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Relações entre a Identidade Cristã de grupos LGBT e a Igreja da Comunidade Metropolitana, Maringá-Paraná: algumas considerações Adriana Gelinski 1 Resumo O presente trabalho concentra-se no seguinte objetivo: compreender como se elabora uma identidade cristã de grupos LGBT da Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM) em Maringá, PR. A partir dos caminhos de reflexão traçados nessa pesquisa, buscou-se compreender as características identitárias, as relações sociais cotidianas nas espacialidades e como se elabora uma identidade cristã através do cotidiano da ICM- Maringá. Esta ICM autointitula-se radicalmente inclusiva, ao realizar uma leitura alternativa dos textos bíblicos, em que reflete e articula sobre as identidades sexuais e de gênero de modo flexível, entendendo a mobilidade e multiplicidade das pessoas. Foram realizadas dez entrevistas, a partir de um roteiro semiestruturado e das vivências com a comunidade, o que gerou um diário de campo. Como resultado, evidenciamos que a ICM é um espaço de acolhimento, práticas e discursos, e que a mesma elabora trocas de vivências e experiências nas relações sociais, tecendo uma identidade cristã e LGBT. Palavras-Chave: ICM-Maringá. Identidade. Comunidade LGBT. 1.Introdução A presente reflexão tem como objetivo compreender de que forma se elabora a identidade cristã de grupos LGBT 2 através do cotidiano da Igreja da Comunidade Metropolitana em Maringá, Paraná (ICM-Maringá). As imaginações geográficas que foram proporcionadas pelo acesso a ICM-Maringá nos levaram a construção do recorte do grupo de pessoas LGBT e frequentadoras da ICM-Maringá. Segundo o mesmo campo exploratório, a ICM-Maringá constitui-se enquanto uma possibilidade de vivências e práticas inclusivas. Além de ser entendida como um espaço de 1 Mestranda em Geografia Universidade Estadual de Ponta Grossa, PR. Pesquisadora no Grupo de Estudos Territoriais GETE. Email: [email protected] Orientador: Prof. Dr. Marcio José Ornat Email: [email protected]

Relações entre a Identidade Cristã de grupos LGBT e a ... · as igrejas evangélicas ou católicas, ... Outras performances de outros tipos de relacionalidade produzem outros espaços”

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Relações entre a Identidade Cristã de grupos LGBT e a Igreja da Comunidade

Metropolitana, Maringá-Paraná: algumas considerações

Adriana Gelinski1

Resumo

O presente trabalho concentra-se no seguinte objetivo: compreender como se elabora uma identidade cristã de grupos LGBT da Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM) em Maringá, PR. A partir dos caminhos de reflexão traçados nessa pesquisa, buscou-se compreender as características identitárias, as relações sociais cotidianas nas espacialidades e como se elabora uma identidade cristã através do cotidiano da ICM-Maringá. Esta ICM autointitula-se radicalmente inclusiva, ao realizar uma leitura alternativa dos textos bíblicos, em que reflete e articula sobre as identidades sexuais e de gênero de modo flexível, entendendo a mobilidade e multiplicidade das pessoas. Foram realizadas dez entrevistas, a partir de um roteiro semiestruturado e das vivências com a comunidade, o que gerou um diário de campo. Como resultado, evidenciamos que a ICM é um espaço de acolhimento, práticas e discursos, e que a mesma elabora trocas de vivências e experiências nas relações sociais, tecendo uma identidade cristã e LGBT. Palavras-Chave: ICM-Maringá. Identidade. Comunidade LGBT.

1.Introdução

A presente reflexão tem como objetivo compreender de que forma se elabora

a identidade cristã de grupos LGBT2 através do cotidiano da Igreja da Comunidade

Metropolitana em Maringá, Paraná (ICM-Maringá). As imaginações geográficas que

foram proporcionadas pelo acesso a ICM-Maringá nos levaram a construção do

recorte do grupo de pessoas LGBT e frequentadoras da ICM-Maringá. Segundo o

mesmo campo exploratório, a ICM-Maringá constitui-se enquanto uma possibilidade

de vivências e práticas inclusivas. Além de ser entendida como um espaço de

1 Mestranda em Geografia – Universidade Estadual de Ponta Grossa, PR.

Pesquisadora no Grupo de Estudos Territoriais – GETE. Email: [email protected]

Orientador: Prof. Dr. Marcio José Ornat

Email: [email protected]

vivências e práticas que proporcionam alívio na relação com um conjunto de

exclusões sociais e interdições espaciais (SILVA, 2013).

