16

REGIS - perse.com.br · meus pais e a menina que seria meu verdadeiro amor. Precisa mais? — Não ... — Como assim? — Me surpreendi. ... — Como não acredita em nós, eu fico

  • Upload
    dinhtu

  • View
    217

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

REGIS

UM MENINO

DO PLANETA

TERRA

CELSO INNOCENTE

REGIS UM MENINO DO PLANETA TERRA ISBN 978-85-914107-6-7

1ª edição

Celso Aparecido Innocente

Rio de Janeiro - Brasil

2013

Sumário:

Prefácio: ----------------------------------------------- 7

Eu e eu: ------------------------------------------------ 9

Amigos para sempre: -------------------------------- 27

Regis e Arthur: --------------------------------------- 36

Um peixinho susteriano: ---------------------------- 46

Apresentando ao mundo: --------------------------- 62

Traição: ----------------------------------------------- 72

Quero minha família: ------------------------------- 86

Sabotagem: ------------------------------------------- 100

De volta para casa: ---------------------------------- 114

Meu primeiro amor: --------------------------------- 125

Durante a longa viagem: ---------------------------- 139

A eterna morada: ------------------------------------- 151

A cirurgia: --------------------------------------------- 166

Subcapítulo ou epílogo: ------------------------------ 174

Sobre o autor: ----------------------------------------- 181

Outros trabalhos:--------------------------------------- 183

Como se sentiria uma

criança, que depois de

viajar pelo espaço

durante muitos anos,

voltasse à Terra com

um privilégio: seu

corpo e sua fisionomia,

eternamente infantil?

Prefácio.

Regis era apenas um menino comum, pobre,

estudante, com muitos amigos, nove anos de idade e muito

feliz, mas viu seu destino transformado para sempre, ao ser

sequestrado na Terra por alienígenas humanos, idênticos a

nós, terráqueos.

Após permanecer durante oito anos em um planeta

distante, considerado imortal, estes alienígenas, não

conseguindo cativá-lo, concordaram em devolvê-lo a seu

mundo mortal.

Estando novamente em convívio com seus

familiares, o menino percebera, que embora sua idade

cronológica avançasse normalmente, seu corpo e aspecto

físico, permanecia o mesmo de quando deixara a Terra e

agora, ele teria que conquistar e conviver com novos

amigos.

O tempo passou e Regis já completava trinta e oito

anos de idade; estudou, se formou e alem de acompanhar

com certo receio, o envelhecimento natural de seus pais,

irmãos e amigos, tinha dificuldades para exercer a profissão

que optara, devido seu aspecto de criança.

Nesta época, ele recebera uma inesperada visita, com

intuito de lhe convidar a um rápido passeio, através do

mundo das estrelas, pelo perigoso caminho do infinito

espaço sideral.

Regis se negara a aceitar tal convite, fazendo seus

visitantes almejarem permanecer na Terra, alterando assim,

mais uma vez o destino de ambos, pois, por mais que

queiram permanecer em segredo, órgãos governamentais de

proteção ao nosso planeta, não aceitarão este convívio. Por

outro lado, se ele sair da Terra, com tais visitantes, seu

destino, já transformado, poderá ter novas consequências,

ainda mais drásticas.

O que será novamente do menino Regis? Uma

criança condenada pela alteração dramática de seu destino,

mas que deveria se considerar privilegiada, por desfrutar de

uma infância saudável e eterna na Terra... Ou no cosmos.

O autor,

Número 1085 da Rua Nely Jorge Colnaghi, Vila Santa

Cecília, em Penápolis, São Paulo, Sudeste do Brasil, América

do Sul, Terra, Sistema Solar, Constelação de Plêiades, Via

Láctea, Universo. Agosto -2013

Como este é o quarto volume da série “Regis”, é

recomendado que se leia primeiro:

Regis um menino no espaço.

Um menino no espaço, 2ª parte.

O retorno do menino do espaço.

9

Eu e eu.

