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Relacao Patogeno Hospedeiro Ambiente
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1 PRINCPIOS E CONCEITOS EM FITOPATOLOGIA
1.2 Ciclo das Relaes Patgeno-hospedeiro
A ocorrncia de uma doena precedida por uma sequncia de eventos entre o
patgeno e o hospedeiro, conhecido como ciclo das relaes patgeno-hospedeiro. Cada
fase apresenta caractersticas prprias e funo definida. Na Figura 7 encontram-se as fases
do ciclo das relaes patgeno-hospedeiro e onde atuam os princpios de controle de
Whetzel.
Figura 7. Fases do ciclo das relaes patgeno-hospedeiro e onde atuam os princpios de
controle de Whetzel.
O desenvolvimento de uma doena inicia-se pela presena do patgeno, do
hospedeiro suscetvel e das condies climticas favorveis. O patgeno pode estar
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presente de vrias formas: em restos culturais em forma de estruturas de reproduo ou de
resistncia, miclio, vindo pela semente, pelo vento, chuva, vetores, dentre outras formas de
sobrevivncia. disseminado numa dessas formas, atinge o tecido do hospedeiro, ocorre a
infeco e posterior colonizao do tecido e sua reproduo, fechando-se o ciclo primrio
da doena.
A primeira gerao do patgeno na cultura corresponde ao ciclo primrio das
relaes patgeno-hospedeiro e as geraes subsequentes no mesmo ciclo da cultura so os
ciclos secundrios. importante que se conhea essa diferena para a orientao de
medidas de manejo. Quando o inculo produzido fora da rea de cultivo, o controle
feito atravs de medidas de proteo e imunizao (por exemplo, uso de cultivares
resistentes a doenas) e quando produzido na prpria rea, a recomendao o uso de
proteo e sanitizao (por exemplo, cultivares resistentes e rotao de culturas)
Sobrevivncia
A sobrevivncia do patgeno, que se constituir em inculo, a fase onde o
patgeno dever superar condies adversas para garantir sua perpetuao. Ocorre em
condies climticas desfavorveis ou na ausncia do hospedeiro. Fungos, oomicetos e
nematoides apresentam estruturas de resistncia compostas, principalmente, por suas
formas reprodutivas. Algumas estruturas de reproduo de fungos, como os teliosporos das
ferrugens podem apresentar auto-inibidores de germinao em condies adversas.
Osporos de patgenos dos gneros Pythium e Phytophthora so estruturas de resistncia
capazes de sobreviver a altas e baixas temperaturas e condies de baixa umidade.
Apresentam parede celular espessa que responsvel por essa resistncia.
Alguns patgenos habitantes de solo desenvolveram estruturas de resistncia
denominadas esclerdios, que so agregados de hifas somticas formando estruturas
compactas, arredondadas, irregulares, que sobrevivem at 10 anos no solo. Diversos
gneros de fungos apresentam essas estruturas: Slerotium, Macrophomina, Verticillium,
Rhizoctonia, Botrytis e outros. Condies de alta umidade podem diminuir a longevidade
de esclerdios. Algumas doenas podem ser controladas pelo uso de alagamento de solos
infestados, como por exemplo, doenas causadas por Sclerotium rolfsii e Verticillium
dahliae.
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Outra estrutura de resistncia presente em fungos fitopatognicos o clamidsporo,
que se constitui em uma nica clula com citoplasma condensado e uma parede celular
espessa. a principal forma de sobrevivncia de Fusarium spp.
H uma grande variabilidade no tempo de sobrevivncia das estruturas de
resistncia dos patgenos, o que implica diretamente no mtodo de controle das doenas.
Quanto maior o tempo de sobrevivncia da estrutura de resistncia de um determinado
patgeno, maior o tempo de rotao de culturas necessrio para seu controle. A tabela
mostra o tempo necessrio de rotao para o controle de alguns patgenos.
Tabela 2. Estruturas e perodo de sobrevivncia de alguns fungos e oomicetos e perodo
de rotao de culturas necessrio para seu controle.
Gneros de fungos e
oomicetos
Estruturas de
sobrevivncia
Perodo de
sobrevivncia
Tempo de rotao
(anos)
Fusarium Clamidsporos 5 a 15 4 a 6
Phytophthora Osporos 2 a 8 4 a 6
Pythium Osporos 5 2 a 3
Rhizoctonia Esclerdios 5 2 a 3
Verticillium Esclerdios 5 a 15 5 a 6
Muitos patgenos podem sobreviver colonizando restos de cultura e outros
utilizando nutrientes da soluo do solo. Exemplos de patgenos capazes de sobreviver
sobre restos de cultura: Fusarium spp., Rhizoctonia spp., Colletotrichum spp., Cercospora
spp., etc. Exemplos de patgenos que utilizam nutrientes da soluo do solo para
sobrevivncia: Ralstonia solanacearum, Pseudomonas spp, Xanthomonas spp..
