâncias, a dificuldade em manter contactos regulares implicaa criação de estruturas mais ágeis, menos burocráticas, bemcomo acabr com situações um pouco caricatas que têm existidoao longo dos últimos anos.

Assim, propomos que a nível das estruturas no PS no estrangeiropasse a ser possível criar núcleos a partir de 5 militantes esecções a partir de 10 militantes. Cada país deve criar a suaprópria federação, a qual deve ser composta por um mínimo detrês secções ou 30 militantes e estar representada nos orgãosnacionais do PS.

Independentemente da acção a desenvolver ao nível de cadapaís, condicionada pelo tamanho da Comunidade Portuguesa,das práticas associativas e de outros factores, consideramosmuito importante � essencial � que as estruturas do PS noestrangeiro trabalhem de uma forma mais coordenada entre si.

Face a desafios comuns e que se colocam a todos os portuguesesque vivem na Europa, temos de ter respostas comuns ecoordenadas, bem como desenvolver acções concertadas e emsimultâneo, para que a visibilidade do PS e o impacto das suasacções e propostas sejam claros.

Propomos a criação de uma Estrutura de Coordenação Europeia,que através da organização de, pelo menos, uma reunião anual,coordene as intervenções e as tomadas de posição do Partido noestrangeiro relativamente a matérias de interesse comum,promova a organização de campanhas do PS junto das comunidadese trabalhe em estreita cooperação com as secções e as federaçõesde país, bem como com as estruturas nacionais do PS. Esta estruturadeve ser composta por uma Mesa com três elementos,representantes de países diferentes e eleita cada dois anos.

Consideramos que as nossas propostas poderão contribuir paraalterar substancialmente a qualidade da presença e daintervenção do Partido Socialista junto das comunidadesportuguesas no estrangeiro, levando mais longe a nossamensagem de solidariedade.

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MOÇÃO SECTORIAL

POLITICA DE CIDADESMELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA AS PESSOASMAIOR COMPETITIVIDADE PARA O TERRITÓRIO

Primeiro subscritor

ANTÓNIO FONSECA FERREIRA

1. Portugal é um país de urbanização tardia. Mas, nos últimosquarenta anos, as actividades e os valores urbanos � culturais,profissionais e comportamentais � conheceram uma expansãorápida, quer em termos geográficos, quer populacionais. Hátrinta anos, dois em cada três portugueses viviam em meiorural. Hoje inverteu-se essa relação. Passámos de um modo devida predominantemente rural para um modo de vidadominantemente urbano.Mais de 70% da população portuguesa vive ou trabalha noscentros urbanos. Mas com deficientes condições de vida. Asnossas cidades e os principais centros urbanos sofrem deuma dupla desqualificação: por um lado, os centros históricosestão a esvaziar-se da função habitacional, e num processoacelerado de terciarização e degradação; por outro lado, asnossas cidades cresceram de forma desordenada, caótica,desprovidas das infraestruturas e dos equipamentos básicos,de redes de transportes consistentes e de espaços públicosacolhedores.

2. As forças do mercado que actuam sobre a cidade, sem a devidaregulação, só resolvem os problemas de alguns. Não de todos.E fazem-no, frequentemente, com a delapidação dos recursosnaturais, da qualidade ambiental e do património histórico earquitectónico.Tradicionalmente, a cidade foi sinónimo de vida comunitária,de liberdade, de inovação, de bem estar social, cultural ematerial. Urbanidade e cidadania estão historicamente eetimologicamente ligadas à cidade. Mas com a industrializaçãoe a urbanização massificadas, as cidades vêm concentrandoos mais graves problemas civilizacionais: desemprego,exclusão, solidão, poluição e insegurança.Mas não existe alternativa para a cidade. Esta continuará apolarizar a inovação, a criatividade, a cultura, o progressosocial e o aprofundamento da democracia.

3. A cidade e o território têm de ser colocados no centro dodebate para a atualização e o aprofundamento do ideário e daacção política e cultural dos socialistas.Porque é nestas instâncias que hoje se condensa e expressa �pelas formas mais flagrantes, injustas e violentas � a naturezaclassista, discriminatória e opressora, (contrária aodesenvolvimento humano), do capitalismo neo-liberal.Mas é, também, nas cidades e no território que são mais visíveise sentidas as mudanças � em curso de aceleração � ocorridasnas últimas décadas, nos sistemas de produção, apropriação edistribuição. Com fortes implicações nos valores, aspirações ecomportamentos individuais e colectivos, exigindo,necessariamente, o repensar das estratégias e dasmodalidades de intervenção de esquerda.Os socialistas têm de inventar e afirmar � no discurso, nas

praticas governativas e no quadro de uma utopia realista � acidade da cidadania.Contrapôr às exclusões suburbanas, à segregação funcionalistano acesso aos serviços e equipamentos, o direito universal àeducação, à cultura, à saúde e aos progressos científicos etecnológicos; opor à lógica lucrativista e especulativa dosinteresses imobiliários e fundiários, a função social do solo, osdireitos urbanos dos cidadãos à fruição colectiva do espaçopúblico e à mobilidade; vencer o isolamento, a solidão e aviolência da urbe capitalista a favor da cidade (Pólis) comoespaço privilegiado de comunicação, de vivência solidária, decriatividade e de segurança colectiva.É neste combate de esquerda, pela urbanidade e pela cidadania,- pela melhoria da qualidade de vida em contraponto aocrescimento do nível de vida, - que os socialistas forjarão novasalianças para as transformações humanizadas e solidárias dasociedade.O desenvolvimento sustentável (ambiental, económico,social e regional) do território, no respeito pelos recursos evalores naturais, ecológicos, humanos e patrimoniais é, emnosso entender, um dos temas a privilegiar pela renovação doprojecto socialista. Orientação que implica o estabelecimentode desígnios e processos que apontem para o reforço da rededas cidades médias e dos pequenos centros urbanos e umavisão integrada dos problemas das áreas metropolitanas. Masdepende também do êxito de uma teia de processos dedesenvolvimento local, em articulação com a revitalização dosespaços rurais, no quadro de uma complementariedade, cujaefectividade se revelará na medida em que suscite uma cadeiade sinergias.

4. Ter um pensamento e propostas claras sobre as cidades e oterritório; dispôr de uma estratégia para a sua competitividade,para a coesão sócio-territorial e a sustentabilidade do nossosistema urbano; implementar as políticas que tornem as nossascidades mais belas, mais sociáveis e mais funcionais, é um dosmaiores desafios que se colocam hoje à sociedade portuguesae, por responsabilidades acrescidas, aos socialistas.Assim, no âmbito de um programa renovado para governarPortugal, no séc. XXI, os socialistas terão de debater no seuseio e propor soluções, entre outras para as seguintes questões:

4.1 Reforma da administração do território:� reforço da descentralização de acordo com o princípio dasubsidariedade;� redimensionamento dos concelhos e freguesias;� matriz espacial coerente para a implantação dos serviçosdesconcentrados;� criação de níveis intermédios de administração nas cidadesde Lisboa e do Porto.

4.2 Novas formas de governo para os municípios e asáreas metropolitanas:� reforço dos poderes e dos meios de intervenção dasassembleias municipais;� criação de dispositivos que estimulem e associem aintervenção das organizações da sociedade civil no governodas cidades;� consagração dos vereadores com competências delegadaspor áreas geográficas tendo em vista a gestão integrada eterritorializada das políticas (hoje) sectorializadas;� eleição, por sufrágio directo, dos órgãos de governo dasÁreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, e, enquanto talnão se verificar, criação, nessas áreas, de ComissõesExecutivas qualificadas para assegurar a governabilidade.

4.3 Coesão e segurançaA coesão sócio-territorial e a segurança pública urbana terãode constituir domínios prioritários das políticas socialistaspara o território e as cidades:� segurança pública, alimentar e ambiental;� requalificação sócio-urbanística das periferiasmetropolitanas, designadamente apostando em programasescolares de excelência pedagógica e de equipamentosculturais e desportivos;� desenvolvimento de programas de empregabilidade e deemprego, designadamente do mercado social do emprego,nos serviços e equipamentos urbanos, nas áreas críticas,enfrentando os fenómenos de exclusão, marginalidade edesemprego, particularmente entre os jovens;� apoio ao multiculturalismo e à miscegeração social comogarantia da vitalidade urbana e de prevenção demarginalidade.

4.4 Ordenamento sustentável do território� Nova Lei de Solos que distinga, claramente, entredireito de propriedade e direito de urbanizar, adoptando osmecanismos do solo programado, e assente em critériosque garantam a função social da propriedade, o interessepúblico e o progresso económico e social;� apoio prioritário aos programas de reabilitaçãourbanística e social dos centros históricos e das periferiasurbanas;� organização de sistemas de transportes públicos dequalidade, designadamente das AutoridadesMetropolitanas de Transportes nas Áreas Metropolitanasde Lisboa e Porto;� prioridade à renovação do caminho de ferro e à construçãode sistemas de Metros ligeiros de superfície;� apoio ao desenvolvimento de novas centralidades dosistema urbano nacional e nas periferias metropolitanas.

