Relacao Professor Aluno MONOGRAFIA

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  • 8/3/2019 Relacao Professor Aluno MONOGRAFIA

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    ANDRA CATARINA DA SILVA

    ROSEANE MOREIRA DOS SANTOS

    RELAO PROFESSOR ALUNOUma reflexo dos problemas educacionais

    Belm Par

    Universidade da Amaznia2002

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    RELAO PROFESSOR-ALUNOUma reflexo crtica dos problemas educacionais

    Andra Catarina da SilvaRoseane Moreira dos Santos

    Trabalho de Concluso deCurso apresentado ao Cursode Pedagogia do Centro deCincias Humanas eEducao da Universidade daAmaznia UNAMA, comorequisito para obteno doGrau em Pedagogia,orientado pela Professora Ms.Rosa helena Nogueira

    Ferreira.

    Belm Par

    Universidade da Amaznia2002

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    RELAO PROFESSOR-ALUNOUma reflexo crtica dos problemas educacionais

    Andra Catarina da SilvaRoseane Moreira dos Santos

    Avaliado por:

    Prof Ms. Rosa Helena Nogueira Ferreira

    Data:20/06/2002

    Belm Par

    Universidade da Amaznia2002

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    Vai aqui este pedido aos professores,pedido de algum que sofre ao ver orosto aflito das crianas: lembrem-se deque vocs so pastores da alegria, eque a sua responsabilidade primeira definida por um rosto que lhes faz umpedido: Por favor:, me ajude a serfeliz....

    RUBEM ALVES

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    *A minha me, Nazar, que sempreacreditou no meu sucesso, meapoiando para que eu pudesseconcretizar mais uma etapa da

    minha vida.

    *Ao meu irmo, Andrey, pelo apoionos momentos preciosos.

    *A todos os meus parentes quesempre me apoiaram com palavras egestos de carinhos.

    *As minhas amigas de curso, emespecial, as amigas Roseane eShirley, que contriburam de algumaforma na construo desse ideal.

    *E a todos aqueles que com suasmanifestaes de carinho e respeitoajudaram-me no alcance destavitria.

    Com carinho:

    Andra Catarina da Silva

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    *A Deus pela fora suprema parasuperar os obstculos.

    *Ao corpo docente da UNAMA quecom seus conhecimentos meconduziram uma formao cidad.

    *A minha orientadora Prof Ms. RosaHelena Nogueira Ferreira, queconduziu-me desde o incio destatrajetria com pacincia e dedicao.

    *A todos aqueles que de uma formaou outra contriburam para o meusucesso.

    Com carinho:

    Andra Cataria da Silva

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    * minha me, Edme Moreira dosSantos que no me deu o prazer departicipar dessa defesa, pois Deus a

    tirou do nosso convvio (2002), nomomento mais crtico de minhacaminhada. A ela cujos desafioseram vencidos na labuta da vida,dedico com carinho este trabalho,retomado graas persistncia e aoincentivo deixado pelas suaspalavras e pelo seu desejo de verrealizado este sonho.

    Com carinho:

    Roseane Moreira dos Santos

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    * Deus, porque me ama com amorrigoroso de pai, com amor terno e fielde uma me, dando-me foras paravencer as intempries da vida.

    * professora Rosa Helena Ferreira,minha orientadora com quemcaminhei os passos iniciais da minhaformao de pesquisa.

    *Aos meus irmos, meus maioresincentivadores, que mecompreendem e no interrompem osmeus sonhos.

    *Aos meus amigos, que meestenderam as mos e mecompreenderam nos momentos maisdifceis, fazendo com que a coragemde lutar e amar fosse uma realidade.

    *A um amigo especial, Amintas JosQuingosta Pinheiro que diante dasdificuldades, me entendeu e meincentivou a chegar ao pontodesejado.

    * minha irm-me, Maria CliaMoreira dos Santos pelo apoio eincentivo, compartilhando conquistase dificuldades ao longo desses anos.

    *Ao meu irmo-primo, Euclydes deSouza Gesta pelo apoio e acolhidacarinhosa nessa longa caminhada.

    *s minhas eternas amigas AndraCatarina e Shirley Raquel pelocompanheirismo e dedicaodurante a minha vida acadmica.

    Com carinho:

    Roseane Moreira dos Santos

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    SUMRIO

    CAPTULO II INTRODUO

    1.1 INCIO DA TRAJETRIA................................................................................ 4

    CAPTULO II BASES TERICAS

    2.1 ESCOLA: QUE ESPAO ESSE?................................................................ 9

    2.2 EDUCAO POR TODA PARTE................................................................... 15

    2.3 O PROFESSOR E SUA PRTICA..................................................................19

    2.4 AFETIVIDADE................................................................................................. 24

    2.5 INTERAO PROFESSOR-ALUNO.............................................................. 31

    CAPTULO III CONSIDERAES FINAIS........................................................38

    BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................41

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    RESUMO

    O objetivo deste trabalho de concluso de curso identificar e refletir aspossveis relaes entre professor e o aluno a fim de contribuir para o processo

    ensino-aprendizagem, atravs da identificao de pontos relevantes, nasconcepes, que possam estimular professor e aluno para uma convivncia deafetividade no processo educativo levando-os a uma educao de qualidade noprocesso metodolgico adotou-se uma pesquisa de cunho bibliogrfico.Identificou-se que a prtica educativa de grande significncia na formao doeducando-cidado. Assim, traa uma anlise reflexiva dos principais problemascotidianos enfrentados na sala de aula pelos alunos e professores, em suasinteraes, enquanto sujeitos inerentes do processo educacional. Como umapesquisa qualitativa em educao, contextualiza toda a problemtica aquiestudada e lana subsdios reflexo dos leitores e pesquisadores, visando aviabilizao de futuros trabalhos de maior alcance cientfico.

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    CAPTULO I - INTRODUO

    MEMORIAL I

    Com objetivo de identificar a escolha da problemtica em questo

    comentarei aspectos referentes minha trajetria de vida pessoal e acadmica

    dando nfase o porqu da escolha da relao professor-aluno como tema deste

    trabalho.

    Sou natural de Belm do Par nascida na dcada de 70. Conclu meus

    estudos do Ensino Mdio em um colgio particular na rea de CB. Porm, as

    metodologias de ensino de cada profissional da educao chamavam-meateno, o que me fez novamente cursar o ensino mdio na rea de magistrio.

    Ingressei na Universidade da Amaznia em 1999, no curso de Pedagogia,

    onde, por conseguinte, comecei a ter uma viso mais abrangente da minha

    prpria prtica pedaggica fazendo-me perceber o quanto o desempenho do

    professor em sala de aula importante para a aprendizagem do aluno.

    Assim adentrando na Universidade, deparei-me com um mundo fantstico

    de mltiplos conhecimentos, onde me identifiquei plenamente com a disciplina

    Introduo Filosofia, a qual me proporcionou maturidade crtica e investigativa

    tomando-me convicta da sua utilidade para a vida e para todos os que cultivavam

    a reflexo e bom senso.

    Nesse contexto, perceber que o aluno, como sujeito que se depara comcontedos desconhecidos, e com nvel de complexidade elevado, no consegue

    assimilar conhecimentos, pela falta de articulao com sua realidade de vida e

    pela imposio de contedos desconexos, fazendo do estudo uma obrigao que

    muitas vezes lhe permite adquirir nota.

    Portanto, para melhor compreenso da relao professor-aluno atentei-me

    em buscar subsdios que pudessem responder minhas dvidas diante disso no

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    percurso deste irei relatar o quanto interao entre educador e educando

    importante para o processo, de ensino-aprendizagem.

    Andra Catarina da Silva

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    MEMORIAL II

    Para que se possa ter uma compreenso do tema do trabalho de

    concluso de curso apresentado, delinearei um pouco do percurso de minha vida.

    Nasci em Belm do Par na dcada de 70. Terminei o Ensino Mdio no Instituto

    de Educao do Par onde no 2 ano iniciei minha docncia desenvolvendo-a

    sempre de forma alegre e prazerosa.

    Em 1999, iniciei o curso de Pedagogia onde pude ampliar meus

    conhecimentos na rea educativa, conhecendo um pouco de sua complexidade.

    Dentro da Universidade percebi de forma mais abrangente, que a ao

    educativa faz parte da dinmica das relaes sociais em que esto imersos

    interesses de toda ordem: sociais, polticos, econmicos e culturais que precisam

    ser compreendidos pelos professores, hoje visto estes desenvolverem suas aes

    de forma interativa numa relao recproca em prol do reconhecimento do papel

    poltico do trabalho docente, enquanto fora de modificao das relaes de

    poder na busca de uma revoluo nos processos educacionais.