Foram realizadas seis entrevistas com roteiro semi-estruturado: duas

entrevistas com as lideranças da ICM-Maringá e as demais com pessoas que

frequentam a igreja, bem como as vivências com a comunidade religiosa e um diário

de campo. A maioria das pessoas frequentadoras da ICM-Maringá participavam de

outras denominações religiosas. Em sua maioria, apresentavam um discurso

religioso fundamentalista, utilizando trechos bíblicos como Levítico 18.21 e 22.13:

“Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é [...]”. Passagens

como essa, normalmente, são exploradas em igrejas como a Assembleia de Deus,

Universal do Reino de Deus, Igreja do Evangelho Quadrangular e a Igreja Católica.

O paradoxo desta configuração espacial está relacionado a dois elementos:

as igrejas evangélicas ou católicas, convencionalmente são tidas como um local de

alívio frente às mazelas da vida. Todavia, segundo entrevistas com pessoas da ICM-

Maringá, as quais foram frequentadoras de igrejas evangélicas ou católicas da

mesma cidade, relatam que essas igrejas configuram-se enquanto espaços de

desconforto para grupos sociais que não se enquadram no discurso e prática

religiosa tradicional. “Quando eu ia na igreja da minha família era difícil, eles me

olhavam, falavam, me colocavam no banco pra orar, pra eles era pecadora,

transexual vai pro inferno pra eles. (Entrevista realizada com Ballatrix, em Maringá,

PR no dia 04 de abril de 2014); mesmo que o cristianismo institucional hegemônico

(igrejas evangélicas ou/e católicas) apregoem a compreensão do mundo a partir de

dois polos, masculino e feminino, e que compreenda a existência de pessoas com

sexualidades e gêneros dissidentes relacionando a algo pecaminoso, doença,

manifestação do mal ou heresia, a ICM realiza uma teologia da inclusão, a qual

compreende e respeita cada pessoa como ela é, bem faz uma leitura alternativa dos

textos bíblicos com o objetivo de incluir a todos/as. De acordo com o manual de

introdução a teologia bíblica da ICM.

Fazer teologia para curar, e não ferir; pacificar, e não guerrear; encorajar, e não desanimar; libertar, e não aprisionar; incentivar a liberdade e criatividade de pensamento. Para nós teologia, é e sempre foi instrumento

de libertação. Assim, que em nosso labor como clérigos e leigos possamos comunicar eficazmente o Evangelho da Radical Inclusão.

Desta forma, a ICM faz uma releitura das tradições e dos textos bíblicos, bem

como pratica uma teologia baseada nas experiências das pessoas. Além de buscar

compreender o que cada autor bíblico quis dizer, para isso a Teologia bíblica conta

com o auxílio de técnicas e disciplinas como a exegese, hermenêutica e da história.

Outro ponto que vale ser ressaltado é a tentativa de rompimento com a

“noção de pecado como o exercício da sexualidade, o qual no sistema

heterossexista e homofóbico culpabiliza as sexualidades desviantes”. (MUSSKOPF,

2002, p. 134). Há grupos que tencionam tais discursos e estratégias políticas, um

deles é a ICM, a qual surgiu no ano de 1968 em Los Angeles, por iniciativa de Troy

Perry, ativista pelos direitos humanos. E o que começou com uma reunião de 12

pessoas em 1968, dispersou-se ao redor do mundo com aproximadamente 172

igrejas, como é possível ver no cartograma de dispersão espacial da ICM (FIGURA

1).

De acordo com Musskopf (2008), a “presença mais organizada da ICM”

ocorre em 2003, quando aconteceu a I Conferência das Igrejas da Comunidade

Metropolitana no Brasil. Mas foi em 2004 que a inauguração oficial do primeiro

templo no Brasil ocorreu. Localizado no Rio de Janeiro, a estreia da ICM contou com

a visita do Rev. Troy Perry, fundador da UFMCC.

