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Rejane Corrrea da Rocha Matemática Financeira Universidade Federal de São João del-Rei 2012

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Rejane Corrrea da Rocha

Matemática Financeira

Universidade Federal de São João del-Rei

2012

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Capítulo 5

Matemática Financeira

Neste capítulo, os conceitos básicos de Matemática Financeira e algumas aplicações, dos quais podemos destacar: juros, capitalização simples e compostas, descontos, equivalência de taxas, séries de pagamentos e planos de amortização. Estes assuntos têm um amplo campo de aplicação, pois suas técnicas são necessárias em operações de financiamento de qualquer natureza. Os conceitos e aplicações discutidos a seguir neste capítulo foram baseados em Vieira Sobrinho (2006) e Puccini (2011).

5.1. Conceitos Básicos

Começaremos nosso estudo apresentando a nomenclatura que será utilizada na

disciplina e alguns conceitos básicos que serão centrais no desenvolver das nossas

atividades.

A Matemática Financeira é um corpo de conhecimento que estuda a mudança de

valor do dinheiro com o decurso de tempo; para isso, cria modelos que permitem

avaliar e comparar o valor do dinheiro em diversos pontos do tempo.

Capital (C): Entende-se por capital, do ponto de vista da Matemática Financeira,

qualquer valor em moeda e disponível em determinada época, sendo esse

considerado o valor inicial de uma operação financeira.

Esse valor inicial pode ser

numerário ou depósitos bancários disponíveis;

valor de um título de dívida no início de um processo financeiro; e

valor de ativos físicos (prédios, máquinas, veículos e outros) no início de um

processo financeiro.

Operação Financeira: é o ato econômico pelo qual determinado agente possuidor

de capital (C) – denominado credor – transfere esse capital (C) a outro agente

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econômico – denominado tomador – mediante condições previamente

estabelecidas.

Normalmente, as condições previamente estabelecidas em uma operação

financeira envolvem

a remuneração paga pelo tomador ao credor pela utilização do capital (C);

os prazos e as formas de devolução do capital (C) e da remuneração

acordada; e

as garantias de pagamento que o tomador apresentará ao credor.

Juro (J): é a remuneração do capital acordado entre o credor e o tomador em uma

determinada operação financeira.

O credor, ao se dispor do capital em uma operação financeira, para avaliar a taxa

de remuneração para os seus recursos, deve atentar para os seguintes fatores:

Risco: probabilidade de o tomador do capital não resgatar o dinheiro.

Despesas: todas as despesas operacionais, contratuais e tributárias para a

formalização da operação financeira à efetivação da cobrança.

Inflação: índice de desvalorização do poder aquisitivo da moeda previsto

para o prazo do empréstimo.

Ganho (ou lucro): fixado em função das demais oportunidades de

investimentos, justifica-se pela privação, por parte do credor, da utilidade

do capital.

Portanto, a receita de juros deve ser suficiente para cobrir o risco, as despesas e a

perda do poder aquisitivo do capital, além de proporcionar certo lucro ao seu

aplicador.

Taxa de Juros ( i ): é a razão entre os juros recebidos (ou pagos) no final de um

certo período de tempo e o capital inicialmente aplicado (ou emprestado).

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Matematicamente, essa razão é especificada como segue:

C

Ji (1)

em que i é a taxa de juros, J o valor dos juros e C o capital inicial . Normalmente,

expressamos a taxa de juros em termos percentuais. Para tal, multiplicamos taxa

dada em (1) por 100 e acrescentamos o símbolo (%).

Nota: O capital inicial também chamado de principal (P). Se você consultar

diferentes bibliografias, você verá que existem inúmeras nomenclaturas para

designar capital inicial. Daqui em diante, toda vez que nos referirmos a capital

inicial utilizaremos P.

Exemplo 5.1 Qual a taxa de juros cobrada num empréstimo de $ 1.000,00 a ser

resgatado por $ 1.300,00?

Dados: Capital inicial = P = 1.000,00

Juros: = J = 1.300,00 – 1.000,00 = 300,00

Taxa de juros = i = ?

Solução

Utilizando a fórmula dada em (1) temos: %3030,01000

300

P

Ji .

A taxa de juros em 30% refere-se ao período da operação, não especificado no

exemplo. Se o prazo dessa operação for de 1 ano, a taxa é de 30% ao ano; se for de

8 meses, a taxa é de 30% para o período de 8 meses.

Os números que expressam a taxa de juros são acompanhados de uma expressão

que indica a temporalidade da taxa. Essas expressões são abreviadas da seguinte

forma:

ad – ao dia;

am – ao mês;

ab – ao bimestre;

at – ao trimestre;

aq – ao quadrimestre;

as – ao semestre; e

aa – ao ano.

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5.2. Capitalização Simples

Capitalização simples é aquela em que a taxa de juros incide somente sobre o

capital inicial; não incide, pois, sobre os juros acumulados.

Neste regime de capitalização a taxa varia linearmente em função do tempo, ou

seja, se quisermos converter a taxa diária em mensal, basta multiplicarmos a taxa

diária por 30; se desejarmos uma taxa anual, tendo a mensal, basta multiplicarmos

esta por 12, e assim por diante.

Para obtermos o valor dos juros no regime de capitalização simples utilizamos a

expressão

niPJ (2)

em que J é valor dos juros, P é valor do capital inicial ou principal, i é taxa de juros

no período e n prazo.

Nota: O período e o prazo devem estar na mesma unidade de tempo, isto é, se a

taxa é ao mês o prazo deve ser dado em meses. Caso eles estejam em unidade de

tempo diferentes, deve-se fazer a conversão de um deles para que esteja na mesma

unidade

Exemplo 5.2 Você tomou um empréstimo de R$ 20.000,00 pelo prazo de 5 meses,

sabendo-se que a taxa cobrada é do 2% ao mês. Qual o valor dos juros

correspondentes ao empréstimo?

Dados: P = 20.000,0

n = 5 meses

i = 2% am

J = ?

Solução 2000502,020000 niPJ

Logo, o valor dos juros pagos pelo empréstimo foi de R$2.000,00

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Exemplo 5.3 Qual é a taxa de juros mensais de um capital de R$ 2.500,00 que foi

aplicado durante 7 meses, rendendo juros de R$ 787,50.