    Todavia, a partir das inquietaes, indagaes e reflexes feitas no

    decurso das observaes vivenciadas nos campos de estgios e nas escolas, nas

    quais atuei, verifiquei a existncia de casos de maus relacionamentos entre

    professor e aluno, caracterizando entraves nesta relao a qual vm

    transformando num dos grandes problemas para o desenvolvimento do processo

    de construo do conhecimento.

    Dessa forma, a escolha da temtica do presente trabalho versa sobre

    "Relaes Professor-Aluno: Uma reflexo crtica dos problemas educacionais",

    pelo fato de observar-se nesta relao fatores que com certeza interferem no

    distanciamento, dificultam ou facilitam o processo ensino-aprendizagem.

    Roseane Moreira dos Santos

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    1.1 O INCIO DA TRAJETRIA

    O momento atual impe ao profissional de educao desenvolver

    habilidades que possibilitem uma melhor adaptao s novas culturas e aos

    novos padres de conduta social. Alm disso, o acelerado processo de

    globalizao em que se encontra o pas, insere o homem em um ambiente de alta

    competitividade e seletividade. Nesse contexto, a relao professor-aluno

    representa um esforo a mais na busca da praticidade, afetividade e eficincia no

    preparo do educando para a vida, numa redefinio do processo ensino-

    aprendizagem. No obstante, cada profissional deve ter claramente definido o seu

    papel nesse contexto social, onde esta relao aqui considerada passa a ser alvode pesquisas, na busca do dilogo, do livre debate de idias, da interao social e

    da diminuio da importncia do trabalho individualizado.

    A interao professor-aluno ultrapassa os limites profissionais, escolares,

    do ano letivo e de semestres. , na verdade, uma relao que deixa marcas, e

    que deve sempre buscar a afetividade e o dilogo como forma de construo do

    espao escolar, trazendo tona algumas questes norteadoras:

    a) de que maneira a relao professor-aluno interfere no processo ensino-

    aprendizagem?

    b) como fazer com que a relao professor-aluno torne-se um alicerce para

    a construo do conhecimento?

    c) como trabalhar a relao professor-aluno imbuda de afetividade e

    dilogo para a formao de um cidado mais crtico, consciente e participativo.

    Objetivamente, busca-se desvelar o mago da relao professor-aluno

    diante dos problemas educacionais, buscando com isso lanar uma reflexo

    acerca do processo de construo do conhecimento. Especificamente, a inteno

    de identificar os fatores que dificultam o relacionamento entre professor e aluno,

    compreender como uma boa relao entre estes atores contribui para o processo

    de ensino-aprendizagem e, ao final, propor alternativas que possam contribuir

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    para a melhoria do relacionamento aqui trabalhado, numa perspectiva de

    aprendizagem significativa e satisfatria.

    Ser professor no constitui uma tarefa simples, ao contrrio, uma tarefa

    que requer amor e habilidade. Como bem destaca RODRIGUES (1997), o

    educador no simplesmente aquele que transmite um tipo de saber para seus

    alunos, como um simples repassador de conhecimentos. O papel do educador

    bem mais amplo, ultrapassando esta mera transmisso de conhecimentos. Vale

    questionar: como educar nossos alunos em uma sociedade onde a tica e o moral

    parecem estar em crise? Alguns valores, antes to discutveis, j no so mais

    importantes e outros parecem estar em voga, e assustam alguns segmentos da

    sociedade. Dentro de sala de aula, o que se verifica, na maioria das vezes, oestabelecimento de regras disciplinares de modo arbitrrio. Alm disso, pode-se

    perceber a no explicitao dessas regras, e que as exigncias de seu

    cumprimento so feitas com base em ameaas e punies, o que pode provocar

    reaes conformistas ou de resistncia, ou seja, a aceitao como forma de

    adestramento ou a indisciplina.

    De fato, no se pode negar que a autoridade construda e precisa seraceita; ela no torna os educandos inferiores, mas, d as suas vidas um sentido

    mais seguro de caminhada e conquista. Assim, a autoridade de fato sempre

    responsvel, enquanto que a de direito s poder s-lo por coincidncia. Cabe ao

    professor, em seu relacionamento com o alunado, dialogar e manter com ele uma

    afetividade, auxiliando o educando a ir reconhecendo que sua vida diferenciada,

    tanto em coisas intransformveis quanto em coisas que podem e devem ser

    modificadas.

    O educador deve considerar que a nica maneira de ajudar o homem em

    sua vocao ontolgica, a inserir-se na construo da sociedade e na direo da

    mudana social, substituir esta captao principalmente mgica da realidade

    por uma capta mais e mais crtica. Como chegar a isto? bem a propsito,

    inclusive, que FREIRE (1980) destaca que atravs utilizando um mtodo ativo de

    educao, um mtodo de dilogo crtico e que convide crtica -, modifica-se o

    contedo dos programas de educao. Este o primeiro passo para que seja

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    possvel iniciar qualquer processo de mudana, pois, a confiana entre educador

    e educando primordial.

    essencial que o exerccio do profissional de educao seja imbudo de

    uma formao profunda, crtica, para que ele possa acompanhar as

    transformaes que se impem no contexto da sociedade. Nesse sentido, quando

    de uma anlise do compromisso do docente de ensino, possvel inferir que seu

    cotidiano resulta ou resultante de componentes histricos e estruturais

    conhecidos, e de conjunturas desfavorveis que complexificam seu modo de

    pensar e agir. Tal passado circunscreve, de modo pondervel, o seu presente e

    suas perspectivas de ao.

    No sistema escolar, o profissional deve tornar seu saber pedaggico uma

    alavanca desencadeadora de mudanas, no somente ao nvel da escola que

    parte integrante, mas tambm ao nvel do sistema social, econmico e poltico. O

    professor dever ser uma fonte inesgotvel de conhecimentos no cotidiano de

    sala de aula, retirar dos elementos tericos que permitam a compreenso e um

    direcionamento a uma ao consciente. Tambm deve procurar superar asdeficincias encontradas e recuperar o real significado do seu papel como

    professor, no sentido de apropriar-se de um fazere de um saber fazeradequados

    ao momento que vive a escola atual.

    O trabalho docente constitui o exerccio profissional do educador,

    representando seu primeiro compromisso com a sociedade. Sua

    responsabilidade, frente aos novos tempos e a uma nova era que se impe, ade preparar os alunos para se tornarem cidados ativos e participantes na famlia,

    no trabalho e na vida cultural e poltica. , portanto, uma atividade

    fundamentalmente social, porque contribui para a conscientizao e a conquista

    democrtica.

    A pedagogia que se inspira numa concepo consciente de educao est

    fundamentalmente interessada em introduzir, no trabalho docente, elementos de

    mudana que assegurem a qualidade pretendida para o ensino. E, coerente com

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    esse pressuposto, busca-se garantir ao aluno, atravs do professor, uma

    formao mais slida e abrangente, que privilegie o processo de construo do

    conhecimento. Este processo compreendido como decorrncia das trocas que o

    aluno estabelece na interao com o meio - natural, social e cultural. Ao

    professor, cabe exercer a mediao desse processo e articular essas trocas,

    tendo em vista a assimilao crtica e ativa de contedos significativos, vivos e

    atualizados.

    O que se deve considerar que o ato de ensinar e de aprender uma

    constante troca, onde se torna imprescindvel que o professor seja, acima de

    tudo, um educador que enfrente desafios e possa encarar os problemaspresentes na sua formao e, assim, compreender que o conhecimento se

    processa atravs de valores que embasam e justificam a aprendizagem, nas

    relaes interpessoais dos sujeitos envolvidos no processo e que o vivenciam em

    sala de aula.

    Desse modo, a reflexo sobre a importncia e o papel do professor e do

    seu relacionamento com os educandos, vai bem mais alm, pois, estamos diantede constantes mudanas, onde o "novo" sempre traz expectativas que muitas

    vezes so obscuras, preocupam e deixam os profissionais perdidos. Do mesmo

    modo, possibilita que atentemos para os limites que envolvem os sujeitos distintos

    dentro de sala de aula, onde o aluno espera concretizar expectativas de

    aprendizagem e reciprocidade de carinho e compreenso. 0 objetivo de enfrentar

    esse grande desafio, tambm inclui em vencermos os nossos medos, que no

    so poucos, a fim de contribuirmos para um futuro melhor, onde devemos rompercom antigos conceitos, atravs de critica, criatividade, afetividade e dilogo, para

    a construo de novas formas no presente, com vistas ao futuro.