Na cidade de Maringá a ICM teve início no ano de 2010. “Em Maringá ela

surgiu em 2010, quando eu recebi o convite de Ballatrix que é transexual, e ela dizia

assim eu preciso de uma igreja que me acolha sendo quem eu sou”. (Entrevista

realizada com Aldebaran, ICM em Maringá-PR, no dia 04 de abril de 2014).

Figura 1 – Dispersão espacial da Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM)

Fonte: http://mccchurch.org/

Portanto, este trabalho propõe compreender como as experiências e relações

sociais vivenciadas na espacialidade ICM-Maringá elabora uma identidade cristã

para grupos LGBT da cidade de Maringá. Busca-se então, um diálogo entre

conceitos trabalhados na ciência geográfica como o espaço, por intermédio das

reflexões de Massey (2008); e o gênero pensado por Butler (2003) e Silva e Ornat

(2011). Outros conceitos utilizados neste trabalho são o fundamentalismo e o

neofundamentalismo, pensado por Panasiewicz (2008) e a teologia de MUSSKOPF

(2008).

2.Reflexões sobre espaço, identidade e gênero

A ICM-Maringá pode ser compreendida como um espaço que é vivenciado no

cotidiano de pessoas que comungam uma determinada forma de ver, significar e

entender o mundo. Essas pessoas buscam se reunir em espaços como igrejas,

casas de amigos e familiares, bares, boates, praças e ruas. Para Soja (1993), cada

pessoa pode conceber e perceber o espaço no seu dia a dia, de modo a fazer uma

representação espacial dos espaços. Espaços estes que proporcionam inúmeros

sentimentos, experiências e vivências, as quais podem contribuir para a constituição

de identidades como é o caso da ICM, a qual não segue o discurso heteronormativo

ou segundo Butler (2003) a linearidade de corpos, sexo, gênero, prática sexual e

desejo.

Massey (2008, p. 29) conceitua espaço a partir de três elementos: o primeiro,

“produto de inter-relações”; o segundo o “espaço é entendido como a esfera da

possibilidade da existência da multiplicidade”; e o terceiro, o espaço é entendido

como “estando sempre em construção” (p. 29). Pensando o espaço como algo

político, em que podemos entrelaçar com as teorias feministas e queer, a autora

comenta que o espaço é algo em constante construção, “tudo está relacionado com

tudo” (p.10), visto que o espaço esta permeado por interligações e atua também nas

construções das identidades, ou seja, as relações entre as práticas sociais, as

identidades e a espacialidade são todas co-constitutivas (MASSEY, 1995).

O espaço pode atuar assim como um articulador dos discursos, das fantasias e

das corporeidades, bem como contribui para “dar forma nas alianças, inscrições e

conquistas” (ROSE, 1999, p. 248). Tais articulações, Rose (1999) denomina de

performances relacionais, as quais contribuem para formação de espaços: “um

espaço específico. Outras performances de outros tipos de relacionalidade produzem

outros espaços” (ROSE, 1999, p. 250). Pensando assim, o espaço não é algo fixo e

sem aberturas, mas está em constante movimento de ser feito, ativo e é produzido de

acordo com as “performances situacionais de relação entre eu e outro” (Rose, 1999,

p. 250).

De forma semelhante, Rose (1993, p. 138) disserta que o “espaço é

multidimensional e contingente”. Podendo ser cartografado entre centro e margem e

vivenciado ao mesmo tempo, pois dois espaços existem simultaneamente, os quais

não estão em oposição. De tal forma, as pessoas que frequentam o espaço ICM-

Maringá também frequentam outros espaços como as ruas e as praças, locais de

trabalho de algumas pessoas participantes deste trabalho, boates nas quais

fazem/faziam shows e bares da cidade de Maringá. São pessoas que se colocam

“contra a normalização, venha ela de onde vier” (Louro, 2001, p. 104). Não são

somente pessoas com práticas cristãs, mas fazem parte de outras práticas e grupos

como, por exemplo, o grupo LGBT de Maringá. Pensando que as relações sociais e

de poder contribuem para as construções identitárias, de gênero e sexualidade (Silva,

2009; Scott, 1990; Butler, 2003), entendo que a religião também pode contribuir para

representações sobre masculino e feminino, bem como legitima as concepções

heteronormativas. Tais concepções segundo Jesus (2010) beneficiam ou não a

participação e as vivencias de pessoas não heterossexuais nas práticas e espaços

religiosos, “e mesmo entre as igrejas inclusivas, estas diferentes concepções torna-se

favoráveis ou impeditivas ao protagonismo de diferentes sujeit@s LGBTs” (p.141).