Dados: P = 25.000,00

J = 7.875,00

n = 7 meses

i = ?

Solução: 045,072500

50,787

nP

JiniPJ ou 4,5% am.

Logo, a taxa de juros da aplicação foi de 4,5% ao mês.

Exemplo 5.4 Calcule o prazo de uma aplicação de R$75.000,00, sabendo-se que

foram obtidos juros de R$ 6.000,00 a uma taxa de 4% ao trimestre.

Dados: P = 75.000,00

J = 6.000,00

i = 4% at

n = ?

Solução: 204,075000

6000

iP

JnniPJ trimestres ou 6 meses.

Logo, o prazo da aplicação foi de 6 meses.

Antes de introduzirmos o conceito de montante, veremos a seguinte situação

prática:

Situação 5.1 Um empréstimo de R$23.000,00 é liquidado por R$ 29.200,00 no

final de 152 dias. Calcule a taxa mensal de juros.

Nesta situação são dados o capital inicial e o valor no qual o empréstimo foi

liquidado. Em Matemática Financeira esse valor de liquidação é chamado de

montante ou valor futuro. Quando subtraímos o montante pelo capital inicial

obtemos o valor do juros pagos pelo empréstimo, isto é, 62002300029200 J .

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Assim, para esse exemplo temos 001773,015223000

6200

nP

Ji ou 0,1773% ad

Como estamos trabalhando com o sistema de capitalização simples, basta

multiplicarmos a taxa diária por 30 para encontramos a taxa mensal pedida. Dessa

forma, temos

Taxa Mensal = 5,32% 30 0,1773%

Agora vamos introduzir esse conceito formalmente.

Montante (S) é a soma do capital inicial mais os juros referentes ao período da

aplicação. Também pode ser denotado de valor futuro.

Podemos escrever a expressão do montante da seguinte forma:

JPS (3)

Como niPJ , substituindo em (3) temos que niPPS .

Assim, no sistema de capitalização simples

)1( niPS (4)

Exemplo 5.5 Você aplicou um capital de R$10.000,00, pelo prazo de 12 meses, à

taxa de 1,5% ao mês. Qual foi o montante dessa aplicação?

Dados: P = 10.000,00

n = 12 meses

i = 1,5% ao mês

Solução: 800.11)12015,01(000.10)1( niPS

Logo, o montante da aplicação foi de R$11.800,00.

Exemplo 5.6 Sabendo-se que a taxa de juros é de 2,5% ao mês e que faltam oito

meses para o seu vencimento, determine o valor atual de um título cujo valor de

resgate é de R$30.000,00.

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Dados: S = 30.000,00

n = 8 meses

i = 2,5% ao mês

P = ?

Solução: 000.25)8025,01(

000.30

)1()1(

ni

SPniPS

Logo, o valor atual do título é de R$25.000,00

Exemplo 5.7 Um empréstimo de R$30.000,00 deverá ser quitado por R$

60.000,00 no final de 24 meses. Determinar as taxas mensal e anual cobradas

nessa operação.

Dados: S = 60.000,00

P = 30.000,00

n = 24 meses

i = ?

Solução:

04167,024

11224

30000

60000)241()1( iiiniPS

Logo, a taxa i é igual a 4,167%.

Lista de Exercícios 1

1) Determine o montante de um capital de $ 1.000,00 aplicado por

a) 4 meses a 2% am.

b) 8 meses a 6% aa.

c) 85 dias a 2,5% am.

2) O montante de uma dada aplicação é $ 12.000,00. Sabe-se que o prazo da

operação foi de quatro meses e que o juro gerado foi de R$1.500,00. Determine:

a) o capital aplicado.

b) a taxa de juros mensal da aplicação.

3) Determine o prazo em que um dado capital dobra de valor se aplicado a uma

taxa de 5% a.m. Em quanto tempo esse capital triplicaria?

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4) O valor nominal de um título é 7/5 do seu valor atual. Sendo o prazo de

aplicação de seis meses, qual a taxa de juros mensal aplicada?

5) Por quanto tempo um capital deve ser aplicado a 30% aa para que os juros

gerados correspondam a 2,5 vezes o valor do capital?

5.3. Capitalização Composta

O regime de juros compostos é mais comum no dia a dia do sistema financeiro e do

calculo econômico. Nesse regime, o valor dos juros cresce em função do tempo, isto

é, os juros gerados a cada período são incorporados ao principal para o cálculo dos

juros do período seguinte. Assim, podemos dizer que

Capitalização composta é aquela em que a taxa de juros incide sobre o capital

inicial, acrescido dos juros acumulados até o período anterior.

Nota: A nomenclatura é a mesma utilizada em capitalização simples, isto é, S, o

montante, P, o capital inicial, n, o prazo e i, a taxa.

A dedução da fórmula do montante para um único pagamento é pouco mais

complexa que aquela já vista para a capitalização simples. Mas o conceito é o

mesmo, ou seja, é a soma do capital aplicado ou devido mais o valor dos juros

correspondentes ao prazo da aplicação ou da dívida.

Para facilitar o entendimento, vamos ver mais uma situação prática.

Situação 5.2 Suponha que um capital de R$ 1.000,00 foi aplicado à taxa de 4% ao

mês, durantes 4 meses. Qual é o montante desse capital no final do período?

Como ainda não conhecemos uma fórmula para a solução fácil e rápida desse

problema, mas sabemos que a taxa de juros para cada período unitário incide

sobre o capital inicial mais os juros acumulados, calculemos o montante mês a mês.

Esse cálculo é apresentado no quadro a seguir.

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MÊS

CAPITAL NO INÍCIO DO MÊS

JUROS CORRESPONDENTES

AO MÊS

MONTANTE NO FINAL DO MÊS

1 2 3 4

1.000,00 1.040,00 1.081,00 1.124,86

1.000,00 x 0,04 = 40,00 1.040,00 x 0,04 = 41,60 1.081,00 x 0,04 = 43,26 1.124,86 x 0,04 = 45,00

1.040,00 1.081,60 1.124,86 1.169,86

Fonte: o autor

Logo, o valor do montante no final do quinto mês é de R$1.169,86. Podemos

observar que o montante no final de cada mês constitui-se no capital inicial do

mês seguinte. No entanto, essa forma de cálculo é trabalhosa e demorada.