    Nesse contexto, nosso ponto de partida foi preocupao com uma

    questo que nos parece extremamente relevante no bojo de uma sociedade

    contem temporaneamente mutante e globalizada: a relao aqui trabalhada entre

    os sujeitos pertencentes ao processo ensino-aprendizagem, como seres

    pensantes, reflexivos, crticos e responsveis para acompanhar o processo de

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    transformao que vem ocorrendo na sociedade, onde as mudanas sociais e

    culturais exigem desses seres decises inteligentes, participao e interveno na

    vida social. O motivo da escolha do referido tema prende-se ao fato de que nossa

    formao acadmica, bem como nosso campo profissional, serviram de estmulo

    para um maior aprofundamento do temrio considerando de que ao professor

    que cabe resgatar o processo de desenvolvimento do sujeito, na mediao com a

    realidade scio-econmica concreta, numa perspectiva terica que compreende o

    homem como ser que se constri no interlao de relaes sociais estabelecidas

    historicamente, refletindo sobre a melhor forma de promover com eficincia o

    ensino.

    Essa escolha atende ainda uma funo central, que a de despertar a

    ateno do aluno para um detalhe de sua vida cotidiana, de sua esfera de relao

    ou de suas preocupaes, que podem ser exploradas. Trata-se de um estudo

    com base em observao mais aprofundada, com um olhar investigativo enquanto

    historiador da realidade vigente.

    Trata-se de uma abordagem qualitativa, de cunho bibliogrfico, que foidesenvolvida com base em materiais j coletados no decorrer do

    desenvolvimento do projeto de pesquisa e, ainda, em outras fontes disponveis,

    principalmente livros e artigos cientficos, tanto de leitura corrente ou livros de

    referncia, desde que possibilitassem a obteno de informaes referentes ao

    enfoque aqui trabalhado, em autores como CUNHA (1992), FREIRE (1980),

    GROSSI (1992), WEISZ (1999) e outros, que foram de extrema relevncia para

    que esta pesquisa seja levada a termo.

    Vale ressaltar tambm o valor acadmico e social desta pesquisa, haja

    vista que permitir o acesso a um manancial de conhecimentos sobre a relao

    professor-aluno, e cujos resultados alcanados, podero auxiliar no s na

    discusso sobre o problema, mas para denunciar as posturas existentes,

    implementando novos comportamentos e aes no que diz respeito aos

    pressupostos de sustentao, nas escolas, no que se refere relao professor-

    aluno em suas mltiplas determinaes.

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    CAPTULO II BASES TERICAS

    2.1 ESCOLA: QUE ESPAO ESSE?

    O perfil da educao brasileira apresentou significativas mudanas nas

    ltimas dcadas. O desempenho dos alunos remete-nos necessidade de

    considerarem a formao do professor, como sendo requisito fundamental para a

    melhoria dos ndices de aprovao, repetncia e evaso do ensino.

    As expectativas do professor sobre o desempenho dos alunos podem

    funcionar como uma suposio de auto-realizao. Isto : o aluno de quem o

    professor espera menos o que realiza menos, ao passo que aqueles de quem

    se espera um bom desempenho acabam, na realidade, por apresent-lo. Assim,

    as taxas de evaso evidenciam a baixa qualidade do ensino e a incapacidade dos

    sistemas educacionais e das escolas de garantir a permanncia do aluno,

    penalizando os alunos de nvel de renda mais baixos. Exatamente por fazerem

    parte de famlias desprovidas de recursos, as crianas no tm acesso ao mnimo

    de informaes culturais no lar, e por isso, chegam escola em situao de

    inferioridade em relao maioria dos estudantes de classes mais altas.

    Como a criana faz parte de uma famlia de poucos recursos, sua

    alimentao deficiente e, por isso, seu desenvolvimento fsico e sua sade so

    deficientes. Por viver em ambientes com pessoas que no tiveram uma boa

    formao escolar, sua linguagem tem muitas falhas, o estudante carente usa uma

    linguagem pobre em vocabulrio e em sua estruturao. Seus colegas de famlias

    de melhor posio social, que cresceram entre pessoas com algum grau de

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    instruo, teriam domnio de um proveitoso vocabulrio. COLL (1996:95) afirma

    que:

    Os alunos formam seu prprio conhecimento pordiferentes meios: por sua participao emexperincias diversas, por explorao sistema ticado meio fsico ou social, ao escutar atentamenteum relato ou uma exposio feita por algumsobre um determinado tema, ao assistir umprograma de televiso, ao ler um livro, ao observaros demais e os objetos com certa curiosidade e aoaprender contedos escolares propostos por seu

    professor na escola.

    Os regulamentos e exigncias escolares tambm so vistos como causas

    dos problemas que a educao enfrenta. Logo de incio h uma extrema falta de

    vagas, a escola tem uma localizao que dificulta o trajeto de ida e volta dos

    alunos. Depois temos os horrios estabelecidos pelas escolas, que so muito

    criticados por no atenderem a realidade da populao. Outro fator que dificulta a

    permanncia e o bom desempenho dos alunos na escola so as despesas com

    materiais exigidos pela escola como: uniforme, livros, taxas, etc..., isso porque na

    maioria dos casos, os pais no podem comprar o que a escola exige.

    Todos esses regulamentos no so problemas para as crianas de classemdia, cujos pais so bem empregados. No entanto, para as crianas de famlias

    pobres, estas exigncias representam grandes dificuldades e obstculos para

    conseguir aprovao na escola.

    A famlia colocada como principal responsvel pelo fracasso dos alunos,

    no sendo questionadas, as condies materiais de vida dessas famlias, nem

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    sua participao nas relaes sociais de produo que so o que determinam, em

    ltima instncia, as possibilidades de assistncia aos filhos. Essas concluses

    ideolgicas eximem os professores de observar sua prpria atuao no contexto

    escolar, sua participao na seletividade e, principalmente, a funo da escola

    como reprodutora da sociedade desigual na qual se insere.

    Conforme DURKHEIM (1978:49):

    A escola no pode ser propriedade de um partido;e o mestre faltar em seus deveres quandoempregue a autoridade de que dispe para atrairseus alunos rotina de seus preconceitospessoais, por mais justificados que lhes paream.

    Em vrias salas de aula nota-se a exigncia constante de disciplina, o

    estabelecimento de uma relao autoritria entre o professor e seus alunos, o

    trabalho obrigatrio e repetitivo. Um dos meios de controlar a disciplina a diviso

    do tempo. H hora determinada para entrar, sair, para o recreio, a merenda, para

    tomar gua, para ir ao banheiro, etc. O cumprimento do horrio obrigatrio, sem

    levar em conta o que a criana est fazendo ou qual a sua vontade no

    momento.

    H, por parte do professor, uma vigilncia constante e ameaas, gerando

    um clima de tenso entre as crianas, por estarem sempre antecipando as

    conseqncias de seus maus atos: o aluno corre o rico de ficar sem recreio, de

    ser retirado aps as aulas, alm de outras ameaas de castigo. Quem bem

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    comportado recebe recompensas e apresentado como modelo aos colegas.

    WERNECK (1999:60) destaca que:

    Mas os tempos mudaram e mudaram muito. Hoje,uma suspenso transformou-se num prmio, sejaela de um dia ou mais. Algumas escolas, mesmomantendo o sistema de suspenso, so maisesclarecidas, suspendem os alunos de suasatividades didticas e recreativas, mantendo-o emseu recinto atravs da organizao de trabalhosnas bibliotecas ou coordenaes, e aproveitampara encaminh-lo aos servios de orientao

    educacional. Nesses casos, o prmio no togrande.

    A atitude do professor em sala de aula importante para criar climas de

    ateno e concentrao, sem que se perca alegria. As aulas tanto podem inibir o

    aluno quanto fazer que atue de maneira indisciplinada. Portanto, o papel do

    professor o de mediador e facilitador; que interage com os alunos na construo

    do saber. Neste sentido, muito importante ajudar os professores a saber

    ensinar, garantindo assim que todos os alunos possam aprender e desenvolver

    seu raciocnio.

    Alguns professores sentem que seu relacionamento com os alunos

    determina o clima emocional da sala de aula. Esse clima poder ser positivo, de

    apoio ao aluno, quando o relacionamento afetuoso, cordial. Neste caso, o aluno

    sente segurana, no teme a crtica e a censura do professor. Seu nvel de

    ansiedade mantem-se baixo e ele pode trabalhar descontrado, criar, render mais

    intelectualmente. Porm, se o aluno teme constantemente a crtica e a censura do

    professor, se o relacionamento entre eles permeado de hostilidade e contraste,

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    a atmosfera da sala de aula negativa. Neste caso, h o aumento da ansiedade

    do aluno, com repercusses fsicas, diminuindo sua capacidade de percepo,

    raciocnio e criatividade.