Agentes fitopatognicos parasitas obrigatrios no conseguem sobreviver na
ausncia de seu hospedeiro. o caso das ferrugens, odos, mldios, algumas bactrias,
vrus, fitoplasmas, espiroplasmas e virides. Alguns apresentam hospedeiros secundrios
como plantas daninhas.
Disseminao
Todos os patgenos produzem um grande nmero de propgulos que sero
disseminados de vrias formas, contribuindo para o aumento das doenas nos campos de
cultivo.
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O ar um meio de transporte que leva os esporos de alguns patgenos a longas
distncias. A disseminao feita por ventos fortes na camada conectiva da atmosfera. Os
casos mais conhecidos so os de disperso dos agentes causais das ferrugens do trigo e da
soja na Amrica do Norte.
A gua um agente importante na disperso, a curtas distncias, de propgulos de
fungos e bactrias, principalmente aqueles que se encontram envoltos por mucilagem. A
disperso pela chuva ocorre pelos respingos formados pelas gotas que atingem os
propgulos.
Outro agente muito importante na disseminao de patgenos o homem, atravs
de tratos culturais com uso de mquinas e equipamentos. Ocorre tambm disseminao a
longas distncias, quando transporta material propagativo como sementes e mudas
contaminadas.
Os insetos tambm so bastante eficientes na disseminao de alguns patgenos,
principalmente os vrus e algumas bactrias.
Infeco
Infeco o processo de estabelecimento das relaes parasitrias entre patgenos e
hospedeiro e ocorre aps o contato dos propgulos com o hospedeiro,
Os patgenos tm especializaes que resultam na penetrao dos patgenos nos
hospedeiros. Alguns veiculados pelo solo como bactrias e Oomicetos, apresentam
propgulos com flagelos que se movimentam em direo s razes das plantas, atrados
pelos exsudatos produzidos por elas. Agentes patognicos de parte area desenvolvem-se
na superfcie dos hospedeiros e podem produzir estruturas especializadas para penetrao
denominadas apressrios, que so inchaos de uma hifa ou tubo germinativo, capazes de
aderir firmemente no hospedeiro, germinar e nele penetrar.
Para iniciar a germinao, os esporos necessitam de condies climticas adequadas
como alta umidade e especficas de temperatura para cada espcie.
A penetrao dos patgenos nos hospedeiros pode ocorrer diretamente pela
superfcie da planta, atravs de aberturas naturais ou ferimentos. Bactrias, vrus, virides e
fitoplasmas no penetram diretamente no hospedeiro, por no apresentarem estruturas
especializadas de penetrao.
Os fungos podem penetrar no hospedeiro atravs da superfcie intacta, vencendo
barreiras como cutcula e epiderme na parte area ou periderme em razes e ramos
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lenhosos, atravs de produo de apressrios em adio de uma ao qumica de
degradao de enzimas sobre a superfcie do hospedeiro.
Outras formas de penetrao de patgenos ocorrem atravs de aberturas naturais
presentes em vrios rgos dos hospedeiros. Essas aberturas so a principal via de acesso
de muitos fungos, principalmente os causadores de ferrugens, e de bactrias
fitopatognicas. As principais aberturas naturais utilizadas por esses agentes patognicos
so estmatos e hidatdios presentes nas folhas, estigmas e nectrios nas flores e lenticelas
em rgos suberificados.
A penetrao tambm pode ocorrer atravs de ferimentos. Esses ferimentos podem
ser causados por picadas de insetos, vento, prticas culturais como poda e desbrota, etc.
Aps a fase de penetrao ocorre a colonizao do hospedeiro pelo patgeno. Tem
incio o parasitismo, com a retirada de nutrientes da planta pelo agente patognico. Nessa
fase pode ocorrer uma reao no interior da planta que impede o estabelecimento do agente
patognico. Algumas formas de resistncia da planta interferem no estabelecimento do
patgeno na planta, impedindo que a doena se estabelea.
Colonizao
A colonizao representada pela retirada de nutrientes do hospedeiro pelo
patgeno, que pode ser biotrfico, quando as fontes de nutrientes so tecidos vivos do
hospedeiro, necrotrfico, quando as fontes de nutrientes so tecidos mortos e
hemibiotrfico, que inicia a infeco como biotrfico e coloniza o hospedeiro como
necrotrfico. Todos os vrus, virides, fitoplasmas, fungos causadores de ferrugens,
carves, odios e mldios, alm de algumas bactrias so patgenos biotrficos. So
exemplos de patgenos hemibiotrficos os fungos do gnero Colletotrichum e de
necrotrficos os do gnero Sclerotinia, Penicillium e Aspergillus.
Os patgenos necrotrficos distribuem-se na planta apenas ao redor do ponto de
infeco, aps a morte dos tecidos. Os biotrficos e hemibiotrficos podem apresentar
distribuio sistmica, atravs dos vasos do floema (principalmente vrus, virides,
fitoplasmas e espiroplasmas) ou do xilema (exemplos: Fusarium oxysporum, Verticillium
albo-atrum,