Devido ter permanecido durante muitos anos

sequestrado, vivendo em Suster, outro planeta da Via

Láctea, porém fora do sistema solar, eu, agora, de volta à

Terra; embora culto, formado em medicina pediátrica, tinha

a aparência física e atitudes, de um menininho de apenas

nove anos de idade.

Devido sempre ter o dia lotado com atividades, de

certa forma profissionais e depois, brincadeiras com outros

meninos de minha faixa etária “aparente”, adquiri um

costume em dormir muito cedo; portanto, às nove horas da

noite, resolvi deitar um pouco, antes de seguir para a festa

de debutantes de Letícia, a filha de Elizabeth. Festa esta, que

com certeza, duraria a noite toda.

Dez minutos depois, já estava cochilando, quando

alguém bateu na porta e mamãe a abriu:

— Regis! — Disse ela surpresa. — Pensei que já

estivesse na cama!

O que será que meu sobrinho viera fazer em casa

àquela hora! Pensei. Ele, que ganhara meu nome de seu pai

Paulinho, em minha homenagem, realmente, por morar

próximo, vinha constantemente, mas sempre de dia. A não

ser que ele fosse à festa de Letícia comigo! Não tinha me

dito nada, mas ele também contava seus quinze anos de

idade e também fôra1 convidado.

1Na Língua Portuguesa não se acentua o verbo ir no singular do Pretérito

Mais-Que-Perfeito, mas para que não seja confundida com o advérbio ou

preposição fóra, que também não é acentuada, neste livro, preferi adotar

o tal acento circunflexo em fora.

Celso Innocente

10

— Onde arranjou esta roupa? — Insistiu mamãe.

E por que será que ele permanecia quieto? Ele

sempre foi um menino hiperativo e falava mais... do que

como dizem, o homem da cobra.

Levantei-me, indo de encontro a ele e mamãe, tendo

uma grande surpresa e calafrio ao mesmo tempo. Na porta

de entrada de casa, parado em silêncio e apesar do calor que

se faz no mês de março, trajando blusa amarela e preta,

calça jeans, tênis branco e azul de marca desconhecida, um

relógio dourado no pulso direito, estava eu... Mas como eu?

Acho que já teria dormido e estava sonhando...

Aproximei-me devagar e mamãe se apavorou, ao

perceber que estava diante de dois Regis, idênticos.

— Você veio ficar conosco? — Perguntei-lhe

segurando sua mão.

— Não! — Negou o outro Regis.

— Então!?... O que está fazendo aqui?

— Vim apenas fazer-lhe uma visita!

Não era possível. Regis, com aquela aparência de

menininho de nove anos de idade, assim como eu, era nada

mais, do que um clone de meu DNA, criado no planeta

Suster, para que aquele povo pudesse se sentir feliz

novamente, ao lado de um rostinho infantil. Estávamos no

ano de dois mil e nove aqui na Terra e eu, apesar de meu

jeitinho criancinha, estava então com meus trinta e oito anos

de idade, se fossemos medir por uma pessoa da Terra. Mas

eu, embora soubesse de sua existência, não conhecia este

outro menininho idêntico a mim, com mesmo rosto,

tamanho, corpo, fisionomia e jeito criança mimada.

Regis um menino do planeta Terra

11

— Por que essa tal visita, se você nem mesmo me

conhece? — Insinuei duvidoso.

— Por isso mesmo! — O alegou, rindo. — Durante

muitos anos, sempre quis vir até aqui, mas o senhor Frene

nunca permitiu.

— Vieste sozinho? — Perguntou-lhe mamãe.

— Não! Um amigo me trouxe!

Naquele instante, na entrada da porta, surgiu Erick,

meu amigo terráqueo, que estava em Suster a mais de vinte

anos e embora, também já estivesse com seus quase

quarenta anos de idade, aparentava um jovenzinho de

dezessete, ou seja: com a mesma aparência de quando

deixou nosso mundo, em troca de viver em um local a

oitenta e sete anos luz, considerado planeta imortal,

dominado por uma raça humana, mais avançada do que o

nosso povo da Terra.