    Se a aprendizagem, em sala de aula, for uma experincia de sucesso, o

    aluno constri uma representao de si mesmo como algum capaz. Se ao

    contrrio, for uma experincia de fracasso, o ato de aprender tender a se

    transformar em ameaa. O aluno ao se considerar fracassado, vai buscar os

    culpados pelo seu conceito negativo e comea achar que o professor chato e

    que as lies no servem para nada.

    Procura-se, portanto, romper as diferenas de professor e aluno

    consagrados pela escola tradicional. Os papis tradicionalmente desempenhados

    pelo professor ensinar, transmitir e dominar e pelo aluno aprender, receber

    passivamente e obedecer devem ser mudados. S assim a escola poder

    efetivamente atender a sua mais elevada finalidade: permitir o aluno a chegar ao

    conhecimento.

    Nesse contexto, a qualidade de atuao da escola no pode dependersomente da vontade de um ou outro professor. preciso a participao conjunta

    da escola, da famlia, do aluno e dos profissionais ligados educao, assim

    como, o professor deve reorganizar suas idias e reconhecer que o aluno no

    um sujeito que s faz receber informaes, suas capacidades vo alm do

    conhecimento que lhes depositado. Para tanto, o professor no mais ser o

    dono do saber e passar a ser um orientador, algum que acompanha e

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    participa do processo de construo de novas aprendizagens. Como bem destaca

    CECCON (1998) para que a sociedade possa mudar preciso que ns

    provoquemos mudanas de forma significativa para o indivduo.

    Entende-se, portanto, que as escolas devem comparar sua relao com a

    comunidade e ainda, criar um clima favorvel ao aprendizado, onde a contribuio

    e o compromisso so peas fundamentais para obtermos a verdadeira escola, isto

    , uma escola democrtica, onde todos tenham acesso a coletividade.

    FREIRE (1980:117) mostra de forma ampla o que se espera da escola

    atual:

    Somente uma outra maneira de agir e de pensarpode levar-nos a viver uma outra educao queno seja mais o monoplio da instituio escolar ede seus professores, mas sim uma atividadepermanente, assumida por todos os membros decada comunidade e associada de todas asdimenses da vida cotidiana de seus membros.

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    2.2 EDUCAO POR TODA A PARTE

    A educao a mais fantstica troca de conhecimentos que h entre os

    seres humanos. A educao encontrada em mundos diversos, pois em todos os

    lugares que formos, certamente haver alguma cultura para absorver e

    conseqentemente apresentar a nossa cultura para outras pessoas. Dependendo

    de cada povo, as culturas so diferentes, pois os modos de vida tambm so

    diferentes.

    A educao existe em um mundo diferenciado, ou seja, ela realizada de

    acordo com as condies scio-culturais de cada sociedade, que proporciona a

    constituio de indivduos de acordo com a estrutura de educao, pois os

    sujeitos so manipulados conforme os seus padres morais, ticospolticos,

    pedaggicos, etc.

    O sistema centralizador de poder usa o saber como arma para reforar a

    desigualdade, a falta de companheirismo entre homens, que competem uns com

    os outros na diviso do trabalho. Assim, a educao tem como finalidade romper

    os limites do conhecimento e formar, atravs da escola, pessoas crticas edemocrticas, o que claro, no funo somente da escola. A escola como

    instncia educativa, tem por papel a elevao cultural dos seus educandos. Outro

    papel fundamental de ateno da escola a formao da personalidade do aluno.

    De acordo com essa viso, a escola tem que sr o local onde professores e

    alunos, diante de uma relao democrtica, demonstrem interesse num objetivo

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    nico, dedicando-se conjuntamente em atividades que elevam o seu modo de ser

    e de viver. Conforme HARPER (1985:107):

    De fato, pouco a pouco, as coisas se movem, seevoluem, se transformam. A escola como afbrica, como a famlia, como o hospital, como asociedade toda no existe como uma coisa fixa,parada, imutvel. A escola de hoje, apesar detodos os seus defeitos e deformaes, no maisa mesma de h 10, 20, 50 anos atrs. Ela no esttica nem intocvel.

    Indubitavelmente, a atuao da escola consiste na preparao intelectual e

    moral dos alunos para assumir sua posio na sociedade> O compromisso da

    escola com a cultura, os problemas sociais pertencem sociedade. O caminho

    cultural em direo ao saber mesmo para todos os alunos. Fato mencionado na

    afirmao de RODRIGUES (1997:64):

    Assim, a escola tem por funo preparar e elevaro indivduo ao domnio de instrumentos culturais,intelectuais, profissionais e polticos. Isso tornasua responsabilidade pesada e importante. Assimdimensionada a tarefa da escola, evidencia-se aexpectativa que sobre ela recai no contexto dasociedade.

    Assim sendo, cabe na concepo de educao o sentido de despertar o

    envolvimento desses membros no processo ensino-aprendizagem, de forma que

    lhes possibilitem a ampliao de conhecimentos, atravs dos quais podero

    compreender e entender a importncia do seu papel enquanto seres pensantes

    que fazem parte da construo desse processo e conseqentemente consigam

    acompanhar os contextos de modernidade exigidos pela sociedade atual, uma

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    vez que, o desenvolvimento de uma sociedade retrata a capacidade que seus

    membros apresentam para participarem do contexto scio-poltico-econmico e

    cultural que a constitui, os quais perpassam uma concepo de homem,

    desenvolvida no decurso da histria do pensamento que fundamentaram as

    concepes de educao, tambm construdas historicamente, as quais

    expressam uma viso de mundo e de sociedade. A esse respeito WERNECK

    (1999:61) elucida que:

    Educar difcil, trabalhoso, exige dedicao,sobretudo aos que mais necessitam. Transferirproblemas fugir da verdadeira educao, umaespcie de mdico que transfere o doente dehospital, lava as suas mos e no se sentecomprometido com o caso quando da morte dopaciente, porque aconteceu em outro hospital eem outras mos.

    Outro ponto relevante que aflora a partir de uma anlise educacional, que

    esta se apresenta de diversas formas, modelos, concepes, crenas e estilos,

    porm, sempre indicando uma postura a ser assumida (por quem dela se

    assegura) a ideologia. Vale aqui ressaltar que mesmo quando se est falando de

    uma educao cientfica este quadro permanece.

    A educao enquanto cincia considerada como sistema de

    transformao ativa, como busca de produo e da eficincia, isto , a cincia da

    educao permite a ao educativa por meio de suas diversas tcnicas e

    metodologias. Porm, nesse emaranhado de valores, de postulados de

    entendimento, percebe-se que a cincia da educao desvincula-se de uma

    prtica contextualizada, de quem assume, o indivduo.

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    Educar levar o aluno conscincia de poder ser mais, a reconhecer que

    chamado a ser um verdadeiro eu-no-mundo-com-o-outro, num empreendimento

    comum e solidrio e deste modo, educar para a liberdade num mundo que o

    aluno existe com o outro. Portanto, o papel do professor estar atento a todos os

    elementos necessrios para que o aluno aprenda e se desenvolva.

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    2.3 O PROFESSOR E SUA PRTICA

    O presente tpico objetiva basicamente traar um aspecto contextual da

    formao do professor e sua prtica, numa investigao sobre o seu cotidiano

    educacional, como indivduo e educador, assim como, as metodologias aplicadas

    e desenvolvidas com os educandos. Justifica-se assim o desenvolvimento desse

    enfoque pela necessidade de posicionar o trabalho educacional em meio s

    necessidades de inovaes por que passa o ensino, numa preocupao evidente

    em priorizar a utilizao da tecnologia educacional como fundamento cientfico de

    organizao e interpretao do mundo contemporneo.

    Alguns professores no se do conta de que atitudes muitas vezes

    consideradas simplrias so to importantes quanto os concursos de novas

    tcnicas, tecnologias e modernidades, etc.; no percebem em suas prticas e, por

    conseguinte, em suas teorias, que o fio condutor dessas tecnologias a sua

    prpria criatividade, o ponto de interao dos caminhos que levam e trazem, entre

    a razo e a seduo e, lgico, que a questo vocacional se faz presente, do

    contrrio, dificilmente haveria reflexo, soma de interesses, contribuies, em

    suma, todo um encaminhamento das aes scio-educativas.

