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www.registo.com.pt SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 02 de Fevereiro de 2015| ed. 258 | 0.50 O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14 Horta das Figueiras | 7005-320 Évora 266771284 03 Chef de topo da cozinha mundial visita lagares do Alentejo Chef de topo da cozinha mundial visita lagares do Alentejo Centro UNESCO Património Mundial de Évora PÁG.05 A sede do Grupo Pró-Évora acolheu no dia 23 de Janeiro, a assina- tura do Protocolo de Cooperação para a criação do Centro UNESCO Património Mundial de Évora, documento que foi subscrito pela Comissão Nacional da UNESCO em conjunto com as várias en- tidades sediadas em Évora, que contem- plam na sua missão, a diversos níveis de intervenção, a defesa do património classificado. Cáritas defende Plano Estratégico contra pobreza PÁG.04 O presidente da Cáritas Portu- guesa, Eugénio Fonseca, defendeu neste sábado a necessidade de um plano estra- tégico de luta contra a pobreza no país. “É urgente fazer-se alguma coisa e não é com medidas paliativas. É urgente um plano estratégico de luta contra a pobre- za em Portugal que não pode estar só na praça de Londres [sede do ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança So- cial].” Festival Entrudanças PÁG.15 Entre 13 e 15 de Fevereiro de 2015, a Associação PédeXumbo, em par- ceria com a Câmara Municipal de Castro Verde e a Junta de Freguesia de Entradas, volta a organizar o Entrudanças – o fes- tival de Inverno que celebra o Entrudo, as tradições locais, a música e a dança em Entradas, vila do concelho de Castro Ver- de, no Baixo Alentejo. Este ano, o Entrudanças tem o tema “Ge- rações”. Apresentado Circuito Ibérico de Artes Cénicas PÁG.06 Nove estruturas de criação ar- tística de Portugal e Espanha anuncia- ram a criação de um Circuito Ibérico de Artes Cénicas, apresentando na mesma altura o calendário de 32 espetáculos em circulação, para 2015. A peça Camino del Paraíso, da companhia Guirigai marcou o arranque deste circuito, no Teatro Gar- cia de Resende em Évora e é formado por estruturas de criação artística de serviço público. D.R. PUB

Registo ed.258

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Edição 258 do Semanário Registo

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Page 1: Registo ed.258

www.registo.com.pt

SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 02 de Fevereiro de 2015| ed. 258 | 0.50€

O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14Horta das Figueiras | 7005-320 Évora

266771284

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Chef de topo da cozinha mundial visita lagares do AlentejoChef de topo da cozinha mundial visita lagares do Alentejo

Centro UNESCO Património Mundial de ÉvoraPÁG.05 A sede do Grupo Pró-Évora acolheu no dia 23 de Janeiro, a assina-tura do Protocolo de Cooperação para a criação do Centro UNESCO Património Mundial de Évora, documento que foi subscrito pela Comissão Nacional da UNESCO em conjunto com as várias en-tidades sediadas em Évora, que contem-plam na sua missão, a diversos níveis de intervenção, a defesa do património classificado.

Cáritas defende Plano Estratégico contra pobrezaPÁG.04 O presidente da Cáritas Portu-guesa, Eugénio Fonseca, defendeu neste sábado a necessidade de um plano estra-tégico de luta contra a pobreza no país. “É urgente fazer-se alguma coisa e não é com medidas paliativas. É urgente um plano estratégico de luta contra a pobre-za em Portugal que não pode estar só na praça de Londres [sede do ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança So-cial].”

Festival EntrudançasPÁG.15 Entre 13 e 15 de Fevereiro de 2015, a Associação PédeXumbo, em par-ceria com a Câmara Municipal de Castro Verde e a Junta de Freguesia de Entradas, volta a organizar o Entrudanças – o fes-tival de Inverno que celebra o Entrudo, as tradições locais, a música e a dança em Entradas, vila do concelho de Castro Ver-de, no Baixo Alentejo. Este ano, o Entrudanças tem o tema “Ge-rações”.

Apresentado Circuito Ibérico de Artes CénicasPÁG.06 Nove estruturas de criação ar-tística de Portugal e Espanha anuncia-ram a criação de um Circuito Ibérico de Artes Cénicas, apresentando na mesma altura o calendário de 32 espetáculos em circulação, para 2015. A peça Camino del Paraíso, da companhia Guirigai marcou o arranque deste circuito, no Teatro Gar-cia de Resende em Évora e é formado por estruturas de criação artística de serviço público.

D.R

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2 02 Fevereiro ‘15

Director Nuno Pitti Ferreira ([email protected])

Propriedade

PUBLICREATIVE - Associação para a Promoção e Desenvolvimento Cultural; Contribuinte 509759815 Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora - Tel: 266 750 140 Direcção Silvino Alhinho; Joaquim Simões; Nuno Pitti Ferreira; Departamento

Comercial [email protected] Redacção Pedro Galego, Rute Marques Fotografia Luís Pardal (editor), Rute Bandeira Paginação Arte&Design Luis Franjoso Cartoonista Pedro Henriques ([email protected]); Colaboradores

António Serrano; Miguel Sampaio; Luís Pedro Dargent: Carlos Sezões; António Costa da Silva; Marcelo Nuno Pereira; Eduardo Luciano; José Filipe Rodrigues; José Rodrigues dos Santos; José Russo; Figueira Cid Impressão Funchalense – Empresa

Gráfica S.A. | www.funchalense.pt | Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº 50 - Morelena | 2715-029 Pêro Pinheiro – Portugal | Telfs. +351 219 677 450 | Fax +351 219 677 459 Tiragem 10.000 ex Distribuição Nacional Periodicidade Mensal

Nº.Depósito Legal 291523/09 Distribuição PUBLICREATIVE

Ficha TécnicaSEMANÁRIO

A Abrir

O acesso e a posse da água é questão cen-tral das sociedades humanas. Uma matéria decisiva para Portugal e para o Alentejo. Factualmente, há 2 opções de gestão:

1. Ou, um sistema público que assuma a água como um bem público único, a água como um direito humano;2. Ou, um sistema privado que usa a água como negócio e a que só tem acesso quem tem dinheiro.

A CDU (PCP/PEV) é a única das grandes forças políticas que, com clareza, defende a água como um bem público indispensá-vel à vida e que não pode ser transformada numa mercadoria para lucro de alguns em detrimento da maioria dos cidadãos.

PSD, CDS e sectores do PS querem criar o mercado da água, fazer negócio com a água, privatizar os sistemas de abasteci-mento e tratamento de água. Começaram por alterar a Constituição e a Lei de Deli-mitação dos Sectores: o sector das águas, antes exclusivamente público, pode ser privatizado, isto é, apropriado por alguns para negócio e lucro. Vários Governos têm usado a “Águas de Portugal”, grupo em-presarial do Estado, para:

• 1ª fase: abocanhar os sistemas públicos de água (em alta) aos Municípios com a conivência de Vereações PS e/ou PSD;• 2ª fase, em curso: agregar sistemas

Água Pública Serve Todos | Água Privada É Negócio de Alguns

CARLOS PINTO DE SÁEconomista

multimunicipais, liquidar a autonomia municipal atribuindo as suas competên-cias a uma entidade não eleita, a ER-SAR, e aumentar exponencialmente as tarifas;• 3ª fase: “engordado” o dito, verticali-zar o sistema (isto é, retirar o que resta – a distribuição – às Câmaras) e privatizar as “Águas de Portugal”.

Daí a importância da diferença fundamen-tal entre:

1. O sistema/empresa pública intermu-nicipal ou a Parceria Pública Estado / Municípios, no Alentejo que não pode ser privatizado e onde os Municípios de-têm a gestão estratégica, decidem onde e quando investir numa lógica de neces-sidades das populações, decidem quais as tarifas a aplicar segundo critérios sociais e, se houver lucros, são reinves-tidos para baixar tarifas ou melhorar o sistema e,2. O sistema/empresa multimunicipal que o Governo pode decidir privatizar quando entender e onde quem manda é a “Águas de Portugal” e não os Municí-pios, em que os investimentos são feitos apenas onde dão lucro, em que os lucros são divididos apenas pelos donos da em-presa.

Por isso, e impedida a criação do sistema

sobretudo para os que têm menores ren-dimentos. É mau para quem quer fazer da água, negócio. Claro que para PSD, CDS e alguns sectores do PS aquele sistema não presta e o bom é o sistema multimunicipal onde a água vai ser privatizada!

Em defesa da água pública, em defesa das populações e do Alentejo urge:

• Combater e romper, sem posições dú-bias, o processo de privatização da água;• Recusar a integração no sistema mega-lómano de Lisboa e Vale do Tejo e de-sencadear todas as acções para impedir tal atentado;• Ampliar um sistema público regional, baseado na primazia dos Municípios que recuse a privatização, como é a Parce-ria Pública Estado / Autarquias que já existe em 21 Câmaras do Alentejo e que pode ser melhorado e fortalecido;• Lutar pela autonomia do Poder Local contra a tentativa, em curso, de obrigar a brutais aumentos tarifários e outras imposições pela ERSAR, entidade não eleita a quem o Governo atribuiu pode-res tutelares

A luta pela água pública está na ordem do dia. E justifica um amplo movimento po-pular que recuse a água como negócio e defenda a água como um direito humano!

“Um apaziguador é alguém que vai alimen-tando um crocodilo na esperança de ser o úl-timo a ser devorado.”Winston Churchill

Os recentes ataques terroristas em Paris e as operações policiais na Bélgica acordaram a Europa para a ameaça dos fundamentalismos. Em bom rigor, nunca devia ter adormecido. Num passado bem recente, Nova Iorque em 2001, Madrid em 2004 e Londres em 2005, mostraram que não existem países a salvo dos fanatismos de alguns que, em nome da religião, matam indiscriminadamente civis e militares, novos e velhos.

A questão do terrorismo tem, pelo menos, décadas de debate acerca das suas causas, factores de difusão e terapêuticas. É comple-xa no sentido em que as variáveis geradoras são diversas e pouco controláveis pelos po-deres políticos. Nos seus “países de incuba-ção”, têm raízes ideológicas e culturais muito específicas, alimentadas por sociedades civis amorfas, economias incipientes e sistemas políticos que, em termos de eficácia e demo-craticidade, deixam muito a desejar.

Não sou, evidentemente, uma autoridade

Democracias versus fundamentalismos CARLOS SEZÕESGestor

na matéria. Mas, como cidadão atento à po-lítica internacional e interessado em história contemporânea, tenho algumas convicções que aqui partilho. A primeira é que, no cur-to prazo, temos de lutar contra o terrorismo ligado ao fundamentalismo islâmico de uma forma resoluta e dura, sem contemplações. Os EUA e a Europa (nomeadamente através do seu instrumento privilegiado, a NATO) devem empenhar-se politicamente e militar-mente contra os movimentos que assumem a sua visão totalitária do mundo e contra os países que os apoiem de forma mais ou menos aberta.

Não é admissível, por exemplo, que o ISIS (o auto-proclamado Estado Islâmico), possa conquistar território e cidades, efectuar os massacres que todos ouvimos nos últimos meses, sem ser contido e destruído por quem o pode fazer (países ocidentais e estados mo-derados do médio-oriente). Não é igualmente tolerável que, na Europa aberta cosmopolita em que nos encontramos, possam emergir, impunes, núcleos de radicais ancorados em mesquitas e madrassas, que angariam milha-res de jovens para a sua fantasiosa “jihad”. Não é, por último, admissível assistirmos im-

e de como os “valores ocidentais” não são vi-vidos da mesma forma em todo o mundo, as democracias não podem deixar de promover a sua visão humanista do mundo – mesmo que alguns não gostem. No longo prazo, a melhor defesa contra totalitarismos e fun-damentalismos, nas várias sociedades, será uma Educação sólida que possa incutir, com sucesso, alguns valores: tolerância, liberdade de expressão, sentido crítico, experimentação e inovação. Que mostre uma visão positiva e optimista da evolução humana, estimulando humildade, compreensão pelas diferenças e cooperação. Que estimule um “espaço pú-blico” de debate e entre-ajuda (nunca como hoje se torna tão pertinente reler Hannah Arendt!) nas várias comunidades, mitigando o crescente isolamento dos indivíduos nas so-ciedades contemporâneas – sejam europeias ou orientais. Sociedades construídas desta forma são imunes a falsas “verdades” totali-tárias (pseudo- sagradas e inquestionáveis) - e que têm sido, até hoje, as raízes das maiores tragédias humanas.

São estes os desafios das democracias…Que não podem ter outro objectivo que não seja a destruição dos fundamentalismos.

público intermunicipal que a grande maio-ria das Câmaras do Alentejo pretendia, foi possível construir uma alternativa de posse e gestão públicas da água, a Parceria Pública Estado / Municípios. A Câmara de Évora (e outras) defende que esta é a solu-ção possível, solução que é boa para o Mu-nicípio (reduz o obsceno valor faturado às Câmaras, repõe o controlo do Município e melhora o sistema) e para as populações,

pávidos à desagregação de estados nacionais e ao aparecimento de “zonas de ninguém” (por exemplo no Iraque, na Síria, na Líbia ou no Mali) onde a total ausência de lei e ordem permite o florescimento de bases de várias organizações terroristas. Pede-se pulso de ferro, pressão política e económica e resolu-ção militar se nada mais resultar.

Mas as vitórias conjunturais ou pontuais não resolvem a questão de um modo sustentá-vel e estrutural. Por muito que, regularmente, ouçamos as teorias do “relativismo cultural”

“A CDU (PCP/PEV) é a única das grandes forças políticas que, com clareza, defende a água como um bem público indispensável à vida.”

“A questão do terrorismo tem, pelo menos, décadas de debate acerca das suas causas, factores de difusão e terapêuticas.”

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Exclusivo

“Produto mágico, pela diversidade que se obtém com os diferentes aromas e explosão de sabores”.

Chef de topo da cozinha mundial visita lagares do AlentejoRute Marques | Texto

Para a acentuar a dinâmica da cozinha de topo com o azeite da região, o Cen-tro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo, CEPAAL trouxe ao Alentejo o “chef” Antoine Westermann, distingui-do com 3 estrelas do guia Michelin.

Em boa parte do modo de cozinhar de Westermann, o azeite “tem um papel central”, tanto para os molhos, entradas frias, e sopas como para algumas sobre-mesas, nos seus quatro r e s t au r a n t e s em Paris, “Drouart”, “Coq Rico”,”Le Dé-gustation”, e “Mon Vieil Ami (onde in-clui o “azeite que vem de Portugal”,diz).

Durante a visita feita em parte de um percurso por olivais e lagares do Alentejo, em parte por uma pro-va de degustação, no enoturismo do Esporão, Antoine Westermann assinalou:”esta é a mais agradável experiência com azeite que tive,-sem querer dizer que é a melhor - pelo equilí brio e pelo sabor”.

É também no azeite que se encon-tra um “produto mágico, pela diversi-dade que se obtém com os diferentes aromas e explosão de sabores”.

Westermann que nasceu na Alsácia, e estudou em Estrasburgo, recorda: na infância “a minha mãe só utilizava manteiga e gordura de porco, e tinha uma garrafa de azeite na cozinha, mas era muito mau, eu detestava”.

É anos a seguir na aprendizagem da sua profissão que descobre o azeite, num primeiro momento com “azeite italiano, depois na Córsega, e depois o português”.

Segundo Gonçalo Morais Tristão, diretor do CEPAAL, o “interesse dos consumidores tem gradualmente au-mentado pelo consumo de azeite e de

azeite com mais qualidade”. Como re-sultado, “a resposta dos produtores, no-meadamente dos produtores de azeite do Alentejo tem-se acentuado”.

Com o convite ao “chef”Antoine Westermann, o CEPAAL, como orga-nização de produtores, pretende pro-mover cada vez mais no consumidor

çalo Morais refere que “os produtores (no Alentejo) apetrecheram os seus lagares, modernizaram-nos”, acres-centando que também “em termos agronómicos o trabalho no campo nos lagares ou pelos produtores oli-vícolas tem melhorado substancial-mente”.

português e fora do país o ”conheci-mento deste tipo de azeite”e”misturar a cozinha de grande categoria e gran-de reputação com um produto nacio-nal de origem alentejana também com enorme reputação”.

Como exemplo, para falar da evo-lução traçada nos últimos anos, Gon-

D.R.

Vinhos Alentejanos com mais produçãoA produção de vinho em Portugal atin-giu os 6,2 milhões de hectolitros no ano passado, o que representa uma quebra ligeira, de 0,8%, face ao ano anterior, revelou o Instituto da Vinha e do Vi-nho (IVV). Este resultado contrasta com o recuo médio de 8% previsto para o conjunto da União Europeia, onde se destacam as péssimas campanhas de Espanha (-18%) e de Itália (-15%).

A vindima de 2014 acabou por ser menos dolorosa do que faziam crer as previsões avançadas no Verão pelo IVV e pelas regiões demarcadas. Nessa altura, os dados apontavam para que-bras quase generalizadas nas princi-pais áreas de produção, o que acabou por não se verificar em algumas delas.

Um olhar nacional pelos resultados da campanha permite, no entanto, per-ceber que o ano foi mau a norte, com doenças e mau tempo a afectarem o de-senvolvimento das uvas e a colheita, mas este cenário acabou por ser com-pensado a sul, com algumas regiões a apresentarem crescimentos robustos, como é o caso da Península de Setúbal

(+22%).Globalmente, no centro e norte do

país, a produção caiu cerca de 10%, com o Minho a apresentar o maior recuo (14%), seguido do Douro, onde a colhei-ta caiu cerca de 8%. No sul, verifica-se um aumento de produção de cerca de 9%, com a Península de Setúbal a lide-rar destacadamente os ganhos, seguida do Tejo (mais 17%) e do Alentejo (mais 9%).

Nas regiões do sul, o facto de não ter havido chuva significativa no período das vindimas, como aconteceu no cen-tro e norte, acabou por pesar no resul-tado final obtido.

O nível de produção alcançado é fun-damental para manter os stocks nacio-nais e garantir os níveis de exportação, aproveitando as dificuldades que al-guns dos maiores produtores europeus irão enfrentar. No ano passado, até Se-tembro, Portugal exportou cerca de 1,6 milhões de hectolitros de vinho, o que representa um recuo de cerca de 9% face ao período homólogo de 2013. Mas o valor apurado aumentou, embora de

forma ligeira (0,3%), o que significa que o valor cobrado por litro teve um incre-mento significativo.

As exportações portuguesas de vi-

nho renderam, nos três primeiros tri-mestres, cerca de 502 milhões de euros, dos quais 466 milhões são atribuíveis a vinho engarrafado.

D.R.

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Actual

“Já se apontava no ano passado para cerca de dois milhões e 750 mil portugueses em risco de pobreza”.

A Unidade de Monitorização de Políticas Públicas (UMPP) da Universidade de Évo-ra é uma estrutura técnica e científica de-dicada à produção de conhecimento e in-formação sobre conceção, monitorização e avaliação de políticas públicas.

A UMPP foi criada com o apoio do Pro-grama Operacional Regional INALENTE-JO 2007-2013, e tem como objetivo princi-pal promover a avaliação e monitorização das políticas públicas implementadas, ou em processo de implementação, na unida-de territorial NUT II – Alentejo, bem como assegurar a ampla disseminação desse co-nhecimento neste âmbito territorial.

A competitividade dos países, das regiões e das empresas, está cada vez mais depen-dente das condições em que, uns e outras, tomam decisões e as concretizam de forma

eficiente e eficaz. Neste sentido, a capacidade e competência na definição e implementação de políticas públicas por parte do Estado, e a assertividade na concretização de estratégias e iniciativas bem sucedidas por parte das de-mais organizações, são hoje fatores decisivos para o desempenho das sociedades em que se inserem.

A relevância, pertinência, coerência e valor acrescentado das políticas públicas são hoje aspetos absolutamente cruciais para as condi-ções de desenvolvimento dos países, dos ter-ritórios, das organizações e dos indivíduos. Desde logo, em função dos contextos regu-lamentares e de enquadramento que estabele-cem, dos mecanismos de incentivo e estímulo em que assentam, dos paradigmas e visão de futuro para que apontam, do nível de sofisti-cação e inovação que lhe está associado e da

intencionalidade estratégica que imprimem e transmitem, numa perspetiva de médio e lon-go prazo, aos sectores e atividades a que se destinam.

Num momento em que é cada vez maior o nível de exigência técnica e científica associado ao processo de planeamento da economia, da sociedade e dos territórios, e à construção e salvaguarda das suas condi-ções de competitividade e de desenvolvi-mento, a Universidade de Évora entendeu criar uma Unidade de Monitorização de Políticas Públicas dedicada à produção de conhecimento e à avaliação e monitoriza-ção de políticas públicas aplicadas, ou em processo de aplicação nesta região.

A UMPP desenvolve a sua atividade em estreita cooperação com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional

do Alentejo (CCDRA) e em parceria com as seguintes entidades: Delegação Regio-nal do Alentejo do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA-lentejo), a Entidade Regional de Turismo do Alentejo (Turismo do Alentejo) e Agên-cia para o Desenvolvimento Regional do Alentejo (ADRAL).

A UMPP pauta a sua atividade por prin-cípios de rigor, isenção, transparência, independência e responsabilidade, e com uma preocupação constante de auscul-tação e colaboração com as entidades e agentes da região Alentejo, mas também relativamente às de âmbito nacional e in-ternacional.

Convidamo-l(a)o a conhecer o trabalho que fazemos.

Unidade de Monitorização de Políticas Públicas da Universidade de Évora

PAULO NETO Professor da Universidade de Évora Coordenador da Unidade de Monitorização de Políticas Públicas (UMPP)

Cáritas defende Plano Estratégico contra pobrezaO presidente da Cáritas Portuguesa, Eugé-nio Fonseca, defendeu neste sábado a ne-cessidade de um plano estratégico de luta contra a pobreza no país. “É urgente fazer--se alguma coisa e não é com medidas paliativas. É urgente um plano estratégi-co de luta contra a pobreza em Portugal que não pode estar só na praça de Londres [sede do ministério da Solidariedade, Em-prego e Segurança Social].”

Em declarações aos jornalistas em Fá-tima, distrito de Santarém, Eugénio Fon-seca comentava os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que na sex-ta-feira revelaram que o risco de pobreza continuou a aumentar em Portugal em 2013, afectando já quase dois milhões de portugueses.

Para o responsável, não é apenas o mi-nistério tutelado por Pedro Mota Soares que “tem a responsabilidade da luta con-tra a pobreza”, mas também a Economia, a Educação, a Justiça e as Finanças.

“Portanto, todo este plano estratégico devia ser coordenado ao mais alto nível pelo gabinete do próprio senhor primei-ro-ministro”, adiantou o presidente da Cáritas Portuguesa, defendendo neste processo “uma ligação de grande corres-ponsabilidade da sociedade civil”.

Segundo os dados do INE, 19,5% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2013 face aos 18,7% do ano anterior. Isto significa que Portugal voltou aos níveis de pobreza de há dez anos: em 2004, a taxa era de 19,4%, em 2005 de 18,5%, em 2011 já tinha descido para 17,9%, tendo voltado a subir, como se viu, em 2012 e 2013.

Para o presidente da Cáritas Portuguesa, “é verdade que há crescimento económi-co em Portugal, mas é para a macroeco-nomia, não é para as economias familia-res que continuam empobrecidas”.

“E era preciso efectivamente que essa esperança tão apregoada nos últimos tempos que não fosse contradita por es-ses números que, como sempre, não são reais”, declarou, observando que os dados se reportam a 2013 e “não é possível” es-tar a “medir-se a pobreza com quase dois anos de distância”.

A este propósito, Eugénio Fonseca re-

cordou que no relatório da Cáritas Europa “já se apontava no ano passado para cerca de dois milhões e 750 mil portugueses em risco de pobreza”.

O presidente da Cáritas Portuguesa con-siderou que “não há melhor forma de lu-tar contra a pobreza senão por via da edu-cação e por via da autonomia financeira e económica”.

“Isso faz-se criando mais postos de tra-balho, mas com dignidade, com salários dignos, porque há pessoas que não estão desempregadas mas estão empobrecidas porque os salários não chegam para satis-fazer os encargos para a sua digna subsis-tência”, defendeu.

Passos Coelho o outro cenárioPor sua vez primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse em Fátima, que os dados do Instituto Nacional de Estatísti-ca (INE) sobre o risco de pobreza são um “eco” do que o país passou, mas não a si-tuação actual.

“A notícia como, eu referi, que veio on-tem [sexta-feira], divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística, é um eco daquilo por que passámos, não é a situação que vivemos hoje, reporta àquilo que foi a cir-

cunstância que vivemos, nomeadamente em 2013 que foi, talvez, o ano mais difícil em que o reflexo de medidas muito duras tomadas ao longo do ano de 2012 acaba-ram por ter por consequência”, afirmou Passos Coelho.

.“O que noto é uma esperança maior no

povo português, uma maior confiança”, afirmou. E acrescentou: “Não estou muito confiante que agora, com uma varinha mágica, vamos chegar a um momento melhor, agora estou confiante nisto, não vamos andar permanentemente a expiar culpas passadas, até porque o povo não tinha essa culpa. Se houve de facto pro-blemas não foi propriamente o povo tra-balhador o culpado”, sublinhou.

O risco de pobreza continuou a aumen-tar em Portugal em 2013, afectando já quase dois milhões de pessoas, de acordo com os dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento divulgados pelo INE.

Segundo o INE, 19,5% das pessoas es-tavam em risco de pobreza em 2013 face aos 18,7% do ano anterior, apesar de ter existido um aumento dos apoios sociais às situações de doença e incapacidade, fa-

mília ou desemprego.As pensões de reforma e sobrevivência

contribuíram para um decréscimo do ris-co de pobreza em 21,0 pontos percentuais, sendo que, segundo o INE, sem estas pres-tações e sem os apoios sociais 47,8% da po-pulação residente em Portugal estaria em risco de pobreza em 2013.

Discursando no almoço com os órgãos sociais da CNIS, o chefe do Executivo re-feriu que nessa altura “muitos dos bene-ficiários, muitos dos utentes, das famílias que suportavam uma parte dos apoios que eram canalizados para estas institui-ções viram-se numa situação de maior vulnerabilidade também”.

“Foi indispensável, portanto, recorrer a muita criatividade, a muito trabalho de ampla generosidade destas instituições e, também, a um reforço de meios que o Es-tado teve de colocar à sua disposição para que pudéssemos ter preservado a coesão social”, declarou Passos Coelho.

Admitindo que “durante esses anos” houve “um risco de pobreza maior” e “sec-tores sociais que ficaram mais pobres”, o primeiro-ministro realçou que o país conseguiu “passar por esse processo sem aumentar as clivagens, as assimetrias na forma como os rendimentos estão distri-buídos”.

“Tivemos menos rendimentos todos, mas não tivemos mais dificuldades na forma como eles estavam distribuídos, tivemos até, em alguns aspectos, aqueles que tinham maiores rendimentos a dar um contributo maior do que aqueles que tinham menos”, assinalou Pedro Passos Coelho.

Para o chefe do Executivo, apesar de a “fase mais difícil” ter ficado ultrapassa-da, “ainda há riscos” que precisam de ser olhados “com muita atenção”.

“O facto de o pior ter passado não quer dizer que não haja pessoas que estejam hoje ainda muito carenciadas, famílias que passam por grande vulnerabilidade”, reconheceu Passos Coelho, apontando a “taxa de desemprego demasiado elevada” ou “pessoas que vivem em bolsas de po-breza que precisam da acção do Estado e da acção das instituições sociais”.

D.R.

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Actual

As entidades intervenientes propõem-se a criar e a dinamizar o centro UNESCO em Évora.

Evidências crescentes destacam a impor-tância da dieta para a saúde para além do fornecimento de energia e nutrientes. Nas últimas décadas, mudanças nos estilos de vida e nas escolhas alimentares dos con-sumidores induziram padrões de consumo alimentar pouco saudáveis, considerados como os principais fatores de risco para muitas doenças, com implicações sociais e económicas relevantes em muitos países. Em consequência, a dieta e a saúde passaram a ser foco de muitas iniciativas nacionais, europeias e internacionais e um tema de investigação relevante. Também a concep-ção de políticas é cada vez mais suportada no conhecimento da forma como as pessoas fazem escolhas alimentares, raramente pe-sando todos os custos e benefícios e sendo influenciadas pelos hábitos, pelos factores emocionais, pelo comportamento de outras pessoas, pelos estímulos de marketing e pelo uso de artifícios mentais que ajudam à toma-da de decisão.

Estimular a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis, definir valores dietéticos e padrões alimentares saudáveis de referên-cia, suportados em ferramentas e metodolo-gias científicas, são alguns dos aspectos em agenda na União Europeia. O Projeto Foo-dMed do Departamento de Gestão da Uni-versidade de Évora ( www.food-med.eu) in-sere-se neste contexto, tendo como principal

objetivo ajudar as pessoas a adotarem uma alimentação saudável, através da formação e desenvolvimento de materias educativos específicos. Sendo o mercado europeu o se-gundo maior mercado mundial de consumo de especiarias, condimentos e ervas aromá-ticas, das quais se destacam a salsa, o tomi-lho e os óregãos, uma componente dos mate-riais desenvolvidos pelo Projecto FoodMed incentiva a utilização de ervas aromáticas na alimentação como forma de a tornar mais atractiva, saborosa e saudável e a sua produ-ção em casa, em jardins comestíveis.

Conhecidas desde a Antiguidade e ances-tralmente utilizadas pelo seu valor medici-nal, pela associação a tradições religiosas e também, pelo bom aroma e sabor conferidos, são essenciais na gastronomia e nas escolhas dos chefes de cozinha, cujas preferências in-cidem nas combinações mais tradicionais de cada país. O estragão, o tomilho, o louro e o alho são ervas aromáticas comuns em Fran-ça, o manjericão, a salva e o alecrim muito usados em Itália, os orégãos e a salsa fre-quentes na Grécia, os orégãos, a salsa e os coentros tradicionais em Portugal e, a salva e o tomilho habituais na Grã-Bretanha. Po-dendo ser divididas em diversas categorias, frescas, perfumadas, cítricas, adocicadas, apimentadas, aceboladas, amargas ou pun-gentes e usadas isoladamente ou em combi-nação, as ervas aromáticas podem, de acordo

com as suas caracteristícas, ser adicionadas em diferentes momentos gastronómicos, de modo a potenciar os atributos intrinsecos. Podem ser conservadas em casa com técni-cas bem simples, desde o o congelamento em forminhas de gelo com um pouco de água, azeite ou manteiga, submersas em azeite ou vinagre, em sal ou secas ao ar ou no forno.

O que é um jardim comestível? É o cultivo das ervas aromáticas em casa, em pequenos espaços de forma a ter condimentos frescos e saudáveis sempre disponíveis e, simulta-neamente, proporcionar momentos descon-traídos, desanuviadores de stress e poten-ciadores do desenvolvimento físico e mental das pessoas que os cultivam. Para além da satisfação de produzir o próprio alimento, estes jardins comestíveis proporcionam o prazer de estar em contato com a terra e a natureza, a redução de gastos na obtenção desses condimentos, o aproveitamento de espaços ociosos em casa (janelas, varandas, entre outros), a reutilização de materiais e, a diminuição da produção de lixo. Diversos modelos de cultivo, adaptados a cada ne-cessidade e ao reaproveitamento de mate-riais diferenciados, podem ser pesquisados no site do Projeto FoodMed, numa unidade de formação desenvolvida para ensinar téc-nicas simples e eficientes para aqueles que procuram uma alimentação mais saudável e principalmente sustentável.

A situação descrita é particularmente inte-ressante considerando as mudanças climáti-cas e de padrões de emprego e de hábitos e re-gimes alimentares, de cuidados de saúde e as reconhecidas evoluções macroeconómicas, demográficas, tecnológicas e de preços dos produtos agrícolas, projectadas pela União Europeia para 2050. Diferenças importantes nos padrões e estilos de vida das famílias ir--se-ão reflectir nos dómínios da saude e da alimentação dos grupos populacionais. Evi-dentes efeitos das componentes dos alimen-tos e dos produtos alimentares sobre a saúde serão comprovados cientificamente, como o serão também as necessidades nutricionais específicas de grupos populacionais especí-ficos, em combinação com o baixo custo dos alimentos e a monitorização da qualidade, permitidos pela inovação tecnológica. Acon-selhamento dietético e saúde serão as com-ponentes dispendiosas. Daí a importância de mudar comportamentos aderindo a dietas saudáveis, de reduzir o tempo necessário para preparar uma refeição saudável, de ter dispo-nível condimentos produzidos em casa sem agrotóxicos e, ainda, de assegurar a redução do lixo e o reaproveitamento de materiais di-versos, com efeitos ambientais positivos.

O que têm assim em comum a Alimen-tação, a Saúde, os Jardins Comestíveis e a Reciclagem? O Projecto FoodMEd evidente-mente! (www.food-med.eu)

Alimentação, Saúde, Jardins Comestíveis e Reciclagem?

BARBARA COUTINHO PIRES DOS SANTOSColaboradora do Projeto FoodMed e Aluna do Mestrado em Gestão com especialização em Marketing da Universidade de Évora

Dinâmicas da Gestão

Centro UNESCO Património Mundial de ÉvoraA sede do Grupo Pró-Évora acolheu no dia 23 de Janeiro, a assinatura do Protoco-lo de Cooperação para a criação do Centro UNESCO Património Mundial de Évora, documento que foi subscrito pela Comissão Nacional da UNESCO em conjunto com as várias entidades sediadas em Évora, que contemplam na sua missão, a diversos ní-veis de intervenção, a defesa do patrimó-nio classificado, nas áreas do ordenamen-to e planeamento, conservação, restauro e salvaguarda da sua gestão, divulgação, promoção e valorização e, ainda, da sua in-tegração na vida das comunidades, com a promoção das boas práticas e de uma edu-cação patrimonial.

O protocolo foi assinado, designada-mente, pelas seguintes entidades: a Di-reção Regional de Cultura do Alentejo, a Comissão de Coordenação e Desenvolvi-mento Regional do Alentejo, a Câmara Municipal de Évora, a Universidade de Évora, a Fundação Eugénio de Almeida, a Direção de Serviços Região Alentejo da Direção-Geral dos Estabelecimentos Esco-lares, a Biblioteca Pública de Évora, a Enti-dade Regional de Turismo do Alentejo e o Grupo Pró-Évora.

O Vereador Eduardo Luciano, em repre-sentação da Câmara Municipal de Évora na cerimónia, afirmou que “a criação des-te centro UNESCO é importante por várias razões, primeiro porque irá permitir olhar para o território e para o património de uma outra forma, permitindo promover ações de educação em defesa do património, va-lorizando ainda mais o património que temos; segundo porque a criação do centro

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UNESCO reúne na mesma iniciativa, com o mesmo esforço, todas estas entidades da ci-dade de grande relevância, pelo que espero que seja o abrir de uma nova época de co-laboração entre as diversas instituições da cidade na defesa do património”.

Através da assinatura deste protocolo, as entidades intervenientes propõem-se a criar e a dinamizar o centro UNESCO em Évora especializado na área de Patri-

mónio Mundial, o primeiro em Portugal subordinado a esta temática, com sede no Grupo Pró-Évora (rua do Salvador, 1). Como atribuições gerais, o centro deverá colabo-rar com instituições locais, regionais ou internacionais nas ações e realizações que têm ligação aos objetivos da UNESCO, em particular com a Comissão Nacional, sus-citando e encorajando a defesa dos valores proclamados pela UNESCO, contribuindo

para a promoção do exercício de uma cida-dania mais consciente e mais participativa em torno das questões da conservação, sal-vaguarda, gestão, divulgação e educação patrimoniais.

Em Portugal existem 30 centros UNESCO no território continental e um na região au-tónoma dos Açores, fazendo parte do con-junto total dos 4.000 centros existentes por todo o mundo.

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Destaque

Reuniu pela primeira vez em Junho de 2014 no Teatro Garcia de Resende.

Apresentado novo Circuito Ibérico de Artes CénicasRute Marques | Texto

Nove estruturas de criação artística de Por-tugal e Espanha anunciaram a criação de um Circuito Ibérico de Artes Cénicas, apre-sentando na mesma altura o calendário de 32 espetáculos em circulação, para 2015. A peça Camino del Paraíso, da companhia Guirigai marcou o arranque deste circuito, no Teatro Garcia de Resende em Évora.

Formado por estruturas de criação ar-tística de serviço público, de ambos países que ao mesmo tempo fazem a gestão de uma sala de espetáculos, o Circuito Ibé-rico de Artes Cénicas vai funcionar como rede com o fim não só da circulação de espetáculos, como também da formação, co-produção e divulgação de dramatur-gias contemporâneas.

Reuniu pela primeira vez em Junho de 2014 no Teatro Garcia de Resende, onde fo-ram definidas as bases de entendimento para a circulação de espetáculos. Depois, em Novembro, em Los Santos de la Mai-mona, Espanha, foi constituído o circuito.

Para perceber o lado financeiro, o di-retor do Centro Dramático de Évora, José Russo comenta que, até agora, da parte portuguesa foi feito “um contato com o secretário de Estado da Cultura, onde foram colocadas questões sobre a “ne-cessidade de algum financiamento para poder fazer funcionar este circuito”. E, diz ainda, da parte da Secretaria de Estado da Cultura (SEC) ficou a saber-se que “ia con-siderar e avaliar, no âmbito do programa Mostra Cultura Espanha Portugal, que já tem alguns anos e que se tem traduzido na mostra de alguns espetáculos mais da área da música em Lisboa e em Madrid”.

Não foi só este o contato estabelecido. Também se dirigiram junto da CCDR, onde foi indicado que este projeto tem as condições para ser financiado pelos fundos transfronteiriços, mas coloca-se o problema de este tipo de financiamento europeu funcionar de forma horizontal, observa José Russo, explicando que “im-plicava que o Algarve tinha de fazer uma candidatura com a Andaluzia, o Alentejo com a Estremadura, as Beiras com Casti-lla e Leon, e Braga com a Galiza”. Mas esta hipótese não pode ser adotada no caso do Circuito Ibérico de Artes Cénicas, dado ter uma lógica vertical, de tal modo que todas as companhias circulam nos espa-ços das outras companhia: “A nós não nos parece que faça sentido desconstruir este circuito para viabilizar um financiamen-to”, esclareceu.

Apesar de tudo, no caso de demora nes-te financiamento e de fundos comunitá-rios, as estruturas assumiram cumprir o plano de trabalho, “independentemente do financiamento que viermos ou não

a obter para esta programação, às nossas custas”, sustenta José Russo. E vão aguar-dar pelos regulamentos de apoio às artes e à cultura do novo quadro comunitário para tentar encontrar uma solução que possa considerar de forma vertical este projeto.

Nunca se construiu nada assim na IberiaPor seu turno, do lado de Espanha há o compromisso por parte do Governo da Estremadura de apoio ao Circuito Ibérico de Artes Cénicas, por meio de uma asso-ciação de circuito ibérico e uma proposta da Feria de Ciudad Rodrigo para que se apresente aí em Agosto, de acordo com Agustín Iglesias, que dirige o Teatro Gui-rigai. “Quando te diriges à administração (pública) sempre sabemos que a resposta é não haver meios financeiros”: Agustín Iglesias resume com esta frase uma ten-dência. Mas, “nós somos profissionais, temos teatros, público” e, por contraponto,

começa a verificar-se, “pouco a pouco”, que a administração (pública) “quando vê que há uma realidade já construída - está a suceder em Espanha – diz que tam-bém quer estar e eu creio que é um efeito que também pode multiplicar-se porque é algo muito importante, nunca se cons-truiu nada assim na Ibéria, e além de que é gerida pelos criadores. ”

O Circuito Ibérico de Artes Cénicas reúne as estruturas portuguesas Centro Dramático de Évora (CENDREV), A Com-panhia de Teatro do Algarve (ACTA,) a Escola da Noite (Grupo de Teatro de Coim-bra), Teatro das Beiras, Teatro Regional da Serra do Montemuro e Companhia de Teatro de Braga; e as espanholas La Fun-dición de Sevilla, Teatro Guirigai( Bada-joz) e Lave del Duende (Cáceres).

Nesta rede, estão menos companhias espanholas do que portuguesas. Uma di-ferença, que se relaciona com “a história, dado que em Portugal depois da revolu-ção de 25 de Abril cumpriu-se um acto

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de justiça que havia em toda Europa, e que não foi feito em Espanha, que foi o dos profissionais passarem a gerir teatros públicos”, de acordo com Agustín Iglesias. “A administração pública com nenhum governo (Em Espanha) acreditou na ges-tão dos profissionais”, sustenta o diretor da Companhia Guirigai, e recorda: “em Espanha há toda a distribuição de teatros públicos e municipais mas 95 por cento é de companhias privadas e há pouquís-simas companhias nas nossas condições que tenham companhias de criação e que tenham também um espaço; este modelo que em Portugal é mais fértil, em Espa-nha é escasso”.

Tempos complicados na Europa requerem dos criadores outro olharLuís Vicente, a dirigir a ACTA, A Com-panhia de Teatro do Algarve, no teatro Lethes, em Faro, menciona a relevância de levar a efeito “a criação de redes que permitem outro tipo de coisas para além dos espetáculos”, porque, explica” de um modo geral, as coisas são feitas na pers-petiva da realização dos espetáculos” po-rém, “estamos hoje a viver tempos muito complicados na Europa que requerem da parte dos criadores um outro olhar sobre estas problemáticas”

Os fenómenos que estamos hoje a viver em Évora, em Faro em Lisboa, em Bada-joz não são diferentes de problemas que se fazem sentir também em Londres, em Berlim, em Paris, em Moscovo, conside-rou, “e esta feição das redes toma uma im-portância cada vez maior para a discus-são de certas problemáticas como sejam, por exemplo, o lugar da cultura nos povos destes países”.

Para falar sobre esta questão Luís Vi-cente, chama a atenção para o Euroba-rómetro (2013) sobre a participação em atividades culturais :”no nosso caso, deixa-nos numa posição absolutamente trágica quando comparada com outros países”, acrescentando, “no conjunto dos 27 países, a nossa melhor posição foi a 22ª, no que diz respeito à fruição de produtos culturais por via da rádio e televisão, a 24ª, na rede de bibliotecas públicas e no que diz respeito à fruição de teatro, músi-ca, dança, ópera e leitura a nossa posição é a 27ª, e última”. Apesar disso, sublinha, “quando entramos em contato com cole-gas e estruturas de outros países - e isso é algo que a qualquer um de nós nos tem acontecido com alguma frequência - constatamos que aquilo que constitui o nosso know how e a nossa capacida-de de trabalho não é inferior”. Pelo que, concluiu, “esta valorização da rede vale a pena em alguns sacrifícios que nos cus-tam muitíssimo”, sustenta.

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Destaque

O horizonte temporal coincide com o novo quadro comunitário de apoio Portugal 2020.

ATLA defende Intervenção Integrada e quer investir 96 milhõesOs dez municípios portugueses e espa-nhóis inseridos na zona do Alqueva querem captar fundos comunitários que permitam desenvolver, de uma forma integrada, as áreas do turismo, ambiente e inovação naquela região. O plano da Associação Transfronteiriça Lago Alque-va (ATLA) para os próximos cinco anos aponta cerca de 30 medidas, cuja concre-tização exige o investimento de 96 mi-lhões de euros.

Melhorar a qualidade da água do gran-de lago, criar circuitos e rotas temáticas, definir áreas de pesca desportiva, insta-lar ecovias junto à albufeira ou criar o Parque Natural das Ilhas de Alqueva são algumas das medidas previstas no Plano de Acção 2014-2020.

O horizonte temporal coincide com o novo quadro comunitário de apoio Portu-gal 2020, que tem um pacote global de 25 mil milhões de euros, dividido por vários programas operacionais e de desenvolvi-mento.

Para concretizar as várias medidas propostas são necessários 96 milhões de euros, de investimento português e es-panhol (através dos fundos transfrontei-riços). “A comparticipação nacional em cada uma das acções depende do tipo de projecto e até do tipo de promotores”, explica José Calixto, presidente da ATLA. Para facilitar a gestão dos meios finan-ceiros, a associação defende a criação de uma Intervenção Territorial Integrada (ITI). “É a figura que consideramos ser a mais adequada e mais eficiente para co-locar o plano em prática”, afirma o tam-bém presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz (PS), município abrangido pelo empreendimento.

A criação de uma ITI para o Alqueva esteve em discussão no Parlamento em 2013, através de um projecto de resolução do PS, mas foi rejeitada com os votos con-tra do PSD e CDS-PP. Agora, José Calixto acredita que o Governo está “atento” a essa possibilidade. “Apresentámos o plano ao Governo e tivemos sinais positivos”, afir-ma, sublinhando que o documento foi aceite pela Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo como projecto “âncora” para a estratégia 2020.

“A grande mais-valia deste plano é que integra um conjunto de vontades nas quais todos se revêem”, garante o autarca, acrescentando que o documento foi apro-

vado por unanimidade na ATLA. Além de Reguengos de Monsaraz, a associa-ção integra os municípios de Alandroal, Moura, Mourão, Portel e Serpa, e do lado espanhol Alconchel, Cheles, Olivenza e Villanueva del Fresno.

O plano – que tem como parceiros en-tidades como a EDIA, a ERT, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Re-gional, a Rede de Turismo de Aldeia e as comunidades intermunicipais do Baixo Alentejo e do Alentejo Central – divide-se em quatro eixos, sob o slogan “Alqueva desafia Portugal”. “Queremos mostrar o potencial incrível de Alqueva e que te-mos condições para atrair turistas e in-vestimentos”, diz João Martins, da EDIA.

O primeiro eixo inclui medidas trans-versais como a elaboração de um plano de sinalização turística e a concretização do projecto Portas de Alqueva, determi-

nantes para a promoção da região e para fornecer aos visitantes uma “percepção clara” do território.

O turismo absorve a maior fatia do in-vestimento previsto - 34,5 milhões de eu-ros. A criação do Parque Temático de Al-queva, incluindo todos os operadores de turismo de natureza na zona do grande lago, e a requalificação de aldeias desa-bitadas para o desenvolvimento do turis-mo sénior e de saúde são algumas apostas deste eixo. “O Governo da Extremadura quer investir muito nesta área e Portugal não pode ficar atrás”, considera José Calix-to, que se diz “preocupado” com o facto de Espanha estar a “aproveitar melhor esta estrutura pública feita por Portugal”. O maior lago artificial da Europa tem 250 quilómetros quadrados e 1180 quilóme-tros de margens, das quais apenas 20% estão em território espanhol.

No que toca ao ambiente e ordenamen-to do território, são propostas medidas como a harmonização com Espanha das regras para a utilização dos planos de água, a reabilitação do património cons-truído nas margens, a criação da marca “aldeias floridas de Alqueva” e a elabora-ção de um plano de ordenamento. “O ac-tual [plano de ordenamento] tem-se reve-lado ineficaz, porque está formatado para grandes projectos, um bocado megalóma-nos, o que impede a fixação de pequenos projectos”, afirma José Calixto.

O plano prevê também a aposta na inovação, empreendedorismo e compe-titividade, com acções de divulgação do potencial do lago junto de empresários e até nas escolas. A promoção da eficiência energética e das energias renováveis são outras medidas incluídas neste eixo, que absorve 26% do investimento.

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Projecto Rios premiadoNos últimos sete anos, 50 mil voluntários apoiaram o “Rios”, um projecto sediado Porto mas de âmbito nacional para me-lhorar os cursos de água, que ganhou agora o prémio “Iniciativas de elevado potencial de empreendedorismo social no país”.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Portuguesa de Educação Am-biental (ASPEA), sediada no Porto, expli-cou que o Prémio ES+ Iniciativas de ele-vado potencial de empreendedorismo social no país, “é o reconhecimento ins-titucional de um trabalho de sete anos”

que vai permitir conseguir mais apoios financeiros para continuar a captar mais grupos que se responsabilizem pela qua-lidade dos rios em Portugal.

Os principais grupos voluntários que têm monitorizado a qualidade das águas dos rios em Portugal são grupos de crian-ças, escuteiros, famílias e autarquias, acres-centou o presidente da ASPEA, Joaquim Ramos Pinto, referindo que para 2015 a ideia “é alargar o apoio a mais grupos de famílias” que possam analisar a água de um troço de um rio ou de uma ribeira duas vezes por ano: primavera e outono.

Nos últimos sete anos de trabalho, 50 mil pessoas adoptaram 187 quilómetros de rios em 20 distritos portugueses – com maior incidência no norte de Portugal – retirando duas toneladas de resíduos das margens dos rios e plantando centenas de árvores nas margens, enumerou a AS-PEA.

“Há uma maior incidência de distritos do norte de Portugal porque houve um apoio financeiro de fundos europeus para os municípios do Norte, explicou Joaquim Ramos Pinto.

O projecto “Rios”, de âmbito nacional,

está implementado em 107 municípios de Portugal Continental e tem como principal objectivo a adopção e monito-rização de um troço de 500 metros de um rio ou ribeira por parte de um grupo de pessoas.

O projecto pretende construir uma rede nacional de “cuidadores dos rios”, monitorizando, preservando, valorizan-do os rios e ribeiras de Portugal, numa perspectiva de educação ambiental, alargando a responsabilidade ambiental e social a qualquer voluntário que quei-ra ajudar.

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Destaque

Os principais operadores da grande distribuição têm investido cada vez mais na área da produção.

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Portalegre com nova fábrica de leite em 2017A Jerónimo Martins vai comprar a fábri-ca de transformação de leite e de produ-ção de derivados da Serraleite, em Por-talegre, num negócio que passa, para já, pelo trespasse destes activos. Mas para a Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac) a entrada do grupo, dono do Pingo Doce, no sector vai aumentar o seu poder negocial na fileira, já que, além da prateleira, passa também a controlar a produção.

Fernando Cardoso, secretário-geral da Fenalac, acredita que um dos riscos do negócio (a aguardar luz verde da Auto-ridade da Concorrência) é o aumento da concentração no mercado, já de si dispu-tado por escassas empresas. “É de todos conhecida a posição que a distribuição tem entre todos os fornecedores. É um po-der demasiado e não é benéfico para as relações económicas”, disse ao PÚBLICO.

Fernando Cardoso acrescenta que com a compra dos activos da Serraleite – com quem o Pingo Doce tem há muito uma re-lação comercial – “fecha-se o ciclo e entra--se numa área que, até agora, era da pro-dução”. “Neste caso concreto, qual será o desfecho no dia em que a Jerónimo Mar-tins já não quiser este negócio? Qual será o destino dos produtores? Para a empresa o impacto será diminuto, para os produto-

res uma catástrofe”, analisa.Os principais operadores da grande dis-

tribuição têm investido cada vez mais na área da produção, seja através de clubes, organizando fornecedores que têm de cumprir regras específicas, seja em pla-taformas de transformação (de carne ou peixe), por exemplo.

A Jerónimo Martins há muito que tem

planos para investir directamente na agricultura e, em 2009, fez um acordo com a Serraleite para reforçar a produção. Na altura, Pedro Soares do Santos, presidente executivo, admitiu que a sua visão para o projecto conjunto era criar uma “Lactogal II”, que detém a marca Mimosa e domina o mercado do leite. Mais tarde, em 2012, o grupo justificou a entrada neste sector

“com a necessidade de proteger as fontes de abastecimento”.

O argumento não convence a Fena-lac, que tem entre os seus associados a própria Serraleite. “É um operador como qualquer outro, tem legitimidade para se envolver nos negócios, mas, ao contrário do que diz, há garantia de abastecimento. Estamos a falar de um produto no qual não somos deficitários”, diz Fernando Cardoso.

“Considerando o aumento da capacida-de produtiva, o escoamento da produção leiteira dos actuais associados da coope-rativa estará assegurado e haverá, certa-mente, espaço para outros produtores se associarem à Cooperativa. Para além dis-to, a Serraleite terá uma participação no capital da Jerónimo Martins Lacticínios”, a empresa através da qual foi feita a aqui-sição por trespasse.

A nova fábrica vai transformar o leite dos associados da cooperativa de Porta-legre, que mantém na sua posse a marca Serraleite e é responsável pela sua comer-cialização. Além de leite UHT, será produ-zida manteiga e natas.

A Serraleite recolhe anualmente 20 milhões de litros na região do Alentejo, o que equivale a 1% do total da recolha nacional.

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“Comidas d`Azeite” em MarvãoO Município de Marvão organiza a 10ª edição das “Comidas d`Azeite”, com uma quinzena inteiramente dedica-da aos comeres do Lagar, sob a chan-cela da marca “Marvão Bom Gosto”. De 7 a 22 de fevereiro, as ementas dos treze restaurantes aderentes do con-celho vão apresentar pratos tradicio-nalmente confecionados com azeite.

Com a reali zação deste evento, a autarquia pretende homenagear os produtores de azeite do concelho e, sobretudo, dinami zar a economia local, al iando o tur ismo à gastro -nomia.

O ar ranque das “Comidas d’ A zei-te” está agendado para as 15h30, do dia 7 de fevereiro (sábado), no La-gar António Picado Nunes (Gale -gos), com a apresentação da Quin-zena Gastronómica e do projeto do f uturo Museu /Lagar Melara Picado Nunes.

Nesta inauguração of icial do evento vão ser também entregues, aos alunos do Agr upamento de Es-colas de Mar vão, os diplomas/pré -mios de par ticipação, relativos ao desa f io “Cr ia o teu rótulo de azei-te Castelo de Mar vão”, promov ido pela Casa Agrícola António Picado

Destaque

O arranque das “Comidas d’ Azeite” está agendado para as 15h30, do dia 7 de fevereiro.

Nunes. A tarde ter mina com uma degustação de produtos regionais.

Já no domingo, dia 8, o Município de Mar vão promove um Mercado de Produtos Locais (11h) e o tradi-cional almoço convív io (13h), no Por to da Espada, ser v ido com a co -laboração da Associação Cultural, Despor tiva e Recreativa “Por tus Gladii”. A animação f ica a cargo do gr upo de música popular “Chumbo Tor to”.

Da ementa fazem par te, o queijo f resco com azeite e orégãos, as cou-ves com bacalhau do Lagar, as mi-gas de pão com car ne de porco f r ita em azeite, a laranja com mel, azeite e canela, e a t ibor na do Lagar.

Entre 7 e 22 de fevereiro, o azeite é rei e senhor, nos treze restauran-tes aderentes do concelho. Nas suas ementas poderá encontrar a açor-da à alentejana com alho, coentros e azeite, o lombo de bacalhau em azeite e alho, espargos selvagens e miolo de camarão, o bacalhau com todos, regado com azeite do Lagar, a galinha do campo tostada em azei-te, as migas de pão ou batata com car ne de montado f r ita em azeite, ou a t ibor na com azeite e laranja.

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Radar

Ao longo do ano de 2014 aconteceram em Évora 114 sessões com o envolvimento de 12.232 espectadores.

Cendrev 40 anos em cenaBalanço de actividadesO ano 2015 é, na vida do Cendrev, mais um entre as quatro décadas que acabam de passar desde que um grupo de homens e mulheres chegaram a Évora determi-nados em contribuir para a História de um país que acabava de acordar para a liberdade. Os anos, depois desse longín-quo Janeiro de 1975, foram passando e a apagada e vil tristeza nacional mostrou de novo as suas garras, daí que o desen-volvimento cultural do povo português continue a ser o mais revolucionário dos caminhos a percorrer.

É no meio deste quadro, mesquinho e atrasado, que o Cendrev continua, tei-mosamente, a desenvolver o seu traba-lho. Sem concessões aos entretenimentos mercantis e às frivolidades mediáticas, continua a afirmar a necessidade do de-senvolvimento ter que passar pela educa-ção e pela cultura.

Assim, e porque se trata de uma activi-dade de serviço público, aqui fica o balan-ço da actividade desenvolvida em 2014. O Cendrev realizou 95 sessões com os qua-tro trabalhos que apresentou ao longo do ano: “Autos da Revolução” a partir de textos de António Lobo Antunes, espec-táculo realizado em co-produção com a ACTA – A Companhia de Teatro do Algar-ve; “Onde é que eu já vi isto, perguntou ele” texto escrito para a companhia pelo dramaturgo eborense Rui Pina Coelho; “Vou ou não vou esta noite ao teatro?” de Karl Valentin e ”Bonecos de Santo Alei-xo”, marionetas tradicionais do Alente-jo. Deste conjunto de representações 43 aconteceram em Évora e 52 em digressões que levaram o Cendrev a Faro, Santiago de Compostela, Narón, Ourense e Tui em Espanha, Braga, Coimbra, Montemuro, Arraiolos, Almada, Plasência e Los San-tos de Maimona em Espanha, Silves, Co-vilhã, S. Miguel de Machede, S. Sebastião da Giesteira, Serpa, Torre de Coelheiros, Azaruja, Igrejinha, Valverde, S. Manços, Nª Sª de Machede, Graça do Divor, Frei-xo, Borba, Aldeia da Serra – Arraiolos,

Alandroal, Evoramonte, Orada, Santa Su-sana – Redondo, Terena, Santiago Rio de Moinhos, Ameixial, S. Bento do Cortiço, Aldeia da Venda – Alandroal, Montoito, S. Brás de Alportel e Vale do Pereiro. Ao conjunto de espectáculos apresentados pela companhia assistiram 4.527 espec-tadores. Para além destes espectáculos o Cendrev acolheu durante seis semanas o grupo de alunos finalistas do Curso Pro-fissional de Artes do Espectáculo – In-terpretação da Escola André de Gouveia, cujo trabalho apresentado no TGR foi dirigido pelo actor Rui Nuno e acolheu também os alunos finalistas do Curso de Teatro da Universidade de Évora, di-rigidos pelo actor João Lagarto. Recebeu seis companhias através do programa de

intercâmbios, realizou duas mostras de marionetas, uma oficina de formação em torno dos Bonecos de Santo Aleixo e ga-rantiu a realização de 13 visitas guiadas ao centenário Teatro Garcia de Resende.

Ao longo do ano de 2014 aconteceram em Évora 114 sessões com o envolvimen-to de 12.232 espectadores, o que se traduz numa média de 107,2 espectadores por sessão.

Embora a brutal redução nos financia-mentos para a cultura, obrigue a compa-nhia a funcionar num quadro de enor-me precariedade, conseguiu concretizar um assinalável programa de trabalho que contou com a participação de Pierre--Etienne Heymann, Elsa Blin, Bruno Martins, Tânia da Silva, Rui Pina Coelho,

Rita Abreu, Luís Carmelo, Joaquim Soa-res, Margarida Abrantes, Carlos Abrantes, Mário Spencer, Sergio Santafé (estagiá-rio do Instituto del Teatro de Barcelona), Miguel e a jovem da confederação com a parceria da nova gestão municipal na programação do TGR, o apoio da DGArtes, da Câmara Municipal de Évora, da Direc-ção Regional de Cultura do Alentejo da Biblioteca Pública de Évora, do Cineclube da Universidade/SOIR, da Cinemateca Portuguesa e finalmente com o impor-tante financiamento do INALENTEJO, através da candidatura: “Bonecos de San-to Aleixo – Um Património a Preservar”.