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MOÇÃO SECTORIAL

OS COMPROMISSOS DO PS E A IGUALDADE DE GÉNERO �Queremos ser um país de mulheres e homens, iguais em direitos e deveres,

que assumem em plena igualdade as diversas dimensões da sua vida pessoal e cívica�.In �Fazer bem pelo Futuro� � Eduardo Ferro Rodrigues

Primeiro subscritorMARIA DO CARMO ROMÃO

1. A DEFESA DA IGUALDADE DE GÉNERO FAZ PARTEDA TRADIÇÃO SOCIALISTA

O Partido Socialista, fiel aos valores do socialismo democrático e dasocial � democracia defende a igualdade de género como um vectoressencial na promoção do desenvolvimento sustentável e solidárioda nossa sociedade. O PS, através do trabalho e das lutas doDepartamento de Mulheres, foi pioneiro na defesa de limiaresmínimos de participação, batendo-se pela participação equilibradano processo de decisão como um passo decisivo na promoção daigualdade de género na sociedade.O grande objectivo na defesa da igualdade entre mulheres e homensé o de sermos capazes de construir e organizar uma sociedade ondemulheres e homens possam planear as suas vidas em igualdade decircunstâncias, sem discriminações em função do género.A garantia da igualdade de género no plano normativo é umatarefa essencial, sendo fundamental introduzir instrumentos demudança que promovam a partilha do poder e das responsabilidadesem todas as esferas da vida.É recorrente a afirmação de que o direito à igualdade estáamplamente consagrado no sistema jurídico português e nosinstrumentos de direito internacional que vinculam o nosso país.Contudo os indicadores e as vivências da nossa sociedade evidenciamainda profundas assimetrias entre as mulheres e os homens. Os�papéis sociais� de género continuam a marcar profundamentea organização do quotidiano feminino e masculino de formadesigual: os homens são prejudicados na esfera familiar e asmulheres são prejudicadas na esfera pública.O nosso desafio, do PS e do Departamento das MulheresSocialistas, é o termos propostas de mudança, nomeadamente nasrelações sociais de género que permitam uma maior efectividade daaplicação do direito por um lado, e uma maior partilha das diversasesferas da vida humana por outro.

2. O LEGADO DOS GOVERNOS DO PARTIDO SOCIALISTA

A militância socialista nas questões da igualdade marcou a acçãodos Governos PS, traduzida em relevantes e numerosas medidas.Desde logo o facto das questões da igualdade terem ficado nadependência directa do Primeiro�Ministro , condição fundamentalpara a possibilidade da aplicação do princípio de transversalidadenas várias políticas públicas. Pela primeira vez foram criados oscargos de Alta Comissária para a Igualdade e Família, Ministrapara a Igualdade e Secretária de Estado para a Igualdade.O Plano Nacional para a Igualdade e o Plano Nacional contraa Violência aprovados pelos Governos PS foram pioneiros. Pioneirosna visão de conjunto e transversal da igualdade de género, pioneirosna quantificação de medidas com prazos de execução, pioneiros noassumir politicamente, discutindo com todos os parceiros a promoçãoe organização de uma sociedade melhor, mais justa e mais feliz.Com o PS a questão da Igualdade de Género foi definida como umaquestão de sociedade, e não apenas como uma questão de mulheres.O reforço da participação dos homens na vida familiar foi um marcoda acção dos Governos PS nestas áreas, sendo um bom exemplo aProposta de Lei do direito irrenunciável a cinco dias de licença porpaternidade após o nascimento de um filho ou filha.Esta perspectiva tem como fio condutor garantir aos homens oexercício dos seus direitos na vida familiar, garantir às mulheres oexercício dos seus direitos na vida profissional eliminandoprogressivamente as discriminações no mercado do trabalhomaioritariamente decorrentes da maternidade e garantir os direitosdas crianças a terem o pai e a mãe disponíveis no seudesenvolvimento.Foi também durante os Governos PS que se reforçou, com a revisãoconstitucional de 1997, o direito à igualdade entre mulheres e

homens. O PS assumiu nessa altura a defesa dos limiares mínimosde participação na vida política e conseguiu a aprovação do artigo109º, que determina que a lei promova a igualdade no exercício dosdireitos cívicos e políticos sem discriminação em função do génerono acesso a cargos políticos.Com os Governos PS foi ainda possível aprovar vários instrumentospara a promoção da igualdade entre mulheres e homens. Paraalém dos Planos já referidos, foi possível aprovar por exemplo aalteração do regime de sanções laborais, agravando as relativas àdiscriminação em função do sexo e à violação das normas deprotecção da maternidade e paternidade.Foi também com os Governos PS que foram impulsionadas medidasde acção positiva e transversalização da dimensão da igualdadenos Planos Nacionais de Emprego (desde 1998) e no Plano deAcção para a Inclusão de 2001. O PS concretizou a aplicação datransversalização da dimensão da igualdade nos fundos estruturaisno II e III Quadros Comunitários de Apoio, tendo o último incluídouma medida autónoma para a promoção da igualdade de género.Foi também um Governo socialista que dedicou uma partesignificativa da sua Presidência da União Europeia às questões daIgualdade de Género, tendo proposto e garantido a aprovação daResolução de Conselho e dos Ministros do Emprego e da PolíticaSocial, de 29 de Junho de 2000, relativa à �Participação Equilibradadas Mulheres e dos Homens na actividade profissional e na vidafamiliar�.Todas estas e outras medidas dão corpo a uma Nova Geração dePolíticas Públicas na Igualdade de Género dos Governos PSlançaram a base da mudança rumo a uma sociedade maisdemocrática, mais desenvolvida, mais sustentável, mais solidária.O legado do PS no Governo relativamente à Igualdade de Géneroacresce as responsabilidades do PS perante os portugueses e asportuguesas. Na oposição, o PS não deixa cair as suas preocupaçõesnuma área que determina tão directamente a qualidade de vida doscidadãos. Seria politicamente errado e estrategicamente absurdo.

3. RISCOS DE RETROCESSO COM O ACTUAL GOVERNOPSD/PP

A definição de uma Política de Igualdade de Género justifica-se porsi só. No entanto, várias das medidas do governo PSD/PP significamum retrocesso na nossa sociedade.A nova Lei de Bases da Segurança Social, o Ante�Projecto do Códigode Trabalho, o Rendimento de Inserção Social e a Lei de Bases deFamília são o exemplo de como as questões da Igualdade de Génerosão prejudicadas e mesmos distorcidas. Alguns exemplos sãoevidentes: a maternidade é desprotegida quando por exemplo,desaparece no Ante�Projecto o actualmente previsto para as licençasde gémeos, gravidez de risco e internamento hospitalar e para aformação profissional para as mães que regressam ao exercício daprofissão no final da licença parental; a afirmação dos direitos dapaternidade é enfraquecida ao ponto de haver o risco de perda dedireitos como acontece com a licença parental de 15 dias, remu-nerada, que constitui uma acção positiva importante para os pais.Em nome da protecção da maternidade, o Governo PSD/PP criacondições propícias ao enfraquecimento da autonomia económicae financeira das mulheres, ao mesmo tempo que recua nas condi-ções que permitem aos homens o exercício dos seus direitos nafamília. O mesmo Governo que se proclama defensor das famíliasapresenta propostas que, afinal, agridem fortemente os direitosdas famílias e dos seus elementos, ao ponto de se poder pôr emcausa a constitucionalidade dessas propostas face à tarefa funda-mental do Estado de promover a igualdade entre mulheres ehomens.Não há conjuntura económica que justifique a quebra da democracia.O agravamento da desigualdade entre mulheres e homens é um

atentado ao Estado de direito democrático.O PS tem a responsabilidade de assegurar que a discussão dasmedidas do actual governo têm a perspectiva da igualdades degénero como uma perspectiva de análise política fundamental. Sóassim tornará perceptível os retrocessos que estão em causa paraas mulheres e os homens do nosso país. Para o PS �a igualdade degénero é um critério da democracia�.1

4. INVESTIR NO FUTURO

Em pleno século XXI a nossa sociedade ou outra qualquer não poderegressar ao modelo de organização social que confinava o espaçopúblico aos homens e o espaço privado às mulheres. Como é óbvio,tal via não é sequer desejável. Mas se o caminho que queremos é oda participação equilibrada das mulheres e dos homens em todasas esferas da vida, temos que ser capazes de organizar a sociedadepara que, de forma eficaz e sustentável, tal seja possível.Pela tradição do PS na defesa da Igualdade de Género, pelo trabalhoque o PS desenvolveu nos XIII e XIV Governos para a concretizaçãode uma Nova Geração de Políticas Públicas na Igualdade de Género,é imprescindível que o PS reafirme neste Congresso o seucompromisso quanto a três eixos de intervenção:

1. A concretização da paridade dentro dos órgãos do partido e detodos os órgãos de decisão política é um dos grandes objectivosdo PS; a alteração da Lei Eleitoral no sentido de permitir aparticipação equilibrada no processo de decisão deve ser para oPS um ponto irrenunciável da Reforma do Sistema Político queestá a ser debatida no Parlamento;

2. A reponderação preventiva e repressiva relativa à violência emfunção do sexo por forma a garantir o reconhecimento social doigual valor e da igual dignidade das mulheres e dos homens,incluindo a alteração da lei penal com vista a assegurar aigualdade de género no que respeita ao gozo e ao exercício dosdireitos sexuais e reprodutivos;

3. A consagração na lei da irrenunciabilidade do direito depaternidade, como medida essencial para melhorar a situaçãoda conciliação da vida pública com a vida privada, retomandouma das medidas mais emblemáticas dos Governos PS nestasáreas;

Já evoluímos muito em matéria de igualdade entre mulheres ehomens, mas muito há ainda por fazer. É necessário concretizar aalteração da organização social do tempo, garantindo porexemplo o direito ao tempo livre equitativamente repartido. Éfundamental consolidar uma Nova Carta de Direitos que passainevitavelmente pela afirmação da democracia paritária e dademocracia participativa, bem como pelo reconhecimento dosdireitos sexuais e reprodutivos. É urgente reorganizar as cidadestornando-as cidades sustentáveis, por exemplo através dareorganização dos transportes, do tratamento e qualificação doespaço público urbano e da qualificação dos subúrbios. E não épossível esquecer como outra das linhas estratégicas de intervençãoa solidariedade na acção nomeadamente através do combate aodesemprego, à pobreza e à exclusão social, e do apoio a movimentosde solidariedade convergentes com a causa das mulheres.

Investir na promoção da Igualdade de género é investir nofuturo. Num futuro próximo que todos queremos com maisqualidade de vida. Num futuro que o PS quer construir.