— Erick! — Gritei admirado, abraçando-o. — Você

não mudou nada! Continua uma criança!

— Você continua uma criança! — Ironizou ele. — Eu

já passei dessa fase.

— O que vieram fazer aqui? — Questionei-lhes

duvidoso.

— Apenas matar minha saudade e curiosidade de

seu irmão gêmeo.

— Onde está a aeronave?

— Escondida da curiosidade humana! — Riu Erick.

— Onde?

— Não está na Terra! — Negou meu sósia.

— Onde puseram?

Celso Innocente

12

— A algumas dezenas de quilômetros no espaço. —

Explicou Erick, fazendo gesto. — Acima da mesosfera.

— Como vocês a puseram lá?

— Passe de mágica! — Ironizou meu sósia, fazendo

gestos com as mãos e boca.

— Quem está com vocês? — Insisti preocupado.

— Desconhece os poderes de meu planeta? —

Persistiu Regis de Suster.

— Não vieram buscar meu Regis! — Se preocupou

mamãe. — Vieram?

— Não! — Negou Erick. — Garanto pra senhora!

— Se a nave está escondida no espaço, alguém está lá

com ela. — Insisti. — O que querem de mim?

— Vamos visitar a nave! — Convidou-me Regis.

— Eu só pareço uma criança! — Ironizei. — Não sou

tão ingênuo.

— Como assim? — Se preocupou ele.

— O senhor Frene, lhes mandou pra me buscar!

— Que isso Regis! — Riu meu sósia. — O senhor

Frene não precisa mais de você!

— Ele não me ama?

— Um pai jamais deixa de amar a um filho! —

Ironizou Regis de Suster. — Você continua sendo amado e

especial à ele e a todos os susterianos, mas quanto a leva-lo

de volta, só se você assim o preferir.

— Ele não vai! — Negou mamãe, assustada.

— Jamais! — Insinuei convicto. — Já perdi muito de

minha vida com esta história.

— Perdeu? — Ironizou o outro menino. — Não vejo

o que! Deves ser feliz igual a mim!

Regis um menino do planeta Terra

13

— Perdi a infância de meus irmãos, a juventude de

meus pais e a menina que seria meu verdadeiro amor.

Precisa mais?

— Não acha que ganhou uma vida eternamente

jovem? — Riu Regis de Suster.

— Não! — Neguei. — Ganhei uma vida cruelmente

criança! Parece excelente e seria, se comigo, as pessoas à

minha volta também tivessem ganhado. Estou condenado a

assistir meus pais, irmãos e amigos a envelhecerem

cruelmente e pior ainda: sei que os assistirei a morrerem,

enquanto permanecerei por aqui, desamparado. Sabia que

sou formado em medicina, com especialização em pediatria

e infelizmente não posso exercer tal atividade, por ter um

rostinho infantil?

— Não te deixam trabalhar, Regis? — Questionou-

me Erick.

— Você deixaria um bebê sob a responsabilidade de

outro, pouco mais do que um bebê?

— Quer ir conosco, a um passeio em Suster? —

Especulou-me Erick.

— Nada disso! — Neguei. — Sabia que isto era arte

do senhor Frene!.

— Não é! — Negou Erick. — Pode acreditar! Ele

simplesmente nos permitiu que viéssemos lhe fazer uma

visita e lhe mandou um grande abraço e mandou dizer que

ainda o ama muito. Mas você não é mais necessário em

nosso mundo. Você sabe disso.

— Realmente! Concordo que meu irmão sósia me

substituiu. Os bilhões de pais que você tem por lá, lhe veem

às vezes?

Celso Innocente

14

— Não sou único em meu mundo, Regis! — Negou

meu sósia sério.

— Como assim? — Me surpreendi.

— Existe pelo menos um de nós, em cada cidade de

Suster!

— Como assim?

— Eu fui criado a partir de seu de-ene-a (DNA). A

partir de então, clonar outros idênticos, foi apenas uma

questão de dias.