    Em geral, e a no ser na minoria dos casos, parece que o senso comum

    o seguinte: para ser professor no sistema de ensino escolar, basta tomar um certo

    contedo, preparar-se para apresent-lo ou dirigir o seu estudo; ir para uma sala

    de aula, tomar conta de uma turma de alunos e efetivar o ritual da docncia

    apresentao de contedos, controle dos alunos, avaliao da aprendizagem,

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    disciplinamento, etc. Em outras palavras, a atividade de docncia tornou-se uma

    rotina comum, sem que se pergunte se ela implica ou no decises contnuas,

    constantes e precisas, a partir de um conhecimento adequado das implicaes do

    processo educativo na sociedade.

    O que deve ser ressaltado que se busca um senso crtico do papel do

    professor no processo educativo. Exige-se do educador uma preparao

    adequada para o exerccio da docncia, tanto do ponto de vista do compromisso

    poltico, quanto do ponto de vista da competncia tcnica e cientfica que ela

    exige. FREIRE (1992:11), posiciona bem a questo:

    na fala do educador, no ensinar (intervir,devolver, encaminhar), expresso do seu desejo,casado com o desejo que foi lido, compreendidopelo educando, que ele tece seu ensinar. Ensinare aprender so movidos pelo desejo e pelapaixo.

    Na verdade, muitos no encaram a tarefa docente com honradez e no a

    reconhecem em sua condio de imperiosidade. Os baixos salrios, os rtulos, a

    deficiente qualificao, muitos so os fatores que contribuem para que o

    profissional em educao no perceba a importncia social e poltica de suatarefa.

    preciso posicionar o professor enquanto mediador de relaes sociais

    entre indivduos de diferentes classes, onde o contexto educacional se coloca

    claramente como aparelho ideolgico de uma minoria repassadora de idias tidas

    como verdades. Assim, torna-se relevante enfocar especificamente: a educao

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    enquanto atividade essencialmente criadora; a necessidade de uma boa

    convivncia entre professor e aluno; e a importncia do dilogo, ficando a

    necessidade de lanar um alerta sobre o papel representativo do professor a

    partir de uma viso dialtica, num trao mais unificador e que resida numa

    igualdade bsica de relaes sociais.

    Para que haja uma boa convivncia entre professor e aluno necessrio

    uma certa dose de humildade e um bom dilogo. Este o primeiro passo para

    que seja possvel iniciar qualquer processo de mudana, pois a confiana entre

    professor e aluno primordial.

    O papel do educador em conduzir seus alunos a criticidade deve ser

    essencialmente recproco, j que h uma troca de experincias na busca da

    aquisio de novos conhecimentos e novos caminhos a serem seguidos. Como

    bem destaca PAIVA (1987:6) compete ao educador, praticar um mtodo crtico

    de educao... que d ao aluno oportunidade de alcanar a conscincia crtica

    instruda de si e de seu mundo.

    Dessa forma, fator inevitvel que o professor tenha conscincia de queuma boa convivncia com o alunado deve ser precedida de um bom dilogo.

    Ressaltando FREIRE (1980:23), o dilogo um encontro no qual a reflexo e a

    ao, inseparveis daqueles que dialogam, orienta-se para o mundo que

    preciso transformar e humanizar. A ao do professor imprescindvel. ele

    quem deve assumir o papel de mediador, e no de condutor, como comum no

    mbito educacional, entre a cultura elaborada, acumulada e em processo de

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    acumulao pela humanidade e pelo educando. Assim, o professor far a

    mediao entre o coletivo da sociedade, os resultados da cultura e o individual do

    aluno. Em outras palavras, ele exerce o papel de um dos mediadores sociais

    entre o universo da sociedade e o particular do aluno.

    necessrio que o professor busque estruturar-se, busque aproximar-se

    dos alunos, pois muitas vezes a arrogncia e o prazer em massacrar o aluno est

    diretamente ligado insegurana; alienao e a falta de conscincia da

    necessidade de mudanas. A dinmica de grupo, o debate, constitui-se em

    excelentes formas de resolver tais problemas, uma vez que se tratam de

    instrumentos que aproximam educador e educando, reduzindo assim o conflito.

    imprescindvel que o professor passe a ter conscincia de que dar aula estar

    numa relao, que ele no um simples tcnico de ensino. A relao professor-

    aluno deve ser entendida, segundo GROSSI (1994:2), como uma busca do aqui

    e agora e que ns no precisamos nos comparar com outras geraes, mas,

    sobretudo temos que ser fiis aos nossos sonhos. Nesse sentido, preciso que

    aja uma igualdade bsica, onde o professor possa tambm aprender com o aluno,

    cada um diferenciando-se em seu conhecimento, e dispondo de novas

    descobertas em torno do construtivismo para a produo da aprendizagem.

    Neste contexto, PINTO (1994:3) destaca que:

    A educao ainda merece (hoje mais do quenunca) constituir-se em parte inerente das mesasde debates entre educadores, polticos e o

    cidado comum. A necessria dignidadeintelectual e moral do homem deve ser resgatada,

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    e ser imposta uma nova antecipao do papel quea educao poder assumir para esta finalidade.

    PINTO (1994), indo alm do espao meramente escolar, reporta-se

    basicamente ao real significado da funo de educar e de uma parte realmente

    inata ao homem em sua condio de existncia. funo do educador, incitar o

    educando a um caminho de busca contnua, a busca de seu verdadeiro ser, e que

    se preceitue um real crescimento. O papel da educao no deve esquecer os

    princpios que devem orientar todo o saber, e onde a escola represente um

    espao em que o conhecimento construtivo seja cultivado. Deve a escola ser,

    pois, um lugar de reflexes, onde a tarefa magna do professor seja auxiliar o

    aluno a conhecer a si mesmo e a capacitar-se para partir na construo de um

    mundo melhor. A sala de aula, portanto, exerce um papel de relevncia, pois h

    um encontro entre professores e alunos, para construir e reconstruir o saber.

    Nesse sentido, h um aprendizado mtuo, uma vez que se trabalha teoria e

    prtica para se buscar o novo, fazendo com que ambos saiam reformulados.

    Antes de ser um grande conhecedor de mtodos, o professor deve ser um

    intelectual comprometido com o aspecto poltico da educao, mas, acima de

    tudo, um intelectual que tenha conscincia da especificidade do seu trabalho, ouseja, ensinar. Para saber ensinar, preciso ter domnio do conhecimento bsico,

    e assim, com certeza, estar indo a direo a grandes mudanas.

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    2.4 AFETIVIDADE

    Como atividade essencialmente criadora, a educao apresenta o escopo

    de guiar o homem no desenvolvimento dinmico, no curso do qual se constituiria

    como pessoa humana, dotada de armas do conhecimento, do poder de julgar e

    das virtudes morais. No contexto das dinmicas sociais, a educao e a

    instituio de ensino, no papel de seus professores, devem apresentar um carter

    crtico de elevao cultural do indivduo e da sociedade. Observe a colocao de

    CHAU (1998:45):

    Conhecer apropriar-se intelectualmente de umdado campo de fatos, ou de idias que constituemo saber estabelecido; pensar enfrentar pelareflexo a capacidade de uma experincia novacujo sentido ainda precisa ser reformulado queprecisa ser reproduzido pelo trabalho de reflexo,sem outras garantia seno o contato com aprpria experincia.

    de suma importncia que o professor, por maior que seja sua

    capacidade, seu conhecimento, sua formao, tenha conscincia de que ele e

    seus alunos esto em locais, ngulos opostos: por outro lado, ele no deve se

    vangloriar desta hierarquia e muito menos de seu conhecimento. Para que haja

    uma boa convivncia entre professor e aluno um bom dilogo fator de

    essencialmente.

    Entretanto, no esta realidade que observamos no contexto educacional

    brasileiro, pois o professor geralmente arrogante, inseguro, ansioso e acaba

    criando um clima de terror em sala de aula. Na maioria das vezes a causa desta

    problemtica est na m remunerao, na falta de preparo, na instabilidade

    familiar, fatores que influenciam no desempenho do docente (FERREIRO,

    1982:12). Uma boa estruturao essencial na carreira do docente. A dinmica

    de grupo e os debates constituem-se em eixos norteadores na resoluo de

    problemas, j que se tratam de ferramentas que aproximam educador e

    educando. A aula deve ser encarada como uma relao entre professor e aluno,

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    numa aprendizagem mtua, onde a escola seja encarada como um lugar de

    reflexes na construo e reconstruo do saber.