(1) In Declaração sobre Democracia e Igualdade entre as Mulheres e os Homens como critériofundamental da democracia, adoptada pela 4ª Conferência Ministerial Europeia sobre a Igualdadeentre Mulheres e Homens (Istambul, 1997)

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MOÇÃO

PRODUTIVIDADE - UM COMPROMISSO PARA O FUTUROPrimeiro subscritor

ANTÓNIO PEDRO GONÇALVES PEREIRA

Introdução/Contextualização

A economia competitiva exige uma aposta na produtividade.Este tema, que passou a prioridade política e económica, nãodeixa ninguém de fora. Nem o Estado, nem patrões nemtrabalhadores.Nunca o país falou tanto em produtividade, nem nunca tevetanta consciência da falta dela. Qualquer que seja o ângulo e ocritério de cálculo, o indicador de eficácia nacional na relaçãoentre a quantidade do que produz e a quantidade de recursosque utiliza, emite alertas importantes.Todos sabemos que Portugal tem necessidade de se tornar maisprodutivo, por forma a poder competir no mercado internacionalde bens e serviços, transformando-se preferivelmente numexportador líquido em sectores bem diversificados, de elevadovalor acrescentado. Assim sendo, seria mais fácil atingirmosuma espécie de crescimento dinâmico necessário para a criaçãode mais riqueza. A verdade, é que tudo isto faz sentido, tal comoalguns mitos, que acabam por ser usados como bocados desabedoria popular, assumindo que o que eles significam é logoe amplamente entendido, tal como ditados chineses, queemergem distorcidos no outro lado do discurso público, cheiosde retórica incipiente.Começando pelo próprio conceito de produtividade, poderemosentende-lo da seguinte forma: se considerarmos uma empresa,ou mesmo um país, como um sistema simplificado, poderemosafirmar que a produtividade mede a eficiência como o capital etrabalho são utilizados mais ou menos eficientemente naprodução de bens.Num relatório, recentemente publicado (2002/05/23) pelaComissão Europeia, constata-se que, em termos de produtividadee, consequentemente, competitividade, o tecido empresarialeuropeu continua a perder terreno face aos Estados Unidos.Pior do que isso, é o facto de a produtividade do factor trabalhoem Portugal ser menos de metade da que se regista na economianorte-americana, e continua a ser a mais baixa dos Quinze,situando-se 29 pontos percentuais aquém da média europeia, e24 pontos abaixo da verificada na vizinha Espanha.Entre as causas geralmente apontadas como motivadoras destanossa parca performance laboral, estão a baixa qualificaçãoeducacional e profissional dos portugueses, a deficiente gestãode recursos (orçamentais, técnicos e humanos) e a falta demecanismos de avaliação (efectivos) do desempenho dostrabalhadores e quadros dirigentes (incluindo a função pública).Muitas vezes, ouve-se dizer que o grande responsável pelosfracos índices de produtividade dos portugueses se centra nobaixo nível de Educação. Ora, não lhe retirando os seus efeitos,é no entanto imprescindível referir outras duas causas que, nomeu entender, ombreiam com esta no seu grau de importância.Esta conclusão surge na tentativa de explicar como é que oLuxemburgo pode ter uma taxa de produtividade 80% superior ámédia comunitária, mesmo que a população deste país sejacomposta por 25% de portugueses. Essa comunidade lusaemigrante tem até, muito provavelmente, um nível educacionale profissional abaixo do da maioria da população activa do nossopaís. Contudo, as suas performances laborais são mais elevadas,o que só se explica por existir nos emigrantes uma outra atitudeperante o trabalho, um outro tipo de organização empresarial ea concentração das actividades em sectores de maior valoracrescentado.Abordagens mais recentes bem dizem que, embora aprodutividade esteja ligada à qualificação da mão-de-obra, eladepende também, entre muitos outros factores, da modernizaçãoda organização do trabalho, do aumento do investimento público

e privado em I&D (investigação e desenvolvimento) e eminovação, da descentralização da tomada de decisões, dapromoção da cooperação, da integração social dos trabalhadoresimigrantes, do recurso à economia digital e exploração dos seusganhos de eficiência e do reforço da utilização das tecnologiasdigitais na administração pública. E como os portugueses passama ser trabalhadores produtivos quando emigram, esta tese parecebem fundada.Pese embora o facto de reconhecer inúmeras carênciasresponsáveis pela actual posição de Portugal no que se refere àprodutividade, entendo que se deva abordar um possível planode acção no sentido de inverter a situação, concentrando-o emtrês vértices cruciais que, de seguida, irão ser abordados:· Organização/Estrutura do tecido económico;· Educação/Qualificação Profissional;· Consciência e responsabilização social, cívica e económica.

Organização/Estrutura do tecido Económico

Num relatório da OCDE, de 26 de Junho de 2000, conclui-se queas mais diversas estimativas sugerem que a alteração dacomposição do capital devido ao uso generalizado de tecnologiasde informação, resultou num crescimento da produtividade. Esterelatório conclui também, que alterações estruturais no tecidoeconómico resultaram numa utilização mais eficiente e produtivada força de trabalho.Investigadores da �University of Michigan Business School�detectaram que o investimento directo estrangeiro (IDE) podefuncionar como catalisador de importantes mudanças. No seuestudo, concluem que o efeito positivo na produtividade do paísreceptor do IDE resulta de duas vias: (1) pela estimulação demelhor distribuição dos recursos entre empresas e indústrias; e(2) pela transferência de tecnologia das empresas estrangeiraspara as empresas locais. Refere ainda, a importância do IDEpelo aumento da pressão competitiva, bem como pela importaçãode novos métodos de organização e de cultura profissional.A importância da importação de novas culturas de trabalho e deorganização, cresceu recentemente com o facto de os últimosestudos sugerirem que uma grande fatia do contributo para oaumento da produtividade agregada, resulta de ganhossignificativos de produtividade dentro de cada indústria.Dito isto, podemos avançar para possíveis soluções, mas nãosem antes, aproveitar para ir esclarecendo alguns mitos.Produtividade não é trabalhar exaustivamente, mas sim fazercoisas com elevado valor comercial. Quase todos têm a ideia,que a direita passa, de que trabalhamos pouco. Não é exageradorepetir mais uma vez, que a alta produtividade se consegueproduzindo não grandes massas de produtos baratos, mas amesma quantidade de produtos de elevado valor. Pelo menosessa é a única via para os países do 1º Mundo. Portugal não podequerer ser atractivo em indústrias poluentes e de mão-de-obrabarata.Ao contrário do que a direita gosta de dizer, para aumentar aprodutividade o essencial não é que os trabalhadores trabalhemmais. Tanto mais que o nosso número médio de horas de trabalhoper capita só é superado, na União Europeia, pelo Reino Unido(ele próprio já superado pela Itália, em produto per capita). Oque é preciso é produzir coisas diferenciadas e mais valiosas,produtos e serviços de alto valor acrescentado, de elevado valorcomercial.Para esse tipo de produção é necessário, antes de mais, quehaja empresários que a desejem fazer, que saibam como, e, emseguida, que haja trabalhadores com o nível técnico e de

motivação adequados para essas empresas. Que realizem ainvestigação e desenvolvimento empresarial para os tais produtosde elevado valor: que façam o design da alta costura, quearquitectem a recuperação dos espaços históricos de valorturístico, etc. A propósito, a que se deverá o sucesso da Suíça,cujo território é tão hostil, cheia de montanhas inóspitas e semrecursos naturais? E o mesmo sucede com o Japão. Em muitosaspectos temos largas vantagens naturais que deviam seraproveitadas.As empresas devem sentir-se parte do sistema científico etecnológico nacional, e recorrer a ele para, por exemplo, mexerna sua linha de produção aumentando o seu volume, quer sejapor sentir uma forte pressão do lado dos custos ou, simplesmente,pressão por parte de um mercado mais competitivo. As empresasnão podem recorrer apenas à Universidade quando algo nãocorre bem - é uma atitude reactiva em vez de pró-activa.Os fundos estruturais comunitários, tal como os conhecemos,têm o seu tempo contado, e o alargamento para breve daComunidade a países de leste vai aumentar a concorrência naestrutura industrial tradicional. Este é um desafio importantelançado á nossa capacidade e determinação para oaperfeiçoamento. Urge existir um espírito reformista global,mas equilibrado, que não descure nunca o mais importante quesão as pessoas, e que sirva para corrigir assimetrias e injustiças,e não para exacerba-las.

Educação/Qualificação Profissional

Uma das importantes extensões ao modelo de crescimento neo-clássico, é a inclusão do capital humano. De facto, o investimentoem maior e melhor Educação e formação profissional reflecte-se não só, de forma directa, no aumento da qualificação daforça de trabalho, mas também na sua contribuição para asinovações organizacionais e tecnológicas.Num trabalho recentemente publicado por Sébastien Dessus,do World Bank, é referido o facto de estudos baseados emcomparações internacionais sugerirem que o aumento dashabilitações académicas nem sempre produzem um impactopositivo na produtividade. Este trabalho aponta ainda, aqualidade do sistema educacional como um factor chave.Uma das explicações enunciadas para o insucesso verificado emmuitos casos, pode ser a diferença de qualidade do ensinorecebido pelos alunos, pois o aumento do número destes quecursam estudos superiores não é acompanhado com oincremento adequado na quantidade de gastos. A corroboraresta ideia está o facto de serem os países com maior produtividadeaqueles que gastam uma maior fatia do PIB na Educação.No que se refere aos reduzidos orçamentos dos estabelecimentosde ensino superior, parece-me haver aqui também algumainércia por parte destes, uma vez que deveriam procurar outrasfontes de financiamento para além do Estado, tal como parceriascom entidades privadas e a melhor exploração e divulgação daLei do Mecenato, à semelhança do que se faz em alguns paísesmais desenvolvidos.No entanto, o achado mais importante, para nós socialistas, foia capacidade do sistema distribuir os serviços de ensinoequitativamente á população, ser considerada um factordiferenciador do impacto das políticas de investimento daEducação na produtividade. Temos que continuar a lutar pelaigualdade de oportunidade de acesso à Educação, não só peloseu interesse económico mas igualmente pela sua natureza dejustiça social e corretor de assimetrias.A falta de valorização destes aspectos por parte de variadas

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políticas de crescimento, explica, em larga medida, a razão pelaqual investimentos na Educação não foram compensados pormaior produtividade. Nos casos em que estes aspectos não foramdescurados, estima-se que o efeito na produtividade a longoprazo se situe nos 6% por cada ano adicional de Educação .Uma realidade concreta não pára de nos pressionar: apenas20% da população portuguesa tem um ensino secundário elevadoou superior, quando a média da OCDE é de 60%.Temos que realizar um profundo trabalho de base, que parta daEducação e que ajude a contagiar todas as outras esferas dasociedade, respeitando sempre os valores socialistas na formacomo perseguimos os nossos objectivos. Temos que nos prepararpara a mudança e preparar os jovens para, eles próprios,abraçarem as inovações e terem espírito aberto para a ideia danecessidade de permanente aprendizagem.