Para que possamos fazer esse cálculo de maneira mais fácil, vamos deduzir uma

fórmula para o montante, partindo do desenvolvimento anterior, mas sem que

sejam efetuadas as operações de multiplicação e soma, apenas usando a

propriedade distributiva do produto em relação à soma.

Tomando Si como sendo o montante no momento i , temos

S0= 1000

11 1,041000 0,04)(11000 10000,04 1000 S

2111

2 1,041000 0,04)(11,0410001,0410000,04 1,041000 S

3222

3 1,041000 0,04)(11,0410001,0410000,04 1,041000 S

4333

4 1,041000 0,04)(11,0410001,0410000,04 1,041000 S

Assim, o valor do montante no final do quarto mês é dado 44 1,041000 S .

Como 1,044= 1,16986, temos que 1169,86 1,169861000 S4 , que é o mesmo

valor calculado anteriormente.

Generalizando a situação acima apresentada, podemos escrever:

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nnn

n iPiiPiPS

iPiiPiPS

iPiiPiPS

iPiPPS

PS

)1()1()1(

)1()1()1(

)1()1()1(

)1(

11

322

3

2

2

1

0

Para facilitar, faremos S = Sn, pois sempre calculamos o montante para um prazo já

previamente estabelecido. Assim, a fórmula final do montante é dada por

ni 1P S (5)

Exemplo 5.8 Qual é o montante de uma aplicação de R$ 25.000,00, pelo prazo de

5 meses, à taxa de 3% ao mês?

Dados: P = 25.000,00

n = 5 meses

i = 3% am

S = ?

Solução: 85,289811,0325000 i 1P S5n

Logo, o montante no final do prazo é de R$28.981,85

Exemplo 5.9 No final de um ano, a Sra. Maria deverá efetuar um pagamento de

R$100.000,00 referente ao valor de um empréstimo contraído hoje, mais os juros

devidos, correspondentes a uma taxa de 2% ao mês. Qual o valor emprestado?

Dados: S = 100.000,00

n = 1 ano = 12 meses

i = 2% ao mês

P = ?

Solução:

32,788491,02

100000 P

i 1 Pi 1P S

12n

n

S

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Logo, o valor do empréstimo tomado por Maria foi de R$ 32,849.78 .

Exemplo 5.10 A loja “Topa Tudo” financia a venda de uma mercadoria no valor de

R$1.600,00, sem entrada, para pagamento em uma única prestação de R$ 2.275,36

no prazo de 10 meses. Qual a taxa mensal cobrada pela loja?

Dados: S = 2.275,36

P = 1.600,00

n = 10 meses

i = ?

Solução

0358,0

10358,10358,14221,114221,1)1(

)1(600.1

36,275.2)1(600.136,275.2i 1P S

1010

1010n

i

iii

ii

Logo, a taxa mensal cobrada pela loja “Topa Tudo” é de 3,58%.

Exemplo 5.11 Em que prazo um empréstimo de R$3.000,00 pode ser quitado em

um único pagamento de R$5.131,02 sabendo-se que a taxa contratada é de 5%

a.m?

Dados: S = 5.131,02

P = 3.000

i = 5% am

n = ?

Solução

1104879,0

53669,0

)05,1ln(

)71034,1ln(

)71034,1ln()05,1ln()71034,1ln()05,1ln(71034,1)05,1(

)05,1(3000

02,5131)05,01(300002,5131i 1P S

n

nn

nnn

nn

Logo, o prazo do empréstimo foi de 11 meses.

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Lista de Exercícios 2

1) Determinar o montante, no final de 10 meses, resultante da aplicação de um

capital de $ 100.000,00 à taxa de 3,75% ao mês.

2) Sabendo-se que a taxa trimestral de juros cobrada por uma instituição

financeira é de 12,486%, determinar qual o prazo em que um empréstimo de $

20.000,00 será resgatado por $ 36.018,23.

3) Uma empresa obtém um empréstimo de $ 700.000,00, que será liquidado, de

uma só vez, no final de dois anos. Sabendo-se que a taxa de juros é de 25% ao

ano, calcular o valor pelo qual esse empréstimo deverá ser quitado.

4) Em que prazo uma aplicação de $ 374.938,00, à taxa de 3,25% ao mês, gera um

resgate de $ 500.000,00.

5) Em quanto tempo um capital pode produzir juros iguais a 50% do seu valor, se

aplicado a 3,755% ao mês?

5.4. Equivalência de Taxas

Dizemos que duas ou mais taxas referenciadas a períodos unitários distintos são

equivalentes quando produzem o mesmo montante no final de determinado

tempo, pela aplicação de um mesmo capital inicial.

No regime de capitalização simples encontrar taxas equivalentes é bastante

simples, pois nesse regime as taxas são proporcionais. Por exemplo, se temos uma

taxa de 12% ao ano, essa taxa equivale a uma taxa de 1% ao mês. Como um ano

corresponde a 12 meses, para encontrar a taxa mensal equivalente dividimos,

nesse caso, a taxa anual por 12.

Poderíamos, também, pensar em uma taxa trimestral equivalente para uma taxa

mensal de 2%. Nesse caso, para encontrarmos a equivalência, devemos multiplicar

a taxa mensal por 3, o que daria uma taxa trimestral 6%.

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No regime de capitalização composta, como os juros crescem em função do tempo,

para que possamos calcular a equivalência de duas taxas referenciadas a períodos

diferentes precisamos deduzir uma relação entre essas.

Utilizando a definição de taxas equivalentes, podemos dizer que se a taxa mensal

(im) equivale a taxa anual (ia), então a igualdade a seguir é verdadeira:

1212 )1()1()1()1( mama iiiPiP (6)

Da igualdade acima, temos

para determinar a taxa anual conhecida a mensal: 1)1( 12 ma ii

para determinar a taxa mensal conhecida a anual: 1)1( 12/1 am ii

Exemplo 5.12 Determinar a taxa anual equivalente a 2% ao mês.

