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www.registo.com.pt SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | Agosto de 2015 | Mensário| ed. 263 | 0.50 O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14 Horta das Figueiras | 7005-320 Évora 266771284 PUB 04 “Confio no voto dos alentejanos para eleger o segundo deputado em Évora” “Confio no voto dos alentejanos para eleger o segundo deputado em Évora” Artes do mesmo chão PÁG.06 Falar de Redondo é falar do seu Povo, mas também é falar de Vinho e de Olaria, trabalhadores do mesmo chão onde se cultivam estas artes, Redondo dá nome aos mais tradicionais barros e a uma reco- nhecida seleção de vinhos cuja con- sagração em muito tem contribuído para a projeção deste concelho no panorama nacional e internacio- nal. Genoma do Sobreiro PÁG.03 A primeira etapa do projecto de sequenciação do genoma do sobreiro (Quercus suber), que arrancou em 2013, está agora na sua fase final. O genoma da árvore está prestes a ser descodificado e a ideia é submeter os resultados para pu- blicação à revista Nature já no final deste ano. A equipa portuguesa engloba cien- tistas de várias instituições, está encaixar as últimas peças de um quebra-cabeças genético nunca antes desvendado. Alqueva Hostel em Portel PÁG.14 A funcionar há cerca de um ano e gerido pela Associação de Desenvolvi- mento, ADA, o Alqueva Hostel resultou da adaptação do edifício da antiga escola, de- sativada há meia dúzia de anos, através de obras suportadas pelo município de Portel, concelho banhado pela albufeira. O pre- sidente da associação, Norberto Patinho, conta à agência Lusa que o projeto surgiu para “dar utilização a um edifício que esta- va desafetado da sua função original”. Campo Maior cria Museu das Festas do Povo PÁG.12As tradicionais flores de papel da festa alentejana – que enfeitam a vila até ontem – vão ser “imortalizadas” num espaço museológico. A conversão do ac- tual Museu Aberto vai implicar um in- vestimento superior a 1,6 milhões de eu- ros. Dois dias antes do encerramento das festas, a autarquia anunciou a reabilita- ção e conversão do actual Museu Aberto, que futuramente incluirá um espaço de- dicado às Festas do Povo. Rute Bandeira | D.R. Capoulas Santos em entrevista

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Edição 263 do Semanário Registo de Évora

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www.registo.com.pt

SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | Agosto de 2015 | Mensário| ed. 263 | 0.50€

O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14Horta das Figueiras | 7005-320 Évora

266771284

PUB

04

“Confio no voto dos alentejanos para eleger o segundo deputado em Évora”“Confio no voto dos alentejanos para eleger o segundo deputado em Évora”

Artes do mesmo chãoPÁG.06 Falar de Redondo é falar do seu Povo, mas também é falar de Vinho e de Olaria, trabalhadores do mesmo chão onde se cultivam estas artes, Redondo dá nome aos mais tradicionais barros e a uma reco-nhecida seleção de vinhos cuja con-sagração em muito tem contribuído para a projeção deste concelho no panorama nacional e internacio-nal.

Genoma do SobreiroPÁG.03 A primeira etapa do projecto de sequenciação do genoma do sobreiro (Quercus suber), que arrancou em 2013, está agora na sua fase final. O genoma da árvore está prestes a ser descodificado e a ideia é submeter os resultados para pu-blicação à revista Nature já no final deste ano. A equipa portuguesa engloba cien-tistas de várias instituições, está encaixar as últimas peças de um quebra-cabeças genético nunca antes desvendado.

Alqueva Hostel em PortelPÁG.14 A funcionar há cerca de um ano e gerido pela Associação de Desenvolvi-mento, ADA, o Alqueva Hostel resultou da adaptação do edifício da antiga escola, de-sativada há meia dúzia de anos, através de obras suportadas pelo município de Portel, concelho banhado pela albufeira. O pre-sidente da associação, Norberto Patinho, conta à agência Lusa que o projeto surgiu para “dar utilização a um edifício que esta-va desafetado da sua função original”.

Campo Maior cria Museu das Festas do PovoPÁG.12As tradicionais flores de papel da festa alentejana – que enfeitam a vila até ontem – vão ser “imortalizadas” num espaço museológico. A conversão do ac-tual Museu Aberto vai implicar um in-vestimento superior a 1,6 milhões de eu-ros. Dois dias antes do encerramento das festas, a autarquia anunciou a reabilita-ção e conversão do actual Museu Aberto, que futuramente incluirá um espaço de-dicado às Festas do Povo.

Rute B

andeira | D.R

.Capoulas Santos em entrevista

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2 Agosto ‘15

Director Nuno Pitti Ferreira ([email protected]) Registo ERC nº125430

Propriedade

PUBLICREATIVE - Associação para a Promoção e Desenvolvimento Cultural; Contribuinte 509759815 Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora - Tel: 266 750 140 Direcção Silvino Alhinho; Joaquim Simões; Nuno Pitti Ferreira; Departamento

Comercial [email protected] Redacção Pedro Galego (CO279), Rute Marques (CP4823) Fotografia Luís Pardal (editor), Rute Bandeira Paginação Arte&Design Luis Franjoso Cartoonista Pedro Henriques ([email protected]);

Colaboradores António Serrano; Miguel Sampaio; Luís Pedro Dargent: Carlos Sezões; António Costa da Silva; Marcelo Nuno Pereira; Eduardo Luciano; José Filipe Rodrigues; José Rodrigues dos Santos; José Russo; Figueira Cid Impressão Funchalense

– Empresa Gráfica S.A. | www.funchalense.pt | Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº 50 - Morelena | 2715-029 Pêro Pinheiro – Portugal | Telfs. +351 219 677 450 | Fax +351 219 677 459 Tiragem 10.000 ex | Distribuição Regional |

Periodicidade Mensal | Nº.Depósito Legal 291523/09 | Distribuição PUBLICREATIVE.

Ficha TécnicaSEMANÁRIO

A Abrir

Depois de 4 anos de governação em condições extremamente difíceis é tempo de acreditar num futuro muito melhor.

Como é sabido por todos, o Governo de Co-ligação PSD / CDS-PP herdou da governação do Partido Socialista um País muito próximo da bancarrota. Herdou um País condicionado a um memorando assinado pelo então Governo de José Sócrates (em que António Costa era o seu nº 2 no PS). Em poucos anos a dívida do Estado Portu-guês tinha sido duplicada. Foi com a governação do PS que Portugal ficou condenado às amarras da dívida externa.

Foi um período dramático para Portugal. Foi o Governo do PS quem trouxe a Troika para o nos-so País. E foi com o Governo da Coligação PSD / CDS-PP que a Troika saiu de Portugal. A vinda da Troika é uma consequência da irresponsabilidade da governação socialista. Não podemos esque-cer, uns trouxeram a Troika e outros mandaram a Troika embora. Este Governo herdou uma crise profunda, mas conseguiu colocar o País na rota do crescimento. Essa é uma diferença gigantesca.

Foram anos difíceis, em contexto muito espe-cial. Ainda assim, foi possível efectuar um conjun-to de reformas muito profundas no País. Foi tam-bém possível realizar investimentos criteriosos para o nosso País e para a nossa região. É nessa aposta credível e de confiança que acreditamos. Podemos confiar e garantir que, com esta coli-gação, é possível continuar a desenvolver o nosso País e a nossa região.