Consciência e Responsabilização Social, Cívica eEconómica

Não renegando os factores aqui aventados, penso, no entanto,que uma das principais causas da improdutividade portuguesa édo foro temperamental e cultural, que tem a ver com o ambienteinstalado de baixa exigência e dos mínimos profissionais decada português no seu posto de trabalho e que assume para sipróprio. Esses níveis de exigência são motivados por factoresexternos, nomeadamente o ambiente laboral em que otrabalhador se integra.No exemplo da comunidade lusa no Luxemburgo, é de assinalara adaptação desta a uma estrutura de trabalho baseada nosprincípios da responsabilidade individual, do rigor, doempenhamento e da progressão profissional. Por isso, apresentaníveis de produtividade elevados. É claro que no Luxemburgo ascondições laborais são bastante melhores do que em Portugal,nomeadamente ao nível salarial. Mas penso que a causadeterminante para a produtividade dos nossos emigrantes é oambiente de trabalho, o qual não tem paralelo com o universoportuguês, onde abunda o laxismo e a desresponsabilização.É urgente implementar em Portugal uma cultura laboral quetenda a elevar os mínimos profissionais da população activa,desde o simples empregado ao quadro médio e superior. E quandofalo em mínimos profissionais refiro-me, claro está, ao nível deexigência que cada um estabelece para si próprio no respectivoemprego.Para a resolução deste problema é totalmente desadequadoprocurar faze-lo por via da alteração da Lei Laboral, como oactual governo pretende. Essa é a forma mais cobarde e mais

preguiçosa de o fazer. Em vez de ir alterando os alicerces dacasa, o actual governo dá-lhe apenas uma pincelada nova. Maiorflexibilidade não se consegue só pela redução dos direitos dequem trabalha, mas sim pela sua qualificação e preparação parase adaptarem a novos métodos e técnicas de trabalho.Embora mais trabalhoso e mais moroso, os hábitos de exigênciatêm o período de formação académica, como o momento idealpara a sua aquisição. Mas para que tal suceda muito tem demudar, nomeadamente no ensino superior. Não é com aglorificação social de hábitos de laxismo, nem com a não efectivapenalização académica (i. e. convite à saída da Universidadeapós insucesso prolongado) que serão alteradoscomportamentos.No que se refere à educação e à formação, é importante que aavaliação dos formadores e formandos não seja vista apenaspela vertente da igualdade de oportunidades fornecida, peloestado, mas também vista à luz da emergência de novos direitos,como o da igualdade nos resultados. Neste sentido, é necessárioestudar as situações de elevado grau de insucesso escolar,abandono e desumanização do meio escolar.Sendo a democracia portuguesa relativamente jovem, é possívelque a nossa baixa produtividade radique também num défice decidadania. Para inverter esta situação, medidas como ainstituição do serviço comunitário obrigatório para ambos ossexos, como alternativa ao serviço militar (para acabar com aarbitrariedade das passagens à reserva territorial e sentimentoslegítimos de injustiça), ajudariam a desenvolver a consciênciade responsabilidade e solidariedade social, ao mesmo tempoque poderiam contribuir para uma melhoria do bem estarcolectivo.Trata-se da implementação da consciência da existência de umaespécie de contrato social, no qual todos os cidadãos participamcom direitos e deveres iguais. Neste sentido, não se pode pensarque para elevar os mínimos profissionais da população activaportuguesa, basta uma intervenção ao nível do Ensino e dotecido económico. Temos de caminhar para uma sociedade maisaberta e participativa, que não retire aos cidadãos oportunidadesde envolvimento e responsabilidade pelos assuntos comuns.Importa valorizar o trabalho como condição indispensável àformação de homem social.

CONCLUSÃO

Apesar de ter consciência de que ficaram de fora importantesáreas, tais como a saúde, a justiça, a fiscalidade e a segurança,torna-se imperioso que sejam apontadas as prioridades, quer

por terem um impacto maior na produtividade, quer por seremaquelas que por ventura revelam maiores carências.Pelo que foi dito, e pelas implicações que o tema tem, podemosafirmar que discutir a produtividade é definir o futuro. Aprodutividade não é um equipamento que se compre, nem umaacção de resultados imediatos, mas determina a sobrevivênciade uma economia no futuro. Todos têm co-responsabilidade: oEstado, com políticas públicas de estímulo à Educação e formação,o patronato, na gestão e organização empresarial, e ostrabalhadores através de um maior envolvimento.Não se pode exigir sempre aos mesmos, à classe trabalhadora,e a mais desprotegida, que façam o maior esforço para que àcusta exclusivamente do seu sacrifício se atinja o objectivo deaumentar a produtividade. É necessário um esforço comum ebem concertado, para que no final os resultados sejamsatisfatórios e não cheguemos à conclusão precipitada, queacontece quando o programa não é bem pensado, que o problemafoi dos trabalhadores, que não se esforçaram o suficiente. Bastade serem sempre os mesmos os �bodes expiatórios� para ofracasso de projectos simplistas e desfasados da realidade, comalgumas intenções mas sem caminhos, sem soluções.A intervenção tem necessariamente de ser profunda. Não bastadotarmos as pessoas com competências para melhorarem a suafunção, porque não adianta um trabalhador aprender se depoisnão puder aplicar o que aprendeu. A empresa tem de darcondições para que isso se verifique.Embora o empresário possa na sua empresa tomar medidastendentes à elevação dos mínimos profissionais através, porexemplo, de uma estratégia onde uma maior exigência laboralseja compensada com factores de motivação acrescidos (melhorremuneração, prémios de mérito, reforço da auto-estima dotrabalhador, maior espírito de equipa, valorização individual...),a formação de uma cultura de exigência e responsabilidade éuma tarefa de toda a sociedade.Um verdadeiro aumento da produtividade nacional passa poruma cultura de exigência que deve começar a formar-se nasescolas, mas terá de perpassar outras células importantes danossa sociedade - como a Administração Pública, o Governo, asempresas, as colectividades, entre outras - e lograr atingir umaesfera mais ínfima: a pessoa. Cada um de nós tem, pois, de sedeixar imbuir por essa cultura de exigência, de tal forma quesinta no quotidiano uma necessidade permanente de elevar osmínimos profissionais ou outros.Tendo em conta estes aspectos, seremos capazes de promoveruma estratégia verdadeiramente global e socialmente justa,que eleve os níveis de produtividade em Portugal aos mais altosdo mundo.

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MOÇÃO DE ACÇÃO SECTORIAL DO PS/BENELUX

PREPARAR O PS PARA OS COMBATES DA EMIGRAÇÃOPrimeiro subscritor

PAULO PISCO

1 - Na legislatura 1999-2002 o Partido Socialista conseguiu, pelaprimeira vez, eleger três dos quatro deputados pelos círculosda emigração. Este bom resultado ficou a dever-se a factorescomo a boa governação do PS, ao prestígio internacional doprimeiro-ministro António Guterres e, sobretudo, à dedicaçãodo camarada José Lello enquanto secretário de Estado dasComunidades Portuguesas.Foi possível erguer um capital de conhecimento e de prestígioque, infelizmente, não teve reprodutibilidade nem sequênciadepois do camarada José Lello ter deixado a Secretaria deEstado das Comunidades, tendo tudo voltado à estaca zerocom as eleições legislativas de 17 de Março de 2002. Osportugueses descreram do Partido Socialista, e não podemosagora dar início a um novo caminho sem analisar as causas,internas e externas, que levaram a que os portuguesestivessem perdido a confiança no nosso Partido que foi, delonge, o que mais fez pelas Comunidades e maior respeitoteve por elas.Mesmo durante o período de credibilização do PS na suarelação com as Comunidades e os consequentes frutos obtidoscom a eleição de três deputados, o Partido sempre encaroude uma forma algo displicente a emigração. É por isso que,embora apoiando a moção do nosso secretário-geral FerroRodrigues e os objectivos que lhe estão subjacentes, nãopodemos deixar passar o facto de nela não constar qualquerreferência às Comunidades Portuguesas. É preciso que elasestejam sempre presentes na acção do Partido e do nossosecretário-geral, porque só assim poderemos voltar a ganhara confiança dos emigrantes portugueses.

2 - Do ponto de vista político, negligenciar as Comunidades écompletamente incompreensível, não só porque os círculoseleitorais da emigração elegem quatro deputados, mastambém porque depositam no Partido Socialista a esperançade serem mais consideradas e melhor servidas. Este factoincontornável exige, pois, uma valorização das questõesrelacionadas com as Comunidades Portuguesas.Com efeito, agora que o Partido Socialista está na oposição,seria bastante redutor que o acompanhamento e as posiçõesrelativamente às políticas de emigração ficassem apenasdependentes do critério do(s) deputado(s) eleitos. Enquantoo número de deputados eleitos pode variar em função dasconjunturas, o Partido, esse, continuará a ter assegurada a