Solução: 2682,012682,11)02,01(1)1( 1212 aama iiii

ou 26,82%

Exemplo 5.13 Determinar a taxa mensal equivalente a 60,103% ao ano.

Solução: 04,0104,11)60103,1(1)60103,01( 12/112/1 mi ou 4%

Como no dia a dia os períodos a que se referem as taxas que se têm e as taxas que

se desejam são os mais variados, vamos apresentar uma fórmula genérica, que

possa ser utilizada para qualquer caso, ou seja,

1)1( / cd

cd ii (7)

em que:

id é a taxa para o prazo que desejo;

ic é a taxa para o prazo que conheço;

d /c é a equivalência dos prazos, sendo d o prazo desejado e c o prazo

que conheço na unidade do prazo desejado.

Nota: Para calcular a taxa, os períodos devem ter a mesma unidade!

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Exemplo 5.14 Determinar a taxa para 183 dias, equivalente a 65% ao ano.

Solução: 2899,01)65,01( 360/183

183 i ou %99,28

Exemplo 5.15 Determinar a taxa para 491 dias, equivalente a 5% ao mês.

Solução: 2222,11)05,01( 30/491

491 i ou 122,22%

Saiba mais: Leia Relações de equivalência entre taxas de juros disponível em:

<http://www.proativams.com.br/files_aberto/Leiturascomplementares3.doc>.

Acesso em: 27 jul. 2011.

Lista de Exercícios 3

1) Qual a taxa mensal de juros compostos cobrada num empréstimo de $

64.000,00, que deverá ser quitado no prazo de 117 dias, por $ 79.600,00?

2) Uma aplicação de $ 3.800,00 proporcionou um rendimento de $ 2.400,00 no

final de 208 dias. Determinar as taxas diária, mensal, trimestral e anual de juros

compostos dessa operação.

5.5. Descontos

A operação de desconto normalmente é realizada quando se conhece o valor futuro

de um título (valor nominal, valor de face ou valor de resgate) e se quer

determinar o seu valor atual.

O desconto deve ser entendido como a diferença entre o valor de resgate de um

título e o seu valor presente na data da operação, ou seja,

D = S – P (8)

em que D representa o valor monetário do desconto, S o seu valor futuro (valor

assumido pelo título na data do seu vencimento) e P o valor do desconto, que

também está associado a uma taxa e a determinado período de tempo.

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5.5.1 Desconto Simples (ou Bancário ou Comercial)

Desconto simples é aquele em que a taxa de desconto incide sempre sobre o

montante ou valor futuro. É amplamente utilizado no Brasil, geralmente nas

chamadas operações de “desconto de duplicatas” realizadas pelos bancos, sendo, e

por isso, também chamado de desconto bancário ou comercial. Obtemos esse

desconto multiplicando o valor de resgate do título pela taxa de desconto e pelo

prazo a decorrer até o seu vencimento, isto é,

ndSD (9)

em que d representa a taxa de desconto e n o prazo.

Para obtermos o valor presente, também chamado de valor descontado, subtraímos

o valor do desconto do valor futuro do título, ou seja,

DSP (10)

Substituindo (9) em (10) temos:

)1( ndSP (11)

Exemplo 5.16 Encontre o valor do desconto simples de um título de R$2.000,00,

com vencimento para 90 dias, à taxa de 2,5% ao mês.

Dados: S = 2.000,00

n = 90 dias = 3 meses

d = 2,5% ao mês

D = ?

Solução: 1503025,02000 ndSD

Logo, o valor do desconto é de R$150,00

Exemplo 5.17 Qual a taxa mensal de desconto utilizada numa operação a 180

dias, cujo valor de resgate é de R$1.000,00 e cujo valor atual é de R$880,00?

Dados: S = 1.000,00

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P = 880,00

n = 180 dias = 6 meses

d = ?

Solução

02,06

12,012,06

1000

88016)61(1000880)1(

dd

ddndSP

Logo, a taxa de desconto é de 2% a.m.

5.5.2 Desconto Composto

Desconto composto é aquele em que a taxa de desconto incide sobre o montante ou

valor futuro, deduzido dos descontos acumulados até o período imediatamente

anterior. É obtido em função de cálculos exponenciais e praticamente não é

utilizado, tendo uma importância meramente teórica.

Quando trabalhamos com desconto composto, para n períodos unitários, a taxa de

desconto incide, no primeiro período, sobre o valor futuro do título; no segundo

período, sobre o valor futuro do título menos o valor do desconto correspondente

ao primeiro período; no terceiro período, sobre o valor futuro do título menos os

valores dos descontos referentes ao primeiro e ao segundo período, e assim

sucessivamente até o enésimo, de forma que

nnnn

n dSddSdSddSP

dSddSdSddSP

dSddSdSddSP

dSSdSP

)1()1()1()1()1(

)1()1()1()1()1(

)1()1)(1()1()1(

)1(

111

3222

3

2

2

1

Assim, o valor líquido de um título, de prazo igual a n períodos unitários, calculado

com base no desconto composto pela expressão

ndSP )1( (12)

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18

Exemplo 5.18 Uma duplicata no valor de R$28.000,00, com 150 dias para o seu

vencimento, é descontada a uma taxa de 2% ao mês, de acordo com o conceito de

desconto composto. Calcular o valor líquido creditado na conta e o valor do

desconto concedido.

Dados: S = 28.000,00

n = 150 dias = 5 meses

d = 2% ao mês

P = ?

D =?

Solução

22,690.278,309.25000.28

78,309.2502,01000.28)1(5

PSD

dSP n

Logo, o valor líquido da duplicata é de R$25.309,78 e o valor do

desconto é de R$2.690,22.

Exemplo 5.19 Um título, com 90 dias a vencer, foi descontado à taxa de 3% ao

mês, produzindo um desconto no valor de $ 1.379,77. Calcular o valor nominal do

título.

Dados: D = 1.379,77

d = 3% ao mês

n = 90 dias = 3 meses

S = ?

Solução

04,800.15087327,0

77,379.1

)912673,01(77,379.1912673,077,379.1

)03,01(77,379.1)1( 3

S

SSS

SSdSSPSD n

Logo, o valor de nominal do título é de R$15.800,04.

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19

Lista de Exercícios 4

1) Uma duplicata de R$70.000,00, com 90 dias a decorrer até o seu vencimento,

foi descontada por um banco à taxa de 2,70% ao mês. Calcular o valor líquido

entregue ou creditado ao cliente.

2) Sabendo-se que o desconto de uma duplicata no valor de $ 25.000,00, com 150

dias a vencer, gerou um crédito de R$ 22.075,06 na conta do cliente,

determinar a taxa de desconto.

3) Determinar o valor nominal ou de face de um título, com 144 dias para o seu

vencimento, que, descontado à taxa de 48% ao ano, proporcionou um valor

atual (valor líquido creditado) de R$ 38.784,00.

4) Calcular o valor atual de um título de valor de resgate igual a R$ 90.000,00, com

4 meses a vencer, sabendo-se que a taxa de desconto é de 3,25% ao mês.

5) Calcular a que taxa mensal um título de $ 100.000,00, com 75 dias a vencer,

gera um desconto no valor de R$ 11.106,31.

5.6. Séries de Pagamentos

As séries de pagamentos podem ser definidas como uma sucessão de pagamentos

ou recebimentos e com vencimentos sucessivos.

Dentro da Matemática Financeira tradicional, as séries de pagamentos são objeto

de uma classificação muito ampla e complexa. Para facilitar o seu entendimento,

vamos começar apresentando as principais características das séries de

pagamentos:

O número de termos é finito; não vamos tratar aqui das “rendas perpétuas”,

cujo número de termos é infinito.

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20

Os vencimentos dos termos de uma série de pagamentos podem ocorrer no

final de cada período (termos vencidos ou postecipados) ou no início (termos

antecipados), o entendimento desta classificação, como veremos, é de

fundamental importância.

Com base nessas características, podemos classificar as séries de da seguinte

forma:

1. Série de pagamentos iguais com termos vencidos;

2. Série de pagamentos iguais com termos antecipados;

3. Série de pagamentos variáveis com termos vencidos;

4. Série de pagamentos variáveis com termos antecipados.

Como este é um tema bastante extenso, nesta seção iremos desenvolver somente

as séries de pagamentos iguais com termos vencidos. Para mais detalhes consulte

Vieira Sobrinho (2006) e outras obras indicadas no final deste capítulo.

5.6.1 Séries de pagamentos iguais com termos vencidos (ou postecipados)

Como já foi dito, as séries de pagamentos de pagamentos iguais com termos

vencidos são aquelas em que os pagamentos ocorrem no final do período e não na

origem. Para cada termo da série de pagamento ou recebimento igual utilizaremos

a nomenclatura “R”. As demais variáveis serão representados pelos símbolos já

conhecidos: i é a taxa de juros, coerente com a unidade de tempo (mês, trimestre,

ano), n é o número de prestações quase sempre coincidente com o número de

períodos unitários, P é o principal, capital inicial, valor atual ou valor presente, e S

é montante ou valor futuro.

Para introduzir esse conceito vamos propor situações práticas e a partir do

desenvolvimento e da solução dessas deduziremos às fórmulas. Para tanto, vamos

utilizar somente os conhecimentos de Matemática Financeira até agora contidos

neste capítulo, além de algumas noções de matemática elementar.

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21

Começaremos com situação em que teremos uma série de pagamentos em que são

conhecidos os valores dos pagamentos ou recebimentos e desejamos calcular o

valor do montante.

Situação 5.3 Determinar o valor do montante, no final do 4° mês, de uma série de

4 aplicações mensais, iguais e consecutivas, no valor de $ 100,00 cada uma , a uma

taxa de 2% ao mês, sabendo-se que a primeira parcela é aplicada no final do

primeiro mês, ou seja, a 30 dias da data tomada como base (“momento zero”), e

que a última, no final do 5° mês, é coincidente com o momento em que é pedido o

montante.

Para calcular o montante pedido, vamos utilizar o conhecimento que temos de

capitalização composta, ou seja, utilizando a fórmula niPS )1( vamos calcular

isoladamente o montante de cada prestação no final do 4º mês. Assim, temos

00,100)02,1(100

00,102)02,1(100

04,104)02,1(100

12,106)02,1(100

0

4

1

3

2

2

3

1

S

S

S

S

Podemos observar que a última parcela é aplicada exatamente no dia em que se

pede o valor do montante; logo, esta não terá rendimento algum. O montante final

ou total será igual ao somatório dos montantes individuais, ou seja,

16,41210000,1024,10412,1064321 SSSSSt .

Portanto, o montante de 5 aplicações mensais, iguais e consecutivas, de R$100,00

cada uma, à taxa de 2% ao mês, dentro do conceito de séries de pagamentos com

termos vencidos, é de R$ 412,16.

No entanto, o cálculo do montante, como foi feito, é muito trabalhoso. E se

tivéssemos 60, 120 ou 240 prestações? Para facilitar nosso trabalho, vamos tentar

aplicar uma fórmula que permita chegar ao valor final por um caminho mais curto

e rápido.

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22

Sabemos que 4321 SSSSSt . Substituindo 1S , 2S , 3S e 4S pelos seus

respectivos valores, sem efetuarmos os cálculos, temos

0123 )02,1(100)02,1(100)02,1(100)02,1(100 tS

Como o valor 100,00 é constante em todos os termos, pode ser colocado em

evidência:

])02,1()02,1()02,1()02,1[(100 0123 tS

Como a soma 3213210 )02,1()02,1()02,1(1])02,1()02,1()02,1()02,1[(

representa a soma de uma progressão geométrica de razão 1,04, pois o número de

parcelas é finito, dessa forma, podemos aplicar a fórmula da a soma dos termos de

uma PG

1

11

q

aqaS

n

PG (13)

em que, 1a representa o primeiro termo da série, n o número de termos e q a

razão.

Sabendo-se que 1)02,1( 0

1 a , q = 1,02 e n = 4, temos

102,1

1)02,1(1100

4

tS (14)

Desenvolvendo a expressão (14), temos

16,41202,0

082432,0100

02,0

1)02,1(100

4

tS

Portanto, chegamos ao valor do montante correspondente à aplicação de 4

parcelas iguais, sem calcular os montantes isolados.

Como no problema R = 100,00, n = 5 e i = 0,04, substituindo na expressão (14) os

valores numéricos pelos seus símbolos correspondentes, temos a fórmula genérica

i

iRS

n

t

1)1(

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23

Para simplificar, faremos SSt , temos

i

iRS

n 1)1( . (15)

Exemplo 5.20 Uma pessoa aplicou R$ 1.000,00 por mês, durante três anos, em

um “Fundo de Renda Fixa”, à taxa de 1% ao mês. Quanto terá essa pessoa no final

desse prazo?

Dados: R = 1000,00

n = 36 prestações (36meses=3anos)

i = 1% ao mês (aplicações mensais)

S = ?

Solução:

87,4307604687,43100001,0

1)01,1(1000

1)1( 36

i

iRS

n

Portanto, o valor da aplicação no final do prazo será de R$43.076,87.

Para calcular o valor da prestação ou do recebimento em situações em que

conhecemos o valor do montante, basta isolar R na equação (15). Assim, temos

1)1(

ni

iSR (16)

Exemplo 5.21 Quanto uma pessoa terá de aplicar mensalmente num “Fundo de

Renda Fixa”, durante 3 anos, para que possa resgatar R$ 200.000,00 ao final de 36

meses, sabendo que o fundo proporciona um rendimento de 1,2% ao mês?

Dados: S= 200.000,00

n = 36 meses = 36 prestações

i = 1,2% ao mês

R = ?

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24

Solução

45,44740,0223720,0200000

1012,1

012,0200000

1)1( 36

ni

iSR

Portanto, o valor da aplicação mensal deverá se de R$4.474,45 para

que possa ter um montante de R$200.000,00 no final de 3 anos.

Agora veremos mais um exemplo em que n é a incógnita.

Exemplo 5.22 Quantas prestações de $ 4.000,00 devem ser aplicadas

trimestralmente, à taxa de 7% ao trimestre, para acumular um montante de $

100.516,08 ao final de certo prazo? E qual esse prazo?

Dados: R = 4.000,00 por trimestre

S = 100.516,08

i = 7% ao trimestre

n = ? (n° de trimestres)

Solução

1599999999,1407,1ln

)75903,2ln(75903,2ln07,1ln

175903,107,1000.4

07,008,516.100107,1

107,1

07,008,516.100000.4

1)1(

n

i

iSR

n

nn

nn

Logo, o prazo é de 15 trimestres.

Nota: Como a unidade de tempo está coerente com a taxa, não é

necessária nenhuma conversão.

Para situação em que temos uma série de pagamentos em que são conhecidos os

valores dos pagamentos ou recebimentos e desejamos calcular o valor presente,

partiremos da seguinte situação prática:

Situação 5.4 Qual o valor que, financiado à taxa de 2% ao mês, pode der pago ou

amortizado em 4 prestações mensais, iguais e sucessivos de $ 100,00 cada uma?

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25

O que se quer é o valor presente dessa série de 4 parcelas iguais. Para isso, vamos

utilizar as ferramentas que conhecemos para solucionar esses problemas. Com

relação a valor presente ou atual, somente sabemos resolver os casos com

pagamentos simples, ou seja, aqueles que apresentam um único pagamento. Assim,

vamos resolver o problema por partes, admitindo-se que cada prestação

corresponda a um financiamento isolado.

Na situação prática, o valor de cada prestação, R$ 100,00, representa o montante

(ou valor futuro) isolado de capital inicial que desconhecemos, aplicado à taxa de

2% ao mês, e por prazos que vão de 1 a 4 meses. O que queremos é determinar o

capital inicial ou o valor presente dessas prestações no “momento zero”. Os

valores presentes das 4 prestações são calculadas como segue:

77,380

38,92923845,000,10002,1

100,100

23,94942322,000,10002,1

100,100

12,96961169,000,10002,1

100,100

04,9898039,000,10002,1

100,100

4321

44

33

22

11

PPPPP

P

P

P

P

t

Assim, o valor financeiro (ou o valor presente), que pode ser pago ou amortizado

em 4 prestações iguais, mensais e consecutivas de R$ 100,00 cada uma, dentro do

conceito de série de pagamento, com termos vencidos, é de R$380,77.

Agora, utilizando somente conhecimentos de matemática elementar,

substituiremos P1, P2, P3 e P4 pelos seus respectivos valores, sem efetuar os

cálculos, temos

432102,1

100,100

02,1

100,100

02,1

100,100

02,1

100,100 tP

Colocando o valor 100 em evidência, temos:

432102,1

1

02,1

1

02,1

1

02,1

100,100tP

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26

Os termos que aparecem dentro dos colchetes constituem uma soma de PG de

razão 02,1

1. Como o calculo com expressões fracionárias é um pouco mais

complexo, vamos aplicar o conceito de “Mínimo Múltiplo Comum” e transformar

esta série numa soma de mais fácil visualização e cálculo. Efetuando os cálculos,

temos

4

123

02,1

102,102,102,100,100tP

O numerador da expressão entre colchetes constitui-se numa soma de PG, de

razão 1,02, com número de termos igual a 4. Aplicando a fórmula conhecida (13),

temos

77,3808077,3100

02,102,0

102,1100

02,1

102,1

102,11

1004

4

4

4

tP (17)

Substituindo na expressão (17) os valores numéricos pelos respectivos símbolos e

considerando PPt , temos a fórmula genérica

ii

iRP

n

n

)1(

1)1( (18)

Exemplo 5.23 Qual o valor atual de série de 30 prestações iguais, mensais e

consecutivas de R$ 400,00 cada uma, considerando uma taxa de 4% ao mês?

Dados: R = 400,00

n = 30 prestações = 30 meses

i = 4% ao mês

P = ?

Solução

81,916.629203,1740004,0)04,1(

1)04,1(400

)1(

1)1(30

30

ii

iRP

n

n

Logo, o valor atual é de R$6.916,81.