Nesta perspectiva apresentamos 5 grandes pro-postas para o Distrito de Évora, nomeadamente:

Desenvolver o Território e Gerar Mais Em-prego

Ocorreram mudanças muito significativas no Distrito de Évora ao longo dos últimos 4 anos. Es-tas mudanças dão-nos perspectivas muito positivas para o futuro. Exemplos das mudanças já concre-tizadas: a) Reestruturação generalizada do Sector Agrícola e Agro-Industrial, nomeadamente: forte incremento da actividade empresarial, aumento do número de jovens agricultores, crescimento dos

níveis de produtividade e volume de negócios. Fo-ram realizados investimentos públicos decisivos: conclusão da barragem de Veiros, investimentos significativos na Vigia e Lucefecit e em conclusão os investimentos em Alqueva; b) Incremento bas-tante significativo no sector turístico, através de: realização de notáveis investimentos empresariais, intensificação de esforços de promoção da Região, em particular nos mercados internacionais; c) De-senvolvimento bastante significativo ao nível da transferência tecnológica, nomeadamente: aposta na criação do Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo e no desenvolvimento de um Sistema Re-gional de Transfêrencia de Tecnológia. Aposta nas seguintes áreas: Energias renováveis, aeronáutica, tecnologias críticas, património e indústrias cria-tivas, economia dos recursos naturais, minerais e ambientais, e serviços especializados e tecnologias para a economia social.

A tendência de desemprego no distrito de Évora é uma tendência de descida, isso é francamente positivo. Sabemos que é com mais confiança que temos mais investimento, com mais investimento que temos mais economia e com mais economia que temos mais emprego. É fundamental conti-nuar a apostar na captação de empresas que criem emprego para o Distrito de Évora.

Assegurar o Acesso e a Qualidade a um Sistema de Saúde Moderno

Porque a responsabilização de um governo pe-rante o País implica a definição clara de objetivos estratégicos e dos seus compromissos para com os cidadãos importa, no que se refere ao setor da Saúde, estabelecer quais são os compromissos que queremos assumir. Algumas medidas: promover um sistema de saúde distrital de qualidade, me-lhorar o acesso de todas as populações aos cuida-dos de saúde, desenvolver um SNS sustentável e competitivo, com futuro; desenvolver uma rede de cuidados de saúde coerente e ao serviço das Pessoas. Para além de importantes investimentos realizados nos últimos anos no distrito de Évora (investimentos no Hospital Espírito Santo, criação dos Centros de Saúde em Vila Viçosa, Redondo,

Durante mais de quarenta anos dediquei-me, pessoal e profissionalmente, ao diagnóstico dos obstáculos que impedem o Alentejo de prospe-rar, como merece, num esforço para encontrar soluções ajustadas à sua superação.

Nunca, durante esse tempo, imaginei encon-trar-me na situação de candidato a deputado. Mas, muito menos, concebi essa possibilidade à revelia de um caderno reivindicativo regional.

Assim, em condições normais, apresentar--me-ia perante o eleitorado apoiado num pro-grama de candidatura com propostas de solução para os problemas recorrentes do desenvolvi-

mento local, das assimetrias regionais, da de-sertificação, do envelhecimento demográfico, os ex-libris do costume para quem se propõe representar politicamente o distrito.

Contrariamente às expectativas, tivemos de fazer recuar a barricada para posições mais anti-gas, obrigando-nos a regressar à defesa dos direi-tos elementares que considerávamos definitiva-mente adquiridos e a salvo de qualquer assalto.

Mas o inimigo que se apresenta à luta é mais difuso, sofisticado e eficaz, obrigando-nos ao adiamento daquelas preocupações, com os olhos postos na urgência em travar o passo a

JOSÉ ELIZEU PINTOCabeça de lista do Bloco de Esquerda

AGORA ÉVORA PODE MAIS

ANTÓNIO COSTA DA SILVACabeça de lista da Coligação Portugal à Frente

esta mutação predadora do capitalismo, que anuncia o empobrecimento como regime econó-mico, o terror como prática política, a inevitabi-lidade como ideologia.

A sua voracidade obrigou-o a reinventar-se, abandonando os seus cânones mais emblemá-ticos, bandeiras de um outro neoliberalismo, também ele sacrificado no percurso. A grande finança toma de assalto a coisa pública, certifi-cando-se da colocação certeira dos seus comis-sários em lugares-chave do aparelho de Estado, agentes facilitadores da manobra de apropriação privada dos bens públicos.

Este é um tempo que prenuncia dias de chumbo. Em diversas frentes – na Escola Pública, no

SNS, na Segurança Social Pública, na legislação laboral … – se confecciona o caldo ideológico e as condições sociais que suportarão, por mil anos, este novo “reich”, desta feita sem escrutí-nio e legitimado por uma democracia mutilada, assente numa cidadania inerte e enfastiada da política.

E dos partidos? Que resposta esperar? De um lado, uma direita amoral, pragmática

e competente no cumprimento da sua agenda, mas igualmente eficaz na captura do centro--esquerda adjacente, enredado na mesma teia de interesses e, consequentemente, tolhido na sua acção política e pouco convincente nas suas propostas. Entre si, juntos ou à vez, dividem a responsabilidade integral pelo estado actual do país;

Do outro, uma esquerda amansada e coope-rante, acantonada numa espécie de reserva onde gere os seus pequenos interesses e definha, até à extinção, mergulhado num conservadorismo galopante e litúrgico de que vai dependendo para subsistir, nunca ousando para além da sua própria condição de sobrevivência.

É este o quadro em que o Bloco de Esquerda enfrenta o desafio das legislativas de Outubro: uma candidatura de emergência num país que urge retirar do estado de choque em que o co-locaram.

Mourão, Portel e Montemor-o-Novo), torna-se fundamental apostar fortemente nos cuidados pri-mários, nomeadamente ao nível das extensões de saúde, bem como melhorar a articulação com os cuidados de saúde hospitalares e continuados.

Combater as Desigualdades e a Exclusão Social

A pobreza e as desigualdades sociais têm di-nâmicas muito enraizadas e complexas, que ca-recem de uma estratégia integrada e focada na capacitação e autonomia das pessoas e das famí-lias, de forma a interromper os ciclos de exclusão que teimam em se perpetuar. Algumas medidas: assegurar a sustentabilidade dos sistemas previ-denciais de segurança social. Rede local de Inter-venção Social (RLIS) já implementada em todo o território nacional para reforçar e promover um serviço de atendimento/acompanhamento sociais de maior proximidade às famílias e cidadãos, em Évora prevê-se dois projectos financiados pelo POISE; Contratos Locais de Desenvolvimento Social (CLDS) prevêem 4 projetos em todo o dis-trito até 2018; Programas de apoio alimentar na sequência do actual FEAC; Reforçar a inclusão social, valorizando o papel da economia social, através do Lançamento de um programa nacional de requalificação das respostas sociais; Nova rede de serviços personalizados para apoio a idosos e pessoas com deficiência – como medida alter-nativa à institucionalização; implementação de 2 Residências autónomas para 10 Pessoas com deficiência – projecto-piloto no distrito de Évora; Aposta nas respostas especializadas dirigidas a crianças e jovens em risco: Lar de Infância e Ju-ventude Especializado – projeto piloto em Monte-mor-o-Novo. Aprofundar o voluntariado, através da revisão da legislação e criação do cartão do voluntário com benefícios.

Valorizar as Pessoas, a Educação e o Co-nhecimento

A valorização das pessoas assume uma dimen-são crucial. A qualificação dos Jovens e Adultos assume-se enquanto elemento estrutural no com-bate à pobreza e na promoção da mobilidade so-cial e na consequente concretização do princípio da igualdade de oportunidades. Algumas das medidas: promover o acesso às ofertas de creche e jardim-de-infância a todas as crianças até aos seis anos; garantindo assim uma Taxa real de pré--escolarização, de 100% melhorar da taxa de su-cesso educativa, diversificando as ofertas forma-tivas, valorizar o ensino vocacional e profissional,

reforçando a ligação entre o sistema educativo e o mundo empresarial. Continuar a aposta em ofer-tas formativas fortemente ligadas às potencialida-des do Distrito, capazes de combater o desempre-go e promover o desenvolvimento económico, a título de exemplo o Curso Vocacional de Técnico de Produção Agropecuária/ Técnico de Rega-dio, criado nos últimos anos, na Aldeia da Luz, Mourão; Incentivar uma escola livre de barreiras e amiga da diferença; incentivar uma cultura de avaliação permanente; estimular uma qualifi-cação real dos adultos; inovar para diferenciar; reforçar na ciência, na tecnologia e na inovação. Um reordenamento da rede escolar acompanha-do de importantes investimentos realizados nos últimos anos no distrito de Évora (como o Centro Escolares de Viana do Alentejo, Centro Escolar de Santiago Maior e Pavilhão Gimnodesportivo, em Pias, Alandroal, requalificação da EB23 André de Resende, em Évora, entre outros), tornando-se fundamental apostar em investimentos nas esco-las que ainda não foram intervencionadas.

Fixar a População e Atrair os Novos Habi-tantes Jovens

Num prazo não muito longínquo, a nossa capa-cidade de afirmação enquanto entidade política autónoma depende largamente da inversão do “in-verno demográfico” em que Portugal (e o Alente-jo em particular) caiu desde há várias décadas e, portanto, da nossa mobilização coletiva em favor de políticas públicas amigas das famílias. Existem algumas apostas políticas que vão ser fundamen-tais para um distrito com problemas demográfi-cos tão complexos como é o de Évora, como são exemplo: políticas para a Família e Natalidade; medidas para o Envelhecimento Ativo; Reduzir as assimetrias regionais nas capacidades de I&D&I, através de um Programa para a criação de Centros de I&D&I de excelência nas regiões do interior de baixa densidade populacional, alinhados com a RIS3 da respetiva região, com forte ligação ao tecido empresarial, capazes de dinamizar o sector produtivo, criar emprego qualificado, atrair jovens incentivar e valorizar o regresso dos Emigrantes; incentivo a medidas de diferenciação positivas para os territórios de baixa densidade.

Pensamos que podemos dar um forte contribu-to para que estas propostas sejam concretizáveis. Esta é a nossa missão.

Estamos extremamente motivados para o fazer porque acreditamos no Distrito de Évora e em Portugal. Acreditamos nas nossas gentes, porque essa é nossa maior riqueza.

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Atual

“O nosso objectivo era identificar os genes que são únicos para o sobreiro”

Genoma do Sobreiro prestes a ser decodificadoA primeira etapa do projecto de sequen-ciação do genoma do sobreiro (Quercus suber), que arrancou em 2013, está agora na sua fase final. O genoma da árvore está prestes a ser descodificado e a ideia é submeter os resultados para publicação à revista Nature já no final deste ano. A equipa portuguesa liderada por Sónia Gonçalves, investigadora do Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimen-tar do Alentejo (Cebal), em Beja, e que engloba cientistas de várias instituições, está encaixar as últimas peças de um quebra-cabeças genético nunca antes desvendado.

“O nosso objectivo era identificar os genes que são únicos para o sobreiro – isto é, perceber por que é que há árvores que são melhores do que outras, quais são os genes que provocam essa dife-rença”, explica ao PÚBLICO José Matos, do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) envolvido no projecto. “Neste momento, estamos a montar as últimas peças do puzzle do genoma.”

O projecto GenoSuber estava já pre-parado para arrancar há mais de oito anos, mas não começou antes por fal-ta de financiamento. A evolução das metodologias de trabalho veio baixar o custo da sequenciação do genoma e possibilitou o avanço dos estudos. Em Outubro de 2012, assinou-se o plano de trabalho orçado em 1,13 milhões de eu-ros. Deste montante, 85% foi financiado pelo Quadro de Referência de Estratégia Nacional (QREN) e o restante assegura-do por entidades privadas, com destaque para a Corticeira Amorim, que também colabora no projecto e garantiu 7,5% do dinheiro.

A entrada no projecto da Corticeira Amorim, a maior produtora mundial

formação da cortiça, orientando também a investigação no sentido de os resolver.

Além do Cebal, a entidade promotora do GenoSuber, e do INIAV, participam ainda no projecto o Instituto de Tecnolo-gia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa (ITQB), o Instituto de Bio-logia Experimental e Tecnológica (IBET), o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), os três em Oeiras, e o parque Biocant, em Cantanhede. Com 28 investigadores, o projecto da descodificação do sobreiro por uma equipa portuguesa tem ainda como consultores o belga Yves van de Peer, da Universidade de Ghent (Bélgi-ca), e o norte-americano Gerald Tuskan, do Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos Estados Unidos.

Escolher a árvore que iria ser sequen-ciada não foi um processo simples. Os so-breiros cruzam-se frequentemente com outros carvalhos (árvores também do género Quercus), resultando em híbri-dos do ponto de vista genético, mas que visualmente são sobreiros. Numa fase inicial, a equipa seleccionou 50 sobrei-ros a nível nacional, para daí encontrar o sobreiro com o mínimo de heterozigotia possível, ou seja, menor variabilidade genética.

O trabalho de selecção envolveu a re-colha de material vegetal das 50 árvores, com identificação geográfica e fotográfi-ca, a extracção de ADN das folhas e ain-da a caracterização molecular com mar-cadores de microssatélites já disponíveis para sobreiro (pequenas sequências de ADN repetidas, que são utilizadas como marcador genético em estudos de paren-tesco). Daqui resultou a identificação da árvore a ser sequenciada: um sobreiro, com idade entre 120 e 150 anos, localiza-do na Herdade dos Leitões, em Montar-gil, no concelho de Ponte de Sor.

Jerónimo reclama “um caminho novo para o país” com mais votos na CDUO secretário-geral do PCP defendeu este sábado que o que está em causa nas le-gislativas de 4 de Outubro é ou “insistir no trajecto ruinoso seguido ora pelo PS ora pelo PSD e CDS” ou abrir “um cami-nho novo”.

Jerónimo de Sousa, que falava na Quinta da Atalaia, Seixal, perante tra-balhadores que preparam o recinto para a Festa do Avante, pediu um refor-ço da votação da CDU nas eleições legis-lativas.

“Aquilo está em causa nas eleições de 4 de Outubro é a escolha entre dois ca-minhos: ou insistir no trajecto ruinoso da política seguida ora pelo PS ora pelo PSD e CDS ou abrir um caminho novo, a construção de uma política alternativa patriótica e de esquerda com o reforço da CDU para que a CDU pese mais para

que esse caminho novo, para que essa alternativa se afirme”, disse.

“Este partido está em condições, com o seu reforço, de assumir todas as res-ponsabilidades. Está pronto e preparado para participar nas soluções, incluindo nas soluções governativas”, disse o se-cretário-geral do PCP, convicto de que, se as sondagens acertarem, a actual maioria PSD/CDS vai levar “uma ba-nhada” nas eleições.

Jerónimo de Sousa deixou ainda crí-ticas aos que defendem uma maioria absoluta saída das próximas eleições legislativas e afirmou que sempre que isso aconteceu “nunca houve foi estabi-lidade na vida das pessoas”.

“O próprio PS vem, em nome da esta-bilidade, no seguimento daquilo que afirmou o Presidente da República,

geralmente tão calado, mas que veio a terreiro defender uma maioria absoluta em nome da estabilidade governativa. É preciso lembrar ao Presidente da Repú-blica e é preciso lembrar fundamental-mente ao povo português que sempre que existiram maiorias absolutas, fosse do PS, fosse do PSD, houve estabilida-de governativa, o que nunca houve foi estabilidade na vida das pessoas pela política de direita que foi realizada”, apontou.

O líder comunista alertou ainda que “vai haver por aí muita mistificação, muito engano” e afirmou que o que está em causa nas legislativas não é a elei-ção de um primeiro-ministro, é a esco-lha dos 230 deputados da Assembleia da República.

Segundo Jerónimo de Sousa, “outra

mistificação é a ideia (apresentada pe-las sondagens) de que existe um debate técnico”.

“Mesmo essas sondagens, que têm sempre um valor relativo, indicam esta coisa espantosa: é que tendo em conta os resultados de há quatro anos atrás, verificamos que as sondagens dão 30 e tal por cento ao PSD e o CDS” quando esses partidos “tiveram mais de 50% dos votos há quatro anos”.

Se as sondagens acertarem, “o PSD e o CDS, os partidos do Governo, vão levar uma banhada, vão sofrer uma derrota pesada nestas eleições para a Assem-bleia da República”, disse Jerónimo de Sousa, recebido já em clima de festa pe-los presentes na Quinta da Atalaia.

A 39.ª edição da Festa do Avante vai decorrer nos dias 4, 5 e 6 de Setembro.

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de cortiça, veio tornar possível o con-tacto com a fileira florestal, permitindo

à equipa conhecer mais de perto os pro-blemas associados à produção e à trans-

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Exclusivo

“No caso de Évora eleger mais um deputado significa retirar mais um à coligação de direita, o que, sendo

”As minas da Boa Fé serão o maior crime ambiental feito na região“Entrevista Luís Capoulas Santos, Cabeça de lista pelo Circulo Eleitoral de Évora do Partido Socialista.

Rute B

andeira | D.R

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Rute Marques | Texto

Que objetivos políticos definiu o Cir-culo Eleitoral de Évora do Partido Socialista às legislativas de Outubro para o distrito?Temos um sistema eleitoral que atribui os mandatos em função do número de eleitores. Infelizmente, por força do re-cuo demográfico nas últimas décadas, passámos de 6 deputados em Évora para apenas 3 neste momento. Nós, partido socialista, estamos convictos de que o melhor para o país, em termos de gover-nabilidade, será a maioria absoluta. E uma maioria diferente da actual, é cla-ro. Estamos motivados para atingir esse objectivo. No caso de Évora eleger mais um deputado significa retirar mais um à coligação de direita, o que, sendo um objetivo difícil, porque implica que o principal partido tenha o dobro dos vo-tos do terceiro, é alcançável. Já o conse-guimos uma vez e se os resultados das

últimas europeias fossem transpostos para as próximas legislativas voltaría-mos a consegui-lo. O facto da direita con-correr coligada, sendo-lhe úteis todos os votos, exige uma resposta inteligente da esquerda, que concorre através de uma multiplicidade de partidos, sendo que apenas o PS e a CDU têm condições de eleger deputados. Não concentrar os vo-tos no PS só contribuirá para que a direi-ta mantenha o seu deputado em Évora. Confio na lucidez dos eborenses. E prioridades.Se há alguma coisa de que me orgulho é de ter sempre cumprido os meus com-promissos eleitorais. Quando fui candi-dato pela primeira vez, empenhámo--nos em desbloquear o Alqueva, assim como outros anseios dos eborenses há décadas adiados, como o Hospital do Patrocínio ou a Barragem dos Minutos, em Montemor o Novo, por exemplo. En-tre os compromissos que no horizonte

de 2020 gostaria de poder ajudar a cum-prir está o novo Hospital Central, que não é uma promessa irrealista porque se estima que o investimento líquido para nova construção (para a qual já existe projeto e terrenos disponíveis), será na ordem de 100 milhões de euros. Considero ser possível mobilizar esse montante, em quatro anos, sem au-mentar a despesa pública, utilizando o envelope de fundos comunitários, e a respectiva contrapartida nacional, que já está alocado à região (1.082,9 milhões de euros). Trata-se de afectar a esta obra cerca de 10 por cento. Todos os partidos nos apoiam neste objectivo.

E a segunda questão?As minas de Boa Fé. A exploração mi-neira na Serra de Monfurado, que o ac-tual governo já autorizou, será o maior crime ambiental alguma vez feito na região. É um projeto de mineração a céu aberto que provocará crateras gigantes-

cas, com recurso a explosivos, e que im-plicará a constituição de enormes mon-tes de escombros. Implicará também um processo de mineração que utiliza áci-dos na lavaria, sendo necessárias várias toneladas de inertes para extrair escas-sas gramas de ouro. As águas contami-nadas que resultam dessas escorrências irão provocar enormes albufeiras, cada uma delas com superfície superior a um campo de futebol. Uma das explicações que me foram dadas é que esses lagos terão matérias isolantes, mas bastará que ocorra uma cheia ou um acidente para que as linhas de água ou as águas subterrâneas fiquem irreversivelmente contaminadas. Não vai fixar emprego duradouro nem qualificado e, ainda por cima, as “royalties” para o Estado são absolutamente ridículas.

Em relação à afirmação do “interior como centralidade” que consta de 20 prioridades doprograma eleitoral do

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Exclusivo

um objetivo difícil, porque implica que o principal partido tenha o dobro dos votos do terceiro, é alcançavel.”

PS, como será obtida…Se temos Lisboa de um lado e se temos Madrid do outro, quer dizer que esta-mos no centro dos 2 maiores locais de consumo ibéricos. Temos de tirar par-tido da grande integração económica das economias portuguesa e espanhola, como consequência da integração eu-ropeia. A Espanha exporta hoje mais para Portugal do que para todos países da América do Sul e é também o nosso principal cliente. O distrito de Évora, e o Alentejo, têm de tirar partido disso.O PS tem esta visão inscrita no seu pro-grama de governo e tem medidas para a concretizar. Vão empenhar-se com a ligação fer-roviária de Sines à fronteira espanho-la, Portugal vai receber 129 milhões de euros de financiamento europeu, no âmbito do Mecanismo Interligar a Europa (MEI)?Seguramente. Todas as ligações a Espa-nha e à Europa são fundamentais, mas as obras públicas constituíram no passa-do um aceso foco de conflitualidade que não deve ser repetido. Por isso, o Partido Socialista já disse que, para o futuro, as grandes obras publicas devem obrigar a um consenso político alargado. A ques-tão do TGV começou a ser tratada por governos do PSD, que chegaram a pro-por até 3 ligações a Espanha. Creio que há um grande consenso na ligação do Caia-Évora-Sines. É pena que se tenha travado tudo por mera guerra política e que se tenham pago avultadas indem-nizações por suspensão de contratos já firmados, parte delas ainda em situação litigiosa. Estou certo de que o novo go-verno PS desbloqueará o impasse.

O PS pretende criar um Unidade de Missão para o interior do país, sob su-pervisão do primeiro-ministro, tendo por objetivo efetivar um programa na-cional para a coesão. Pode concretizar? A atenuação das grandes desigualdades que existem entre a faixa litoral e o in-terior despovoado e subdesenvolvido só se faz fixando populações e isso só acontece criando empregos, o que im-plica politicas e mobilização de fundos públicos e da iniciativa privada. É nes-se sentido que a proposta a Unidade de Missão, junto do primeiro-ministro faz todo o sentido para centralizar e mobili-zar todos os instrumentos de política na concretização de medidas que concor-ram para esse objectivo. Ainda há pou-cos dias visitei uma fábrica de tomate em Mora e uma fábrica de automóveis em Vendas Novas onde estas questões foram afloradas. Dou um exemplo - a fábrica de Vendas Novas precisa de con-tratar técnicos qualificados: havia um regime para as empresas para contrata-ção de técnicos qualificados que foi re-tirado pelo actual governo e com ele foi suspensa a contratação de novos qua-dros. É preciso repô-los e voltar a olhar de outra forma para o Alentejo, como o PS sempre fez, e de que os exemplos de Alqueva e da EMBRAER falam por si.

Para a agricultura, uma das 20 cau-sas do PS para o Círculo eleitoral de Évora para as legislativas de Outu-bro refere-se o objetivo de valorizar atividade agrícola e de por exemplo efetuar o pagamento da PAC a tempo ou de aumentar apoios a pequenos e jovens agricultores. Trata-se também uma crítica a coligação? Até 2020 teremos uma política agrícola

comum da União Europeia em aplica-ção em Portugal que é a mais favorável que alguma vez Portugal teve. E eu sin-to muita honra e orgulho por ter parti-cipado e influenciado decisivamente essa negociação enquanto deputado europeu. E para além de termos hoje melhores regras temos também um en-velope financeiro garantido até 2020 na ordem dos 8 mil milhões de euros. Bru-xelas definiu os meios financeiros e ao governo português competiu definir as regras de aplicação. Criticamos algumas dessas opções, em particular no que diz respeito aos pequenos e aos jovens agri-cultores. Por isso nós propomos aumen-tar o montante elegível dos projectos de investimento dos pequenos agricultores de 25000 para 40000euros e fixar em 600 euros o pagamento mínimo indepen-dentemente da área, assim como elevar para 20000 euros o prémio à primeira instalação dos jovens. Obviamente sem aumentar a despesa, mas apenas repro-gramando as verbas do envelope finan-ceiro já atribuído a Portugal.

Vai ser uma aposta significativa na agricultura?Na pequena agricultura e também uma aposta no regadio. Este governo teve durante 4 anos de vigência e nos dois primeiros parou os investimentos em Alqueva, depois quis emendar a mão e quis recuperar, mas perderam-se dois anos, o que é lamentável.

Vai bater-se pela aposta em Alqueva?O perímetro de rega estava previsto que chegasse aos 120 mil hectares até 2015. Duvido que que seja concluído no pra-zo. Propomo-nos completá-lo e, além disso, acrescentar mais 40 mil hecta-res porque existem condições naturais e fundos comunitários negociados na PAC para esse efeito. Com as novas téc-nicas de rega utiliza-se menos água e é possível com a mesma água regar uma maior superfície. Por isso vai ser possí-vel levar mais água para rega ao nosso distrito. E a primeira prioridade vai ser o concelho de Reguengos de Monsaraz onde hoje há viticultores que para man-ter bons níveis de produtividade são obrigados a transportar água para regar as suas vinhas.

Em relação a Segurança Social no Programa eleitoral preveem que não volte a haver cortes nas pensões e ao aumento do TSU para empresas. Relativamente a política fiscal encon-tram-se medidas como eliminação dos cortes salariais e redução da car-ga fiscal. Que caminho alternativo se prevê para não aumentar o défice?Essa é a principal questão que nos se-para da coligação de direita da qual co-nhecemos o seu modelo económico e a aversão ás políticas sociais aplicados nestes quatro anos, baseados na máxi-ma que o primeiro-ministro enunciou: ir além da troika. Uma política austeri-tária que procurou, através da redução de salários e de pensões a redução da despesa pública, tentando equilibrar o défice, e evitar o aumento da dívida. No fim deste período depois de ter sido prometido que não havia redução de sa-lários, retirada do 13 º mês e de subsídio de Natal e aumento da carga fiscal, a di-vida pública aumentou e o nível de em-prego mantém níveis inferiores a 2011. Porque a política austeritária retirando rendimentos às pessoas e às famílias levou ao encerramento de muitas ati-

vidades que dependiam do mercado in-terno. Quantos restaurantes e pequenos estabelecimentos não fecharam? Basta percorrer as ruas da nossa cidade para ver quantas lojas fecharam. É preciso um modelo alternativo que aumente o rendimento das famílias para gerar procura, revitalizando a atividade eco-nómica, aumentando o emprego e as re-ceitas fiscais e da segurança social para garantir as pensões. É um ciclo vicioso. Quanto mais se cortar nos rendimentos das famílias mais empresas vão encer-rar e mais desemprego e mais despesa social vai haver. Inverter isso, como propomos, implica dar rendimentos às famílias, aumentar o consumo para rea-nimar as atividades, voltar a empregar, para que essas pessoas possam voltar a descontar, e com isso gerar um ciclo completamente diferente. Perguntarão: e se falhar? E eu pergunto: e se manti-vermos esta política? Portanto, aquilo que propomos depois de termos defi-nido um cenário formulado por econo-mistas reputados, é reorientar a despesa de outra forma para atingir estes objeti-vos. E, sublinho, o PS foi o único partido que apresentou um cenário com indica-dores macroeconómicos para justificar as medidas que propõe. Nenhum dos nossos adversários apresentou a base de cálculo para as medidas que defendem. É fácil perceber porquê.

As medidas de austeridade são com-pletamente combatidas pelo PS?Nós gostaríamos que a austeridade pudesse ser completamente banida. Propomo- nós até, para determinados estratos da população mais castigados, aumentar o seu rendimento disponível. Contudo,na despesa supérflua do Esta-do continuará a haver contenção e os estratos sociais com rendimentos mais elevados terão de contribuir com um es-forço maior para que haja mais justiça e equidade entre todos os portugueses.

No Programa Eleitoral os deputados pelo círculoeleitoral de Évora defen-dem “ diversificação das fontes de financiamento da Segurança Social nomeadamente através do Imposto Sucessório sobre as heranças supe-riores a um milhão de euros e da ver-ba correspondente à prevista redução anual do IRC”. Considera-se comple-tamente contra a privatização do sis-tema da Segurança Social?Essa é uma medida do governo que apon-ta para que, no futuro, passemos a ter uma Segurança Social privada para os ricos e uma Segurança Social mínima para os pobres, porque se retirar do siste-ma contributivo aqueles que têm salários mais altos, ficam só a contribuir aqueles que têm salários baixos, o que significa que as pensões tenderão a ser cada vez mais baixas, na medida em que aqueles que auferem altos rendimentos procura-rão a alternativa de um sistema privado. Somos totalmente contra isso. Prevemos encontrar novas formas de financia-mento, designadamente, canalizando as receitas provenientes de determinados tipos de impostos para garantir a susten-tabilidade da segurança social pública.

Prevê-se que a cidade de Évora apre-sente este ano um aumento de 20 por cento das dormidas, tendo também em conta um significativo acréscimo dos indicadores para este sector em termos nacionais. No que respeita ao turismo que medidas gostaria que

fossem levadas a efeito? Efetivamente houve um boom no nos-so turismo, em parte resultante da ins-tabilidade de outros destinos como, por exemplo, o Egito e a Tunísia que eram destinos turísticos de grande dimensão para consumidores com grande po-der de compra em particular do centro e norte da Europa. Temos agora uma enorme oportunidade de fidelizar e de aumentar esses fluxos.

Têm alguma ideia relativamente a re-vitalização direcionada para a atração turística dos centros históricos, ou por exemplo para o comércio tradicional, mais especificamente para Évora? Évora já é um grande destino de turismo cultural e pode sê-lo muito mais. Para isso tem de haver um esforço conjuga-do, como o que está a ser levado a cabo pela Entidade Regional de Turismo. En-volvendo o governo, as autarquias e os agentes económicos e culturais. Estou certo de que o próximo governo o pro-moverá. Gostaria, contudo, que a nossa Câmara Municipal desse mais atenção à cidade, à sua limpeza e embelezamento, eliminando ou corrigindo aspectos que nos envergonham e não contribuem para a imagem de qualidade que é exi-gida a uma cidade classificada como Pa-trimónio da Humanidade. Poderia dar--lhe múltiplos exemplos concretos como, aliás, tenho feito na Assembléia Munici-pal de que sou membro: paragem da re-qualificação do perímetro das muralhas, casas de banho públicas impróprias, ilu-minação dos monumentos e fontanários avariados, ajardinamentos mal cuida-dos, limpeza deficiente, etc...

No anterior mandato também esta-vam.No anterior mandato também houve certamente aspectos que merecem crí-tica mas essas contas foram acertadas com a população nas eleições autárqui-cas de 2013.O que se exige dos actuais titulares é que cumpram aquilo que prometeram e é sobre isso que serão julgados em 2017.

O que também pode ter a ver com o problema financeiro com o qual a atual gestão camarária se confron-tou?A Câmara actual recebeu da última ges-tão socialista uma dívida exatamente igual aquela que deixou em 2001 e até aí foi tempo de vacas gordas, como sabe. Depois de 2001 e, sobretudo, de 2008, foi o que todos sabemos, e mesmo assim, re-qualificou-se uma boa parte do períme-tro amuralhado, atribuíram-se centenas de habitações sociais ,o que antes nunca sucedera, recuperaram-se os fontanários públicos, e deram-se também apoios aos idosos que nunca tinham existido.

E o que faria relativamente à mobili-dade e melhoria do sistema de trans-portes, criando por exemplo mais ro-tas por exemplo ao fim de semana até ao parque industrial e a até ao retail?O que me pergunta é do foro local e não do âmbito das eleições legislativas mas sempre lhe digo que o partido socialista deixou, em 2013, um excelente sistema de transportes em Évora, equipado com uma renovada frota de autocarros mo-dernos e confortáveis, que nada têm a ver com o que existia antes e com um número e regularidade de carreiras do agrado da população. Lamento que es-teja a haver regressão nesta matéria.

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6 Agosto ‘15

Falar de Redondo é falar do seu Povo, mas também é falar de Vi-nho e de Olaria, trabalhadores do mesmo chão onde se cultivam estas artes, Redondo dá nome aos mais tradicionais barros e a uma reconhecida seleção de vinhos cuja consagração em muito tem contribuído para a projeção deste concelho no panorama nacional e internacional.

Na merecida extensão e no jus-to reconhecimento destas heran-ças culturais, são exemplo que se pretende vivo, o Museu do Barro e no Museu Regional do Vinho de Redondo, na importância maior que as atividades vinhateira e oleira desempenharam e desem-penham no seio desta comunida-de, na salvaguarda das nossas raí-zes, importa envidarmos esforços

na preservação daquilo que são as nossas identidades comunitá-rias.

No caso específico dos Museus do Barro e do Vinho de Redondo, estes apresentam a olaria, a vi-nha e o vinho como temas cen-trais e elementos diferenciadores e caracterizadores da nossa his-tória e do nosso presente. Venha conhecê-los connosco!

Exclusivo

Redondo dá nome aos mais tradicionais barros e a uma reconhecida seleção de vinhos.

Artes do mesmo chão

Museu Regional do VinhoO Museu Regional do Vinho de Re-

dondo, inaugurado em 2001 e cuja te-mática se foca no vinho e na vinha, dá ênfase ao produto e a atividade mais importante deste concelho alentejano.

A sua implantação neste território, é também resultado da sua centralidade na Região de Vinhos do Alentejo e do seu forte contributo na produção do vi-nho, sendo o concelho dos maiores pro-dutores da região e com 10 Adegas em atividade.

Este Museu, conta com uma exposi-ção permanente de instrumentos, ob-jetos e imagens ligados à temática do vinho, encontrando-se este seu espólio disposto de forma a reproduzir as várias etapas da atividade vinhateira, até ao seu produto final.

O vinho considerado como a mais no-bre bebida, aquela que se oferece a um convidado e a que melhor nos permite apreciar o talento do seu criador. Não se estranhe portanto, que o vinho ocupe nas necessidades do Homem um lugar de destaque, talvez por ser das bebidas a que em si encerra mais histórias de dedicação, amor e paixão.

O Museu contempla ainda, uma pe-quena loja de vinhos, e espaços exposi-tivos e culturais, dando cumprimento ao desígnio de “museu de território”, sendo por esse motivo um nó da rede que se pretende implementar, e que visa a promoção e divulgação da cul-tura e da identidade territorial, numa perspetiva cultural, educativa e turís-tica.

Museu do Barro O Museu do Barro é inaugurado em

2009, no merecido testemunho aos seus atores e enquanto instrumento de in-questionável importância na preserva-ção e revitalização da olaria tradicional de Redondo cujo reconhecimento ex-travasa fronteiras colecionando os mais rasgados elogios.

Resguardado pela intimidade que o Convento de Santo António lhe confe-re, o Museu do Barro convida a acom-panhar o percurso histórico da olaria redondense, bem como apreciar e ad-quirir peças representativas das vá-rias formas de trabalhar o barro. Para além da sua vertente museológica, oferece ainda uma vertente lúdica e pedagógica cujo objetivo passa pela sensibilização dos jovens, face a uma

das tradições mais vincadas do conce-lho.

Nesta lógica de formação de públicos, o Museu do Barro desmultiplica-se num ateliê de formação que atua em proxi-midade com a comunidade escolar as-sumindo o serviço educativo como uma das suas principais valências.

A completar, como resultado de uma estratégia de descentralização, é possí-vel ainda ao visitante percorrer as nove olarias do concelho, podendo assim acompanhar de perto e experienciar o intemporal trabalho na roda dando ain-da, quem sabe, forma às suas próprias criações.

Venha perder-se pelos percursos das olarias e dos barreiros, ao sabor dos me-lhores vinhos de Redondo.

António Recto Presidente da Câmara de Redondo

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Franceses da Mecachrome investem 30 milhões em ÉvoraUma nova fábrica de componentes metá-licos para o sector aeronáutico vai ser er-guida em Évora pela empresa portuguesa Mecachrome Aeronáutica, que ali deverá investir cerca de 30 milhões de euros e criar 600 postos de trabalho.

O projecto da empresa, pertencente ao grupo Mecachrome, com origem em França, foi oficialmente apresentado em Évora na passada quinta-feira, numa ce-rimónia presidida pelo vice-primeiro--ministro, Paulo Portas.

A Mecachrome, que já possui uma ou-tra fábrica de componentes aeronáuticos em Setúbal, revelou à agência Lusa que as obras da unidade de Évora deverão ar-rancar já em Setembro, para que o início da produção possa acontecer dentro de um ano, ou seja, em “Setembro de 2016”. O investimento global planeado ascen-de aos “30 milhões de euros”, incluindo “a construção da fábrica e a aquisição de máquinas”.

O projecto vai ser implantado no Par-que de Indústria Aeronáutica de Évora (PIAE), num terreno de 50 mil metros qua-drados, com a autorização de construção

As obras da unidade de Évora deverão arrancar já em Setembro.

Destaque

a abranger 25 mil metros quadrados. De acordo com informações da Mecachrome, a fábrica vai ter uma área aproximada de 22 mil metros quadrados, dividindo-se a construção em duas fases, a primeira com 13.500 metros quadrados e a segunda com

os restantes 9.300.O objectivo da empresa passa por

“crescer em Portugal” e, através da nova unidade, pretende “alargar o leque de clientes” e “crescer ao nível dos recursos humanos”. No total, a empresa pretende

que, “até final de 2020”, a fábrica de Évora possua “600 trabalhadores”, estando pla-neada a criação de um centro de forma-ção nas próprias instalações.

A produção na outra fábrica da Meca-chrome Aeronáutica em Portugal, insta-lada no BlueBiz - Parque Empresarial da Península de Setúbal e dedicada, em ex-clusivo, à área da aeronáutica, começou em Setembro de 2014. Segundo a empresa, essa fábrica emprega 65 trabalhadores, es-tando planeado que atinja uma centena, até final deste ano.Com 75 anos de exis-tência, o grupo conta com 14 fábricas em cinco países (França, Canadá, Tunísia, Mar-rocos e Portugal), em três sectores de ativi-dade: automóvel, energia e aeronáutica.

No Parque de Indústria Aeronáutica de Évora funcionam já duas fábricas da cons-trutora aeronáutica brasileira Embraer (uma de estruturas metálicas e outra de materiais compósitos) e encontra-se em fase de instalação uma unidade fabril da empresa Air Olesa, igualmente para fabri-co de componentes para a aeronáutica.

Fonte: LUSA

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12 Agosto ‘15

A Mostra Espanha abre no dia 24 de Setembro, às 18h, no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.

Radar

Évora na rota da Mostra de EspanhaA 4.ª Mostra de Espanha, apresenta-da em Lisboa, vai realizar mais de cem iniciativas, em diversas disciplinas ar-tísticas - da arquitectura à música -, de Setembro a Dezembro próximos, em 13 municípios de Portugal, de acordo com a organização.

Pela primeira vez a mostra “estende--se a todo o país, de Valença a Faro, e não apenas a Lisboa e Porto, com mais de 50 propostas [criativas], tendo também em conta os pedidos que tivemos de autar-quias e instituições portuguesas”, disse à Lusa o chefe do serviço de cooperação cultural da secretaria de Estado da Cul-tura de Espanha, Feliciano Novoa Por-tela.

“A mostra visa mostrar o que se faz em Espanha e não vem a Portugal, com destaque para a contemporaneidade, em áreas como a pintura, a música, o pen-samento ou o cinema”, afirmou, em de-clarações à margem da apresentação da Mostra, esta segunda-feira, em Lisboa.

A conselheira cultural da embaixada de Espanha em Lisboa, Pilar Masegosa, realçou, por seu turno, que “o interesse dos portugueses pela cultura espanho-la está a crescer”, nomeadamente desde que se realiza a mostra.

A mostra tem uma periodicidade bie-nal, tendo a primeira edição sido reali-zada em 2009. Este ano, além de se alar-gar a todo o território nacional, inclui a primeira edição da bienal Anozero, orga-nizada pelo Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC).

Esta bienal de arte contemporânea tem por objectivo ser “uma reflexão so-bre a identidade da cidade [de Coimbra], de nós portugueses e a nossa relação com o mundo”, explicou esta segunda-feira aos jornalistas Carlos Antunes, director do CAPC.

A Mostra Espanha abre no dia 24 de Setembro, às 18h, no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, na presença dos secretários de Estado dos dois países, com a entrega do Prémio Luso-Espanhol de Arte Cultura 2014 à escritora Lídia Jorge.

Na altura, no museu, será inaugurada a mostra de uma tela de El Greco, A sa-grada família com Santa Ana, que ficará patente até 10 de Janeiro, no âmbito do ciclo Obras convidadas.

Além de Lisboa, os outros municípios da Mostra Espanha são Faro, Beja, Évo-ra, Palmela, Almada, Cascais, Óbidos, Coimbra, Porto, Braga, Viana do Castelo e Valença.

Feliciano Novoa Portela disse à Lusa que “música, teatro e debates” são as áreas mais requisitadas pelos municí-pios e instituições portuguesas.

O responsável realçou a participação este ano da companhia de teatro da Fun-dación Siglo de Oro, que vai apresentar, em Lisboa e no Porto, Mujeres y Criados, de Lope de Vega.

Esta mostra tem também por objectivo

“reforçar a amplitude” do certame de ci-nema español CineFiesta, a realizar de 1 a 7 de Outubro, no Cinema City do Cam-po Pequeno, em Lisboa.

“O Cine Fiesta é autónomo e de -cor re fora da mostra, mas, sempre que coincide com a mostra, integra-mos [o festival na programação], e, este ano, queremos reforçar a sua amplitude e presença”, disse Novoa Por tela.

Além da pintura e do cinema, do teatro e da literatura (a Mostra estará também no Fólio-Festival Internacional Literário de Óbidos), a Mostra Espanha incluirá,

na sua programação, fotografia, dança e música, nomeadamente uma homena-gem a Arthur Rubinstein e Andrea Gon-zález, em Valença.

Arquitectura e artes em geral, com instalações, joalharia, azulejaria e ‘per-formances’ diversas, assim como design gastronómico são outras disciplinas da programação.

Os debates da Mostra Espanha esten-dem-se das Novas perspectivas do Cami-nho de Santiago, num encontro em Beja, à discussão dos programas europeus e dos fundos comunitários, para o período 2014-2020, a realizar em Lisboa

Campo Maior cria Museu das Festas do PovoAs tradicionais flores de papel da festa alentejana – que enfeitam a vila até on-tem – vão ser “imortalizadas” num espaço museológico. A conversão do actual Mu-seu Aberto vai implicar um investimento superior a 1,6 milhões de euros.

Dois dias antes do encerramento das festas – que enfeitam as ruas da vila alen-tejana com milhares de flores de papel feitas pela população –, a autarquia anun-ciou a reabilitação e conversão do actual Museu Aberto, que futuramente incluirá um espaço dedicado às Festas do Povo.

“Este museu vai ser completamente interactivo. Sempre que existirem festas vão ser injectados conteúdos multimédia, dando a possibilidade às pessoas que não visitaram as festas de viverem esses mo-mentos”, disse à agência Lusa o presiden-te do município.

Em meados de Julho, Ricardo Pinheiro já tinha manifestado à Fugas a intenção de “transformar o Museu Aberto e de re-cuperar o antigo cinema”, de forma a criar um “centro de referência e de vivência das Festas do Povo”. O autarca anunciava ainda que nesta edição já seria “captado um conjunto de imagens a 360 graus para servir de alimento aos conteúdos do fu-turo museu”, indicando, no entanto, que era necessário obter “entre 18% a 25% de financiamento externo” para que a obra pudesse avançar.

O projecto, refere agora em declarações à Lusa, conta com um investimento su-perior a 1,6 milhões de euros para obras e criação de conteúdos museológicos, verba comparticipada em 85% por fundos co-munitários, sendo que à autarquia com-pete assegurar o valor restante.

O novo espaço vai surgir no edifício do século XVI actualmente ocupado pelo Museu Aberto, dedicado à história do concelho e das suas gentes, localizado no centro histórico da vila. De acordo com Ricardo Pinheiro, o concurso público para o início das obras de reabilitação do edifício deve arrancar em Janeiro de 2016.

O futuro espaço museológico – que o au-tarca espera inaugurar “durante a Prima-vera de 2017” - vai oferecer aos visitantes a possibilidade de fazer uma visita virtual a algumas ruas de Campo Maior em anos de festa, através de “realidade aumentada e de uma filmagem a 360 graus”, e prome-te dar a conhecer todos os pormenores dos bastidores das Festas do Povo, como a tra-dicional noite da “enramação”.

Segundo o autarca, está ainda projec-tada a criação de uma sala, com cerca de

70 metros de comprimento e 40 metros de largura, que servirá para “recriar” uma rua com “todas as sensações” de um dia de festa.

Para o presidente da Câmara Municipal de Campo Maior, este é “mais um contri-buto” da autarquia para a apresentação da candidatura das Festas do Povo à lista representativa do Património Imaterial da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). O município espera entregar “em breve” a candidatura no Mi-nistério dos Negócios Estrangeiros, para, depois, ser apresentada à Unesco em 2017.

As Festas do Povo de Campo Maior co-meçaram no sábado passado e decorrem até domingo, prevendo a organização que mais de um milhão de pessoas visite a vila neste período.

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Alqueva Hostel em PortelA funcionar há cerca de um ano e geri-do pela Associação de Desenvolvimento, Ação Social e Defesa do Ambiente (ADA), o Alqueva Hostel resultou da adaptação do edifício da antiga escola, desativada há meia dúzia de anos, através de obras su-portadas pelo município de Portel, conce-lho banhado pela albufeira.

O presidente da associação, Norberto Pa-tinho, que também presidiu à câmara mu-nicipal, conta à agência Lusa que o projeto surgiu para “dar utilização a um edifício que estava desafetado da sua função ori-ginal” e colmatar a falta deste tipo de alo-jamento na zona. “É um espaço bastante agradável. Foi idealizado para um público mais jovem, mas também não nos pode-mos dar ao luxo de criar uma instalação só para uma determinada faixa etária”, realça, referindo que “acaba também por ser uma resposta” para quem trabalha na zona.

Situado no centro da aldeia, perto das margens da albufeira, o Alqueva Hostel tem nove quartos, o maior com oito ca-mas e o mais pequeno com duas, sala de convívio e outras valências, adianta à Lusa Rute Farinha, diretora de serviços da ADA. Além disso, acrescenta, o hostel tem, através de colaborações, “atividades que complementam a oferta do alojamen-

to, nomeadamente ao nível dos passeios de barco e outras iniciativas patrocinadas pela autarquia, como provas desportivas”.

Os clientes, segundo a responsável, são “bastante heterogéneos”, uma vez que, desde a sua abertura, já passaram pela unidade de alojamento crianças de colé-gios, equipas desportivas, grupos de jo-vens e casais tradicionais que estão de pas-sagem pela zona. São “maioritariamente portugueses”, mas também há registo de hóspedes “espanhóis e alguns franceses”,

assinala, destacando também a presença, “mais durante a semana”, de técnicos e co-laboradores de empresas que trabalham na barragem.

A população da aldeia vê com “bons olhos” a “transformação” do edifício da antiga escola em hostel. É o caso de Pau-lo Silva, que lembra que “pelo país todo há muitas escolas” desativadas que estão “a servir de armazéns e outras coisas sem qualquer tipo de importância”. “Isto veio um bocadinho para o bem do povo e da

A população da aldeia vê com “bons olhos” a “transformação” do edifício da antiga escola em hostel.

Radar

terra”, reforça, considerando que se “nota muito” a presença de “pessoas de fora”, aos fins de semana, na aldeia.

Maria João Ganso, funcionária da ADA e que estudou na escola há mais de 20 anos, afirma que o edifício “por fora está igual”, estando as principais diferenças no seu in-terior: “Por dentro é que está completamen-te diferente. Parece que não é a escola onde eu estudei”. “A escola estava abandonada e o edifício não servia para nada”, mas, com a sua reconfiguração em hostel, está “apro-veitada e serve a população e as pessoas que visitam o Alqueva”, reconhece.

O presidente da ADA diz esperar que, “daqui por uns anos”, o hostel “possa ser também uma forma de financiar o serviço público” que a instituição presta à popula-ção, através dos cinco centros comunitá-rios espalhados pelo concelho de Portel, que disponibilizam os serviços de centro de dia e apoio domiciliário a idosos.

Norberto Patinho confessa que tem uma “ligação especial” com o edifício, por ter sido a primeira escola onde lecionou, em 1973, e, enquanto autarca, requalifi-cado o espaço e decidido a sua adaptação para hostel.

LUSA com Sérgio Major (texto) e Nuno Veiga (fotos)

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SEMANÁRIO

Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 ÉvoraTel. 266 750 140 Email [email protected]

A Igreja Católica em Portugal vai apostar mais no trabalho em rede e na formação específi-ca daqueles que atuam no setor do acolhimento aos migrantes e refugiados.

O projeto esteve em debate na última reunião da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana com a Obra Católica Portuguesa das Migrações e os diversos secreta-riados diocesanos.

Segundo D. António Vitalino, bispo de Beja e membro da refe-rida comissão, a ideia é “acabar com o improviso” e a tendência para “olhar para as necessidades imediatas” e promover um traba-lho mais “programado”, de modo a conseguir lidar com os desafios que Portugal terá pela frente.

Além de serem muitos os que continuam a sair do país, em

busca de um futuro melhor, a Igreja Católica quer preparar pessoas e meios para melhor re-ceber os migrantes e refugiados que continuam a chegar.

Dentro em breve, Portugal vai acolher cerca de 1500 refu-giados provenientes de vários países, grande parte deles radi-cados atualmente na Síria.

Eugénia Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações, realça que estão em causa “pessoas com problemáti-cas muito específicas”, que por isso precisam de técnicos espe-cializados que saibam respon-der às suas necessidades.

“Além das estruturas físicas, é preciso o acolhimento humano, as pessoas têm de estar sensi-bilizadas e preparadas para de alguma forma acolher, receber, conversar, ir ao encontro destas

pessoas que precisam de nós”, frisa aquela responsável.

Durante a reunião, que teve lugar em Fátima, as partes en-volvidas tiveram a possibilida-de de contactar com um progra-ma online que a Igreja Católica espanhola tem vindo a imple-mentar, no sentido de colocar as suas estruturas diocesanas a “trabalhar em rede”.

Destaque para a presença no encontro do padre José Luís Pi-nilla, diretor do secretariado da Obra da Mobilidade Humana no país vizinho.

Para o padre José Granja, dire-tor do departamento das Migra-ções e da Mobilidade Humana da Arquidiocese de Braga, tratou-se de um contributo muito impor-tante vindo de uma nação “com 70 milhões de pessoas e mais de 6 milhões de emigrantes”.

Cultura

Cinema regressa em Setembro a EstremozO cinema regressa ao Teatro Bernardim Ribei-ro no mês de Setembro.No dia 11, sexta-feira, a partir das 21h30, passa o filme “Amy”, a incrível história de Amy Winehouse, seis vezes vencedora dos prémios Grammy, pelas suas próprias palavras. Apre-sentando imagens de arquivo nunca antes vis-tas e músicas inéditas, o documentário de Asif Kapadia – o realizador de “Senna” – faz luz sobre o mundo em que vivemos, de uma forma que poucos conseguem.O filme português mais visto de sempre, “O Pátio das Cantigas” está agendado em sessão dupla, para os dias 17 e 18 de setembro, quinta e sexta-feira, a partir das 21h30. Realizado por Leonel Vieira, e com as interpretações de Miguel Guilherme, Sara Matos, César Mourão, Diana Neto, Rui Unas, Manuel Marques, Anabela Mo-reira, Cristóvão Campos e Aldo Lima nos princi-pais papéis.

Sociedade

D.R.

Mais de duzentas pessoas fo-ram ao Jardim da Rua da Ju-ventude para ver o filme Fados do realizador Carlos Saura.O “Cinema Português em Mo-vimento” esteve no Bairro do Bacelo sob organização da União das Freguesias de Bace-lo e Senhora da Saúde e da Câ-mara Municipal de Évora. Este é um programa do ICA – Insti-tuto do Cinema e Audiovisual, que tem como objetivo passar cinema português ao ar livre, durante todo o verão, fazendo uma itinerância por várias lo-calidades do país.Fados é o nome do filme, reali-zado por Carlos Saura, que re-centemente deu mais luz e cor ao Jardim da Rua da Juventu-de, no Bairro do Bacelo.Uma assistência composta por mais de duas centenas de pes-soas demonstrou a forte adesão popular à cultura em geral, e a iniciativas deste tipo em parti-cular, que mais uma vez pro-vou que o novo espaço requa-lificado no Bairro do Bacelo é um espaço de qualidade propí-cio à fruição de espetáculos de ar livre.

Bacelo com Cinema ao Ar Livre

Cinema

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Igreja Católica preocupada com migrantes e refugiados