Se de um lado segundo Jesus (2010) vemos a religião tradicional legitimando a

partir de discursos e textos bíblicos “a “heterossexualidade compulsória”

estabelecendo fronteiras entre o natural (correto, bom, virtuoso) e o pecado (anormal,

ruim, perversivo)” (p.141). Por outro, as “igrejas inclusivas” como a ICM-Maringá “se

inserem no quadro de disputas pela legitimação e autoridade religiosas na medida em

que têm se dedicado a legitimar práticas e modos de vida não heterossexuais re-

signifcando o texto bíblico” (JESUS, 2010, p.141).

Desta forma, a ICM-Maringá tenciona a sexualidade hegemônica, a qual produz

discursos e significados que são característicos e representam este grupo. De tal

forma, tais grupos não correspondem “às configurações de poder, onde a ordem

heterossexual é excludente e interditada” (CARNEIRO, 2013, p. 4).

Como evidenciado na fala de Sirius3, quando relata sobre o isolamento e a

‘punição’, durante o tempo em que frequentava outra instituição religiosa devido a sua

sexualidade:

Então eu procurei a diretoria da igreja, falei pra eles dos sentimentos que eu tinha

por pessoas do mesmo sexo e eles me colocaram no que eles chamam de

disciplina, que são dois meses no banco, não podia participar de nada (...) eles

tiraram tudo que era precioso pra mim. Aí eu fiquei vazio porque as pessoas não

me cumprimentavam, não falavam comigo, me demonizavam. (Entrevista

realizada com Sirius em Maringá, PR no dia 04 de abril de 2014).

A partir dessas proposições, nossa concepção de espaço está atrelada a visão

de que o espaço é produto das inter-relações e dos reflexos da sociedade, fruto das

vivências cotidianas, bem como pode ser produzido através das performances

3 Os nomes das entrevistadas são fictícios. Esses nomes são nomes de estrelas, os quais foram escolhidos de acordo com as características das pessoas.

relacionais, as quais tem relação com o espaço vivenciado. Logo, espaços como a

ICM-Maringá podem ser entendidos como uma alternativa de tencionamento, onde é

constituída por linguagens, práticas, vivências cotidianas distintas da cultura

dominante heteronormativa.

3.Identidade e interseccionalidade: reflexões para uma identidade cristã em

pessoas da comunidade LGBT-Maringá

A identidade não pode ser considerada fixa, completa e imutável, pois está em

constante construção. De acordo com Hall (2006), uma única identidade, segura e

imutável é uma ilusão, pois “se sentimos que temos uma identidade unificada desde o

nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós

mesmos ou uma confortadora narrativa do eu” (Hall, 2006, p. 13). Assim, a identidade

não é algo estático e irrevogável, a qual deve seguir uma ordem social

heteronormativa, vivenciando apenas uma categoria identitária, por exemplo, ser uma

pessoa cristã somente. Mas pode ser vivenciada de forma ambivalente/mútua,

podendo ter práticas que não correspondem à norma heterossexual e se identificar

como cristão, rompendo assim com a tradição bíblica e dogmática da maioria das

igrejas.

Pensando assim, a identidade, segundo Hall (2006), não pode ser considerada

algo estático ou biológico, mas é maleável, aberta e está em construção e

transformação constantemente, a qual pode ser construída social e historicamente,

tais processos sociais e históricos podem contribuir para o surgimento de novas

formas de exercer identidades.

A construção da identidade “é um processo que não tem fim ou destino, e no

qual os objetivos se transformam antes mesmo de serem alcançados”, (...) “o corpo do

construtor de identidade deve ser flexível, e suas atitudes sempre mutáveis e

readaptáveis” (Bauman, 2005, p. 50). Desta forma, a identidade pode ser entendida

como uma busca individual, mas também uma forma de entender, vivenciar costumes

do grupo, no caso desta pesquisa da ICM.

Tal pensamento, assemelha-se as tribos de Maffesoli (1998), pois o sentimento

de pertencimento a um grupo está relacionado à autodefinição pessoal e individual de

cada pessoa, bem como sentir-se participante de uma comunidade faz parte da

autoidentificação de cada pessoa. Assim:

O fato de partilhar um hábito, um ideal determina o estar junto, e permite que este

seja uma proteção contra a imposição, venha ela do lado que vier. (...) A confiança

que se estabelece entre os membros do grupo se exprime por meios de rituais, de

signos de reconhecimento específicos, que não tem outro fim senão o de

fortalecer o pequeno grupo contra o grande grupo. (...) A partilha secreta do afeto,

ao mesmo tempo em que confirma os laços próximos, permite resistir as tentativas

de uniformização. (MAFFESOLI, 1998, p. 159).

Deste modo, através das suas práticas e do feixe de relações vivenciados

na/com a comunidade religiosa ICM-Maringá, percebe-se contribuição para as formas

de interpretar o mundo, vivenciar sua rotina, linguagem e práticas cotidianas. Essa

comunidade/grupo desafia os pensamentos tradicionais e fundamentalistas, que em

seus discursos pregam a homofobia e o heterossexismo. Afirmando assim, que

práticas que não seguem a norma heterossexual estão fadadas ao pecado, ou seja,

algo negativo. Logo, igrejas como a ICM-Maringá, são mais uma opção para trabalhar

o respeito e as diferenças, bem como mais um braço para lutar contra estruturas

heterossexistas e homofóbicas, buscando assim, o respeito, o direito e a justiça para

todas as pessoas.

A ICM também propõe uma forma diferenciada de ética de relacionamentos

sem o objetivo central da procriação, distinta da compreensão heterossexual de

matrimonio pregada e valorizada pela maioria das igrejas cristãs. Além disso, buscam

romper com a tradição equivocada em relação à sexualidade vinculando o sexo ao

pecado.

Então, a ICM entende que o pecado é quando a gente sai do foco que é Deus,

você perde o foco que é Deus. Mas a questão da homossexualidade a gente não

vê pecado em nada disso, tanto que para nós o sexo não é pecado, né. A gente

até entende o sexo como uma benção na vida do ser humano que foi criado por

Deus. (Entrevista realizada com Reverendo da ICM, Maringá em Maringá, PR no

dia 04 de abril de 2014).

Deste modo, “o ponto de vista de teológ@s, apontam para “a necessidade de

uma interpretação contextual e não homofóbica/sexista da Bíblia” (JESUS, 2010,

p.133). Assim, de acordo com Jesus (2010) há um aumento nas discussões e

reflexões em torno de uma teologia inclusiva, a qual inclua homossexuais e não

somente homossexuais, mas pessoas que não seguem a norma. Transexuais,

Travestis e gays encontram espaço no “grupo de louvor” e assumem outras funções

na ICM-Maringá.

Podemos assim, notar que a ICM contribui para formação de costumes,

representações e identidades que destoam da norma heterossexual, bem como da

linearidade sexo, gênero, desejo e sexualidade (BUTLER, 2003). Como é o caso da

reflexão nesse trabalho, cujo foco é gênero, sexualidade, religião e identidade, ou

seja, pessoas que não seguem a heteronormatividade.

Desta forma, refletir sobre questões relacionadas à sexualidade implica em

explorar e aprofundar as questões sobre a heteronormatividade. Pensando desde a

sexualidade como um dispositivo de poder, homofobia de forma materializada e

enraizada por mecanismos de interdição e controle das relações sociais homoafetivas,

até a padronização heterossexual (MISKOLCI, 2009).

Por tudo isso, torna-se indispensável incorporar a Teoria queer nesta reflexão.

Chamando-nos a pensar sobre como se criam as diferenças, atuam e se reproduzem.

Assim, estudos de Foucault (2005), Derrida (2004) e da contemporânea Judith Butler

(2003) contribuíram para se pensar a Teoria queer.

De acordo com as produções de Foucault, mais especificamente a História da

Sexualidade, a nossa sociedade “fala prolixamente de seu próprio silêncio, obstina-se

em detalhar o que não se diz; denuncia os poderes que exerce e promete libertar-se

das leis que fazem funcionar” (FOUCAULT, 2005, p. 14). O autor nos diz que o padrão

imposto à sexualidade é discursivo, ou seja, produzido pelos discursos. Ademais, ao

refletir sobre as identidades, bem como quando se põe a refletir sobre a

homossexualidade Foucault (2005) nos diz que ela é produzida, reproduzida e

naturalizada por saberes dominantes, linguagem e proposições morais. Como é o

caso dos sujeitos focos desta pesquisa, os quais rompem com o pensamento e

discurso dominante, por serem pessoas queer e que seguem uma prática religiosa,

compondo assim uma identidade queer cristã.

Judith Butler (2003), problematizando a Teoria queer, põe-se a refletir sobre a

sexualidade e suas configurações identitárias. Butler (2003) mostra-se influenciada

pelas teorias de Foucault e Derrida quando tece reflexões sobre gênero, sexo e

sexualidade, bem como quando problematiza que a formação do sujeito se dá por

processos levando em consideração as várias categorias identitárias. A autora tem

como foco reflexão às categorias identitárias. Pensando assim, Butler aproxima-se da

Teoria queer. Tal teoria resulta da junção das teorias psicanalíticas, foulcaultiana e

feminista dos anos 80 (MIRANDA e GARCIA, 2012).

Deste modo, Butler (2003) contribuiu para novas formas de pensar a

identidade, bem como a cultura. Assim, a sexualidade não é algo dado, fixo ou pré-

estabelecido, mas sim, faz parte de processos culturais. Envolvido, conforme Louro

(2000, p. 10), por “representações, símbolos, linguagens e convenções”.

Nessa perspectiva, nada há de exclusivamente “natural” nesse terreno, a começar

pela própria concepção de corpo, ou mesmo de natureza. Através de processos

culturais definimos o que é ou não natural; produzimos e transformamos a natureza

e a biologia e, consequentemente, as tornamos históricas. A inscrição dos gêneros

nos corpos feita, sempre, no contexto de uma determinada cultura e, portanto com

marcas dessa cultura (Louro, 2000, p. 13).

Em outras palavras, podemos dizer que as identidades são fruto das relações

sociais vivenciadas e experiências de diversas formas. Por meio das linguagens,

vivências e símbolos há a constituição das identidades, assim “as identidades de

gênero e sexuais são moldadas pelas redes de poder de uma sociedade”

(MUSSKOPF 2008, p. 164). Logo, a fluidez, mobilidade e transitoriedade contribuem

para a construção e reconstrução das identidades. Assim, a “Teoria queer pretende

articular e romper com noções fixas, estáticas, binárias de identidade” (MUSSKOPF

2008, p. 185).

Os estudos queer, consoantes ao discurso teológico homossexual e gay que

emergiu nos anos 60, 70 e 80, põe em discussão os desafios relevantes para pensar

a identidade, bem como o gênero e a sexualidade. Tal pensamento, está consolidado

pelo discurso fundamentalista, médico e político. Esta teologia busca pensar, articular

e levar em consideração as identidades sexuais e de gênero, a partir da “fluidez,

mobilidade, ambiguidade e multiplicidade” (MUSSKOPF, 2008), rompendo com a

noção e o discurso de pecado. Logo, a Teoria Queer contribui para se pensar um novo

tipo de discurso teológico como o das igrejas inclusivas, sendo uma esperança diante

dos discursos fundamentalistas. Como evidenciado na fala que segue,

Então, não demonizamos o homossexual por essa questão de entender a sua

sexualidade, entender a sua orientação sexual, né. A cultura fundamentalista que

sempre foi trabalhando a questão da família, desde que Tomás de Aquino criou

essa ideia da procriação que tem ser o homem e a mulher aquela imagem de

família perfeita, né. Aqui não, cada um é como é ou como quer ser. (Entrevista

realizada com Reverendo da ICM, Maringá em Maringá, PR no dia 04 de abril de

2014).

Diante do exposto, faz-se necessário comentar que o discurso religioso

fundamentalista contribui para reproduzir e manter o mecanismo de gênero

fundamentado no binarismo homem x mulher apenas. Assim, uma pessoa que se

feche em uma única verdade, não se abrindo para o diálogo e para novas

compreensões e construções de identidade pode ser entendida como

fundamentalista. (Panasiewicz, 2008) Além disso, tais verdades não podem ser

debatidas ou contrariadas, pois estão fundadas na verdade divina – Deus. Logo, a

bíblia existe devido à inspiração por Deus e qualquer questionamento para os

fundamentalistas é tido como uma ofensa. No entanto, este discurso fundamentalista

não se restringe apenas ao espaço igreja, mas perpassa todos os espaços,

influenciando assim as relações sociais como o espaço escolar, a casa e a rua.

Atualmente esta forma de agir e pensar de maneira fundamentalista se

articula com a política. Panasiewicz (2008) comenta que os discursos religiosos

fundamentalistas juntamente com a política buscam se unir para fazer valer os

valores cristãos por meio de suas concepções teológicas.

O neofundamentalismo apresenta-se não só como movimento de tipo religioso,

mas também, como verdadeiro sujeito político cuja intenção é reagir contra a

presumível perda de valores da sociedade americana e contra a degeneração da

democracia, inquinada pela tolerância laxista da imoralidade, pela fragilização do

papel tradicional da família e por tantas „heresias‟ civis que se foram difundindo

(os direitos dos gays, os casais homossexuais e, sobretudo, a legislação do

aborto) (PACE; STEFANI, 2002 p. 36).

O discurso neofundamentalista busca repor o que eles dizem ser moral e os

bons costumes das pessoas por meio da ação política. Além da utilização das

massas midiáticas e de uma linguagem moderna reproduzindo discursos que vão

além do espaço igreja, perpassando pelos mais variados espaços cotidianos. No

entanto, há de se ter cuidado com generalizações acerca do fundamentalismo, pois

como disserta Panasiewicz (2008, p. 02): “É imprescindível que esse termo seja

usado no plural. Sua origem histórica encontra-se no universo religioso”. Pois, a

abrangência do termo fundamentalismo extrapola o universo religioso e ocupa tanto

o espaço da política como o da economia, da educação e da socialização.

Pensando assim, as identidades podem ser o reflexo de tais discursos, de

modo que às identidades que não estão inseridas na norma heterossexual podem ser

“estereotipadas, estigmatizadas e até humilhadas” (BAUMAN, 2005, p. 44), como é

evidenciado na fala de Canopus: “Eu falei já que tá todo mundo aqui mesmo, eu sou

gay mesmo, gosto de meninos e pronto. Meu pai levanto pra me bate, meu irmão, foi

aquela correria. Então ele me humilhou de uma tal maneira que eu não desejo a

ninguém” (Entrevista realizada com Canopus em Maringá, PR em 21/07/2014).

O gênero é mais do que um conjunto de ideias construídas por uma dada

cultura. Várias são as identidades possíveis existentes nas pessoas, foco desta

pesquisa. Afirmo isto, embasada nas vivências, conversas em campo e entrevistas

com as pessoas, foco desta pesquisa. Arcturus comenta que faz um ano que não é

travesti, bem como enfatiza a variação de preconceito sofrido devido as diferentes

identidades de gênero. Em alguns momentos, apenas gay cristão e, em outros

momentos, homossexual, travesti e prostituta.

“Quando eu era travesti o preconceito era muito maior entendeu. Hoje não mais,

mas se eu quiser ser travesti eu tenho liberdade de ser. Mais só que isso tem que

vim do meu eu, hoje eu não quero, hoje, eu não sei amanhã”. Mesma coisa

quando eu era da Universal e gay, depois fui pra rua me prostituir e agora estou

aqui. (Entrevista realizada com Arcturus, em Maringá, em 21/07/2014).

Percebemos assim, o feixe de categorias identitárias, bem como o movimento

de construção e reconstrução da identidade. Desta forma, a identidade pode

modificar-se ao longo do tempo e do espaço, isso ocorre de acordo com as vivências

e experiências de cada pessoa. Logo,

A identidade torna-se uma "celebração móvel": formada e transformada

continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou

interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam [...]. É definida

historicamente, e não biologicamente. (HALL, 2006, p. 12).

Pensando assim, em cada pessoa está presente um feixe de categorias

identitárias ou uma intersecção a qual pode ser entendida, de acordo com Silva

(2009), como um conjunto complexo de elementos que compõem os seres

humanos. Assim, uma mesma pessoa possui várias categorias que compõe sua

identidade: a renda, a escolaridade, a idade, o gênero e a religiosidade como é o

caso das pessoas frequentadoras da ICM-Maringá. Logo, a complexidade de

categorias identitárias posiciona os sujeitos e cria diferentes laços identitários,

podendo ser construída e reconstruída de forma ativa e flexível, pois conforme Butler

(2003, p. 200), “o gênero é uma identidade tenuemente constituída no tempo”.

A interseccionalidade surge como uma proposta metodológica, a qual

colabora nas análises geográficas e entende que os conjuntos de elementos

permeiam os seres humanos e também derivam em diversas experiências ao longo

de suas vidas. Assim, a noção de mulher em sua essência é superada. Por meio de

suas escolhas e experiências, qualquer corpo pode ser classificado como/por

feminino ou masculino, o que se dá através de representações (SILVA, 2009). Tal

visão é ampliada na leitura de Valentine (2007), que entende as identidades como

algo fluído, em movimento, isto é, a identidade passa por fases de construção e

reconstrução. E mais, a autora concebe a questão da intersecção como uma forma

de análise, fazendo ligação da interseccionalidade com o espaço e com o tempo.

Evidenciou-se a partir das falas das pessoas, focos desta pesquisa,

intersecções entre os elementos identitários como a faixa etária, etnias,

escolaridade, classe social, religião. Assim, as vivências, as representações e as

experiências contribuem para a constituição das identidades das pessoas, foco

desta pesquisa. Assim, as intersecções não podem ser olhadas meramente de forma

somatória, mas de modo a entender que as “identidades são ações sem fim” (Ornat,

2012, p. 57). E as combinações de diferentes identidades possibilitam diferentes

experiências. Pois como afirma Ornat (2012, p.58), “o entrecruzamento das várias

facetas identitárias dos sujeitos demandam formas de se pensar a

interseccionalidade a partir de encontros fluídos e instáveis”.

Portanto, a presente pesquisa busca identificar de que forma o discurso, as

experiências e vivências no espaço ICM-Maringá contribui para a elaboração de uma

identidade cristã para grupos LGBT da cidade de Maringá. Além disso, busca-se

compreender as conexões entre os discursos, as experiências vividas e os espaços.

4.Considerações Finais

Igrejas inclusivas como a ICM-Maringá buscam legitimar discursos e práticas

não heteronormativas, buscando re-significar discursos, meditações e textos bíblicos

de acordo com as vivencias e experiências de pessoas não heterossexuais

(Musskopf, 2008), portanto, atuando de maneira inclusiva no campo religioso.

Resistindo aos discursos fundamentalistas focados normalmente em apenas alguns

trechos bíblicos. Por outro lado, bispos e teólogos da ICM afirmam que de forma

alguma a bíblia condena a homossexualidade. Segundo a fala do reverendo da ICM-

Maringá, o cristianismo institucional hegemônico utiliza-se de perícope da bíblia,

trechos, recortes isolados do texto. Segundo esta fala, a reflexão sobre esta

perícope é descontextualizada. Não existe uma exegese, uma hermenêutica,

buscando compreender o sentido interpretativo profundo da perícope.

Desta forma, buscou-se evidenciar como as relações entre espaço, gênero,

sexualidade, bem como as vivências, experiências e práticas das pessoas

frequentadoras da ICM elaboram uma identidade cristã para pessoas da

comunidade LGBT. Visto que a identidade não é algo fixo e imutável, mas sim, pode

ser entendida como readaptável, constituída por um feixe de categorias identitárias

em movimento no tempo e espaço. Logo, determinadas categorias identitárias

podem ou não contribuir para o sentimento de pertencimento e autodefinição, bem

como uma categoria identitária, como o gênero ou a sexualidade, não a exclui de ter

uma vivência e experiência religiosa ou o sentimento de pertença a uma

comunidade religiosa como a ICM-Maringá.

Portanto, as entrevistas e vivências com a comunidade ICM-Maringá

possibilitou pensar a relação destes fatos/exemplos com os conceitos até aqui

abordados. Corrobora para a conclusão de que práticas sociais não se desprendem

de espacialidades, ou seja, são carregadas de culturalidades e de valores tangentes

a determinados grupos. É assim que podemos estabelecer uma conclusão através

da hipótese de que a exclusão de discussões tangentes a particularidades

representacionais/identitárias, em torno de espaços como a Igreja, apenas corrobora

para a marginalização de pessoas que culturalmente são enquadrados enquanto

corpos abjetos (BUTLER, 2006).

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