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27

Para calcularmos o valor da prestação ou da aplicação na situação em que

conhecemos o valor atual, basta isolarmos R em (18). Dessa forma temos que

1)1(

)1(

n

n

i

iiPR (19)

Nota: Sem dúvida alguma, na prática, o cálculo da prestação quando conhecemos o

valor presente é o mais utilizado.

Exemplo 5.24 Um empréstimo de R$10.000,00 é concedido por uma instituição

financeira para ser liquidado em 24 prestações iguais, mensais e consecutivas.

Sabendo-se que a taxa de juros é de 3% ao mês, calcular o valor da prestação.

Dados: P =10.000,000

n = 24 prestações mensais

i = 3% ao mês

R = ?

Solução

47,590059047,010000103,1

03,003,110000

1)1(

)1(24

24

n

n

i

iiPR

Logo, o valor de cada prestação é de R$590,47.

Exemplo 5.25 Calcule o número de prestações semestrais de R$ 1.500,00 cada

uma, capaz de liquidar um financiamento de R$10.974,00, à taxa de 10% ao

semestre.

Dados: R = 1500,00

P = 10974,00

i = 10% ao semestre

n = ?

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Solução:

semestresn

i

iiPR

n

n

nn

nn

n

n

n

n

n

n

1479,131,1ln

72,3ln

725538,33669,0

3669,11,1

3669,11,1)13669,1(

1,111,13669,1

1,01,111,113669,011,1

1,01,113669,0

11,1

1,01,100,109741500

1)1(

)1(

Logo, o número de prestações semestrais é igual a 14.

Lista de Exercícios 5

1) Calcular o montante, no final de 2 anos, correspondentes à aplicação de 24

parcelas iguais e mensais de $ 1.000,00 cada uma, dentro do conceito de termos

vencidos, sabendo-se que a taxa de juros é de 3,5% ao mês.

2) Quanto devo aplicar mensalmente durante 15 meses, à taxa de 3,25% ao mês,

para que tenha $ 150.000,00 no final do 15° mês, dentro dos conceitos de

termos antecipados?

3) Um veículo “zero km” foi adquirido por $ 220.000,00, sendo 70% financiados

em 12 parcelas iguais. Sabendo-se que a financeira cobra uma taxa de 4,5% ao

mês, calcular o valor da prestação mensal.

5.7. Sistemas de Amortização

5.7.1 Sistema Francês de Amortização (Tabela Price)

O Sistema Francês de Amortização é mais conhecido no Brasil como Tabela Price.

Esse sistema consiste em um plano de amortização de uma dívida em prestações

periódicas iguais e sucessivas, dentro do conceito de termos vencidos, em que o

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29

valor de cada prestação, ou pagamento, é composto por duas parcelas distintas:

uma de juros e outra de capital (chamada amortização).

É importante ressaltar que o Sistema Francês (ou Tabela Price) não implica

necessariamente prestações mensais, como se entende normalmente. As

prestações podem ser também trimestrais, semestrais ou anuais, desde que sejam

iguais, periódicas, sucessivas e de termos vencidos.

Nota: A denominação “Tabela Price” se deve ao nome do matemático, filósofo e

teólogo inglês Richard Price, que incorporou a teoria dos juros compostos às

amortizações de empréstimos (ou financiamentos).

A denominação “Sistema Francês”, de acordo com o autor citado, deve-se ao fato de

o mesmo ter-se efetivamente desenvolvido na França.

Para calcular o valor das prestações utilizaremos a mesma fórmula das séries de

pagamentos com termos vencidos, isto é,

1)1(

)1(

n

n

i

iiPR

A parcela de juros é obtida multiplicando-se a taxa de juros (mensal, trimestral,

semestral ou anual) pelo saldo devedor existente no período imediatamente

anterior (mês, trimestre, semestre ou ano). A parcela de amortização é

determinada pela diferença entre o valor da prestação e o valor da parcela de

juros. Assim, o valor da parcela de juros referente à primeira prestação de uma

série de pagamentos mensais é igual à taxa mensal multiplicada pelo valor do

capital emprestado ou financiado (que é o saldo devedor inicial).

Situação 5.5. Calcular os valores das parcelas de juros e amortização referente à

primeira prestação, de um empréstimo de $ 8.530,20, à taxa de 3% ao mês, para

ser liquidada em 10 prestações iguais.

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30

a) Valor prestação

103,1

03,003,120,8530

1)1(

)1(10

10

n

n

i

iiPR

R = 8.530,20 0,11723 = 1.000,00

b) Valor da parcela de juros (J)

J = i P = 0,03 x 8.530,20 = 255,91

c) Valor da parcela de amortização (A)

A = R – J = 1.000,00 – 7255,91 = 744,09

Para que possamos determinar as parcelas de juros e as parcelas de amortização

correspondentes às demais prestações, é necessário convencionar o seguinte:

Jt é a parcela de juros referente ao período de ordem t (t = 1, 2, 3, ..., n)

At é a parcela de amortização referente à prestação de ordem t (t = 1, 2, 3,

...,n)

Pt é o saldo devedor referente ao período de ordem t (t = 0, 1, 2, 3, ...,n -1)

O valor da parcela de juros referente à primeira prestação será representado por

J1, da segunda por J2, da quinta por J5 e assim sucessivamente. Da mesma forma

para as parcelas de amortização. Quanto ao saldo devedor, o saldo inicial será

representado por P0.O saldo devedor no final do primeiro período, após a dedução

da primeira amortização A1, será representado por P1, e o saldo devedor no final

do segundo período, após a dedução da segunda amortização A2, será representado

por P2, e assim por diante. Generalizando, temos

tt

tt

ttt

JRA

PiJ

APP

1

1

Voltando ao exemplo, vamos calcular as parcelas de juros e amortização

referentes à segunda prestação.

42,76658,2331000

58,23311,778603,0

11,778609,74420,8530

22

12

101

JRA

PiJ

APP

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31

Assim, operando da mesma forma para as demais prestações, teremos os valores

apresentados na Tabela 5.1 para a série de 10 prestações, que denominaremos

Plano de Pagamento do Empréstimo.

Tabela 5.1: Plano de Pagamento do Empréstimo: sistema francês.

Fonte: Vieira Sobrinho, 2006

5.7.2 Sistema de Amortização Constante (SAC)

O Sistema de Amortização Constante (SAC) consiste em um plano de amortização

de uma dívida em prestações periódicas, sucessivas e decrescentes em progressão

aritmética, dentro do conceito de termos vencidos, em que o valor de cada

prestação é composto por uma parcela de juros e outra parcela de capital (ou

amortização).

A parcela de capital é obtida dividindo-se o valor do empréstimo (ou

financiamento) pelo número de prestações, enquanto o valor da parcela de juros é

determinado multiplicando-se a taxa de juros pelo saldo devedor existente no

período imediatamente anterior.

t Saldo

Devedor Pt

Amortização At

Juros Jt

Prestação R

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

8.530,20

7.786,11

7.019,69

6.230,28

5.417,19

4.579,71

3.717,10

2.828,61

1.913,47

970,87

-

-

744,09

766,42

789,41

813,09

837,48

862,61

888,49

915,14

942,60

970,87

-

255,91

233,58

210,59

186,91

162,52

137,39

111,51

84,86

57,40

29,13

-

1.000,00

1.000,00

1.000,00

1.000,00

1.000,00

1.000,00

1.000,00

1.000,00

1.000,00

1.000,00

Total - 8.530,20 1.469,80 10.000,00

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Generalizando, temos que, no SAC,

o valor da amortização constante é dado por

n

PA 0 ,

em que P0 é o valor do empréstimo ou do financiamento que é igual ao

saldo devedor inicial, e n é o número de pagamentos ou prestações.

O valor do saldo devedor de ordem t é

)( tnAPt

O valor da parcela de juros de ordem t é

)1(1 tnAiPiJ tt

O valor da prestação de ordem t é

11 tniAJAR tt

Situação 5.6 Elaborar um plano de pagamentos, com base no Sistema de

Amortização Constante, correspondente a um empréstimo de $ 100.000,00, à taxa

de 3% ao mês, a ser liquidada em 10 prestações mensais.

A amortização constante é dada por 000.1010

000.1000 n

PA , e dessa forma,

temos:

1ª prestação: 000.13000.10003,0000.1011 JAR

2° prestação: 700.12000.9003,0000.1022 JAR

em que o valor $ 90.000,00 refere-se ao saldo devedor existente no período

imediatamente anterior, após o pagamento da 1ª. parcela de amortização de $

10.000,00.

A Tabela 5.2 apresenta o plano global de pagamento com os valores das prestações

desdobrados em amortizações e juros.

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Tabela 5.2: Plano de pagamento do empréstimo: sistema SAC.

T Saldo

Devedor Pt

Amortizações Constantes (A)

Juros Jt

Prestações Rt

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

100.000,00

90.000,00

80.000,00

70.000,00

60.000,00

50.000,00

40.000,00

30.000,00

20.000,00

10.000,00

-

-

10.000,00

10.000,00

10.000,00

10.000,00

10.000,00

10.000,00

10.000,00

10.000,00

10.000,00

10.000,00

-

3.000,00

2.700,00

2.400,00

2.100,00

1.800,00

1.500,00

1.200,00

900,00

600,00

300,00

-

13.000,00

12.700,00

12.400,00

12.100,00

11.800,00

11.500,00

11.200,00

10.900,00

10.600,00

10.300,00

Total - 100.000,00 16.500,00 116.500,00

Fonte: Vieira Sobrinho, 2006

Analisando a Tabela 5.2, podemos verificar que as prestações decresceram a uma

razão constante de $ 300,00, razão essa dada pela multiplicação da taxa pela

amortização constante, ou seja, 0,03 x 10.000,00 = 300,00.

Lista de Exercícios 6

1) Fazer um plano de amortização de um empréstimo de R$ 8.530,20, a ser

liquidado

em 10 prestações pela Tabela PRICE, com a taxa de juros de 3% ao mês.

2) Fazer um plano de amortização de um empréstimo de R$ 27.000,00, a ser

liquidado em 9 prestações pelo sistema de amortização constate, com a taxa de

juros de 2,4% ao mês.

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3) Montar o plano de amortização de uma dívida de R$ 100.000,00 a serem pagos

em 5 prestações anuais, a uma taxa de 12% ao ano, de acordo com o sistema de

amortização constante (SAC).

Caro(a) aluno(a).

Chegamos ao final deste Capítulo em que estudamos os

conceitos básicos de Matemática Financeira. Para se

aprofundar no conteúdo estudado, sugerimos que você consulte

as bibliografias básicas, Vieira Sobrinho (2006) e Puccini

(2011), e também as complementares, Puccini (2006), Samanez

(2006) e Veras (2001).

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Respostas dos Exercícios

CAPÍTULO 5

Lista 1 1) a)$1080,00 b) $1040,00 c) $1070,83 2) a) $10500,00 b) 3,57% 3) 20 meses. 40 meses. 4) 6,67% a.m. 5) 8,33 anos

Lista 2 1) $ 144.504,39 2) 5 trimestres (ou 15 meses) 3) $ 1.708.984,38 4) 9 meses. 11 meses.

Lista 3 1) i = 5,75% a.m. i = 0,24% a.d.; i = 7,32% a.m.; i = 23,59% a.t.; e i = 133,33% a.a.

Lista 4 1) R$ 64.330,00. 2) 2,34%. 3) R$ 20.662,12. 4) R$ 78.858,12. 5) 4,6% ao mês.

Lista 5 1) $ 36.666,53 2) $ 7.669,04 3) $ 16.888,59

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Referências

PUCCINI, A. L. Matemática financeira objetiva e aplicada. 7.ed. São Paulo:

Saraiva, 2006.

PUCCINI, E. C. Matemática financeira e análise de investimentos. Florianópolis:

Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília]: CAPES : UAB, 2011.

204p.

SAMANEZ, C. P. Matemática financeira: aplicações à análise de investimentos.

4.ed. São Paulo: Pearson, 2006. 288p.

VERAS, L. L. Matemática financeira. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2001.

VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2006.

416p.