— Como pode? — Me preocupei. — Suster tem mais

de nove mil cidades! Seriam mais de nove mil iguais a nós

dois!

— Cidades grandes como Malderran, Orington,

Merlin e outras tantas, têm pelo menos dez, iguais a nós

dois!

— Não é possível! — Me entristeci. — O senhor

Frene está ficando louco! Isso vai contra os princípios de

Deus!

— Ele está brincando de ser Deus! — Riu Erick.

— Há muitos anos que não é feito mais clonagens! —

Negou meu sósia.

— Acho que viramos bonecos em Suster! — Ri meio

que sem graça. — O que você sente, estando com outros

idênticos a você?

— Quase nunca tenho contato com nenhum deles! —

Negou o outro menino. — Vamos visitar nossa nave!

Garanto-lhe que não sairemos da Terra!

— É melhor vocês ficarem por aqui! — Insistiu

mamãe, se retirando da sala.

Regis um menino do planeta Terra

15

— Tenho uma festa de aniversário pra daqui à

pouco. — Adverti-os.

— Mas você não poderá ir! — Riu o outro Regis.

— Por quê?

— Somos sua visita! Seria falta de educação, nos

deixar sozinhos!

— Levo vocês comigo! — Fiz gesto com os braços.

— Vamos visitar a nave?

— Já lhe disse que não sou ingênuo! — Duvidei de

sua intenção.

— Como não acredita em nós, eu fico aqui enquanto

vocês dois visitam à nave. — Se prontificou Erick.

— Não sou burro Erick! — Neguei. — Você fica aqui

e eu vou parar nas garras do senhor Frene!

— Vê lá! — Negou o rapazinho, fazendo careta. —

Eu é que não quero ficar na Terra! Não tenho ninguém aqui!

Sendo assim, saí para o fundo do quintal,

acompanhando os dois visitantes do espaço. Em alguns

segundos a grande nave dourada e preta, toda iluminada

externamente, embora com luzes em azul e vermelho,

fracas, se aproximou no espaço, levitando a pouco menos de

dois metros do solo e então, como chumbo derretido, surgiu

certa ranhura na sua parte inferior, caindo até a trinta

centímetros do chão, uma escada com cinco degraus, em cor

de níquel. Meu sósia, fazendo-me gestos, entrou em seu

interior e eu o acompanhei, enquanto Erick, tirou seu

aparelhinho tradutor, o qual servia para a comunicação

entre nossos dois idiomas tão complicados e me entregou,

enquanto permanecia no chão.

— Pra quê? — Perguntei-lhe com dúvidas.

Celso Innocente

16

— Vai que você resolva falar com o senhor Frene!

Realmente muito bem lembrado. Sem aquele

acessório seria impossível compreender a linguagem

susteriana, apesar de que o senhor Frene, teria aprendido

meu idioma terráqueo, enquanto estudou comigo, meus

primeiros anos da escola fundamental.

Segui meu sósia até a porta transparente da cabine,

que se abriu sozinha e lá, observando os painéis de controle

daquela gigantesca nave, estava Luecy, o robô susteriano,

fabricado há quase trinta anos, em formato quase humano,

com nome de batismo: Mark III e rebatizado depois por

mim.

Quando ele percebeu nossa presença, se virou

rapidamente e insinuou com tom de sarcasmo:

— Garoto Regis da Terra! Viemos lhe buscar para

nadar peladão ao lado de Leandra!

— Quê!? — Me espantei.

— Vim lhe buscar, para pagar a aposta perdida a

quase trinta e dois anos, no passado!

— Que aposta? — Continuei perdido.

— Quem lhe trouxe de Suster naquela data? —

Ironizou o robô.

— Viemos nesta mesma nave! — Respondi.

— Onde estava o comando computadorizado da

nave?

Só então me lembrei: Para que eu não tentasse fuga

do planeta do senhor Frene, ele teria tirado o comando que

controla a nave, tornando assim, impossível uma fuga

minha. Na época, acabei fazendo uma aposta com Luecy: