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7/25/2019 Relacoes Civis-Militares
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RELAES CIVIS-MILITARES UMA REFLEXO
Samuel Huntington afirma que as relaes civis-militares envolvem uma
multiplicidade de relaes entre a fora de trabalho, instituies e interessesmilitares, por um lado, e as diversas e muitas vezes conflitantes pessoas,
instituies e interesses no militares, por outro lado.
Inicialmente, cabe ressaltar que as relaes civis-militares se enquadram no
contexto dos princpios da democracia. Ou seja, essas relaes so objeto de
ateno especial para a democracia, pois as questes de paz e de guerra ou outras
ameaas segurana nacional so as mais importantes que a sociedade enfrenta e
assim tm de ser decididas pelo povo, agindo atravs dos seus representantes
eleitos.1
Como parte do ambiente democrtico, conforme Huntington, "as relaes
civis-militares em qualquer sociedade refletem a natureza geral e o nvel de
desenvolvimento da sociedade e do seu sistema poltico. Portanto, a democracia e
as relaes civis-militares esto intimamente ligadas e indicam o nvel dessa
relao, cuja melhoria aprimora a democracia em um pas. Assim, fundamental o
melhoramento dessas relaes para o aperfeioamento da democracia e vice-versa.
Nesse contexto, a ideia de controle civil e de autoridade sobre os militares
fundamental para a democracia.2 E, como os militares existem para proteger a
nao, a sua lealdade manifesta-se em relao aos maiores ideais do pas, ao
Estado de Direito e ao princpio da prpria democracia.3 Portanto, a exata
compreenso do papel das foras armadas4 uma noo essencial para a definio
do que representam.
Assim, as relaes civis-militares, em um ambiente democrtico, passam
pela definio dos papis que cada um representa, tanto civis, como militares. Esse
entendimento do que so para o seu pas ajuda a compreenso mtua desses
atores, melhorando suas mltiplas relaes.
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Por sua vez, ressaltar os valores democrticos um ingrediente importante,
particularmente nos pases que esto, ainda, consolidando a democracia.5Ento, a
busca por melhores relaes civis-militares envolvem atitudes de mtua confiana
em um sentido mais amplo. Por exemplo, a Estratgia Nacional de Defesa do Brasil
estabelece que a subordinao das Foras Armadas ao poder poltico
constitucional pressuposto do regime republicano e garantia da integridade da
Nao.
Fortalecer as relaes civis-militares implica em realizar aperfeioamentos
nas atividades conjuntas das foras armadas, ou seja, fazer com que as diferentes
foras singulares trabalhem juntas. O adestramento, a interoperabilidade, os
procedimentos padronizados e uma mentalidade de emprego conjunto
proporcionam a necessria eficcia das foras militares, respaldando o emprego
judicioso dos meios e aprimorando as relaes civis-militares.
Os cursos ministrados nas foras armadas so um poderoso vetor de
integrao entre as instituies militares e a sociedade civil. Tomemos o caso do
Brasil onde alguns estabelecimentos de ensino militares so excelentes exemplos
de fortalecimento das relaes civis-militares, como: a Escola Superior de Guerra;
os Colgios Militares; as Escolas Preparatrias de Cadetes; os Institutos de
Engenharia; e, os Centros de Preparao de Oficiais da Reserva. Portanto, a efetiva
participao das escolas militares pode melhorar cada vez mais os vnculos dessa
relao.
Outra atividade que amplia e fortalece a confiana mtua entre segmentos
importantes da sociedade a participao eficiente e eficaz dos meios militares e osrgos encarregados da segurana pblica, sendo fundamental a conjugao de
esforos desse binmio foras militares e policiais. Para a melhoria das relaes
civis-militares primordial criar vnculos de confiana entre as foras policiais e as
foras armadas.
Um aspecto de crescente importncia a cooperao entre as agncias
governamentais e no governamentais, em razo da necessidades de respostaseficazes, como, por exemplo, em desastres naturais. Para evitar o conflito entre
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esses atores importante aumentar a participao integrada entre estas agncias,
as foras armadas e as foras policiais. Os procedimentos decorrentes dessas
atividades interagncias contribuem para a melhoria das relaes entre os atores
civis e militares envolvidos.
O relacionamento com a mdia outra faceta importante das relaes civis-
militares. Algumas providncias podem ser implementadas para aumentar essa
relao como ampliar as oportunidades de contato social com a mdia, programar
cursos de relaes entre a mdia e as foras armadas e, ainda, divulgar as variadas
funes exercidas pelos militares. Em suma, diversas possibilidades que visem
estreitar os laos entre foras armadas e a mdia, com o intuito de aperfeioar essas
relaes e aumentar o mtuo conhecimento.
Por sua vez, crucial a implantao de um marco legal que possibilite uma
associao eficaz entre a administrao civil e militar. Sobre isso, Thomas Bruneau
comenta que a chave formar uma associao efetiva entre as autoridades civis e
militares dentro do marco democrtico institucional. E, acrescenta que essas
relaes institucionais incluem o controle e a poltica oramentria das foras
armadas, as atribuies dos civis e militares na formulao da estratgia da defesa,
o controle dos instrumentos de inteligncia e os mecanismos por meio do qual as
foras armadas so relacionadas economia e sociedade civil. Assim, todas
essas aes contribuem com o aperfeioamento das relaes civis-militares sob o
enfoque institucional.
Nesse contexto, a implementao de uma equipe mista que integra pessoal
civil e militar no Ministrio da Defesa amplia a confiana mtua e aprimora asrelaes civis-militares nos sistemas democrticos. Tomemos, novamente, o caso
do Brasil em que a Estratgia Nacional de Defesa assinala as iniciativas destinadas
a formar quadros de especialistas civis em defesa permitiro, no futuro, aumentar a
presena de civis em postos dirigentes no Ministrio da Defesa.
Por fim, as relaes entre as instituies militares e as demais instituies da
sociedade so passveis de constante melhoria. As diversas maneiras que
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viabilizam a assertiva asseguram que o aperfeioamento das relaes entre civis e
militares contribuir efetivamente para a consolidao da democracia.
Renan Bolfonida Cunha Cel
Notas de Fim de Texto
1 Princpios da Democracia: publicaes dos Programas Internacionais de Informao do
Departamento de Estado dos Estados Unidos da Amrica. Disponvel em http://www.embaixada-americana.org.br/democracia/civil.htm.2Ibid.3Ibid.4 O propsito das foras armadas defender a sociedade e no defini-la. Disponvel emhttp://www.embaixada-americana.org.br/democracia/civil.htm.5Caso de muitos pases latino-americanos que estavam sob uma ditadura militar e encontraram ocaminho da redemocratizao. Vale destacar a assertiva de Samuel Huntington: o controle civildiminui medida que as foras armadas tornam-se gradualmente envolvidas na poltica institucional,de classe e constitucional.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
Bruneau, Thomas e Tollefson, Scott. Who Guards the Guardians and How:democratic civil-military relations (Quem guarda os guardies e como: relaescivis-militares democrticas). http://books.google.com/books.
Departamento de Estado dos Estados Unidos da Amrica. Relaes Civis-Militares. http://www.embaixada-americana.org.br/democracia/civil.htm.
Hctor Luis Saint-Pierre. As relaes civis-militares no Brasil depois do atentado de11 de setembro.http://www.resdal.org/Archivo/d000019b.htm.
Huntington, P. Samuel The soldier and the state: the theory and politics of civil-military relations (O Soldado e o Estado: teoria e poltica das relaes civis-militares). http://books.google.com/books.
Ministrio da Defesa do Brasil. Estratgia Nacional de Defesa. 2008.https://www.defesa.gov.br.
Pion-Berlin, David. "Administrao Poltica das Foras Armadas na Amrica Latina."Military Review, maro-abril, 2005, 25-39.