sua duração no tempo por muitos e bons anos. Por outrolado, a política do PS para as Comunidades não deve serapenas aquela que está depositada nos programas eleitoraisou na prática dos deputados eleitos, devendo também terpresente todo o trabalho que foi produzido pelas federaçõesda emigração. Neste sentido, a Federação do PS/Beneluxorgulha-se de ter dado já um vasto e precioso contributo, queo Partido não pode ignorar, continuando agora a fazê-lo como mesmo empenho que sempre a caracterizou.Para a concretização daqueles objectivos é, pois,fundamental, que seja criado um departamento para aemigração, essencialmente vocacionado para cumprir duasfunções: para acompanhar eficazmente as políticas para asComunidades do Governo de coligação PSD/PP e para darapoio às estruturas do Partido na emigração.Parece óbvio que o combate político ao Governo do PSD/PPseria muito mais eficaz se, juntamente com o(s) deputado(s)eleitos, o departamento, a funcionar no Partido, tomasseperiodicamente posições, afirmando-se assim melhor juntodas Comunidades Portuguesas. E são muitas as áreas decombate, já que o legado do Partido Socialista está a serdesmantelado de forma escandalosa em todas as suasvertentes. O Partido deve, pois, ter uma posição própria e servisto como uma entidade vigilante nesta matéria,aproveitando a experiência e os contributos de todos aquelesque a têm e podem dar. Só assim se constrói o futuro comcoerência e solidez.Existe uma necessidade absoluta de apoiar eficazmente asestruturas da emigração, que ao longo destes anos têm vindoa degradar-se, inclusivamente com custos para a imagem doPartido Socialista. Ainda para mais, porque se assiste a umenvelhecimento dos portugueses a residir na Europa e a umdistanciamento em relação à actividade política, que em nadafacilita a manutenção das estruturas activas. Além disso, éextremamente difícil cativar as novas gerações de luso-descendentes para a militância activa.Mas a atitude da direcção do PS não pode ser passiva, devendoconter algum grau de fiscalização para evitar que hajaatropelos aos estatutos e se perpetuem situações de falta delegitimidade política, como nalguns casos tem acontecidoaté aqui. Há federações que deviam ser recuperadas e outrasque é preciso reconstituir de raíz, como é o caso de Inglaterra,onde o PS já teve estruturas. E há portugueses na emigração

com vontade de dar o seu contributo para engrandecer o PS,pessoas de princípios que gostariam de militar em estruturasbem organizadas, democráticas e transparentes.Precisamente por em alguns países haver atropelos aosestatutos e noutros quem queira criar secções mas não temapoios nem os meios para o fazer, é que o departamento sereveste da maior importância para a afirmação do nossoPartido junto das Comunidades Portuguesas.Só com núcleos, secções e federações erguidas numa basede transparência e de democracia e com um apoio activo doPartido será possível no futuro haver um desejávelentendimento entre as Federações do PS na emigração, paraque possam falar a uma só voz e com uma mensagem clara.Para a Federação do PS/Benelux, que sempre pautou a suaacção pelos princípios da democracia, transparência e respeitopelas secções, este passo é fundamental para a afirmaçãodo PS na emigração.

3 - Um dos factores de tensão nas federações do PS/Europa temsido a escolha dos deputados, que se acentuou depois do PS,pela primeira vez, ter conquistado os dois mandatos naAssembleia da República nas eleições legislativas de 1999.Como invariavelmente a composição da lista pelo círculo daEuropa é motivo de tensões, essencialmente devido àcomplexidade que deriva da especificidade das federaçõesno estrangeiro, deveriam ser alterados os critérios da suaescolha. Assim, a nossa proposta é que cada comissão políticadas federações do PS na Europa indigite os seus candidatos,que depois serão submetidos a uma votação pela totalidadedas federações do Partido na Europa, sendo que cada umaapenas poderá ter um representante na lista, de forma a quehaja a maior abrangência geográfica possível. Emcircunstância nenhuma a França poderá continuar a terdireito aos dois primeiros lugares na lista, como desde sempretem acontecido, remetendo os representantes das outrasfederações para lugares de suplente, o que é injusto econstitui um poderoso factor de desmotivação para asestruturas e os militantes das outras secções.Só com um PS actuante e coeso e com estruturas naemigração activas e a funcionar de acordo com princípios dedemocracia, transparência e respeito pelos militantes serápossível recuperar a confiança que as nossas Comunidadesperderam nas eleições de 17 de Março de 2002.

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MOÇÃO SECTORIAL

CREDIBILIZAR AS ESTRUTURAS LOCAISPrimeiro subscritor

LUIS DELFIM DA SILVA PINTO DE ALMEIDA

Introdução

Estamos conscientes de que o PS não conseguirá afirmar-se nasociedade portuguesa sem uma profunda reforma das estruturaslocais e do funcionamento do Partido. A imagem do Partido nãoé dada apenas pelo seu líder, mas por todos os que representama instituição a nível local.Em muitas estruturas locais há uma completa ausência de debatepolítico e o seu funcionamento quase só se manifesta porsindicatos de voto em períodos eleitorais.Não é possível fazer do PS um partido aberto e onde os melhorespossam ser escolhidos com a cultura �aparelhista� e desubserviência ao �baronato político�.O PS deve ser um Partido de militantes que vivem a política comespírito de serviço, empenhados numa prática de inserção social,e não de seguidores de lógicas aparelhistas ou redes clientelaresque talham a intervenção política por interesses circunstanciaise particulares.O combate ao aparelhismo e aos �poderes informais� (que seexpressam sob a forma de famílias, redes clientelares, amiguismoou sindicatos de voto) não pode ser feito apenas pela produçãoteórica: é necessário proceder a reformas no funcionamento doPartido que impeçam o carreirismo e possibilitem abertura alideranças de mérito.Ferro Rodrigues associou a sua liderança a um desígnioreformador do Partido e é com esta intenção que apoiamos asua moção e procuramos enriquecer o seu debate com esta moçãosectorial.A reforma organizacional do PS deverá ser profunda e ousada porforma a promover a necessária confiança na sua base de apoio egerar a indispensável transparência e vitalidade do partido.

1. A defesa dos princípios

O PS tem um património de valores que deve orientar a práticapolítica dos seus militantes.O PS deve empenhar-se na defesa dos valores da liberdade, daigualdade e da solidariedade (local, nacional e global), recusar opopulismo demagógico e afirmar-se pela defesa do socialismodemocrático.O PS deve estimular as estruturas locais a apoiarem as iniciativasda sociedade civil que visem a defesa dos direitos, liberdades egarantias dos cidadãos, a luta pela qualidade de vida e abrircaminhos que dêem esperança ao futuro; e, nunca, como porvezes acontece, permitir que diabolizem tais iniciativas.O PS só pode ser um partido de futuro se, a nível local, souberestar atento aos problemas que surgem a nível autárquico e forsolidário com a defesa de causas e valores.As estruturas locais do Partido deverão constituir-se como escolasde cidadania, promovendo o enraizamento dos militantes nosdiferentes sectores da vida autárquica, nomeadamente nosmovimentos cívicos, nas diferentes formas de organização eintervenção cultural, económica, desportiva, recreativa.Um militante que não tem uma prática de inserção social, quenão se disponibiliza para defender causas ou valores, não é ummilitante, mas apenas alguém que pode transportar umabandeira ou um voto em épocas de eleições.O PS deve ser um partido de militantes que lutam por convicçõese são capazes de as alterar sempre que descobrem terem caído noerro.O PS deve recusar o pensamento único, o consenso à custa daabdicação e a argumentação moldada pelo oportunismo.Um PS de esquerda é um PS que não fulaniza a acção política,que é de todos os socialistas e não apenas de alguns, que

pratica a tolerância e o diálogo, que recusa a prepotência e oamiguismo, que abre caminho aos melhores e rejeita ocarreirismo, que defende opções livres, conscientes eresponsáveis, onde a vitória não significa o domínio, nem aderrota a submissão.O PS deve lutar claramente pela defesa da democratização dasociedade nos seus múltiplos aspectos políticos, ideológicos,económicos e culturais.

2. A defesa de regras.

O Partido não pode ser credibilizado se as regras não funcionam anível das suas estruturas locais e distritais.O PS não pode querer para o País aquilo que não pratica no seupróprio interior. Se queremos a limitação dos mandatos, o rigor e atransparência nas autarquias, devemos ser os primeiros a praticartudo isso, nomeadamente, nas Comissões Políticas Concelhias enas Secções do Partido.Só a limitação de mandatos pode evitar que directórios políticosmaus, eventualmente corruptos, � uma vez escolhidos � causem omínimo dano possível e deles nos possamos libertar com o mínimode prejuízo para a credibilidade do Partido e dos seus ideais.Os vícios do aparelhismo têm constituído a doença que corrói opartido e levado a que, em nome de causas, se escondam interessesmesquinhos. O aparelhismo sustenta �chefes� de grupos deinteresses particulares que inscrevem no partido o maior númerode pessoas que podem controlar à custa das prebendas do poder;e, por isso, descredibilizam o partido, bloqueiam reformas epromovem a resistência a novos quadros, com novas ideias e outravisão da vida e do mundo.O Partido não pode gerar lideranças de mérito sem impor regras quepromovam a alternância e sujeitem as decisões a debates onde osmelhores argumentos possam convencer. Sem convicções não háresponsabilidade política, mas a responsabilidade implica avaliar,pelo confronto de argumentos, as consequências das decisões.É necessário limitar a dois mandatos a titularidade de todos oscargos partidários, por forma a permitir a renovação de quadros,abrir espaço a lideranças de mérito e impedir desvios ou abusos depoder para que tende, geralmente, quem está há muito tempo numcargo.O controlo da acção política deve ser feito pela obrigatoriedade detrês reuniões anuais das estruturas locais com o objectivo de avaliaçãodo trabalho desenvolvido pelo Partido nas autarquias, corrigir modosde actuar e propor novas formas de acção. A não realização dessasreuniões deve ser penalizada com a perda do mandato.Todos os militantes devem dispor de um regulamento defuncionamento de assembleias, por forma a conhecer as regrasque possibilitam o debate livre. As reuniões devem ser o espelho dofuncionamento da democracia e, para isso, é necessário obrigar aseparar a direcção das reuniões de quem terá de prestar contasdurante as mesmas, por forma a impedir a �manipulação� e o�manobrismo� que sofismam e bloqueiam a discussão dosproblemas.O PS deve considerar como primordial a defesa da democracia políticae isso significa defender o império das regras contra o arbítrio, dodever contra o oportunismo, da generosidade contra o egoísmo.

3. A soberania dos militantes

O princípio da soberania dos militantes só tem significado naseparação dos poderes: não faz sentido que o poder de julgar osactos dos militantes esteja nas mãos dos que apoiam acandidatura vencedora.