    Nesse contexto, a reflexo sobre a importncia e o papel do professor e do

    seu relacionamento com os educandos, vai bem mais alm, pois estamos diante

    de constantes mudanas, onde o "novo" sempre traz expectativas que muitas

    vezes so obscuras, preocupam e deixam os profissionais perdidos. O objetivo de

    enfrentar esse grande desafio, tambm inclui em vencermos os nossos medos,

    que no so poucos, a fim de contribuirmos para um futuro melhor, onde

    devemos romper com antigos conceitos, atravs de critica, criatividade,

    afetividade e dilogo, para a construo de novas formas no presente, com vistasao futuro.

    No instante em que se fala sobre construo do conhecimento e da

    aprendizagem e sua relao com a afetividade, tem-se esta envolvendo o uso e o

    desenvolvimento de todos os poderes e capacidades do homem, tanto fsicas,

    quanto mentais e afetivas. Logo, aprendizagem/construo do conhecimento, no

    se rotula na simples memorizao mecnica de contedos, fatos e experincias,mas sim abrangendo o todo humano, haja vista que, no universo fsico-psico-

    emocional, a construo do conhecimento no pode ser vista e/ou analisada for

    forma fragmentada.

    PIAGET (1980), estudando afeto e cognio, considerou o

    desenvolvimento intelectual como um processo que compreende um aspecto

    cognitivo e um aspecto afetivo. Durante os ltimos trinta anos, psiclogos eeducadores voltam suas atenes mais para o papel dos conceitos cognitivos do

    que para os conceitos afetivos de sua teoria. Pelo menos trs razes plausveis

    podem ser aventadas para elucidar o por que isso aconteceu. Uma delas reside

    no fato de que o prprio Piaget, do ponto de vista quantitativo, basicamente

    escreveu sobre os aspectos cognitivos do desenvolvimento intelectual e da

    estrutura cognitiva.

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    Desde os seus primeiros trabalhos, na verdade, PIAGET (1980),

    reconheceu o aspecto afetivo como importante embora tenha centrado menos

    sobre este aspecto do que sobre o aspecto cognitivo. Uma segunda razo

    provvel para um estudo maior da dimenso cognitiva reside no fato de Piaget ter

    percebido que o estudo cientfico do aspecto afetivo como mais difcil do que o

    estudo da estrutura cognitiva. possvel que Piaget tenha escolhido tentar

    resolver primeiro os problemas mais controlveis e, por isso, dedicou uma

    quantidade desproporcional de sua energia s questes de estrutura cognitiva.

    Uma terceira razo para isso que medida que os psiclogos e

    educadores tentaram entender o trabalho de Piaget, as "construes" que elesfizeram de sua teoria comearam, na melhor das hipteses, como "pr-

    operacionais". Afora todas essas consideraes, por certo, uma leitura cuidadosa

    dos trabalhos de Piaget deixa claro que uma viso do desenvolvimento

    intelectual, incluindo apenas o desenvolvimento cognitivo, sem leva inteiramente

    em conta os aspectos afetivos incompleta.

    Alis, para aqueles que estudaram psicologia, a desproporo entre osestudos consagrados ou psicologias, torna-se flagrante o direcionamento entre a

    percepo e a inteligncia, por um lado, e a afetividade, por outro. Julga-se at

    que a psicloga da efetividade do domnio do futuro e, se foi relativamente

    desprezada, a razo tambm pode ser encontrada nos preconceitos fundamentas

    que lhe vedavam o estudo, tornando-se impossvel estudar a afetividade com os

    mtodos conseguidos na anlise da percepo ou do pensamento.

    Conceitualmente falando, a psicanlise considera a afetividade como o

    domnio e que se desenvolve uma energia psquica, biolgica - a libido; estrutura-

    se em sentimentos acordes com leis que, violadas, levam neurose individual ou

    coletiva. 0 prazer e a dor guiam o instinto sexual para a formao dos amores e

    malquerenas do lactente e da criana mais crescida. Da ser a vida afetiva

    essencialmente a do conflito entre o eu e o meio. 0 eu, egosta e hedonista por

    excelncia; o meio, impessoal e exigente, cujos finais se tornam transcendentes

    ou somente ocultos durante quase toda a vida do indivduo.

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    Voltando teoria de PIAGET (1980), segundo esta o conhecimento se

    desenvolve quando as crianas fazem assimilaes e acomodaes das

    experincias. Isso pode ocorrer atravs de aes que so pensamentos ao nvel

    representacional. Com as crianas mais novas as construes ocorrem quase

    que exclusivamente quando ocorrem aes sensrio-motoras sobre os objetos.

    Fica claro que o desequilbrio ocorre quando uma experincia ou pensamento

    inconsistente com o que os esquemas da criana podem predizer no momento e

    a experincia ou pensamentos podem esperar. Trata-se do ato de "estar atento

    para" ou o papel da seleo que determina quais eventos provocam desequilbrio

    e resultam em desenvolvimento cognitivo. A dimenso afetiva que inclui os

    sentimentos, interesses, impulsos ou tendncias (tal como "vontade") e valores,constitui o fator energtico dos padres de comportamento cujos aspectos

    cognitivos referem-se somente s estruturas. Na verdade, no existe padro de

    comportamento, por mais intelectual que seja, que no compreenda padres

    afetivos como "motivos". Na concepo de Piaget, tanto o aspecto cognitivo

    quanto o afetivo desempenham papis chaves no desenvolvimento intelectual.

    Considerando os postulados tericos dos diversos autores que estudam oassunto, a construo do conhecimento-aprendizagem, pode ser caracterizado:

    a) de forma gradual, o conhecimento construdo aos poucos, onde cada

    indivduo tem seu ritmo prprio e aprender;

    b) de forma cumulativa, onde cada nova aquisio-experincia se adiciona

    ao repertrio j adquirido;

    c) de forma integrativa, supondo uma dinmica interna, mental de aprendere apreender onde o contedo terico apreendido na prtica interage

    com a teoria;

    d) de forma contnua, onde o indivduo aprende ao longo de sua

    vida/desenvolvimento.

    A afetividade passa ento a constituir um outro fator que influencia

    diretamente na aprendizagem, ou seja, a relao afetiva entre quem ensina e

    quem aprende, isto , a afetividade entre o professor e o aluno. O carter afetivo

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    influencia nas construes cognitivas, possibilitando liberdade, confiana,

    honestidade, etc., na (re) elaborao de saberes/conhecimentos.

    Para PIAGET (1980), vida afetiva e vida cognitiva so inseparveis,

    embora distintas, j que o ato de inteligncia pressupe uma regulao energtica

    interna (interesse, esforo, facilidade, etc), o interesse e a relao afetiva entre a

    necessidade e o objeto susceptvel de satisfaz-la.

    Certamente, a afetividade interfere na aquisio de conhecimentos, pois

    pode acelerar ou retardar o desenvolvimento cognitivo de uma criana, um fato

    que pode ser percebido quando se observa a importncia/diferena que faz acriana quando a professora espera na porta da sala de aula e diz a cada um

    bom-dia, dando-lhe um abrao, um beijo, antes do incio das atividades dirias de

    sala de aula.

    Certamente, muito importante para a criana perceber no professor(a)

    um amigo(a), j que o lao afetivo que ir influenciar diretamente na aquisio

    do conhecimento. Vale ressaltar que, na dinmica do processo ensino-aprendizagem, encontra-se tambm a moralidade, pois esta estabelece regras do

    jogo que se chama aprendizagem. Na verdade, a moralidade humana o palco,

    por excelncia, onde a afetividade e a razo se encontram, via de regra, sob a

    forma de confronto. Em outras palavras, a afetividade interfere no uso da razo.

    Para que a criana aprenda o juzo de moral, este poder ser feito,

    segundo PIAGET(1980), atravs de regras de um jogo, trabalhando ocontrato/acordo entre partes, o respeito s regras do mesmo, construindo a

    moralidade do futuro homem individual e social. O ingresso da criana na

    sociedade certamente se d pela aprendizagem de diversos deveres a ela

    impostos pelos pais e adultos em geral: no mentir, no pegar as coisas dos

    outros, no falar palavro, etc.

    O adulto deve perceber que a criana ir evoluir que a criana ir evoluir

    em seu juzo de moral e que aquele ditado "faa o que eu falo e no faa o que eu

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    fizer" estar ultrapassado com o tempo, pois gradativamente a criana chegar a

    etapa da autonomia mais crtica diante do que o adulto fala e transmite, e tambm

    do mundo que o rodeia.

    Adentrando na teoria de VYGOTSKY (1984), possvel perceber que no

    h uma dissociao com o desenvolvimento cognitivo, j que ambos formam um

    todo, que chamamos a maneira prtica que a criana tem de pensar. O autor nos

    diz que a conscincia um vu e as coisas do mundo s tero significado e

    significncia quando interagimos no universo social, quando aprendemos novos

    conceitos e formamos outros.