1975/2015, quarenta anos de descentra-lização cultural, uma infinita dedicação ao teatro.

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No ano passado as escolas foram obrigadas a registar, numa nova plataforma informática, todos os alunos com NEE.

Radar

Autistas entre os alunos com dispensa de exames nacionaisO número de alunos do ensino básico com Necessidades Educativas Especiais (NEE) que em 2014 foi autorizado a realizar pro-vas a nível de escola em vez de exames nacionais aumentou por comparação ao ano anterior. No ano passado, segundo dados recentemente divulgados pelo Júri Nacional de Exames (JNE), foram realiza-das 14.349 provas a nível de escola no 4.º, 6.º e 9.º ano. Em 2013 tinham sido 10.757.

Como em cada um destes anos existem duas provas finais (Português e Matemá-tica), o número de alunos abrangidos pas-sou de cerca de cinco mil para sete mil. Este aumento é entendido pelo JNE como fazendo parte de “uma variação normal registada de ano para ano”, segundo um esclarecimento enviado ao PÚBLICO.

A substituição dos exames por provas elaboradas pelas escolas tendo em con-ta as necessidades específicas dos jovens com NEE só tem sido autorizada, nos úl-timos anos, em “casos excepcionais”. Em 2014 esta listagem passou de novo a in-cluir as “limitações do domínio emocio-nal e de personalidade”, o que inclui as crianças com autismo. Os outros “casos excepcionais” são os de “alunos cegos, com baixa visão, surdos severos ou pro-fundos, com limitações motoras severas ou com limitações do domínio cognitivo”.

No ano passado, pela primeira vez, as escolas foram obrigadas a registar, numa nova plataforma informática, todos os alunos com NEE que estariam em situa-ção de beneficiarem de condições espe-ciais na realização de exames. Foram re-gistados 18 mil alunos, dos quais 1680 do secundário. O JNE só analisou os proces-sos dos alunos deste nível de ensino por-que a competência para autorizar a reali-zação e condições especiais lhe pertence. No básico são os directores que decidem.

Foram indeferidos 149 processos, dos quais 127 relacionados com casos de dis-lexia. Entre os processos aprovados, a jus-tificação mais recorrente (602 casos) foi a de existência de necessidades especiais de saúde resultantes de situações clínicas.

“É de realçar que dos processos analisa-

dos relativos a situações clínicas, 102 são de alunos com diabetes, número que, ano a ano, tem vindo a aumentar”, sublinha o JNE no seu relatório sobre as provas de 2014. Estes alunos poderão, por exemplo, ser autorizados a pequenas interrupções nas provas para ingestão de alimentos. O segundo grupo com maior peso entre os processos deferidos (573) foi o de alunos com dislexia. Em 2013 estavam em pri-meiro lugar com 739 casos.

Tanto no básico como no secundário os alunos com dislexia passaram, desde 2012, a ser obrigados aos mesmos exames nacionais dos seus colegas sem NEE. As suas provas têm contudo critérios espe-

cíficos de classificação para evitar uma “penalização dos erros característicos da dislexia”. Nos casos de “dislexia severa” pode ser autorizada a leitura dos enun-ciados por um dos professores vigilantes.

Dos 1541 processos deferidos em 2014 resultou luz verde para a realização de apenas 155 provas a nível de escola. Se-gundo o JNE, este número “perfeitamente residual” justifica-se pelo facto de, neste nível de ensino, os alunos com NEE se-rem obrigados a realizar os exames nacio-nais caso queiram prosseguir estudos no ensino superior.

Numa recomendação recente, o Conse-lho Nacional de Educação (CNE) alertava

para o facto de muitas escolas secundárias se estarem a debater “com dificuldades, ao nível da prática e das condições neces-sárias, para responder ao novo desafio” que representa a permanência de mais alunos com NEE nestes estabelecimen-tos, devido ao aumento da escolaridade obrigatória para 12 anos. Em 2009/2010 estavam identificados no secundário 1314 alunos com NEE, um número que em 2013/2014 subiu para 6106. Segundo dados reproduzidos pelo CNE, neste pe-ríodo de tempo o número total de alunos com NEE mais do que duplicou, passando de 20.747 para 56.886

D.R.

Professores entram no novo regime de requalificaçãoO número de professores do ensino básico e secundário que serão mandados para casa, ao abrigo do novo regime de requalificação, vai ser conhecido hoje, confirmou ao PÚ-BLICO o gabinete de imprensa do Ministé-rio da Educação e Ciência (MEC), que se es-cusou a avançar com novos dados durante o fim-de-semana.

Os últimos conhecidos datam da passada quinta-feira, quando foram divulgados os resultados de mais um concurso de colo-cação de docentes: 90 continuavam então sem turmas para ensinar, os chamados ho-rários-zero. Destes, 52 pertenciam aos gru-pos de recrutamento de Educação Visual e Tecnológica e Pré-Escolar.

Nesse mesmo dia, quinta-feira, os servi-ços do MEC começaram a contactá-los por telefone para informar quais os lugares que ainda continuavam por preencher nas es-colas. O MEC não divulgou quantos eram.

Segundo a Federação Nacional de Professo-res (Fenprof), houve professores convidados a ocupar lugares a centenas de quilómetros da sua casa.

Em resposta ao PÚBLICO, o gabinete de imprensa do MEC não desmentiu, mas lembrou que a mobilidade para outro lo-cal, sem a concordância do trabalhador, só poderá ser concretizada até uma distân-cia de 60 quilómetros da sua residência. Num aviso publicado na quinta-feira, a Direcção-Geral da Administração Escolar (DGAE) indicou que este procedimento se-ria aplicado a partir do final do dia seguin-te, data em que terminou o prazo dados aos docentes para indicarem se estavam ou não interessados em ocupar os lugares ainda vagos.

Terminado este processo, os docentes que ainda estiverem nesta segunda-feira sem colocação serão abrangidos pelo regime

de requalificação, confirmou também a DGAE. Ou seja, irão para casa receber 60% do seu salário actual durante o primeiro ano. Neste período, devem ser sujeitos a um processo de formação para que possam ser integrados noutros serviços ou organismos. Caso isso não aconteça, os que foram admi-tidos antes de 2009 podem ficar na requa-lificação até à idade da reforma, a receber 40% do salário. Os outros são despedidos ao fim de um ano.

O novo regime de requalificação, antiga mobilidade especial, entrou em vigor em Dezembro de 2013, mas a sua aplicação aos professores foi adiada para o início de Feve-reiro de 2015. Em declarações aos jornalistas no passado dia 23, no final de uma ronda de reuniões com os sindicatos, o secretário de Estado do Ensino e da Administração Es-colar, Casanova de Almeida, garantiu que só passarão ao regime de requalificação os

docentes que estiverem sem actividades no dia 2 de Fevereiro. Os que ficarem sem fun-ções em datas posteriores não serão abran-gidos por este regime durante o ano de 2015.

Casanova de Almeida esclareceu que tal deriva da aplicação da lei, que determina para todos os ministérios a elaboração de listagens anuais. “No caso da educação essa listagem reporta a 2 de Fevereiro, já que dia 1 é domingo”, acrescentou.

O secretário de Estado lembrou ainda que os docentes em requalificação poderão manter-se nas reservas de recrutamento, constituídas para suprir as necessidades transitórias das escolas que vierem a apare-cer. “Se um professor conseguir entretanto colocação sai do regime de requalificação”, especificou. E se tiver uma colocação du-rante, pelo menos, 90 dias úteis consecuti-vos, a contagem do tempo passado em re-qualificação volta a zero.

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Cogumelos, espargos, beldroegas, alabaças e cardos são alguns dos produtos que existem em abundância no concelho.

Radar

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Alandroal “12 meses de boa gastronomia” Quinze restaurantes e uma pastelaria do concelho de Alandroal participam na primeira edição da iniciativa “12 meses de boa gastronomia”, promovida pela au-tarquia para valorizar a cozinha tradicio-nal e dinamizar a restauração e a produ-ção locais.

O evento, desenvolvido pela Câma-ra Municipal de Alandroal em parceria com os restaurantes do concelho, decorre ao longo de todo o ano e abrange diver-sos produtos regionais, desde o porco do montado ao peixe do rio, passando pelas sopas e ervas aromáticas.

“Queremos divulgar e preservar a nos-sa gastronomia e dinamizar os nossos restaurantes, comércio e produtores lo-cais” e, ao mesmo tempo, criar “uma ofer-ta agradável para quem nos visita”, disse hoje à agência Lusa a presidente do muni-cípio, Mariana Chilra.

Segundo a autarca, o concelho “tem um enorme potencial em termos de gastro-nomia”, devido às suas características de “meio rural com pouca gente”, em que “as pessoas tiveram de adotar medidas pró-prias de subsistência”.

Cogumelos, espargos, beldroegas, ala-baças e cardos são alguns dos produtos que existem em abundância no concelho e que foram introduzidos na cozinha tra-

dicional, assinalou Mariana Chilra.De acordo com a presidente da Câma-

ra Municipal, a iniciativa arrancou no

início do ano com “uma grande adesão” por parte dos empresários da restauração, já que participam “praticamente todos os

restaurantes do concelho”.Para cada mês da iniciativa foram fixa-

das ementas típicas, cujos pratos são con-fecionados com produtos locais e da épo-ca, adiantou, indicando que este mês é a carne de porco que domina os cardápios dos restaurantes.

Seguem-se as migas em fevereiro, o pei-xe do rio, os cogumelos e os espargos em março e a carne de borrego em abril, es-tando o mês de maio “reservado” para as sopas da horta.

Junho é o mês das sardinhadas e dos churrascos, julho da galinha do campo, agosto do gaspacho, setembro do grão e do chícharo (leguminosa de origem ára-be), outubro dos cozidos, novembro da carne de caça e dezembro do peru, sendo associados a cada mês os doces típicos da época.