As comissões disciplinares e de jurisdição deveriam sercompostas por uma maioria dos membros que pertençam à(s)candidatura(s) que perdeu(ram) as eleições.Não faz sentido tornar o líder de uma concelhia o candidatonatural à autarquia. Deverá claramente ser feita esta distinção,por forma a tornar a comissão concelhia do Partido num órgãomobilizador e fiscalizador dos seus eleitos na autarquia.As lideranças das estruturas locais devem potenciar o prestigiodo partido e, por isso, harmonizar-se com o melhor que asociedade civil local dispõe.A escolha de candidatos à autarquia não deverá recair apenasnas comissões concelhias. Esta prática tem sido responsávelpor �jogos de influência� responsáveis pela fragilização decandidaturas e pela colocação em lugares de eleição amigos efamiliares.As comissões políticas concelhias devem ter apenas acompetência de definir o perfil dos candidatos à autarquia esugerir, aos órgãos nacionais, um determinado número decandidatos que preencham os atributos desse perfil e essesórgãos devem ter o poder de escolha final. Só assim é possívelharmonizar escolhas com estratégias nacionais.O Partido deve acabar com o princípio da quota na formação delistas, pois esta medida tem desprestigiado a dignidade da mulherna política e servido para promover o amiguismo de critério duvidoso.O poder das estruturas locais não pode recair apenas norespectivo líder, mas resultar obrigatoriamente de debatesexpressamente convocados para o efeito.As estruturas locais devem ser estruturas dinâmicas,empenhadas em causas e não meros órgãos de �jogos do poder�.

4. Modernizar as estruturas locais

O século XXI é o século da informação e do conhecimento. Nãofaz sentido que as sedes das estruturas locais estejam quasesempre fechadas ou se assemelhem aos locais de lazer daterceira-idade.O partido deve abrir-se à formação de tendências organizadas,por forma a impedir que em nome de causas proliferem gruposde interesses mesquinhos que se digladiam apenas por pedaçosde poder.É necessário dotar as sedes das estruturas locais do Partido deequipamento informático que possibilite uma rede deinformação, por forma a tornar as secções sistemas abertos,capazes de promoverem a troca de informações on-line,permitindo rápida resposta para os problemas da acção políticae da formação permanente dos militantes.Precisamos de acompanhar a nível da organização de base dopartido o melhor das novas tecnologias por forma a desenvolverno interior do Partido uma interacção comunicativa que partilheideias, ponha fim ao �curto-circuitar� de informações e sejacapaz de enriquecer a qualidade do trabalho político.

5. Conclusão

Queremos contrariar a frustração relativamente ao papel dospartidos e, para isso, queremos pôr cobro à lógica dos interessesparticulares e das ambições pessoais ilícitas.A nossa moção é determinada pela vontade livre e responsávelde contribuir para a afirmação do Partido.A nossa experiência política no Marco de Canaveses faz-nosacreditar que o PS pode ser o partido de referência para os queacreditam que só com regras e valores se pode dignificar o poderlocal e o regime democrático. É só isso que pretendemos.

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MOÇÃO DO SECRETARIADO DA COORDENADORADAS SECÇÕES DE ACÇÃO SECTORIALDO PARTIDO SOCIALISTA DA EDP

Ao longo dos últimos anos chamámos sistematicamente aatenção para erros estratégicos da EDP, quer quanto à sua políticade investimento no mercado nacional e internacional da energia,quer quanto à ligeireza da gestão interna reflectida nadesumanização das relações, na inexistência de comunicaçãointerna, na incapacidade de transmitir para o exterior o que depotencial credibilidade reside na EDP, na falta de coesão doGrupo, no insustentável desperdício de recursos humanos emateriais e na consequente queda das cotações na bolsa.Nem os órgãos do partido nem o governo socialista tiveram acortesia e a visão de reflectir sobre a pertinência e a seriedadedas nossas críticas.Infelizmente o tempo deu-nos razão. A moção que apresentámosno último congresso do PS, correspondeu à atitude limite dumaestrutura consciente, atenta e insuspeita quanto aos seusobjectivos, que não podia deixar de se fazer ouvir. Curiosamentesó a imprensa pegou no que lhe dava jeito para especular. Dopartido nem uma palavra. Chegaram-nos ecos do mal estarprovocado pela frontalidade dessa moção. No fundo, mais umavez colhemos, nesse comportamento e nesse tempo, provas deausência de democracia interna no partido.É preciso, pelo menos, aprender com os erros do passado.Retomar a referência de valores que com a equipa de FerroRodrigues será certamente recuperada como indiciam asposições de princípio já assumidas.Impõe-se uma reflexão profunda e realista sobre a dinâmica dedesenvolvimento do tecido interno da economia e da sociedadeportuguesa, na perspectiva da sua inserção no espaço da políticainternacional recheada de injustiças, incoerências emediocridade ética.O partido tem que se preparar para voltar a ser governo. Temque envolver os militantes e motivar o apoio dos portugueses.A revolução da informação que se sucedeu à revolução industrialjá é passado. Entrámos numa nova época em que a revolução sefaz de terrorismo.Este é o grande problema de fundo que dirigimos a este

congresso. Porque consideramos que este tema é, nestemomento, o vértice de referência da análise e da acção política.Chegámos a estados de rotura global em que à cosmética do fazde conta e da hipocrisia política acresce a marca das cicatrizesda violência, da crueldade e do exercício despótico do poder.Já não faz sentido insistir na ideia de que a população do planetase divide em bons e em maus.Reflectir sobre as causas do terrorismo é um imperativo dedesmistificação da política internacional. É deplorável oterrorismo em disseminação pelos territórios daqueles que searrogam o direito de protagonizar o papel dos bons.É deplorável que os �bons� reajam com acções de redobradoterrorismo.Os empórios do negócio das armas, do petróleo e da droga.O abandono das populações africanas à matança pela fome epela doença.A manipulação política da América do Sul.A extensão da miséria nos países asiáticos e no Médio Oriente.Que relação têm estes e outras chagas da históriacontemporânea com o terrorismo internacional?Como se não bastasse este quadro planetário com horizontesimprevisíveis, abate-se sobre o nosso país o despótico terrorismopolítico do actual governo, arrogante, inspirado numa hipócritatecnocracia míope, promotor duma imagem de terra queimadarepercutida na credibilidade da economia nacional. Insensívelao princípio elementar de que as crises económicas de paísesgastadores e endividados se ultrapassam pela racionalizaçãodas despesas mas, sobretudo, pela explosão credível doinvestimento à custa do crescimento transitório da dívida pública.É neste clima de turbulência global que o PS tem que planear asua intervenção como alternativa urgente à actual governação:- Protagonizando uma oposição séria e implacável, entendível

por todos os portugueses;- Garantindo a ética e a competência dos estrategos da

economia nacional;- Na macroestrutura económica das empresas, criando cadeias

de comando centradas nos princípios da competência, dasolidariedade e da imperativa confiança política;

- Despolitizando as estruturas produtivas a favor da confiançaem gestores e técnicos competentes e da aposta na permanenterequalificação dos quadros e dos trabalhadores em geral;

- Opondo-se à crescente perda do controlo estratégicos dospólos da economia, nomeadamente no sector da energia,opondo-se à alienação da participação do estado na EDP;

- No particular da EDP, tal como noutras empresas estratégicas,restruturando em profundidade toda a metodologia da suagestão interna, abandonando configurações organizativas eprocessuais obsoletas e castradoras das iniciativas de mudançae inovação;

- Criando sistemas de auditoria e validação dos objectivoseconómicos e sociais das empresas;

- Elevando as responsabilidades recíprocas da concertaçãosocial;

- No partido, agilizando a auscultação democrática dosmilitantes; estabelecendo canais de ligação entre as secçõesde acção sectorial e as áreas económicas e sociais do partidoe do governo;

- instituindo grupos de estudos por áreas sectoriais deactividade.

Uma última palavra para este Congresso, marco da renovaçãodemocrática do partido:- Apoiamos em toda a linha a figura do nosso Secretário Geral

Ferro Rodrigues, afirmando a nossa confiança nas suasconvicções, na sua imaculada honestidade e na sua totalentrega ao trabalho de luta por uma sociedade justa, solidáriae generosa;

- Votos de sucesso para o próximo governo do primeiro ministroFerro Rodrigues.

VIVA O PARTIDO SOCIALISTA!VIVA PORTUGAL!

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MOÇÃO DE ACÇÃO SECTORIAL DA SECÇÃO DE EDUCAÇÃO DA FEDERAÇÃO DE COIMBRA DO PS

EM DEFESA DO ENSINO PÚBLICOPrimeiro subscritor

FERNANDA CAMPOS

A escola pública vive momentos particularmente difíceis. Acusadade não responder aos desafios que a sociedade coloca, de serincapaz de transmitir códigos de conduta aos alunos que afrequentam, de perpetuar metodologias de ensino e pedagogiasdesajustadas, de nem sequer ser capaz de dotar os jovens decompetências básicas no domínio do Português e da Matemática,a escola continua a não ser capaz de �se encontrar�. A sociedadeem constante mudança perturbou a sua escola, fê-la perder orumo e obrigou-a a duvidar de si própria.No entanto, a escola pública é cada vez mais necessária. Opapel estratégico do ensino público na construção de umasociedade que contrarie firmemente os efeitos predatórios damercantilização do homem é tanto mais determinante, quantomais voraz é o apetite dos arautos do ultraliberalismo. Reduzema educação a uma mercadoria, como qualquer produto deconsumo imediato. O que interessa é que se venda bem edepressa. Criam-se modelos de ensino para um consumidor-padrão e colocam-se à disposição do interessado na prateleirado supermercado ou no ecrã de televisão. O fundamental é queo indivíduo seja produtor e consumidor e que esqueça, tantoquanto possível, a sua matriz de homem político.À crescente corrida ao diploma e à aquisição de um cada vezmaior grau de escolarização se têm juntado vozes que, de formaorquestrada, cerram fileiras no combate ao ensino público, emnome de um direito incontestável: a liberdade de escolha. Sóque, essas vozes também propugnam, de forma mais ou menosvelada, por benesses e financiamentos públicos, geridos porempresas privadas vocacionadas para a prestação de serviçoseducativos, seja o cumprimento da escolaridade, seja o reforçodas habilitações académicas.O cheque-ensino, os contratos, ou os subsídios directos são asmodalidades mais frequentes de desvio dos recursos públicospara uma área de comércio com preocupações lucrativistasque afunilam a dimensão instrutiva, formadora e correctorade desigualdades da educação. O Estado pode e deve apoiartodas as iniciativas privadas, visem elas a educação ou outrodomínio de interesse público. Não se questiona o apoio ainiciativas pioneiras, inovadoras, ou que suprem carências doensino público. Deve questionar-se o desvio de meios e derecursos, sempre que se traduzam numa incapacidade doEstado para assegurar os seus deveres de motor de um sistemaeducativo de espectro largo, orientado para o desenvolvimento