    A partir do momento em que comeamos a nos relacionar com o nosso

    meio scio-cultural que iremos ter conscincia das coisas que giram ao nosso

    redor. quando comeamos a dar importncia e significado as coisas do nosso

    mundo, aprendemos a agir dentro do contexto social em que estamos inseridos,

    podendo assim cria novos conceitos, onde a linguagem fornece as formas de

    organizao do real, que constituem a mediao entre o sujeito e o objeto do

    conhecimento.

    Desse modo, a linguagem encontra-se relacionada com a interao entre

    os aspectos cognitivos e afetivos. Este fato pode ser verificado em sala de aula,

    principalmente na Educao Infantil, pois quando h relao afetiva boa entre

    professor e aluno, a criana falante e extrovertida. Mas, quando ocorre o

    contrrio, vemos um quadro de pouco uso da linguagem, bem como das

    emoes.

    A linguagem e a palavra so assim relevantes na formao dos conceitos,

    pois o sentido da linguagem liga o se significado objetivo ao contexto de uso da

    lngua e aos motivos afetivos e pessoais dos seus usurios. Para que a criana

    possa relacionar-se com o eu interior, no podemos deixar de ressaltar a

    importncia que o discurso interior exerce, pois este tem a funo de apoiar os

    processos psicolgicos mais complexos: processos de pensamento de auto-

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    regulao, de planejamento de ao, de monitorao do prprio funcionamento

    afetivo-volitivo.

    A dimenso afetiva ocupa lugar central, seja d ponto de vista da construo

    da pessoa quanto do conhecimento, j que a construo do eu um processo

    combinado ao inacabamento, que pressentido sempre dentro de cada um. Cabe

    educao, em cada um dos seus momentos, a satisfao das necessidades

    orgnicas e afetivas, a oportunidade para a manipulao da realidade e a

    estimulao da funo simblica, depois a construo de si mesmo. Na realidade,

    a educao ser o mecanismo pelo qual a criana ser trabalhada em seus

    aspectos fsico, psquico e emocional, proporcionando uma reconstruo do eu

    individual e social.

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    2.5 INTERAO PROFESSOR-ALUNO

    O professor pea fundamental no processo educacional, pelo papel que

    ele representa diante do aluno, como educador e transmissor de conhecimentos.

    Porm, ele esmagado pelo sistema que no lhe d condies necessrias para

    desempenhar satisfatoriamente esse papel, e ainda acusado pelo fracasso do

    ensino.

    Nas relaes internas numa escola o que se observa que nem todos so

    tratados igualmente, principalmente os alunos. Estes no so estimulados a

    manifestar seus pontos de vista e a participar na tomada de decises relativas a

    vida escolar. Nas escolas e principalmente na relao professor-aluno a

    existncia e manuteno de um autoritarismo que comea hierarquicamente na

    instncia superior, na figura do (a) diretor (a) e se refora e perpetua na sala de

    aula ou de seus efeitos so mais nefastos, com rarssimas excees.

    Conforme CECCON (1998:85):

    Repare como o professor se coloca sempre sobreum estrado, numa posio de importncia nopapel de autoridade absoluta. Isso acaba porinculcar submisso, familiariza a idia de que deveexistir uma hierarquia e que precisa de umchefe....

    Conceber a autoridade do professor dentro destes moldes significa dar a

    ele todas as possibilidades de abusar dela. O professor acaba se reduzindo a um

    transmissor de valores assegurados, valores quase patrimoniais. A autoridade do

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    professor nasce de sua relao com a verdade. Existe, todavia, uma distncia

    entre eles, distncia esta que no aderem da mesma peculiaridade do encontro.

    O professor possui um grau de ascendncia indiscutvel.

    No entanto, esta superioridade, no em si um potencial absoluto, pois

    mesmo mais, avanado em idade e sabedoria, em competncia, tambm o

    professor continua o caminho da verdade que d testemunho frente ao aluno. A

    autoridade do professor a outra face da subordinao do professor, por assim

    dizer, a disciplina que impe, impe a si mesmo.

    O professor quando comea a prtica pedaggica, tem em mente uma

    disciplina rigorosa, autoritria ou uma conduta livre, democrtica. Entre esses dois

    extremos, h um grande nmero de possibilidades, que dependem de muitos

    fatores, como a personalidade do professor, a do aluno, as condies ambientais

    da escola e outros. O professor pode dar ao aluno liberdade suficiente para

    expressar pelas suas opinies. Mas, no momento em que ele precisa exercer sua

    autoridade, o aluno deve responder devidamente.

    BARROS (1996:34): afirma que:

    A escola precisa permitir criana a observaoe a ao espontnea sobre o ambiente fsico, bemcomo favorecer o intercmbio com outras crianase adultos. O clima da sala de aula decisivo parao desenvolvimento da criana.

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    s vezes os alunos so levados a fazer interminveis crticas sobre uma

    regra imposta. Se as circunstncias permitem uma explicao, no h mal em

    lhes dar. Porm, em qualquer situao social, h ocasies em que precisamos

    acatar a autoridade estabelecida. Esta atitude precisa ser comunicada aos alunos

    Um dos objetivos da educao atual em todos os graus de ensino o

    desenvolvimento do esprito democrtico. Desta ao depende da evoluo

    integral da personalidade do educando bem como todas as atividades sociais;

    uma vez que professores cujas relaes so integradoras proporcionam aos

    alunos maior naturalidade, iniciativa, colaborao social espontnea e facilidades

    para solucionar problemas.

    A relao entre professores e alunos deve ser uma relao dinmica, como

    toda e qualquer relao entre seres humanos. Na sala de aula, os alunos no so

    pessoas para transforma-se em coisas, em objetos, que o professor pode

    manipular, jogar de um lado para o outro. O aluno no um depsito de

    conhecimentos memorizados que no se entende, como um fichrio ou uma

    gaveta. O aluno capaz de pensar, refletir, discutir, ter opinies, participar, decidir

    o que quer e o que no quer. O aluno gente, ser humano, assim como oprofessor.

    Na realidade, o que acontece numa relao no autoritria entre pessoas?

    Todos podem crescer a partir desse tipo de relao. Assim, na sala de aula, como

    j foi dito, enquanto ensina, o professor tambm aprende e, enquanto aprende, o

    aluno tambm ensina. O professor ouve os alunos, respeita seus pontos de vista;

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    os alunos relatam suas experincias, que no so nicas e que no podem sr

    repetidas, e que podem trazer muitas lies ao professor e aos colegas. Dessa

    forma, o professor deixar de ser instrutor ou treinador para transforma-se em

    educador.

    Uma pessoa no deixa de aprender quando exerce a funo de professor.

    A aprendizagem um processo contnuo, que dura toda a vida. S crescemos e

    nos desenvolvemos na medida em que estivermos abertos a novos

    conhecimentos, na medida em que estivermos dispostos a modificar nossas

    opinies, nossas crenas, nossas convices. Se nos apegarmos s nossas

    idias, sem disposio para discuti-las e para modific-las, permaneceremos

    parados no tempo, ou melhor, caminharemos para trs. BOCK (1998) destaca

    que alguns professores so temidos por seus alunos devido severidade em sala

    de aula, parecida como de um pai autoritrio, fazendo com que a criana aprenda

    a estabelecer relaes de poder e submisso que circunda a sociedade.

    Grande parte das dificuldades que surgem no processo de aprendizagem,

    alunos distrados, rebeldes, que no conseguem aprender, resulta na falta de

    liberdade. Ningum se sente bem quando obrigado a ler um texto, a ouvir umaaula que no interessa, a realizar um trabalho do qual no gosta, a ficar sentado

    horas seguidas sem se mexer. Nessas circunstncias, o que feito com m

    vontade no produz aprendizagem e muito menos realizao. Ao contrrio, a

    opresso exercida sobre os alunos e a imposio de atividades desinteressantes

    s pode levar frustrao e revolta.

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    Num clima de liberdade, o aluno motivado para aprender interessa-se pelo

    que faz, confia em sua prpria capacidade, trabalha com mais dedicao, produz

    mais e consegue alcanar seus objetivos. O trabalho em liberdade gera alegria e

    satisfao para quem o faz e resulta em realizao pessoal e atitudes positivas

    em relao aos outros. Se o professor deseja promover um clima de liberdade em

    sala de aula, necessrio que cultive algumas qualidades essenciais:

    autenticidade, apreo, aceitao, confiana e compreenso emptica.