Além do pão e do azeite, dos enchidos e dos queijos, podem degustar-se pratos como rechina, açordas, sopas de beldroe-gas, de tomate, de feijão com alabaças, de grãos com cardos, da caldeta de peixe do rio, gaspacho alentejano, entre outros.

O primeiro mês da iniciativa, dedicado à carne de porco do montado, encerrou no dia 31 com a tradicional matança do porco na Aldeia da Venda, na freguesia de Santiago Maior.

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Évora comemora 500 anos do Palácio de D. Manuel Durante todo o ano de 2015, Évora evoca 500 anos da sua História, tomando o Pa-lácio de D. Manuel como ícone.

Evidenciar o papel que a cidade de Évora desempenhou no século XVI, no contexto nacional e internacional, e re-fletir sobre a sua contemporaneidade, é o objetivo do Município ao lançar os 500 anos do palácio D. Manuel como tema do ano.

Eduardo Luciano, Vereador da cultura na Câmara de Évora anunciou que “este ano vai acontecer na cidade um conjun-to alargado de actividades enquadradas nos 500 anos do Palácio D. Manuel.”

A primeira destas iniciativas, adian-tou o mesmo responsável, é a exposição dos trabalhos vencedores do concurso Prémio Fotojornalismo Estação Imagem de Mora, com inauguração marcada para 31 de Janeiro. O retomar da edição da re-vista Cidade de Évora, ou a realização de um congresso na Universidade de Évora intitulado “Palácios e Dinâmicas Urba-nas: centros de poder e de conhecimento na Europa”, previsto para Novembro, são outros pontos altos deste programa.

O tema dos 500 anos do Palácio D. Manuel deverá ainda inspirar inicia-tivas tão diversas como o Carnaval das Escolas, a Feira de S. João, entre outros momentos da programação cultural da cidade, confirmou o vereador Eduardo Luciano ao Registo.

“De Março de 1513 a Dezembro de 1516 temos notícia de uma grande empreita-da de pedraria e carpintaria, certamente a que configurou o atual corpo trunca-do, hoje conhecido por “Palácio de D. Manuel”. Quer isto dizer que há preci-samente 500 anos o palácio estava em plena execução, sendo que por volta de 1516 já deveria ter, no essencial, a actual configuração.

Baseada nestes dados históricos, a Câ-mara de Évora decidiu lançar o mote para uma reflexão alargada aos vários níveis e sectores da cidade. A evolução

O Palácio de ÉvoraO Palácio de D. Manuel é monumento na-cional desde 1910. O acesso mais frequente é pelo Largo de S. Francisco, onde se situa a Igreja do mesmo nome, a que o palácio esteve física e historicamente ligado. É propriedade pública municipal. Começou a ser construído no séc. XV tendo começa-

do por ser residência e paço real. Na sua versão actual tem vocação cultural. Recebe congressos, colóquios, exposições, e outras inúmeras actividades ligadas à vida cultu-ral, politica e social da cidade.Vem de 1336 a primeira referência aos Paços de S. Francisco, origem do Palácio de D. Manuel. A crónica de D. Afonso IV, nessa

data, dá conta da celebração dos “desponsó-rios do Infante D. Pedro com D. Constança Manuel” .Sabe-se que em 1387 D. João I pousava fre-quentemente no Convento de São Francis-co. Desde então até 2015 a História é longa e cheia de movimentos. Por eles passam 500

anos da cidade que foi segunda do reino.

Festival EntrudançasEntre 13 e 15 de Fevereiro de 2015, a As-sociação PédeXumbo, em parceria com a Câmara Municipal de Castro Verde e a Junta de Freguesia de Entradas, volta a organizar o Entrudanças – o festival de Inverno que celebra o Entrudo, as tradi-ções locais, a música e a dança em Entra-das, vila do concelho de Castro Verde, no Baixo Alentejo.

Este ano, o Entrudanças tem o tema “Gerações”. Com a comunidade local tra-balham-se as tradições e as percepções, cruzando-as com outras distantes. Entre vários segmentos da população desenvol-ve-se um trabalho artístico-comunitário, o Circo das Gerações, que utiliza as artes circenses como ferramentas para a ex-pressão individual e a comunicação com o outro, e que será apresentado no Festi-val.

Como já é habitual, o Entrudanças vai decorrer por toda a vila de Entradas, com atividades nas ruas e nas praças, no Cen-

D.R.

Os 500 anos do Palácio D. Manuel vai influenciar iniciativas como o Carnaval das Escolas e a Feira de S.João.

Radar

das centralidades em Évora, ao longo dos últimos 500 anos, a forma como a cidade

se vê a si própria, e como deseja ser vista pelas outras cidades e centros de decisão,

é a reflexão que o Município propõe ao lançar o tema para este ano.

tro Recreativo, na Biblioteca, no Museu, nas Adegas e nas Tabernas. Haverá bailes, oficinas de dança e de instrumentos, con-certos com sonoridades locais - com desta-que para o Cante Alentejano - e outras de outras paragens, atividades para crianças e famílias, exposições, documentários, passeio, gastronomia e animação de rua.

O Programa completo para os 3 dias já está disponível no site. Entre as várias de-zenas de presenças e atividades, destacam--se o baile com La Forcelle (14 Fevereiro), a estreia do novo baile da PédeXumbo “Pedem-te a mão e tu dás o braço” (15 de Fevereiro), a oficina de danças bascas com Eva Parmenter (14 de Fevereiro), a oficina de danças Cabo Verdianas com Waty Bar-bosa (14 de Fevereiro) a Visita à Herdade das Fontes Bárbaras com prova de vinho e Cante Alentejano, a atuação de diversos grupos locais, a oficina de Cante Alenteja-no para famíliascom David Pereira e Fili-pe Pratas (15 de Fevereiro).

D.R.

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SEMANÁRIO

Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 ÉvoraTel. 266 750 140 Email [email protected]

O secretário-geral do PS, Antó-nio Costa, considerou este Do-mingo, no Algarve, que o “em-pobrecimento” em Portugal é uma realidade estatística e que “falhou” a receita do Governo de impor austeridade para promo-ver o crescimento e pagar a dívi-da pública.Ao discursar num almoço com militantes do partido em Tavira, António Costa afirmou que é ne-cessária uma nova política e que o PS deve assumir a sua história, no dia em que assinala 40 anos da sua legalização [a 01 de fe-vereiro de 1975], e “mobilizar-se pelo combate e por uma alterna-tiva” à austeridade imposta pelo Governo PSD-CDS/PP.“O actual Governo quis con-vencer o país de que tinha uma estratégia, uma estratégia que, com uma grande diminuição

de direitos, com uma grande po-lítica de austeridade, com o em-pobrecimento coletivo, iríamos conseguir relançar a economia e conseguir pagar a dívida pú-blica. O que sabemos hoje é que há um aspecto que conseguiram alcançar, indiscutível que conse-guiram empobrecer o país”, disse António Costa.O líder do PS apontou dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) para justificar esta posição e deu como exemplo do empo-brecimento os “recursos huma-nos que se viram obrigados a emigrar”, os “300 mil postos de trabalho que muito contribuí-ram para aumentar o desem-prego” e com os quais o Governo acabou.“Mas empobreceram mesmo o país porque, ano após ano, a taxa de risco de pobreza tem vindo a

aumentar em Portugal”, acres-centou, frisando que há dois dias o INE cifrou “em 20% a po-pulação portuguesa em risco de pobreza” e “em 450.000 os portu-gueses que estão hoje em risco de pobreza”.A pobreza aumentou ainda, se-gundo o secretário-geral do PS, “entre empregados e pensionis-tas, mas também na população activa”, porque hoje, disse, “mais de 10% das pessoas empregadas estão abaixo do limiar de pobre-za e isso demonstra bem o que significou de diminuição de di-reitos, de quebra de rendimentos e de falta de dignidade no Mun-do do trabalho” a política impos-ta pelo Governo.António Costa considerou que este empobrecimento é também visível junto das crianças e dos jovens,.

Agricultura

Alqueva com mais regadioA área de regadio de Alqueva pode aumentar dos 110 mil hectares programados desde 1995, para 170 mil. Ou seja, um aumento de 55%.A notícia foi avançada ao Expresso pelo presi-dente da EDIA - Empre-sa de Desenvolvimento das Infraestruturas de Alqueva. José Pedro Salema, que completa 12 meses à frente do projeto, garante que estão criadas todas as condições para que o regadio cresça mais 60 mil hectares, nos ter-renos vizinhos do atual perímetro dos 110 mil hectares estipulados.Ou seja, assim haja procura e vontade de investir e a área regada pode não ficar por aqui. A explicação é simples: quando o sistema de rega foi imaginado há 20 anos, as dotações planeadas apontavam para gastos de seis mil metros cúbicos de água por hectare/ano. No entanto, e como explica José Pedro Salema, “o que hoje estamos a constatar é que as dotações de hoje são metade daquele valor”.

Politíca

D.R.

Quatro anos depois da última edição, as Festas do Povo de Cam-po Maior (Portalegre) voltam a realizar-se este ano. E já se prepa-ra uma candidatura a Patrimó-nio da Humanidade.“Já reunimos com uma parte da população, houve muito entu-siasmo e apoio e dentro de dias voltamos a realizar mais iniciati-vas para levar por diante os fes-tejos”, revelou à Lusa o presidente da Associação das Festas do Povo de Campo Maior, João Rosinha. As festas só se realizam quando a população da vila alentejana quer, tendo a última edição em 2011 recebido, segundo a organi-zação, 1,2 milhões de visitantes. “Temos cerca de 30 ruas inscri-tas e esperamos conseguir mais algumas, pois o povo está entu-siasmado”, indicou João Rosinha, reconhecendo, contudo, que o número de ruas aderentes, até agora, “não permite fazer”, para já, o anúncio oficial das festas. Consideradas um evento tradi-cional único, as Festas do Povo de Campo Maior, no distrito de Por-talegre, contemplam a ornamen-tação das ruas da vila, sobretudo do centro histórico, com milha-res de flores em papel, feitas pela própria população.

Campo Maior volta a florir no Verão

Turismo

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Costa acusa governo de empobrecer o país