de mecanismos correctores e inibidores de injustiças e demarginalidade.Quanto mais crescente for o ataque a tudo o que é público e oEstado se for atrofiando e demitindo do seu dever de oferecer atodos os cidadãos o direito à educação e à formação, tantomaiores são os riscos da emergência de uma sociedade a duasvelocidades e mais enfraquecida ficará a democracia, com aeclosão de conflitos, de violência e de bolsas de exclusão. Odesenvolvimento humano, ou é global, solidariamente vivido eemancipatório, ou, sendo apenas direito de alguns, acarretarádesequilíbrios profundos, acentuará as desigualdades sociais,a barbárie e o sofrimento.O direito à educação pública é condição essencial desobrevivência num contexto mundial marcado pelodesenvolvimento técnico, tecnológico e científico cada vez maisacelerado, pela circulação, sem fronteiras, da informação. Amundialização coloca novas exigências, quer no domínio dosaber, quer das competências e capacidades dos indivíduos edos estados. A qualificação das pessoas constitui um elementode capacidade concorrencial de um país, garante a vitalidade dacultura nacional, facilita a mobilidade dos cidadãos, contribuipara uma maior compreensão dos outros. Os bens e os recursosoriginados pela sociedade da informação, se não forem geridoscom equidade, são factores de novas exclusões.A educação é um processo de humanização ancorado na aquisiçãode saberes e competências, na integração das novas gerações,na defesa e robustez da identidade cultural dos povos. Por isso,não pode deixar de constituir uma responsabilidade do Estado,do poder democrático, enquanto expressão política do bemcomum.Quando se coloca a educação ao nível de qualquer serviçopúblico, legitima-se a posição que a reduz a um serviço que podeser prestado, indiferentemente, por entidades públicas ouprivadas. Afirmar que a escola é um serviço público é colocá-lana órbita mercantil, ao mesmo nível de qualquer fornecedor deprodutos.As contradições e fragilidades que abalam a família, a justiça,as relações intergeracionais e a Igreja, núcleos de referênciapara a socialização das crianças e dos jovens, vêm colocando àEscola novas exigências e novos desafios . À Escola já não cabeapenas o papel de transmitir saber. Cada vez mais se lhe exigeque prepare os jovens para a vida; que seja um espaço de

trabalho e de aprendizagem da cidadania, um lugar de vivênciademocrática, onde cada um possa desenvolver-se e afirmar asua individualidade, no respeito por regras de civismo e detolerância; que dialogue com outras fontes de acesso ao saber eà informação, com outros tipos de organização do estudo e dotrabalho; que satisfaça as aspirações das famílias e dos jovensque nela confiam e se erga como uma âncora segura no turbilhãodo efémero presente.O Estado está obrigado, pela Constituição de RepúblicaPortuguesa, a oferecer a todos os cidadãos uma escola dequalidade, com profissionais competentes e condições de ensinodignas, que garanta a equidade, o direito à diferença e fomentea coesão social, contra qualquer tipo de discriminação ou desegregação. Os gastos com a educação não podem, portanto,submeter-se a imperativos de deve e haver, nem a obscurosinteresses lucrativistas.. Impõe-se que, num país com fracosrecursos, se invista precisamente nas pessoas, nas suascapacidades, na sua criatividade e na sua máxima preparação,para poderem protagonizar o progresso.O Partido Socialista tem inscrito na sua matriz identitária oimperativo inalienável de lutar por uma sociedade cada vez maisjusta e solidária. Enquanto esteve no Governo, deixou marcosimportantes no sistema de ensino e da investigação que agoracorrem o risco de desaparecer, submergidos pela visão estreitae medíocre do actual poder.A debilidade da escola pública será um sinal de fragilidade danossa democracia. Se deixarmos a educação entregue às mãosdo mercado, comprometeremos seguramente o futuro, um futuroque só pode acontecer, se for humanista, solidário e inclusivo.

Como eixos centrais da nossa atitude de resistência e combate,propomos:

a) A responsabilização plena do Estado pela qualificação edesenvolvimento do ensino público.

b) A valorização da profissão docente, nomeadamente poruma profunda remodelação do sistema de formação deprofessores.

c) A atribuição às tecnologias da informação um carácterintegrador de todos os jovens na modernidade comoelemento central para a aquisição de uma maturidadecrítica.

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MOÇÃO SECTORIAL

JUVENTUDE E INTERVENÇÃO AUTÁRQUICAPrimeiro subscritor

JOSÉ GAMA

1.Como cidadãos empenhados na intervenção cívica e políticadeverão os militantes socialistas envolver-se, também, nareflexão sobre os problemas da sua cidade e respectivo territóriopois é a esse nível que se afirma cada vez mais a primeirainstância do poder político na gestão da coisa pública pela suaproximidade com as populações e os seus problemas.Como profissionais inseridos no mundo do trabalho não podem,os mesmos militantes, ficar indiferentes aos novos problemasque a evolução da sociedade vai originando, em especial aquelesque dizem respeito ao modo como a comunidade próxima e asrespectivas instituições se organizam para promover uma vidasaudável e uma educação harmoniosa para os seus habitantes,em todas as suas dimensões.Os socialistas deverão dar atenção aos actuais problemas queafectam, em primeiro lugar, os adolescentes e os jovens e queoriginam graves perturbações no seu desenvolvimentoeducacional, na sua saúde e na sua integração social.A pressão que sobre eles se exerce com vista ao consumo é cadavez maior; a este nível destacam-se os procedimentos mais oumenos clandestinos que conduzem ao consumo de substânciasilícitas geradoras de hábitos de dependência e que estão naorigem do insucesso escolar, da marginalidade ou de doençascausadoras de situações irreversíveis quanto à respectivarecuperação.Na nossa sociedade vão perdendo valor a cultura e os hábitosque valorizem a prática do desporto e da educação física.O sistema educativo português está longe de promover uma realdemocratização da educação artística que valorize a formaçãoestética dos cidadãos de modo a tornarem-se, eles próprios,agentes motivados, criativos e autónomos quer na fruição dosbens culturais quer na sua criação.Por outro lado, a uniformização do percurso escolar, tal comoestá, não apresenta vias diversificadas e alternativas com vistaao sucesso escolar e educativo para todos.São cada vez mais preocupantes os sinais de interiorização daideia de que o êxito é algo que se atinge facilmente, semdespender esforço � cultura reforçada pela influência deprogramas televisivos -, ou então algo que se alcança usando opoder do dinheiro em detrimento do valor pessoal.Os socialistas não podem aceitar a possível e perigosaacomodação à ideia de que as coisas �são como são�, são comoestão a acontecer, como se certos �males� do nosso tempofossem simplesmente acontecimentos de uma tragédia a queestamos condenados.

2.Estamos conscientes de que a solução para muitos destesproblemas necessita medidas de âmbito nacional, como, porexemplo, uma consistente revisão do percurso escolar para os

jovens, que o Partido Socialista já vinha programando quandoera governo.No entanto queremos que o nosso partido aprofunde adiscussão interna para avaliar a possibilidade de, no futuroe cada vez mais, os programas do partido, nas eleiçõesautárquicas, virem a contemplar a resposta a estes problemas.A participação das autarquias na sua resolução é importante e épossível.Os projectos políticos autárquicos têm posto em evidência asgrandes obras que faltam e cuja implementação se torna visívela curto prazo. Têm, ainda, sido marcados por uma competiçãodesmedida entre vilas e cidades. Se as grandes obras sãonecessárias e a competição é um factor positivo há que ter emconta que o progresso e o bem-estar para todos não se conseguesó com aquelas e que a competição sem objectivos devidamentesustentados pode viciar o necessário olhar interno de cadaautarquia para as suas reais necessidades.Será necessário atender às carências e lacunas que existemnas vilas e cidades no que diz respeito às condições de vida, nãosó as que se referem às condições materiais ou físicas mastambém às que dizem respeito à vida do ponto de vista cívico ecultural, e à satisfatória integração social de cada cidadão. Aideia de uma cidade para as pessoas é urgente; será útil umaideia cultural para a cidade partindo, desde logo, de um bomaproveitamento dos seus recursos.

3.Do que se refere antes e tendo em conta, em especial, osproblemas e riscos que os adolescentes enfrentam,evidenciamos como princípios a ter em conta na acção política:

3.1- A importância de uma mudança significativa quanto ànatureza dos projectos de intervenção autárquica.Uma prática que dá prioridade aos projectos e aos programassem objectivos duradouros deverá ser substituída por outraque pense programas a longo prazo, devidamentesustentados; que organize os espaços da cidade e mobilizeos seus recursos para o desenvolvimento de projectos quenão tenham em vista apenas este ou mais outro mandato.Assistimos, todos os anos, à programação de festivais demúsica e outras iniciativas que, em determinadas épocasdo ano, tornam a cidade mais animada; pensa-se no turista,na imagem para o exterior, no estímulo ao comércio, etc.Tudo isto é salutar e importante mas será sempre umadimensão menor do nosso desenvolvimento se nãopensarmos nas formas pelas quais a cidade tem que intervir,por exemplo, na dimensão estética da formação dascrianças e dos jovens.

3.2- A necessidade de as autarquias assumirem o seu papel de

direcção e coordenação dos recursos da cidade e do concelho;dos que directamente dela dependem e dos outros queestão localizados no seu território, começando:- pela efectiva inventariação desses recursos e do estudodas suas potencialidades;- pelo estabelecimento de protocolos e parcerias pararentabilizar o seu uso;- pela criação de programas consistentes que conduzam àprática generalizada e permanente do desporto e daeducação física;- pela planificação gradual de uma rede de infra-estruturas,de âmbito municipal ou inter-municipal, que venha a ser osuporte de um projecto que possibilite a formação cultural eartística de qualidade, de forma diversificada e acessívelpara todos os cidadãos.