    Professor e aluno so autnticos quando se apresentam como realmente

    so, sem disfarces, sem mscaras. O professor contribuir muito para a

    aprendizagem se, se envolver pessoalmente com os alunos. Isto : o professor

    pode mostrar-se irritado; pode mostrar-se interessado ou no nos alunos numa

    certa aula: satisfeito ou insatisfeito com o trabalho dos alunos. Quando o

    professor autntico em relao a seus alunos, manifesta seus sentimentos, e

    mostra-se aberto ao dilogo e s sugestes, chega mais facilmente a seus

    objetivos: a aprendizagem e a realizao pessoal. Os alunos mostram-se

    compreensivos em relao aos sentimentos do professor, respeitam tais

    sentimentos e, sentindo-se valorizados e livres para trabalhar, colaboram para

    que os objetivos da classe como um todo, aluno e professor, sejam atingidos.

    O professor precisa ter sempre em mente que o aluno um ser humano

    comum, com altos e baixos, com medos, problemas, aspiraes e desejos a

    realizar. Nem todos os dias o aluno est disposto a ouvir em silncio, a

    acompanhar as atividades prescritas pelo professor. O aluno imperfeito, como

    todas as pessoas, erra como todos, mas, como todos tambm tm grandes

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    potencialidades a desenvolver. Para isso precisam de apreo, aceitao e

    confiana por parte do professor. O aluno que se sente aceito e merecedor da

    confiana do professor manifesta entusiasmo e interesse na realizao das

    atividades escolares, tornando-se responsvel diante de qualquer atividade.

    O trabalho do professor torna-se mais fcil na medida em que ele pode

    obter dos alunos informaes sobre seus problemas e temas favoritos. Se os

    alunos puderem falar e discutir, o que lhes interessa vir tona e, a partir desses

    dados, o professor poder desenvolver as atividades escolares. Uma partida de

    futebol ou vlei, uma briga, um acidente, um filme, o salrio baixo, o custo de vida

    alto, as dificuldades dos estudos noite, brigas familiares, um assalto, um buraco

    na rua, a chuva, a pobreza do povo, o namoro, a amizade, o amor, so apenas

    alguns assuntos que costumam interessar aos alunos e que podem ser o ponto

    de partida de aulas de Histria, Geografia, Matemtica, Cincias, entre outras

    matrias. Quando a aprendizagem parte dos problemas reais dos alunos,

    certamente vai ter efeito sobre o comportamento, vai refletir-se em sua prtica

    diria, mudando o seu comportamento.

    Certamente o professor encontrar dificuldades para fugir a esse esquemade dominao e controle sobre os alunos, pois dessa forma que acontecem as

    relaes em nossa sociedade: os mais fortes procuram dominar e explorar os

    mais fracos. Mas tendo conscincia do problema e sabendo que esse tipo de

    relao social muito prejudicial para a aprendizagem, o professor j ter meio

    caminho andado no sentido de criar um clima de amizade e confiana na sala de

    aula, favorecendo a aprendizagem livre e criativa.

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    Os mtodos de ensino tambm podem prejudicar a aprendizagem. Se o

    professor for autoritrio e dominador, no permitir que os alunos se manifestem,

    participem aprendam por si mesmo. Esse tipo de professor considera-se o dono

    do saber e procurar transmitir esse saber aos alunos, que devero permanecer

    passivos, receber o que o professor lhes d e desenvolver conseqentemente nas

    provas. J vimos como essa situao prejudicial aprendizagem, como criar a

    passividade e dependncia, no permitindo que os alunos desenvolvam de forma

    independente e criativa, que aprendam a decidir por sua prpria conta, a

    reconhecer os problemas e a contribuir espontaneamente para a sua soluo.

    Por outro lado, mtodos didticos que possibilitem a livre participao do

    aluno, a discusso e a troca de idias com os colegas e a elaborao pessoal do

    conhecimento de diversas matrias, contribuem de forma decisiva para a

    aprendizagem e desenvolvimento da personalidade dos educandos. Para isso o

    trabalho em grupo de fundamental importncia: contribui para a aprendizagem

    de convivncia social, do respeito s idias divergentes, da elaborao pessoal

    do conhecimento, etc. O indivduo fica muito mais envolvido na aprendizagem em

    grupo, solicitado a participar, a confrontar suas idias com as dos outros.

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    CAPTULO III CONSIDERAES FINAIS

    Chegada o momento de concretizar a discusso aqui imprimida, tambm

    chegada a hora de lanar algumas propostas que visem efetivamente a melhoria

    do cotidiano de sala de aula vivido por alunos e professores.

    preciso considerar o fato de que o professor, quando se torna

    comprometido com o aluno e com uma educao de qualidade, fazendo do aluno

    alvo do processo ensino-aprendizagem, e cumprindo seu papel de orientador e

    facilitador do processo, legitima assim a teoria de uma facilitao da

    aprendizagem, atravs da interao entre sujeitos, ultrapassando, desse modo, amera condio de ensinar.

    No entanto, muitos fatores levam a questionar se esta prtica educativa

    vem realmente acontece do de maneira satisfatria na instituio. Muitas vezes,

    as relaes entre os sujeitos acabam por se contrapor, seja por motivos

    econmicos, sociais, polticos e/ou ideolgicos, demonstrando falhas no cotidiano

    e lar, bem como limitaes quanto aquisio do conhecimento no processoensino-aprendizagem.

    Na realidade, a prtica docente tem uma parcela no s significativa na

    relao professor/aluno, mas quase que definitiva em todo o processo. A

    arrogncia didtica do detentor do saber e a "segurana" que o mesmo tem de

    que seu poder, seu conhecimento ilimitado so suficientes, pode produzir um

    aprendizado equivocado e covarde, uma vez que este acredita que a culpa somente do aluno quando os resultados no condizem com as suas expectativas.

    Com toda essa mnima produtividade, o que ocorre a morte da criatividade,

    reproduzindo assim o que j existe.

    Certamente, a simples mudana de paradigmas no garante de forma

    alguma uma mudana de concepo pedaggica, ou seja, de prtica escolar. A

    superao de valores tidos como indispensveis hoje, apesar de ultrapassados, j

    no so suficientes para os avanos necessrios na prtica docente.

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    Para o educador, o ensinar deve ser uma arte, uma cincia e um conjunto

    de tcnicas que so utilizadas para se alcanar um objetivo. Atravs de alguns

    subsdios, toma-se fcil conduzir o processo de aprender a raciocinar, a refletir e

    usar a prpria criatividade. No momento em que o educador preocupa-se em

    educar com arte, toma-se comprometido com o aluno e com uma educao de

    qualidade, fazendo do aluno um alvo do processo ensino-aprendizagem e

    cumprindo seu papel de orientador no processo.

    De fato, a teoria legitima a prtica, embora esta, sem o constante

    aprofundamento terico, perca rapidamente sua consistncia. Atualmente, o

    questionamento para a melhoria gira em tomo de cursos de capacitao,materiais didticos, melhores condies de trabalho e remunerao. Felizmente,

    ainda existem professores que fazem do ensino um ideal e lutam para ajudar a

    construir um mundo melhor, onde se tenha acesso a uma educao digna e

    extensiva a todos, sem fome emocional, educacional e fsica, sem drogas e sem

    misria.

    Em primeiro instante, este discurso parece at utpico, uma vez que noso em poucos momentos que somos vtimas do negativismo resultante da baixa

    remunerao e desvalorizao do magistrio. No entanto, cremos que as relaes

    que se do entre alunos e professores, constitui o principal fator de motivao.

    Para muitos professores, ser bem sucedido conseguir alcanar seus

    objetivos em grande maioria. Para outros, a unificao dos erros e acertos e a

    coragem de renovar-se para continuar a luta do dia seguinte. Porm, estarsintonizado com a realidade do aluno, ser dinmico, flexvel e companheiro,

    transformar o "ter que aprender" em "querer saber" ser um educador bem

    sucedido.

    Um bom planejamento crtico e sujeito a mudanas, um acompanhamento

    contnuo, uma avaliao diversificada, um dilogo aberto e participativo e uma

    boa dose de afetividade, contribuem para a formao de um profissional bem

    sucedido. Neste comento, professor e aluno so beneficiados, pois, o

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    planejamento representa as decises sobre a concretizao do dia-a-dia em sala

    de aula. Como facilitador do conhecimento, o professor destaca-se como um guia

    para o aluno, permitindo que o mesmo crie o seu prprio raciocnio, troque idias,

    seja consciente e crtico. Sabemos que o modo de ser do professor interfere

    positiva ou negativamente na vida dos alunos, podendo inclusive contribuir na

    forma do aluno ver o mundo, agir e tomar decises.

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