3.3- A necessidade de uma política de valorização e estímulo àsmelhores ideias e melhores projectos; a autarquia deveráser, pela sua proximidade, a instância do poder a dar oexemplo quanto à promoção da exigência, do rigor e daqualidade no tratamento com os seus munícipes. Deveráexistir uma cultura de divulgação e premiação das boassoluções com base em critérios transparentes edemocráticos; os clubes, as associações, as escolas, asempresas, etc., deverão reconhecer-se melhor numapolítica que promova o apoio solidário mas também o apoioao mérito.

3.4- A necessidade de apoiar os jovens, tanto nodesenvolvimento das suas iniciativas, como na promoçãode oportunidades para que outras surjam.

3.5- A necessidade de suportar programas de ocupação dostempos livres aproveitando devidamente os recursos físicosda cidade (praças, zonas verdes, rios, edifícios públicos,museus, etc.) bem como os seus técnicos e competênciashumanas.

3.6-A avaliação urgente da cultura da noite em parceria comtodos os responsáveis com vista à tomada de medidas queimpliquem a necessária aplicação da lei, a redução dosriscos de consumos de substâncias ilícitas, o bem-estar esaúde da população em geral.

3.7- O desenvolvimento de programas, em parceria com oMinistério da Educação, com vista a uma maior abertura dopercurso escolar dos jovens de modo a que o ensino e aescolaridade se constituam numa experiência com êxitopara todos.

Coimbra, Outubro de 2002

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MOÇÃO SECTORIAL

PARA QUÊ UM CONGRESSO?ZONAS DE INTERVENÇÃO PRIORITÁRIA

Primeiro subscritor

ELIANA PINTOMilitante n.º 27273; Concelhia da Pampilhosa da Serra

A vida política é feita de ciclos. De vitórias e de derrotas. Mas umpartido como o PS representa valores permanentes. Por isso éindispensável a sua vitalidade interna. E esta só é possível comdebate, com pluralismo e com confronto de ideias.Mas é preciso reconhecer que estes objectivos nem sempretêm sido cumpridos.O PS precisa de se abrir à sociedade, sem deixar de ser umpartido de militantes. Foi com militantes que elegemos MárioSoares Primeiro-Ministro de Portugal e Presidente da República.Foi com militantes que depois elegemos António Guterres eJorge Sampaio, bem como foi com militantes que por todo o paísfomos elegendo os nossos autarcas.A participação política nos dias de hoje transcende largamenteos limites da participação eleitoral. A participação política implica,cada vez mais, o envolvimento dos cidadãos na sociedade civil,construindo a democracia não só através de processos eleitorais,mas sobretudo através do exercício da sua capacidade de julgaros governantes e intervir com regularidade nos processos detomada de decisão.Temos consciência de que Portugal tem, ainda, traços marcantesde uma cultura de subordinação política. Esta nossa culturapolítica baseia-se na representação que os cidadãos mantêm deque a sua competência para influenciar e a sua capacidade realde influência no sistema político é pouco significativa oumarginal.A participação política dos portugueses acaba por se limitar àparticipação em actos eleitorais e em irrupções ocasionais pelodireito à manifestação.Porque não fazer das sedes do partido socialista, espalhadaspor todo o país, pólos de apoio ao cidadão ? Porque não fazerdas sedes do partido socialista espaços de tertúlia ondetambém os cidadãos não militantes se sintam bem a discutircultura, ciência, arte, urbanismo, desporto, ambiente,sistemas económicos, questões europeias ou quaisquer outrosassuntos ? Afinal tudo isto é política. Porque não abrirmosas portas das sedes do nosso partido aos cidadãos, dandoeco aos sinais dos tempos, às novas exigências e aos novosdesafios que a sociedade nos coloca ?Temos a responsabilidade acrescida de sermos nós a mudarmosas coisas. Somos responsáveis pela democracia participativaque temos. Sejamos capazes de continuarmos a honrar Homenscomo Antero de Quental, Salgado Zenha, Mário Soares e tantosoutros.É importante convidarmos os cidadãos a entrarem em nossacasa, dando-lhes condições para que aqui se sintam bem e paraque se sintam cada vez mais identificados connosco.É também por isso que o PS deve regressar ao velho modelo dosCongressos, onde se discutem Moções e ao mesmo tempo seelege o Secretário - Geral do partido. Congressos marcados pelodebate ideológico, onde as lógicas do aparelho e os riscos decarreirismo são reduzidos ao seu limite mínimo.Aproveitemos este nosso Congresso para mudarmos

efectivamente alguma coisa. Recusem a ideia de virem aquidiscutir nos corredores. Recusem a crítica nas mesas de café.Recusem falar o que pensam apenas entre amigos e camaradasmais próximos.O que é preciso é assumirmos tudo o que queremos e pensamosno local próprio. Aqui, neste palco e neste Congresso é omomento e o tempo certos.Não pode haver espaço para medos quando os portugueses láfora precisam do nosso partido forte, determinado, auto-confiante, solidário, democrático e com gente que transmitaconfiança.

Meu caro Eduardo Ferro Rodrigues :

Sabe que este é o momento de operarmos grandes e importantesmudanças. Este é o Congresso que deve marcar o início de umnovo ciclo. Sabe que depositamos em si toda a esperança paraque seja capaz de as operar, de as assumir e de as defendercontra todas as pressões de que acreditamos poder ser alvo eque vêm do interior do nosso partido.O PS cometeu erros quando exerceu o poder. Erros que pagámoscaro, mas que só soubemos identificar quando os portuguesestiveram de tomar uma posição de força, dando a sua confiançapolítica a outro partido. Fomos ao longo dos tempos recebendovários sinais de descontentamento da sociedade civil. Acreditoque a grande maioria daqueles que mudaram o seu sentido devoto e deram a sua confiança política a outras forças partidáriasestarão, hoje, arrependidos. O certo é que o PS não pode, emnome do país, em nome do nosso desenvolvimento, em nomede um país moderno, atractivo e socialmente mais justo deixarpassar esta oportunidade para mudar o que correu menos bemnos últimos anos, preparando-se para o novo ciclo, com novosprotagonistas, com as mensagens políticas que são as nossas eque pretendem resolver os problemas das pessoas em primeirolugar.O Ferro Rodrigues sabe que a modernidade é um combate quesem cessar recomeça, já dizia o poeta. É disso que se trata. Derecuperar a iniciativa histórica que o nosso PS sempre teve eque pessoas como o Eduardo Ferro Rodrigues, o Almeida Santos,o Alberto Martins, a Helena Roseta, o Manuel Alegre, o JorgeSampaio, o nosso Mário Soares e tantos outros sempre tiverame cedo aprenderam a valorizar.

OUTRAS FORMAS DE DESCENTRALIZAÇÃO� ZONAS DE INTERVENÇÃO PRIORITÁRIA �

Como promover o desenvolvimento das zonas mais rurais dointerior ou de quaisquer outras que apresentem sinaispreocupantes de interioridade ?Esta interrogação corresponde a uma preocupação justa e temsubjacente um modelo de desenvolvimento que tem estado nabase da comparação entre um litoral urbano, mais desenvolvido,

com muito mais condições de vida e um interior rural, muitomenos preparado, sem grandes escolhas e com um tecidoeconómico extremamente debilitado. É certo que hoje nascemnovas formas de interioridade, mesmo em zonas que se situammuito perto de alguns pólos urbanos do litoral. É um novofenómeno ao qual todos nós teremos de prestar igual atenção ecuidado.Mas, a verdade é que a análise dos diversos indicadores queilustram os índices de crescimento do país conduz a uma visãodicotómica do território nacional, onde uma faixa litoral maisdesenvolvida contrasta com um interior deprimido edesertificado.O país recusou há não muito tempo, cedendo perante argumentosfáceis e populistas, um dos caminhos para a mais imprescindíveldas reformas: a Reforma do Estado, ao ter derrotado apossibilidade de se implementarem no país as RegiõesAdministrativas.Mas o PS não pode fechar os olhos a uma dificuldade que será,porventura, a grande responsável pelo desenvolvimentoassimétrico do nosso país. Há que encontrar outras formaspara reorganizar o território nacional.Ora, o interesse por instrumentos dirigidos a determinadas áreasdo território tem vindo a acentuar-se ao nível das políticas dedesenvolvimento regional e local e este poderá ser um doscaminhos a aperfeiçoar. Digamos que se tratam de ZONAS DEINTERVENÇÃO PRIORITÁRIA que importa identificar, sobretudoem áreas municipais de menor densidade empresarial, mas quetêm potencial de crescimento. As medidas avulsas que o PS noGoverno tomou foram e ainda hoje se assumem como medidasimportantes, imprescindíveis mesmo na diminuição dasassimetrias regionais existentes.O que entendemos ser importante é criar-se o conceito de ZONADE INTERVENÇÃO PRIORITÁRIA, acompanhado por um conjuntode benefícios, medidas de discriminação positiva e prioridadesde investimento definidas, em cada ano, no Orçamento deEstado.Grandes investimentos, grandes infra-estruturas, grandesacessibilidades em ZONAS DE INTERVENÇÃO PRIORITÁRIA serãoinvestimentos que poderão beneficiar agrupamentos demunicípios que poderão fazer parte da ZONA classificada deINTERVENÇÃO PRIORITÁRIA.Ou seja: em cada ano o Governo determinará quais serão asZONAS DE INTERVENÇÃO PRIORITÁRIA, conceito imprescindívelna organização e na elaboração do respectivo Orçamento deEstado.Não nos podemos esquecer que a dinamização sócio-económicados espaços regionais menos desenvolvidos depende, em largamedida, da existência de condições que funcionem como factoresde atractividade para o investimento. É que é sabido que adebilidade do tecido sócio-económico de algumas regiões donosso país tende progressivamente a fragilizar a capacidadedessas regiões na auto promoção do seu desenvolvimento.